Os desafios do microcrédito produtivo na visão das instituições e seus operadores

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Os desafios do microcrédito produtivo na visão das instituições e seus operadores

ligado ao Estado. Os bancos estaduais tinham outra incumbência: criar empresas para os cabos eleitorais dos governadores”. Essa condição foi mais um aprendizado do Banco Central, que também instituiu o Estatuto do Balanço Consolidado, inibindo a adoção da estratégia de informar o balanço do banco enxuto enquanto que o da sua empresa controlada poderia estar com problemas. Para o palestrante, com as agências de fomento, a sociedade ganha um instrumento de financiamento que permite alcançar os mais desfavorecidos. “Você tem uma sociedade com necessidades de serviços financeiros. Tem um grupo muito atendido e outro pouco atendido. Muito atendido são os grandes, médios e pequenos, a maior parte deles. E pouco atendidos são os micro e informais. A grande corporação, a média e a pequena, o banco comercial normal já as tem como alvo, já vai atrás, oferece, tem lá várias opções para ele trabalhar no sistema financeiro. Agora, micro e informais não têm essa atratividade, por razões simples. O banqueiro vai atrás de menor risco e maior lucro. Quem tem que pensar diferente disso é a política pública.”

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Mas, em sua visão, a agência de fomento só tem sentido se atuar nos espaços em que o mercado é falho, nos quais a oferta não existe, mesmo que haja demanda ou que essa demanda não tenha as características que atenda aos anseios do mercado. Na visão de Marden, “é isso que justifica o Estado estar no ramo financeiro, na economia, no modelo geral. Ele tem que compensar as falhas do sistema econômico normal, ou do mercado, da ditadura do mercado”. O modus operandis da agência está baseado na “organização da demanda”. Isto é, a necessidade do microcrédito existe, uma vez que 50% da população de Alagoas está abaixo da linha da pobreza, mas é necessário organizar as pessoas para acessá-lo. Daí a necessidade de buscar parcerias com as instituições locais para organizar a demanda e ofertar o crédito. São as parcerias com pessoas jurídicas (arranjos produtivos locais, ONGs, Oscips, cooperativas, cadeias produtivas, associações, prefeituras, Sociedades de Crédito ao Microempreendedor e à Empresa de Pequeno Porte – SCMs) que atuam como repassadoras dos empréstimos. Para isso, são capacitadas e estruturadas para desempenhar a tarefa de forma adequada. A explanação de Antonio Marcos Ambrozio, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por sua vez, versou sobre as possibilidades de ampliação do alcance do microcrédito e se isso é incompatível com a sustentabilidade das instituições. Ao mesmo tempo, conceituou se o alcance ampliado resultaria, necessariamente, na focalização dos mais pobres, com base em estudos do Microbanking Bulletin de 2007, que avaliou a atuação de 890 instituições de microfinanças espalhadas pelo mundo.


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