Cultura Artística - Trio atos

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2015

Trio Atos


o ministério da cultura e a cultura artística apresentam

Qual o som do compromisso com a música? Trio Atos Annette von Hehn violino

Stefan Heinemeyer violoncelo

Thomas Hoppe piano

patrocínio

realização

O Credit Suisse também ouve atentamente, quando se trata de música clássica. É por isso que somos, com muito orgulho, patrocinadores da Sociedade de Cultura Artística.

credit-suisse.com/sponsoring

Ministério da

Cultura

gioconda bordon

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programa

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notas sobre o programa André Micheletti

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biografia

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SOCIEDADE DE CULTURA ARTÍSTICA DIRETORIA presidente

Pedro Herz diretores

Antonio Hermann D. Menezes de Azevedo Carlos Mendes Pinheiro Júnior Gioconda Bordon Fernando Carramaschi Fernando Lohmann Luiz Fernando Faria Ricardo Becker Rodolfo Villela Marino superintendente

Frederico Lohmann CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO presidente

Cláudio Sonder vice-presidente

Roberto Crissiuma Mesquita conselheiros

Carlos José Rauscher Francisco Mesquita Neto Gérard Loeb Henri Philippe Reichstul Henrique Meirelles Jayme Sverner Marcelo Kayath Milú Villela Pedro Herz Plínio José Marafon CONSELHO CONSULTIVO Alberto Jacobsberg Alfredo Rizkallah João Lara Mesquita José Zaragoza Mário Arthur Adler Patrícia Moraes Roberto Baumgart Salim Taufic Schahin Sylvia Pinho de Almeida Thomas Michael Lanz

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO — OSESP regente titular

Marin Alsop

coordenação editorial

Gioconda Bordon supervisão geral

Silvia Pedrosa edição

Marta Garcia

regente associado

Celso Antunes

(2012-2016)

50 ANOS DE UM SONHO

diretor artístico

Arthur Nestrovski FUNDAÇÃO ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO ORGANIZAÇÃO SOCIAL DE CULTURA presidente de honra

Fernando Henrique Cardoso presidente do conselho de administração

Fábio Colletti Barbosa

vice-presidente do conselho de administração

Heitor Martins

diretor executivo

Marcelo Lopes

superintendente

Fausto Augusto Marcucci Arruda marketing

Carlos Harasawa diretor Mauren Stieven Mônica Cássia Ferreira gerente Cristiano Gesualdo Fabiane de Oliveira Araújo Guilherme Vieira Larissa Baleeiro da Silva Regiane Sampaio Bezerra Vinicius Goy de Aro apoio a eventos

Felipe Lapa

O sucesso da estreia gerou grandes expectativas. A partir daí foram programados 12 concertos ao longo do ano, com entrada gratuita para estudantes de música — um dos objetivos da orquestra era justamente a formação de público.

departamento técnico

Karina Del Papa gerente Angela da Silva Sardinha Bianca Pereira dos Santos Carlos Eduardo Soares da Silva Ednilson de Campos Pinto Eliezio Ferreira de Araújo Erik Klaus Lima Gomides

Para o encerramento da temporada inaugural da Pró-Música de São Paulo foi feita uma encomenda ao compositor Camargo Guarnieri: um concerto para piano e orquestra, harpa e xilofone. A solista seria Anna Stella Schic. O desejo tão ardentemente acalentado realizou-se no dia 5 de novembro, com a apresentação da obra Seresta. A orquestra foi premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte como o melhor conjunto de câmara de 1965.

Douglas Alves de Almeida Edivaldo José da Silva sonorização

Andre Vitor de Andrade Fernando Vieira da Silva Mauro Santiago Gois Renato Faria Firmino montagem

Paulo Humberto Ludovico de Almeida

Reinaldo Roberto Santos

editoração eletrônica

controlador de acesso

assessoria de imprensa

indicadora

Floter & Schauff

Há cinquenta anos, em 30 de abril de 1965, a Cultura Artística promovia a mais empolgante estreia da história da sociedade: o primeiro concerto apresentando sua própria orquestra. Tudo aconteceu no ritmo acelerado dos sonhos mais intensos. Dois meses antes, o então secretário executivo da instituição, Roberto Soares de Almeida, coordenou a formação da Orquestra Pró-Música de São Paulo, um conjunto de câmara com 13 instrumentos: 4 primeiros violinos, 3 segundos violinos, 2 violas, 2 violoncelos, 1 contrabaixo e 1 contínuo. Sopros e percussão seriam contratados de maneira eventual. Os maestros Diogo Pacheco e Roberto Schnorrenberg se alternariam na direção. Tão logo o grupo foi escolhido e contratado, os ensaios começaram a poucos metros do Teatro Cultura Artística e do Teatro Municipal, na rua Major Quedinho, onde se situavam os estúdios de gravação da Rádio Eldorado, então funcionando dentro da sede do jornal O Estado de S. Paulo.

departamento de operações

projeto gráfico

Ludovico Desenho Gráfico

gioconda@culturaartistica.com.br

(2012-2016)

iluminação

PROGRAMA DE SALA — EXPEDIENTE

Gioconda Bordon

Sandro Marcello Sampaio de Miranda encarregado Mariana Neves encarregada realização Ministério da

Cultura

O projeto durou apenas um ano. Em 1966, a orquestra já não existia. Porém, os 12 concertos deixaram a marca inesquecível de um sonho transformado em realidade. E ainda o orgulho de termos a Seresta, de Camargo Guarnieri, como parte de nossa história. Bom concerto a todos!


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SÉRIE BRANCA Sala São Paulo, 26 de maio, terça-feira, 21h

SÉRIE AZUL Sala São Paulo, 27 de maio, quarta-feira, 21h

Trio Atos

Trio Atos

Annette von Hehn violino Stefan Heinemeyer violoncelo Thomas Hoppe piano

Annette von Hehn violino Stefan Heinemeyer violoncelo Thomas Hoppe piano

FRANZ JOSEPH HAYDN (1732-1809)

FRANZ JOSEPH HAYDN (1732-1809)

Trio em sol maior hob. XV:25 (Cigano)

c. 15’

c. 30’

Lento Maestoso Poco Adagio Andante Andante Moderato (Quasi Tempo di Marcia) Allegro Lento Maestoso

c. 15’

Trio n. 2 em dó menor op. 66

c. 30’

Allegro energico e con fuoco Andante espressivo Scherzo: Molto allegro quasi presto Finale: Allegro appassionato

intervalo

ANTONÍN DVORÁK (1841-1904)

intervalo

Trio n. 3 em fá menor op. 65

DMITRI SHOSTAKOVICH (1906-1975)

Trio n. 2 em mi menor op. 67

FELIX MENDELSSOHN-BARTHOLDY (1809-1847)

ANTONÍN DVORÁK (1841-1904)

Trio em mi menor op. 90 (Dumky)

Trio em lá maior hob. XV:9 Adagio Vivace

Andante Poco adagio, cantábile Rondo a l’Ongarese: Presto

c. 25’

Andante Allegro con brio Largo Allegretto

Os concertos serão precedidos de palestra de Irineu Franco Perpetuo, às 20h, no auditório do primeiro andar da Sala São Paulo. O conteúdo editorial dos programas da Temporada 2015 encontra-se disponível em nosso site uma semana antes dos respectivos concertos.

Allegro ma non troppo Allegretto grazioso. Meno mosso Poco adagio Finale: Allegro con brio

Programação sujeita a alterações. Siga a Cultura Artística no Facebook facebook.com/culturartistica

c. 35’


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NOTAS SOBRE O PROGRAMA André Micheletti

levadas pela mão direita do pianista. A textura, assim, modifica-se completamente.

FRANZ JOSEPH HAYDN (1732-1809)

Finalmente a terceira parte nos traz mais uma vez, como no andante, a parceria entre a mão direita do piano e o violino, que agora tem as quiálteras de volta na mão esquerda e a sustentação feita pelo violoncelo.

Chamado de Cigano devido ao seu último movimento (Rondo a l´ongarese: presto), um rondó cheio de humor que alude ao estilo cigano húngaro, este trio foi escrito em 1788, quando Haydn era compositor residente na corte do príncipe húngaro Nikolaus Eszterházy. Haydn escreveu 45 trios para violino, violoncelo e piano, mas este, de seu período tardio, é talvez o mais conhecido.

No rondó, Haydn permite-se ousadias que lembram muito o humor de seu quarteto em mi bemol maior, A brincadeira (The joke). O compositor alterna trocas rápidas entre arco e pizzicato na linha do violino, usa acentos em lugares inesperados e, com notas rápidas em uníssono entre violino e piano, transforma o final do trio em uma grande brincadeira, contrastando com a atmosfera criada pelos dois primeiros movimentos, de natureza mais introspectiva.

Trio em sol maior hob. XV:25 (Cigano)

Para Haydn o piano era o instrumento central da formação de um trio. No caso do Trio cigano, durante a maior parte do andante inicial o violino dobra a mão direita do piano, enquanto que ao violoncelo cabe fazer o mesmo em relação à mão esquerda do pianista. Procedimento comum nos trios do século XVIII, também foi utilizado por Mozart, em seus primeiros trios, e por Boccherini. Num primeiro momento essa prática parece facilitar a performance dos os instrumentistas, já que dividem uma linha melódica ou de acompanhamento, mas trata-se na verdade de um desafio para a afinação perfeita. No adagio as forças estão divididas em três partes distintas. No início do movimento, o piano nos apresenta o tema de forma delicada, sempre sustentado pelo violino e pelo violoncelo. Na parte central, o tema cabe ao violino: as quiálteras (ritmo fora da métrica usual) de acompanhamento, antes na mão esquerda do piano, agora servem de suporte ao solo do violino em uma região mais aguda,

ANTONÍN DVORÁK (1841-1904)

Trio em mi menor op. 90 (Dumky) Ao lado da Sinfonia do novo mundo, do Concerto para violoncelo em si menor e do Quarteto americano, o trio Dumky é provavelmente uma das obras mais conhecidas do compositor tcheco. A palavra dumky (plural de dumka) faz referência a um tipo de dança folclórica eslava, caracterizada pela alternância, por vezes abrupta, entre momentos lânguidos e momentos exuberantes. Dumka significa pensamento, mas na música de Dvorák seu sentido se aproxima mais do conceito de melancolia. Dessa forma, pode-se dizer que os seis movimentos deste trio foram concebidos em estilo melancólico. Assim como as Danças eslavas para orquestra sinfônica (1878), Dumky é fruto do interesse do compositor pela cultura popular de seu país.


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No romantismo a forma fixa mais comum em música era a forma-sonata, e pode-se dizer que pelo menos para os primeiros movimentos de suas obras Dvorák sempre fez uso dessa forma. Porém, no Dumky o compositor parece se distanciar um pouco dela. Muitos historiadores relacionam o termo dumka muito mais a um poema épico, o que justificaria o fato de os seis movimentos deste trio, compostos em tonalidades diferentes, constituírem peças praticamente independentes. A unidade, neste caso, se dá mais pela temática, pela atmosfera associada ao termo dumka — a melancolia que permeia todos os movimentos da obra — do que pelo uso da forma-sonata e sua tradicional estrutura composta de três ou quatro movimentos. Dvorák escreveu este trio em 1891, quando sua carreira já havia alcançado reconhecimento nacional e internacional. Na República Tcheca já havia sido nomeado professor do Conservatório de Praga para as cadeiras de composição e instrumentação e, no exterior, recebera, entre outras honrarias, o título de doutor honoris causa pelas Universidades de Cambridge, Inglaterra, e Viena, Áustria. A primeira apresentação desta obra ocorreu na ocasião em que Dvorák recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade de Praga. O pianista foi o próprio compositor, e dois de seus melhores amigos completaram o trio: Ferdinand Lachner (violino) e Hanus Wihan (violoncelo), para quem posteriormente Dvorák dedicou o seu Concerto em si menor. Pouco depois, o compositor se transferiu para os Estados Unidos e assumiu o posto de coordenador do Conservatório Nacional de Música da América.

resultado das críticas a sua ópera Lady Macbeth, considerada vanguardista, foi denunciado como subversivo pelo jornal comunista Pravda. Essa situação fez com que o compositor se aproximasse de alguns pensadores e intelectuais da época. Um deles era o historiador e polímata Ivan Sollerstinsky, que faleceu pouco antes de Shostakovich compor o seu Trio n. 2, em 1944. É a ele que o compositor dedica a obra. Este trio estreou em São Petesburgo, então Leningrado, em 1944. Os horrores da Segunda Guerra Mundial somados à ameaça constante de prisão e deportação estão claramente presentes na obra. O primeiro movimento, andante, é um verdadeiro desafio para o violoncelista, que deve lidar com uma série enorme de harmônicos artificiais. A entrada do violino causa espanto: há uma troca inusitada da textura, com o violoncelo muito mais agudo que o violino. As dissonâncias e o clima sombrio do início do movimento dão lugar a uma seção movida que lembra um fugato, porém essa seção nada mais é que o primeiro tema de uma forma-sonata. No segundo movimento, allegro con brio, parece não haver pausa para respirar. Aqui refletem-se claramente as inquietações do compositor: Shostakovich vivia a agonia constante de ser perseguido e acusado de subversão. O largo soa mais como uma procissão fúnebre. Os sete acordes na introdução do piano se repetem durante todo o movimento e fornecem a base para a melodia sombria do violino. A entrada do violoncelo reforça a impressão de dois personagens tristes diante de um cenário desolador.

DMITRI SHOSTAKOVICH (1906-1975)

Trio n. 2 em mi menor op. 67

Shostakovich ganhou renome internacional já em 1926, com sua primeira sinfonia, e se tornou uma celebridade. Porém, em 1936, como

Sem interrupção, o largo conecta-se ao último movimento, allegretto, com os pizzicatos do violino apresentando um tema judaico. Fragmentos dos outros três movimentos são retomados, muitas vezes em confronto com o tema judaico. Esse recurso confere, assim, unidade à obra.


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FRANZ JOSEPH HAYDN (1732-1809)

Trio em lá maior hob. XV:9

Do final do século XVII até meados do XVIII, era comum, nas sonatas barrocas para violino e contínuo, que houvesse duas ou mais forças para o acompanhamento. O mais usual era o cravo, porém, depois do ataque de uma ou mais notas, a perda sonora do cravo — instrumento de cordas pinçadas — era muito rápida. A solução encontrada foi usar um instrumento de corda friccionada, como o violoncelo, o violone ou o baixo de violino, para dobrar o cravo e fazer a sustentação das notas. O mais frequente desses instrumentos — e que sobrevive até hoje — era o violoncelo. Com o surgimento do forte-piano, na segunda metade do século XVIII, um novo gênero foi criado: a sonata para forte-piano e violino. Diferentemente da sonata barroca para violino e contínuo, aqui o instrumento central era o forte-piano. O violino, na maior parte do tempo, fazia o papel de preencher, sustentar o som. Na forma, o forte-piano era similar ao cravo, mas tinha mecânica diferente: suas cordas eram marteladas. Ainda assim, esse precursor do piano moderno não possuía nem grande volume nem grande sustentação sonora. Dessa forma, não demorou para que compositores do início do classicismo, como Haydn, voltassem à prática barroca de utilizar um instrumento de corda friccionada para dobrar a parte da mão esquerda do forte-piano. Logo o violino, além de sustentar a harmonia, começou a dobrar os solos da mão direita do forte-pianista: assim nasceram os primeiros trios para forte-piano, violino e violoncelo. Considerado tardio, o Trio em lá maior hob. XV:9 foi escrito em 1785. Nele vemos as partes de violino e violoncelo se emancipando do forte-piano. Isso é claro principalmente no primeiro movimento, adagio, onde por vezes o violino e o violoncelo estão pareados e o piano carrega um material solista (mão direita) e de acompanhamento (mão

esquerda) independentes. Já no segundo movimento, vivace, a prática dos primórdios do trio para piano é mais evidente, com alguns lampejos da futura emancipação de cada instrumento, como será comum nesse gênero algumas décadas mais tarde. FELIX MENDELSSOHN-BARTHOLDY (1809-1847)

Trio n. 2 em dó menor op. 66

De acordo com o célebre A history of western music, de Grout e Palisca, Mendelssohn foi um dos maiores compositores do romantismo alemão. Com clareza formal, uma técnica apurada de contraponto e a utilização de um idioma romântico genuíno, ele assimilou influências de Bach, Haendel, Mozart e Beethoven, além de manter diálogo com seus contemporâneos. Essas considerações ficam claramente exemplificadas em sua Canção sem palavras, na qual o compositor acreditava expressar sentimentos intraduzíveis em palavras, refletindo assim a filosofia que norteia a arte romântica. A família Mendelssohn, de origem judaica, valorizava muito a cultura. O avô do compositor, Moses, era um proeminente filósofo, e o irmão, Paul, mesmo não sendo profissional, se destacava como violoncelista. O próprio Felix foi um dos mais importantes pianistas de sua época. Os saraus na residência dos Mendelssohn eram frequentados por intelectuais e músicos profissionais, amigos próximos da família. Fazia parte desse círculo de amizades o violista e compositor Louis Spohr, a quem Mendelssohn dedica este trio, composto apenas dois anos antes de morrer prematuramente, aos 38 anos. Há indícios de que os irmãos — Felix ao piano e Paul ao violoncelo — fizeram a primeira apresentação desta obra em um encontro familiar, com Spohr ao violino.


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Os três primeiros movimentos fazem jus a seus títulos: o primeiro é de fato enérgico e fogoso, mesmo com o sutil pianíssimo do início; o segundo, cheio de lirismo, faz lembrar a já citada Canção sem palavras, e o terceiro, literalmente uma brincadeira, faz referência a um outro scherzo do compositor, o de Sonho de uma noite de verão. No fim da vida, Mendelssohn converteu-se ao cristianismo. Esse fato justifica o finale do trio, cujo tema é um coral calvinista, Vor deinen Thron tret ich hiermit, criado sob supervisão do próprio Calvino para a liturgia das igrejas reformadas de Genebra. O tema é conhecido por sua relação com o Salmo 100 e é entonado com as seguintes palavras: “Louvado seja o Senhor, de Quem todas as bênçãos emanam”. No final deste último movimento, é de se destacar também o uso da tonalidade maior. Mendelssohn tinha enorme interesse por musicologia e foi sabidamente um dos responsáveis pela redescoberta de Bach. Sendo assim, a picardia (terminar em tonalidade maior uma peça escrita em tonalidade menor) do movimento não nos surpreende. ANTONÍN DVORÁK (1841-1904)

Trio n. 3 em fá menor op. 65

Em 1883, Dvorák já era um compositor estabelecido: seis de suas nove sinfonias eram conhecidas do público e ele se expressava em um idioma particular, nacionalista (vide as primeiras Danças eslavas, de 1878). Este trio, escrito num prazo aproximado de seis semanas, marca, porém, o início de uma fase mais escura e dramática na obra do compositor. As razões para essa transformação são motivo de polêmica entre historiadores e musicólogos. Antes desse período de maturidade, a música de Dvorák, menos apurada, tinha como fonte a tradição eslava. Esse modelo teria sido gradualmente substituído por temas e

estilo mais universais devido à necessidade do compositor de agradar sua audiência vienense. Os que defendem essa tese justificam-na no fato de naquele momento reinar um sentimento político anti-tcheco na Áustria. Entretanto, muitos estudiosos creditam a adoção de um estilo mais sombrio à morte da mãe do compositor, em 1882, fato que muito marcou sua vida. O primeiro movimento, allegro ma non tropo, escrito em forma de sonata, é caracterizado pela grande disparidade entre seus dois temas: o primeiro enérgico e tempestuoso, o segundo, triste e lânguido. No segundo movimento, Dvorák conecta-se novamente à cultura tcheca, fazendo menção à dança eslava damka, forma adotada onze anos mais tarde na totalidade temática dos seis movimentos do seu trio Dumky. Atente-se para a estrutura deste movimento: ABA, ou seja, o material do início e do fim são os mesmos, em contraste com a parte central. O solo de violoncelo no início do poco adagio se aproxima de uma canção. Diálogos entre os dois instrumentos de corda encerram este movimento livremente composto, sem forma fixa. No último movimento, finale — allegro con brio, as síncopas são recorrentes, devido à forma rondó. Intercalados a esses momentos rítmicos surgem momentos mais líricos, que fazem lembrar os movimentos anteriores.

Mestre em violoncelo pela Northwestern University e doutor em violoncelo e música antiga pela Indiana University, André Micheletti é diretor artístico e coordenador pedagógico do Festival Internacional de Música Erudita de Piracicaba (Feimep) e membro da recém reestruturada Orquestra Sinfônica de Piracicaba, regida por Jamil Maluf. Coordenador pedagógico do Instituto Fukuda, atua na Bachiana Sesi Filarmônica e dá aulas na Escola Municipal de Música de São Paulo, no Instituto Baccarelli e nas faculdades Mozarteum e Cantareira.


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SAIBA MAIS A mais recente gravação do Trio Atos foi lançada em 2014 pelo selo Farao Classics: The russian album. No repertório, obras de Arensky, Shostakovich e Rachmaninoff.

Trio Atos “Três vozes — um som” (Detroit Free Press): Annette von Hehn, Thomas Hoppe e Stefan Heinemeyer formam o Trio Atos. Sediado em Berlim, desde 2003 o grupo é um dos expoentes do circuito internacional de música de câmara. Elogiado pela vivacidade do som, pela perfeição do fraseado e pelas interpretações dinâmicas, o Trio impressiona tanto público como críticos: “um verdadeiro conjunto com uma admirável fusão de vozes e o dom de encontrar profundidade expressiva em suas performances” (The Age, Melbourne). O Trio Atos apresenta-se regularmente em salas como o Carnegie Hall de Nova York; o Concertgebouw de Amsterdã e o Wigmore Hall de Londres, além de participar de importantes festivais em todo o mundo, incluindo Budapest Spring, Cheltenham, City of London, Enescu de Bucareste, Ludwigsburger Festspiele, Rheingau Musikfestival e Schleswig-Holstein.

FRANK JERKE

As gravações incluem CDs aclamados com o repertório de Beethoven, Brahms, Schubert, Schumann e Mendelssohn, além da execução de trios compostos por Heinrich von Herzogenberg, Josef Suk e Leon Kirchner e, mais recentemente, uma celebração de compositores modernistas franceses (The french album) e russos (The russian album), como Rachmaninoff, Arensky e Shostakovich. Uma coleção de prêmios inclui o prestigiado Kalichstein-Laredo-Robinson Trio International, dos EUA, e o Primeiro Prêmio, o Grande Prêmio, o Prêmio ‘Musica Viva Tour’ e o Prêmio do Público, todos conquistados no mesmo ano durante o 5º Concurso Internacional de Música de Câmara Melbourne. O Trio tornou-se um artista BBC New Generation 2009/11 e ganhou o Prêmio Borletti-Buitoni Trust Special Ensemble em 2012, que usou para apoiar a Heimathafen, uma série pioneira de concertos no bairro de Neukölln, em Berlim. Annette von Hehn toca o violino Yfrah Neaman Stradivari, gentilmente cedido pela família Neaman, com apoio da Beare Fine Instrument Society London.


PATROCINADORES 2015

master

prata

platina

bronze

ouro

apoio

realização


AMIGOS DA CULTURA ARTÍSTICA Agradecemos a todos que contribuem para tornar realidade os espetáculos e projetos educativos promovidos pela Cultura Artística. MECENAS

MANTENEDORES

Adolpho Leirner Álvaro Luiz Fleury Malheiros Ana Lucia e Sergio Comolatti Ana Maria Levy Villela Igel Ane Katrine e Rodolfo Villela Marino Anna Helena Americano de Araújo Antonio Hermann D. M. Azevedo Arsenio Negro Jr. Beatriz Baumgart Tadini Cláudio Thomaz Lobo Sonder Cristian Baumgart Stroczynski Cristina Baumgart Edy Gomes Cassemiro Erwin e Marie Kaufamnn Fabio de Campos Lilla Gioconda Bordon Giovanni Guido Cerri Hélio Seibel Henri Philippe Reichstul Henri Slezynger e Dora Rosset Israel Vainboim Jacques Caradec Jean Claude Ramirez José Carlos Evangelista José E. Queiroz Guimarães José Luiz e Sandra Setúbal José Roberto Opice Lea Regina Caffaro Terra Luis Stuhlberger Marcelo Kayath Marcos Baumgart Stroczynski Marisa e Jan Eichbaum Michael e Alina Perlman Milú Villela Nelson Nery Junior Otto Baumgart Paulo Proushan Pedro Herz Pedro Stern Regis Edouard Alain Dubrule Roberto Baumgart Rosa Maria de Andrade Nery Ruy Souza e Silva e Fátima Zorzato Ursula Baumgart 7 Mecenas Anônimos

Adélia e Cleõmenes Dias Baptista (i. m. ) Airton Bobrow Alexandre e Silvia Fix Alvaro Oscar Campana Ana Maria Igel e Mario Higino Leonel Antonio Ailton Caseiro Antonio Carlos Barbosa de Oliveira Antonio Carlos de Araújo Cintra Antonio Corrêa Meyer Antonio Kanji Carmo e Jovelino Mineiro Cassio Casseb Lima Claudia Helena Plass Cleide e Luiz Rodrigues Corvo Eva e Mário Arthur Adler Fernando Eckhardt Luzio Francisco Humberto de Abreu Maffei Gerard Loeb Hélio Arthur Bacha Jayme Bobrow José e Priscila Goldenberg José Roberto Mendonça de Barros Livio De Vivo Luis Stuhlberger Maria Adelaide Amaral Minidi Pedroso MV Pratini de Moraes Neli Aparecida de Faria Nelson Pereira dos Reis Olavo Setúbal Jr Oswaldo Henrique Silveira Paula e Hitoshi Castro Paulo Bruna Paulo Leser Regina e Gerald Reiss Regina e Salim Lamha Ricard Takeshi Akagawa Roberto e Luizila Calvo Ruth Lahoz Mendonça de Barros Ruy e Celia Korbivcher Sandra Arruda Grostein Silvia e Fernando Carramaschi Stela e Jayme Blay Tamas Makray Thomas Frank Tichauer

Vivian Abdalla Hannut Walter Sacca 4 Mantenedores Anônimos

BENFEITORES Abram e Clarice Topczewski Alberto Whitaker Alfredo Rizkallah Aluízio Guimarães Cupertino Antonio Carlos Marcondes Machado Arnaldo Malheiros Bruno Alois Nowak Calçados Casa Eurico Carlos Chagas Rodrigues Carlos P. Raucher Claudia Annunziata G. Musto Claudio Alberto Cury Claudio e Selma Cernea Consuelo de Castro Pena Dario Chebel Labaki Neto Dario e Regina Guarita Edith Ranzini Edson Eidi Kumagai Elias e Elizabeth Rocha Barros Elisa Wolynec Eric Alexander Klug Fernando de Azevedo Corrêa Francisco J. de Oliveira Jr. Francisco Montano Filho Gustavo e Cida Reis Teixeira Heinz Jorg Gruber Henrique e Michelle Tichauer Henrique Lindenberg Neto Isaac Popoutchi Issei e Marcia Abe Izabel Sobral José Thales S. Rebouças Katalin Borger Leo Kupfer Lourenço Augusto de Meireles Reis Luci Banks Leite Lúcia e Nemer Rahal Luiz Diederichsen Villares Luiz Henrique Martins Castro Luiz Roberto de Andrade Novaes

Luiz Schwarcz Malú Pereira de Almeida Marcelo Pereira Lopes de Medeiros Marco Tullio Bottino Marcos de Mattos Pimenta Maria Joaquina Marques Dias Maria Teresa Igel Michael Haradom Nelson Vieira Barreira Oscar Lafer Patricia de Moraes Patriicia Upton e Nelson Ascher Paulo Cezar Aragão Paulo Mordehachvili Paulo Roberto Pereira da Costa Raul Correa da Silva Ricardo Bohn Gonçalves Ronald Bryan Salem Rosa Maria Graziano Rubens Halaban Salim Taufic Schahin Sergio Luiz Macera Suzana Pasternak Thyrso Martins Ulysses de Paula Eduardo Jr. Vavy Pacheco Borges Walter Ceneviva Wilma Kövesi (i. m. ) 10 Benfeitores Anônimos

APOIADORES Aliseu Ventiladores Alessandro e Dora Ventura Ana Maria Malik André Guyvarch Andrea Sandro Calabi Anna Veronica Mautner Arnoldo Wald Beatriz Garcez Lohmann Carmen Guarini Cássio Augusto Macedo da Silva Cristine Conforti Nelia e Eduardo Carvalho Eduardo Simplicio da Silva Eliana Regina Marques Zlochevsky

Ana Elisa e Eugenio Staub Filho Eugênio Suffredini Neto Frédéric de Mariz Daniela e Frederico Carramaschi Galícia Empreend. e Participações Ltda Gustavo Henrique Machado de Carvalho Helio e Livia Elkis Horacio Mario Kleinman Irene Abramovich Irente Kantor Israel Sancovski João Baptista Raimo Jr. Flavia Velloso e João Mauricio T. da Costa Jorge Diamant José Carlos Dias José Francisco Kerr Saraiva José Theophilo Ramos Jr. Junia Borges Botelho Karen Macknow Lisboa e Claudio Struck Lilia Salomão Lucila Pires Evangelista Ciça Callegari e Luiz Mello Regina Celidonio e Luiz Fernando Caiuby L. da Silva Luiz Gonzaga Marinho Brandão Marcello D. Bronstein Maria Bonomi Teli Penteado Cardoso M. Luiza Santari M. Porto Maria da Graça e Mario Luiz Rocco Mario Roberto Rizkallah Marta D. Grostein Martha Rosemberg Mauro André Mendes Finatti Elizabete e Mauro Guiotoku Beatriz e Numa Valle Paulo Emilio Pinto Pedro Spyridion Yannoulis Percival Lafer Plinio J. Marafon Raquel Szterling Nelken Ricardo A. E. Mendonça Ricardo e Suzanne Gallo Sandra e Charles Cambur Walter Jacob Curi 21 Apoiadores Anônimos

Lista atualizada em 22 de abril de 2015.

Para mais informações, ligue para (11) 3256 0223, escreva para amigos@culturaartistica.com.br ou visite www.culturaartistica.com.br/amigos.


Agradecemos a todos que têm contribuído, de diversas maneiras, para o esforço de construção do novo Teatro Cultura Artística.

PATROCINADORES

PRINCIPAIS DOADORES (R$ 5.000,00 ou mais) Adolpho Leirner Affonso Celso Pastore Agência Estado Aggrego Consultores Airton Bobrow Alexandre e Silvia Fix Alfredo Egydio Setúbal Alfredo Rizkallah Álvaro Luís Fleury Malheiros Ana Maria Levy Villela Igel Antonio Carlos Barbosa de Oliveira Antonio Carlos de Araújo Cintra Antonio Corrêa Meyer Arnaldo Malheiros Arsenio Negro Jr. Aurora Bebidas e Alimentos Finos Banco Pine Banco Safra Bicbanco Bruno Alois Nowak Calçados Casa Eurico Camargo Correa Camilla Telles Ferreira Santos Carlos Nehring Netto CCE Center Norte Cláudio e Rose Sonder Cleõmenes Mário Dias Baptista (i.m.) Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração Daniela Cerri Seibel e Helio Seibel Dario Chebel Labaki Neto Dora Rosset Editora Pinsky Ltda. Elias Victor Nigri

Elisa Wolynec EMS Erwin e Marie Kaufmann Eurofarma Fabio de Campos Lilla Fanny Ribenboin Fix Fernando Eckhardt Luzio Fernão Carlos Botelho Bracher Festival de Salzburgo Flávio e Sylvia Pinho de Almeida Francisca Nelida Ostrowicz Francisco H. de Abreu Maffei Frédéric de Mariz Frederico Lohmann Fundação Filantrópica Arymax Gerard Loeb Gioconda Bordon Giovanni Guido Cerri Heinz J. Gruber Helga Verena Maffei Henri Philippe Reichstul Henri Slezynger Henrique Meirelles Idort/SP Israel Vainboim Jacques Caradec Jairo Cupertino Jayme Bobrow Jayme Sverner Joaquim de Alcântara Machado de Oliveira Jorge Diamant José Carlos e Lucila Evangelista José E. Queiroz Guimarães José Ephim Mindlin Jose Luiz Egydio Setúbal

José M. Martinez Zaragoza José Roberto Mendonça de Barros José Roberto Opice Jovelino Carvalho Mineiro Filho Katalin Borger Lea Regina Caffaro Terra Leo Madeiras Livio De Vivo Luís Stuhlberger Luiz Diederichsen Villares Luiz Gonzaga Marinho Brandão Luiz Rodrigues Corvo Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados Mahle Metal Leve Maria Adelaide Amaral Maria Alice Setúbal Maria Bonomi Maria Helena de Albuquerque Lins Marina Lafer Mário Arthur Adler Marisa e Jan Eichbaum Martha Diederichsen Stickel Michael e Alina Perlman Milú Villela Minidi Pedroso Moshe Sendacz Natura Neli Aparecida de Faria Nelson Reis Nelson Vieira Barreira Oi Futuro Oswaldo Henrique Silveira Otto Baumgart Indústria e Comércio Paulo Bruna Paulo Setúbal Neto Pedro Herz Pedro Pullen Parente Pinheiro Neto Advogados Polierg Tubos e Conexões Polimold Industrial S.A. Porto Seguro Raphael Pereira Crizantho Ricard Takeshi Akagawa Ricardo Egydio Setúbal Ricardo Feltre Ricardo Ramenzoni Richard Barczinski Roberto Baumgart Roberto Egydio Setúbal

Roberto e Luizila Calvo Ruth Lahoz Mendonça de Barros Ruy e Celia Korbivcher Salim Taufic Schahin Samy Katz Sandor e Mariane Szego Santander São José Construções e Comércio (Construtora São José) Silvia Dias Alcântara Machado Stela e Jayme Blay Suzano Tamas Makray Theodoro Jorge Flank Thomas Kunze Thyrso Martins Unigel Ursula Baumgart Vale Vavy Pacheco Borges Vitor Maiorino Netto Vivian Abdalla Hannud Volkswagen do Brasil Ind. de Veículos Automotores Ltda. Wolfgang Knapp Yara Baumgart 3 Doadores Anônimos

Gostaríamos de agradecer também as doações de mais de 200 empresas e indivíduos que contribuíram com até R$ 5.000,00. Lamentamos não poder, por limitação de espaço, citá-los nominalmente.

realização


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