Manutenção de fiabilidade proactiva na indústria alimentar: aplicação a uma Unidade fabril de proces

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Artigo Técnico

Carlos M. Inácio da Silva (1) , Carlos M. Pereira Cabrita (2) Director de Manutenção Industrial do Grupo St. Merryn Food, Cardiff, Reino Unido (2) Professor Catedrático, Universidade da Beira Interior

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Manutenção de Fiabilidade Proactiva na Indústria Alimentar: aplicação a uma Unidade Fabril de Processamento de Carnes RESUMO As empresas de fabricação e de processamento de produtos alimentares constituem um sector industrial com especificidades muito particulares, associadas não só à complexidade e diversidade dos equipamentos inerentes ao processo produtivo mas também à normalização e regulamentação sobre segurança e higienização das linhas de fabrico, de forma a assegurar-se a máxima qualidade possível dos bens a comercializar. Por outro lado, a Optimização da Eficiência dos Activos OEA – Asset Efficiency Optimisation AEO –, e a optimização da Eficiência Global dos Equipamentos EGE – Overall Equipment Effectiveness OEE –, dependem directamente dos modelos e estratégias adoptados para o serviço de manutenção. Assim sendo, descreve-se neste trabalho um modelo computorizado de manutenção de fiabilidade proactiva – Computerized Maintenance Management System CMMS –, desenvolvido para uma grande empresa de processamento de carnes e seus derivados.

1. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA A empresa Tonova – Processamento Centralizado de Carnes Unipessoal, Lda., tem a sua sede social em Lisboa e o seu sector produtivo instalado em Torres Novas, estendendo-se por uma área de 68000 m2, e empregava cerca de 500 trabalhadores. A sua actividade industrial, vocacionada para a área do processamento centralizado de carnes, consistia no processamento, transformação e embalamento de carne fresca, e tinha como objectivo o abastecimento de grandes superfícies comerciais, fazendo uso de um processo produtivo inovador que incluía a desmancha, o fatiamento e o embalamento em cuvetes (unidades de venda ao consumidor) de carnes de suíno, bovino, ovino e ainda de algumas carnes exóticas. A empresa também dispunha de uma unidade de fabrico de carnes picadas e de produtos de valor acrescentado como salsichas, hambúrgueres, almôndegas, espetadas e carnes marinadas das espécies acima mencionadas. A tecnologia de embalamento utilizava o sistema de atmosfera controlada que permite obter uma cuvete estanque, higiénica e segura, produzida segundo um rigoroso “Sistema Preventivo de Segurança Alimentar”. A Tonova é uma empresa pertencente a um grupo de capital privado do Reino Unido, St. Merryn Food Group, líder no processamento centralizado de carnes frescas e que se encontra actualmente a investir em novos segmentos de mercado, nomeadamente Catering e Convenience Foods . Em Julho de 1997 a Tonova arrancou com a sua laboração, ainda sem instalações próprias, com uma pequena unidade de produção situada no Montijo. Esta unidade tinha como principal objectivo iniciar o fornecimento a um número restrito de lojas da cadeia, permitindo assim uma formação adequada dos seus futuros quadros e estudar o impacto destes novos produtos no mercado português, enquanto que as suas futuras instalações se encontravam já em construção em Torres Novas. Um ano depois, em Julho de 1998, a empresa mudou-se então para as suas instalações em Torres Novas

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(figura 1), iniciando o abastecimento de todas as superfícies comerciais do grupo Sonae. Por sua vez, no ano de 2002 teve início o fornecimento dos seus produtos a outras cadeias de distribuição em Portugal [1,2].

Figura 1 . Instalações da empresa Tonova, em Torres Novas.

As características intrínsecas do negócio da Tonova, ou seja, as pequenas margens de lucro por unidade produzida, associadas ao facto de se estar perante um processo produtivo just-in-time, promoveram o desenvolvimento de uma estratégia global para a empresa, centrada em grandes volumes de produção a alcançar em curtos períodos de tempo. Para além destes factores, duas outras características decisivas condicionaram igualmente a definição da estratégia global da empresa – as exigências regulamentares respeitantes à higiene e à qualidade do produto final e a obrigatoriedade de alcançar rapidamente uma elevada capacidade competitiva, que permitisse vingar no mercado português [1,2]. Deste modo, o director de manutenção deparou-se


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