Revista PH Rolfs | Nº 8 | Ano 8 | Dezembro 2020

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NĂşmero 8 | Ano 8 | Dezembro 2020

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Diogo Rodrigues

SUMÁRIO 4 2020: O ano que nunca acabou 6 180 mil do Brasil 8 “Vale a pena ver de novo” no horário nobre: o caso de Fina Estampa 10 Confiança por telefone: a telessaúde na pandemia 12 Os benefícios à mente e ao bolso de se iniciar um novo projeto na quarentena 14 Momento de se reinventar 16 Pelo ao vivo, a cultura vive 18 Os limites do humor 20 Retorno com segurança: a reabertura de bares e restaurantes no Brasil 22 A corrida pela vacina 24 UFV leva dois trabalhos à final da Expocom 2020; um deles vence o título nacional


O ano disruptivo

Coordenação e Edição Geral do Projeto Prof. Ricardo Duarte Gomes (MTB-DRT 3123) Edição e Revisão Geral Ricardo Duarte Gomes Diogo Rodrigues Edição de Conteúdo Júlia Lourenço Matheus Garcia Stéfany Peron Ilustração de Capa Matheus Garcia Design Gráfico Diogo Rodrigues Redatores Ana Kei Osera Felipe Pedroso Isabela da Matta Júlia Lourenço Matheus Garcia Stéfany Peron Vitória Maria Lélis --Esta edição é online. Cópias impressas podem ser encontradas na Biblioteca Setorial do DCM. A PHRolfs é uma Revista anual produzida por alunos do Curso de Comunicação Social-Jornalismo da UFV --Endereço

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último ano da segunda década do século 21 entrará para a história mundial. Em um mundo polarizado, a pandemia invadiu o cotidiano e dividiu aqueles que defenderam a Saúde da humanidade daqueles que se preocuparam apenas com a Economia da sociedade (como se ambos nunca estivessem envolvidos). Em especial, a pandemia alterou o cotidiano dos médicos e dos enfermeiros que já trabalhavam em hospitais e postos de saúde e se viram na linha de frente contra uma doença sem cura e sem protocolos. Faltaram, em muitos casos, os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para lidar com o vírus Sars-Cov-2. Enquanto isso, os governos corriam na busca por adquirir respiradores, organizar as medidas profiláticas e as comissões operacionais de emergência. Próximo do pico da pandemia, no meio do ano, os dados já mostravam no Brasil mais de 83 mil profissionais da saúde infectados e 169 mortes contabilizadas: um número que já era bem superior a outros países, como nos EUA (146) e Reino Unido (77). Enquanto os profissionais passaram todo o ano aprendendo sobre o comportamento da doença durante as muitas fases do tratamento, as vacinas começaram a chegar aos países só no final do ano. Diante deste cotidiano tensionado, os profissionais da saúde se sentiram vulneráveis, entre o compromisso de salvar vidas e o medo de ser contaminado. Inúmeros foram os pedidos de setores da sociedade para a população ficar em casa, não aglomerar e usar máscara ao sair para não contaminar os outros e sobrecarregar o sistema de saúde (para minimizar a propagação do vírus nos hospitais e as restrições do comércio). É bom dizer que sem Saúde não existe Economia. Mas faltou planejamento adequado dos governos para que Saúde e Economia andassem juntos durante a tempestade da pandemia. Enquanto isso, até o fechamento desta edição em dezembro, o mundo já registrava mais de 1 milhão e 600 mil mortes e o Brasil já contabilizava 180 mil óbitos. E esses números infelizmente tendem a aumentar nos próximos meses. A edição da PHRolfs deste ano (produzida de modo remoto ao longo de cinco meses) traz alguns textos que relembram os principais fatos de um ano que queremos deixar para trás... contudo, não há como tentar esquecer. Ricardo Duarte Gomes Editor da Revista PH Rolfs

Prédio Fábio Ribeiro Gomes 2º andar - Campus Universitário Viçosa–MG. CEP: 36570-900 Telefone: 3612-3200 www.com.ufv.br

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Por Felipe Pedroso

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Não se trata mais do fim do ano previsto no calendário normal, mas sim do fim do ciclo de transmissão do vírus

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om o avanço da pandemia, o Brasil passa hoje por uma crise em vários setores que costumavam movimentar a economia do país. O turismo é um deles. Em 2019 o setor representou um total de mais de 8% do PIB nacional. Em meio ao cenário de incertezas, eventos tradicionais, como Réveillon e Carnaval, que geram aglomerações de pessoas, estão sendo cancelados ou adiados com o propósito de diminuir os casos de Covid-19. Só na cidade de São Paulo, um dos maiores centros turísticos nacionais, o tradicional Réveillon da Av. Paulista e a Parada LGBT, considerada a maior da América Latina, tiveram cancelamento anunciado. O carnaval paulistano e o Lollapalooza Brasil, um dos grandes festivais do país, também foram adiados. A comemoração do ano novo na Av. Paulista costuma movimentar mais de 1 milhão de pessoas na capital. Mesmo não sendo um dos destinos preferidos para a época, o evento ainda mantém um grande número de moradores e turistas na região. A descontinuação de eventos do tipo ocorreu no Brasil inteiro. No entanto, nem tudo parece estar perdido. A tecnologia está sendo uma grande aliada ao remodelamento de diversas cerimônias do meio presencial para o virtual, o que revela uma grande possibilidade de que o novo ano seja comemorado oficialmente de maneira remota. Isso não é uma revolução para muitos que já costumam passar esse momento dentro de casa, mas várias pessoas ainda terão que

se habituar com o novo modelo. Um país que certamente irá ultrapassar a marca de 7 milhões de casos confirmados da doença e passará em poucos dias a impressionante marca dos 180 mil mortos pelo coronavírus não tem mais espaço para priorizar apenas o lazer e esquecer a questão sanitária. Apesar de o início real do ano ser no dia 1º de janeiro, o carnaval é considerado por muitos como o início simbólico aqui no Brasil. A maior festa popular nacional vai muito além do marco cultural, pois gera grande lucro para diversos segmentos, inclusive os que ficam ativos apenas na temporada. Segundo a Prefeitura de São Paulo, o carnaval movimentou aproximadamente R$3bi na capital paulista em 2020. Mesmo não sendo impossível termos as festividades presenciais ainda no primeiro semestre de 2021, grande parte da organização já se mostrou contrária à sua realização, principalmente pela inviabilidade. A dúvida que fica agora é: se não teremos Réveillon e Carnaval, 2021 vai realmente começar ou ficaremos para sempre em 2020? Racionalmente, podemos ter a certeza que a transição acontecerá, independente da nossa percepção. Mas, no fundo, sabemos que não estamos mais esperando uma data, e sim um momento: aquele em que tudo isso vai acabar e que poderemos, enfim, voltar ao que consideramos o normal. A questão não é mais o calendário, mas sim se ainda continuaremos vendo esses números crescerem, se iremos conviver por vários anos com a Covid-19 ou se, de fato, conseguiremos erradicar mundialmente a pandemia. PH Rolfs

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180 mil do Brasil Por Júlia Lourenço Figura midiática de tempos insanos, Sara Geromini marcha com os “trezentos do Brasil” contra um inimigo fictício, enquanto 180 mil é um número real

Protesto realizado em junho na praia de Copacabana, pela ONG Rio de Paz, abriu covas na areia para simbolizar as vítimas da Covid-19

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crise do coronavírus tem pautado quase todas as nossas discussões. Nas redes sociais vemos os brasileiros se perguntando quando voltam às aulas, quando poderão ir ao cinema, quando as suas vidas voltarão ao normal. Sobre o momento de voltar, o presidente declarou, mais de uma vez, ser favorável à retomada das atividades normais. Sobre as escolas, disse que “coronavírus não é perigoso para os jovens” e recomenda que se volte à normalidade. O presidente da república diz que lamenta, mas que “vamos tocar


Unidos), superando todas as nações europeias, incluindo a Itália, cujo estado de calamidade comoveu e assustou em proporções mundiais. Mas por aqui seguimos com números de mortos diários na casa dos milhares e sendo incentivados a retomar uma rotina que vai nos adoecer e matar se não seguirmos o que a OMS recomenda. Projetos como o Inumeráveis, iniciativa voluntária de jornalistas e pesquisadores para que os mortos não sejam somente estatística, mas seres humanos que devem ser lembrados, mostram que 180 mil é twitter.com/riodepaz

a vida e arrumar um jeito de se safar do problema”, sendo que existem mais de 180 mil pessoas, 180 mil vidas (até o fechamento desta edição) que nunca poderão seguir seu caminho, que nunca poderão ser tocadas. Neste embate está, de um lado, a Ciência, garantindo que a volta é o pior quadro possível e, do outro, um discurso ideológico, político e negacionista, defendendo que é preciso retornar. Mas nos perguntamos... retornar para onde? Para quem? O Brasil até o momento é o segundo país no mundo com mais mortos (atrás apenas dos Estados

muito mais que uma atualização no ranking. É também a Otalice Araújo Cavalcante, 72 anos, “ativista pela educação, uma professora que não se calava diante das injustiças” e Gabriel Martins, 1 ano, que “passou a maior parte da vida na barriga da mãe. E ali foi muito amado”. Os especialistas temem que 180 mil vire, em breve, o dobro. É o chamado efeito bumerangue, em que regiões que estariam controladas, com a reabertura do comércio e flexibilização das medidas de segurança, passariam por novos picos de contágio. A tragédia é gigante e parece que vai continuar se alastrando, mas ainda assim estamos dessensibilizados. Quando as torres gêmeas caíram, em 11 de setembro de 2001, assistimos ao e choque e à solidariedade diante das mortes. No Brasil, toda semana, as perdas equivalem a três torres gêmeas. Temos o triplo dos registros americanos da Guerra do Vietnã. Naquele campo de batalha, de acordo com o governo, morreram 60 mil, no nosso, mais de 180 mil. Mas ainda assim, diante de toda a calamidade, temos pouco ou quase nenhum planejamento coordenado para deter o avanço do vírus ou conviver com ele, mas muito é feito para propagá-lo, através das festas em bares e outras aglomerações. Apoiadores do governo se aglomeram ao redor do Planalto Central para cumprimentar, beijar e abraçar o presidente. Dentre essas figuras que emergem desses tempos insanos, surge Sara Geromini, que marcha com os “trezentos do Brasil” contra um inimigo fictício. Enquanto isso, no mundo real, passamos dos 180 mil. PH Rolfs

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“Vale a pena ver de novo” no horário nobre: o caso de Fina Estampa Por Vitória Maria Lélis A pandemia trouxe velhos conhecidos da televisão brasileira de volta à vida, mas a pergunta que fica é: ainda existe espaço para eles?

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pandemia do coronavírus não movimentou apenas nossas vidas sociais e financeiras, também no entretenimento alterações foram feitas. Em março, em decisão inédita, a Rede Globo interrompeu as gravações de suas novelas por medidas de precaução. Desde então, a reprise de Fina Estampa passou a ser exibida após a pausa de Amor de Mãe. A trama foi escolhida por ter sido gravada em qualidade HDTV e por ter narrativa leve, com apelo popular e enredo que, apesar de conter algumas maldades, não choca o público.

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A história gira em torno da rivalidade entre as personagens principais, Tereza Cristina, uma mulher rica, sem escrúpulos e que faz de tudo para conseguir o que quer, e Griselda, uma mulher pobre, honesta e trabalhadora. A inimizade entre as duas começa quando a vida delas se cruzam e, a partir daí, a vilã se empenha em infernizar Griselda e sua família. Entretanto, os elementos da trama não são muito originais: o perfil de vilã que Tereza Cristina apresenta já foi muito explorado

em outras novelas, e se aproxima em alguns pontos da famosa Nazaré Tedesco. Os núcleos secundários também não contribuem muito para a trama, apresentando personagens e histórias triviais, generalizadas. Apesar disso, Fina Estampa é um sucesso de audiência, tanto em sua exibição original quanto na sua reprise. No dia 20 de julho, a audiência chegou a marcar 35,5 pontos no IBOPE, enquanto Amor de Mãe marcava em média 30 pontos. Considerando que cada ponto


equivale a 254 mil aparelhos de televisão sintonizados à novela, conseguimos perceber a dimensão do alcance que essa novela vem conquistando. Diferentemente da primeira exibição da trama, desta vez é possível acompanhar de forma mais clara as opiniões do público, já que o número de comentários feitos nas redes sociais, especialmente no Twitter, é gigantesco. Eles abordam, principalmente, os principais acontecimentos do capítulo, com comemoração e torcida pelos personagens preferidos. Mas os que se destacam mesmo são os comentários humorísticos e memes que abordam as falhas do roteiro, a simplicidade da história e as conspirações sem motivo da vilã. São comuns comentários do tipo: “Essa novela é horrível, mas eu não

consigo parar de assistir!”. Análises promovidas pela intensa circulação midiática dos dias atuais. Apesar da grande audiência e de contar com um público que se manifesta frequentemente, não houve nas redes sociais nenhuma forma de protesto às cenas problemáticas de machismo e homofobia apresentados na novela. Quinzé frequentemente humilha a ex-mulher Teodora publicamente, dirigindo-se a ela com palavras como “vagabunda”, “piranha” e “biscate”. Em praticamente todos os capítulos, o mordomo Crô ouve da patroa expressões como “bicha burra”, e mesmo assim permanece fiel a ela, pois essa parece ser a sua única função na história - servir de alívio cômico. Por que, então, Fina Estampa segue superando em audiência

Amor de Mãe, que possui um enredo melhor construído e sensível em relação a essas questões? Possivelmente, a resposta é o saudosimo. Apesar de ainda ocupar um lugar especial nos lares brasileiros, as novelas atuais não são tão inovadoras, repetindo as mesmas fórmulas de sucesso de décadas. Isso faz com que Fina Estampa, mesmo tendo sido exibida há menos de 10 anos e sem um roteiro tão inovador, resgate o público. A audiência provavelmente seria ainda maior se a novela exibida fosse A Favorita ou Duas Caras, folhetins ainda mais antigos e que ganharam apelo nas redes sociais para serem reprisados. Além disso, devemos considerar também o contexto pandêmico, que automaticamente faz com que as pessoas procurem por mais formas de entretenimento. Seja qual for o motivo, o sucesso de audiência de Fina Estampa nos mostra como esse gênero dialoga tão de perto com o seu público, mesmo trazendo elementos que envelheceram mal. É a exemplificação perfeita da máxima “audiência não é sinônimo de qualidade”.

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Confiança por telefone: a telessaúde na pandemia Por Júlia Lourenço Neste momento de tanta fragilidade, em que pacientes não podem encontrar cuidadores, a tecnologia auxilia na comunicação

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pandemia do Coronavírus mudou as dinâmicas de muitas áreas de nossa vida. Nesta edição da Revista PH Rolfs falamos sobre as modificações no entretenimento a partir das lives, na educação com as dinâmicas de EAD e até mesmo na economia num nível pessoal, com os pequenos negócios sendo abertos. Mas como fica a saúde? A área responsável pelo combate ao vírus também precisou se adequar ao longo dos meses. Filas de espera, salas de consultório cheias e contato próximo entre os pacientes são dinâmicas comuns no cotidiano da medicina, mas que durante uma pandemia não podem acontecer, pelo bem dos pacientes e dos profissionais. Nesse contexto de distanciamento, a telessaúde aparece como forma de orientação e atendimento seguro. Em Viçosa, o atendimento surgiu junto com a pandemia, como

iniciativa conjunta entre a Prefeitura, o Departamento de Enfermagem e Medicina (DEM) da UFV e a Secretaria de Saúde do município. Coordenam o Telessaúde Covid as professoras Wilmara Fialho, Brunella de Freitas e Mara Cardoso. Para elas “o serviço exerce papel fundamental ao oferecer atendimento de qualidade a distância por meio de tecnologias, evitando que o paciente precise sair de casa, diminuindo a sobrecarga nos serviços de saúde e a propagação do vírus na comunidade”. A experiência cotidiana no Telessaúde é também importante a nível pedagógico para profissionais e estudantes da área. Para a aluna de medicina Luísa Fontes, estagiária no serviço, a experiência “tem sido muito enriquecedora, uma vez que comunicação com pacientes é uma parte essencial da prática profissional, e ela é aprimorada num atendimento por telefone”. Além

disso, existe a gratificação pessoal por fazer parte do enfrentamento à pandemia. No entanto, aponta que as dificuldades são inúmeras. Em alguns momentos os pacientes chegam com expectativas que não são passíveis de atendimento e por vezes acabam sendo agressivos com os estagiários. A também estudante de medicina Giulia Toledo, estagiária do Telessaúde Covid, completa que, “com o agravamento da pandemia, a demanda de serviço só aumenta, ao passo que cada vez mais a população desrespeita o isolamento social”. Ela ressalta que, mais do que uma crise biológica, a crise do coronavírus acontece porque demos condições para isso. Nesse sentido, a tendência do serviço de telessaúde é ficar de vez, pois fornece condições necessárias para um atendimento de qualidade mesmo a distância. Um ganho que, espera-se, ultrapasse o tempo de duração da quarentena. PH Rolfs

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Os benefícios à mente e ao bolso de se iniciar um novo projeto na quarentena Por Stéfany Peron Motivos financeiros e emocionais fizeram com que muitas pessoas precisassem encontrar meios de se manter em atividade na quarentena. E esses novos projetos tiveram resultados surpreendentes

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er uma folga do trabalho ou dos estudos, tempo livre para ficar em casa, ver filmes, ler livros e maratonar séries parecia um sonho para todas as pessoas até 2020. Mas, depois de meses sem poder frequentar lugares públicos, sair com os amigos, viajar com a família, entre outras coisas, ter tanto tempo livre em casa não é

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mais uma ideia tão cobiçada. Muitas pessoas viram no isolamento social uma alternativa para começar novos projetos ou mesmo tirar ideias antigas do papel. Luís Xavier, 21, começou um podcast de divulgação científica, o Contando Neurônios. Ele viu na suspensão das aulas uma oportunidade para tentar um novo hobby: “foi bom pra ocupar a cabeça e me manter ativo estudando. A gente não tem muito tempo pra fazer uns projetos paralelos durante a graduação, as coisas

da Universidade acabam tomando muito nosso tempo”, afirmou. Ocupar o tempo com alguma atividade divertida é muito saudável, mas também é possível ganhar dinheiro fazendo o que gosta. Lara Molica, 20, é criadora de uma loja online de marcadores de página artesanais, a Marca Lírio. A inspiração vinda do instagram já está dando resultado: “A loja abriu há uma semana e eu já tive um retorno


ótimo, melhor do que eu esperava! Acredito que em pouco tempo vou estar em condições de aliviar um pouco a vida financeira dos meus pais”. Além disso, ela também sentiu os efeitos psicológicos de começar algo novo: “o que tem feito realmente um impacto maior é a melhora no meu psicológico. Sempre amei trabalhos manuais, então produzir os marcadores artesanalmente e manusear as plantas e os outros materiais está sendo muito terapêutico”. Também é uma oportunidade de fazer algo em família: Taynara Pena, 20, em isolamento social com a irmã, viu nas próprias necessidades uma oportunidade de fazer uma renda extra. Elas começaram uma loja virtual, a Aflorar Moda Íntima, e revendem peças de lingerie com um preço mais acessível do que o usual. “A pandemia e o fato de que nós duas ficamos isoladas juntas, sem muito o que fazer, fez surgir várias ideias, e essa foi uma

delas”, contou. Apesar de uma situação completamente nova, dos muitos cuidados necessários e da impossibilidade de sociabilizar como antes, a quarentena por causa da pandemia de Covid-19 foi a oportunidade que essas pessoas tiveram para se reinventar e desenvolver ideias que nunca lhes tinham passado pela mente.

Lara Molica criou uma loja on-line de marcadores de página artesanais

Taynara Pena e sua irmã desenvolveram uma loja virtual de roupas íntimas

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Momento de se reinventar Por Matheus Garcia

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Ilustração: Matheus Garcia

om o isolamento causado pela Covid-19 as pessoas passaram a consumir mais música. A Deezer (serviço de streaming de áudio) realizou uma pesquisa que revelou um aumento de 51% no consumo de música no período de confinamento. Mas como a pandemia afetou as vivências de quem trabalha com a música? O cantor e músico Josué Figueiredo, que atua exclusivamente com a música há três anos, diz que a pandemia afetou 100% a sua área de atuação, pois todos os eventos nos quais ele iria trabalhar foram cancelados ou remarcados, e o valor que ele já havia recebido teve que ser renegociado ou devolvido.

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A alternativa encontrada por Josué para continuar trabalhando foi o livestream. Inicialmente, ele fazia lives através de contratos. Mas logo isso se expandiu e virou, em parceria com a Prefeitura Municipal de Teixeiras, o Festival Quarentena Cultura, um festival musical inteiramente on-line. A dupla de cantoras Laura e Nathália, de Porto Firme, igualmente afetadas financeiramente pela pandemia, também encontraram no on-line uma forma de continuar trabalhando. As cantoras participaram de lives elaboradas por outros músicos de sua cidade, e relatam que puderam alcançar um público maior, além de conseguir consolidar um material de divulgação. Dentro desse universo existem

também as lives beneficentes. O Grupo Só Samba, formado há 13 anos por amigos com a vontade de levar o samba raiz para mais pessoas, conseguiu arrecadar mais de duas toneladas de alimento e uma boa quantidade de dinheiro em uma live que foi feita com o intuito de ajudar comunidades carentes. Josué Figueiredo ressalta que esse período de pandemia é tempo de se reinventar. Ele, assim como a dupla Laura e Nathália, estão focados em produzir conteúdo para as plataformas de streaming e investir na produção de videoclipes. O Grupo Só Samba está priorizando a proteção de seus membros e familiares, seguindo o isolamento e as orientações da Organização Mundial da Saúde.


O músico Josué Figueiredo em seu local de trabalho

Nathália e Laura, de Porto Firme, também aderiram às lives durante a pandemia

O grupo Só Samba, durante uma live transmitida pelo YouTube

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Reprodução YouTube

Pelo ao a cultu

Por Ana K

Em maio, a banda mineira Skank realizou live no estádio do Mineirão. Completamente vazio, é claro

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Entretenimento não para passar o temp assegurado por meio pandemia sof

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esmo que o Estado brasileiro não tenha a fama de garantir os direitos básicos de sua população, o direito à cultura e ao lazer (ainda) são previstos na Constituição Federal Brasileira. Além disso, a importância da cultura e da arte em momentos de vulnerabilidade e fragilidade psicológica, como os de hoje, é evidente. Em época de isolamento social, a cultura vai além do entretenimento - também de suma importância - e faz papel de espelho que nos reflete por dentro, fazendo com que nos enxerguemos por outro prisma e tiremos a cabeça das tragédias do dia-a-dia. Com a curva do gráfico dos contaminados pelo vírus só aumentando, os governos dos estados e municípios do país decidiram por restringir os horários de funcionamento de estabelecimentos e pedir, através de campanhas, que a

população ficasse em casa. Dessa maneira, parte dos cidadãos aderiu à quarentena e outra parte resistiu e resiste à isso até hoje. Devido a essa paralisação, reinvenção seria a palavra de ordem para a arte ao redor do mundo. Filmes transmitidos ao vivo no YouTube, shows mega produzidos por lives no Instagram e até o Masp (Museu de Arte de São Paulo) entrou no mundo das lives, fazendo transmissões pelas suas redes sociais com a fala de curadores e convidados. Grandes veículos de reportagem têm listado no início da semana as lives que acontecerão nos próxi-


Reprodução Globoplay

o vivo, ura vive

Kei Osera

é só um mecanismo po, mas um direito o da cultura, que na fre alterações

mos dias. Além das transmissões ao vivo, algumas produções artísticas, como ensaios fotográficos feitos por FaceTime, livros, composições musicais e filmes nasceram e ainda nascerão dessa fonte, para alguns tão fértil, chamada isolamento. Os pedidos para que a população aderisse à quarentena começaram a vir com mais força não dos governantes, e sim de artistas, que, devido à sua influência, utilizaram bordões como o “Fique em Casa!” para reforçar a importância do isolamento social. Além de influenciar seus espectadores a permanecerem em casa, os artistas têm consegui-

do arrecadar grandes quantias de dinheiro para o apoio a diferentes causas sociais e também para o combate à Covid-19. Segundo a Associação Brasileira de Captação de Recursos (ABCR), até o início de junho deste ano, as transmissões ao vivo levantaram mais de 17,6 milhões de reais em doações. Dados do YouTube obtidos pela Revista Exame revelam que as buscas por transmissões ao vivo cresceram 4.900%. Embora o brasileiro tenha uma programação diária recheada de realidade que nem o melhor dos roteiristas satíricos escreveria, a cultura, mesmo que desvalorizada, ainda mais em tempos de dificuldade, respira fundo, sobrevive, se reinventa e conforta. Desde um aspecto mais simples do entretenimento e distração, até uma análise mais profunda, de autoconhecimento e crítica.

Depois de muita cobrança e insistência dos fãs, Caetano Veloso realizou sua primeira apresentação da pandemia no mês de agosto

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Os limites do humor Por Matheus Garcia A piada continuará existindo enquanto pessoas rirem dela, mas podemos consumir e produzir humor de qualidade

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o momento de pandemia que vivemos, o humor por muitas vezes é uma válvula de escape. O aumento de artigos sobre como “rir é o melhor remédio”, a forma como memes têm uma capacidade analgésica, vêm crescendo cada vez mais e o aumento de usuários em plataformas como o TikTok são sintomas disso. No entanto, a discussão que nunca morre é a de onde o humor

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deixa de ser engraçado e passa a ser ofensivo. Vem algo à sua mente ao ouvir o nome Leo Lins? Talvez, se você gosta de stand-up comedy, já assistiu The Noite, apresentado por Danilo Gentili, ou se está antenado no Twitter, já tenha se deparado com ele. Leo, que se intitula rei do “humor negro” na sua bio do Instagram, ficou conhecido na internet em 2007, e já trabalhou no Domingão do Faustão, Legendários, A Praça é Nossa. Mas por que falar de Leo Lins quando o tema é limites do humor? Para divulgar seu novo show de stand-up, intitulado Perturbador, e chamar atenção do público para o seu post, Leo usou a foto da modelo

plus size Bia Gremion. Na foto, ela levanta a bandeira de que pessoas gordas merecem afeto, e que está tudo bem se forem maiores que seus parceiros. A intenção de ser engraçado, usando o corpo dela para se promover, causou uma comoção nas redes sociais e rendeu ataques a Leo. Percebendo o buzz em cima da gracinha, fez novamente outra piada gordofóbica. Desta vez, postou uma foto da influenciadora Pati Quantel usando uma camisa com a estampa “Fica com Deus porque comigo não vai rolar”, e colocou na legenda, de forma sarcástica, “Gostei dessa camiseta, onde encontro?”. Diversos seguidores do humorista foram atacar o perfil de Pati com comentários gordofóbicos. Após receber mais críticas, Leo apagou a foto. Mas está tudo bem, né? “Foi só uma brincadeira”. O documentário O Riso dos Ou-


tros, dirigido por Pedro Arantes e exibido em 2012 pela TV Câmara, discute quais são os limites do humor. Personalidades como Laerte Coutinho, Jean Wyllys, Rafinha Bastos, dentre outros, participam do filme e, em certos momentos, Leo Lins aparece fazendo piadas de cunho preconceituoso. Uma dessas piadas se baseia em ele não entender “por que negão faz tatuagem” sendo que é o mesmo que “riscar um avatar de caneta bic”. A piada, segundo o documentário, precisa de uma vítima, uma situação, e usar uma categoria de pessoas marginalizadas socialmente, como negros, mulheres, a população LGBTQIA+, deficientes, categoriza o tipo mais baixo de humor. O comediante não precisa se esforçar muito para fazer outra pessoa rir dizendo que certos torcedores de um determinado time são

“viados”, ou falando que uma “mulher feia” teria de agradecer um estupro, por ser feia, e essa ser a única chance de ela fazer “sexo”. Esse tipo de “humor” não exige muito da parte cognitiva de quem reproduz a piada, nem de quem a escuta. É aí onde o problema reside. Na perpetuação de certas culturas e valores através de uma simples piada. O documentário mostra que a piada continuará existindo enquanto tiverem pessoas rindo dela. Produzir piadas em cima de minorias é fácil, difícil é elaborar um texto humorístico inteligente, que critique algo que precisa ser observado e mudado em nossa sociedade. Mas não estou aqui querendo podar o conteúdo que você consome; o meu

objetivo é levantar a seguinte reflexão: até que ponto uma piada é só uma piada? Para finalizar, deixo aqui a fala de Jean Wyllys, em O Riso dos Outros, que contempla bem o assunto: “acho que os humoristas e comediantes precisam ter liberdade de fazer a piada. Agora, eles não devem achar que não podem ser contestados. Porque esse é o problema, é querer fazer a piada e não querer ser contestado. É fazer a piada, ofender um coletivo e não querer reação. [...] Você tem todo o direito de fazer sua piada. Agora, pague o preço de ser chamado de babaca, de racista, de homofóbico, de sexista; se defenda, se explique, refaça, reveja seu humor”.

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Retorno com segurança: a reabertura de bares e restaurantes no Brasil Por Stéfany Peron A reabertura do comércio é, para muitos, uma necessidade de trabalho. Mas vale a pena correr o risco de contágio?

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uando o primeiro caso de Covid-19 foi confirmado no Brasil, grande parte das pessoas pareceu entender a necessidade de interromper os serviços não essenciais e as atividades de lazer, principalmente as realizadas em grupo. A maioria dos posts nas redes sociais mencionava a campanha “Fica em casa!” e a procura por receitas culinárias para se fazer aumentou. Muita gente transferiu seu local de trabalho para dentro de casa, saindo à rua apenas para fazer compras no mercado ou farmácia, ficando impossibilitados de compartilhar espaços. Assim, bares e restaurantes tiveram a receita redu-

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zida a quase zero e muitos pequenos proprietários relataram dificuldades financeiras devido à longa duração da pandemia. Por causa do menor movimento, mesmo aderindo ao delivery, muitos comerciantes tiveram que fechar as portas do que era a única fonte de renda da família. A reabertura do comércio é, nesse caso, uma necessidade para pagar as contas e se alimentar. Além disso, muitos outros setores da economia já voltaram à atividade, e a maioria dos funcionários não têm condições de voltar às suas casas para fazer as refeições. Comer fora de casa faz parte do cotidiano de grande parte dos brasileiros; encontrar os amigos em Cenas como esta, de um bartender utilizando máscara para servir bebidas, tornam-se obrigatórias para a chamada “reabertura com segurança”

um bar ou almoçar com a família em um restaurante são exemplos dessa sociabilidade que foi interrompida pela quarentena e, em alguns lugares, por um período de lockdown. A necessidade de confraternizar parece tão grande que, no Rio de Janeiro, por exemplo, um leve afrouxamento das regras de abertura de comércio, que autorizou os bares a receber clientes, levou um número enorme de pessoas para as ruas, desrespeitando as regras de distanciamento social e de uso de máscara. Para quem respeitou a quarentena desde o início, parece bastante animadora a ideia de poder encontrar novamente as pessoas queridas em um lugar mais social. Mas será que é realmente possível voltar ao normal tão rapidamente sem nenhuma restrição? A resposta, claro, é negativa. Enquanto não houver uma cura definitiva para a doença e uma grande parcela da população estiver imunizada, é impossível viver da mesma maneira de antes da pandemia. Diversas medidas precisam ser tomadas para uma reabertura segura de bares e restaurantes, como a redução da capacidade, a maior distância entre os clientes, higienização das mãos, entre outras. Mas mesmo com todos os cuidados por parte dos proprietários, como ga-


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A Prefeitura instalou gradil móvel na Av. Santa Rita, após decreto que proibiu os bares de colocarem mesas nas calçadas e no canteiro central

Distanciamento ou aglomeração? Essa era a dúvida após algumas horas deste evento, promovido no início do mês de novembro por um bar localizado na Rua Floriano Peixoto, em Viçosa Diogo Rodrigues

rantir que os clientes respeitem tais regras? Por maiores que sejam as restrições para permanecer dentro dos ambientes, parece impossível manter o distanciamento entre as pessoas e o uso adequado da máscara do lado de fora. Esse tipo de comportamento dos consumidores acaba prejudicando também os estabelecimentos, que são multados por provocar aglomeração. Muitas pessoas apresentam um quadro de Covid-19 assintomático e, com a subnotificação e a falta de testes para todos, existe uma grande possibilidade de alguém ser portador do vírus e não saber. Por isso, é necessário retornar essas atividades por motivos financeiros, mas frequentar estabelecimentos ainda é um risco, visto que as medidas de higiene, apesar de fundamentais, não são uma garantia de imunização ao vírus.

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A corrida pela

vacina Por Julia Lourenço Por aqui, onde para alguns a guerra fria não acabou, a corrida não é mais espacial e sim pela vacina, liderada pelos cientistas, pesquisadores e profissionais da ciência

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pandemia de Covid-19 dominou nossos dias. Noticiários, dinâmicas familiares, universidades, escolas, tudo é cercado pelas incertezas daquele que é o marco histórico deste século. Os números de infectados e mortos aumentam vertiginosamente e aos poucos parecemos ficar cada vez mais anestesiados com o volume da tragédia, ao mesmo tempo que, para uma parcela considerável da população, a quarentena nunca começou. Não é um vírus comum e a forma como o tratamos também não seria convencional. Milhares de promessas milagrosas apareceram: chás, misturas de bebidas alcoólicas e mesmo vermífugos foram apontados como possíveis remédios para o Coronavírus. Além disso, a Hidroxocloroquina, medicamento usado no tratamento e profilaxia de malária, entrou nas discussões, mais por razões políticas do que medicinais, uma vez que, mesmo sem comprovação científica de sua eficácia, o governo brasileiro gastou milhões para testes. 22

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Aos poucos a Cloroquina perdeu força até mesmo entre os seus maiores apoiadores, depois que o Presidente da República e a primeira-dama testaram positivo para Covid-19. Diretamente do Planalto, a figura do presidente passou a não ser tão vocal sobre o medicamento. A população, que antes acusava médicos e pesquisadores de não estarem querendo comprovar a eficácia da Cloroquina, agora pede vacina. Chega até ser irônico como passamos de anti-vacinas radicais para crédulos nos poderes da medicina. Pelo menos uma boa notícia. No entanto, de novo o caráter político toma conta das discussões. O

presidente Jair Bolsonaro anunciou publicamente que estaria esperando pela vacina de Oxford e não a “daquele outro país”, se referindo à China, um dos principais parceiros comerciais do Brasil, mas que durante esse governo tem sido alvo de críticas conspiracionistas típicas da pós-verdade. E as manifestações nas redes sociais são ainda mais deslocadas da realidade. Pedimos a vacina sem sequer saber o longo processo que existe antes da distribuição para a população. Não conhecemos a ciência, aparentemente nossos governantes também não, não damos atenção aos processos metodológicos por trás dela e tampouco o devido reconhecimento às instituições públicas que a fazem. O cenário não poderia ser mais distópico. Os poucos pontos de luz e razão vêm, sobretudo, das próprias universidades públicas, que, unidas, movimentam mais de 800 pesquisas visando mapear e desenvolver uma vacina contra o coronavírus. Por aqui, onde para alguns a guerra fria não acabou, a corrida, que não é mais espacial e sim pela vacina, é liderada pelos pesquisadores e profissionais da ciência.


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UFV leva dois trabalhos à final da Expocom 2020; um deles vence o título nacional Por Isabela da Matta, Mateus Lima e Diogo Rodrigues Livro-reportagem “Tudo muda: a história dos imigrantes venezuelanos no Brasil”, de Daniel Reis, conquistou o prêmio nacional da Expocom

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livro-reportagem Tudo muda: as histórias dos imigrantes venezuelanos no Brasil, produzido pelo jornalista Daniel Reis, foi o vencedor da categoria Jornalismo na Expocom (Exposição de Pesquisa e Produção Experimental em Comunicação) 2020. O anúncio foi feito durante a cerimônia de encerramento do Intercom Nacional, em 10 de dezem-

bro, com transmissão pelo YouTube. O programa laboratorial de áudio (In)visibilidade do futebol feminino na história e na mídia, da equipe Julia Camim (aluna líder), Alícia Pinheiro, Keryon Faria e Lara Bernardes, também foi finalista nacional, na categoria Rádio, TV e Internet. Outros 7 trabalhos de estudantes do curso foram finalistas na Expocom Sudeste. Para a construção do livro, Daniel viajou até Boa Vista, capital de Roraima, onde conheceu e entrevistou refugiados venezuelanos que buscam reconstruir a vida no Brasil: “A partir dos relatos dessas

pessoas, são discutidos temas relacionados ao fluxo migratório e às vivências dos venezuelanos no Brasil, como a decisão de deixar o país, moradia, educação, empregabilidade, xenofobia, separação familiar e outros tipos de vulnerabilidade”, explica o autor. A obra premiada foi o tema do trabalho de conclusão de curso (TCC) de Daniel, orientado pela professora Kátia Fraga e coorientado pelo jornalista Diogo Rodrigues, ambos do Departamento de Comunicação Social (DCM/UFV). A defesa da monografia ocorreu no final de 2019. A publicação do livro está sendo negociada; e a viagem a Boa Vista ainda rendeu uma reportagem publicada no número 7 da Revista PH Rolfs. Daniel reforçou o orgulho em representar o curso e a UFV na Expocom nacional em um prêmio tão relevante para o jornalismo universitário: “Acredito que consegui colocar em prática muito do que aprendi com os professores, servidores e colegas de graduação. Devo um muito obrigado a todos que, de alguma forma, contribuíram para isso, em especial à Kátia e ao Diogo”, agradeceu. A aluna-líder da outra produção finalista, Julia Camim, conta que o Daniel e a orientadora de seu projeto, a professora Kátia Fraga

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grupo ficou surpreso com a premiação regional, mas reconhece o empenho na produção da peça: “desde o início, tínhamos certeza de que nosso trabalho estava realmente muito bom, fizemos com muita vontade e muita dedicação, de coração, para a vida”, diz. Júlia relata também que o tema escolhido tem muita importância e vai ao encontro do que pensam as demais integrantes do grupo (as estudantes Alícia Pinheiro, Keryon Faria e Lara Bernardes), que compartilham do interesse em abordar a presença da mulher em suas produções. A professora Kátia disse sentir orgulho “em dobro” pela conquista: “como coordenadora do curso e como professora orientadora, acompanhando de perto esse livro-reportagem tecido com muita sensibilidade e competência. Essa premiação é uma enorme emoção, um reconhecimento pelo brilhante trabalho desenvolvido pelo Daniel no TCC”, ressaltou. Kátia também enfatizou os demais trabalhos finalistas nas etapas regional e nacional da Expocom: “Reforço que todos os finalistas são vitoriosos por terem sido indicados pela excelente qualidade dos materiais que representaram a excelente qualidade das produções dos/das estudantes do nosso curso em disciplinas, projetos e TCC, entre outras atividades. É, como digo, uma alegria no coração e, em retribuição pela garra de todos vocês, recebam meu afeto e um beijo virtual”. A Expocom é uma exposição de trabalhos experimentais, de diferentes categorias, realizados por estudantes de graduação em Comunicação Social. Ela acontece regional e nacionalmente dentro do Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom), maior evento acadêmico da área no Brasil.

As capas dos dois trabalhos finalistas

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Fotos: Ricardo Duarte

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