A morte do autor

Page 1

A morte do autor 27/2 a 28/3 de 2014

segunda a sexta-feira, das 8 às 17h

Coleção Livro de artista - divisão de Coleções especiais e obras raras 4º andar da biblioteca Universitária, UFmG - Campus pampulha Realização: Biblioteca Universitária Divisão de Coleções Especiais e Obras Raras Universidade Federal de Minas Gerais


A morte do autor 27/2 a 28/3 de 2014

Coleção Livro de Artista - EBA/UFMG "A morte do autor" é uma exposição de livros de artista em que todas as obras derivam de obras literárias, de Herman Melville a Dostoiévski, de Jorge Luis Borges a Bioy Casares. Existe uma versão do Gênesis em que todas as palavras foram substituídas por "blá blá blá", uma edição manuscrita de O idiota, em que o nome do personagem russo é substituído pelo nome do artista. O livro inacabado de Stéphane Mallarmé (Le Livre) é mostrado ao lado de edições recentes de seu famoso poema (Un coup de dés). São mostrados pela primeira vez os livros perdidos de Mikhail Bakhtin e Confúcio. O nome da exposição remete ao famoso ensaio de Roland Barthes, que afirma que o sentido de uma obra não deve ser buscado na intenção do autor, mas na rede de relações que a obra estabelece com outras obras. Barthes afirma que a unidade da escrita não está em sua origem, mas no seu destino, o leitor. A leitura se torna um procedimento crítico que exige a participação do leitor. Amir Brito Cadôr curador

Lista de obras em exposição Author of the Quixote Elaine Sturtevant Em seu livro de artista, Elaine Sturtevant se baseia em um conto de Jorge Luis Borges, “Pierre Menard, autor do Quixote”, em que Borges combina ficção e realidade. O protagonista do conto busca recriar o Don Quixote de Cervantes linha por linha. O resultado é um trabalho idêntico ao criado por Cervantes 400 anos antes. É uma reflexão sobre as questões de originalidade e autoria. blablabla Roberto Equisoain O livro do Gênesis traduzido do espanhol, substituindo cada sílaba por um blá.

Four Percent of Moby Dick Herman Melville Edição crítica da mais conhecida obra do romancista norte-americano. Idiot Kris Martin O artista belga Kris Martin transcreveu à mão o romance de Fiodor Dostoievski, O Idiota, substituindo o nome do protagonista Mishkin pelo seu próprio nome. Th’ Life an’ Opinions of Tristram Shan’y, Juntleman, as any Fool Kin Plainly See, Voloom 1 David Jourdan O texto é uma tradução completa do volume um do romance de Laurence Sterne publicado em 1759, A Vida e as Opiniões do Cavalheiro Tristram Shandy, em vernáculo “caipira”. A tradução se baseia nos primeiros quadrinhos de Li’l Abner, personagem de Al Capp que falavam em um dialeto semi-ficcional, publicado a partir de 1934. Pigeon Reader Simon Morris Edição fac-símile do livro de Georges Perec, Species of Spaces and other Pieces, publicado pela editora Penguim. Apenas um capítulo, sobre a leitura, foi modificado. O autor fez um tipo de inversão, bem como uma intervenção: enquanto as leis britânicas de copyright permitem copiar até 5% de um livro, Morris copiou 95%. Sobre o tal capítulo, ele inseriu fotografias de pombos impressas sobre o texto. Plan de Evasión Renata Lucas O texto de Adolfo Bioy Casares foi dividido em três volumes, com páginas em branco no início, no meio ou no final de cada volume.


Le Livre Klaus Scherübel Nos últimos trinta anos de sua vida, o poeta francês Stéphane Mallarmé (1842-1889) se dedicou a um “trabalho maravilhoso”, que ele simplesmente chamou O Livro (Le Livre). Ele imaginou o livro como uma arquitetura textual-cósmica: uma estrutura extremamente flexível que iria revelar nada menos que “todas as relações existentes entre tudo.” Esta “Grande Obra”, totalmente liberta da subjetividade de seu autor e contendo a soma de todos os livros era, para Mallarmé, a essência de toda a literatura e ao mesmo tempo um livro “muito comum”. A realização deste trabalho “puro” que planejava publicar em uma edição bestseller nunca progrediu além de sua concepção e uma análise detalhada das questões estruturais e materiais relacionadas com a publicação da obra. Em Mallarmé, O Livro o artista Klaus Scherübel atua como editor e preservador da obra-prima esquecida de Mallarmé. Em um gesto que destaca o estatuto contraditório do livro, impossível de realizar (como um livro) e plenamente realizado (como um trabalho conceitual), Scherübel produziu uma “capa” para O Livro nas dimensões especificadas por Mallarmé mais de cem anos atrás. Un coup de dés Michael Maranda Em 1914 foi publicado pela Nouvelle Revue Français o poema de Mallarmé, Un coup de des jamais n’abolira le hasard: Poème. Impresso em edição limitada, o poema “funciona” como um objeto tipográfico. Como Mallarmé afirma em sua introdução, “os brancos assumem importância”. Em 1969 Marcel Broodthaers publicou uma versão do poema com o título Un coup de des jamais n’abolira le hasard: Image, em que faixas pretas sólidas tomam o lugar do texto. Nesta edição, Maranda reencena o gesto de Broodthaers, dando um passo além em sua meditação sobre “os brancos”: o texto foi substituído pela ausência de tinta. Cercando o branco literal, o livro foi impresso em um tom de creme suave, imitando o papel utilizado na edição original.

texto. A capa é um fac-símile da capa original, com a palavra “ESCULTURA” substituindo “POEMA” (ou “IMAGEM”). Blanco Amir Brito Cadôr O livro de Octavio Paz é transformado em um cartaz impresso em serigrafia com tinta transparente. The Bildungsroman and its Significance in the History of Realism Mikhail Bakhtin No início da Segunda Guerra Mundial, o manuscrito do livro de Mikhail Bakhtin existiu em duas vias: uma, o projeto final, estava em Sovetsky pisatel, a editora que preparava o livro para publicação, e um rascunho que o escritor manteve consigo. Como a cópia da editora formaria a base da edição impressa, Bakhtin utilizou sua cópia como papel de cigarro (que estava em falta) e, diz-se, fumou o manuscrito durante a guerra. Infelizmente, no cerco de Moscou, os escritórios editoriais de Sovetsky pisatel (e o manuscrito) foram destruídos. The Book of Music Confucius K’ung Fu-Tzu, conhecido no Ocidente como Confúcio, escreveu os “Seis Livros“ no sexto século aC. Composto por O Livro de Poesia, O Livro dos Rituais, O Livro da História, O Livro das Mutações, Os Anais da Primavera e Outono, e O Livro da Música, o conhecimento desses livros foi a base de consulta para a administração chinesa por mais de 2000 anos. Infelizmente, em algum momento O Livro da Música se perdeu, levando alguns a afirmarem que ele nunca existiu. A teus pés Fabio Morais O conhecido livro de poemas de Ana Cristina Cesar ganha nova versão, todos os versos dos poemas são agrupados no pé da página.

Un coup de dés Michalis Pichler

Some more sonnet(s) Michalis Pichler

Este trabalho é uma cópia da edição de 1914 do poema de Stéphane Mallarmé com o mesmo nome, mas com todas as palavras cortadas a laser, de uma forma que corresponde diretamente ao layout tipográfico utilizado por Mallarmé para articular o

O livro reúne 44 variantes gráficas de um soneto escrito originalmente por Dante Gabriel Rossetti (“Love’s compass”, 1871). Este soneto já havia sido publicado por Ulises Carrión em 44 variações no livro Sonnet(s), de 1972.

Realização: Biblioteca Universitária | Divisão de Coleções Especiais e Obras Raras | Universidade Federal de Minas Gerais


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.