Meu filho tem déficit de atenção

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Às vezes custa-nos acreditar que nosso filho pode ser diferente. Nem melhor nem pior. Simplesmente diferente. Muitas dúvidas surgem: o que há de errado? Por que meu filho não consegue socializar como seus colegas? Por que, apesar de não procurar companhia, ele causa tanto alvoroço ao seu redor? Nem sempre pensamos que nosso filho pode precisar de ajuda médica, que diagnostique o problema e indique um tratamento adequado.

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Outros títulos da coleção: A arte de fazê-los comer Disciplina e limites: mapas de amor Filhos seguros no mundo atual Mães que trabalham fora, cuidado com a culpa Você se diverte com seus filhos?

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Atualmente, milhares de crianças no mundo com problemas de atenção e comportamento sofrem com maus-tratos emocionais a que são submetidas por seus colegas, professores e até mesmo sua família. A autoestima de uma criança com déficit de atenção (TDA) é nula, já que ela é tratada de forma diferente e se vê como alguém diferente. Neste livro você encontrará depoimentos de pais de crianças com esse transtorno, que é causado por uma deficiência na química de seu cérebro, mas também encontrará consolo, explicações médicas e alternativas para tolerar essa relação, que pode causar bastante frustração.

MEU FILHO TEM DÉFICIT DE ATENÇÃO

ISBN 13 978-85-221-0753-7 ISBN 10 85-221-0753-X

Para suas soluções de curso e aprendizado, visite www.cengage.com.br

9 788522 107537

MARÍA ROSAS

A P R E N D E R PA R A C R E S C E R

MARÍA ROSAS

MARÍA ROSAS

MEU FILHO TEM DÉFICIT DE ATENÇÃO


Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Rosas, María Meu filho tem déficit de atenção/María Rosas; tradução All Tasks. -- São Paulo: Cengage Learning, 2010. -- (Coleção aprender para crescer) Título original: Mi hijo tiene déficit de atención. Bibliografia. ISBN 978-85-221-1591-4 1. de 4. I.

Crianças com transtorno de déficit de atenção - Estudo casos 2. Pais e filhos 3. Psicologia infantil Transtorno de déficit de atenção com hiperatividade Título. II. Série.

09-04242

CDD-649.153

Índices para catálogo sistemático: 1. Crianças com transtorno de déficit de atenção com hiperatividade: Criação: Vida familiar 649.153

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Meu filho tem déficit de atenção María Rosas

Tradução All Tasks

Austrália • Brasil • Japão • Coreia • México • Cingapura • Espanha • Reino Unido • Estados Unidos

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Meu filho tem déficit de atenção María Rosas Gerente Editorial: Patricia La Rosa Editora de Desenvolvimento: Fernanda Batista dos Santos Supervisora de Produção Editorial: Fabiana Alencar Albuquerque Produtora Editorial: Gisele Gonçalves Bueno Quirino de Souza Título Original: Mi hijo tiene déficit de atención (ISBN-13: 978-970-830-071-1; ISBN-10: 970-830-071-3) Tradução: All Tasks Copidesque: Arte da Palavra Revisão: Adriane Peçanha Marina Nogueira Diagramação: Alfredo Carracedo Castillo Capa: Souto Crescimento de Marca

© D.R. 2009 Cengage Learning Editores, S.A. de C.V., uma empresa da Cengage Learning © 2010 Cengage Learning Edições Ltda. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, sejam quais forem os meios empregados, sem a permissão, por escrito, da Editora. Aos infratores aplicam-se as sanções previstas nos artigos 102, 104, 106 e 107 da Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Para informações sobre nossos produtos, entre em contato pelo telefone 0800 11 19 39 Para permissão de uso de material desta obra, envie seu pedido para direitosautorais@cengage.com © 2010 Cengage Learning. Todos os direitos reservados. ISBN-13: 978-85-221-1591-4 ISBN-10: 85-221-1591-5 Cengage Learning Condomínio E-Business Park Rua Werner Siemens, 111 – Prédio 20 Espaço 04 – Lapa de Baixo CEP 05069-900 – São Paulo – SP Tel.: (11) 3665-9900 – Fax: (11) 3665-9901 SAC: 0800 11 19 39 Para suas soluções de curso e aprendizado, visite www.cengage.com.br

Impresso no Brasil. Printed in Brazil. 1 2 3 4 13 12 11 10

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Dedicatória

Este livro foi escrito pensando em Daniel, e em todas as noites de

insônia e dias de angústia que vivemos até entender o que acontecia com ele. Agradeço-lhe por não ser perfeito, não ter correspondido às minhas expectativas, não ser um grande jogador de futebol, nem um garoto tranquilo e “normal”. Também sou grata a ele por ter me obrigado, de certa maneira, a enfrentar o déficit de atenção, a impulsividade e as formas de confusão que foram provocados. Obrigada também por me ensinar a lidar com minha frustração, minha mortificação, minha “cara de vergonha diante dos professores” – tudo valeu a pena. Daniel, obrigada por ser de carne e osso e me ensinar a amá-lo dessa maneira tão franca e humana.

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Sumário • Dedicatória

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• Apresentação da coleção Aprender para Crescer

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• Introdução

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Capítulo 1 • O que acontece com meu filho?

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• Meu filho, diferente?

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• Perguntas

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Capítulo 2 • O diagnóstico

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• Falta de atenção, impulsividade e hiperatividade: os inimigos

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• Algumas ideias sobre a atenção

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• Impulsividade

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• Hiperatividade

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• Perguntas

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Capítulo 3 • A família da criança com Déficit de atenção

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• Efeitos na família da criança com TDA

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• Vamos aprender a lidar com seu comportamento

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• Quem não gosta de reconhecimento?

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• Castigos

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• Perguntas

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Capítulo 4 • Crianças-problema: aqui não

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• Professores, uma ajuda indispensável

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• Perguntas

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Capítulo 5 • Como devo tratar meu filho?

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• Por que é mais difícil educar uma criança com TDA?

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• Tratamento na escola

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• E a família?

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• Perguntas

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• Algumas modificações ambientais que ajudarão a criança com TDA a se organizar

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• Bibliografia

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Apresentação da coleção Aprender para Crescer

Lembro-me perfeitamente de quando resolvi passar para o

papel tudo o que sabia, ou pensava saber, sobre a formação e a educação dos filhos. Os meus, para começar, como início exploratório, sem dúvida constituiriam uma base exemplar. E por que não, se eu lidava diariamente com as essências mais puras referentes aos temas que preocupam a maioria dos pais, se havia vivi­ do e continuava a experimentar em todo seu esplendor e dor os matizes da maternidade, se reconhecia na imagem que o espelho revela uma mulher dedicada à superação e à felicidade de seus filhos? Não estava totalmente errada, porém, ao suspirar sobre o respaldo de minha cadeira cúmplice e, depois de meses sem esticar as pernas, compreendi que os filhos da minha narrativa haviam criado um tecido indestrutível entre meus sentimentos e minha realidade como mãe. Foi ao ler, perguntar, acomodar, suprimir e reconhecer que alcancei a imensidão do entendimento: são os filhos que nos carregam de energia para levá-los e trazê-los; são os filhos que projetam metas pessoais ao descobrir o mundo por meio dos nossos passos; são eles que nos abraçam nas noites mais confusas e solitárias; são nossos filhos que traçam, com invejável precisão, a bússola da união familiar. É claro que, como

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pais, nós nos graduamos com eles, mas também é verdade que o manual de convivência, desenvolvimento e harmonia é redigido em conjunto com os filhos, como um núcleo. Por isso compartilho esta coleção, Aprender para Crescer, com todos os pais que dividem seus horários entre visitas ao pediatra e partidas de futebol e também a todas as mães que compreendem os carinhos e laços invisíveis – inclusive os da alma. Este compêndio de experiências, testemunhos, confissões e recomendações enaltece as vozes dos especialistas, orientadores, professores, mães e pais que provêm curiosamente de diversos caminhos, mas, porque traçam a vida assim, estão entre cruzes e sob pontes para tomarem fôlego e estenderem a mão. Que este seja o propósito de nossa paternidade: segurar com disciplina, amor, diversão, cautela e liberdade as mãos de nossos filhos e permitir que continuem caminhando para serem não apenas os melhores exemplos, mas também sólidos e eternos encontros. Meu filho tem déficit de atenção baseia-se nos testemunhos de pais cúmplices que atravessaram ou atravessam noites de insônia tentando decifrar as atitudes, impulsos e até infelicidades de seus filhos que padecem do transtorno, ao mesmo tempo em que tentam não perder a cabeça nem deixar de realizar o resto das atividades do dia a dia. Neste livro, você pode encontrar, se não a solução para seus problemas, uma visão real e alternativa sobre um transtorno cada vez mais presente na vida de tantas crianças e suas famílias.

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Introdução

Os livros sobre criação infantil afirmam que as crianças preci-

sam ser queridas, respeitadas e até aplaudidas pelo que são, não pelo que fazem. Acho que nenhum pai duvida disso, mas quando se tem em casa um filho com déficit de atenção – com hiperatividade –, os reconhecimentos e aplausos desaparecem, dando lugar à frustração, ao mal-estar, à irritação e, sobretudo, à culpa. O que estou fazendo de errado para que minha filha seja tão preguiçosa na escola? Que fiz de errado para que meu filho não me respeite? Os avanços na pedagogia e na psicologia ensinaram a muitos pais, inclusive a mim, a importância de aceitar os filhos como são. No entanto, é doloroso criar uma criança que não sabe quem é, o que acontece ou os motivos pelos quais é rejeitada até mesmo por seus pais. Apesar de todos os avanços da ciência, não há uma prova que garanta que ela sofra de déficit de atenção nem uma medicação que diminua a intensidade dos sintomas. Para escrever este livro, reuni os testemunhos de muitas famílias com um membro que sofre de TDA (Transtorno por Déficit de Atenção). Às vezes é algum dos filhos, mas, em outras, a mãe ou

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o pai padece do transtorno e seus filhos receberam essa herança. No entanto, todas e cada uma das experiências é comovente – do garoto expulso de quatro escolas em menos de dois anos ao adolescente cujas reações temerárias o deixaram à beira da morte em três ocasiões. Como pais com filhos que sofrem de TDA, nós nos sentimos mal e, embora saibamos que não somos culpados, repreende­mo-nos em silêncio por criá-los “da maneira errada”. Esta obra não procura torturar ninguém com relatos dolorosos, e sim dividir experiências de crianças que têm esse transtorno e lembrar aos pais que seus filhos não estão sozinhos. Muitas pessoas, inclusive eu, estão na mesma situação. O mais importante é nos solidarizar e enfrentar o desafio apresentado pela educação e formação de crianças com TDA. Vamos nos armar com paciência e amor e ver as coisas em perspectiva. Com o passar dos anos, esses filhos poderão usar uma agenda e um laptop e não deixarão ninguém esperando por esquecimento nem terão de fazer apresentações memorizadas na universidade. Seus colegas os apoiarão e amarão como são, e nós, seus pais, lembraremos, talvez com saudade, daquelas tardes nas quais era impossível fazer História ou Geografia entrar em suas cabeças. A forma como essas crianças enfrentarão o futuro depende de como abordamos o presente com elas. Por isso, nada de gritos, ofensas, reprimendas nem palmadas. Por enquanto, é o que digo a mim mesma todas as manhãs antes de acordar meu filho, que sofre de TDA. Às vezes as coisas não saem bem e, com a chegada do dia, começam os gritos e as ameaças, mas não desisto de tentar.

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1 O que acontece com meu filho?

Quando começaram as queixas e as notas baixas na escola, achei que os professores estavam exagerando. “A professora dele é detestável e intolerante”, dizia a meu marido. O caderno de lição de casa de Daniel parecia, na verdade, uma caderneta de recriminações. O primeiro ano do Ensino Fundamental havia se tornado um tormento para mim. Não lembro quantas vezes fui conversar com o diretor, mas cada vez que ia e escutava as reclamações das professoras, tinha certeza de que elas falavam de outro menino. “Seu filho rabisca o caderno dos outros, se enfia embaixo da carteira e corta o cadarço dos colegas com tesoura, ou se joga no chão e grita. Uma vez, no meio da aula, virou as costas para a professora e subiu na carteira do colega de trás”, e assim seguia o rosário de lamentações. A verdadeira confusão começou quando, depois de toda essa saraivada de reclamações, revisamos os exercícios, as provas e as qualificações do garoto: eram excelentes. Ele era um dos primeiros da classe em inglês e em espanhol.

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Durante a pré-escola não foi um menino inquieto, mas sim exageradamente tímido e pouco sociável. Até a diretora da pré-escola me disse uma vez: “Vamos comemorar o dia em que advertirem seu filho por mau comportamento”. Para os outros, Daniel comportava-se extremamente bem; talvez por isso eu não tenha acreditado quando passou para o Ensino Fundamental e as queixas começaram. Em casa, era tranquilo. Podia ficar sentado brincando sozinho sem causar problemas, ou passar mais de uma hora montando um quebra-cabeça ou lendo seus livros sobre aviões. No entanto, tinha várias características que chamavam muito a atenção, porque o diferenciavam das outras crianças. Na verdade, minhas expectativas com relação a meu filho foram de encontro à realidade pela primeira vez quando ele ainda era muito pequeno. Tinha 1 ano, era alto e muito magro, pra­ticamente não sorria para ninguém e detestava que sua mãe emocionada e moderna o levasse todos os sábados à aula de estimulação antecipada. Lembro que todos os bebês, exceto ele, gostavam dos movimentos, dos colchões, da música, das cores e das brincadeiras. Daniel sempre estava sisudo e negava-se a cantar ou a engatinhar com as outras crianças. É claro que era o assunto das outras mães, que se empolgavam com o progresso de seus bebês graças ao apoio da estimulação antecipada e, sempre com muita delicadeza, perguntavam o que acontecia com meu filho. Um dia, até o marido de uma amiga me ligou para perguntar se já tínhamos pensado na possibilidade de levar o menino ao terapeuta, porque ele percebia que “tinha problemas”.

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O que acontece com meu filho?

O tempo foi passando e me dei conta de que o menino, de apenas 4 anos, não era o que eu queria: não gostava de atividades motoras, não era gordo nem forte, e sim o contrário; não dava beijos, não participava da aula de música na pré-escola, era sério demais para sua idade e não falava de nada com ninguém. Às vezes, temos menos fé na capacidade de desenvolvimento de nossos filhos do que na das plantas. Esquecemos que o que impulsiona o crescimento está dentro de cada criança. Corkille

Especialistas garantem que as crianças são muito sociáveis antes dos 5 anos. “Aos 4 anos, a criança é capaz de dar um salto para frente. Mostra espírito aventureiro favorecido porque sua destreza muscular é maior, além de um grande progresso social: quase não brinca sozinha e procura outras crianças, mas em grupos pequenos, de duas ou três”, indica Zalman J. Bronfman em seu Guía para padres (Guia para pais). Meu filho não era assim: não correspondia às minhas expectativas nem era o que os livros me diziam que deveria ser. Por causa do comportamento problemático de Daniel e de sua falta de coordenação motora, a escola recomendou que eu o matriculasse em aulas de natação ou o levasse a alguma terapia de motricidade, pois seus movimentos eram muito desajeitados. Como não somos lerdos nem preguiçosos, meu esposo Guiller­mo e eu fizemos as duas coisas: nós o colocamos na aula de natação durante meia hora diariamente, e em uma terapia de

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psicomotricidade uma vez por semana para estimular seu desenvolvimento e corrigir suas dificuldades físicas. Por dois anos, essa foi a rotina do garoto. No entanto, as coisas não melhoravam como nós, seus esperançosos pais, desejávamos. Além disso, ele tinha se tornado muito agressivo, intolerante e desafiador. “O que acontece com meu filho?”, eu me perguntava todos os dias assim que acordava. “Existe alguma coisa em Daniel que me preocupa, mas não sei o que é. Devemos procurar ajuda”, Guillermo falava. Uma noite, depois de meses de angústia e de perceber que estávamos presos em um círculo vicioso de gritos, reclamações e agressões infantis, meu esposo disse-me que conversaria com um psiquiatra infantil. “Eu me recuso terminantemente a fazer isso. Daniel não está louco nem tem mais problemas do que os que a escola inventa e você acredita”, respondi, furiosa. “Não conte comigo.” Aos poucos, pediu novamente para irmos por uma opor­ tunidade ao garoto, que pensava em seu benefício e não nos meus preconceitos. Finalmente aceitei, fomos e o médico, um psiquiatra infantil, explicou no que consistiria a terapia. Disse que não podia nos dar nenhum diagnóstico, porque nem conhecia o menino, mas que devíamos preencher uma série de questionários e pedir que a escola preenchesse outros. E assim fizemos: entregamos o que tinha sido exigido e, dias depois, levamos Daniel. Viu o menino por cinco ou seis sessões e nos deu o diagnóstico: “Ele tem déficit de atenção e depressão

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O que acontece com meu filho?

infantil. Devemos fazer um eletroencefalograma para descartar qualquer outro problema. Além disso, esse exame dará alguns dados sobre o funcionamento elétrico do cérebro e nos permitirá ter certeza de que não sofre de algo mais”. Assustados, mas convencidos de que era necessário seguir suas instruções, colocamos as mãos à obra, e nossa difícil peregrinação pelo intrincado labirinto do TDA começou. Frequentemente, é na escola que aparecem, pela primeira vez, as características do déficit de atenção, já que o ambiente escolar exige habilidades que as crianças com esse transtorno dificilmente têm: por exemplo, é complicado para elas prestar a devida atenção a uma tarefa, esperar sua vez e permanecer sentadas.

Antes dos 5 anos, as crianças começam a demonstrar habilidades para se socializar e interagir com outras pessoas

No Ensino Fundamental exige-se que a criança se concentre muito mais do que antes; por isso, na maioria dos casos os sintomas começam a se manifestar nessa fase. Os professores podem indicar que a criança é inquieta, frequentemente está fora de seu lugar na sala de aula, fala muito e interrompe constantemente. Em geral, olha para outra direção em vez de olhar para o professor ou para a lousa, é autoritária, incomoda seus colegas e age de forma inconsistente. Laura Castro, mãe de Patricio, de 10 anos, e de Marisa, de 8, narra o seguinte:

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Meu filho tem déficit de atenção

Lembro que um dia cheguei para buscar meu filho e uma senhora me disse: “Estão procurando por você”. Quem?, perguntei. “A mãe de um colega de seu filho, que já está cansada de tanto ele o incomodar. Chegou muito aborrecida, perguntando se alguma de nós era a mãe de Patricio Castro.” Comecei a tremer de raiva e impotência. Quanto um menino podia incomodar o outro a ponto de sua mãe se mostrar tão contrariada? Ainda não sabia que meu filho, no segundo ano do Ensino Fundamental, tinha déficit de atenção, mas nesse ano ele demonstrou as manifestações mais claras do problema: hiperatividade, agressividade, impulsividade e uma total falta de atenção.

Como pais, é dolorido reconhecer, quanto mais aceitar, que nossos filhos têm alguma deficiência. Não poderia ser diferente: depositamos neles sonhos, esperanças e a ideia fixa de que “sejam os melhores, sejam o que não fomos”. Quantos não sonhamos que nossos filhos fossem jogadores de futebol ou grandes nadadores? E o que dizer de nossas filhas? Nós as imaginamos ocupando os primeiros lugares, sendo as estrelas de todos os festivais e, além disso, sempre obedientes, caladas, sérias e muito bem educadas. Não é surpreendente que os pais peçam perfeição a seus filhos. Educá-los é um grande investimento pragmático e narcisista. Todos os pais esperam uma compensação e tal compensação tem a ver com o comportamento dos filhos. Leach

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Às vezes custa-nos acreditar que nosso filho pode ser diferente. Nem melhor nem pior. Simplesmente diferente. Muitas dúvidas surgem: o que há de errado? Por que meu filho não consegue socializar como seus colegas? Por que, apesar de não procurar companhia, ele causa tanto alvoroço ao seu redor? Nem sempre pensamos que nosso filho pode precisar de ajuda médica, que diagnostique o problema e indique um tratamento adequado.

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Atualmente, milhares de crianças no mundo com problemas de atenção e comportamento sofrem com maus-tratos emocionais a que são submetidas por seus colegas, professores e até mesmo sua família. A autoestima de uma criança com déficit de atenção (TDA) é nula, já que ela é tratada de forma diferente e se vê como alguém diferente. Neste livro você encontrará depoimentos de pais de crianças com esse transtorno, que é causado por uma deficiência na química de seu cérebro, mas também encontrará consolo, explicações médicas e alternativas para tolerar essa relação, que pode causar bastante frustração.

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ISBN 13 978-85-221-1591-4 ISBN 10 85-221-1591-5

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