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NG: A sua formação é em história. Como aconteceu o contato com as novas mídias e como se deu a entrada no mundo das artes? GB: Foi tudo acidental, mas não arbitrário. Comecei junto com o começo da Internet no Brasil. Não tenho formação em artes, nem em comunicação. Sou formada em História e trabalhei por mais de 10 anos no extinto Patrimônio Histórico da Eletropaulo, estudando o impacto da tecnologia nos meios de comunicação e no imaginário. Mas o encontro com o computador foi inusitado. Em 1994, Nelson Brissac preparava o arte/ cidade 2 – “A Cidade e seus Fluxos” (um grande projeto de intervenções urbanas que ocorre em São Paulo) e um dos pontos de ocupação era o prédio em que eu trabalhava, o antigo prédio da Light. Foi lá que vi um CD-ROM que ele preparava com os artistas e lembro perfeitamente que nessa apresentação pensei: quero fazer isso. Sou totalmente autodidata na área. Para mim, na época, a interface gráfica do computador era “Foucaultiana” e sempre me foi muito fácil navegar em várias janelas, temporalidades e espacialidades simultâneas e assincrônicas. Nesse tempo, eu fazia, também, em meados dos anos 1990, uma série de experiências de poesia digital no computador e isso acabou desembocando em um convite para integrar a equipe de implantação do UOL. Foi um privilégio e um vetor de redirecionamento da minha vida. Literalmente, caí na rede. 36

Sou totalmente autodidata Sou totalmente autodidata na área. Para mim, na área. Para mim, na época, a interface na época, a interface gráfica do computador gráfica do computador era “Foucaultiana” e era “Foucaultiana” e sempre me foi muito sempre me foi muito fácil navegar em várias fácil navegar em várias janelas, temporalidades e janelas, temporalidades e espacialidades simultâneas e espacialidades simultâneas e assincrônicas. assincrônicas.

NG: Essa é a sua primeira participação como membro do júri do Ars Electronica, o maior prêmio das artes digitais do mundo. Qual a importância de um acontecimento desses para o contexto artístico brasileiro? Quais são suas expectativas? GB: É a primeira vez que o Brasil participa de um dos júris presenciais do Ars Electronica e de sua mais tradicional comissão de seleção e premiação: a de artes interativas. Do meu ponto de vista isso é um reconhecimento triplo: pessoal (do meu trabalho crítico e criativo), da importância da produção brasileira e institucional (do rio e radicalidade do que vem sendo feito pelo Instituto Sergio Motta, onde respondo pela Diretoria Artística). Um Golden Nica de artes interativas para um artista brasileiro é meio


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