Boletim Classista nº 1

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m i t e l Bo a t s i s s a Cl

Boletim organizado pela Liga Estratégia Revolucionária e Independentes - nº 1 - Outubro e Novembro - 2012

voto NULO pela nossa independência de classe!

Viva a luta dos trabalhadores da Façon (Metrô de São Paulo)!

Basta de assassinatos à juventude pobre e negra! Este boletim é financiado com contribuições de ativistas e trabalhadores! Contribua você também!


Organizar os trabalhadores da USP por outro projeto de Universidade! Mas também ataques à categoria, mascarados de “concessões”, como é o plano de carreira que foi firmado no começo do ano. Ainda que fosse uma reivindicação dos trabalhadores, é preciso enxergar que este plano de carreira, totalmente meritocrático e definido pelas chefias, foi uma grande forma de calar uma parte importante de nossa categoria e mais que isso, uma forma que a Reitoria encontrou de não entrar em confronto com os trabalhadores da USP. Tanto é um ataque que, juntamente à carreira, vem agora o PROADE, para institucionalizar as demissões a conta gotas.

É neste momento que a história de combatividade dos trabalhadores da USP, e seu combativo Sindicato se farão sentir, e por isso é fundamental começar a se organizar desde já. Em primeiro lugar enfrentando os ataques mais concretos que estão colocados neste momento, como é a repressão a estudantes e trabalhadores, com dezenas de processos contra diretores do Sintusp como Magno, Neli, Pablito, Solange, Diana, Aníbal, Zelito, entre outros, além dos processos abertos contra os 73 estudantes e trabalhadores pela Ocupação da Reitoria em 2011, e os 12 estudantes pela Ocupação da Moradia Retomada em 2012, que devem ter seus resultados ainda esse ano. É por isso que viemos atuando como minoria, a partir do Sintusp, na Comissão da Verdade da USP para que este seja um organismo que não apenas lute consequentemente contra a impunidade da ditadura – e por isso deveria levantar o programa de punição dos torturadores – mas para que também não faça vistas grossas à repressão de hoje, colocando como centro a retirada destes processos em curso, mas exigindo imediatamente a reintegração de Claudionor Brandão e de todos os estudantes expulsos.

Ou seja, nos últimos anos a Reitoria foi buscando dar uma série de benefícios aos trabalhadores da USP – e principalmente aos professores, buscando fazer uma clara diferenciação de “classe” – mas não podemos nos

Do ponto de vista da estrutura de poder da Universidade e as possíveis alterações de estatuto, ou do projeto de “reurbanização” (ou seja, despejo) dos moradores da São Remo, os trabalhadores da USP precisam

assassinas do mundo, com permissão para matar escondida atrás dos chamados “autos de resistência”. Esse ano, os dados oficiais do Estado de São Paulo mostram um aumento considerável nas mortes executadas pelo batalhão de operações especial, a ROTA, o número geral de homicídios entre janeiro e agosto também já é 7,6% mais alto que o do mesmo período do ano passado. Os assassinatos cometidos pela polícia servem, mais uma vez, para atestar a sua função social de braço armado do Estado, como contenção das contradições sociais produzidas por um sistema que se baseia na desigualdade, e que para manter as coisas como estão, disfarçado de “segurança pública”, comete verdadeiros massacres da população das periferias. É uma comprovação clara o fato do comandante da Polícia Militar paulista, tanto o antigo como o que acaba de tomar posse, serem réus envolvidos no episódio do Massacre do Carandiru em 1992, quando 111 presos foram assassinados friamente.

de recolher. Na semana retrasada, Genilson dos Santos Silva, de 15 anos, foi assassinado por um policial da Rota ao sair de casa para comprar leite condensado para sua mãe. O caso de Genilson não é uma exceção ou um caso isolado.

Por Diana Assunção, trabalhadora da Faculdade de Educação e Diretora do Sintusp Hoje na USP, nós trabalhadores vivemos uma situação em que o Reitor da USP foi indicado pelo governo do estado de São Paulo para implementar um projeto de universidade “de elite”. Os avanços nos “rankings internacionais” que vemos nos jornais são, na verdade, a comprovação de que este projeto vem avançando, pois os rankings estão baseados na competitividade da universidade em nível internacional e o quanto avança para que o conhecimento esteja baseado no aumento do lucro dos empresários. Para fazer isso, a Reitoria tem utilizado a estratégia de ataques à vanguarda (setor de trabalhadores ou estudantes que se coloca mais na linha de frente) como principalmente a repressão contra a diretoria do Sindicato e contra estudantes e trabalhadores.

Basta de assassinatos à juventude pobre e negra! Por Marcelo Pablito, trabalhador da COSEAS e diretor do Sintusp e Vinicius Pena, professor da rede estadual No governo de Lula e agora no governo Dilma teve lugar um forte discurso de que a miséria e a desigualdade social estão sendo reduzidos. Mas na verdade não só a precarização do trabalho vem aumentando como há uma crescente escalada repressiva e assassina contra a população pobre e negra dos morros e favelas. Se no âmbito nacional avançam as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), a Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob comando do tucanato, não fica atrás quando se trata de operar grandes espetáculos de violência e repressão, sendo reconhecida como uma das polícias mais

esquecer, também que, no momento em que a crise golpear o Brasil, e os orçamentos para as universidades diminuírem, isso poderá repercutir em setores do funcionalismo público que vieram acumulando aumentos nos últimos anos e que poderão se deparar com uma situação de cortes e retiradas de direitos conquistados.

Na Zona Oeste de São Paulo, no último mês, a ROTA vem trazendo um verdadeiro terror para a população. Na favela da São Remo, ao lado da USP, já há relato dos moradores da ação de grupos de extermínio na favela (como a reportagem recente da revista “Caros Amigos” comprovou haver em diversas DPs) e a confirmação do toque

Não podemos esperar nada diferente do futuro prefeito de São Paulo, como demonstra não só toda a política repressiva do PT em âmbito nacional, mas também as alianças de Haddad, dentre elas: Maluf ! Nada menos do que o governador que usou tanto os grupos de extermínio policiais e que utilizou o Cemitério de Perus para as desovar os corpos de presos políticos, jovens pobres e negros na década de 70, durante a Ditadura Militar. A mesma farda podre que assassina a juventude pobre e negra na São Remo é a mesma policia que Rodas apresenta e defende como a responsável pela segurança na USP. As organizações e entidades que compõem a comunidade uspiana devem se colocar ativamente contra o massacre policial na São Remo, colocando-se em permanente solidariedade aos moradores. Retomar seu processo de luta para por de pé um grande movimento democrático que lute contra a polícia não só dentro das universidades, mas também nos bairros e favelas como a São Remo!

mostrar que não são uma categoria corporativa, entrando em primeiro lugar no debate sobre que projeto de universidade queremos. Para isso é fundamental organizar uma grande campanha contra o desmonte da Prefeitura do Campus, onde a Reitoria ameaça transferir ou demitir uma série de trabalhadores, conformando um ataque não somente a uma unidade fundamental da USP, mas também a um setor de trabalhadores que estiveram sempre na linha de frente das inúmeras lutas que organizamos nos últimos anos. Este ataque, também, está diretamente relacionado à liquidação do grupo básico de trabalhadores da USP. Hoje a USP é uma instituição elitista e racista, por isso todo seu orçamento, institutos, pesquisas e equipamentos estão voltados para os interesses dos capitalistas, financiam estudos e pesquisas para descobrir novas máquinas, processos e sistemas para aumentar a exploração dos trabalhadores e gerar lucros ainda maiores para a minoria capitalista. É preciso lutar por outra universidade. Por tudo isso, é fundamental a organização dos trabalhadores junto ao Sintusp, nas assembléias e reuniões do Conselho Diretor de Base, mas também organizando reuniões de unidade, para ajudar a que os trabalhadores compreendam que sem organização será impossível barrar este projeto, que inclui demissões, precarização do trabalho e maior exclusão da população pobre e dos trabalhadores na universidade. Lutemos por uma universidade sem vestibular, sem Reitoria e sem Conselho Universitário, governada por trabalhadores, estudantes e professores, que efetive todos os terceirizados sem necessidade de concurso público e coloque seu conhecimento e pesquisas para suprir as necessidades da maioria da população, que são os pobres e a classe trabalhadora.

Na última terça-feira Diana Assunção, diretora do Sintusp, o professor e juiz do trabalho Jorge Souto Maior e dois trabalhadorxs debateram sobre a terceirização do trabalho no Encontro das Trabalhadoras e Trabalhadores das Creches da USP. No dia seguinte o coordenador da COSEAS Waldyr Jorge emitiu uma carta aos pais e mães intimidando as trabalhadoras e questionando justamente o tema do encontro, segundo a carta um tema não pertinente (!!). Repudiamos qualquer represália às trabalhadoras das Creches! Pelo livre direito de organização política e sindical! Uma só classe, uma só luta! Efetivação de todos os terceirizados sem necessidade de concurso público!


Os trabalhadores não devem votar nos patrões, voto NULO pela nossa independência de classe! Por Domenico, trabalhador do Departamento de Serviços Gerais da ECA e diretor do Sintusp e Claudionor Brandão, demitido político e diretor do Sintusp No último dia 07/10 ocorreram as eleições municipais brasileiras. O baixo nível de desemprego, a diminuição da miséria, a disponibilidade para o consumo (com o endividamento das famílias trabalhadoras), reforçam as ilusões dos trabalhadores de que é possível seguir com mudanças lentas e constantes para melhorar o país. O PT, que de “trabalhadores” só tem o nome, foi um dos partidos que mais cresceu em todo o país passando a administrar mais de 600 prefeituras. Foi o partido mais votado, o que mais conquistou prefeituras no grupo das 84 cidades com mais de 200 mil eleitores. Manteve suas posições na grande São Paulo, venceu na cidade de São José dos Campos e tem a possibilidade de vencer no segundo turno nas duas principais cidades de São Paulo (a capital e Campinas). Caso se confirme essas vitórias, será um forte golpe no seu principal adversário, o PSDB, que dominou a prefeitura dessas cidades nos últimos 20 anos. Porém, se a vitória é visível, também são verdadeiros os fenômenos que expressam que nessas eleições nem tudo é motivo para o governo comemorar. As primeiras demonstrações de que o Brasil não está fora da crise mundial, que agora afeta principalmente a Grécia, a Espanha e a Itália, já foram anunciadas pelos patrões, com a colaboração do governo de Dilma e do PT. Essa colaboração se vê claramente nas distintas candidaturas em que o PT está no segundo turno, pois concorda com as regras fundamentais do jogo capitalista: manter a estabilidade econômica e a paz social através da exploração capitalista, da precarização do trabalho, dos cortes de direitos, das ameaças de demissões e da paralisação dos patrões (lay-offs). Isso ocorreu em São José dos Campos esse ano, onde a GM continua ameaçando demitir mais de 1.800 trabalhadores, mesmo depois de receber um milionário incentivo (redução de impostos) do governo Dilma. Ainda que muitos trabalhadores continuem confiando em Dilma e no PT, são inúmeros os casos de corrupção pelo país em que o partido dos trabalhadores está metido. Ao mesmo tempo em que o PT faz campanhas se colocando como o “novo em lugar do velho”, figuras do primeiro escalão do partido, como José Dirceu e Genoíno, são condenados por crimes de formação de quadrilha e tantos outros, demonstrando que são corruptos iguais aos velhos barões da elite brasileira.

Grupos de

discussão do Manifesto Comunista e do P rograma de Transição

Junto com todos os demais partidos da burguesia, o PT aprova os aumentos escandalosos dos salários de parlamentares enquanto reprimiu a greve dos professores e servidores federais desse ano, que lutaram por meses para arrancar um irrisório aumento perto do que ganham os “ilustres políticos”. Não veem nenhum problema em firmar alianças eleitorais com representantes das alas mais conservadoras desse país, como em São Paulo, em que Haddad se aliou com Maluf, governador imposto durante a Ditadura Militar, e hoje aliado declarado de Lula. Mesmo em meio a uma eleição onde o PT se mostrou forte, a votação da esquerda cresceu em diversas cidades. O PSOL elegeu seu primeiro prefeito em uma cidade do interior do Rio de Janeiro, teve a expressiva votação de quase 30% para Marcelo Freixo, candidato a prefeito na capital do Estado e teve um aumento significativo de sua bancada que passou de 25 para 49 vereadores em todo o país. O PSTU também elegeu dois vereadores em capitais da região Nordeste e Norte: Belém e Natal. Este espaço ocupado pela esquerda ainda aparece como algo inicial na maior parte dos lugares mas pode estar indicando uma expressão eleitoral de um fenômeno mais amplo de politização que passa pelas eleições, pelas greves nas obras do PAC, do funcionalismo público e da juventude universitária. Entretanto,o fortalecimento eleitoral do PSOL, apesar de aparecer como uma opção de centro-esquerda “viável, ética e coerente” no capitalismo, não significa evolução à esquerda em seu projeto, ao contrário. O envolvimento de um de seus principais dirigentes no grande esquema de corrupção nacional do bicheiro Cachoeira, a aliança com partidos burgueses e o financiamento por empresários são o tom de um partido que surge com a ruptura de parlamentares petistas que nunca fizeram um balanço da tradição petista que herdaram e seguem reproduzindo. Em Belém, no Pará, o candidato a prefeito pelo PSOL, Edmilson, foi financiado por 400 mil reais de grandes empresários e agora recebe apoio direto de Lula, e o PSTU, que compunha a chapa e elegeu um vereador, somente agora considera que há um problema de princípios e rompe com a chapa. Se o PSOL, assim como o PT e o PCdoB, é financiado por patrões nunca defenderá intransigentemente os interesses dos trabalhadores, pois estará de rabo-preso com os capitalistas.

No 1º turno chamamos os trabalhadores a votarem criticamente nos candidatos operários do PSTU e do PCO, pois mesmo sem assumir compromisso com a política, programa e tática destes partidos, reconhecemos que ainda mantêm um princípio sagrado: a independência de classe, a não aliança com os patrões. Por isso, mereciam os votos dos trabalhadores e jovens que não confiam nos patrões nem aceitam a conciliação entre patrões e trabalhadores, exploradores e explorados. Neste segundo turno, com essas eleições que nada resolverão os problemas dos trabalhadores, da juventude e do povo pobre, principalmente os negros e negras que vivem nas piores condições, estudam nas piores escolas, trabalham (quando trabalham) nos piores empregos e sofrem a maior carga de repressão e violência policial, não encontramos alternativa. Os trabalhadores e jovens classistas e revolucionários não têm candidatos nem partidos anticapitalistas, antiburgueses. PT ou PSDB, com seus aliados patronais e corruptos, governarão para os ricos, destinando, no máximo, algumas migalhas que cairão do banquete capitalista bancado com o suor dos trabalhadores e trabalhadoras, com os baixos salários, os empregos terceirizados, precários, sem direitos e salários iguais aos trabalhadores efetivos. A falta de mo-

radia e o despejo nas favelas continuarão, pois os patrões e seus governantes preferem lucrar cada vez mais ao invés de planejar um plano nacional e municipal de obras públicas que garantam moradia, escolas, hospitais, creches, saneamento básico, áreas de lazer e cultura. Um plano desse pode, sim, acabar com a miséria e a falta de moradias dignas. Começando por requisitar os prédios, moradias e terrenos vazios que servem à especulação imobiliária; instituindo impostos progressivos sobre as grandes fortunas e os lucros capitalistas arrancados do nosso suor. Não, nenhum dos candidatos que está aí pode enfrentar os patrões e defender os interesses verdadeiros e necessários dos trabalhadores, da juventude e do povo pobre. São todos candidatos dos capitalistas! Mentem, enganam, prometem, tudo para continuar favorecendo os ricos e mantendo a exploração capitalista. Mostremos aos capitalistas e seus partidos que não estamos satisfeitos com essa situação de miséria e exploração, trabalhos precários, terceirizações, falta de direitos, demissões e rebaixamento salarial. Não podemos votar em nossos carrascos! Nosso repúdio deve se manifestar no voto nulo, em branco ou abstenção (não ir votar).

Junto com a crise capitalista internacional, entram em crise as velhas ideias dominantes que defendiam o capitalismo como um sinônimo de avanço para o conjunto da humanidade. No Brasil, que não está fora da crise, os patrões e o governo já tomam medidas para que paguemos com nossos empregos e vidas os efeitos de uma ordem social decadente. Precisamos conhecer a história de nossa classe sintetizada no marxismo revolucionário. É no sentido de fundir a teoria revolucionária com nossa prática política, que chamamos a todos a se somar aos grupos de discussão sobre o Manifesto do Partido Comunista e o Programa de Transição que estamos impulsionando na USP, com Claudionor Brandão, diretor do Sintusp. São grupos de discussão para conhecer a história, a teoria e a tradição das lutas revolucionárias da classe operária, a classe que move tudo, que produz tudo, mas não tem nada, que é obrigada a entregar seu sangue e suor todos os dias, deixando suas vidas nas fábricas e empresas para enriquecer os ricos que vivem, como parasitas, da exploração do nosso trabalho.


Viva a luta dos trabalhadores da Façon (Metrô de São Paulo)! Por França, da agrupação Metroviários Pela Base Há quase um mês os trabalhadores da Façon se revoltaram contra o atraso do salário e da notícia de que a empresa Façon estaria falindo, por isso resolveram ocupar um dos canteiros de obras no Metrô de São Paulo. Na semana passada, depois de 7 horas de enrolação no SRTE em reunião no SINTRACON (Sindicato da Construção Civil) foi apresentada a resposta da Alstom de não pagar o restante dos 83 trabalhadores que ainda faltam. Após a armadilha imposta no Ministério Público que pôs fim à ocupação do canteiro, Metrô/ Alstom/Façon mostram mais uma vez que só querem enganar e dispersar os trabalhadores que continuam mobilizados. Para esse objetivo os patrões têm seus aliados dentro do movimento dos trabalhadores, a Direção do Sindicato da Construção Civil filiada a Força Sindical, que obviamente é contra colocar a responsabilidade da terceirização e do não pagamento sobre o Metrô e o Governo Alckmin, pois isso traria um grande desgaste para o seu candidato Serra. Mas antes mesmo de nós, Metroviários pela Base, colocarmos nossas posições, vários trabalhadores já cobravam da Direção do SINTRACON que se mudasse a política fazendo exigência direta ao Metrô. O SINTRACON não ouviu os trabalhadores e tentou encerrar a reunião. Apresentamos outra proposta, combinando um plano de mobilização que colocasse o Metrô como centro. Mesmo com a maioria a favor dessa proposta, a Direção do SINTRACON se negou a votar, chamando dezenas de seguranças bate paus para nos expulsar. Mas os trabalhadores não deixaram, fizeram um cordão de proteção e denunciaram a ausência completa de democracia daquele Sindicato! Isso mostra que os sindicatos ligados à Força Sindical são verdadeiros “amigos dos patrões” e não vacilam em abandonar e entregar os trabalhadores para os patrões. Nós, Metroviários pela Base, junto com companheiros do Sintusp e estudantes da USP e da Fundação Santo André, colocaremos nossas forças para que essa luta seja vitoriosa. Debatemos com a direção do Sindicato dos Metroviários que apóia os trabalhadores da Façon, mas apenas para que “recebam” seus direitos na justiça, dizendo que “nada mais pode fazer”. Os metroviários efetivos não recebem orientação e estímulo para colocar sua força a serviço dos companheiros da Façon e das demais empresas terceirizadas e quarteirizadas. Mas as contribuições que os efetivos têm feito ao fundo de mobilização mostram que estariam dispostos a mais que esse importante gesto de solidariedade, fundamental para a manutenção da luta. Poderiam colocar todas as suas forças militantes para garantir que os trabalhadores realmente recebam seus salários e direitos, o que exige cobrar de quem “deve pagar”, ou seja, a Companhia do Metrô, que contratou as “gatas” Alston e Façon, garantindo rios de dinheiro para os políticos tucanos e seus parceiros no esquema de privatização e terceirização. Mas a direção do Sindicato dos Metroviários não luta firmemente para que todos os trabalhadores tenham garantido seus empregos e muito menos luta para que todos recebam os mesmos salários e direitos dos metroviários, como parte de um programa que combate a precarização do trabalho e exija a efetivação de todos os terceirizados, quarteirizados e contratados. Queremos lutar para que o Metro se responsabilize imediatamente com o pagamento de todos os trabalhadores da Façon! Pela manutenção dos postos de trabalho! Por assembléias unificadas entre efetivos e terceirizados! Pela efetivação dos terceirizados, sem necessidade de concurso público!

Todo apoio a luta dos metalúrgicos Dia 1º de novembro é a data base dos metalúrgicos do sindicato de Osasco e região, São Paulo e outros, agrupados na base da Força Sindical. As empresas que vem lucrando enormemente nos últimos anos, pagando baixos salários, com rotatividade, terceirização, agora se negam a conceder um reajuste que atenda as demandas dos trabalhadores. Frente a isso, a Federação dos Metalúrgicos ameaça com greve por empresas em todo o estado de São Paulo. Em primeiro lugar, damos nosso apoio incondicional à luta dos trabalhadores metalúrgicos que já mostraram que estão dispostos a lutar nos atos realizados na última semana na região de Cotia. No entanto, não podemos deixar de criticar a conduta dos sindicatos da Força Sindical. Em primeiro lugar por não unificar a luta contra as demissões com a luta por reajuste salarial. É um fato que muitas indústrias metalúrgicas, autopeças e outros setores, vêm realizando demissões em massa como forma de aumentar os lucros e sabemos como aconteceu em algumas fábricas de Osasco que o sindicato ao invés de organizar os trabalhadores para a luta, apenas negociou em seis vezes o pagamento da multa de 40% do fundo de garantia, fazendo o papel de patrão e não de defensor dos trabalhadores. Por isso mesmo que agora, ao invés de chamar uma mobilização geral das fabricas de São Paulo o sindicato aposta em mobilizações dispersas, fábrica por fabrica. Ao mesmo tempo em que damos nosso apoio aos metalúrgicos, apostamos em recuperar a tradição das comissões de fabrica que surgiram na década de 1960 nas fabricas de Osasco e se transformaram num grande exemplo para os trabalhadores de todo o país. É preciso mais uma vez se organizar pela base para enfrentar a patronal e recuperar o sindicato das mãos do pelegos.

A Juventude Às Ruas apóia ativamente a construção desse boletim. Estamos em diversas universidades e escolas, lutando para que estejam a serviço dos trabalhadores, não dos lucros. Por isso estivemos com as trabalhadoras terceirizadas da União em greve, da Façon no Metrô, da Prefeitura da USP, junto aos ecetistas e bancários em greve, contra o desalojamento e a violência policial na São Remo. Pois vemos em todo o mundo os efeitos da crise e sabemos que aqui não será diferente! Viva a aliança operária e estudantil!

VENHA CONSTRUIR ESTE BOLETIM CLASSISTA! Somos trabalhadores da USP que atuamos como minoria na Diretoria do Sindicato de Trabalhadores da USP (Sintusp), um dos sindicatos mais combativos do país. Também atuamos em outras categorias e com este boletim queremos difundir as idéias revolucionárias para trabalhadores e trabalhadoras, e para a juventude. Queremos que este boletim expresse nossa independência de classe em relação aos patrões, mas também ao governo do PT, que governa para a burguesia e suas burocracias sindicais que parasitam os sindicatos e impedem os trabalhadores de se organizar. Consideramos que a classe operária não tem fronteiras e que por isso é fundamental acompanhar e se solidarizar com a luta dos trabalhadores em todo mundo, ainda mais em um momento em que o capitalismo dá mostras que entrou em um período de crise profunda. A chamada Primavera Árabe, as jornadas dos mineiros na Espanha, as várias e imensas greves gerais na Grécia, Itália e Portugal, em conjunto com o protagonismo da juventude, apontam para o inicio de uma nova etapa da luta de classes mundialmente, e os trabalhadores precisam se preparar! Buscamos construir um boletim para difundir estas idéias e também para ser uma ferramenta de unidade da nossa classe, onde expressemos cotidianamente a necessidade da luta pela efetivação dos terceirizados, sendo este um programa elementar para todos os trabalhadores recomporem sua própria classe na luta contra a exploração capitalista. É parte desta mesma luta uma grande atenção aos setores oprimidos, levantando bem alto as bandeiras de luta pelos direitos das mulheres, dos homossexuais e dos negros, lutando dentro da própria classe operária para que a burguesia não mais nos divida disseminando a opressão entre nossas fileiras. Queremos um boletim que faça propaganda ativa das lutas operárias em curso, como neste primeiro número damos destaque à luta dos terceirizados da Façon e dos trabalhadores da Prefeitura da USP. Chamamos todos os trabalhadores, efetivos, temporários, terceirizados e desempregados, a juventude trabalhadora, as mulheres trabalhadoras, não somente da USP, mas de toda a região Oeste e de outras categorias a construírem e se organizarem a partir deste boletim, para que este seja uma faísca na luta dos trabalhadores, aliando as ideias revolucionárias com uma prática desde a base, classista e combativa, na luta contra a exploração capitalista!

w w w. l e r - q i . o r g


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