editorial
a ameaça do “impostoâ€? sobre a produção
ClĂĄudio Monteiro Diretor
Deixar de consumir da rede não pode ser visto como uma ameaça, Ê uma alternativa, uma alternativa que não interessa aos fortes poderes instalados que exploram os fracos e pequenos consumidores que suportam o sistema.
Nos últimos dias temos assistido a uma grande agitação e discussão sobre a questão dos elevados preços de eletricidade. Os grandes consumidores, como por exemplo a Siderurgia Nacional, ameaçam sair de Portugal para Espanha, argumentando que os preços de acesso às redes elÊtricas são elevados. Por outro lado,
de eletricidade abaixo da mĂŠdia europeia.
! "# $ %
& & '( ) *+ riores, mais de 3% de diferença. JĂĄ os pequenos consumidores estĂŁo a pagar em Portugal mais de 6% acima da mĂŠdia europeia e com acrĂŠscimo do IVA a situação ainda se agrava mais. ConcluĂmos portanto, que o preço de eletricidade nos consumidores industriais nĂŁo ĂŠ anormalmente alta, em especial tendo em conta as caraterĂsticas estratĂŠgicas prĂł-renovĂĄveis pelas quais optamos, para bem do nosso futuro. Pena que o governo apenas tenha uma visĂŁo de curto prazo ou mesmo atĂŠ 2020 e nĂŁo percebem que as suas açþes e negociaçþes jĂĄ terĂŁo consequĂŞncia negativa na dĂŠcada seguinte. Quando pensamos nos custos do produto eletricidade que produzimos ĂŠ tambĂŠm necessĂĄrio compreender que o nosso sistema elĂŠtrico tem & + 4 4 + & $ 5) 7 que ĂŠ por si um sistema com custos naturalmente mais elevados do que os sistemas dos paĂses da Europa mais centrais. Ou seja, ĂŠ normal o nosso sistema ser mais caro. Se mesmo assim, !
+ governo por ter subido o IVA, e se quisermos uma solução ela serĂĄ descer o IVA na eletricidade para 19%, de forma a equiparar a nossa competitividade no âmbito Europeu. Cedendo Ă s pressĂľes dos grandes consumidores, e tambĂŠm motivado pelo imposto Ă produção, aplicado recentemente no paĂs vizinho, o governo tem dado a entender que pretende aplicar aos produtores nacionais um custo adicional de acesso Ă rede, aparentemente via regulamento tarifĂĄrio, o que por nĂŁo ser um imposto, ĂŠ uma boa garantia de que as contribuiçþes $ ( : ; < ! %
tambĂŠm a produção renovĂĄvel, incluindo mini e microprodução poderĂĄ vir a ser penalizada < ( 4 ! * 4 $ que vendem no MIBEL, ganharam margem relativamente aos produtores espanhĂłis, sem que = ! 4 ( > ! + $? ! & & 4 < ! dos proveitos. Por outro lado, os consumidores, provavelmente mais os grandes do que os pequenos, poderĂŁo ver os seus custos de acesso Ă s redes reduzidos, ou mais provavelmente, ver a subida dos custos mais atenuada. Mas atenção, os custos da energia terĂŁo tendĂŞncia para subir devido Ă s reaçþes de preço de oferta, com energia mais cara em mercado. Como conclusĂŁo, antecipam-se mĂĄs notĂcias para as renovĂĄveis. Em alternativa ĂŠ hora de trabalhar as oportunidades do lado do autoconsumo. Na verdade, ĂŠ o consumidor que paga todos os custos do sistema, ele deve ter o direito de instalar os seus prĂłprios sistemas de energias renovĂĄveis. Temos que reconhecer que nĂŁo ĂŠ aceitĂĄvel que o consumidor seja obrigado a pagar por produção renovĂĄvel centralizada, com sobrecustos para o sistema, e por outro lado lhe seja impedida ou penalizada a alternativa de autoproduzir com renovĂĄveis, a custo zero para o sistema. Deixar de consumir da rede nĂŁo pode ser visto como uma ameaça, ĂŠ uma alternativa, uma alternativa que nĂŁo interessa aos fortes poderes instalados que exploram os fracos e pequenos consumidores que suportam o sistema. ClĂĄudio Monteiro, Diretor
2