Periodicidade semanal Distribuição Gratuíta
São Paulo, 21 de Fevereiro de 2014 Ano 56 - Número 2834
Esportes
DOUTOR OSMAR DE OLIVEIRA CONCEDE ENTREVISTA À GAZETA DO IPIRANGA
Um dos maiores nomes da medicina esportiva desse país concedeu entrevista exclusiva à Gazeta do Ipiranga. Com especialização em ortopedia, Dr. Osmar de Oliveira analisa, com riqueza de detalhes, os riscos que um atleta passa ao se deparar com essa exacerbação da força física no futebol atual, principalmente na Europa. Outros temas foram abordados, entre eles a opinião enfática do comentarista do programa Jogo Aberto, pela Band, a respeito da estrutura de nosso país, para receber os jogos da Copa do Mundo. Acompanhem os principais trechos da entrevista que aconteceu no Grupo Bandeirantes de Comunicação. O conteúdo é deveras elucidativo. Gazeta do Ipiranga – Como o senhor avalia essa questão de um jovem jogador ganhar muita massa muscular e força física em tão pouco tempo de carreira, principalmente atuando no futebol europeu?
Dr. Osmar de Oliveira – Historicamente o futebol sempre privilegiou mais a força física do que a técnica. Hoje em dia o futebol europeu começou a mudar. Você pega o futebol inglês, por exemplo, acabou aquele negócio de cruzar bola na área e subir de cabeça um brutamontes de um metro e noventa. O Barcelona não foi sempre do jeito que ele está jogando, pós Guardiola, 10, 15 anos para cá. Em contrapartida, aqui abaixo do Equador as coisas se inverteram. Os magros, os velozes, os ágeis eram os grandes astros das torcidas e depois eles começaram a se muscularem. Mas eu falo sempre que, quando um jogador vai para uma disputa de bola, ele vai com a força ou com a técnica. Mas é muito mais fácil ir com a força do quem a técnica. O resultado do uso da força é sempre menos arriscado do que você ir com a técnica. Eu vejo isso com pesar no futebol brasileiro e isso acaba tirando a habilidade e técnica do jogador brasileiro. Cada vez mais cedo esses meninos do Sub-13, Sub-15, Sub-17, Sub-20 e Sub-21 estão usando a musculação como parte fundamental de seus treinamentos. Eu não gosto disso. Gazeta do Ipiranga - Antigamente, um garoto sonhava em ser um jogador de futebol. Hoje, ele sonha em jogar de imediato na Europa. Qual sua opinião a respeito desta postura desses garotos? Dr. Osmar de Oliveira – Lá na Europa você tem tanto brasileiro, como argentino, uruguaio, peruano, equatoriano, pois vivemos em uma parte do mundo onde o poder econômico é menor e a pobreza é maior. Então é mais fácil você convencer o pai de um menino a jogar na Europa. É mais fácil o jogador, por exemplo, ir para a Hungria do que chegar em um time pequeno do interior paulista. Se não der certo, vai disputar a série B do Campeonato Mineiro e depois acaba jogando na várzea. Então o pai pega e fala para dar a passagem para levar o menino embora. Mas infelizmente, não são todos os meninos que vão acompanhados da família.
Esta ruptura familiar é um desastre para o garoto lá. Isso porque ele chega em um país, como eu citei o caso da Hungria, por exemplo, onde ele vai ter uma alimentação diferente, os costume serão outros, as dificuldades de treinamento, em virtude do idioma. Esses meninos ainda não tem uma formação para isso. Gazeta do Ipiranga – Ainda neste tema, como o senhor analisa o papel do empresário na carreira desses garotos? Dr. Osmar de Oliveira – O empresário, na grande maioria das vezes não interpreta este garoto como um futuro grande jogador. Ele interpreta o jogador como uma fonte de renda para o seu bolso. O jogador é um cliente para ele.
Gazeta do Ipiranga – Dr. Osmar, vamos falar um pouco do seu time. O Corinthians ganhou tudo nos últimos anos e agora padece de uma falta de estrutura tática, em virtude de uma remontagem no seu elenco, que ainda tem muita qualidade. Como o senhor enxerga a atual fase do time e o trabalho de Mano Menezes no comando, pela segunda vez na história do clube? Dr. Osmar de Oliveira –Temos que entender que o Corinthians foi um time muito vencedor, desde 2008 até 2012, praticamente com o mesmo time. Ou seja, um time que conquistou tudo, ao mesmo tempo em que ele foi envelhecendo. O elenco ainda é muito bom e a sorte é que o Campeonato Paulista tem cada vez menos importância, o que é triste, pois sou de uma época onde ele era um campeonato maravilhoso. O time envelhecendo, você tem que colocar peças mais novas. E colocar peças mais novas no time do Corinthians é sempre um problema. Antigamente, você trazia um jogador do XV de Piracicaba, ele fazia dois treinos e depois jogava. Hoje é diferente. Você pega, por exemplo o Rodriguinho, que chegou do América-MG, onde ninguém sabe muito como ele joga e a Band foi a única emissora a transmitir a série B aos Sábados. Ele tem qualidade, tem qualidade. Mas quando ele pega a camisa do Corinthians e entra no Pacaembu, ele sente o peso. Então o time está sendo remontado, com jovens jogadores e o Mano ainda vai ter que mexer muito. Gazeta do Ipiranga – Doutor, qual sua opinião sobre a arbitragem, de uma maneira geral, não somente aqui no Brasil? Dr. Osmar de Oliveira –Olha, eu tenho uma teoria muito particular. Muitos não gostam, mas eu respeito. Hoje, com essa força física exagerada, preticamente todo jogo o jogador está visando menos a bola e mais o adversário. Pois bem, minha teroria é abolir do futebol o cartão vermelho. Na verdade, o árbitro fica com o cartão amarelo e com o vermelho. Só que na hora do vermelho, o jogador que cometeu a falta dura sai e entra um reserva no lugar dele. O futebol está tão veloz, tão difícil, que jogar com 11 já é pouco, imagina com 10. Para mim, a
arbitragem deveria rever esta questão do cartão vermelho. Eu traço um paralelo com o Futsal, que é muito dinâmico. Com isso, os árbitros não teriam tanto medo de expulsar o jogador. Se a expulsão pudesse ser transformada em uma substituição, eu tenho certeza que o número de cartões vermelho aumentaria e os árbitros não teriam aquela pressão de dizer que a derrota de um determinado time aconteceu em virtude da expulsão de um jogador. Gazeta do Ipiranga–O que o senhor achou da troca envolvendo Alexandre Pato e Jádson?Qual dos clubes envolvidos saiu ganhando nesta troca? Dr. Osmar de Oliveira–Quem vai ganhar, vai depender do desempenho de ambos. O Pato pode jogar muita bola no São Paulo e o Jádson jogar muita bola no Corinthians. Mas se os dois jogarem bem, o São Paulo lucrou e o Corinthians também. Se um só jogar bem, o torcedor vai falar que foi um “mico”, o dirigente não sabe fazer negócio e toda aquela cornetagem. Agora eu acho que o Jádson não tinha mais espaço no São Paulo e o Pato, com certeza absoluta, não tinha mais espaço no Corinthians. Eu não vejo problema nessa troca. Antigamente isso era uma coisa absolutamente comum. Gazeta do Ipiranga–Para finalizar, Doutor, qual a mensagem que o senhor deixa para o povo brasileiro às vésperas da Copa?Qual sua expectativa a respeito do nosso país para receber o maior evento esportivo do planeta? Dr. Osmar de Oliveira – Olha, eu vejo nosso país com muito pessimismo e medo. Eu tenho falado dioturnamente, que a presidente da república tem que se envolver nisso. Agora, recentemente ela colocou a Polícia Federal para prender o rapaz que matou nosso colega cinegrafista da Bandeirantes e o cara foi preso em outro estado 24 horas depois. O que eu tenho lido por ai é que há um medo do torcedor de outros países de chegar até aqui. Infelizmente, ainda estamos com aquela história de levar vantagem em tudo. Tem gente vendendo um omelete por 50 reais. Nós não estamos com aquele espírito de
uma recepção à altura de uma Copa do Mundo, para que ela seja um grande sucesso, melhorando nossa imagem lá fora. O povo está com medo de ser assaltado no bolso, assaltado fisicamente. Eu não vejo um espírito nacionalista de fazer uma coisa bonita. Agora, vamos supor que se jogue uma bomba no hotel onde estará a delegação dos Estados Unidos, através de um maluco desses qualquer. Se isso acontecer, a delegação americana não vai para a delegacia. Ela vai para o aeroporto e vai embora daqui. Vai ser o maior vexame e a maior mancha na história das Copas. E o pior é que, depois disso, não vai acontecer absolutamente nada com quem cometeu esta atrocidade. Temos que pedir para que o povo seja patriota, tenha respeito e entender que isso é apenas um jogo de futebol, onde se ganha e se perde. Mas infelizmente, como já falei antes, estou pessimista com nosso país. Os aeroportos então, são caóticos e nem falo mais sobre eles. De fato, não estou otimista. A Gazeta do Ipiranga agradece a esta grande personalidade da medicina esportiva pelos preciosos depoimentos e posso dizer, com toda certeza, que foi uma das melhores entrevistas que pude fazer ao longo de tantas reportagens já escritas. Apenas para registrar, o Dr. Osmar de Oliveira foi o único jornalista a trabalhar em todos os canais de TV aberta deste país. Daí se vê a importância de nosso jornal, que entra para a história com esta entrevista de cunho esportivo. Mais uma vez, muito obrigado, Dr. Osmar de Oliveira. Reportagem: Alexandre Cardillo. e-mail: adcardillo@bol.com.br Acompanhem também meus comentários esportivos, toda Segunda-Feira, através do site www.kaztv.com.br, no programa Futebol e Arte, a partir das 22h. Enviem suas perguntas ao vivo, que terei o maior prazer em responder.
Disputas do Caiaque Polo começam neste fim de semana
1ª Etapa do Campeonato Brasileiro acontece em Lindóia (SP) e servirá de seletiva para a Seleção Brasileira que disputará o Mundial Neste sábado e domingo a cidade de Lindóia, localizada no interior de São Paulo e considerada a “Capital Nacional da Água Mineral”, recebe a 1ª Etapa do Campeonato Brasileiro de Caiaque Polo, evento que reunirá as principais equipes do país e dá início ao circuito nacional da modalidade. São esperadas seis equipes representando atletas dos estados de São Paulo, Distrito Federal, Paraná, Santa Catarina e Tocantins. O evento também servirá de seletiva para a definição da Seleção Brasileira de Caiaque Polo que disputará o Mundial, em setembro, na França. “As duas primeiras etapas do circuito serão importantes para observarmos os atletas e definirmos o time que irá disputar o Mundial em setembro”, disse Fernando Carazzato, técnico da seleção brasileira e organizador do evento em Lindóia. Segundo ele uma outra importante novidade deste ano são as disputas da recém criada “Série Prata”, nova
estratégia do Comitê de Caiaque Polo da Confederação Brasileira de Canoagem para fomentar o esporte por meio da ingressão de novos praticantes da modalidade. “Temos equipes de São Vicente (SP) vindos de outras modalidades da canoagem e estão muito empenhadas no Caiaque Polo. Também teremos este ano a reativação da equipe de Brasília (DF) para a disputa do circuito nacional”, informou Carazzato. A temporada 2014 do Caiaque Polo começa após o Brasil sediar o Panamericano da modalidade em Londrina (PR) ano passado. Ano passado o Brasil sagrou-se campeão pan-americano e também garantiu as três melhores equipes das Américas no Torneio Open de Clubes que aconteceu paralelamente ao evento. A expectativa deste ano é consolidar os eventos no calendário nacional e trabalhar na promoção e divulgação do esporte no país. Mais informações sobre o evento em: http://www.canoagem.org.br/evento/ index/eventos_id/704
Assalto com vítima fatal na rua Lino Coutinho
Na útlima quarta-feira (19) aconteceu um assalto à uma loja na rua Lino Coutinho, com vítima fatal. O comerciante foi morto após ser baleado em tentativa de assalto a uma loja de tênis na rua Lino Coutinho. O bandido também foi ferido após o comerci reagir ao assalto. O crime ocorreu por volta das14h50. Segundo informações da Polícia Civil um adolescente entrou na loja e anunciou o assalto. O comerciante reagiu e foi baleado pois também estava armado. O
criminoso foi atingido na mão e atirou contra o dono da loja. O adolescente ainda teria tentado fugir do local, rendendo um taxista e depois roubando uma moto, mas acabou preso. Ele foi encaminhado ao hospital Ipiranga, onde recebeu atendimento e foi liberado. Por volta das 19h20, ele estava no 17º DP (Ipiranga), onde o caso será registrado. O comerciante foi socorrido e encaminhado para o hospital de Heliópolis, mas não resistiu ao ferimento e morreu. O nome dele não foi informado pela polícia.