Contemporaneu - arquitetura contemporânea #03

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concursos


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urbano

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editoria

O Especial desta edição é dedicado ao reconhecido Behnisch Architekten, que conta com 4 escritórios, entre Alemanha e Estados Unidos. Comandado pelo arquiteto Stefan Behnisch, é hoje uma das grandes referências da arquitetura contemporânea mundial. Stefan é filho de Günter Behnisch, falecido em 12 de julho deste ano, a quem homenageamos na forma de texto. Apresentamos também nesta edição um grandioso e ousado projeto urbano em Madri. É um parque linear, já em andamento, cuja proposta pretende solucionar problemas bastante semelhantes aos das grandes cidades brasileiras. A começar pela adoção de concurso para a escolha de projetos públicos, artifício ainda muito pouco utilizado por aqui. Por fim, dedico esta edição ao jornalista e escritor Ricardo Vespucci. Por todos esses anos, partilhei da sua companhia, do seu amor e do seu bom-humor. Um apaixonado convicto. Talento flagrante, de simplicidade transgressora, cheio de caráter e afeto. Amigo e pai. Um mês. A vida continua e com saudades. Gabriel Vespucci e Contemporaneu

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Para dúvidas, sugestões, críticas, entre em contato com a Contemporaneu - arquitetura contemporânea pelo email: opiniao@contemporaneu.com Ano 01 Edição #03 Capa: Terrence Donnelly Centre For Cellular and Biomolecular Research Arquiteto: Behnisch Architekten e architectsAlliance

Editor Chefe: Gabriel Vespucci Diretora de Arte: Francis Graeff Fotógrafos desta edição: Adam Mörk, Blaz Budja, Christian Kandzia, Frederik Vercruysse, Hertha Hurnaus, Juergen Landes, Marko Huttunen, Ott Kadarik, Ramon Prat, Santiago Garcés. Agradecimento: Andre Beaton Lenza, Elina Tenho, Guilherme Costa, Kecho Quenke, Renate Blauth, Rini Van Beek, Sabine Bovelino, Tales Miranda, Tomáš Horalík, Villem Tomiste, Žiga Čebašek.

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estante

Trespass. H del Arte Urb

Portugal 2000-2005. 25 edifícios do século XXI.

Carlo McCorm and Sara Sch

Prefácio de Ana Vaz Milheiro Gustavo Gili

A nova realidade da arquitetura portuguesa, não mais ditada pelo lirismo da Escola do Porto, nem pelo pragmatismo de Lisboa. Mas influenciada pelas novas escolas, intercâmbios acadêmicos e a facilidade de obter informações. Esta realidade é abordada pelo prefácio de Ana Vaz Milheiros, neste livro que aborda 25 obras arquitetônicas construídas entre 2000 e 2005. Com textos, fotos e desenhos técnicos, o livro mostra edifícios contemporâneos de diferentes escalas e tipologias, além de conter o texto do arquiteto Nuno Grande sobre a Casa da Música, de 2001, projetada pelo arquiteto Rem Koolhaas.

Agenda. JDS Architects

Trabalhos de 150 espaço público c cultural são mos gens inéditas de Basquiat, fotogra publicadas no liv fotografias inédit que ilustram o liv Arte Urbano No

O trabalho e o p JDS Architects crise financeira m Actar banco de investi quetes, notícias, tas, incluindo a p critório JDS, Juli através de gráfic funcionários e no

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Historia bano No Oficial

mick, Marc hiller, Ethel Seno

Collection: Houses Michelle Galindo Braun Publishing

Taschen

0 artistas que utilizam o como forma de expressão strados neste título com imae Keith Haring e Jean-Michel afias de Martha Cooper não vro Subway Art e diversas tas do trabalho dos artistas vro Trespass. Historia del Oficial.

De madeira a concreto aparente, a função destas obras arquitetônicas é constante, mas forma, estilo e materiais são incrivelmente variados. Assim são as casas apresentadas pelo livro “Collection: Houses”, com projetos de escritórios como do japonês Atelier BowWow, do holandês UNStudio, do esloveno Ofis Arhitekti e a icônica Casa Bola, em São Paulo, do arquiteto Eduardo Longo. São 160 casas com soluções inovadoras tanto para a integração com o entorno, quanto para a organização interna.

pensamento do escritório dinamarquês JDS durante 365 dias marcados pela mundial, com início em 15 de setembro de 2008, dia em que o tradicional imentos Lehman Brothers anunciou sua falência. Fotos, desenhos, ma, entrevistas e narrativas escritas por artistas, curadores, políticos, jornalisparticipação de Lars Von Trier, Hans Ibelings e do arquiteto e chefe do esien de Smedt, completam este livro nada convencional, que mostra também, cos, a influência da crise para o escritório, que no início do trabalho tinha 49 o final dos 365 dias contava apenas com 27.

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agenda Brasil GreenBuilding Brasil Conferência & Expo 1,2 e 3/09/2010 São Paulo – São Paulo

Architectour - Seminário Internacional de Arquitetura para a Cultura e o Turismo 15, 16 e 17/09/2010 Gramado – Rio Grande do Sul

13o Congresso Brasileiro de Paisagismo 23, 24 e 25/09/2010 São Paulo – São Paulo

XI Seminário de História da Cidade e do Urbanismo - SHCU 5 a 8/10/2010 Vitória – Espírito Santo

XIII Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído 6, 7 e 8/10/2010 Canela – Rio Grande do Sul

54º IFHP World Congress 2010 13 a 17/11/2010 Porto Alegre – Rio Grande do Sul

Mundo 12a Bienal de Arquitetura de Veneza 29/08/2010 a 21/11/2010 Veneza – Itália

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Estudantes “Ideal Theatre” Design Competition Inscrições até 17/11/2010 Envio do material até: 22/12/2010

Arquitetos Uma escola em Guiné Bissau Inscrições até 15/10/2010

Brussels Courthouse, Imagine the Future! Inscrições até 15/10/2010

Taiwan Tower Conceptual Design International Competition Inscrições até 21/10/2010

Arquitetos e Estudantes Arquitetando Docol - Edição Habitat 2.010 Inscrições até 03/09/2010

Kay e Santé nan Ayiti - Housing and Health in Haiti Inscrições até 20/09/2010

Playable10: International Design Competition Inscrições até 01/10/2010

2o Prêmio Suvinil de Inovação Inscrições até 10/10/2010

Divulgue um evento ou concurso: envie e-mail para mail@contemporaneu.com

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J端rgen Landes


Behnisch Architekten

Behnisch Architekten

A obra dos arquitetos do Behnisch Architekten, é hoje, uma das de maior destaque no cenário global. É muito bem recebido nos Estados Unidos, onde mantém dois braços da empresa, Los Angeles e Boston. O escritório alemão, cuja base é em Stuttgart [há ainda um escritório em Munique] é assim definido pelo crítico e historiador de arquitetura Falk Jaeger: Para Behnisch Architekten, a sustentabilidade é o padrão, em qualquer caso. As questões são luz, ar e calor, depois o gerenciamento de energia, e então o próprio espaço. Uma nova cultura de planejamento está tomando corpo, que é mais focada em conteúdo e quali-

dade do que apenas sobre as quantidades. O conceito de sustentabilidade é holístico e multifacetado, e há muito tempo o Behnisch Architekten tornou-se parâmetro. Filho do consagrado Günther Behnisch [ver no final deste Especial], Stefan Behnisch, com formação em filosofia, economia e arquitetura, lidera a equipe de 90 pessoas. Pelo rigor técnico e pela ousadia, sua obra tem sido aclamada pelas pessoas e pela crítica, e o escritório é alvo de empresas preocupadas com sua imagem de respeito ao ambiente e a seus funcionários. A seguir uma pequena pincelada da extensa obra do Behnisch Architekten. contemporaneu #03 | 15


A Haus im Haus é uma reforma no interior da Câmara de Comércio de Hamburgo, Alemanha. Era preciso uma utilização mais intensiva deste edifício neoclássico localizado na Adolphsplatz e foi exigido acrescentar vários níveis sem desrespeitar a estrutura do edifício histórico. A proposta apresenta 4 novos pavimentos que ocupam uma parte relativamente pequena do hall, a

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Behnisch Architekten

fim de conservar a grandeza do espaço. Salas de negócios, consultas, exposição e reunião foram, assim, dispostos de uma maneira escultural. O nível mais alto proporciona o acesso ao terraço, de onde se tem uma vista dos telhados de Hamburgo repleta de clerestórios e clarabóias. As sólidas e elaboradas paredes do edifício passam a contrastar com a leveza luminosa refletida em imate-

rialidade. O projeto é apresentado como a primeira estrutura do mundo iluminada apenas por LEDs [aproximadamente 160 mil lâmpadas]. Mesmo não fazendo parte da proposta inicial, o sistema é automatizado e permite efeitos luminosos como o das luzes movendo-se no teto como as nuvens no céu.

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Adam Mรถrk


Adam Mörk

Behnisch Architekten

Adam Mörk

Também em Hamburgo, no HafenCity [projeto urbanístico destinado a transformar uma zona portuária de descarga e armazenamento, às margens do rio Elba] está o projeto da sede da Unilever, empresa britânicoholandesa de produtos alimentares e bens de consumo. A pele de vidro, a abertura ao publico no térreo e os espaços internos dão leveza à volumosa construção. Foram contemplados no projeto os painéis solares no telhado, LEDs, captação de águas pluviais, aproveitamento de luz natural e dispositivos de conforto acústico: a leveza e o meio ambiente fazem parte tanto do vocabulário do Behnisch Architekten quanto da estratégia de marketing da empresa. Procurando responder às diferentes necessidades de seus usuários, é pouco compartimentado internamente, e as áreas de trabalho voltam-se para um átrio central


e possuem vistas contínuas para o porto e a cidade. Com hierarquias e definições mais flexíveis, múltiplas possibilidades são geradas para as relações informais, profissionais, o trabalho individual e para o relaxamento, em meio a um telhado irregularmente dobrado, passarelas e escadas e os escritórios abertos.

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Christian Kandzia

Christian Kandzia

O complexo escolar de economia doméstica e agrícola, em Herrenberg, foi originalmente desenhado em 1983 pelo Behnisch & Partner, a firma de Günter Behnisch. Em 2004, os arquitetos do Behnisch Architekten foram contratados para projetar um novo anexo, de acesso independente e de funcionamento autônomo em relação ao existente. Imediatamente ao sul do complexo está localizado o novo edifício, que acomoda seis oficinas de artesanato, duas salas de aula, uma pequena sala de reunião, salas de funcionários e do conselho de alunos, um consultório médico e uma sala de reuniões. Com piso em linóleo verde imitando o gramado exterior, a casa térrea, de madeira e vidro, com forma simples, cobertura plana e salas envidraçadas, para dentro e para fora, às vezes com brises de madeira, o anexo respeita o caráter do complexo existente. Uma sutil modelagem da paisagem liga as duas estruturas, opondo-se apenas nos materiais.

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Ligado à Universidade de Toronto, o Centro de Pesquisa em Biologia Celular e Biomolecular Terrence Donnelly (TDCCBR) tem a flexibilidade, a comodidade e a interação como atributos de seu projeto. As escadas que quebram a linearidade do acesso, os bancos em posição quase aleatória no exterior, a onipresença do vidro, as estruturas amebóides coloridas no térreo e os jardins internos nos níveis superiores qualificam o ambiente e contrastam com as fachadas históricas dos prédios vizinhos. Os laboratórios estão alojados na caixa transparente de 12 andares caixa transparente elevada sobre uma nova via pública que dá acesso ao campus.

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Behnisch Architekten

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Nascido próximo a Dresden, em 1922, Günter Behnisch é um arquiteto improvável. Na infância, a exemplo de todos os colegas de ­escola, juntou-se à Juventude Hitlerista. Com a eclosão da 2ª guerra, inscrito na Marinha como um submarinista, alçou a posição de comandante precocemente aos 20 anos. Behnisch afirmou posteriormente que só soube das atrocidades do regime nazista após a guerra. O interesse em arquitetura foi despertado quando teve em mãos um livro sobre construção de edifícios, em um hotel na cidade portuária de La Spezia, Itália. Em 1945, com a derrocada alemã, entregou o submarino na Noruega e foi enviado para um campo de prisioneiros em Northumberland, Inglaterra. Ali mesmo, sob a influência de um ex-assistente do arquiteto alemão Paul Schmitthenner, seu interesse em arquitetura adquiriu mais força. Libertado dois anos depois, estudou arquitetura em Stuttgart, casou-se com Johanna Behnisch [com quem teve 3 filhos] e logo abriu seu escritório. Em 1966 a firma passa a se chamar Behnisch & Partner,

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com sócios diferentes ao longo dos anos, incluindo um de seus filhos, em 1988. Inicialmente, o arquiteto ganhou destaque local com a concepção de edifícios escolares e equipamentos desportivos. Desenvolveu trabalhos com a pré-fabricação de componentes. Mais do que grandes obras realizadas com a construção industrializada, adquiriu um grande repertório, carregado por toda a sua carreira. Em 1972, com a construção do Centro Olímpico de Munique, Behnisch ganhou fama internacional. Em parceria com Frei Otto e abundante no uso de tensoestruturas, explicitou o que seria sua marca registrada, a transparência, observada em suas tantas obras que vieram a seguir, como o Museu Postal Nacional, de 1990 e a derradeira Academia de Artes de Berlim, apenas para citar dois exemplos. Seu confinamento na claustrofobia dos submarinos foi por vezes apontada como motivo para o farto uso do vidro em seus edifícios, hipótese negada por Behnisch, que frequentemente atribuía à transparência a uma canção do movimento operário,


Günter Behnisch (1922-2010)

chamada “Brothers, to the Sun, to the Freedom”. Rejeitando volumes pesados e fechados, grandes eixos, simetria excessiva e tudo o que remetesse à imagem do totalitarismo [nazista ou mesmo do império guilhermino], seus projetos ficaram conhecidos por “construções para a democracia”. Para ele, o Reichstag de Berlim seria um “monstro”. Além da transparência, era adepto de uma arquitetura não ornamentada e que exibe seu material. Behnisch, que também era Professor Emérito da Universidade de Darmstadt, defendia que a arquitetura deveria servir à humanidade, jamais dominá-la. Debruçava-se sobre filosofia, mas já chegou a afirmar que “não dá para traduzir teoria em arquitetura. Só sai confusão”. Sob determinados pontos de vista, flertou com o expressionismo [o próprio Centro Olímpico] e o desconstrutivismo, como no Instituto Hysolar de Stuttgart, de 1987, e no plenário do antigo Parlamento alemão em Bonn, de 1992, onde se pode ver uma certa “perfeição violada” da forma. O mais importante,

porém, era que a arquitetura exercesse o mínimo de pressão sobre as pessoas, que estas apenas a habitassem livremente, fazendo brotar o desenvolvimento individual. No fim da vida e já adoentado, Günter Behnisch foi, aos poucos, passando o cargo ao seu filho, Stefan, antigo sócio e que desenvolve um trabalho à altura do pai. Com maior ênfase nas questões de sustentabilidade, Stefan Behnisch divide-se entre a matriz e as sucursais do Behnisch Architekten em Munique, Boston e Los Angeles. A sede da Unilever em Hamburgo é um vistoso projeto que exemplifica a obra de Stefan Behnisch. Este, um arquiteto nem tão improvável assim.

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Proyecto Madrid RĂ­o Madri, Espanha Fotos: Ayuntamiento de Madrid


urbano


Proyecto Madrid Río

A ocupação e a construção de avenidas de tráfego intenso nas margens de rios é um problema corriqueiro em cidades do mundo inteiro. Além da degradação do curso d’água, criase uma barreira que, muitas vezes, serve de divisor de bairros dentro de uma cidade, com o risco de suas margens se tornarem resíduos urbanos. Parques lineares são hoje descritos como solução sustentável para estas áreas. Anne Whiston Spirn, em seu livro Jardim de Granito, aponta o exemplo da cidade de Denver, nos Estados Unidos: ao criar um parque

linear nas margens do rio Platte, livrou-se do entulho e do lixo que cobriam seu canal e minimizou as enchentes que provocavam estragos desastrosos à cidade. Com este mesmo pensamento, diversas cidades investem na criação destes parques, que trazem benefícios sociais, ambientais, culturais e econômicos, como os casos do Parque Linear do rio Uberabinha, em Uberlândia; do projeto do Parque Várzeas do Tietê, em São Paulo; e do Parque Lineal del Río Manzanares, na capital espanhola, Madri.

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urbano

Ocupadas por parte de um anel viário, as margens do rio Manzanares foram objeto de estudo da prefeitura, que resultou, em 2005, em um concurso de idéias, do qual saiu vencedor o consórcio MRío Arquitectos Asociados, com a participação de três escritórios ­espanhóis e o prestigiado West 8 - Urban Design & Landscape Architecture [veja Contemporaneu #01], após uma disputa com firmas de renome, entre eles Sanaa, Peter Eisenman e Dominique Perrault. A nova praia construída na beira do rio, as formas inusitadas da Puente Y e da Puente Oblicuo e quadras de tênis chamam a atenção neste projeto que se mistura à paisagem composta por pontes e eclusas históricas. Ocultar as vias que por ali passavam era o ponto inicial do projeto, o que tornou possível a criação do extenso parque linear que faz a conexão entre o Parque Lineal del Manzanares Sur e o Parque Lineal del Manzanares Norte, passando pela Casa de Campo, maior parque público do município.

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Proyecto Madrid RĂ­o


urbano

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Proyecto Madrid RĂ­o

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Proyecto Madrid Río

O soterramento de 6 quilômetros de vias e respectivos conectores com o sistema viário da cidade, juntamente com a rede elétrica, permitiu a criação do parque linear de mais de 200 mil metros quadrados de espaços públicos, áreas verdes e equipamentos esportivos. O projeto, além de recuperar a borda d’água e despoluir o rio Manzanares, também é responsável pela revitalização do seu entorno. A renovação das fachadas dos edifícios, a criação de vagas de estacionamento e a reforma dos passeios de pedestres, tornando-os acessíveis aos cidadãos, atingem a área degradada pela construção da M30, durante a década de setenta. Para facilitar o acesso entre os dois lados das margens do rio, o escritório holandês projetou 11 novas passarelas para pedestres e ciclistas, conectadas à rede de 30 quilômetros de ciclovias construídas. Se somadas às pontes e eclusas existentes, totalizam 35 acessos entre as margens em um percurso de pouco mais de 10 quilômetros.

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urbano

Em seis anos, tempo total desde o concurso até o final das obras, previsto para 2011, a paisagem de Madrid sofrerá uma mudança brusca. Além das vias localizadas nas margens do rio, outros pontos já foram modificados, como a Avenida Portugal -que passa ao lado da Casa de Campo e conecta-se com a M30 integralmente subterrânea através de um bulevar de 19,5 metros de largura e 1,3 km de extensão. São, no total, 8,2 milhões de metros quadrados de áreas revitalizadas, 42 quilômetros de ciclovias e 4,303 novas vagas de estacionamento.

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Proyecto Madrid Río

Conheça os projetos que participaram do Concurso Internacional de Ideas Madrid Río Manzanares

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projetos



Casa nas ru铆nas NRJA

Saka, Let么nia Fotos: Karlina Vitolina


200m2

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Com apenas 5 anos de escritório, os letonianos do NRJA já contam com inúmeros prêmios recebidos pela ­ ­construção desta residência, inclusive a nomeação para um dos mais importantes prêmios de arquitetura, o Mies van der Rohe Award. A ideia de utilizar as ruínas do antigo celeiro do século 19 não surgiu apenas para dar contraste entre o antigo e o novo. A propriedade, localizada na costa do Mar Báltico, sofre de rajadas de vento muito fortes em determinados períodos do ano e é protegida pelas ruínas, que foram preenchidas com concreto aparente para ficarem alinhadas na mesma altura. O que restou do celeiro acabou delimitando uma espécie de lote murado e dentro dele, solta das ruínas, foi erguida a casa. As pedras na frente impedem que a casa seja totalmente devassável, mesmo com as fachadas de vidro. E o ambiente interno ganha com iluminação e a vista das paredes de pedra. Em planta, a modulação determina as divisões internas: no meio as zonas molhadas, de um lado as áreas sociais e de outro a íntima, com dois dormitórios. O visível desprendimento da laje da casa e do terraço em relação ao solo gramado


200m2

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Casa nas ruĂ­nas

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[elevada em alguns centímetros], e existência de uma grade metálica [como um capacho suspenso] no piso de entrada da residência, quase uma minipassarela, passam a impressão de se tratar de um sítio arqueológico. Ao contrário do antigo celeiro que ali existia, a casa possui sistema solar passivo, que permite a entrada e armazenamento do calor proveniente dos raios solares no inverno e ­trabalha da forma oposta no verão. Este sistema, junto com o grande uso de iluminação natural, renderam ao escritório o prêmio Best Technology Award. Localizada em uma cidade rural e a apenas 200 metros da praia, nunca haverá problemas de perder a vista, que pode ser observada do terraço, ligado pela escada em caracol com o pátio. contemporaneu #03 | 51


200m2

Planta Baixa Pavimento TĂŠrreo

Planta Baixa Cobertura

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Casa nas ruĂ­nas

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200m2

Corte Longitudinal

Corte Transversal

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Casa nas ruínas

Projeto: 2002 Término da Construção: 2006 Área construída: 200 m2 Arquitetos: NRJA (No Rules Just Architecture) / Uldis Luksevics & Martins Osans Eng. Estrutural: A222 Construtor: RBS Skals

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Casa D Sadar Vuga

Velenje, EslovĂŞnia Fotos: Blaz Budja e Sadar Vuga


250m2

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Casa D

Olhando deste ângulo para a Casa D é impossível não estranhar este pilar inclinado. Seria apenas um detalhe que a diferenciasse das outras casas vizinhas? Ou seria uma brincadeira gratuita? Ou o pilar é um engano? Engano esteja certo que não é. Se lhe falta prumo, sobra-lhe intenção. E é ele que anuncia: apesar desta fachada, não se trata de um sobrado comum, presente na paisagem suburbana eslovena e no resto do mundo. Assim como no Centre Zamet, do croata 3LHD [apresentado na Contemporaneu #2], a forma geral da edificação se dá a partir de tiras paralelas. Aqui, na pequena Velenje, Eslovênia, são cinco fitas sobre a íngreme topografia do terreno. Cinco são também os pavimentos desta casa, projetada pelo Sadar Vuga e concluída em 2006. A casa fica em uma encosta íngreme, com vista panorâmica sobre o vale. contemporaneu #03 | 59


250m2

Com a vizinhança há uma convivência ambígua. Na fachada superior há uma estreita relação, por se insinuar como uma casa arquetípica - telhado de duas águas, janelas pequenas, rebocada, pintada e de dois andares. Na inferior, por outro lado, há a oposição: mostra a pesada estrutura que sustenta a piscina exibindo o aço. E é olhando pelas laterais que as fitas delineadoras do partido aparecem e imprimem identidade. De um lado o muro fatiado, do outro as extremidades das tiras. Internamente são

essas mesmas tiras que motivam a criação de microambientes, mas sem grande rigidez. A opção pelo desencontro das tiras permite a possibilidade de novas aberturas, para aproveitar a vista do vale, para iluminar os espaços internos ou mesmo para criar novos e importantes fluxos de ventilação. Há que se considerar que dos cinco pavimentos, dois são praticamente encravados no terreno, e um outro [onde estão dois quartos e um banheiro] encosta uma de suas paredes no barranco.


Casa D

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250m2

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Casa D

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250m2

Planta Baixa Primeiro Pavimento

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Casa D

Planta Baixa Segundo Pavimento contemporaneu #03 | 65


250m2

Planta Baixa Terceiro Pavimento

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Casa D

Planta Baixa Quarto Pavimento contemporaneu #03 | 67


250m2

De baixo para cima: entrada e garagem coberta; porão; dois quartos e banheiro; áreas sociais, entrada, sala, piscina, lavabo e terraço; suíte principal. Todos os níveis acessados por eixo de circulação com torre de escadas e elevador. De dentro para fora: vista das montanhas e do semirural. De fora para dentro: arquitetura provocativa, gracejadora e contemporânea.

Fachada Sul

Fachada Oeste

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Casa D

Corte Transversal

Corte Transversal

Término da Construção: 2006 Área construída: 250 m2 Arquitetos: SVA (Jurij Sadar, Boštjan Vuga, Miha Pešec, Adrian Petrucelli) Eng. Estrutural: Jani Ramšak Eng. Eletricista: Esotech Robert Lindič Consultor Energia Elétrica: KPX, PE Energetika - Marjan Pečovniksultants Iluminação: Arcadia Lightwear

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Residência TDA

Residência TDA Cadaval & Solà-Morales

Puerto Escondido, México Fotos: Santiago Garcés e Cadaval & Solà-Morales

Condições climáticas, mão-de-obra pouco especializada e proximidade da praia foram os fatores responsáveis pela escolha do concreto para esta construção em Puerto Escondido, no México. Trata-se da Casa TDA, de autoria do escritório catalão CA-SO [nome que empresta as duas primeiras letras do sobrenome de cada um dos seus sócios: o mexicano Eduardo Cadaval e a espanhola Clara Solà-Morales]. A estreiteza do terreno não os impediu de uma abordagem tridimensional do estudo da forma. Para isso, o concreto foi de grande utilidade na definição formal da casa, flexível na configuração, nos

usos e no número de usuários –é uma casa para jovens. De superfície rugosa, a estrutura carrega grandes balanços bastante pronunciados que compõem três elementos principais: a torre com vista desobstruída até o mar do Pacífico, os dormitórios suspensos sobre o jardim com piscina e, por fim, o espaçoso núcleo central das atividades domésticas [sala integrada com cozinha, varanda e piscina]. As escadas desencontradas, com as laterais e o verso pintados de preto, articulam os espaços. Custo reduzido e manutenção mínima são também importantes requisitos desta casa de veraneio.

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350m2

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Com vidro e venezianas de madeira encaixadas em grandes aberturas ela se abre completamente para o quintal na mesma proporção em que se fecha em si mesma. Se é, por um lado, plena a integração com a piscina e o jardim, o mesmo não se pode dizer da rua. A casa acaba negando contato com o ambiente urbano, fato que se reflete na fachada frontal, com apenas duas aberturas. Nem mesmo a entrada da casa se dá por ali, quase tudo ocorre mesmo é do outro lado. Chama atenção o uso da laje horizontal de concreto, não indicada para o clima úmido e quente da região. Essa questão, no entanto, é balanceada pelas grandes aberturas, pelos altos pés-direitos e por aberturas superiores, como no caso dos banheiros.


350m2

Projetada em 2005 e construída no ano seguinte, a TDA ostenta interessantes contrastes. O relacionado a cores (ou à falta delas) é de apreensão imediata. Interiormente, a neutralidade do concreto é contraposta aos detalhes vermelhos nas fitas de plástico do corrimão, nos tapetes, nas colchas das camas e nas redes de deitar. Por fora, a festejada arquitetura colorida mexicana, de Barragán a Legorreta, é posta de lado. Parece, à primeira vista, afastar-se também da arquitetura vernacular de pátios internos, mas os princípios permanecem intrínsecos, considerando a hipótese da casa aberta interagindo com o exterior: a matéria apenas como interstício do meio natural. Parapeito baixo no balanço e continuidade do piso no térreo reforçam essa ideia. Atributos como solidez e vigor, da própria natureza do concreto, contrastam com a forma deleitosa de habitar, recebendo luz, vento e água. E o balançar das redes com a paisagem emoldurada sobre a torre.

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Residência TDA Projeto: 2005 Construção: 2006 Área construída: 350 m2 Arquitetos: Eduardo Cadaval e Clara SolàMorales Eng. Estrutural: Ricardo Camacho de la Fuente Eng. Eletricista: Esotech - Robert Lindič Construçãor: Marcial Burgos e Hugo López Solano Serviços: José Antonio Lino

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350m2

Planta Baixa Pavimento TĂŠrreo

Planta Baixa Primeiro Pavimento

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ResidĂŞncia TDA

Planta Baixa Segundo Pavimento

Planta Baixa Terceiro Pavimento

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350m2

Fachada Norte

Fachada Sul

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ResidĂŞncia TDA

Fachada Leste

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360m2

Residência VVA em Wortel dmvA

Wortel, Bélgica Fotos: Frederik Vercruysse e Filip Dujardin

A residência VVA é localizada em um terreno no centro do vilarejo belga chamado Wortel, pertencente ao município de Hoogstraten, de 18 mil habitantes, no norte do país. O projeto é do dmvA Architecten, escritório com sede em Mechelen, na província da Antuérpia. O partido da construção de 360m2 é simples: uma edificação de três andares sem recuos frontais [reproduz a configuração da vizinhança] e um pátio contíguo a ela, agindo como uma zona de permanência coletiva. A pouca segmentação dos espaços e a existência de um só banheiro junto aos quartos expõem uma inclinação à comunhão de usos pelos usuários.

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ResidĂŞncia VVA em Wortel


360m2

No subsolo, um poço localizado na lateral da edificação permite o respiro do porão enclausurado, através da grade metálica, no piso da parte externa. Por ali passam iluminação e a chuva que cai sobre os seixos. O andar térreo se abre para a ­frente, os fundos do terreno e faz a ligação integral com o pátio, todo murado ou delimitado com painéis de vidro


Residência VVA em Wortel

leitoso. As paredes, mesmo feitas de tijolos, material pesado, ganha leveza por causa da invisibilidade de sua espessura, escondida atrás das esquadrias. E as portas de correr ­liberam muitas possibilidades de ligação do interior com o exterior. No andar superior, a grande abertura é justamente na face em que, no térreo, a casa não se abre para fora. Essa opção de desarticulação das aberturas coincide com a própria intenção de refletir a diferença de função entre os pavimentos. Os elementos que os unem, além da forma prismática, são os painéis corrediços e a falta de hierarquia dos materiais –vidro e alvenaria. Não há aberturas nas paredes, e sim, aberturas e paredes, lado a lado. O piso superior, ainda, é acessado pela escada e organiza-se por um corredor com os quartos de um lado e uma parede de armários do outro. Buscando atender orçamento, programa e contexto, buscando minimalismo e precisos no detalhamento, os jovens arquitetos belgas do dmvA reafirmam em sua obra que “mais importante do que ser bonita, a arquitetura deve provocar sensações”. contemporaneu #03 | 83


360m2 Término da Construção: 2004 Área construída: 360 m2 Arquitetos: dmvA / David Driesen e Tom Verschueren Construtor: ASB / Bert Brosens

Planta Baixa Subsolo

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Planta Baixa Térreo


ResidĂŞncia VVA em Wortel

Planta Baixa Primeiro Pavimento

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360m2

Corte AB

Corte EF

Corte GH

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ResidĂŞncia VVA em Wortel

Fachada Noroeste

Fachada Sudeste

Fachada Sudoeste

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Koltsari Kosmos

Laagri, Est么nia Fotos: Ott Kadarik


3000m2

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Koltsari

Um conjunto de edifícios residenciais com atributos semelhantes aos de uma casa. Eis o objetivo do premiado Kosmos, escritório estoniano com sede na capital Tallinn e formado em 2002. Seus três sócios -Ott Kadarik, Villem Tomiste e Mihkel Tüür- tem em torno dos 35 anos, apenas, e foi na periférica Laagri, cidade a sudoeste da capital, que realizaram essa expressiva obra. Os “atributos de casa” supracitados aparecem, basicamente, no contato direto com o exterior, na multiplicidade de opções de moradia e nos jardins que aproximam a vizinhança e encorajam o convívio. Três edifícios, as áreas de lazer e os estacionamentos constituem o conjunto. A planta dos dois maiores prédios é idêntica. Há alguns tipos de

apartamentos diferentes nos edifícios, a fim de enriquecer as relações formando uma simbiose de pessoas com diferentes estilos de vida. Há um esforço para incrementar a vida comum nas áreas comuns do conjunto. Bancos na base das torres de circulação vertical e os estacionamentos no limite da rua são exemplos disso. No pátio são criadas formas triangulares em relevo para a apropriação de crianças em seu lazer e, em determinadas circunstâncias, para preservar a privacidade dos apartamentos do térreo com barreiras de madeira. Todos os quartos no piso térreo abrem-se direto para o exterior. Os apartamentos do pavimento intermediário dispõem de varandas e os apartamentos do andar superior tem grandes terraços.

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3000m2

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Koltsari

Com uma planta bastante ortogonal e regular, a expressividade arquitetônica é fruto tanto das saliências bem destacadas da circulação vertical envidraçada, do desalinhamento das aberturas, das lâminas de madeira de cores contrastantes que revestem a fachada, das formas triangulares que projetam as sacadas e dos volumes intercalados que fazem o coroamento do bloco. A diversidade de tipos de apartamentos estimula uma população variada, entre famílias inteiras, solteiros, casais sem filhos, idosos. Para se ter

ideia, somente em um dos blocos maiores são encontradas cinco tipologias em apenas 15 apartamentos. No térreo, há dois tipos de unidades de 1 dormitório e um tipo de 3 dormitórios, distribuídos em 6 apartamentos. Nos pavimentos superiores, tem-se: 6 apartamentos de 2 quartos e mais 3 apartamentos duplex de 2 tipos diferentes. O acesso aos apartamentos se dá com, no máximo, um andar de lances de escadas e todos os apartamentos possuem ventilação cruzada.

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3000m2

Implantação

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Koltsari

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3000m2

Planta Baixa TĂŠrreo

Planta Baixa Primeiro Pavimento

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Koltsari

Planta Baixa Segundo Pavimento

Corte Transversal

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4100m2

Escola Enter K2S Architects

Sipoo, Finlândia Fotos: Marko Huttunen

Em junho deste ano a inauguração da escola completou 3 anos. Localizada na municipalidade de Sipoo, vizinha à capital Helsinki, a escola Enter oferece tanto o ensino secundário quanto o profissionalizante na área de Tecnologia da Informação. O prédio é resultado de um concurso do ano de 2004 vencido pelos arquitetos do K2S Architects LTD. Nos seus 9 anos de história, a firma desenvolveu uma filosofia de trabalho baseada na palavra finlandesa juuret, que significa raízes. Esta palavra adquire um novo significado, algo que definiria uma boa arquitetura. Estando presente na música,

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na arte e nas pessoas, os arquitetos descrevem quatro diferentes significações para o termo ao conceituarem a ”visão” da própria empresa: tocar a alma [arquitetura que move um coração humano tem raízes], consideração da preexistência [a raiz deve crescer no local. Nossos prédios se referem ao seu ambiente, eles nunca estão sozinhos, mas são um elo na cadeia entre o que foi no local antes e o que estará lá depois], tradição finlandesa de construção e futuro [em uma nova forma de utilização de materiais, bem como em uma combinação criativa de forma e estrutura, com vistas ao futuro].


Escola Enter



Escola Enter

O edifício da escola Enter, em forma de L, existe sobre um existente campus escolar. O ambiente configurado pelas parábolas que recortam um monobloco é dominado por dois pátios curvos: um maior para o jardim do campus e um quintal pequeno. Os dois são conectados às entradas principais do edifício e as duas fachadas em vidro curvo abrem a escola para a comunidade. Os estudantes e os professores vêem a comunidade e são vistos. No átrio central do edifício há a escada circular iluminada por uma grande clarabóia cônica. Abrem-se para o átrio a pequena midiateca e um café, ambos na ala sul. As salas de aula tem seus acabamentos reduzidos e seus materiais sugerem um caráter industrial. A definição das ”quatro raízes” permitem considerações a respeito da coerência entre discurso e prática neste caso. A ”terceira raiz” está na simplicidade do partido, que resulta em um sóbria edificação com abordagem pouco exibicionista, inclusive no uso dos materiais, ainda submetendo forma à função. E, evidentemente, na sensibilidade à luz, horizontal e verticalmente. Já o tom morno das superfícies de madeira como uma reminiscência dos primeiros edifícios escolares do século 20 contemporaneu #03 | 101


4100m2

- e a fachada do lado da rua, dividida em volumes menores acompanhando a escala das moradias vizinhas, condizem com a ”segunda raiz”. Não há evidente inovação formal, na utilização de materiais ou estrutural, mas alguns elementos evocam a primeira e principal juuret. O mais nítido é o maior jardim. Encarado como área de aprendizado e dotado de rede de internet sem fio, possui literais ilhas verdes. Ali foram plantadas árvores frutíferas, como macieiras e cerejeiras, escolhidas pela cor das flores: brancas. Sua floração coincide com a celebração das formaturas, no final de maio, quando os alunos recebem um chapéu especial, também de cor branca. Uma tradição finlandesa germinada pelas árvores ao redor, um toque na alma. 102 | contemporaneu #03


Escola Enter


4100m2

Planta Baixa TĂŠrreo

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Escola Enter

Término da Construção: 2006 Área construída: 4100 m2 Arquitetos: K2S Architects Ltd. (Kimmo Lintula, Niko Sirola and Mikko Summanen) Eng. Estrutural: Jani Ramšak Eng. Eletricista: E-plan Oy, Jorma Kuusela Interiores: K2S Architects Ltd. e Konehuone Oy, Ari Jääskö Paisagismo: Byman & Ruokonen landscape architects, Eeva Byman and Kari Mikkonen

Planta Baixa Primeiro Pavimento contemporaneu #03 | 105


4100m2

Corte Transversal

Fachada Leste

Fachada Sul

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Escola Enter

Implantação

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Mechatronik Caramel Architekten

Linz, テ「stria Fotos: Hertha Hernaus


18,521m2

O jogo de volumes é constante no trabalho do escritório austríaco Caramel. Nesta obra pode ser observada a quebra do edifício, dobrado em um ângulo agudo aproximado de 71o e um obtuso de 106o, com o objetivo de fazer com que esta parte não possua nenhum ângulo reto em relação às suas paredes externas e de que não seja tão evidente e monótono os seus 160 metros de comprimento. Para vencer o grande vão e os balanços existentes, utiliza estrutura treliçada de aço.

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18,521m2

O bloco, chamado de Mechatronik, faz parte de um complexo de 5 edifícios do parque científico da Universidade Johannes Kepler, na cidade austríaca Linz, e pode ser compreendido como duas partes: a ortogonal e a não-ortogonal. A primeira repousa sobre o próprio edifício mimetizado às curvas de nível, enquanto a segunda utiliza dois grandes volumes para sustentação quando servem de entrada ao edifício e definem duas das cinco circulações verticais. Com essas grandes dimensões, alguns recursos projetuais são utilizados para que seu peso visual seja suavizado, como as extremidades e a cobertura, ambas inclinadas. A cobertura, aliás, em seu longo comprimento cresce dois pavimentos, transformando os resíduos de andares em espaços com pé direito mais alto em determinados trechos.

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Mechatronik





Mechatronik

O programa de necessidades prevê a ligação dos 5 blocos do parque científico por meio de um túnel localizado ao nível do solo, na parte ortogonal, onde se encontram os laboratórios. Nos outros 5 pavimentos superiores estão os escritórios e, no subsolo, o estacionamento. Sua fachada, toda envidraçada, permite que a iluminação natural ­penetre no interior do edifício, destacando-se tal efeito no átrio central, que vai do segundo pavimento à cobertura, onde se localiza o elemento lúdico do projeto, o circuito de escadas desalinhadas.

Início da Construção: 2007 Término da Construção: 2009 Área construída: 18,521 m2 Arquitetos: Caramel Architekten ZT GMBH Eng. Estrutural: Werkraum ZT GMBH Eng. Eletricista: Planungsgruppe Grünbichler Topografia: Bodenprüfstelle Eng. Hidráulico: Machowetz Logística: TB kubisch

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18,521m2

Implantação

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Mechatronik

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18,521m2

Planta Baixa Segundo Pavimento

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Mechatronik

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18,521m2

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Mechatronik

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de


projetos e estudantes

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projetos de estudantes

Memorial da Paz dedicado ao voo TAM 3054

Disciplina: TFG II Orientador: Antônio Cláudio Instituição de ensino: Universidade Presbiteriana Mackenzie Nome: Andre Beaton Lenza email: andrelenza@hotmail.com Cidade: São Paulo, São Paulo

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Andre Beaton Lenza


projetos de estudantes

Planta Baixa Pavimento TĂŠrreo

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Andre Beaton Lenza

Planta Baixa Primeiro Pavimento

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projetos de estudantes

Fachada Rua Tarquínio de Souza

Fachada Rua Barão de Surui Implantação


Andre Beaton Lenza

Corte AA

Corte BB


Edifício Multifuncional Disciplina: Projeto Arquitetônico (Intervenção Urbana) Professores: Eloisa Dezen-Kempter Maria Cláudia de Oliveira Período: 7o Instituição de ensino: Universidade Paulista Nome: Tales Miranda e Lucas Fernandes Mareti email: arqtm@msn.com http://3dtm.blogspot.com/ Cidade: Americana, São Paulo


Tales Miranda e Lucas Fernandes Mareti


projetos de estudantes

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Tales Miranda e Lucas Fernandes Mareti

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projetos de estudantes

Planta Baixa Pavimento TĂŠrreo

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Tales Miranda e Lucas Fernandes Mareti

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projetos de estudantes

Planta Baixa 2o Pavimento

Planta Baixa 3o Pavimento

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Planta Baixa 4o Pavimento


Tales Miranda e Lucas Fernandes Mareti

Planta Baixa Pavimento Tipo - 5o ao 14o Pav.

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projetos de estudantes

Corte AA

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Tales Miranda e Lucas Fernandes Mareti

Fachada Av. Moraes Salles

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d


projeto de concurso


Embaixada da RepĂşblica Tcheca em Wa Chalupa Architekti Washington D.C., EUA


ashington


concurso

Dividido em três zonas principais, o projeto vencedor do concurso para a Embaixada da República Tcheca em Washington, EUA, pode ser examinado através de seus vazios ao invés do objeto construído. Isso porque são os vazios que estabelecem as linhas e diretrizes do todo. A construção em forma de Y com suas três fachadas curvas principais, é apenas coadjuvante, fazendo a separação dos jardins – estes sim os atores principais cujas funções são plena-

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mente distintas entre si. O piso circular, forma que se repete várias vezes, confere unidade ao projeto, tanto nos jardins quanto na construção. Logo na entrada da Embaixada um grande círculo é o caminho dos automóveis, a rotatória por onde os motoristas deixam os passageiros na porta e permite o acesso o estacionamento. Esta fachada é uma grande cortina de vidro fosco e lá estão as bandeiras da Repúbica Tcheca e da União Europeia.


Embaixada da RepĂşblica Tcheca em Washington


concurso

Voltam-se para outro jardim, o privativo, os apartamentos, os escritórios e as funções administrativas e de apoio. Finalmente, constituindo-se como o núcleo conceitual do projeto, há o jardim de representação. Generosamente dimensionado, é diretamente ligado aos salões principais da Embaixada e propicia um diálogo visual com a existente residência do embaixador acima da encosta. É neste jardim que são previstas as

cerimônias quando de visitas oficiais, recepções e eventos em geral. Além de reproduzir a espontaneidade do traço inicial, o edifício harmoniza-se com o entorno por meio de implantação suave e linguagem simples, sem perder uma positiva imponência. A horizontalidade, o telhado-jardim ligeiramente inclinado, a neutralidade do vidro e da madeira e as grandes aberturas para receber iluminação denotam, além da esté-


Embaixada da RepĂşblica Tcheca em Washington

tica, um entendimento, um acordo diplomĂĄtico com o meio ambiente. Abertura, solenidade, diplomacia e neutralidade promovidas pelo escritĂłrio tcheco Chalupa Architekti com o projeto vencedor de concurso e desenhado entre julho de 2009 e fevereiro de 2010.


concurso

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Embaixada da RepĂşblica Tcheca em Washington

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Perfil fotógrafo

Guilherme Costa O fotógrafo Guilherme Costa, dono do estúdio Oito e Oitenta Fotografia fala sobre sua trajetória profissional e como é trabalhar como fotógrafo de arquitetura. Com residência no Rio de Janeiro, seu portfólio apresenta trabalhos feitos em diferentes cidades, temas diversos e seu esporte: o montanhismo.

Como você começou a trabalhar com fotografia de arquitetura? Sou formado em Desenho Industrial pela PUC do Rio de Janeiro, não comecei direto como fotógrafo, isso foi uma decisão que tomei depois do meu primeiro ano de formado, em 2006. Fui assistente de alguns e fiz trabalhos variados. A fotografia de arquitetura veio que meio por acaso, e fui evoluindo porque realmente gosto de arquitetura e urbanismo e a própria história das ocupações, principalmente do Rio.

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Guilherme Costa

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Perfil fot贸grafo

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Guilherme Costa

O céu fica melhor no nascer ou no pôr do sol, quando a luz artificial vai se igualando em intensidade com a luz natural... este horário na fotografia é conhecido como “a hora mágica”.

Qual é a diferença entre fotografar fachadas e interiores? A diferença é brutal. As fachadas requerem um maior planejamento de tempo, os interiores podem ser feitos a qualquer hora, desde que não tenha uma janela imensa ou a insolação não entre no ambiente, neste caso há um certo planejamento, mas é bem mais frouxo do que de fachadas. Nas fotografias de fachadas, tenho que observar a hora em que o sol ­destaca melhor o contorno arquitetônico, depois voltar e fazer a foto. Só para citar um exemplo prático, se você chega sem planejamento em um local, pode acontecer de você dar de cara com seu objeto estar escurecido pela sombra de outro prédio, o

que pode comprometer o trabalho. Este ensaio sobre Brasília, por ­exemplo, as minhas fotos preferidas, foram feitas entre as 4:30h e 6:00h da manhã, sendo que foram selecionadas somente as fotos feitas antes do nascer do sol. Para fotografar arquitetura não se pode contar só com o feeling, é preciso fazer um planejamento e um trabalho de observação antes de ir fazer as fotos. O céu fica melhor no nascer ou no pôr do sol, quando a luz artificial vai se igualando em intensidade com a luz natural. Claro, isso não é regra, mas este horário na fotografia é conhecido como “a hora mágica”. Não deve ser à toa que a chamam assim...

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Perfil fotógrafo

E como foram estes trabalhos de fotos aéreas? Costumo fazer fotos de prospecção de construtoras, terrenos vazios. Por isso não posso colocar no meu portfolio, lá eu coloco só as fotos que fiz no caminho até estes pontos. Até porque, terreno vazio tem pouco interesse estético. Mas como sou eu o responsável em fazer também o aluguel da aeronave, a logística ganha grandes proporções, pois tenho que calcular a aproximação que eu quero, a altura, ver se na área a restrição de vôo no horário que eu escolhi. Nisso a conversa com o piloto é fundamental. E quando o orçamento está aprovado, eu fico checando a previsão do tempo várias vezes ao dia, é bem estressante, tanto que levo duas câmeras no dia, caso uma dê defeito eu não perco o vôo.

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Guilherme Costa

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Perfil fot贸grafo

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Guilherme Costa

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Perfil fot贸grafo

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Perfil fot贸grafo

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Perfil fot贸grafo

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Guilherme Costa

mais fotos em www.oitoeoitenta.com.br contemporaneu #03 | 169


edições anteriores

#02

3LHD MPreis Supermercados CityLife - Milão Casa JD - BAK Arquitectos Embaixada Estoniana em Vilnius - 3+1 Architects 46 Habitações Sociais - ACXT Universidade Østfold em Halden - Reiulf Ramstad Architects

#01

BIG - Bjarke Ingels Group Simcoe WaveDeck - West 8 e DTAH Refúgio São Chico - Studio Paralelo Casa em São Paulo - Affonso Risi dupli.casa - J. Mayer H. Architects Jardim de Infância Medo Brundo - Njiric + Arhitekti d.o.o. Ampliação do Estádio Ljudski Vrt - OFIS arhitekti e Multiplan arhitekti


Espanha santiago@fotonauta.com

Santiago GarcĂŠs

fotĂłgrafos

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Finlândia marko@markohuttunen.com

Marko Huttunen


Frederik Vercruysse BĂŠlgica frederik@frederikvercruysse.be

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Karlina Vitolina RepĂşblica Tcheca karlinavitolina@gmail.com

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