Guia da Mamãe 2012 - fascículo 2

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mizar Partos - Os tipos existentes e como mini ncias as possíveis intercorrê Visitas - Como e quando receber visitas o Pós-parto - O puerpério e como seu corp pode voltar a ser como antes

Amamentação - A importância do aleita mento Avós - Como ter uma relação saudável

ia da m

Nutrição - Como deve ser a alimentação do bebê

Mais de

Cólicas - As causas e como amenizá-la

Tudo sobre o primeiro ano de vida do bebê

Passeios - Sugestões para sair com a crian ça Viagens - Como escolher o destino Praia - Opções de acessórios para o bebê Terapias alternativas - O complemento à medicina tradicional Numerologia - Como influencia a vida do seu filho Dentição - A saúde bucal da criança

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profissionais consultados

Alimentação, brincadeiras, cólicas, sono, dentição e muito mais

Desenvolvimento - As principais descober tas de cada fase Tecnolog ia - As novidades do mundo high tech

Exames, banho, fraldas, higiene, moleira... Os cuidados essenciais

Sono - Garanta uma noite de descanso para seu bebê Esposa e mãe - Como administrar a maternidade e a vida conjugal Segundo filho - A chegada do caçula Fim da licença - O retorno ao trabalho

com o recém-nascido

VIAGEM EM FAMÍLIA

Dicas de segurança, transportes e destinos para sair de férias com seu filho

É HORA DE MUDANÇA Aprenda a lidar com a interferência dos avós e a nova rotina da casa www.casadois.com.br

OS PODERES DA AMAMENTAÇÃO

ISSN 1807-8753

tranquilo Gêmeos - Os cuidados para ter um parto tornar Casa segura - Medidas de segurança para ntes acide de a prov à o ambiente ta Pediatra - Dicas para escolher o especialis a luz Maternidade - Como definir onde dará Enxoval - A compra do enxoval no exterior e o que incluir na primeira lista uma gravidez Teste - Descubra se você está tendondiza dos saudável e coloque em prática os apre

Rotina - Os caminhos para a disciplina da criança

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É saudável para a criança, intensifica o vínculo com a mãe e ainda ajuda a emagrecer

MÃE, MULHER E PROFISSIONAL

Como administrar a maternidade com a vida conjugal, o fim da licença e o retorno ao trabalho

guIa da mamãe 2012

ados Estética - Os tratamentos de beleza indic Capilar - Ideias para tratar dos cabelos

Primeiros cuidados - Dicas de vacinas, troca de fraldas, entre outras higiene,

Nº 02 R$ 14,99 € 6,50

Moda - Saiba como se vestir bem amental Alimentação - Comer corretamente é fund

Testes - Os exames fundamentais do bebê

gu

do bebê Trimestres - Como é o desenvolvimento Paternidade - A rotina dos grávidos e o pós-parto masculino ada Emoções - Por que a sensibilidade é aflor físicos Atividades - A importância dos exercícios

Edição 2

amãe

2012

Sintomas - As causas dos incômodos comuns da gravidez Pré-natal - Conheça a rotina de exames

GUIA DA MAMÃE 2012 • Número 02

Edição 1


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Bebê: amamentação

Alimento completo Além de ser saudável, o aleitamento materno ajuda a intensificar o vínculo entre mãe e filho Texto Lucie Ferreira Fotos Shutterstock Ilustração Chris Borges

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Doação de leite humano Mulheres que produzem volume de leite que ultrapassa as necessidades do bebê podem doar o excedente. Os pré-requisitos são estar com a saúde em dia e não fumar, beber ou usar medicamentos que impeçam a doação. As interessadas devem entrar em contato com o Banco de Leite Humano mais próximo. No site da entidade ligada à Fundação Osvaldo Cruz (www.redeblh.fiocruz.br) é possível pesquisar as unidades espalhadas pelo Brasil e saber mais sobre os procedimentos para a coleta e o armazenamento. O conteúdo é estocado e doado a bebês prematuros ou enfermos que não conseguem se alimentar diretamente no seio materno, por não terem desenvolvido o reflexo da sucção ou estarem doentes e muito fracos para isso.

“Durante o pós-parto, a Mulher Deve Manter-se sauDável, coM reservas, pois a aMaMentação requer Muito Dela” cláuDia conti É comum associar uma criança saudável ao hábito alimentar. Porém, antes da inserção de papinhas e sólidos na dieta, a nutrição é composta basicamente pelo leite materno. A Organização Mundial da Saúde (OMS), inclusive, recomenda que ele seja o alimento exclusivo nos primeiros seis meses de vida. A partir de então, deve ser mantido por dois anos ou mais e complementado com alimentos adequados.

Mas, o que torna o leite materno tão completo e especial? “São vários os argumentos favoráveis à amamentação: evita diarreia e infecções respiratórias e urinárias, diminui os riscos de alergia e ainda traz vantagens para a vida adulta, pois reduz a incidência de doenças não transmissíveis, como obesidade, hipertensão, colesterol alto e diabetes”, argumenta Danielle Silva, responsável pelo processo de controle de qualidade do leite humano do Instituto Fernandes Figueira (IFF), do Rio de Janeiro, RJ. Outro benefício destacado pela especialista: ele aumenta o vínculo afetivo entre a mãe e o bebê. Por ser o alimento exclusivo para bebês de até 6 meses, o leite humano contém nutrientes indispensáveis para essa faixa etária, além de ser o único composto por substâncias protetoras contra doenças infectocontagiosas, por exemplo lactobacilos, bífidobactérias e oligossacarídeos. Como em

gestações normais esses fatores são repassados após a 31ª semana, os prematuros só conseguem recebê-los pelo aleitamento materno. Até o sétimo dia do pós-parto, a nutriz (maneira como a mulher é chamada no período de amamentação) produz o colostro, mais viscoso e com concentrações maiores de proteínas, minerais e vitaminas do que o leite maduro. Por outro lado, oferece menor quantidade de lactose, gorduras e vitaminas do complexo B ao bebê. “O volume de colostro produzido oscila entre 2 e 20 ml por mamada nos três primeiros dias. Ele é muito rico em fatores de proteção”, conta Danielle. A neotanologista Cláudia Conti, do Hospital e Maternidade São Cristóvão, de São Paulo, SP, também destaca que o líquido contém grande volume de vitaminas A e E, carotenoides e imunoglobulinas, conferindo imunidade para determinadas doenças. 23


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Seio VS. mamadeira

Quando se fala em aleitamento materno, é comum relacioná-lo a somente quando o bebê mama diretamente do peito. De fato, quando a criança retira o leite da mama faz um exercício importante para o desenvolvimento adequado da cavidade oral, que propicia uma melhor constituição do palato duro, fundamental para o alinhamento correto dos dentes e uma boa oclusão dentária. “Quando o palato é empurrado para cima, algo que ocorre com o uso de chupetas e mamadeiras, o assoalho da cavidade nasal se eleva, diminuindo o espaço reservado para a passagem do ar e prejudicando a respiração nasal”, define Danielle. O desmame precoce pode ocasionar a ruptura do desenvolvimento motororal adequado, prejudicando as funções de mastigação, deglutição, respiração e articulação dos sons da fala, além de resultar em má-oclusão dentária e respiração bucal. Caso a mãe não tenha disponibilidade de amamentar diretamente o bebê, a especialista do IFF indica algumas precauções para a coleta e o armazenamento do leite: esterilize um frasco de vidro com tampa de plástico (ferva por 15 minutos e deixe secar normalmente) e, após higienizar as mãos e

Posições De acordo com a Rede Brasileira de Banco de Leite Humano, tanto as posições da mulher quanto do bebê podem variar. Entretanto, é necessário que ambos estejam confortáveis e a criança fique de frente para a mãe (uma barriga de frente para a outra), pois favorece a pega correta. Exemplos: A mulher pode permanecer sentada ou deitada; A posição da criança pode ser a mais tradicional ou invertida, sentada em cavalinho ou deitada na cama com sua mãe.

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as mamas, retire o líquido por expressão manual. Depois de coletá-lo, identifique o frasco com a data e congele imediatamente. A validade do produto congelado é de 30 dias, mas caso queira usá-lo logo, pode manter na geladeira por no máximo 24 horas. Para utilizá-lo congelado, degele em banhomaria, evitando que ferva, pois assim manterá todas as suas características. Ofereça à criança com o auxílio de uma colher ou em um copinho.

CuidadoS eSSenCiaiS

Durante a amamentação, a mãe também passa para o filho seus hábitos alimentares e, por isso, deve ter uma dieta balanceada para a saúde de ambos. “A restrição alimentar, sob orientação médica, acontece somente

se o bebê apresentar cólicas e irritações”, revela Danielle. No período de lactação, deve-se evitar bebidas alcoólicas e cafeína em excesso (até duas xícaras pequenas ao dia). “Como ainda não sabemos se o café é prejudicial ao bebê, orienta-se o consumo moderado”, diz Cláudia. Doces e bebidas açucaradas também devem ser evitados. Quanto aos medicamentos, Cláudia recomenda consultar um médico antes de ingeri-los e nunca se automedicar ou fazer o uso indiscriminado dessas substâncias – e tão pouco de drogas ilícitas. Dentre as vacinas que podem ser aplicadas, a antitetânica e a antigripal não prejudicam o bebê da lactante. A doação de sangue está liberada três meses após o término do


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aleitamento. “Durante o pós-parto, a mulher deve manter-se saudável, com reservas, pois a amamentação requer muito dela”, salienta. De acordo com Danielle, a dieta materna não afeta a quantidade de proteína, gordura e carboidratos presentes no leite. Porém, caso restrinja o consumo de carboidratos, a nutriz pode apresentar sinais de fadiga, desidratação e perda energética durante o período de amamentação. Cláudia observa que não existe uma dieta prédeterminada. “O ideal é uma alimentação saudável, com muito líquido, particularmente água, essencial para a produção. Proteínas e gorduras, em especial de óleos vegetais, são boas para ajudar a desenvolver um leite melhor. Se o organismo da mãe tiver algum déficit, deve-se repor.” Ela enfatiza que não há leite fraco e recomenda fazer, em média, seis refeições ao dia, com muitas frutas e fibras. Segundo a neonatologista, não existe alimento proibido. Caso um bebê alimentado exclusivamente com leite materno tenha reações negativas, com cólicas, diarreias e falta de sono, é sinal de que os especialistas devem investigar a presença de alergia alimentar ou sensibilidade a algo que foi ingerido pela mãe. “Os alimentos os quais notamos que os bebês ficam mais incomodados são: café, chocolate, Coca-Cola®, chás; comida picante, alho, canela; leite de vaca; soja, ovos, trigo, nozes; couve, brócolis, milho, pepino; adoçantes e alimentos diet e light; grãos, frutos do mar e carne de porco.”

BenéfiCo para a mamãe

Além dos benefícios que o leite materno proporciona à criança, amamentar também traz vantagens para a mulher, a começar pela liberação do hormônio ocitocina durante a primeira mamada, que contribui para a descida do leite. “Ele também é responsável pela contração uterina após

a saída da placenta a partir do momento em que a mulher inicia a amamentação, imediatamente após o nascimento do bebê. Isso reduz o risco de hemorragia pós-parto e contribui para a preservação dos níveis séricos de ferro”, explica Danielle. A manutenção do peso é outra vantagem, já que auxilia na redução dos quilos a mais. Como a produção do leite requer muitas calorias, contribui com até 20% do gasto energético diário. “Estudos demonstram que a perda de peso de mulheres que amamentam seus filhos exclusivamente (sem oferecer água, chás ou sucos) pode chegar 500 g por semana”, comenta a especialista em leite humano. A amamentação também diminui os riscos de desenvolver câncer de mama. De acordo com um estudo da Universidade de Granada, na Espanha, é um método eficaz na prevenção da doença, reduzindo a probabilidade de desenvolvê-la em 4,3% para cada ano no qual os filhos são amamentados.

difiCuldadeS ComunS

O ingurgitamento ou "empedramento" das mamas se origina do acúmulo de leite nos ductos por onde deveria passar. Uma alternativa eficiente apontada pela professora Isilia Aparecida Silva, do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP), é a de sempre garantir se o bebê esvaziou completamente o seio ao mamar. Somente depois de certificar-se disso, ofereça o outro peito. “Caso perceba que ainda restou leite e as mamas estão pesadas, mesmo após o bebê demonstrar satisfação e fome saciada, procure esvaziá-las por meio de ordenha manual, até senti-las mais leves. Não manipule muito na tentativa de esgotá-las totalmente, pois isso reverte em estímulo para a produção do leite.” O uso de compressas frias também ajuda a aliviar o problema.

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Construção do vínculo Atualmente, as mulheres amamentam mais do que décadas atrás. Para Cláudia, isso acontece provavelmente em decorrência do maior acesso a informações, tornando as mães mais conscientizadas, além do período mais longo de licença-maternidade. “O aleitamento materno é essencial para o bebê, pois oferece proteção imunológica contra doenças respiratórias, inflamações, alergias, vômitos, diarreia... O ato de amamentar também previne câncer de mama e de ovário e ajuda na perda de peso”, enfatiza. Para a professora da USP, embora muitos estudos ainda tentem compreender a construção do vínculo afetivo entre mãe e filho, promovido pela amamentação, o fato de ser um ato que só ela é capaz de realizar, mantendo a criança próxima durante esse período, é motivo suficiente para intensificar a relação. “O tempo que a mulher passa com o bebê nos braços e o contato físico e visual são elementos relatados pela nutriz como uma experiência de interação efetiva e duradoura.” Ao amamentar, a mãe toca a criança e pode acariciá-la longamente. O bebê sente as mãos e a mama, fixa o olhar no rosto materno e focaliza a atenção, algo que intensifica a interação entre ambos. “Claro que o vínculo formado não é exclusividade de quem amamenta. Para isso, temos de continuar aprofundando as pesquisas em busca da resposta”, finaliza Isilia.

Fissuras e lesões no mamilo, por outro lado, resultam da má posição da criança em relação à mama, bem como do número e da duração inadequada das mamadas e da técnica incorreta de sucção. Um bebê sonolento, por exemplo, mantém o mamilo sob pressão durante muito tempo e, por isso, deve ser retirado do peito ao perceber que está alimentado. “Muitas vezes, a mãe fica temerosa de interromper a mamada. Porém, com o tempo aprende a diferenciar quando a criança está mamando efetivamente (sugando, engolindo e voltando a sugar) de uma situação em que permanece no peito, mesmo após estar saciada, mantendo o mamilo como se fosse uma chupeta”, alerta Isilia. Ao tentar afastá-la do peito, ela dá leves sugadas, retira pequena quantidade de leite e volta a se manter quieta. “São crianças que mamam pouca quantidade por vez, mas se prolongam demoradamente.” Outra situação é a dificuldade na pega do bebê, ou seja, a colocação do mamilo dentro de sua boca e os movimentos feitos para retirar o leite feito de modo inadequado, pressionando 26

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partes do mamilo que não deveriam ser atingidas. “Isso provoca desde formações bolhosas e pequenas escoriações até feridas mais amplas, que podem sangrar e provocar muita dor. Em ambos os casos, a prevenção é recomendada, corrigindo a pega e a dinâmica de permanência da criança no peito”, avisa a enfermeira. Mastite (inflamação da mama) e mamilo invertido ou plano (quando se retrai para dentro ao invés de ficar saliente) também acometem algumas nutrizes. “Elas devem ter muita paciência, calma e segurança para que o aleitamento materno evolua sem problemas, sempre bem orientadas por profissionais qualificados”, indica Cláudia. Dificuldades psicológicas também prejudicam o aleitamento materno. “As alterações hormonais e as mudanças físicas, sociais e emocionais pela qual passa ocasionam muitos sentimentos com os quais pode ter dificuldades de lidar. Ela vive o momento de construir uma nova identidade – mesmo a cada parto a experiência pode ser renovada”, comenta a professora de Enfermagem. A nostalgia experimentada no pós-parto pode se

intensificar e causar dificuldades emocionais e psicológicas, da adaptação ao papel materno a enfrentar sentimentos ambíguos em relação à criança e aos familiares. O apoio, especialmente do pai do bebê, é fundamental: “ele deve oferecer estímulos positivos para que dê continuidade à amamentação; fazê-la sentir-se acolhida e compreendida em suas dúvidas, incertezas e inseguranças; ajudar nos afazeres do lar, para poder se dedicar à criança; e proporcionar momentos de repouso”, enumera. E apesar de a sociedade cobrar a mulher, atribuindo-lhe o dom e o dever de cuidado com a criança, ainda não se estruturou o suficiente para acolher tanto ela quanto o bebê na promoção da prática de amamentar. “Não só existe preconceito com relação a cenas de amamentação em público como as mulheres não se sentem seguras e confortáveis para exercer esse direito. Outras estruturas institucionais também são insuficientes para garantir o exercício da amamentação, como creches e locais apropriados para trabalhadoras e estudantes”, ressalta Isilia.


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