C. PEREIRA CABRITA Professor Catedrático
Artigo Técnico
Departamento de Engenharia Electromecânica (UBI) Presidente do Conselho Científico e Tecnológico (Parque de Ciência e Tecnologia da Covilhã – Parkurbis) cabrita@ubi.pt
Contribuição para o entendimento das bases probabilísticas e estatísticas da filosofia seis sigma Caracterização da six sigma business scorecard Resumo Como complemento do trabalho anterior que publicámos nesta revista de referência, e na sequência não só de diversas dúvidas e questões que nos têm sido colocadas por colegas de gestão e de engenharia, mas também dos estudos de pós-graduação que temos vindo a desenvolver no seio do nosso grupo de Engenharia e Gestão Industrial do Departamento de Engenharia Electromecânica da Universidade da Beira Interior, com uma forte ligação ao tecido empresarial, aprofunda-se a análise das bases probabilísticas e estatísticas associadas à filosofia de gestão Seis Sigma, e apresentam-se ainda alguns comentários críticos subsequentes. Devido à sua importância para a melhoria contínua do desempenho global dos negócios das organizações, descrevem-se ainda as bases e as características principais da filosofia Six Sigma Business Scorecard.
1. Conceito da Filosofia Seis Sigma Como é sabido, a filosofia Seis Sigma (designada por Six Sigma na terminologia original anglo-saxónica) foi desenvolvida e implementada no seio da empresa norte-americana Motorola em 1986, por iniciativa do engenheiro Bill Smith, sendo uma prática fortemente disciplinada, de melhoria contínua, para ser aplicada em processos, produtos e serviços, com o objectivo de reduzir falhas e custos de produção. A sua ideia base consiste em que, se se conseguir avaliar quantas falhas ou defeitos se têm num determinado processo industrial, então, de uma forma sistemática, conseguem-se discernir os procedimentos a adoptar para se eliminar essas falhas e atingir-se a meta “zero defeitos”, sendo a prevenção de defeitos conseguida através da utilização de ferramentas estatísticas [1,2,3]. Por conseguinte, é uma metodologia que se focaliza na eliminação de desperdícios e na redução de defeitos, assim como na redução da variabilidade dos processos, recorrendo ao desvio padrão. Em termos estatísticos, representa uma metodologia que assegura de uma forma quase perfeita os processos produtivos, impondo uma taxa máxima de produtos defeituosos de 3,4 por milhão (3,4 DPM – Defeitos Por Milhão), e baseando-se em três ferramentas estatísticas: média P, desvio padrão V e distribuição normal com uma função densidade de
probabilidade f (x). Como facilmente se depreende, a designação Sigma encontra-se directamente relacionada com o símbolo grego sigma (V), utilizado na definição das grandezas probabilísticas “variância” e “desvio padrão”.
2. Bases Probabilísticas e Estatísticas Considere-se que, de um modo geral, nas organizações industriais e de serviços, os respectivos processos produtivos e os objectivos a alcançar se podem enquadrar, em termos probabilísticos e estatísticos, na distribuição contínua de probabilidades normal ou de Gauss, como se mostra na figura 1. Atendendo a que esta distribuição, que corresponde a operações de curto prazo, é tomada como a distribuição de referência, optou-se por designá-la, conforme consta na figura 1, por “distribuição normal de curto prazo, 6V verdadeiro”, sendo ainda esta distribuição caracterizada por uma média PC e por um desvio padrão VC , que é o mesmo que dizer-se que esta média e este desvio padrão se referem às operações de curto prazo, daí o índice C. Nesta distribuição para operações de curto prazo, tem-se ainda, respectivamente, sendo k o nível sigma para operações de curto prazo:
MANUTENÇÃO · 11