Os desafios dos negócios no Brasil

Page 1

renovĂĄveis no Brasil

4 negĂłcios no Brasil Visto com um paĂ­s de oportunidades e alternativa ao declĂ­nio de outros mercados, por muitas empresas portuguesas, para internacionalizar os seus negĂłcios. cofundador do projeto ANYWIND

Bom negócio, ou nem por isso? Com alguns casos de sucesso foi, no entanto, Desde 1986, que a atenção das empresas portuguesas se tem centrado tendencialmente nos países da União Europeia. Os sucessivos alargamentos, a abertura de fronteiras, a livre circulação de pessoas e bens (espaço Schengen), a moeda única (zona Euro), a crescente homogeneização cultural e legislativa, os diversos programas de apoios comunitårios, entre outros, mudaram o paradigma de se fazer negócios na Europa, potenciando as relaçþes entre empresas desta årea geogråfica, mas alterando os critÊrios de decisão. Pouco a pouco, com o passar dos anos (quase 30), diversos riscos, normalmente atendíveis quando se inicia negócios num novo país, tais como risco cambial, sistema fiscal, dificuldades em transaçþes financeiras, segurança, cultura, disponibilidade de profissionais, e outros, deixaram de existir, sem que muitos de nós nos tenhamos apercebido. Este processo facilitador, lento e suave, acabou por descapitalizar o mercado de profissionais competentes e experimentados em gerir processos de internacionalização, e desabituou muitos dos empresårios, e empresas, em lidar com os desafios de novas realidades em contextos mais exigentes. Entre Portugal e Brasil existem diferenças muito relevantes: (i) dimensão geogråfica: Brasil Ê o quinto maior país do mundo, atrås da Rússia, Canadå, Estados Unidos e China, e 90 vezes maior que Portugal; (ii) número de habitantes: Brasil Ê tambÊm o quinto país mais populoso do mundo, atrås da China, �ndia, Estados Unidos e IndonÊsia, e com 20 vezes mais população que Portugal; (iii) do ponto de vista de organização administrativa, o Brasil Ê uma federação, formada por 27 estados, enquanto Portugal pode-se considerar equivalente a um único estado; (iv) do ponto de vista fiscal, o Brasil Ê, talvez, dos países mais complexos do mundo, provavelmente em conjunto com a Rússia; (v) no Brasil o sistema fiscal pode mudar de estado para estado, e dentro de cada estado, de município para município, enquanto em Portugal, pelo menos nos impostos mais relevantes, as regras são homogÊneas em todo o território; (vi) no Brasil existem fronteiras entre os estados, para efeitos tributårios, onde, quem transporta mercadoria, de um estado para outro, deve parar e pagar os devidos impostos (i.e. ICMS), enquanto na Europa existe livre circulação de pessoas e bens; (vii) o Brasil tem uma moeda (Real), que não Ê aceite nas transaçþes internacionais, com alguma volatilidade, originando variaçþes de preços inesperadas nas transaçþes entre o Brasil e países terceiros, enquanto Portugal possui o Euro, que Ê uma das moedas com maior reconhecimento internacional, a par com o Dólar norte-americano, e aceite nas transaçþes internacionais. AlÊm disso, na hora de realizar as consolidaçþes de contas, esta volatilidade influi nos resultados das empresas portuguesas, com negócios no Brasil; !" 46

dĂ­gitos hĂĄ bastantes anos, enquanto em Portugal a EURIBOR tem-nos acostumado a valores abaixo da unidade, e atĂŠ valores negativos, o que impacta diretamente nos custos financeiros das operaçþes, com bastante mais severidade no Brasil; (ix) a taxa sem risco no Brasil, correspondente Ă taxa de emissĂŁo de divida soberana, ĂŠ das mais altas do mundo, o que deve influir nas taxas de rentabilidade que os empresĂĄrios devem exigir dos seus negĂłcios; (x) a inflação, no Brasil, ĂŠ relevante e tem que ser tomada em consideração, em especial na tomada de decisĂľes acerca de negĂłcios futuros, algo que em Portugal, desde meados dos anos 80, nĂŁo ĂŠ mais uma preocupação significativa; (xi) no Brasil, a legislação laboral existente, origina sobrecustos muitos considerĂĄveis nas empresas, que devem ser considerados como quase inevitĂĄveis, e estimados nos planos de negĂłcios das empresas; (xii) no Brasil, os Acordos de Contração Coletiva, relativos Ă mesma atividade, podem diferir de um estado para outro, obrigando a subidas sala # $%& que depois nĂŁo podem ser anulĂĄveis, aumentando a estrutura de custos de forma permanente; (xiii) os obstĂĄculos Ă s transaçþes financeiras, entre o ' * + logo no inĂ­cio do processo, quando da capitalização da empresa Brasileira, realizando um conveniente enquadramento dos movimentos financeiros juntos das autoridades Brasileiras, em especial o Banco Central Brasileiro; (xiv) o acordo de dupla tributação entre Portugal e o Brasil deve ser avaliado com cuidado, para um correto enquadramento das operaçþes/rendimento; (xv) no Brasil, os eventuais Ăłnus das transaçþes financeiras, para fora do paĂ­s, ficam a cargo dos Bancos que as realizam. Este facto leva a que os Bancos sejam conservadores na interpretação das normas aplicĂĄveis, muitas vezes com interpretaçþes subjetivas, o que leva a que, relativamente a uma mesma operação, Bancos diferentes enquadrem, do ponto de vista fiscal, a operação de forma distinta. Esta arbitrariedade pode trazer problemas aquando da consolidação de resultados em Portugal, dificultando eventuais deduçþes de impostos; (xvi) para quem quer vender equipamentos no Brasil, a norma CE nĂŁo ĂŠ reconhecida. É necessĂĄrio estudar e realizar as necessĂĄrias adaptaçþes aos equipamentos, para que possam ser comercializados no Brasil.

!""# $%

&""" ' ( !" )

* + , -


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.