Coopera SP

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Coopera SP Revista do Cooperativismo Paulista

ano I no 3 jan/fev/mar 2017

Novos tempos para o transporte As cooperativas do ramo se profissionalizam, criam Conselho Consultivo, fazem a 1ª Rodada de Negócios, intercâmbio no exterior e elaboram um manual de orientação

Cooperjovem

Projeto permite a aproximação de escolas com a comunidade

Pós-graduação /MBA

Cursos ajudam a melhorar a gestão das cooperativas e os resultados dos negócios

Entrevista

Os desafios do cooperativismo, segundo Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura de SP


Em parceria com as cooperativas, o Sescoop/SP contribui para aumentar a oferta de atrações culturais no Estado de São Paulo, democratizando o acesso da população a diversos formatos e linguagens artísticas.

Saiba mais sobre essa iniciativa em: WWW.SESCOOPSP.ORG.BR/CIRCUITOSESCOOPSP REALIZAÇÃO:

APOIO INSTITUCIONAL:


CARTA AO LEITOR

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O transporte pode ajudar o país a sair da crise O ramo transporte é um dos mais poderosos do cooperativismo. Não é para menos: são 1.259 cooperativas e 138.112 associados e uma frota de cerca de 30 mil veículos que carrega 428 milhões de toneladas de carga. Nesta edição da revista Coopera SP você conhecerá as mudanças que vêm sendo realizadas para enfrentar os desafios impostos pela crescente profissionalização do setor. Entre as novidades estão a criação de um Conselho Consultivo em São Paulo, o primeiro no País; a realização da 1ª Rodada de Negócios, em Esteio (RS); a preparação da próxima rodada, no Estado de São Paulo; a criação de regras mais claras e a elaboração de um manual para ajudar as cooperativas, com informações sobre formação e contabilidade entre outras. Nesta edição trazemos também uma entrevista com o secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, o deputado federal Arnaldo Jardim, um entusiasta e apoiador de primeira hora do cooperativismo. O secretário explica quais são as iniciativas que o governo do Estado está adotando para incentivar o setor e analisa os principais desafios do cooperativismo. Outro tema desta edição são os bons resultados do Programa Pós-Graduação Lato Sensu (MBA), uma parceria do Sescoop/SP e cooperativas criada em 2012 com o objetivo de aperfeiçoar a gestão das cooperativas e melhorar os negócios. Você também poderá conferir a reportagem sobre o resultado do trabalho dos Agentes de Desenvolvimento Humano (ADHs), modalidade de atendimento criada em 2012 pelo Sescoop/SP e que representa o elo entre a cooperativa e a entidade. E aproveite para conhecer o trabalho do Cooperjovem, que foi fundado em 2001 e hoje já atende 15 mil alunos de 74 escolas de 11 municípios paulistas. Ah, e tem também matéria sobre o registro sindical concedido pelo Ministério do Trabalho à Fescoop/SP.

Boa leitura!

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ÍNDICE

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EXPEDIENTE SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM DO COOPERATIVISMO NO ESTADO DE SÃO PAULO (SESCOOP/SP)

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Entrevista

Pós-graduação

Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo

Conheça os bons resultados da parceria do Sescoop/SP com cooperativas para cursos de MBA

8 De olho nos astros Planetário Móvel para escolas públicas já atraiu 17 mil visitantes

10 Sobre rodas Cooperativas de transporte promovem mudanças para enfrentar a crise e voltar a crescer

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Fescoop/SP Depois de 10 anos de luta, o Ministério do Trabalho concede registro sindical à Fescoop/SP

22 ADHs O trabalho dos Agentes de Desenvolvimento Humano, elo entre a cooperativa e o Sescoop/SP

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Cooperjovem Fundado em 2001, o programa já atende 15.190 alunos de sete escolas em 11 municípios paulistas

CONSELHO ADMINISTRATIVO Presidente: Edivaldo Del Grande Conselheiros: Eudes de Freitas Aquino, Luiz Eduardo de Paiva, Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, Marcio Francisco Blanco do Valle Suplentes: Alberto Roccheti Netto, Renato Nobile, Sérgio Brito e Taís Di Giorno CONSELHO FISCAL Arnaldo Antonio Bortoletto, Elias Antônio Neto e Olavo Morales Garcia Suplentes: João Alberto Salvi, José Francisco Moron Morad e Sonivaldo Grunzweig Pinto SUPERINTENDENTES Aramis Moutinho Junior, José Henrique da Silva Galhardo e Nelson Luis Claro da Silva

COOPERA SP

Revista do Sescoop/SP e do cooperativismo paulista, distribuída gratuitamente.

28 Giro Cooperativista Notas e informações sobre o mundo cooperativo

30 Memória Cooperativista

CONSELHO EDITORIAL Alexandre Ambrogi, Fernando Ripari Junior, Luciano Alves Fontes, Luis Antonio Schmidt e Mario Cesar Ralise COLABORADORES Alberto Freitas, Mariana Naviskas, Rodrigo Oliveira e Victor Terra Editado por Ex Libris Comunicação Integrada Jornalista: Jayme Brener (Mtb 19.289) Editor: Cláudio Camargo Textos: Carla Itália, Edgard Leda, Edmir Nogueira e Vinícius Abbate Capa e diagramação: Regina Beer Rua Treze de Maio, 1376 - Bela Vista São Paulo - SP - CEP 01327-002 Tels: (11) 3146-6200 www.sescoopsp.coop.br

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ENTREVISTA

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Arnaldo Jardim “Seria extraordinário que o cooperativismo ganhasse aos olhos da população, autoridades e mídia o seu real valor transformador.”

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ngenheiro civil de formação, político de carreira bem-sucedida, ele já foi secretário de Estado da Habitação, quatro vezes deputado estadual, é deputado federal em terceiro mandato, atualmente licenciado por estar à frente da pasta de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Reconhecidamente um cooperativista, durante a carreira Arnaldo Jardim construiu oportunidades para criar leis que fortalecem as cooperativas. Incisivo e entusiasmado em seus discursos, principalmente quando defende o sistema cooperativista, o Deputado e Secretário Arnaldo Jardim falou à Revista Coopera SP, abordando o potencial e desafios do cooperativismo, e sua relação próxima com o setor.

Coopera SP – O que representa o

cooperativismo na sua vida e em sua carreira? Arnaldo Jardim – Minha ligação com o cooperativismo começou ainda na infância, na Alta Mogiana, quando convivi com cooperativas de consumo e agropecuárias. Esse contato com o espírito cooperativo influenciou a minha formação política. Sinto-me honrado por participar da defesa da causa. Como deputado estadual, entre 2004 e 2006, presidi a Frente Parlamentar do Cooperativismo na Assembleia Legislativa e fui autor da Lei 12.226, de incentivo ao Cooperativismo no Estado. Atualmente, sou coordenador do ramo crédito da Frente do Cooperativismo na Câmara dos Deputados. Faço questão de enaltecer os benefícios do cooperativismo, pois acredito na sua capacidade de en-

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ENTREVISTA

frentar desafios econômicos, urbanos e rurais por meio da produtividade e da responsabilidade social. Coopera SP – Que batalhas em de-

fesa do cooperativismo, vencidas com a sua contribuição, foram mais marcantes?

AJ – A Lei Estadual do Cooperativismo, sancionada em 2006 pelo governador Geraldo Alckmin, e na Câmara dos Deputados contribuí para a aprovação da lei que criou o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo. Apesar da restrição inicial do Banco Central, formulamos não só a proposta, com normas de governança cooperativa, como chegamos a um consenso com a instituição financeira. Coopera SP – O que falta para um

impulso maior ao crescimento do cooperativismo no País?

AJ – Creio que promover a conscientização da sociedade, o que também poderá gerar uma maior cobrança para que as autoridades viabilizem meios de tornar este modelo ainda mais eficaz no Brasil. Seria extraordinário que o cooperativismo ganhasse aos olhos da população, autoridades e mídia o seu real valor transformador, capaz de promover uma revolução econômica e social. Coopera SP – Como o senhor analisa

a crise na merenda escolar, exposta com o caso de fraude da Coaf, uma cooperativa de fachada?

AJ – Infelizmente, a atuação má intencionada de alguns acaba prejudicando a imagem, mas não invalida o trabalho sério e comprometido exercido por centenas de cooperativas no Estado, que têm realmente representado mudanças positivas na vida das pessoas. Neste caso, não estamos falando de cooperativistas sérios, de cooperativas com o crivo do Sistema Ocesp. É preciso uma severa punição para que isso não volte a ocorrer. No Governo do Estado temos feito tudo para que os responsáveis respondam por suas ações. Mas esse episódio com a Coaf não nos coíbe de incentivar as cooperativas da Coopera SP jan/fev/mar 2017

O secretário tem laços fortes com o cooperativismo e a agricultura

agricultura familiar. A Codeagro, órgão da Secretaria de Agricultura, vem desenvolvendo ferramentas para auxiliar as cooperativas sérias na sua atuação, com o trabalho do Instituto de Cooperativismo e Associativismo em parceria com a Ocesp. Isso também é uma forma de coibir problemas. Reitero a necessidade de ampliar a divulgação dos benefícios obtidos por meio do cooperativismo, de forma que a sociedade conheça a estrutura dessas organizações, possa acompanhar e até mesmo monitorar o seu funcionamento, que deve ter como premissa o bem-estar comum. Coopera SP – Como o senhor enxerga a questão da resistência de alguns grupos ao registro de cooperativas no Sistema OCB? AJ – Alguns nem procuram a lei porque já partem da intenção de criar cooperativas de fachada para operar a fraude. Outros grupos, mais ideológicos, querem partidarizar o cooperativismo, semear a divisão e não deixar o sistema crescer. Apesar de os parlamentares, como eu, sermos de algum partido político, importante ressaltar que o Sistema Cooperativista Brasileiro não tem

partido. É uma conquista de todos e precisa ser preservado. Coopera SP – E sobre a restrição da

participação de cooperativas em licitações de órgãos públicos, com alegação de que cooperativas de trabalho ou de transporte, por exemplo, precarizam as relações trabalhistas e causam prejuízos ao erário?

AJ – Há um princípio constitucional de reconhecer e fortalecer o cooperativismo. Porém, muitas vezes existe incompreensão sobre a função e a relevância das cooperativas, inclusive no âmbito da administração pública. Por isso, torna-se necessário que a legislação reitere esse aspecto fundamental do cooperativismo. Uma conquista muito importante foi a inclusão das cooperativas no texto final da Lei 12.349/10, alterando a Lei 8.666/93, que passou a dar preferência, nas licitações públicas, a produtos e serviços brasileiros. Esta ação resulta do desmedido esforço e articulação das organizações ligadas à defesa do cooperativismo e dos integrantes da Frente do Cooperativismo no Congresso Nacional. Coopera SP – Como o senhor enxer-

ga a discussão atual sobre a Lei Am-


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biental, que está travando o processo de regularização ambiental dos produtores rurais em São Paulo?

AJ – Os proprietários rurais com passivo ambiental precisam fazer a regularização de suas áreas para continuar a produzir com o amparo da lei. Portanto, é fundamental que haja um consenso entre as partes, visto que essa regularização está sujeita à adesão ao Programa de Regularização Ambiental e à elaboração de um termo de compromisso que detalhará como será feito o reflorestamento ou compensação. Sabemos que os pequenos produtores paulistas, cuja homologação dos projetos ambientais ficará sob responsabilidade da Secretaria de Agricultura, têm grande interesse em se regularizar, pois mais de 90% do total preencheu o Cadastro Ambiental Rural, requisito para ter acesso ao Programa. Coopera SP – Como o senhor resume

a importância do agronegócio para São Paulo?

AJ – O Estado de São Paulo tem apenas 3% do território brasileiro, mas é estratégico para o agronegócio do País. Somos o maior produtor mundial de açúcar, álcool e de suco de laranja, maior exportador brasileiro e mundial de carne, maior produtor brasileiro de flores, de ovos, de borracha, de madeira e de máquinas agrícolas. Esses números beneficiam não só o Estado, mas o

País, projetando externamente o nosso potencial agropecuário, com a possibilidade de atrair novos mercados. Além disso, São Paulo é o centro da produção de conhecimento, desenvolvendo, por meio dos seus institutos de pesquisa, técnicas que garantem aumento de produtividade e preservação dos recursos naturais, como nos determina o governador Geraldo Alckmin ao orientar sobre a harmonia entre a agricultura e o meio ambiente. Coopera SP – Como o senhor vê a

importância das cooperativas para o agronegócio?

AJ – Por promover um desenvolvimento econômica e socialmente sustentável, o cooperativismo tem muito a contribuir para o crescimento do agronegócio brasileiro. O ambiente cooperativista tem trazido resultados muito positivos e mudado a vida de produtores rurais que, juntos, têm mais força para produzir, gerar trabalho, renda e fortalecer o segmento. O governo paulista reconhece a importância das organizações rurais e tem empreendido diversas ações de apoio às cooperativas e associações e, por seu próprio empenho, elas têm prosperado. Coopera SP – Comente sobre as

ações da Secretaria para apoiar o desenvolvimento das cooperativas.

AJ – Uma das iniciativas de maior des-

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Acredito na capacidade do cooperativismo enfrentar desafios econômicos por meio da produtividade e da responsabilidade social

taque é o Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável – Microbacias II – Acesso ao Mercado, executado pelas Secretarias de Agricultura e de Meio Ambiente, que possibilita a aquisição de equipamentos, a formalização e a estruturação para acessar o mercado e o aumento na geração de produtividade, renda e empregos no campo. Pelo programa, o governo paulista subvenciona até 70% do valor total dos projetos de associações ou cooperativas. Desde sua criação, em 2011, o Microbacias II beneficiou 295 organizações, entre elas 86 cooperativas que apresentaram e desenvolveram 109 projetos. O apoio da Secretaria também ocorre por meio do Instituto de Cooperativismo e Associativismo, que orienta e presta assessoria e consultoria a grupos interessados em se organizar ou às cooperativas e associações já constituídas, principalmente na área rural. O ICA também desempenha importante papel no incentivo à adesão dos agricultores familiares aos processos de licitação de compras de alimentos pela administração pública. Coopera SP – Para fechar a entrevis-

ta, como vê o futuro do cooperativismo no Brasil?

O vice-governador Márcio França, o governador Geraldo Alckmin e o secretário Arnaldo Jardim (da esq. para a dir.)

AJ – O cooperativismo é um movimento que visa à participação democrática, solidariedade e autonomia. Vejo com muito otimismo o futuro desse modelo, que se configura cada vez mais como uma alternativa de formalização e geração de trabalho e renda para seus participantes. l jan/fev/mar 2017 Coopera SP


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O NEGÓCIO É COOPERAR

astros

Os alunos do Colégio Polis, de Ourinhos, participam das atividades do Laboratório Móvel

De olho nos Projeto do Sescoop/SP leva a experiência de um Planetário Móvel para escolas públicas do estado de São Paulo e já atraiu 17 mil visitantes

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m projeto do Sescoop/SP na área de sustentabilidade está gerando resultados muito positivos em escolas públicas do Estado de São Paulo. Trata-se de um Planetário Móvel, que circula para levar ao público conhecimentos sobre astronomia, biologia e sustentabilidade. “O objetivo do Planetário Móvel é ser uma atividade de divulgação científica, acessível aos mais diversos públicos, ao mesmo tempo em que, ao contrapor a humanidade à escala

por Vinícius Abbate

cósmica, fornece elementos para uma reflexão sobre nossa atuação em relação aos padrões de consumo, pressão sobre ecossistemas e esgotamento de recursos naturais”, explica Fábio Santos Pellaes, analista de Projetos em Sustentabilidade do Sescoop/SP. O projeto começou em 2015 como um piloto, quando 3.900 pessoas foram contempladas em três cidades: São Paulo, Lins e Barretos. Em 2016, o Planetário Móvel teve sua escala aumentada, chegando a 18 cidades


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e 16.900 visitantes em 76 escolas, APAEs e Projetos Sociais. O projeto também passou a estar vinculado à OBA (Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica). As cidades que receberam o projeto em 2016 foram São Paulo, Taboão da Serra, Lençóis Paulista, Lins, Cafelândia, Promissão, Getulina, Catanduva, São José do Rio Preto, Mirassol, Ribeirão do Sul, Cândido Mota, Palmital, Campos Novos Paulista, Americana, Capivari, Avaré e Ourinhos. Além disso, a iniciativa contou com a participação de 17 cooperativas e entidades: Coopericsson, FNCC (Federação Nacional das Cooperativas de Crédito), Cooperata, Cooperfemsa, Sicoob Cecres, Cogem, Cooperelp, Unimed Lins, Sicredi Noroeste SP, Uniodonto Catanduva, Coopen, Sicoob Credimota, Unimed Santa Bárbara, Sicoob Credicap, Unimed Avaré, Uniodonto Avaré e Colégio Pólis de Ourinhos. Na EMEF Profª Ester Cordeiro de Souza, em Taboão da Serra, por exemplo, os alunos que visitaram o Planetário conseguiram resultados mais expressivos nas provas da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, passando de 64 medalhas, em 2015, para 172, em 2016. A escola re-

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cebeu o Planetário no dia 11 de maio, como uma ação do Dia C (Dia de Cooperar) do Sescoop/SP, e teve o apoio da Cooperativa Coopericsson. “A EMEF Profª Ester Cordeiro de Souza trata com muita seriedade a participação de seus alunos na OBA, e se diferencia por ações consistentes, abordando os conceitos da astronomia em um projeto interdisciplinar, que conta inclusive com ações em laboratório de informática”, afirma Fábio Santos Pellaes. “Nossos alunos participam da Olimpíada de Astronomia há cinco anos e desta vez a passagem do Planetário Móvel por nossa escola auxiliou o aprendizado dos alunos. O conteúdo das aulas de matemática, informática, biologia e astronomia foi exibido dentro do Planetário de maneira dinâmica, fascinante e realista. Faz diferença na rotina e no aprendizado das crianças”, completa a diretora Elisângela Ximenes. O aluno Leonardo Lameu, de sete anos, tem deficiência visual e adorou o Planetário. “Eu entrei no foguete, fui para o espaço. Fomos para Júpiter, Saturno. No espaço têm coisas divertidas, como estrelas, planetas. Foi muito legal”, disse, empolgado. l

EMEF Profa Ester Cordeiro de Souza

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Acelerar para

conquistar mercados Como parte do processo de profissionalização, o ramo transporte cria um Conselho Consultivo, realiza a 1ª Rodada de Negócios, faz missões técnicas e elabora um manual de orientação por Edmir Nogueira

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u conheço cada pal- cooperativas de transporte. Hoje, elas mo desse chão/é só movimentam nada menos que R$ 6 bime mostrar a direção/ lhões por ano. Quantas idas e vindas, De Norte a Sul do país, a frota das meu Deus, quantas voltas/viajar é pre- cooperativas chega a 30 mil veículos ciso, é preciso/Com a carroceria sobre e responde pela circulação de aproxias costas/vou fazendo frete cortando madamente 428 milhões de toneladas o estradão”. Os versos acima abrem de cargas. Segundo dados da OCB, a canção “Frete”, do composão 1.259 cooperativas do ramo, sitor Renato Teixeira, e com 138.112 associados. O embalavam a aberturamo responde ainda por O ramo ra do seriado “Carga aproximadamente 46 Pesada”, sucesso mil veículos, que transtransporte tem no final da década portam 2 bilhões de 1.259 cooperativas, de 1970 da TV Glopassageiros ao ano. No 118 mil associados bo, com reedição Estado de São Paulo, e uma frota de entre 2003 e 2007. são 134 cooperativas A produção retratava que agregam mais de 30 mil veículos as aventuras de Pedro 33.100 cooperados. Os e Bino, interpretados por números representam apeAntônio Fagundes e Stênio Garnas uma parcela da força das cocia, respectivamente. Os personagens operativas de transporte. Sem sombra percorriam as rodovias brasileiras en- de dúvida, o ramo tem importância frentando adversidades como estradas fundamental para o desenvolvimento de chão, roubos, entre outras. econômico e pode contribuir para o A série inspirou a profissão de enfrentamento da atual crise, buscanmuita gente, mas os tempos român- do ainda alternativas para a concorticos deram lugar à necessidade de rência desleal no setor. maior profissionalização. Para atenAs cooperativas paulistas arregader à crescente demanda dessa área, çaram as mangas e criaram o primeiro o cooperativismo busca alternativas Conselho Consultivo do Ramo Transpara fortalecer o ramo transporte, que porte em âmbito estadual no país. conta com números que, por si só, Assim, está estabelecido um fórum dão a dimensão da importância das para detalhar os problemas e discutir

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soluções. Elas participaram ainda de uma Missão Internacional à Argentina e da 1ª Rodada de Negócios do Ramo Transporte em Esteio (RS) (veja detalhes na página 15). “As cooperativas precisam ser competitivas. Por isso, devem estar focadas no seu negócio, organizadas e seguras das regras. O Sescoop/SP vem ajudando não só na formação, orientação e regulamentação, mas também nas ações para a conquista de mercado”, pontua Conceição Barros, consultora técnica de Gestão e Desenvolvimento de Cooperativas do Sescoop/SP. O ramo agora conta com regras mais claras, como a criação do registro de Cooperativa de Transporte Rodoviário de Carga (CTC), expedido pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A norma estabelece que para o cadastro na agência é preciso antes ter o registro no Sistema Cooperativista. “O ramo transporte tem que partir para a profissionalização porque está sob forte regulamentação federal. Tem que trabalhar dentro das normas”, esclarece Conceição.

RESULTADOS

Uma nova etapa começa a ser construída entre as cooperativas de transporte e as discussões recentes já trouxeram propostas positivas. O Sistema OCB criou um manual específico para o ramo, com orientações sobre a formação, contabilidade, entre outras dúvidas frequentes de cooperados e gestores. “O ramo transporte é muito complexo e esse manual vai ajudar as cooperativas”, afirma Murilo Karapetcov Silva, diretor do Ramo Transporte da Ocesp e presidente da Coopercar (Cooperativa dos Prestadores de Serviços na Área de Transportes em Geral de São Paulo). Ele lembra que, além

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do transporte de cargas, fazem parte do ramo as cooperativas de táxi, moto-frete, transporte urbano e prestadoras de serviços às prefeituras, entre outras. As novidades devem se multiplicar nos próximos meses. Depois do sucesso da 1ª Rodada de Negócios no Rio Grande do Sul, as lideranças do ramo já estudam uma segunda etapa no Estado de São Paulo. Os projetos de intercooperação, principalmente com as cooperativas do ramo agro, devem ganhar novos caminhos, oferecendo alternativas aos cooperados. Para Murilo, é preciso enfrentar a crise e olhar o cooperativismo como uma solução essencial para o ramo: “Queremos aproximar a cooperativa do Sistema Ocesp para que ela veja que essa é a forma mais vantajosa de trabalho”.


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Rodada de Negócios cria oportunidades Um grupo de seis cooperativas do Estado de São Paulo participou da 1ª Rodada de Negócios do Ramo Transporte, em Esteio (RS), no dia 30 de agosto do ano passado, durante a Expointer 2016, uma das maiores feiras de agronegócio da América Latina. No encontro, 17 empresas contratantes, chamadas “embarcadoras”, analisaram os serviços de logística ofertados por mais de 35 cooperativas de transportes, que participaram do evento promovido pelo Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), com apoio do Sistema Ocesp. Em apenas um dia, as cooperativas puderam participar de negociações envolvendo a contratação de serviços para transporte de matérias-primas, produtos acabados e semiacabados. “A rodada foi ótima. É uma forma de aproximar as cooperativas dos fornecedores. Foi um modo de aparecer

para o mercado”, ressalta Edison Rodrigues, presidente da Cooperativa de Transporte de Cargas e Logística da Baixada Santista (Cooperbas), que foi criada há cinco anos e conta com 43 cooperados. Caminhando para os 25 anos de criação e com 110 cooperados, a Cooperativa de Transporte e Logística do Alto Tietê (Cotralti) conta hoje com um depósito de 4 mil metros quadrados em Suzano (SP) e filiais no Estado do Rio de Janeiro, em Resende, Nova Iguaçu e Macaé. Para Márcio Nunes de Paula, diretor comercial e cooperado da Cotralti, a rodada de negócio foi muito “positiva e significativa” para a cooperativa. “O nosso grande diferencial foi oferecer a armazenagem, que as outras cooperativas não tinham”, salienta. Francisco Monteiro Dantas, diretor financeiro da Cootabs (Cooperativa

de Transportes Autônomos de Bens de Salto e Região) conta que já tem dois negócios em andamento resultantes da rodada. “Foi um canal novo com aproximação do ‘embarcador’. Tivemos a oportunidade de conversar com várias pessoas”, afirma. Com 92 cooperados, a Cootabs foi criada há 14 anos. A Coopercab (Cooperativa de Caminhoneiros Autônomos de Botucatu) também já está desenvolvendo três projetos de distribuição e armazenamento para apresentar conforme solicitação dos contatos no evento. “A primeira Rodada de Negócios foi excepcional, prática e objetiva. Com esse evento, tivemos contatos com clientes que levaríamos anos para conseguir agendar uma reunião”, comemora Márcia Rodrigues, gerente comercial da cooperativa fundada há 13 anos e que conta com 44 cooperados.

Representantes das cooperativas puderam conversar com os embarcadores

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Missão Técnica fortalece intercâmbio Para fortalecer o intercâmbio na América Latina, o Sescoop/SP acompanhou as cooperativas paulistas na Missão Técnica do Ramo Transporte na Argentina durante os dias 17 e 23 de julho de 2016. A proposta foi identificar novos mercados, prospectar negócios e conhecer boas práticas de gestão cooperativista. Os participantes puderam conhecer o Instituto Nacional de Associativismo e Economia Social da Argentina (Inaes), o setor comercial da Embaixada do Brasil em Buenos Aires, a Confederação Nacional de Cooperativas Intercooperativa Agropecuária da Argentina (Coninagro), a Câmara de Comércio Brasil-Argentina (Cambras) e a Casa Cooperativa. A missão incluiu ainda visita às cooperativas Central Cooperativa Agricultores Federados Argentinos (AFA) e Cooperativa Agropecuária Federada de Álvarez e Piñero, na cidade de Rosário, e Central SanCor Seguros e SanCor Lácteos, em Sunchales, cidade considerada a capital nacional do cooperativismo argentino. A intercooperação foi um dos pontos destacados da visita por Elias Go-

mes Assênio, presidente da Coorptrans (Cooperativa Riopretense de Serviços de Transporte e de Cargas), que conta com 75 cooperados. “A missão ajudou a repensar nosso trabalho e a buscar outras soluções”, explica. “Na Argentina, pudemos verificar a realidade de cada segmento e obtivemos a certeza de que podemos evoluir e fazer o nosso quadro social crescer. Houve troca de experiências entre as cooperativas. Todas estão engajadas no mesmo interesse de acesso e manutenção do mercado”, afirma Josimar Estevão da Silva, diretor Administrativo da Cooperativa de Transportes Rodoviários do ABC (Coopabc), que conta com 127 cooperados e 53 anos de atuação no mercado. Para Márcia Rodrigues, gerente comercial da Coopercab, a missão permitiu a troca de experiência e a possibilidade de contar com parceiros para a intercooperação: “De cada visita, tiramos uma lição. Foi uma injeção de ânimo, além de vermos como funciona o sistema cooperativo na Argentina e conhecer outros líderes de cooperativas que estavam na delegação”, completou.

Comitiva durante visita à Casa Cooperativa na Argentina

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Coopertransc quer replicar o sucesso alcançado para outras cooperativas

Cooperativas são reconhecidas Melhorar a qualidade dos serviços e produtos está entre as prioridades crescentes das cooperativas paulistas do ramo transporte. Além de conquistar clientes e mercados, gestões são reconhecidas com prêmios e tornam-se exemplos para outras singulares. A Cooperativa dos Transportadores Autônomos de Cargas de São Carlos/SP (Coopertransc) é um desses exemplos de sucesso. Ela conquistou prêmios de melhores práticas nos anos de 2010, 2012, 2014 e 2016 concedidos pela OCB. Irinaldo Barreto, presidente da cooperativa, espera que esses prêmios sirvam de exemplo: “Queremos que os projetos sejam uma fonte de inspiração e que outras cooperativas tenham acesso”. Em 2010, o prêmio da OCB foi para o projeto de renovação de frota, que criou um consórcio em 40 meses e reduziu de 26 para 13 anos a idade média dos veículos da frota. Em 2012, a Coopertransc criou um Fundo Assistencial Frota Segura, que auxilia os cooperados em eventuais

acidentes. Já em 2014, o prêmio foi para a construção de uma nova sede, com pátio, novo posto de combustível quiosque e auditório para cursos e reuniões.

TOP

A Coopertax (Cooperativa de Transporte e dos Condutores Autônomos de Veículos Rodoviários de São Paulo) também vem sendo agraciada com diversos prêmios ao longo dos anos. Em 2016, recebeu o Troféu SP, da Câmara Brasileira de Cultura como melhor prestadora de serviço do setor. Em 2014, foi eleita pelo Top Qualidade Brasil. Com aproximadamente 500 cooperados e 45 anos de vida, os serviços da Coopertax têm recebidos as melhores avaliações. Mas a cooperativa busca estar cada vez mais próxima de seus clientes e prepara novidades. “Em alguns meses, os clientes poderão avaliar os serviços em todas as solicitações realizadas por meio do nosso aplicativo”, garante Daniel Francisco de Sales, presidente da cooperativa. (EN)

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EDUCAÇÃO CORPORATIVA

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Olhar para o

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futuro

Parceria do Sescoop/SP e cooperativas, o Projeto Pós-Graduação ajuda a melhorar a gestão das cooperativas e o resultado dos negócios

por Carla Italia

C

om o propósito de fomentar a participação de cooperados e colaboradores de cooperativas em programas de pós- graduação lato sensu, surgiu em 2012 o “Projeto Pós-Graduação”. A iniciativa tem como escopo melhorar a gestão das cooperativas e os resultados dos negócios e contribuir para a sustentabilidade das participantes com inovação e conhecimento acadêmico. A Coop (Cooperativa de Consumo) participa do programa desde que começou. Para Andrea Maia, coordenadora de Educação Corporativa da Coop, havia uma necessidade de interagir mais com o mercado e dar um embasamento técnico maior para os colaboradores. “Eles têm em torno de 15 anos de casa. Nós ficávamos muito dentro da nossa realidade e não conseguíamos interagir com o mercado lá fora. Hoje, percebemos que o pessoal que passou pelo MBA tem um novo pique para aprender, se interessa muito mais pelos nossos treinamentos e está mais focado em estudar e não só em ter a prática. Percebemos que houve um despertar para o conhecimento”, constata Maia. O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é elaborado sobre projetos que possam ser aplicados nas próprias cooperativas. “É um trabalho muito mais prático do que acadêmico. Nosso interesse é que os alunos utilizem os conhecimentos e habilidades adquiridos ao longo da formação em projetos que ajudem as cooperativas a ter uma melhor gestão”, explica Sergio Dias,

analista de formação profissional do Sescoop/SP. Ricardo Tavaris, gerente de Recursos Humanos da Coop, fala de alguns projetos apresentados nos MBAs e que foram implementados. “Temos o desenvolvimento de um software para digitalizar o controle de qualidade que antes era feito manualmente. Contratamos uma empresa com todas as características passadas no projeto e hoje já está tudo em curso e automatizado. Outro caso muito bem sucedido foi a criação de um curso de pós-graduação chamado Prescrição Farmacêutica. Foi pensado para trazer benefícios não só para a empresa, mas também para a comunidade. O curso dá o direito a farmacêuticos responsáveis ou técnicos de prescreverem algumas medicações como antibióticos e analgésicos sem a necessidade de passar por um médico”, revela. Andrea Maia ressalta que a Coop foi a primeira a abraçar essa ideia. “Dentro de uma rede de drogaria, é muito inovador. Já estamos na primeira turma do curso, com 31 alunos, e no ano que vem já vamos abrir vagas para uma próxima”. A avaliação é amplamente positiva para os envolvidos. Priscila Yoneda, supervisora de drogarias da Coop e uma das autoras do curso de Prescrição Farmacêutica, descreve a experiência como “maravilhosa”. “Vi no curso uma oportunidade de abrir novos horizontes para a minha carreira aqui dentro”, afirma. Ricardo Tavaris acredita que o colaborador se sinta mais valorizado com esse benefício. “E, com isso, eles querem

permanecer e crescer dentro da cooperativa. Muitos deles depois que saem do curso chegam a ser promovidos”.

PARTICIPAÇÃO DAS COOPERATIVAS

Esse fomento se dá por meio da concessão de bolsas de estudos para participantes de cursos de pós-graduação lato sensu. O valor é geralmente dividido entre cooperativa, o Sescoop/ SP e o próprio aluno. “Para ser beneficiário dessa bolsa, o participante tem que se vincular a uma cooperativa e ter formação superior. Já com as instituições de ensino, nós desenhamos com elas a grade curricular para que possam atender às especificidades das cooperativas como, por exemplo, ter pelo menos uma disciplina que trate da doutrina cooperativista”, explica Sergio Dias. Já passaram pelo programa 489 alunos de 101 cooperativas. A grande maioria dos cursos é voltada para a gestão. Os indicados pelas cooperativas passam por um processo seletivo na instituição de ensino para analisar se estão aptos para o curso. “Geralmente são pessoas que já exercem função de gestão dentro da cooperativa e fazem o curso para adquirir novas habilidades e conhecimentos na área. Têm ainda aquelas que não exercem a competência, mas a cooperativa pensa em utilizá-las nessa operação no futuro. Com isso, as cooperativas acabam ampliando o número de pessoas mais ágeis e competentes para os cargos de gestão”. l jan/fev/mar 2017 Coopera SP


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FESCOOP/SP

Enfim, o registro que vem fortalecer o cooperativismo de SP Após mais de 10 anos de luta, o Ministério do Trabalho concede o registro sindical à Fescoop/SP

Coopera SP jan/fev/mar 2017

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ano de 2016 chegou ao fim com muitas incertezas, mas ficará marcado, sem dúvidas, por uma grande conquista para o cooperativismo paulista. Para comemorar essa tão aguardada vitória, o registro da Federação dos Sindicatos das Cooperativas no Estado de São Paulo (Fescoop/SP) no Ministério do Trabalho, a Casa do Cooperativismo Paulista recebeu mais de 170 pessoas no dia 8 de dezembro. Foi uma noite especial de homenagens e celebração com a presença de dirigentes de sindicatos que compõem a federação, autoridades, dirigentes de coope-

rativas e representantes de entidades parceiras. Como sempre acontece em momentos de crise, as cooperativas sinalizam que a união e a organização de pessoas por objetivos comuns podem fazer a diferença. Edivaldo Del Grande, presidente da Federação, ressaltou que, com a Fescoop/SP devidamente legitimada, a representação sindical do cooperativismo brasileiro está consolidada e todas as instituições do setor estão fortalecidas. “É uma vitória do nosso sistema de representação, apoio e suporte ao desenvolvimento das cooperativas. A Ocesp e o Sescoop/SP também ficam


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mais seguros e podemos seguir trabalhando para ajudar as cooperativas a melhorar a vida das pessoas”, frisou o presidente. A mesa de honra da solenidade foi composta por Roberto Rodrigues, embaixador especial da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) para o cooperativismo mundial; Baleia Rossi, deputado federal membro da Frencoop (Frente Parlamentar do Cooperativismo) na Câmara dos Deputados; Paulo Frange, vereador da cidade de São Paulo; Petrucio Magalhães, presidente da OCB-AM, representante do Sistema OCB, além de Del Grande. O complicado cenário político e econômico foi abordado pelos convidados, mas todos mantiveram a convicção de que o cooperativismo traz elementos chave à retomada do crescimento. A Fescoop/SP reúne os sindicatos patronais das cooperativas paulistas e poderá intermediar negociações coletivas com sindicatos de trabalha-

dores em cooperativas, ajuizar ações para a defesa dos interesses dos sindicatos e, inclusive, atuar no âmbito administrativo. A Federação também poderá ocupar assentos em órgãos do poder público, como Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), Previdência Social, compor comitês do Ministério do Trabalho, entre outros espaços.

HOMENAGENS – Os presidentes dos

sindicatos de cooperativas que integram a Fescoop/SP foram homenageados no evento. Por meio de placas entregues pelo presidente Del Grande, foi reconhecido o esforço de cada um deles para que o objetivo fosse alcançado. Os homenageados foram Francisco Augusto Serapião Júnior (Sincooesp), Ricardo Blanc (Sinacred), Vander Boaventura (Sindicresp), Danilo Roque Pazin (Sincoinfra), Marcio Valle (Sinconsumo), Gumercindo Fernandes (Sincoada), Edson Fadel (Sincomota), Silney Beraldo (Sincodonto),

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Paulo Roberto Palmeira (Sincoprod) e Dilson Miranda (Sincoomed). O apoio incondicional dos conselheiros da Ocesp durante a trajetória também foi reconhecido. Em nome de todos os membros que estiveram nos Conselhos Diretor e Fiscal da Ocesp nos últimos 10 anos, o diretor do ramo Saúde, José Alves, recebeu a homenagem. O ex-presidente da Ocesp, Evaristo Camara Machado Netto, foi homenageado pela atuação no período de idealização da Federação, ao longo dos anos de 2004 e 2005. Em nome da Confederação Nacional de Sindicatos de Cooperativas (CNCoop), representando o presidente Marcio Lopes de Freitas, o presidente da OCB-AM, Petrucio Magalhães também recebeu homenagem. Houve um reconhecimento especial ainda a amigos e apoiadores do cooperativismo. Dentre eles o deputado Baleia Rossi, o vereador paulistano Paulo Frange e a presidente da Comissão do Cooperativismo da OAB/SP, Gislaine Caresia.

SUPERAÇÃO DE BARREIRAS – A

iniciativa de criar a Fescoop/SP foi tomada em 2006, ainda no início da gestão de Edivaldo Del Grande à frente da Ocesp. Desde então, foi empreendido grande esforço para organizar as cooperativas em sindicatos e obter o Registro Sindical de cada um deles no Ministério do Trabalho. Para conquistar o Registro Sindical, a Federação precisava contar com, no mínimo, cinco sindicatos de cooperativas filiados e com o registro sindical devidamente atualizado no Ministério. “Foi uma luta muito grande, mas com o esforço de várias lideranças das nossas cooperativas, com o apoio constante dos profissionais da CNCoop e o trabalho persistente da nossa equipe, essa aguardada conquista se tornou realidade”, destaca Del Grande.l jan/fev/mar 2017 Coopera SP


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FOCO COOPERATIVISTA

Experiência

coroada de êxito Como o trabalho dos Agentes de Desenvolvimento Humano (ADHs) tem trazido bons resultados para o cooperativismo paulista por Edgard Leda

Coopera SP jan/fev/mar 2017

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ferecer soluções para as necessidades de desenvolvimento social e humano nas cooperativas paulistas é um dos objetivos principais do Sescoop/SP. Mas para que o trabalho seja bem-sucedido, é necessário conhecer as particularidades de cada cooperativa e buscar sintonia com os negócios. Essa aproximação sempre foi um desafio, mas com a formação de

Agentes de Desenvolvimento Humano (ADH) os bons resultados já começaram a surgir. O Sescoop/SP tem investido cada vez mais no desenvolvimento desses profissionais, oferecendo conhecimentos e ferramentas sobre gestão da educação corporativa, planejamento estratégico, técnicas de negociação e gestão de carreiras, entre outros temas. O ADH é um profissional escolhido pela cooperativa para ser um elo com o Sescoop/SP. Esse profissional deve estar atento ao desenvolvimento dos cooperados, colaboradores, dirigentes e da comunidade em que a cooperativa está inserida. Basicamente, ele faz o levantamento das demandas em relação ao desenvolvimento profissional e social, bem como acompanha e monitora a execução das ações planejadas em parceria com o Sescoop/SP. Foi em 2011 que o Sescoop/SP começou a desenvolver esse tipo de profissional, ao levantar as competências necessárias para a obtenção de resultados desejados tanto para o Sescoop/SP quanto para a cooperativa. “Começamos a sentir a necessidade de ter alguém na cooperativa que fosse um ponto focal, um interlocutor entre a cooperativa e o Sescoop/SP, com relação aos levantamentos de necessidades das cooperativas”, conta Andrea Mattos Pinheiro, coordenadora do projeto de ADH do Sescoop/SP. Ela explica que os ADHs já existiam no Sescoop do Paraná há mais de dez anos, e que um grupo da unidade pau-


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lista esteve em Curitiba a fim de entender como era feito esse trabalho para adaptá-lo à realidade de São Paulo. A adaptação foi necessária porque no Paraná há 40 cooperativas com ADHs, enquanto São Paulo já conta com 152 cooperativas com esses agentes. Camila Matos, analista de formação profissional do Sescoop/SP, lembra que as competências para o pleno exercício das atividades foram construídas em conjunto com os próprios ADHs e que depois foram consolidadas com a participação de profissionais de diferentes áreas do Sescoop/SP. O seguinte conjunto de conhecimentos foi estabelecido: estratégia, relacionamento interpessoal, comunicação, argumentação, organização e planejamento. E foi com base nessas competências que foi desenvolvido o programa de formação de 2015, conta Camila. “Os agentes em formação foram atrás de visão, missão e valores da cooperativa, procuraram saber onde a cooperativa está inserida no mercado, quais são as forças e dificuldades dela, onde eles poderiam atuar e ajudar. Nesse primeiro contato foi percebido que, às vezes, a cooperativa já possuía um planejamento estratégico, mas o agente ainda não estava envolvido nele”, explica. A Cooperativa Agrícola Mista de Adamantina (Camda) participa do processo desde o início e teve colaboradores presentes em todos os módulos de formação. A supervisora de RH Marília Costa Ramalho e a gerente operacional administrativa Luci Dalva de Araújo Claudiano foram as representantes da cooperativa no processo inicial. Marília lembra que os temas dos treinamentos puderam ser replicados em diversos setores. “O papel do ADH na cooperativa é o de agente facilitador em todas as áreas. Com isso, desenvolvemos uma visão estratégica junto ao desempenho profissional, prestando atenção também na comunidade

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como um todo. Isso ajudou na comuni- contato com todas as áreas e identicação entre a cooperativa e o associa- ficar quais são as reais necessidades do, promovendo acima de tudo a inter- de nossos cooperados e profissiocooperação”, relatou. nais”, salienta. Luci ressalta que “Procuramos trazer tamo programa é um bém para a gerência, coorO Sescoop/SP apoio ao desenvoldenação e líderes, aquivimento de profislo que temos de mais investe cada vez sionais em suas mais no desenvolvimento atual no merc ado. cooperativas. “O Para 2017 desendos ADHs, que são objetivo é fortalevolvemos um prograos elos entre as cer os participanma com tendências de cooperativas te s co m r elaç ão inovação, a fim de desao papel do ADH, e a entidade pertar na nossa gerência, sensibilizando para a nossos líderes e em nossos importância da educação profissionais a questão das nocontinuada, para a eficácia do vas tecnologias. Ainda enfrentamos processo de treinamento e para o de- alguma resistência, tanto por parte do senvolvimento de pessoas”, aponta. cooperado quanto de nossos clientes, Analista de comunicação na em conhecimento técnico, como por Camda, Roberta Marchioti também exemplo, de vendas online”, finaliza participou do processo de ADH e agora Leonardo. migra para a ação do Agente de DeAnalista de treinamento e desensenvolvimento Social (ADS). “Penso volvimento no RH da Coopercica, que mais este braço poderá somar e Bruna Vitória Vendramin também fortalecer as iniciativas de responsa- participou da formação de ADH e rabilidade social no ambiente cooperati- tifica a importância dos agentes de ter vista. O intuito é desenvolver ações de uma visão estratégica do negócio e de impacto social cada vez mais estrutu- atuar como ponte entre a cooperativa radas e assertivas”, finaliza Roberta. e o Sescoop/SP. Ela comemora a significativa muMEDINDO RESULTADOS dança que houve nas atividades interHá uma preocupação em amar- nas, bem como as mensurações das rar os treinamentos dos ADHs a indi- atividades, uma vez que atualmente cadores e a resultados das coopera- a cooperativa consegue abranger um tivas, informa Leonardo Oliveira, da público maior de funcionários. “Hoje Cooperativa Veiling Holanbra (CVH). treinamos 90% de nossos colaborado“Seis meses depois que nosso pro- res e nossas atividades são feitas com fissional é treinado, ele é avaliado públicos diversificados. Por exemplo, quanto à eficácia do treinamento: o se hoje temos um treinamento esque mudou, o que foi eficiente e o que pecífico para o setor de padaria, na poderia melhorar”, pontua. próxima semana haverá outro para Leonardo desenvolvia alguns tra- os gerentes de loja. Temos promovido balhos com o departamento de Recur- capacitações do auxiliar de limpeza sos Humanos quando foi convidado ao nível gerencial”, conclui Bruna. a participar do programa de formaA partir de 2017 está prevista a ção de ADH. Ele conta que ao par- formalização das boas práticas dos ticipar da formação com o Sescoop ADHs, além da manutenção e desenficou bem clara a importância que o volvimento dos agentes por meio de ADH, com envolvimento em todas as fóruns técnicos regionais, com o objeáreas, tem na cooperativa. “É de ex- tivo de aprimorar o trabalho feito até o trema importância esse papel de ter momento. l jan/fev/mar 2017 Coopera SP


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PROGRAMAS DO SESCOOP/SP

A Emeb “Archibald Rehder” criou o projeto “Toda alma é uma música que se toca”

No Colégio Polis, em Ourinhos, a garotada aprende na horta comunitária Coopera SP jan/fev/mar 2017

Escola e comunidade unidos pela biblioteca da Emeb “Professora Silva Helena Dias Soares”


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Cooperjovem faz a diferença Programa busca aproximar mais as escolas das comunidades com ações como criação de bibliotecas e hortas comunitárias

por Edmir Nogueira

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ão é de hoje que se reconhece o papel transformador dos jovens na sociedade. Em seus famosos Ensaios, o filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626) escreveu que os jovens estão mais aptos a inventar do que a julgar, a executar do que a aconselhar e a tomar a iniciativa do que a gerir. Seu conterrâneo e poeta John Milton (1608-1674) completava dizendo que a juventude mostra o homem tal como a manhã mostra o dia. O cooperativismo sempre encarou a juventude como um polo dinâmico fundamental para seu projeto de transformação que une desenvolvimento econômico e bem-estar social. A maior prova desse compromisso é o Cooperjovem, lançado em 2001 e por meio do qual a realidade de muitas localidades está mudando para melhor. Realizado pelo Sescoop/SP, o programa já atende 15.190 alunos de 74 escolas em 11 municípios paulistas. A aproximação da escola com a comunidade, a criação de bibliotecas, hortas comunitárias e a atenção à saúde são alguns dos resultados alcançados. “O Cooperjovem é um programa que busca a transformação social por meio da educação cooperativista”, pontua Ana Claudia Banin, gestora do programa e coordenadora do Núcleo de Projetos Sociais do Sescoop/SP.

A parceria entre o Sescoop/SP e as cooperativas possibilita a disseminação da metodologia do Cooperjovem nas escolas. Por meio do Projeto Educacional Cooperativo (PEC) essas unidades definem sua linha de trabalho, que será acompanhado durante três anos pelos técnicos do Sescoop/SP.

NOVOS HÁBITOS

Em Lins, os alunos da Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Gessy Martins Beozzo subiram um ponto na avaliação do Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) graças ao programa, que permitiu a reforma da biblioteca e a aquisição de novos livros, além do incentivo à leitura. “Tem criança vindo no horário contrário ao da sua aula para pesquisar na biblioteca”, conta Adriana dos Santos Barbosa, diretora da escola. Na Emeief (Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental) João Santos Meira, a garotada participou da criação de uma horta educativa e aprendeu a importância e o valor nutricional dos alimentos. Maria Dulce Lelis de Brito Casadei, diretora do colégio, conta ainda que a escola está preparando um almoço com os pais. “Queremos reforçar os laços da comunidade com a escola”, afirma. jan/fev/mar 2017 Coopera SP


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PROGRAMAS DO SESCOOP/SP

A ETEC (Escola Técnica Estadual) Agrícola Orlando Quagliato, em São José do Rio Pardo, recebe alunos de diversas partes do país. Muitos ficam longos períodos longe da família. “Nosso projeto visa melhorar o relacionamento dos alunos com a escola e com os outros alunos”, explica Francis Degorer Godoi, coordenador. Os próprios alunos participam da formação do programa e já estão desenvolvendo ações de recuperação de áreas comuns e jogos, buscando a integração entre as diversas classes. Em Ourinhos, o Colégio Polis, uma cooperativa educacional, criou uma horta comunitária e um programa para reduzir custos. Os estudantes aprenderam a analisar as contas de água e luz da casa e da escola. “Os alunos estão mais engajados com os problemas da escola e levam esse aprendizado para casa”, explica Ciomara Cristina Rosa de Carvalho, coordenadora pedagógica do Polis. Além disso, o colégio criou o Recreio Literário, para incentivar a leitura. Entre os resultados alcançados, a escola já recebeu várias distinções e a estudante Mônica Amaral Noveli conquistou o prêmio de redação do Sescoop Nacional.

RECONHECIMENTO

Para as cooperativas, o Cooperjovem contribui para reforçar o marketing social dos empreendimentos. “Ele é um projeto completo, dentro da função da cooperativa na comunidade”, explica Bruna Reis, assistente de Comunicação da Coopermota. Para Marcos Antonio de Almeida, supervisor de Marketing e Agente de Desenvolvimento Humano (ADH) do Sicoob Credimota, o programa tem ajudado na construção da imagem das cooperativas: “Elas são reconhecidas. Hoje, já estamos sendo procurados pelas escolas”. Daniela da Silva Atanázio, pedagoga da Unimed Lins, considera que o Cooperjovem tem contribuído para que os colégios revejam paradigmas e estimulem a cooperação. Para ela, o programa trouxe a discussão sobre a prática pedagógica: “Mudou a visão, não só dos professores, mas de toda a escola”. l Coopera SP jan/fev/mar 2017

Na escola “Dona Bebé Camargo”, em Mococa, escola e comunidade cuidam do jardim

Educação é mais participativa em Mococa A simpática cidade de Mococa, localizada a cerca de 300 km ao norte da capital, vive uma experiência ímpar no sistema cooperativista. Os 5.450 alunos das 24 escolas da rede pública municipal participam do Cooperjovem. O programa vem envolvendo toda a comunidade e trouxe mudanças significativas no dia a dia da cidade. “Os ideais do Cooperjovem estão alinhados com os da cidade, que visa uma educação mais democrática com a participação dos pais e da comunidade”, comemora Naider Porcel, Secretário de Educação de Mococa. A iniciativa partiu da Uniodonto São José do Rio Pardo, que já estuda ampliar o Cooperjovem para outros municípios da região. “É muito importante que as Secretarias de Educação tenham mente aberta para esse projeto”, afirma Ilka Aparecida Ronci Galeazzo, presidente da cooperativa. O entusiasmo envolve os profissionais das escolas, alunos e comunidade, que colhem os frutos do trabalho que


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Alunos da Emeb “Archibald Rehder” também levam uma sacola de leitura todas as semanas

chega ao seu terceiro ano em Mococa. QUALIDADE DE VIDA A Emeb “Archibald Rehder” cons“Se você dá condições, a comunidade responde às expectativas”, explica Ana truiu seu PEC voltado à saúde, envolCristina Zerbinatti e Silva, diretora na vendo a Unidade Básica de Saúde Emeb (Escola Municipal de Educação próxima à escola. Assim, desnutrição, Básica) “Dona Bebé Camargo”, locali- sobrepeso, problemas dentários, enzada na zona rural, aproximadamente tre outros diagnósticos, puderam ser acompanhados de perto, com 25 quilômetros distante do centro a participação dos pais e de Mococa. responsáveis. “Abrimos Com 120 alunos, a as portas da escola e unidade escolar conOs 5.450 alunos isso fez toda a difeta com dois Projetos das 24 escolas da rença no nosso traEducacionais Cooperede pública da balho”, comemora rativos (PECs). Um cidade de Mococa Ana Rosa Vicinança deles incentiva a participam do Orestes Taliberti, dipreservação do meio programa retora da escola. ambiente com a coleta “Toda alma é uma seletiva de resíduos na Cooperjovem música que se toca” foi comunidade e reúso da outro PEC da unidade, que água, além da horta orgânica reforça a educação musical da e paisagismo na escola. O outro estimula a leitura entre alunos e comunida- garotada com os mais variados estilos de. “Eu vejo que aqui é a nossa casa. É musicais, além de contar com a partiuma escola que a gente se sente segura cipação dos responsáveis. A “Archibald em deixar os filhos”, afirma Ana Paula Rehder” criou ainda uma sacola de Geraldo, dona de casa e mãe de três leitura, que os alunos levam semanalmente para casa. “É para os pais tealunos estudantes da unidade.

rem aquele momento de sentar com a criança no colo, desligar a televisão, e contar história”, explica Ana Rosa.

BIBLIOTECA COMUNITÁRIA

“A biblioteca da nossa escola é perfeita. Tem muita variedade e a gente adora”, festeja Helena Dias Sores, técnica em enfermagem e mãe de dois alunos da Emeb “Professora Silvia Helena Dias Soares”. Lá, a equipe gestora, formada por Silvana Maria Marques Bernardes e Bernadete Marchola Bueno, faz questão de investir em livros de qualidade para os alunos e comunidade e levantaram durante um ano R$ 4 mil, que foram aplicados na compra de novas publicações. “Aqui, temos a oportunidade de levar os livros para casa. Leio de dois a três por mês”, conta Elisabete Onório Pursino, merendeira da escola. “O projeto é muito importante por estimular a nossa leitura e também podemos ler para os filhos”, conclui Janaína Cristina Adão de Moraes, técnica em açúcar e etanol e mãe de um dos alunos da unidade.

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GIRO COOPERATIVISTA

I Notas sobre cooperativismo e cooperativas em São Paulo

Profissionais da OCB Acre visitam Casa do Cooperativismo Paulista

Ação do Sescoop/SP e cooperativas impacta foliões O Sescoop/SP e as cooperativas CoopEricsson, Sicredi e Uniodonto Paulista puseram o bloco na rua no último carnaval e realizaram uma campanha de conscientização dirigida aos foliões paulistanos. Com o slogan “Junte-se ao Nosso Bloco”, a ação consistiu na realização de esquetes teatrais e distribuição de 40 mil camisinhas nas estações de metrô Ana Rosa, Brás, Paraíso, República e Sé, entre os dias 15 e 28/2. O objetivo era reforçar a importância do uso do preservativo para prevenir as doenças sexualmente transmissíveis. Em parceria com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, também foram realizados testes rápidos de HIV.

Nos dias 16 e 17 de fevereiro, a sede do Sistema Ocesp recebeu a visita de 10 profissionais da OCB Acre, que conheceram o trabalho realizado com as cooperativas paulistas. “Nosso objetivo era analisar e vivenciar uma experiência de imersão na Ocesp para entender como é feito o atendimento às cooperativas e a prestação de serviços do Sescoop/SP e da própria Ocesp”, explica o presidente da unidade estadual, Manoel Valdemiro da Rocha.

Sescoop/SP contrata novos consultores técnicos de Gestão Para melhorar ainda mais o atendimento às cooperativas e desenvolver novos projetos para todos os ramos cooperativistas no Estado, o Sescoop/SP investiu na contratação de novos consultores técnicos de Gestão, que começaram o trabalho na sede do Sistema Ocesp. A consultora Priscilla Coelho atuará nos ramos Educação, Produção e Trabalho. Já o consultor Rodrigo Dias trabalhará com os ramos Crédito e Consumo.

Coplana reduz custos com produção própria de mudas Vencedora do Prêmio Somoscoop - Melhores do Ano de 2016, na categoria “Inovação e Tecnologia”, a Coplana criou um modelo de plantio de cana-deaçúcar que aumenta a produtividade e reduz o custo de plantio. Chamado de + Cana - Mais Produtividade no Canavial, o projeto chama a atenção por romper com um processo produtivo que existia há mais de 500 anos. Em vez de adquirir mudas de fornecedores externos, a cooperativa de Guariba montou viveiros nas propriedades de 14 produtores, formando polos para a produção de cultivares melhoradas e adaptadas ao ambiente local. Veja vídeo sobre o projeto: http://bit.ly/2lSrhEn Coopera SP jan/fev/mar 2017

Viveiro de mudas pré-brotadas (MPB) de cana-de-açúcar


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Cooperatividade Verão O Cooperatividade Verão, que levou à cidade de Santos diversas atividades de esporte e saúde no mês de janeiro de 2017, conseguiu atingir mais de 16 mil pessoas em seus quatro finais de semana de realização. Promovido pelo Sescoop/SP em parceria com as cooperativas Unimed Santos, Uniodonto Santos e Infantil Santos, o evento ofereceu aos banhistas aulas de axé, zumba e alongamento, jogos de beach tennis e ações de saúde – avaliação física e esquetes sobre a dengue e DSTs.

Projeto da Coopertransc garante bem-estar de cooperados e incentiva fidelização No ano passado, a Cooperativa dos Transportadores Autônomos de Cargas de São Carlos (Coopertransc) foi vencedora na categoria Fidelização do Prêmio SomosCoop. É o terceiro ano consecutivo que a cooperativa é premiada e isso não é por acaso – já há alguns anos ela vem investindo no bem-estar de seus cooperados. Desenvolvido em 2016, o “Projeto Bemestar – Cuidando da Saúde e do Patrimônio de Nossos Cooperados” apresentou duas vertentes de benefícios: a saúde, por meio de um plano de saúde fechado com a Unimed; e a manutenção do caminhão, garantida pelo Fundo de Amparo ao Cooperado (FAC). Veja vídeo sobre o projeto: http://bit.ly/2mWHXLY

Sicredi inaugura ponto de atendimento no prédio da ACSP A Sicredi Vale do Piquiri ABCD PR/SP inaugurou em fevereiro mais um ponto de atendimento na capital paulista. A cooperativa funciona em espaço no interior do prédio da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), na Rua Boa Vista, região Central. Com foco no segmento de pessoas jurídicas, pretende atender o público que circula na ACSP e empresas do entorno. A inauguração aconteceu quase dez meses após a abertura da agência da cooperativa na Avenida Paulista, um marco para o cooperativismo de crédito no maior centro comercial e financeiro do País. O superintendente Aramis Moutinho Junior representou o Sistema Ocesp no evento de inauguração.

Credicitrus lança aplicativo para abertura de conta Desde o início do ano, a Sicoob Credicitrus começou a abrir contas por meio digital. A inovação acontece com o lançamento do aplicativo “Credicitrus - Associe-se”, apresentado ao mercado neste dia 9 de janeiro, na sede da Instituição, em Bebedouro, no interior de São Paulo. O aplicativo foi desenvolvido para facilitar a associação de novos cooperados na categoria pessoa física e permite que o interessado envie online seus documentos, uma foto ou um vídeo de identificação e opte pela unidade de atendimento da cooperativa à qual deseja filiar-se. O cadastro passa por uma análise interna e sua aprovação ou reprovação é comunicada via SMS.

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MEMÓRIA COOPERATIVISTA

por Américo Utumi*

As cooperativas e a integração regional Nos intervalos das batalhas de negociação comercial na América Latina, saltavam as molecagens do Zé Pires

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o início dos anos 1960, os países da América do Sul criaram uma associação para promover uma zona de livre comércio na região, a ALALC (Associação Latino Americana de Livre Comércio), da qual faziam parte 11 países da América Latina, além do Brasil. Montevidéu, capital do Uruguai, foi escolhida para sediar a nova entidade. Para assessorar os membros do Itamaraty sobre questões agrícolas, as cooperativas eram convidadas, porque muitas delas tinham presença importante no mercado. Naquele tempo, um dos produtos agrícolas brasileiros mais expressivos no comércio intrarregional era a banana. E era presidente da Cooperativa dos Bananicultores da Baixada Santista um companheiro conhecido pela sua índole alegre e brincalhona. Seu nome era José Pires de Almeida, um valoroso cooperativista que foi mais tarde presidente do Banco Nacional de Crédito Cooperativo e assessor do Ministro da Agricultura. No começo dos trabalhos da ALALC – que posteriormente virou Aladi, Associação Latino-Americana de Integração –, não havia muita dificuldade no setor agrícola. Como os produtos eram negociados na base de cotas, a Argentina exportava maçãs, peras, ameixas

Coopera SP jan/fev/mar 2017

que o Brasil não produzia e, em contrapartida, importava a nossa banana. E lá estavam as nossas cooperativas brigando para aumentar as cotas do produto exportado aos argentinos que condicionavam o seu aceite ao aumento das cotas de exportação de seus produtos industriais. À época, era comum ouvir dos agrônomos que um país tropical como o Brasil jamais produziria frutas de clima temperado, que necessitam de baixa temperatura para quebrar a dormência da semente. Mas, com o auxílio de um agrônomo japonês, Santa Catarina passou a produzir, com sucesso, maçãs e peras de qualidade igual ou superior às importadas. Houve então necessidade de diminuir as importações da Argentina. E, por serem as cotas negociadas nas reuniões da Aladi, a Confederação Nacional da Agricultura me indicou para integrar a delegação brasileira. Para a minha agradável surpresa, o companheiro cooperativista Zé Pires, na assessoria do Ministro da Agricultura Allysson Paulinelli, integrou a nossa delegação. E nós tivemos a penosa tarefa de iniciar as negociações com os delegados argentinos, no estabelecimento de novas cotas para a maçã. Foi uma tremenda batalha. A exportação de maçãs para o Brasil representava, na

ocasião, um item importante na pauta do comércio exterior da Argentina e, nas reuniões, os delegados argentinos ameaçavam retaliar as importações de produtos industriais brasileiros. Nos entreveros diplomáticos, ressaltou a experiência do embaixador brasileiro na Aladi, Maury Gurgel Valente. Inteligente, simpático, fora casado com a famosa escritora Clarice Lispector. Graças ao seu trabalho, o embaixador conquistou importantes vitórias nas negociações, especialmente de interesse dos agricultores brasileiros. Nos intervalos das negociações na Aladi, os membros da delegação se divertiam com as molecagens do Zé Pires. Ele tinha a pachorra de ir às boutiques mais elegantes de Montevidéu para comprar peças íntimas femininas e introduzi-las, sorrateiramente, nas bagagens dos companheiros. No retorno, quando as respectivas esposas desfaziam as malas, estourava a grande briga conjugal. Mais de uma vez, o Pires foi obrigado a telefonar para as esposas, dizendo ser autor da brincadeira e pedindo desculpas, antes que o caso virasse divórcio. Tendo falecido alguns anos atrás, tenho certeza que o Zé Pires está aprontando algumas lá no céu, pregando boas peças em São Pedro e cia... l *Américo Utumi é conselheiro da Ocesp


O cooperativismo paulista ganhou mais força Após anos de luta, em 2016 a Fescoop/SP conquistou o registro no Ministério do Trabalho. A Federação tem legitimidade para intermediar negociações coletivas (acordos, convenções e dissídios da categoria) e representar os interesses gerais do cooperativismo e de seus sindicatos filiados nos âmbitos administrativo, extrajudicial e judicial. A Ocesp e o Sescoop/SP também terão mais segurança jurídica e todas as ações em prol do desenvolvimento das cooperativas ganham mais força.

DEFESA DOS INTERESSES SINDICAIS DAS COOPERATIVAS PAULISTAS


NOSSAS HISTÓRIAS ESTÃO

CONECTADAS Você sabia que cooperativas paulistas estão presentes nos mais variados tipos de negócios? No campo e na cidade, organizando a produção, o trabalho, o consumo ou facilitando o acesso a bens e serviços. Somos diferentes, mas temos muita coisa em comum. Fazemos parte de um movimento que une desenvolvimento econômico e desenvolvimento social e cria melhores oportunidades para todos.

Junte-se a nós! Compartilhe suas histórias e acompanhe o dia a dia do cooperativismo paulista em nossos canais.

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