dossier sobre biomassa
cortiça e energias renovĂĄveis Este artigo descreve as vĂĄrias formas em que a cortiça estĂĄ atualmente relacionada com a energia renovĂĄvel e possibilidades futuras nesse domĂnio. LuĂs Gil luis.gil@dgeg.pt
Resumo Os resĂduos da transformação da cortiça podem ser usados como biomassa para a produção de energia e os materiais derivados de cortiça podem ter vĂĄrios tipos de aplicaçþes em diferentes sistemas de produção ou utilização de energias renovĂĄveis. SĂŁo apontadas algumas pistas para futuras aplicaçþes da cortiça em sistemas de energia renovĂĄvel assim como novos usos de tecnologias de energia renovĂĄvel no processamento industrial da cortiça.
Introdução A cortiça, como ĂŠ correntemente conhecida a casca do sobreiro (Quercus suber sos. É produzida principalmente nos paĂses do Mediterrâneo ocidental,
! resta de sobro a que corresponde quase a 50% da produção mundial de cortiça). Em 2014 a produção mundial de cortiça atingiu cerca de 201 000 toneladas e a ĂĄrea mundial de sobreiral era de cerca de 2,1 milhĂľes de hectares [1]. As exportaçþes portuguesas de cortiça sĂŁo lideradas pelas rolhas, que constituem cerca de 70% em valor monetĂĄrio, mas os materiais de construção em cortiça representam cerca de 26% deste valor [1]. " # $ & vedação de bebidas alcoĂłlicas engarrafadas, mas este material celular natural possui tambĂŠm muitas outras interessantes aplicaçþes. A estrutura microscĂłpica da cortiça pode ser descrita como um conjunto de cĂŠlulas fechadas de forma hexagonal (em mĂŠdia) prismĂĄtica ligadas umas Ă s outras em forma de favo de mel. As paredes das cĂŠlulas da cortiça apresentam algumas ondulaçþes com intensidade variada. " ' * +/ em volume sendo o resto preenchido com ar. A cortiça apresenta tambĂŠm uma estrutura macroscĂłpica em camadas (anĂŠis anuais de crescimento), com diferentes dimensĂľes de cĂŠlulas dependendo do perĂodo de formação (diferente altura e diferente espessura das paredes celulares). Tudo isto contribui para as propriedades caraterĂsticas do material da cortiça que contribuem para toda uma panĂłplia de aplicaçþes [2]. Considerando agora a relação entre a cortiça e as energias renovĂĄveis 3 * 8 9 3! # renovĂĄvel usam ou podem usar cortiça e materiais Ă base de cortiça. Para alĂŠm disto, algumas tecnologias de energia renovĂĄvel sĂŁo ou podem ser usadas em vĂĄrios passos do processamento industrial da cortiça.
Cortiça e energia solar A cortiça pode ser usada como matriz para a produção de ecocerâmicas biomimÊticas de cÊria com base em cortiça para se obterem espumas cerâmicas possuindo a estrutura celular da cortiça, para a produção 36
de hidrogĂŠnio usando energia solar concentrada [3]. Hexaferrites podem ser usadas de modo a obter espumas cerâmicas magnĂŠticas atravĂŠs de pirĂłlise, usando cortiça como matriz e modelo, resultando num sĂłlido muito leve e poroso com a microestrutura da cortiça. ; ' # $ xĂvel ĂŠ usado, por exemplo, no uso de energia solar tĂŠrmica, devido Ă & ' 3 quando usado no exterior [4]. Os coletores solares tĂŠrmicos produzem ĂĄgua quente mas esta ĂĄgua tem que ser transportada desde a zona de armazenamento a quente atĂŠ Ă torneira. Pelo menos uma parte da tuba ! * $ 9 < ' (radiação UV, chuva, geloâ&#x20AC;Ś) aceleram a degradação dos isolantes tĂŠrmicos
' = ' # $ vel, fĂĄcil de montar e demonstrou ser muito resistente Ă ação do ambiente envolvente, diminuindo custos de manutenção. Isto ĂŠ naturalmente tam' 3 ' 9 9 9 qualquer sistema de energias renovĂĄveis, com um limite de utilização de cerca de 200Âş C. Outro produto que tem cortiça e que pode ser usado em aplicaçþes â&#x20AC;&#x153;solaresâ&#x20AC;? ĂŠ a designada â&#x20AC;&#x153; â&#x20AC;? [5]. PartĂculas de cortiça sĂŁo misturadas com um material polimĂŠrico de ligação, usualmente in situ, e esta mistura ĂŠ pulverizada diretamente e de forma fĂĄcil sobre a superfĂcie a cobrir. A gama de temperatura de trabalho ĂŠ de -165Âş C a +165Âş C. A mistura adere bem a qualquer tipo de superfĂcie. Trata-se
$ ' & ?nica. Pode, inclusivamente, ser usado para reparar material de isolamento defeituoso previamente existente. A â&#x20AC;&#x153; â&#x20AC;? pode ser usada para isolar os reservatĂłrios e/ou a tubagem de coletores solares tĂŠrmicos ou de quaisquer outros sistemas de energias renovĂĄveis que necessitem de proteção no domĂnio da impermeabilização e do isolamento tĂŠrmico e acĂşstico. Ă&#x2030; tambĂŠm prevista a utilização de derivados de cortiça para a produção de coletores solares tĂŠrmicos, constituindo o corpo do coletor, com capacidade estrutural e de isolamento tĂŠrmico. Usando compĂłsitos de cortiça adequados ĂŠ possĂvel (foram realizadas algumas expe & $ B < passo, o corpo do coletor solar, Figura 1 Isolamento de tubagem em agloincorporando sistemas de suporte