Novidades?

Page 1

Crónicas de Manutenção

Rui Mendes Bolas Engenheiro de Manutenção Tel.: +351 919 007 419 ruimbolas@hotmail.com

Novidades? Como dizia a famosa frase publicitária: “Novidades? Novidades só no hipermercado!” Ora esta publicidade faz-me lembrar as minhas rotineiras incursões, pelos armazéns das fábricas onde trabalhei ou visitei. Os armazéns a que me refiro são os armazéns de manutenção e não os de matérias-primas ou produtos. Aliás os armazéns de manutenção são mesmo um dos meus locais preferidos numa fábrica.

Agrada-me verificar em cada dia as novidades que chegam, código a código, verificar ainda no seu estado novo, as marcas, as embalagens, não se pense que todas estas coisas são detalhes insignificantes. Por exemplo verificar a embalagem de um fabricante pode dar algumas dicas de como conservar o artigo durante o tempo de armazenagem de forma que na altura que este seja “vendido” esteja em perfeitas condições para ser aplicado. Visitei desde os armazéns mais opulentos até aos mais espartanos. Visitei certo dia um armazém de uma grande indústria, hoje já extinta, cujo recheio era uma coisa de cortar a respiração, ainda hoje, passados muitos anos continuo a lembrar-me desse armazém, era lindo mas dava que pensar se seria a forma ideal de gerir os recursos.

A justificação que fui ouvindo para uma grande quantidade de artigos em armazém foi quase sempre a mesma, a “insularidade”, que é como quem diz, a dificuldade de acesso a alguns artigos ditos “normais”. Sem dúvida que esta foi uma realidade, especialmente fora dos grandes centros urbanos, mas nos dias de hoje, com o desenvolvimento das vias de comunicação e o consequente aumento dos perímetros de distribuição logística, esta realidade alterou-se, no entanto a cultura não acompanhou os tempos e hoje continuamos a ouvir a mesma justificação apesar da maior facilidade em obter a maioria das peças ditas “normais”. Existem vários modelos para a gestão de armazéns de manutenção, com ou sem consignação, geridos pelo departamento de logística ou pelo departamento de manutenção, no entanto, seja qual for o modelo aplicado existem algumas questões que são transversais. A boa definição dos códigos que devem ser unívocos e estarem bem descritos para os “compradores” e para o “vendedores”, evitando desta forma confusões e duplicações, a estratégia de reposição de cada artigo, se é automática, manual ou semiautomática, os níveis máximos e mínimos de stock, como forma de garantir a disponibilidade dos artigos ao mesmo tempo que se afina o tamanho do lote, tipo de artigo, obsoleto ou utilizado no equipamento A ou B, entre tantos outros.

O armazém de manutenção pode e deve ser encarado como mais uma medida de controlo do risco da fábrica/equipamento não operar! A verdade, sem querer dizer o que é bom ou mau em número de artigos, é que uma gestão eficaz de um armazém, com critérios bem definidos de rotatividade, pode fazer reduzir muito o imobilizado constituído, sem se perder a facilidade do “ter sempre aqui à mão”! Qual é então a dimensão ideal de um armazém em número de artigos? Bem, na verdade a dimensão ideal de um armazém está entre tudo e coisa nenhuma…

18 · MANUTENÇÃO


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.