Livro iconografico by Claudio Gonzalez

Partido Comunista do Brasil Imagens de uma história de lutas

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COMUNISTAS DO BRASIL

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Legenda legenda legenda Legenda legenda legenda Legenda legenda legenda

Coordenação editorial Osvaldo Bertolino Projeto gráfiCo, CaPa e diagramação Cláudio Gonzalez revisão Maria Lucília Ruy SeCretaria editorial Zandra de Fátima Baptista

dados internacionais de Catalogação-na-Publicação (CiP) m198a m198a

Campos filho, romualdo Pessoa araguaia: depois da guerrilha, outra guerra – a luta pela terra no Sul do Pará, impregnada pela ideologia da Segurança nacional (1975-2000)./romualdo Pessoa Campos filho.--São Paulo : fundação maurício grabois coedição com a anita garibaldi, 2014. 424 p. iSBn 978-85-7277-152-8 originalmente apresentada como tese de doutorado. 1. guerrilha do araguaia. 2. Segurança nacional doutrina. 3. Segurança nacional – ideologia. 4. ditadura militar. Sul do Pará - Violência. i. título. Cdd 981.15

Catalogação na Publicação: eliane m. S. jovanovich CrB 9/1250 1ª edição São Paulo, 2014

Editora e Livraria Anita Ltda. Rua Amaral Gurgel, 447, 3º andar, cj. 31 Vila Buarque – São Paulo – SP – CEP 01221-001 Tel.: (11) 3129-3438 www.anitagaribaldi.com.br livraria@anitagaribaldi.com.br

Fundação Maurício Grabois Rua Rego Freitas, 192 - Sobreloja – Centro São Paulo – SP – CEP 01220-010 Tel.: (11) 3337-1578 www.grabois.org.br fmg@grabois.org.br

APRESENTAÇÃO

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Agradecimentos Sed sit amet metus id sem pulvinar pretium. Ut diam dui, ultricies in diam id, aliquet auctor sapien. In hac habitasse platea dictumst. Duis varius neque id justo condimentum iaculis. Sed sed varius libero. Sed mi nulla, venenatis ut volutpat in, varius sit amet arcu. Sed in aliquam lacus. Cras rutrum enim nisl, in euismod dui vestibulum eu. Donec.

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO Boa leitura, boa luta

ANTECEDENTES Sobre o axioma das alianças inevitáveis

Breno Altman

Baixa política, altos interesses Eduardo Nunes Loureiro / Flávio Batista do Nascimento

Retomar a luta constituinte Bruno Elias

DEMOCRATIZAÇÃO

Sonia Fardin

ANOS DE CHUMBO Renegociar a dívida interna

Pedro Estevam da Rocha Pomar

Diretrizes em debate Documento da DNAE

GOVERNO LULA

Carlos Octávio Ocké-Reis

Ainda à espera das mídias contra-hegemônicas

Cultura e mercado

Luta feminista e luta de classes Ariely de Castro / Karen Lose / Tábata Silveira

ATUALIDADE

Debates em torno de um enigma Rodrigo Cesar

ANTECEDENTES 18xx - 1921

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1922, o ano mágico E

Quando necessário, podemos criar este recurso de um box vermelho para destacar alguma informação

1922, o ano mágico

m 1922 os brasileiros são 32 milhões, um décimo deles vindos do Velho Mundo. Três quartos moram no campo. presidente eleito em março EmO 1922 os brasileiros são 32 mié o carrancudo Bernardes, do lhões, umArtur décimo deles vindos do Partido Republicano Mineiro.

Velho Mundo. Três quartos moram no campo. presidente eleito em março O Rio deO Janeiro é a capital federal a maior cidade: 1,2 Bernardes, do é oe carrancudo Artur milhão de moradores. Nos 100 Partido Republicano Mineiro.

Músicos brasileiros deMúsicos 1922: acima, brasileiros Pixinguinha, dos de 1922: acima, Oito Batutas, visto Pixinguinha, dos por Lan; ao lado,visto Oito Batutas, Lampião, por Lan;autor ao lado, doLampião, xaxado Mulher autor Rendeira, captado do xaxado Mulher pela lente docaptado Rendeira, mascate libanês pela lente do Benjamin mascateAbrahão libanês Benjamin Abrahão

Lima Barreto visto Lima Barreto por Alvarus; no ovisto 1º Alvarus; no oo depor Maio de 1918, 1º dedo Maio de 1918, autor 7ULVWH ¿P GH o autor do Triste 3ROLFDUSR 4XDUHVPD fim de aPolicarpo defende Revolução defende deQuaresma Outubro no artigo Revolução de Oaajuste de contas Outubro no artigo O ajuste de contas

Capa do catálago da Semana de Capa do catálago dajovem Semana Arte Moderna, obra do Di de Arte Moderna,(ao obra do jovem Di“para Cavalcanti Cavalcanti lado), 24 anos, (ao lado), 24burguesia”; anos, “para assustar assustar essa em 1928 essa 1928Comunista Di ingressa no Diburguesia”; ingressa noem Partido Partido Comunista

OO Santa Cruz, que Santa Cruz, que fez a travessia dodo fez a travessia Atlântico SulSul Atlântico

Sufragistas Sufragistasem em campanha pelo campanha pelo voto feminino, voto feminino,nana versão maldosa versão maldosadede Raul Pederneiras Raul Pederneiras

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anos do 7 de Setembro, sedia uma exposição com stands de 50 países O Rio transmissão de Janeiro de é arádio capital federal e a e a primeira maior cidade: 1,2 milhão no país. Assiste a sufragista Berta de moradoLutz res. fundar a Federação Nos 100 anosBrasileira do 7 de Setembro, pelo Progresso Feminino. Envia sedia uma exposição com stands de a Paris o conjunto de samba Oito 50 países e a primeira transmissão de Batutas, de Pixinguinha e Donga. noanos, país.seu Assiste Perde,rádio aos 41 genial a sufragista Berta Lutz fundar a Federação cronista Lima Barreto, defensor daBrasileira pelo Rússia socialista.Feminino. São Paulo, 600 mila Paris o Progresso Envia habitantes e fortedesotaque já conjunto sambaitaliano, Oito Batutas, de é quem cresce mais rápido e tem mais Pixinguinha e Donga. indústrias. No Cariri o padre Cícero UHFHEH D GHYRomR GH VHXV ¿pLV QR aos 41Lampião anos, seu genial cronista PajeúPerde, o cangaceiro oferece nesseLima ano à Barreto, sua tia Jacosa a música defensor da Rússia soMulher Rendeira. O Brasil aplaude cialista. São Paulo, 600 mil habitantes e dois portugueses que pela primeira forte sotaque italiano, já é quem cresce vez cruzam o Atlântico Sul de avião.

mais rápido e tem mais indústrias. No Em fevereiro, a Semana Cariri o padre Cícero de recebe a devoção Arte Moderna, no Teatro Municipal de seus fiéis; no Pajeú o cangaceiro de São Paulo, escandaliza e fascina, Lampião oferece nesse ano à sua tia atira as artes no século 20 e no Jacosa a música Mulher engajamento. A ideia da Semana Rendeira. O BrasilDi aplaude dois“para portugueses que é do pintor Cavalcanti, assustar burguesia cochilao Atlântico pelaessa primeira vezque cruzam na glória lucros”. “A nossa Sul de de seus avião.

estética é guerreira: Queremos luz, ar, aeroplanos, reivindicações obreiras, Em 5 de julho chaminés outra ruptura idealismos, motores, de decisiva vemsangue, com avelocidade, Revolta dosonho, Forte de Copacafábricas, na nossa Arte”, provoca odos poeta bana e o combate 18 do Forte, cada Menotti Picchia.um O público umdel levando retalho vaia, da Bandeira assobia e caçoa. Em maio sai a Nacional, contra 3 mil soldados legalisrevista modernista Klaxon – nome tas. Varridos pela metralha na Avenida da ruidosa buzina externa dos carros. ainda em obras, Para aAtlântica, arte brasileira a Semana é o apenas marcoSiqueira mais cortante e fecundo. Campos e Eduardo Gomes so-

brevivem. O tenentismo passa à ação reEm 5 de julho outra ruptura volucionária. O governo decisiva vem com a Revolta do responde com quatro anos de estado de sítio. Começa o crepúsculo da República Velha.

1922, o ano mágico

Os fundadores

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Joaquim Barbosa Alfaiate, sindicalista, 25 anos representa o Rio; serĂĄ o primeiro tesoureiro do Partido

Manoel CendĂłn Alfaiate, nascido na Espanha, ĂŠ o Ăşnico vindo nĂŁo do anarcosindicalismo mas do movimento socialista, na Argentina

o Grupo Comunista do Rio e a revista 0RYLPHQWR &RPXQLVWD; ĂŠ o arquiteto do 25 de marĂ§o e dirige o Partido nos anos 1920

JoĂŁo da Costa Pimenta *UiÂżFR GHOHJDGR SRU 6mR Paulo, onde compĂ´s o comitĂŞ da greve geral de 1917

contra 3 mil soldados legalistas. Varridos pela metralha na Avenida AtlĂ˘ntica, ainda em obras, apenas LuĂs PĂŠrez Siqueira Campos e Eduardo Gomes Vassoureiro, delegado pelo Rio sobrevivem. O tenentismo passa Ă aĂ§ĂŁo revolucionĂĄria. O governo O terceiro marco histĂłrico desse responde com quatro anos ano de estado JosĂŠ Elias da Silva de sĂtio. ComeĂ§a o crepĂşsculo da mĂĄgico ĂŠ o Congresso de FundaĂ§ĂŁo do Sapateiro (ou talvez RepĂşblicado Velha. funcionĂĄrio pĂşblico), Partido Comunista Brasil [atĂŠ a cidelegado pelo Rio

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sĂŁo de 1962 o Partido usamarco a sigla PCB; O terceiro histĂłrico desse ano mĂĄgico ĂŠ o Congresso

depois dela, o recĂŠm-denominado Cristiano Cordeiro de FundaĂ§ĂŁo do Partido Comunista FuncionĂĄrio pĂşblico Partido Comunista do BrasilBrasileiro [atĂŠ a cisĂŁo defica 1962com o (contador), delegado pelo Recife, 26 anos a antiga sigla;3DUWLGR XVD D VLJOD 3&% GHSRLV a corrente que reorganidela, o recĂŠm-denominado Partido

za o Partido Comunista do Brasil usa &RPXQLVWD %UDVLOHLUR ÂżFD FRP D AbĂlio de Nequete PCdoB; ver mais na pĂĄgina xxx]. DQWLJD VLJOD D FRUUHQWH TXH UHRUJDQL]D Barbeiro, vindo do o Partido Comunista do Brasil usa LĂbano, 34 anos, cria UniĂŁo Maximalista, 3&GR% YHU PDLV QD SiJLQD [[[@ Porto Alegre; a Novetoma delegados participam do Coniniciativa de convocar Nove delegados participam do gresso, o Congresso e ĂŠ ode 25 a 27 de marĂ§o, numa Congresso, de 25 a 27 de marĂ§o, primeiro secretĂĄrionouniĂŁo RiooperĂĄria de Janeiro geral douniĂŁo Partido operĂĄria numa no Rioe, deno

HermogĂŞnio Silva Eletricista, ferroviĂĄrio de Cruzeiro (SP), 35 anos, lĂder da greve da Mogiana em 1920

Os nove delegados ao Congresso de fundaĂ§ĂŁo representam 73 comunistas no total; ver no infogrĂĄfico ao lado quem ĂŠ cada um dos fundadores Astrojildo Pereira â&#x20AC;&#x201C; Jornalista, 32 anos, cria o Grupo Comunista do Rio e a revista Movimento Comunista; ĂŠ o arquiteto 25 de marĂ§o e dirige o Partido nos anos 1920 Joaquim Barbosa â&#x20AC;&#x201C; Alfaiate, sindicalista, 25 anos representa o Rio; serĂĄ o primeiro tesoureiro do Partido Manoel CendĂłn â&#x20AC;&#x201C; Alfaiate, nascido na Espanha, ĂŠ o Ăşnico vindo nĂŁo do anarco-sindicalismo mas do movimento socialista, na Argentina HermogĂŞnio Silva â&#x20AC;&#x201C; Eletricista, ferroviĂĄrio de Cruzeiro (SP), 35 anos, lĂder da greve da Mogiana em 1920 JoĂŁo da Costa Pimenta â&#x20AC;&#x201C; GrĂĄfico, delegado por SĂŁo Paulo, onde compĂ´s o comitĂŞ da greve geral de 1917 LuĂs PĂŠrez â&#x20AC;&#x201C; Vassoureiro, delegado pelo Rio JosĂŠ Elias da Silva â&#x20AC;&#x201C;Sapateiro (ou talvez funcionĂĄrio pĂşblico), delegado pelo Rio Cristiano Cordeiro â&#x20AC;&#x201C; FuncionĂĄrio pĂşblico (contador), delegado pelo Recife, 26 anos AbĂlio de Nequete â&#x20AC;&#x201C; Barbeiro, vindo do LĂbano, 34 anos, cria UniĂŁo Maximalista, Porto Alegre; toma a iniciativa de convocar o Congresso e ĂŠ o primeiro secretĂĄrio-geral do Partido

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Ăşltimo dia, por questĂľes de seguranĂ§a, numa casa em NiterĂłi onde moram duas tias idosas de Astrojildo Pereira. O Congresso aprova as 21 condiĂ§Ăľes para ingressar na Internacional Comunista, os estatutos, elege a direĂ§ĂŁo. Conclui-se com um viva Ă â&#x20AC;&#x153;uniĂŁo dos operĂĄrios sul-americanos integrados na Internacionalâ&#x20AC;? e como o hino A Internacional, cantado baixinho para nĂŁo alertar a repressĂŁo.

Os fundadores sĂŁo â&#x20AC;&#x153;na quase totalidade elementos originĂĄrios do anarquismoâ&#x20AC;?, relatarĂĄ Astrojildo. Representam um total de 73 comunistas contados, militando no Rio, SĂŁo Paulo, NiterĂłi, Cruzeiro, Recife, e Porto Alegre, mais Santos e Juiz de Fora, que nĂŁo conseguem enviar delegados ao Congresso. SĂŁo duros os primeiros tempos. Aos dois meses de idade o Partido ĂŠ proscrito pelo Estado de SĂtio, que tem como alvo a rebeldia tenentista. O punhado de pioneiros comunista mal chega a 250 no fim de 1922 â&#x20AC;&#x201C; embora com adesĂľes do quilate do ex-lĂder anarquista OtĂĄvio BrandĂŁo. Em 1927 sĂŁo 700 militantes, 400 deles no Rio. Apenas com o correr do tempo vem Ă luz a dimensĂŁo histĂłrica do 25 de marĂ§o de 1922.

Dois fatores foram decisivos na fundação do Partido Comunista. O fator externo foi a Revolução de Outubro de 1917, sob a direção do Partido Comunista (na época também chamado Bolchevique e muitas vezes traduzido como Maximalista) de Wladimir Lênin. Com ela iniciou-se a primeira experiência socialista da humanidade, a União Soviética. A vitória de Outubro teve enorme repercussão mundial. Sinalizou um caminho novo para a classe trabalhadora. Em poucos anos levou à criação da 3ª Internacional (a Internacional Comunista, ou IC), em 1919, e de dezenas de partidos comunistas em todos os continentes. O da Argentina nasce em 1918, o do Uruguai em 1920. Porém o fator decisivo foi interno. Conforme o historiador marxista Nelson Werneck Sodré, o Partido “nasceu e cresceu como consequência necessária do processo de formação da classe operária brasileira e do desenvolvimento de suas lutas. Sua fundação respondeu a uma exigência do movimento operárioe do desenvolvimento de suas lutas. Sua fundação respondeu a uma exigência do movimento operário.” O 25 de março de 1922 é o desaguadouro de toda uma fase heróica que inaugura o movimento operário brasileiro. Antes, o sistema escravista entravava o desenvolvimento do capitalismo e portanto da classe trabalhadora assalariada. Embora a primeira greve date de 1858, só no fim do século 19, depois da vitória final da Campanha Abolicionista sobre o escravismo, a nova classe e seu movimento ganham destaque na cena social do país.

Em carta à IC, a cinco dias do Congresso, Nequete explica que este “será secreto”

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A â&#x20AC;&#x153;Marcha da Morteâ&#x20AC;? dos 18 do Forte Astrojildo Pereira Jornalista, 32 anos, cria o Grupo Comunista do Rio e a revista 0RYLPHQWR &RPXQLVWD; ĂŠ o arquiteto do 25 de marĂ§o e dirige o Partido nos anos 1920

RevoluĂ§ĂŁo Joaquim Barbosa Russa Alfaiate, sindicalista, 25 anos representa o Rio; serĂĄ o primeiro tesoureiro do Partido

JoĂŁo da Costa Pimenta *UiÂżFR GHOHJDGR SRU 6mR Paulo, onde compĂ´s o comitĂŞ da greve geral de 1917

LuĂs PĂŠrez Vassoureiro, delegado pelo Rio JosĂŠ Elias da Silva Sapateiro (ou talvez funcionĂĄrio pĂşblico), delegado pelo Rio

Manoel CendĂłn Alfaiate, nascido na Espanha, ĂŠ o Ăşnico vindo nĂŁo do anarcosindicalismo mas do movimento socialista, na Argentina

Cristiano Cordeiro FuncionĂĄrio pĂşblico (contador), delegado pelo Recife, 26 anos

HermogĂŞnio Silva Eletricista, ferroviĂĄrio de Cruzeiro (SP), 35 anos, lĂder da greve da Mogiana em 1920

AbĂlio de Nequete Barbeiro, vindo do LĂbano, 34 anos, cria UniĂŁo Maximalista, Porto Alegre; toma a iniciativa de convocar o Congresso e ĂŠ o primeiro secretĂĄriogeral do Partido

Forte de Copacabana e o combate dos 18 do Forte, cada um levando um retalho da Bandeira Nacional, contra 3 mil soldados legalistas. Varridos pela metralha na Avenida AtlĂ˘ntica, ainda em obras, apenas Siqueira Campos e Eduardo Gomes sobrevivem. O tenentismo passa Ă aĂ§ĂŁo revolucionĂĄria. O governo responde com quatro anos de estado de sĂtio. ComeĂ§a o crepĂşsculo da RepĂşblica Velha. O terceiro marco histĂłrico desse ano mĂĄgico ĂŠ o Congresso de FundaĂ§ĂŁo do Partido Comunista do Brasil [atĂŠ a cisĂŁo de 1962 o 3DUWLGR XVD D VLJOD 3&% GHSRLV dela, o recĂŠm-denominado Partido &RPXQLVWD %UDVLOHLUR ÂżFD FRP D DQWLJD VLJOD D FRUUHQWH TXH UHRUJDQL]D o Partido Comunista do Brasil usa 3&GR% YHU PDLV QD SiJLQD [[[@ Nove delegados participam do Congresso, de 25 a 27 de marĂ§o, numa uniĂŁo operĂĄria no Rio de

Essa marĂŠ pioneira de lutas leva Ă fundaĂ§ĂŁo da primeira central sindical no paĂs, a ConfederaĂ§ĂŁo OperĂĄria Brasileira (COB), que reĂşne trĂŞs congressos, em 1906, 1913 e 1920. Produz uma vigorosa imprensa operĂĄria, com centenas de tĂtulos, muitas vezes em italiano e outras lĂnguas, para atingir os numerosos trabalhadores imigrantes. Introduz o 1Âş de Maio no calendĂĄrio nacional. Faz greves memorĂĄveis â&#x20AC;&#x201C; como a grande greve geral de julho de 1917, iniciada pelas tecelĂŁs do CotonifĂcio Crespi, que paralisa SĂŁo Paulo, ergue barricadas e sĂł se encerra depois de arrancar dos patrĂľes reivindicaĂ§Ăľes como aumento salarial de 20%, o fim do trabalho de menores de 14 anos e a reduĂ§ĂŁo da jornada de trabalho. PorĂŠm, depois de atingir seu auge em 1917-1919, a onda de lutas reflui. E o patronato logo trata de fazer com que muitas das conquistas retrocedam, em um sistema polĂtico-social onde â&#x20AC;&#x153;a questĂŁo social ĂŠ um caso de polĂciaâ&#x20AC;?, conforme a cĂŠlebre frase atribuĂda ao presidente Washington LuĂs. A crise no movimento leva ao questionamento de sua orientaĂ§ĂŁo predominante, anarco-sindicalista. O anarco-sindicalismo chega ao Brasil com as levas de imigrantes italianos, espanhĂłis e portugueses. Combativo, radical, denuncia com vigor as chagas do capitalismo e o sindicalismo amarelo (como se chama entĂŁo aquilo que mais tarde serĂĄ conhecido como peleguismo). No entanto, os anarco-sindicalistas rejeitam toda luta polĂtica, organizaĂ§ĂŁo e partido polĂticos â&#x20AC;&#x201C; contribuindo para o atraso dos trabalhadores brasileiros nessa esfera. Tentativas de criar partidos socialistas, em 1892, 1895,1899, 1902, tĂŞm vida curta.

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Em 1919, um primeiro ensaio de Partido Comunista do Brasil, semianarquista, também sucumbe em questão de meses. Quando o movimento entra em descenso, uma parte da liderança resolve seguir outro caminho – o caminho apontado pela Rússia revolucionária. Essa corrente rompe com o anarquismo, responsabilizando-o por “20 anos de organização, desorganização, reorganização e desmantelamento”, nas palavras de Astrojildo. Nascem daí os primeiros grupos comunistas, em Santana do Livramento (RS), Porto Alegre, Rio e Recife, que logo decidem fundar o Partido Comunista do Brasil.

Perseguido como anarquista em sua Alagoas natal, no Rio Otávio Brandão descobre o marxismo e entra no PCB; tem 23 anos Dois dos documentos votados no Congresso de fundação

Este sobradinho na Praça da República (de pé até hoje) é a primeira sede do PCB, até julho de 1922, quando vem o Estado de Sítio e a polícia fecha o local

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Acima, à esquerda, revista da 3ª Internacional, publicada em numerosas línguas; este desenho, que corre o mundo, é reproduzido no Brasil no 1º de Maio seguinte À direita, Lênin na capa de O Rebelde, jornal dos anarquistas da construção civil, em 1919; a intenção crítica é amainada por um respeito quase reverente Ao lado, Trabalhadores, despertai!, tela do pintor russo V. Sergei, espelha o estado de espírito do movimento operário depois da vitória da Revolução de 1917

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Primeiro Congressoda daCOB, COB, 1906, Centro Galego Primeiro Congresso 1906, no no Centro Galego (Rio), com 50 50 delegados, delegados,de deSão São Paulo, Ceará, (Rio), com Paulo, Ceará, Rio Rio Grande do Alagoas, RioRio e Minas Grande do Sul, Sul,Bahia, Bahia, Alagoas, e Minas

(a Internacional Comunista, ou IC), em 1919, e de dezenas de partidos comunistas em todos os continentes. O da Argentina nasce em 1918, o do Uruguai em 1920. Porém o fator decisivo foi interno. Conforme o historiador marxista Nelson Werneck Sodré, o Partido “nasceu e cresceu como consequência necessária do processo de formação da classe operária brasileira e do desenvolvimento de suas lutas. Sua fundação respondeu a uma exigência do movimento operárioe do desenvolvimento de 22

Mesa do Congresso da COB; da onde o anarcoMesa do Congresso COB; onde sindicalismo predomina; ao lado, capa do jornal da o anarco-sindicalismo predomina; ao Confederação Operária no 1º de Maio de 1913

lado, capa do jornal da Confederação Operária no 1º de Maio de 1913

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Ao lado, a Teresina (Teresa Maria Carini) discursa no BrĂĄs; a luta operĂĄria vanguardeia a emancipaĂ§ĂŁo feminina; acima, comĂcio pela paz na PraĂ§a da SĂŠ, SĂŁo Paulo, 1915

suas lutas. Sua fundaĂ§ĂŁo respondeu a uma exigĂŞncia do movimento operĂĄrio.â&#x20AC;? O 25 de marĂ§o de 1922 ĂŠ o suas lutas. Sua fundaĂ§ĂŁo respondeu desaguadouro de toda uma fase a uma exigĂŞncia do movimento herĂłica que inauguraoperĂĄrio.â&#x20AC;? o movimento operĂĄrio brasileiro. Antes, o O 25ode marĂ§o de 1922 ĂŠ o sistema escravista entravava desenvolvimento dodesaguadouro capitalismo de toda uma fase que inaugura o movimento e portanto da classe herĂłica trabalhadora operĂĄrio brasileiro. Antes, o assalariada. Embora a primeira greve sistema escravista entravava o GDWH GH Vy QR ÂżP GR VpFXOR desenvolvimento do capitalismo GHSRLV GD YLWyULD ÂżQDO GD &DPSDQKD e portanto da classe trabalhadora Abolicionista sobre assalariada. o escravismo, a a primeira greve Embora GDWH GH Vy QR ÂżP GR VpFXOR nova classe e seu movimento ganham GHSRLV GD YLWyULD ÂżQDO GD &DPSDQKD destaque na cena social do paĂs.

Ao lado, a Teresina (Teresa Maria Carini) Ao lado, a Teresina (Teresa Maria Carini) do CotonifĂcio Crespi, na Mooca (SĂŁo discursa no BrĂĄs;Trabalhadores a luta operĂĄria vanguardeia discursa no BrĂĄs; a luta operĂĄria vanguardeia a emancipaĂ§ĂŁo feminina; acima,onde comĂcio pela a greve geral de 1917; as Paulo), comeĂ§a a emancipaĂ§ĂŁo feminina; acima, comĂcio pela paz na PraĂ§a da SĂŠ, SĂŁo Paulo, 1915 paz na PraĂ§a PXOKHUHV VmR PDLRULD H Ki PXLWDV FULDQoDV Âą R ÂżP GR da SĂŠ, SĂŁo Paulo, 1915

trabalho infantil ĂŠ uma das exigĂŞncias da greve

Trabalhadores do CotonifĂcio Crespi, na Mooca (SĂŁo Paulo), onde comeĂ§a a greve geral de 1917; as PXOKHUHV VmR PDLRULD H Ki PXLWDV FULDQoDV Âą R ÂżP GR trabalho infantil ĂŠ uma das exigĂŞncias da greve

Abolicionista sobre o escravismo, a

nova de classe e seu movimento ganham Essa marĂŠ pioneira lutas destaque na cena social do paĂs. leva Ă fundaĂ§ĂŁo da primeira central sindical no paĂs, a ConfederaĂ§ĂŁo Essa marĂŠ pioneira de lutas OperĂĄria Brasileira (COB), que reĂşne leva Ă fundaĂ§ĂŁo da primeira central trĂŞs congressos, em sindical 1906, 1913 e a ConfederaĂ§ĂŁo no paĂs, OperĂĄria imprensa Brasileira (COB), que reĂşne 1920. Produz uma vigorosa trĂŞs de congressos, operĂĄria, com centenas tĂtulos, em 1906, 1913 e 1920. eProduz muitas vezes em italiano outrasuma vigorosa imprensa com centenas de tĂtulos, lĂnguas, para atingir operĂĄria, os numerosos muitas vezes em italiano e outras trabalhadores imigrantes. Introduz o lĂnguas, para atingir os numerosos 1Âş de Maio no calendĂĄrio nacional. trabalhadores imigrantes. Introduz o Trabalhadores do Faz greves memorĂĄveis â&#x20AC;&#x201C; como a 1Âş de Maio no calendĂĄrio nacional. CotonifĂcio Crespi, na grande greve geral de dememorĂĄveis 1917, Fazjulho greves Mooca (SĂŁo Paulo), onde â&#x20AC;&#x201C; como a comeĂ§a a greve geral grande greve geral de julho de 1917, iniciada pelas tecelĂŁs do CotonifĂcio de 1917; as mulheres iniciada pelas tecelĂŁs Crespi, que paralisa SĂŁo Paulo, ergue do CotonifĂcio sĂŁoCrespi, maioria e hĂĄ muitas que paralisa SĂŁo Paulo, ergue crianĂ§as -- o fim do trabalho infantil ĂŠ uma das exigĂŞncias da greve

IMAGENS DE UM SĂ&#x2030;CULO DE LUTA DOS COMUNISTAS DO BRASIL

Alguns dos inúmeros Alguns dos inúmeros títulos da imprensa títulos da imprensa operária da época; operária da época; a a ilustração em destaque ilustração em destaque é de A Plebe, de Edgard é de A Plebe, de Edgard Leuenroth, um semanário Leuenroth, um semanário anarquista garças anarquista que que garças às às contribuições de leitores contribuições de leitores chega a comprar chega a comprar suasua SUySULD JUi¿FD própria gráfica

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barricadas e sĂł se encerra depois de arrancar dos patrĂľes reivindicaĂ§Ăľes FRPR DXPHQWR VDODULDO GH R ÂżP sĂł se do trabalho debarricadas menorese de 14encerra anos edepois de arrancar dos patrĂľes reivindicaĂ§Ăľes a reduĂ§ĂŁo da jornada de trabalho.

FRPR DXPHQWR VDODULDO GH R ÂżP do trabalho de menores PorĂŠm, depois de atingir seu de 14 anos e a reduĂ§ĂŁo da jornada de trabalho.

auge em 1917-1919, a onda de lutas UHĂ&#x20AC;XL ( R SDWURQDWR ORJR WUDWD GH PorĂŠm, depois de atingir seu fazer com queauge muitas das conquistas em 1917-1919, a onda de lutas UHĂ&#x20AC;XL ( R SDWURQDWR ORJR WUDWD GH retrocedam, em um sistema polĂticocom que muitas social onde â&#x20AC;&#x153;afazer questĂŁo social ĂŠ das conquistas retrocedam, em um sistema polĂticoum caso de polĂciaâ&#x20AC;?, conforme a social onde â&#x20AC;&#x153;a questĂŁo social ĂŠ cĂŠlebre frase atribuĂda ao presidente um caso de polĂciaâ&#x20AC;?, conforme a Washington LuĂs. cĂŠlebre frase atribuĂda ao presidente

â&#x20AC;&#x153;Um mar de genteâ&#x20AC;? e as bandeiras negras anarquistas descem a ladeira do Carmo; Washington LuĂs. â&#x20AC;&#x153;Um mar de genteâ&#x20AC;? e asaobandeiras levam CemitĂŠrio A crise no movimento leva ao do AraĂ§ĂĄ jovem negras anarquistas ladeira â&#x20AC;&#x153;Um mar dedescem genteâ&#x20AC;? eaaso bandeiras questionamento deAsua criseorientaĂ§ĂŁo no movimento leva ao espanhol do Carmo; levamsapateiro ao CemitĂŠrio do negras anarquistas descem a ladeira de sua orientaĂ§ĂŁo Antonio Martinez do predominante,questionamento anarco-sindicalista. O Carmo; levam aoespanhol CemitĂŠrio AraĂ§ĂĄ odo jovem sapateiro (foto), morto pela predominante, O anarco-sindicalismo chegaanarco-sindicalista. ao Brasil o jovem sapateiro espanhol Antonio AraĂ§ĂĄ Martinez (foto), morto pela cavalaria; auge da anarco-sindicalismo chega ao Brasil Antonio Martinez (foto), morto pela com as levas de imigrantes italianos, cavalaria; auge da greve geral de greve geral de com as levas de imigrantes italianos, cavalaria; auge da greve geral de espanhĂłis e portugueses. Combativo, 1917; barricadas 1917; na Mooca, BrĂĄs, barricadas na espanhĂłis e portugueses. Combativo, 1917; barricadas na Mooca, BrĂĄs, Mooca,Lapa BrĂĄs, Pari, Barra Funda, Pari, Barra Funda, Lapa Pari, Barra Funda, Lapa

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Líderes anarquistas em 1919: Brandão, Astrojildo e Afonso Schimidt (de pé), Edgar Leuenrpoth e Antonio Canellas; três anos depois, só Leuenroth não abraçara a proposta comunista

Após atuar na Campanha Abolicionista, Silvério Fontes, médico sergipano, fundou em Santos (1895) um Partido Socialista que foi o primeiro no país a se proclamar marxista; em 1922, aos 63 anos, entrou no PCB

Periódico dos primeiros anos proclama os princípios do Partido

Convite para atividade do efêmero PC de 1919

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