Dicionário de ingredientes para cosmética e cuidados da pele - Tradução da 3ª ed. norte-americana

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Editora Senac São Paulo ISBN 13 – 978-85-7359-982-4 ISBN 10 – 85-7359-982-0

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Dicionário de

ingredientes para

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Os ingredientes utilizados em cosméticos ainda são um mistério para a maioria dos consumidores e para muitos profissionais que trabalham com os cuidados da pele. Isso aumenta as preocupações, tendo em vista a rapidez com que novos ingredientes e conceitos surgem no mercado. Este dicionário ajudará os profissionais e consumidores de cosméticos a entender os nomes difíceis dos produtos, as regulamentações e as práticas de identificação e rotulagem da indústria cosmética. As pessoas querem saber o que esperar do produto que estão usando. O objetivo deste livro é fornecer a elas as ferramentas necessárias para obter esse conhecimento.

Dicionário de ingredientes para cosmética e cuidados da pele

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Natalia Michalun é especialista e educadora internacional na área de dermocosmética. Ministra palestras a profissionais de estética e médicos em mais de 35 países e é reconhecida por seu profundo conhecimento e habilidade em compartilhar conceitos complexos de cuidados com a pele de modo claro e preciso. Formada em Química pela Universidade de Buenos Aires, Argentina, Natalia foi membro do Conselho da Associação Europeia de Cosméticos (Colipa) da União Europeia e do Conselho de Cosmetologia do Estado da Califórnia. Em 1980, fundou a primeira escola de estética avançada no norte da Califórnia, além de possuir um dos maiores salões de beleza da região.

Outras obras

N. Michalun e M. V. Michalun

M. Varinia Michalun é especialista em marketing internacional de cosméticos e desenvolvimento de novos produtos e ministra palestras sobre ingredientes cosméticos e o uso de produtos a profissionais nos Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e França. Escreve artigos para periódicos do setor industrial e fornece expertise a jornalistas da área de beleza.

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Curso básico de massagem – Um guia para técnicas de massagem sueca, shiatsu e reflexologia Milady® Mark F. Beck Shelley Hess Erica Miller Spas e salões de beleza – Terapias passo a passo Milady® Sandra Alexcae Moren

EDITORA SENAC SÃO PAULO Beleza sem cirurgia: tudo o que você pode fazer para adiar a plástica Monica Martinez Patrícia Rittes As idades da pele: orientação e prevenção Shirlei Borelli Maquiagem Duda Molinos Conheça outra coedição da Cengage Learning com a Editora Senac São Paulo:

Editora Cengage Learning ISBN 13 – 978-85-221-0891-6 ISBN 10 – 85-221-0891-9

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Cortes de cabelo – Técnicas e modelagem Milady® Revisão técnica e adaptação de Rodrigo Cintra

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Dicionário de ingredientes de produtos para cuidados com o cabelo John Halal


Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Michalun, Natalia Dicionário de ingredientes para cosmética e cuidados da pele/Natalia Michalun e M. Varinia Michalun; tradução Mauro Silva; revisão técnica Maria Cecília Beltrami. -- São Paulo: Cengage Learning: Editora Senac São Paulo, 2010. Título original: Milady’s skin care and cosmetic ingredients dictionary. ISBN 978-85-221-1833-5 1. Cosméticos - Dicionários 2. Pele - Cuidados e higiene I. Michalun, M. Varinia. II. Beltrami, Maria Cecília. III. Título.

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Índice para catálogo sistemático: 1. Cosméticos: Dicionários 668.5503

CDD-668.5503


Dicionário de ingredientes para cosmética e cuidados da pele Tradução da 3a edição norte-americana

Natalia Michalun e

M. Varinia Michalun Tradução Mauro Silva Revisão Técnica Maria Cecília Beltrami

Membro da Comissão Técnica de Cosméticos (CTCOS) do Conselho Regional de Química (CRQ – 4a Região)


Dicionário de ingredientes para cosmética e cuidados da pele – Tradução da 3a edição norte-americana Natalia Michalun e M. Varinia Michalun Gerente Editorial: Patricia La Rosa Editora de Desenvolvimento: Gisela Carnicelli Supervisora de Produção Editorial: Fabiana Alencar Albuquerque Título Original: Milady’s Skin Care and Cosmetic Ingredients Dictionary (ISBN 13: 978-1-4354-8020-9; ISBN-10: 1-4354-8020-1) Tradução: Mauro Silva Revisão Técnica: Maria Cecília Beltrami Copidesque: Mariana Gonzalez

© 2010, 2001, 1993 Milady, parte da Cengage Learning © 2011 Cengage Learning Edições Ltda. © 2010 Editora Senac São Paulo Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, sejam quais forem os meios empregados, sem a permissão, por escrito, das editoras. Aos infratores aplicam-se as sanções previstas nos artigos 102, 104, 106 e 107 da Lei no 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

Para informações sobre nossos produtos, entre em contato pelo telefone 0800 11 19 39 Para permissão de uso de material desta obra, envie seu pedido para direitosautorais@cengage.com

Revisão: Daniele Fátima e Carol Tuska Yamamoto Diagramação: Alfredo Carracedo Castillo Capa: Absoluta Publicidade e Design

© 2011 Cengage Learning. Todos os direitos reservados. ISBN-10: 85-221-1833-7 ISBN-13: 978-85-221-1833-5

Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional: Abram Szajman Diretor do Departamento Regional: Luiz Francisco de A. Salgado Superintendente Universitário e de Desenvolvimento: Luiz Carlos Dourado Editora Senac São Paulo Conselho Editorial: Luiz Francisco de A. Salgado Luiz Carlos Dourado Darcio Sayad Maia Lucila Mara Sbrana Sciotti Marcus Vinicius Barili Alves Editor: Marcus Vinicius Barili Alves Coordenação de Prospecção e Produção Editorial: Isabel M. M. Alexandre Supervisão de Produção Editorial: Pedro Barros Gerência Comercial: Marcus Vinicius Barili Alves Supervisão de Vendas: Rubens Gonçalves Folha Coordenação Administrativa: Carlos Alberto Alves

Impresso no Brasil. Printed in Brazil. 12345 15 14 13 12 11

Cengage Learning Condomínio E-Business Park Rua Werner Siemens, 111 – Prédio 11 Torre A – Conjunto 12 – Lapa de Baixo CEP 05069-900 – São Paulo – SP Tel.: (11) 3665-9900 – Fax: (11) 3665-9901 SAC: 0800 11 19 39 Para suas soluções de curso e aprendizado, visite www.cengage.com.br Editora Senac São Paulo Rua Rui Barbosa, 377 – 1o andar Bela Vista – CEP 01326-010 Caixa Postal 1120 – CEP 01032-970 – São Paulo – SP Tel. (11) 2187-4450 – Fax (11) 2187-4486 E-mail: editora@sp.senac.br Home page: http://www.editorasenacsp.com.br


Dedicatória Aos esteticistas que, com grande dedicação e sinceridade, se esforçam para ajudar seus clientes a ter e manter uma pele saudável e mais bonita.

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Sobre a revisora técnica Maria Cecília Beltrami formou-se em Química Industrial pelas Faculdades Oswaldo Cruz e é pós-graduada em Administração de Marketing pela Funda­ ção Armando Álvares Penteado (Faap). Atuou mais de 20 anos em indústrias farmacêuticas nacionais e internacionais, e possui sólida vivência na área de gestão de qualidade, envolvendo legislação sanitária para insumos e produto acabado. É membro da Comissão Técnica de Cosméticos (CTCOS) do Conselho Regio­nal de Química – 4a Região (CRQ4) e está à frente da Consultoria Beltrami, empresa de prestação de serviços na área de gestão de qualidade e desenvolvimento de projetos de melhoria contínua, visando a atender as demandas dos setores farmacêutico, cosmético, alimentício e de insumos.

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Sumário Prefácio........................................................................................................................ ix

PARTE I: A pele............................................................................................................ 1 Capítulo 1: Fisiologia da pele....................................................................................... 7 Capítulo 2: Penetração do produto............................................................................ 23 Capítulo 3: Tipos e condições de pele......................................................................... 31 Capítulo 4: Definição de termos................................................................................. 47

PARTE II: Ingredientes para produtos........................................................................ 79

PARTE III: Apêndice: nomes latinos em botânica..................................................... 347

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Aviso aos leitores As editoras não asseguram nem garantem nenhum dos produtos aqui descritos, assim como não realizam análises independentes associadas a informações sobre produtos contidas neste livro. As editoras não assumem, assim como renunciam expressamente, qualquer obrigação de obter e incluir informações que não sejam aquelas fornecidas às editoras pelo fabricante. O leitor fica expressamente advertido de que deve considerar e adotar todas as precauções quanto à segurança, que possam ser indicadas neste livro, assim como deve evitar todos os perigos em potencial. Ao seguir as instruções aqui contidas, o leitor assume, por sua vontade, todos os riscos associados a tais instruções. As editoras não fazem representações nem garantias de qualquer espécie, incluindo, mas não se limitando, as garantias de adequação a qualquer propósito específico ou à comercialização. Além disso, tais representações não estão implícitas com relação ao material aqui apresentado, e as editoras não assumem nenhuma responsabilidade referente a tal material. As editoras não se responsabilizam, também, por nenhum possível dano especial, exemplar ou que ocorrer como consequência, parcial ou totalmente, do uso ou da dependência, por parte pelos leitores, deste material.

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Prefácio Este livro representa um longo caminho percorrido. No entanto, a motivação que nos fez escrever o dicionário continua até hoje. Os ingredientes utilizados em cosméticos ainda são um mistério para a maioria dos consumidores e para muitos profissionais que trabalham com os cuidados da pele. Isso aumenta as preocupações, tendo em vista a rapidez com que novos ingredientes e conceitos surgem no mercado – sem mencionar a quantidade. Os consumidores de cosméticos querem entender os nomes difíceis dos produtos, as regulamentações do governo e as práticas de identificação e rotulagem da indústria cosmética. Consumidores e profissionais, porém, estão cada vez mais bem informados para avaliar esses produtos e passam a prestar atenção nos ingredientes. As pessoas querem saber (e com razão) o que esperar do produto que estão usando. Se ninguém pode lhes dar uma resposta satisfatória, vão procurá-la elas mesmas. O objetivo deste livro é fornecer ao leitor as ferramentas necessárias para obter esse conhecimento. Sempre acreditamos que o valor dos ingredientes está na interação com a pele ou na interação entre eles para que a formulação seja eficaz. Sendo assim, para melhor entender o desempenho do produto, este livro traz uma pequena seção sobre fisiologia e teoria dos cuidados com a pele. Mas, por favor, isso é um dicionário, e não um manual de cosmética. A seção que trata dos cuidados com a pele serve para ajudar na compreensão geral e não deve sobrepor-se ao principal objetivo do livro. Se este dicionário for lido do começo ao fim, algumas informações parecerão repetitivas, especialmente nos capítulos iniciais. Essa repetição é proposital, pois acreditamos que os leitores irão procurar informações ou definições específicas, e queremos que encontrem informações detalhadas em cada tópico. Finalmente, o Capítulo 4, no qual a definição dos termos quase sempre mostra como um item se relaciona com a formulação e com a pele. Não fornece definições técnicas, que consideramos uma questão à parte. Utilizamos fontes de informações norte-americanas e europeias. Somos gratos a todas elas, mas são muitas para serem mencionadas individualmente. Desejamos expressar nosso especial agradecimento ao sr. Joe DiNardo, que, como sempre e com infinita paciência, ajudou-nos a entender os ingredientes mais novos e as nuances das formulações. Nossos quatro revisores foram valiosos, e queremos expressar os mais sinceros agradecimentos por seus esforços. Foi um trabalho

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extremamente cuidadoso, lendo cada página e fazendo comentários e observações úteis, que frequentemente nos levou a refinar alguns conceitos e/ou revisar verbetes, tornando-os mais precisos e claros. Com isso, esta edição ficou bem melhor. Finalmente agradecemos a Martine Edwards e Philip Mandl, da Cengage Learning, pela generosa compreensão dos fatores pessoais que adiaram, por vários meses, a conclusão desta edição. Esperamos que este livro forneça respostas às muitas perguntas de esteticistas e consumidores a respeito de ingredientes utilizados em cosméticos.

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PARTE I

A pele

Introdução Sem a pele humana, os produtos cosméticos não fazem nenhum sentido. Seu valor, eficácia, função, virtude e seus problemas são válidos apenas dentro da estrutura da pele, que devem embelezar e realçar. Para que os cosméticos, especialmente os produtos utilizados nos cuidados com a pele, tenham algum valor, é importante entender como eles atuam na pele, qual função ou funções desempenham, quais problemas resolvem e como a pele pode reagir a eles. Sem essa compreensão, o uso de cosméticos para cuidados com a pele continua sendo um mistério, para alguns traduzido em “esperança em um frasco”, para outros a “solução mágica” para diversos problemas da pele. O primeiro passo para resolver o mistério da ação desses produtos é fazer duas perguntas básicas: “o que são cosméticos?” e “o que eles podem fazer?” A rigor, cosméticos são produtos que permanecem na superfície da pele. Em uma definição menos rigorosa, cosméticos para cuidados com a pele são aqueles produtos que penetram na camada superior da pele, mas não alcançam a derme e não são absorvidos pelos capilares sanguíneos. Produtos que penetram na camada dérmica e são absorvidos pelo sistema capilar recebem a classificação de farmacêuticos, e estão sujeitos às exigências de segurança da Food and Drug Administration (FDA).1 No sentido mais estrito, produtos cosméticos são formulados para o embelezamento da pele e não devem alegar qualquer tipo de ação semelhante à de um fármaco.

1. No Brasil, a agência reguladora com funções semelhantes às da FDA é a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

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A definição original de cosméticos foi estabelecida em 1938, quando se acreditava que a pele fosse quase impermeável. Embora essa definição ainda seja legalmente aplicável, agora há conhecimento muito mais profundo sobre a fisiologia da pele, seus componentes químicos e a relação entre a estrutura e a química da pele e os ingredientes utilizados em cosméticos. Não há mais dúvidas de que um grande número de ingredientes possui a capacidade de penetrar na pele e oferecer algum tipo de benefício. Embora o rápido avanço desse conhecimento tenha beneficiado aqueles que, por exemplo, sofrem de acne e hiperpigmentação, as maiores conquistas foram no combate ao envelhecimento. Também equilibrou a ênfase no cuidado com a pele entre ingredientes e combinações de ingredientes que não apenas “corrigem”, mas também “evitam” a ocorrência de problemas e danos à pele. Sabe-se agora que a principal “prevenção” vem dos antioxidantes. São particularmente importantes como um meio de minimizar danos às células causados pelos radicais livres, ajudando assim a evitar seu envelhecimento. Os antioxidantes, portanto, são agora incorporados a um amplo espectro de produtos, de hidratantes a cremes para os olhos e produtos para a proteção contra o sol e pós-sol. Novos conhecimentos levaram ao desenvolvimento de novos cosméticos “high tech” (de alta tecnologia) e ao surgimento da categoria cosmecêutico – um termo que une “cosmético” a “farmacêutico”. Alguns fabricantes especializaram-se em cosmecêuticos, e os líderes da categoria em sua maior parte estão nos Estados Unidos. Eles tendem a patentear tecnologias específicas dos ingredientes, e frequentemente moléculas completas, bem como os seus nomes como marcas registradas, utilizando-as como temas de uma marca. Isso faz as companhias líderes no setor da cosmecêutica geralmente desenvolver, incorporar e utilizar suas próprias especialidades de ingredientes. A Food and Drug Administration (FDA) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), assim como a comunidade científica, não reconhecem o termo “cosmecêutico”. A indústria cosmética usa esta palavra para se referir a produtos cosméticos que tem um benefício medicinal ou como medicamento. O ato da Food, Drug and Cosmetic (FD&C) define medicamento como aqueles produtos que curam, tratam, diminuem ou previnem doenças ou que afetam a estrutura ou função do corpo humano. Enquanto os medicamentos são sujeitos a um processo de revisão e aprovação pela FDA, os produtos cosméticos não necessitam de aprovação pela FDA antes da sua venda ao consumidor. Se um produto tem propriedades de medicamento, deve ser aprovado como tal.

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Parte I: A pele

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A Anvisa define medicamento como produto farmacêutico tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. No Brasil, a Anvisa define produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes como preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de uso externo nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas, lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com o objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua aparência e/ou corrigir odores corporais e/ou protegê-los ou mantê-los em bom estado. Além disso, a Anvisa classifica os produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes em produtos grau 1 e grau 2, e os critérios para esta classificação foram definidos em função da probabilidade de ocorrência de efeitos não desejados devido ao uso inadequado do produto, sua formulação, finalidade de uso, áreas do corpo a que se destinam e cuidados a serem observados quando de sua utilização. Os produtos grau 1 são de higiene pessoal, cosméticos e perfumes cuja formu­lação cumpre com a definição adotada e caracterizam-se por possuir propriedades básicas ou elementares, cuja comprovação não seja inicialmente necessária e não requeiram informações detalhadas quanto ao seu modo de usar e suas restrições de uso, em razão de suas características intrínsecas. Os produtos grau 2 também são de higiene pessoal, cosméticos e perfumes, cuja formulação cumpre com a definição adotada e possuem indicações específicas, com características que exigem comprovação de segurança e/ou eficácia, bem como informações e cuidados, modo e restrições de uso. Os produtos cosméticos não podem ter indicação ou menções terapêuticas. A velocidade do desenvolvimento da tecnologia cosmética pode continuar aumentando com resultados agora difíceis de prever. A nanotecnologia é um exemplo. As principais empresas de cosméticos estão investindo pesado em pesquisa nessa área. Essa poderá ser a próxima “grande novidade” em cosméticos; no entanto, seu futuro ainda é incerto. Embora haja uma proliferação de ingredientes de “alta tecnologia” e uma expansão de novas categorias de cosméticos, tais como os cosmecêuticos, isto está sendo complementado por um aumento simultâneo na compreensão cientí­ fica dos produtos de origem botânica. À medida que os pesquisadores identifi­ cam com maior precisão os constituintes químicos individuais de produtos botânicos, ingredientes naturais com alvos mais específicos e mais sofisticados

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são incorporados aos cosméticos. Os carotenoides, por exemplo, são reconhecidos por seu grande número de componentes individuais, cada um com funções específicas. Químicos cosmetólogos também enfatizam o uso de flavonoides individuais, peptídeos, polifenóis e fitoestrógenos. Além disso, esses químicos estão combinando ingredientes naturais com ingredientes sintéticos, criando assim um conjunto maior de ingredientes para formulação. O resultado é que produtos formulados com ingredientes naturais representam um dos segmentos que mais crescem no mercado de cosméticos. O interesse do consumidor por cosméticos naturais e/ou orgânicos cresce junto a uma confusa terminologia de marketing. Esses cosméticos entram em categorias mal definidas e não regulamentadas, nas quais uma disposição de diferentes termos é utilizada para apresentar os benefícios do produto. Os consumidores facilmente se confundem em meio a nuances de termos como “natural”, “derivado de matérias-primas naturais”, “extratos de plantas naturais”, “orgânico” e “porcentagem de conteúdo orgânico no conteúdo total do material de origem botânica”. Por vezes, algumas afirmações parecem indicar que os consumidores devem procurar apenas produtos que sejam 100% naturais, se quiserem um cosmético puro ou algo de “melhor” qualidade. Na verdade, todos os “produtos naturais” contêm certa porcentagem de ingredientes sintéticos. Numa tentativa de diferenciação, alega-se que o produto “não contém conservantes”. Isso, porém, não é possível, pois a adição de conservantes em cosméticos é obrigatório por lei, por motivos de segurança e saúde. Talvez seja “sem parabeno”, mas isso não significa que o produto não tem conservantes, já que a fórmula poderá conter outros sistemas conservantes que não apresentem o mesmo e longo histórico de segurança dos parabenos. Mudanças significativas nas formulações cosméticas têm ocorrido desde o ano 2000. Pesquisadores das áreas dermatológica e química avançaram em seus conhecimentos de fisiologia e dos componentes químicos da pele, e como estes interagem com produtos químicos aplicados à pele na forma de cosméticos. O conceito de cosmecêutica expandiu-se e tornou-se ainda mais sofisticado e eficaz. Produtos à base de material botânico voltaram a ser valorizados e a ter credibilidade à medida que as formulações tornam-se cada vez mais sofisticadas em termos de tecnologia e resultados. Os filtros solares passam a ter mais proteção contra UVA e o PABA (para-aminobenzoic acid – ácido para-aminobenzoico) foi praticamente eliminado de todas as formulações. Ingredientes de origem animal agora são substituídos por equivalentes de origem botânica ou

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Parte I: A pele

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manufaturados sintéticos. Os antioxidantes são enfatizados como um meio de se evitar danos à pele e prevenir contra o envelhecimento. A nanotecnologia chega ocupando lugar de destaque na pesquisa e no desenvolvimento, e seu potencial ainda é desconhecido. Ninguém pode prometer solução para todos os problemas da pele, tampouco a “juventude eterna”. No entanto, a indústria de cosméticos avança continuamente em seu objetivo de melhorar a aparência e a saúde da pele, ao mesmo tempo que faz do “envelhecimento lento e suave” uma realidade possível e agradável. Os produtos cosméticos e a química por trás deles podem ser extremamente valiosos para a pele. Já que a meta é trazer-lhe benefícios, a fim de avaliar com propriedade as ações positivas ou os problemas potenciais dos produtos cosméticos e seus ingredientes, torna-se crucial entender como funciona a pele, como e por que um produto pode ou não penetrar nela, e quais cuidados podem requerer certos tipos e condições de pele. Assim, é impossível uma discussão significativa sobre ingredientes sem correlacionar o desempenho do produto com a função da pele. Nos capítulos seguintes apresentaremos um grande número de componentes químicos da pele e outros termos técnicos. O leitor também ficará familiarizado com a nova terminologia usada pelos químicos cosmetólogos, agora sendo incorporada às novas formulações de produtos. As definições de alguns desses termos aparecem no Capítulo 4.

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Capítulo 1

Fisiologia da pele

A pele é um órgão complexo e multifuncional, e que atrai muita atenção e pesquisa científica. A ciência está constantemente descobrindo os segredos da fisiologia da pele, das substâncias químicas ali presentes e suas interações. Esse conhecimento, por sua vez, aumenta a compreensão dos processos patológicos da pele e de seu envelhecimento. Os cientistas estão identificando cada um dos compostos químicos da pele, bem como as reações químicas e fisiológicas que aceleram o envelhecimento. Entendendo melhor esse processo, os laboratórios desenvolvem e incorporam novos ingredientes aos produtos cosméticos, podendo reduzir ou desacelerar o envelhecimento e outros problemas de pele, além de combatê-los e/ou corrigi-los. Um grande número de novos ingredientes para cosméticos tem sido incorporado nesses produtos nos últimos dez anos, e espera-se que isso continue em ritmo acelerado. Vários deles servem para retardar o processo de envelhecimento, rejuvenescer a pele, solucionar problemas e mesmo reduzir o risco de câncer de pele. Um melhor conhecimento de sua fisiologia permite elaborar formulações mais específicas e eficazes nos cuidados com a pele.

As funções da pele Sendo o maior órgão do corpo, a pele desempenha uma série de funções fundamentais que resultam de múltiplas reações químicas e físicas que ocorrem em seu interior. A pele é uma barreira que protege o corpo de elementos externos, de ferimentos e da oxidação. Também ajuda a manter a temperatura do corpo constante, fazendo-o adaptar-se às diferentes temperaturas e condições atmosféricas

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do ambiente por meio do controle da perda de umidade. A pele recebe informação sensorial, desempenhando um papel ativo no sistema imunológico ao proteger o corpo contra doenças. A fim de poder cumprir todas essas funções – protetora, metabólica, sensorial e imunológica – a pele deve manter suas próprias capacidades de autorreparação e integridade funcional. Os produtos cosméticos são muito importantes para a função protetora da pele. Filtros solares protegem contra a radiação UV e, portanto, contra o envelhecimento prematuro e o câncer de pele. Cremes e loções com efeito bactericida reduzem e/ou controlam a proliferação excessiva de bactérias na pele, um problema associado particularmente à pele oleosa, e uma das principais causas do desenvolvimento da acne. E, ao formar uma barreira invisível na superfície da pele, ingredientes hidratantes específicos podem ajudar a reduzir a perda de umidade, que resulta em desidratação. A pele também protege os órgãos internos contra a exposição ao oxigênio. Sem ela, esses órgãos rapidamente se oxidariam, assim como acontece com uma banana ou uma maçã descascada, quando seu interior fica exposto ao ar. Através da secreção de suor e sebo, a pele executa uma função excretória, eliminando várias substâncias nocivas resultantes de atividades metabólicas do intestino e do fígado. A pele também secreta hormônios e enzimas. Quando a composição química da pele não é compatível com determinado(s) ingrediente(s) de um produto, o resultado é uma sensibilidade geral a esse produto e mesmo reações alérgicas. O grande número de terminações nervosas na pele a torna sensível ao toque. Consequentemente, a pele é um órgão sensorial e ponto de percepção de frio, calor e dor. A pele desempenha funções imunológicas, principalmente através das células de Langerhans, que carregam antígenos da pele para o sistema linfático. O excesso de radiação UV destrói ou inibe o funcionamento das células de Langer­hans, aumentando o risco de câncer de pele. A pele tende a ser discutida e tratada como uma entidade separada; assim, essa íntima relação entre ela e o corpo geralmente é desprezada ou esquecida. Embora proteja o corpo de diversas maneiras, a pele e sua condição são governadas por várias funções corporais internas. Por exemplo, a oleosidade surge da hiperatividade de glândulas sebáceas. Problemas de pigmentação se devem à enzima tirosinase, e são regulados por funções hormonais. Dadas essas relações, para que a pele tenha uma boa aparência é preciso uma boa saúde geral,

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Capítulo 1 – Fisiologia da pele

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mediante nutrição, exercícios e descanso apropriados. Essa conexão também realça os problemas potenciais que podem ser causados por ingredientes que penetram profundamente na derme, se forem sistematicamente absorvidos pelo sistema capilar. Quando a pele funciona em perfeita harmonia, o resultado é uma cútis bela, radiante e saudável. Quando ela não está em harmonia devido à deterioração causada pela idade, sol, infecção bacteriana, hiperqueratinização ou simplesmente perda da umidade natural, os produtos cosméticos servem para ajudar a restaurar o equilíbrio e a beleza. Devem fazê-lo, porém, trabalhando em conjunto com a estrutura bastante complexa da pele.

Componentes e estrutura da pele A pele possui uma estrutura microanatômica bastante complexa. Além de milha­res de células cutâneas, em 2,5 cm2 de pele, que varia de 1 mm a 4 mm de espessura, existem cerca de 650 glândulas sudoríparas, 65 folículos pilosos, 17 metros de capilares, 71 metros de nervos, milhares de terminações nervosas, células de Merkel para percepção sensorial e células de Langerhans para proteção imunológica. A pele também contém melanócitos, células responsáveis pela produção de melanina, que lhe dão cor e pontos de pigmentação, ou sardas. Para se ter uma boa imagem, desenhe um quadrado de 2,5 cm e tente colocar ali dentro 650 pontos representando os poros sudoríparos. Depois pegue um carretel de linha, meça 17 metros e coloque dentro do quadrado. Se tiver dificuldade com 650 pontos e 17 metros de linha, imagine mais 1.300 terminações nervosas e 71 metros de nervos! Tudo isso pode ser encontrado em 2,5 cm2 de pele, aproximadamente a espessura de algumas folhas de papel empilhadas. A pele abriga uma variedade de glândulas, que são importantes não só por suas funções intrínsecas, mas também porque representam uma rota de entrada na pele para certos compostos químicos. Sua principal função é sintetizar substâncias que podem resfriar o corpo, proteger e aumentar a maleabilidade da pele, ou eliminar impurezas como elementos minerais ou colesterol. Entre elas estão as glândulas sebáceas e as duas glândulas sudoríparas: as écrinas e as apócrinas. As glândulas sebáceas estão ligadas ao mesmo ducto que contém o folículo piloso. São as responsáveis pela secreção de substâncias oleosas na pele e

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encontram-se acondicionadas em vesículas. Os ductos das glândulas sebáceas terminam na porção superior do folículo piloso. Geralmente há apenas uma glândula por folículo, mas em algumas partes existem mais, o que resulta em maior secreção de substâncias oleosas (sebo) nessa área. Essas glândulas são encontradas em quase todas as partes do corpo. A face e as costas contêm o maior número por centímetro quadrado, estando ausentes na palma das mãos e na sola dos pés. O sebo secretado pelas glândulas sebáceas lubrifica a pele e ajuda a impedir a evaporação da umidade; também possui propriedades fungicidas. A secreção excessiva está associada ao desenvolvimento da acne, enquanto uma secreção insuficiente torna a pele seca. As glândulas sudoríparas são abundantes em toda a pele. As glândulas écrinas são as mais numerosas. Seu ducto secretor termina como um poro diretamente na superfície da pele. Muito numerosas na sola dos pés e na palma das mãos, secretam um fluido transparente composto principalmente de água, ácido láti­co, ureia, toxinas e mesmo substâncias bactericidas. A principal função dessa secreção é resfriar o corpo e manter o equilíbrio térmico com o ambiente. As glândulas sudoríparas apócrinas situam-se nas axilas, pálpebras, região púbica e geni­tais. Ficam inativas até a puberdade, sendo estimuladas pelas emoções e pelo estresse. A excreção dessas glândulas é muito limitada; não ocorre diretamente na superfície da pele, mas primeiramente na parte superior do orifício pilossebáceo, e dali para a superfície da pele. A perspiração das glândulas apócrinas pode apresentar um odor desagradável devido a uma reação química entre a excreção, o oxigênio e as enzimas produzidas pela microflora do folículo piloso. É importante observar que sujeiras, impurezas e a asfixiação, ou grumos, que aparecem nos poros ocorrem no folículo piloso e são o resultado de uma mistura produzida por substâncias oleosas e corneócitos queratinizados presentes no folículo. Limpar a pele significa eliminar as impurezas desses poros. A perspiração (transpiração) não tem essa função. Pode ajudar a limpar a pequena abertura dos poros sudoríparos, mas não limpará o poro do folículo piloso – aquele através do qual são secretadas as substâncias oleosas. É comum esse equívoco por parte daqueles que pensam que as saunas ou a perspiração limpam a pele. A superfície da pele é ácida. Seu pH, também conhecido como manto protetor, é formado pela combinação de vários componentes. Na camada córnea, incluem o sebo naturalmente secretado e a perspiração (que contém ácido lático), bem como reações químicas que ocorrem na epiderme, gerando vários ácidos relativamente fortes e solúveis em água. Na camada córnea, o pH da pele varia

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de 4,4 a 5,6, dependendo do indivíduo e da parte do corpo. Também parece variar entre as etnias. À medida que se passa da camada córnea, na epiderme, para a derme, o nível do pH aumenta e torna-se neutro (pH 7,0). Esse processo ainda não é muito bem compreendido. A acidez da pele ajuda a manter sua força e coesão, a evitar infecções impedindo o crescimento de bactérias, e facilita a esfoliação de células mortas na superfície. Uma das principais razões por que os sabões – especialmente sabões adstringentes ou desinfectantes com pH alto – são prejudiciais à pele é porque esta necessita de um meio ácido para funcionar apropriadamente. Assim, após o uso de certos produtos para limpar a pele, é necessário aplicar uma loção balanceadora. Quando esses produtos para limpeza têm um pH neutro ou alcalino, o nível de acidez da pele precisa ser restaurado. Sem isso, a pele irá recuperar sua acidez em cerca de 20 minutos ou mais, dependendo do nível de desequilíbrio criado. Sensações como frio, calor, pressão, vibração e esticamento (tanto da pele quanto dos tendões), resultam em um fluxo de impulsos nervosos detectados e transmitidos ao cérebro por terminações nervosas encapsuladas. Todos esses componentes e ações são encontrados dentro das unidades básicas do tecido cutâneo, o qual se divide em três camadas.

As camadas da pele A pele é um conjunto de tecidos altamente especializado e complexo, dividido em três camadas: epiderme, derme e hipoderme, também conhecida como tela ou camada subcutânea (ver Figura 1.1). Há vários tipos diferentes de células na pele, e entre as mais importantes estão os queratinócitos, melanócitos, fibroblastos, as células imunocompetentes (células de Langerhans), células migratórias mononucleares e mastócitos. Além desses vários tipos, a pele também contém tecidos conectivos ricos em matriz extracelular (MEC), cujos componentes são responsáveis principalmente pela flexibilidade da pele – sua maleabilidade e elasticidade. Outras funções fisiologicamente importantes, como hidratação, regulação da temperatura e regulação da permeabilidade cutânea, dependem de células e componentes químicos específicos da MEC. Essas funções regulatórias estão intimamente ligadas à interação entre as células e substâncias químicas da pele

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Poro sudoríparo Haste pilosa

Papila dérmica Terminação nervosa sensorial tátil

Estrato córneo Estrato lúcido

Epiderme Estrato espinhoso Estrato basal

Estrato germinativo

Derme

Músculo eretor do pelo Glândula sebácea Tecido adiposo subcutâneo (hipoderme)

Folículo piloso Papila pilosa Fibra nervosa

Veia Artéria

Nervo Glândula sudorípara Corpúsculo de Paccini (ou corpúsculo lamelar)

Figura 1.1 – As camadas da pele

através de receptores especiais localizados na membrana celular. Esses receptores podem ser vistos como antenas que ajudam as células a se comunicar umas com as outras e com o ambiente. Também são capazes de se ligar a vários componentes químicos que passam entre as células. Entre essas substâncias estão certos ingredientes cosméticos (como o retinol) que interagem com as células e desempenham sua função terapêutica somente por receptores da célula. Alguns desses receptores cumprem importantes funções fisiológicas. Quando os receptores não funcionam apropriadamente, o desempenho fisiológico da pele pode ser prejudicado, acelerando danos ou a deterioração, como é o caso do envelhecimento. Embora o funcionamento dos receptores seja um conceito estudado com mais profundidade pela medicina e pelas ciências farmacêuticas, em cosmética o papel dos receptores para a eficácia do retinol já está bem estabelecido. A epiderme é a parte da pele visível a olho nu. É uma camada muito fina: sua espessura varia de 1,6 mm na sola do pé a 0,04 mm nas pálpebras. A epiderme contém diversos tipos de células, entre elas os queratinócitos, envolvidos em um constante processo de reprodução para substituir células esfoliadas; células

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de Langerhans para proteção imunológica; melanócitos para a coloração da pele; e células de Merkel, envolvidas na função do tato. É nessa camada da pele que os produtos são aplicados, e aquela com a qual um produto cosmético fica mais em contato e onde ocorrem a limpeza, a esfoliação, o aquecimento ou a hidratação. A segunda camada cutânea, a derme, encontra-se abaixo da epiderme e a ela está ligada pela membrana basal. A derme representa a parte mais importante da pele. É formada por tecidos conectivos, colágeno, elastina, folículos pilosos, glândulas sebáceas, glândulas sudoríparas (écrinas), vasos sanguíneos e nervos que transmitem sensações de dor, coceira e temperatura. Também existem células nervosas especializadas que transmitem as sensações de toque e pressão. A terceira camada cutânea, a hipoderme, é a mais profunda de todas. Consistindo principalmente de tecidos conectivos e gordurosos, a hipoderme é muito mais espessa que a derme. Sua espessura, todavia, depende da parte do corpo avaliada e da quantidade de gordura que o indivíduo possui. Essa camada é importante para a regulação da temperatura corporal. Para melhor entender o impacto que um produto cosmético pode ter na pele, é preciso examinar mais detalhadamente cada uma das camadas, incluindo sua composição e função.

A epiderme Entender a epiderme é extremamente importante para discutir a penetração do produto, a definição de ação cosmética versus ação farmacêutica de acordo com a FDA, e a eficácia do produto. A epiderme dá à pele seu brilho, juventude, textura e boa aparência. É responsável pela saúde da pele como um todo, protegendo-a da perda de umidade e da penetração de bactérias. Raios ultravioleta, acne, doenças visíveis da pele, fumaça de cigarro, poluição e câncer de pele, tudo isso afeta essa camada. Trata-se de um tecido metabolicamente ativo, que sintetiza os lipídeos e contém todos os componentes necessários para formar a camada protetora. Uma vez que a epiderme é a camada mais externa da pele, ela atua como uma barreira inicial ao ataque dos oxidantes. A epiderme apresenta uma capacidade protetora e antioxidante maior que a derme, pois abriga as vitaminas E e C e a superóxido dismutase, compostos essenciais que sequestram radicais livres. Essa camada também contém grandes quantidades de glicosaminoglicanos e ceramidas.

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A epiderme é ainda dividida em cinco subcamadas de células, todas metabolicamente muito ativas. Da superfície da pele até a derme, as cinco camadas são: 1. Camada córnea 2. Camada lúcida 3. Camada granulosa 4. Camada espinhosa 5. Camada germinativa As células epidérmicas são formadas na camada germinativa e migram para a camada córnea. Nesse processo de deslocamento, as células epidérmicas sofrem várias modificações químicas, passando de células protoplásmicas moles a “escamas” de superfície achatada facilmente destacáveis. A epiderme acumula uma grande quantidade de água. A camada germinativa é a que apresenta o maior conteúdo de água, com cerca de 80% do total. Cada camada subsequente possui menos água como porcentagem de sua composição química total, com a camada córnea contendo apenas entre 10% e 15%. A água é mantida no gel citoplásmico da célula e nos canais intercelulares (espaços entre as células). Quanto mais jovem o corpo, mais água a pele acumula. A capacidade da pele de reter água diminui com a idade, o que a torna mais vulnerável à desidratação e às rugas. A epiderme também é a primeira barreira contra agressores imunológicos, graças às células de Langerhans. Essas células dendríticas são formadas na medula óssea e migram para as camadas dérmica e epidérmica da pele. Uma vez concluída a migração, as células de Langerhans são tipicamente encontradas nas camadas mais inferiores da epiderme, compreendendo cerca de 5% da população total de células epidérmicas. Essas células engolfam corpos estranhos, carregando os invasores para o sistema linfático, onde serão processados e elimi­nados. As células de Langerhans são sensíveis à radiação ultravioleta e facilmente danificadas por raios UV. Mesmo pequenas exposições à radiação UV poderão danificar essas células o suficiente para reduzir sua capacidade imunológica. Com a idade, essas células também diminuem em quantidade, uma das razões do aumento da incidência de doenças da pele com o passar do tempo. Em uma pessoa jovem, leva aproximadamente 28 dias para que uma célula migre da camada germinativa para a camada córnea. Com o passar do tempo, a velocidade desse processo diminui significativamente. Estima-se que após os 50

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anos o mesmo processo leve cerca de 37 dias. Em termos de envelhecimento da pele, isso indica que a estimulação de suas funções, seja manualmente, por meio de massagem facial, seja pela atividade de produtos cosméticos, causaria melhoras no metabolismo celular. Os intervalos de tempo de 28 e 37 dias também são importantes quando se trata de sensibilidade da pele e do mau uso de esfoliações faciais. Uma célula leva 28 dias ou mais para chegar à superfície da pele, portanto estamos naturalmente esfoliando uma camada de células mortas por dia. Dependendo da aspereza do material, o uso de esfoliações pode remover mais camadas de células mortas da superfície do que seria apropriado, aumentando potencialmente a sensibilidade da pele. Além disso, o mau uso de esfoliações poderá exacerbar a atividade das glândulas sebáceas, intensificando assim a produção de substâncias oleosas, o oposto do que o usuário geralmente deseja obter. Camadas epidérmicas: O conhecimento das camadas epidérmicas nos permite compreender alguns dos problemas da desidratação, sensibilidade, envelhecimento e pigmentação, o que por sua vez ajuda a associar a eficácia do produto e do ingrediente às exigências da pele. As células das camadas germinativa, espinhosa, granulosa e lúcida são chamadas de queratinócitos e predominam na epiderme. A principal função da epiderme é gerar a camada superior, a camada córnea. Um sistema de formação de queratinócitos funcionando de modo inapropriado não pode gerar uma camada córnea cosmeticamente aceitável. Portanto, um importante fator para uma pele bonita parece ser o metabolismo apropriado dos queratinócitos, gerando assim uma camada córnea saudável. A importância está em proteger contra a perda de umidade e a penetração de bactérias e micróbios. A camada germinativa, também conhecida como camada basal, é onde as cé­ lulas se reproduzem por mitose: uma célula se divide em duas, idênticas entre si e à célula mãe. Após a subdivisão, uma célula permanece na camada basal e a outra é empurrada para as camadas mais externas, na direção da camada mucosa. Em peles jovens, a camada germinativa é a mais espessa da epiderme. Aqui as células são grandes e maleáveis, contendo uma alta porcentagem de água. À medida que as células se deslocam, começam a ser preenchidas com uma substância granular chamada queratina (daí o termo queratinócito). Os queratinócitos perdem água, ficam mais achatados e seu núcleo começa a degenerar. Eles secretam, nos espaços intercelulares, um “cimento” formado por lipídeos, colesterol, ácidos graxos saturados livres e ceramidas, aumentando a coesão entre as células e assim contribuindo para tornar a epiderme uma barreira eficaz.

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Natalia Michalun é especialista e educadora internacional na área de dermocosmética. Ministra palestras a profissionais de estética e médicos em mais de 35 países e é reconhecida por seu profundo conhecimento e habilidade em compartilhar conceitos complexos de cuidados com a pele de modo claro e preciso. Formada em Química pela Universidade de Buenos Aires, Argentina, Natalia foi membro do Conselho da Associação Europeia de Cosméticos (Colipa) da União Europeia e do Conselho de Cosmetologia do Estado da Califórnia. Em 1980, fundou a primeira escola de estética avançada no norte da Califórnia, além de possuir um dos maiores salões de beleza da região.

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M. Varinia Michalun é especialista em marketing internacional de cosméticos e desenvolvimento de novos produtos e ministra palestras sobre ingredientes cosméticos e o uso de produtos a profissionais nos Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e França. Escreve artigos para periódicos do setor industrial e fornece expertise a jornalistas da área de beleza.

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