Carlos Medrano Victor
Dossier
Engenheiro Mecânico, Técnico Superior de SHT Coordenador Geral de SHT da EMEF, S.A. carlosmvictor@gmail.com
O Erro Humano e a Manutenção em Segurança Resumo O mercado concorrencial actual é exigente em termos de qualidade dos produtos e da sua rápida disponibilidade para consumo, pelo que as empresas têm a necessidade de produzir mais e melhor a um menor custo, isto é, de uma forma mais eficiente. As empresas implementam sistemas de produção cada vez mais complexos e automatizados, de maior investimento, os quais exigem também mais qualificações às pessoas que com eles interagem. O estudo (Figura 1), a operação e a manutenção destes sistemas foram, por isso, tornando-se mais dispendiosos. Como todos estes custos se reflectem no preço final do produto, é necessário que os sistemas de produção tenham maior disponibilidade e um custo de manutenção mais baixo. Ocorrem acidentes aéreos, marítimos e em instalações fabris com origem em Erros Humanos que têm como consequência centenas de fatalidades anualmente e graves consequências para o meio ambiente e para as empresas. Os acidentes de menor envergadura resultam anualmente em mais de 200 mortes e milhares de lesões. As actividades de manutenção devem contribuir não só para manter e mesmo diminuir a probabilidade de ocorrência de falhas e ou acidentes nos sistemas, como também não serem elas próprias um risco para a Segurança. As ocorrências (Figura 2) devem manter-se na zona ALARP: As Low as Reasonably Practicable (Tão baixo quanto o razoavelmente praticável ou possível).
a probabilidade de ocorrência de Erros Humanos, mantendo, ou mesmo aumentando, a segurança dos sistemas e dos seus componentes.
A manutenção e a fiabilidade Humana A norma NP EN 50126 : 2000 define “Manutenção” como “A combinação de todas as acções técnicas e administrativas, incluindo as acções de supervisão, com o objectivo de manter ou repor o produto num estado no qual pode executar determinada função.” Os requisitos do mercado actual, que se deseja concorrencial, são exigentes relativamente à qualidade dos produtos e à sua rápida disponibilidade para consumo. Estas exigências implicam a necessidade das empresas em produzir mais e melhor a um menor custo, isto é, que produzam de forma mais eficiente. Para responder ao mercado, as empresas investem em sistemas de produção cada mais complexos e automatizados, os quais exigem por sua vez, que os técnicos que os projectam, estudam (Figura 1), operam e mantêm em condições de operação sejam mais qualificados. A operação e a manutenção dos sistemas de produção tornaram-se, por isso, mais dispendiosas. Como todos estes custos se reflectem no preço final do produto disponível para consumo, as empresas necessitam que os seus sistemas de produção operem o maior tempo possível, o que implica que se procurem períodos de paralização menores (maior disponibilidade) e a diminuição dos custos da sua manutenção.
Para a minimização dos Erros Humanos nas actividades de manutenção devem ser estudadas as situações onde possam ocorrer e as respectivas causas, numa óptica de prevenção. A identificação dos factores que influenciam a interacção entre o objecto de manutenção (sistema, equipamento) e quem executa essas actividades assume especial relevância. Estes factores são classificados como físicos, sensoriais e cognitivos, interagindo também entre si. As actividades de manutenção têm por isso impacto na segurança dos sistemas e, em consequência, na segurança do meio envolvente.
Figura 1 – Redes Petri: Modelação de um sistema de produção e equipas de manutenção para estudo da fiabilidade global [1].
O controlo do processo de manutenção permitirá assim a sua execução de forma sistémica e mais eficaz, diminuindo
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[1] Guedes Soares, C., Teixeira, Ângelo, (2009); Fiabilidade de Sistemas.