Cafe com Luteria. n.3

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Bogdan Skorupa Ribeiro dos Santos

Edição e Editorial Projeto gráfico e diagramação Comunicação

Thiago Corrêa de Freitas

Revisão Comunicação

Filipe Guimarães dos Santos Robert O’Brien

Capa Redação (convidado)

Alesson Dantas de Souza Rodolfo Minhoto Redação (convidados) Antonio Facundo Leiva Valeria Verónica Quiroga

Redação (convidado) Tradução Impressão Tiragem:

Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons: Atribuição (by) 4.0 Internacional. Esta licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, inclusive para fins comerciais, desde que atribuam o devido crédito ao autor original. .............................................................................. CONTATO cafecomluteria@gmail.com issuu.com/cafecomluteria O conteúdo dos textos apresentados nesta revista é de responsabilidade dos autores. Em nenhum momento necessariamente representa a opinião dos editores e revisores. Estes adequam a escrita ao padrão da revista, regido pelas Orientações para Autores e por Polı́ticas Internas.

Café com Luteria No 3, Set/2019 Curitiba, Brasil


2 Leia neste número

BOGDAN SKORUPA RIBEIRO DOS SANTOS

4 Editorial

ROBERT O’BRIEN

6 Convidado

ALESSON DANTAS DE SOUZA RODOLFO MINHOTO

10 Convidado

ANTONIO LEIVA

14 Extra

Instruir a Construir, Violoncello da Spalla e 70 anos do Curso de Tucumán. Edição de Primavera


Conteúdo 3

Um ano ligado na luteria Editorial

Instruir a construir violões Ensinar-Aprender

Um movimento pelo Violoncello da Spalla História em Construção

Escola de luteria de Tucumán - 70o aniversário de sua criação Español/Português

Cursos de Luteria

3 Café com Luteria No 3, Set/2019 Curitiba, Brasil


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Um ano ligado na luteria

Dentro deste um ano, cada vez mais, me sinto envolvido na luteria. Em mostrar o trabalho dos construtores de instrumentos musicais. Precisamos revelar como trabalhamos. Fortalecer a própria Luteria. Esta profissão. Existimos aqui no Brasil e buscamos existir em nossas regiões. Precisamos mostrar os bons trabalhos. Existem falcatruas, “picarethiers”... sim. Então, mostraremos os bons trabalhos. E quantos trabalhos! Dos mestres luthiers até os iniciantes na área. Há muito a ser feito e um horizonte de muitos cafés pela frente.

E os assuntos são infinitos! Esta infinidade nos faz caminhar a cada número, pouco a pouco revelando o que há de Luteria para ser mostrado. Estamos reunindo estes assuntos sob os mesmos Grupos Temáticos, quando cada pessoa fala da mesma coisa (mesmo que de maneira diferente). Juntos, os números 1, 2 e 3 da revista reúnem falas dentro de seis Grupos Temáticos: 1. Padrões e Originalidade; 2. Ética e Histórias;

O’Brien, construtor de cordófonos dedilhados, divulgador de informações... instrutor;

3. Aos Músicos;

Alesson Dantas e Rodolfo Minhoto, construı́ram um violoncello da spalla na época de conclusão do curso de luteria em Tatuı́;

5. Ferramentas;

Antonio Leiva, construtor, professor e atual chefe do departamento de luteria de Tucumán, na Argentina, e suas memórias dos 70 anos do curso;

4. Segurança;

6. Cursos de Luteria; 7. Ensinar-Aprender; 8. História na Construção. Esperamos que estes grupos temáticos sirvam de sugestão e inspiração para conversas futuras. E você... O que você tem a dizer?

Buscamos as referências que os autores apontam em seus textos, mesmo as mais sutis. Estão logo após os textos.

Texto do Editor

Ao final, reunimos algumas sugestões do nosso corpo editorial.

4 Instruir a Construir, Violoncello da Spalla e 70 anos do Curso de Tucumán. Edição de Primavera


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Para fazer um texto INÉDITO, podem ser tomadas bases em experiências e reflexões sobre instrumentos musicais de corda com corpo e braço feitos em madeira. Cada texto (inédito ou de resposta) recebido pelo grupo editorial será conferido se é adequado ao escopo da revista. Depois de revisar a gramática, concordância, coerência e estrutura, os textos são retornados aos autores para correções e aprovação. A versão final é adequada ao modelo da revista através do editor LATEX. As publicações acontecem por ordem de envio e contato com os autores, no máximo, 5 textos por número. Se houver mais textos, serão publicados num próximo número.

• Espaçamento simples entre as linhas; • Espaço entre parágrafos 0pt; • Sem ilustrações, listas ou tabelas, pois serão incluı́das depois. Posteriormente, incluı́mos as ilustrações (sugerimos pelo menos 6) de sua preferência! Prezamos pela autoria própria e pela sinceridade, pois queremos ler aquilo que você tem a dizer sobre um assunto da luteria.

Envie Escreva para nosso email e anexe o seu texto num formato editável (.doc; .docx; .odt; .tex)

Café com Luteria No 3, Set/2019 Curitiba, Brasil


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Instruir a Construir Violões

O envernizamento em goma laca faz parte da construção, como do violão clássico. Foto: autor.

Bogdan Qual material de instrução é o teu preferido dentre os que produziu até hoje?

Bogdan Qual violão acaba sendo mais comum na construção dos seus alunos? O flamenco mesmo?

O’Brien Comecei a fazer vı́deos há mais de 10 anos. Meus primeiros vı́deos deixaram a desejar, vamos dizer, no sentido de imagem, luz, áudio, etc. Não sabia muito bem o que eu estava fazendo e, as vezes, me sinto assim até hoje. No decorrer dos anos, meus projetos tem melhorado em todos os sentidos. Tenho muito orgulho do curso de construção de violão flamenco. Visitei a Espanha para gravar o vı́deo e ficou muito mais que um curso de construção. Virou um documentário sobre a cultura em volta do instrumento também. Tem visitas a cidades históricas, entrevistas com luthiers, bailarinos, professores de dança e canto, etc. Agora meus Luthier Tips du Jour, vı́deos no Youtube, tem melhorado também com o tempo. Estou produzindo esses vı́deos por mais de 11 anos. Tem muita informação boa sobre cada etapa da construção de um instrumento.

O’Brien O curso de violão flamenco realmente ficou muito bom! Meu curso sobre a construção do violão archtop com o luthier brasileiro, João Cassias, também ficou muito bom! Foi filmado aqui na minha oficina nos EUA. Meus alunos fazem violão de aço, modelo OM ou Dread[nough] (folk ) e violão clássico. Alguns querem fazer uquelele. A construção tem técnicas semelhantes, mas como conseguir o tom adequado não tem nada ver um com o outro. Bogdan Já que tocou no ponto do tom, o ajuste tonal acaba entrando no conteúdo do curso? O’Brien Sim, no curso de 6 dias a gente faz tudo, inclusive o voicing do instrumento, seja violão aço ou clássico. Também tenho cursos online via meu site que ensinam as técnicas de construção e de voicing, além de outras coisas.

Bogdan Que bacana! Imagino que o curso de violão flamenco tenha incorporado um tanto desta cultura!

obrienguitars.com/courses

6 Instruir a Construir, Violoncello da Spalla e 70 anos do Curso de Tucumán. Edição de Primavera


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Bogdan Sobre esta busca pela sonoridade, o método de experiência me parece algo bem pessoal. Algo que quem está de fora não consegue ver facilmente... Como você faz para que isto chegue até os participantes dos seus cursos? Por exemplo, esta busca pelo espectro de frequências no violão de que você e o Trevor Gore falam. Isto faz parte dos cursos?

As barras de reforço interno são ajustadas pelos participantes do curso em busca de referências de frequência, flexibilidade e peso. Foto: autor.

O’Brien O spectrum analysis não faz parte do curso. Nos meus cursos, a gente simplesmente constrói o violão. Passo técnicas de toque para saber se a estrutura do tampo está rı́gida ou solta demais. No curso o aluno sente e ouve o exemplo. Ele constrói o instrumento já com frequências pré-determinadas para o tampo, fundo e caixa. A rigidez do tampo e fundo tais como o tamanho da boca, etc, determinam as frequências alcançadas depois da construção.

A sensibilidade das flexibilidades e a audição são exemplificadas e demonstradas. As vezes, contam com algumas participações especiais, como a de Trevor Gore. Foto: autor.

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Bogdan Sobre o curso de 6 dias, onde constroem um instrumento, quais influências deste curso você percebe na carreira dos participantes na Luteria?

A instrução acontece do começo ao final do instrumento, para passar por todos os processos da construção, como acontece com o violão flamenco. Foto: autor.

O’Brien Recebo pessoas na minha oficina [que possuem] desde nenhuma experiência em luteria até profissionais com escolas de luteria. Eu diria que a maioria só quer aprender a arte da luteria para satisfazer um desejo artı́stico de criar e tocar seu próprio instrumento. Estão chegando perto de aposentar[-se] e querem preencher o tempo na vida construindo instrumentos. De vez em quando, recebo um aluno que não está tão interessado em aprender como construir, mas quer um violão para sair tocando por aı́. Ainda outros estão super interessados e querem tentar ganhar a vida como luthier. Esses alunos até voltam para tomar a minha aula várias vezes e construir vários violões, como aço, clássico, etc.

Os interessados tem os mais diversos interesses e motivações. Foto: autor.

Instruir a Construir, Violoncello da Spalla e 70 anos do Curso de Tucumán. Edição de Primavera


Bogdan O que você percebe como mais importante na formação destes estudantes que passam por você? O que faz eles continuarem? O’Brien Acho que é a paixão e o desejo de criar algo. Nesse caso, a criação deles pode ser usada para fazer música. Na marcenaria você faz uma peça para ser útil e bonita, visualmente falando. Na luteria você pode tocar a sua criação e criar música. Percebo três coisas que precisam ser dominadas na luteria:

Bogdan Qual seria um caminho que você apontaria pra aqueles que querem dominar estas 3 coisas?

Bogdan Como você resolve o “problema”da venda?

• a segunda, como fazer um acabamento de qualidade no instrumento criado;

O’Brien Vender não é problema! Não vender seria o problema. Acabei de lançar um curso sobre marketing para luthiers. É um problema sério para artesões em geral. [...] YouTube, Facebook, vı́deos de graça... tudo isso divulga o trabalho e cria uma marca que o cliente associa com seriedade e produto de qualidade.

• e a terceira, para as pessoas que querem seguir a profissão, como vender o instrumento.

Bogdan Pelo que conheço do teu trabalho, foi isso que você fez, certo?

[...] pode ser relativo, mas me refiro ao som do violão (se agrada), à aparência do instrumento e, por final, à tocabilidade do instrumento. [...] Muitas pessoas conseguem dominar as duas primeiras coisas, mas a terceira fica bem mais difı́cil e poucos conseguem fazer isto bem feito.

O’Brien Sim. Além de malhar muito, doar violões, frequentar feiras, eventos, etc. . . . para promover o meu trabalho.

• a primeira é aprender como fazer um instrumento de qualidade;

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O’Brien Construir, construir e construir. Depois disso, construir mais! Hahaha.

Robert O’Brien Luthier de cordófonos dedilhados Instrutor de luteria

A paixão pela criação de algo para fazer música se renova a cada instrumento finalizado. Foto: autor.

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Um Movimento pelo Violoncello da Spalla

Um trabalho conjunto desde a planta e dimensões, até a destinação à performance historicamente informada. Foto: autor.

Rodolfo Vi o Sergey Malov tocando num vı́deo. Um celo amarrado com uma cinta, um arco barroco, cavalete negro e cinco cordas. Os graves eram profundos demais para aquele tamanho de instrumento, eu pensava. Ricos, ainda que recebendo influência da acústica do local onde o vı́deo foi gravado. Tinha todos os harmônicos e a virtuosidade na peça da suı́te 6 de Bach1 . Me conquistou como estudante, me deixou perplexo como músico. Aı́, veio o último ano de Luteria no conservatório foi quando perguntei pra ele [Alesson]: “você tem mais habilidade prática em construir e eu tenho mais teoria, história, pesquisa. . . que tal juntar isso? Alesson No começo do curso. Eu acho que tinha recém surgido na mı́dia [...] na The Strad. Foi passando o tempo, chegou no quarto semestre, aı́ os professores: “oh, tem que ser uma novidade na luteria[...]”. Aı́ a gente: “mas fazer o que de novidade na luteria?”. Não tinha planta [do violoncello da spalla]. Já que tem que ser uma coisa nova [...] seria interessante trazer essa novidade para a performance histórica do conservatório.

1 Suı́te

Procuramos ser fiéis ao máximo à escola de construção de Johann Christian Hoffmann (1683-1750), dos quais os instrumentos pertencentes sobreviveram e orientaram a construção dos violoncelli da spalla do luthier Dmitry Badiarov, um dos primeiros a reviver tal instrumento e provar sua funcionalidade tanto teórica quanto prática. J. C. Hoffmann seguia uma média de medidas considerando a tensão das cordas e o timbre de um instrumento tenor. As medidas do instrumento de Hoffmann, conservado no Museu de Instrumentos Musicais da Universidade de Leipzig, serviram como base para toda a reprodução. Definimos 450mm para o comprimento do corpo do violoncello da spalla. Ainda faltavam todas as outras medidas para corpo e braço! Usamos como referência medidas padrão para o violoncelo 4/4 (755mm de comprimento do corpo, incluso bordo), apresentadas pelo Gruppo Studi Liutari. Isto quer dizer que tudo em nosso violoncello da spalla seria reduzido, na mesma proporção, de 750mm para 450mm. Medida maior = coeficiente de redução Medida menor 750 450

no 6 de J. S. Bach para Celo solo.

10 Instruir a Construir, Violoncello da Spalla e 70 anos do Curso de Tucumán. Edição de Primavera

= 1, 666. . . ≈ 1, 67


11 As medidas obtidas com a aplicação do coeficiente 1,67 situam-se entre aquelas consideradas padrão para violas com comprimento de corpo de 430mm e 480mm. Para algumas das partes, tivemos que manter medidas usadas em violas de 430mm, uma vez que algumas das peças de madeira que obtivemos não tinham as dimensões necessárias para manter a proporção no instrumento de 450mm. Algumas peças ficaram entre 1mm a 2mm menores. Pensamos que as medidas alteradas não causariam tanta influência na capacidade acústica do instrumento, já que sua construção seguiu uma relação de proporcionalidade.

A proporcionalidade tomada a partir do desenho de um violoncelo resulta na forma do instrumento nas dimensões idealizadas. Foto: autor.

Agora, outras dimensões, como a largura da pestana, largura do cavalete, distância lateral entre as cordas, larguras do espelho nas extremidades foram calculadas e aumentadas em 1/4 para caber a quinta corda (lembre que violoncelos e violas tem apenas 4 cordas como padrão). O resultado de tantos cálculos é uma tabela de dimensões do violoncello da spalla que usamos como referência para efetivar a construção.

A caixa de cravelhas alongada para adição da quinta corda. Foto: autor.

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Os processos de construção puderam ser feitos como os de violinos. Foto: autor.

O instrumento finalizado, atualmente, é usado para performance histórica de peças para violoncello da spalla. Foto: autor.

Instruir a Construir, Violoncello da Spalla e 70 anos do Curso de Tucumán. Edição de Primavera


Ao construir um exemplar e atestar sua funcionalidade, afirmamos que este instrumento recebe a seguinte denominação organológica: Violoncello da spalla: Pentacórdio da famı́lia do violino, afinado em quintas (C-G-D-a-e’), suspenso no ombro por uma alça e tocado com arco, similar a um pequeno violoncelo, chamado piccolo. Este instrumento pode ser usado em cantatas, onde atua no concertino. Na obra de Johann Sebastian Bach, encontramos as Seis Suı́tes para violoncello da spalla com a indicação de terem sido feitas para um instrumento com accordatura (C-G-D-a-e’), como descrita no manuscrito da obra. Justamente aquela que tinha ouvido o Malov tocar e que me atraiu tanto interesse pelo instrumento que tocava. Havia grande confusão quanto ao instrumento que Bach queria que fosse usado na Suı́te no 6 (BWV 1012). Badiarov é quem lança a hipótese do uso da corda mi (e’) no violoncello da spalla: “[...] temos um problema acústico inerente com esta corda, que sempre é fina em violoncelli piccolo, resultando num som estridente em comparação com as cordas graves. Em contraste, o problema com a corda mi é efetivamente resolvido no instrumento feito por J. C. Hoffmann, em que o comprimento de corda é de 430mm e a espessura da corda mi é 1,04mm-1,08mm”. Após toda a confusão

Comprimento de corda Espessura das faixas Taco superior Tacos da C superior Altura lateral no taco superior Altura das contrafaixas Largura da cintura Altura da bombatura (fundo) Diapasão (centro acústico) Diâmetro do olho superior Maior distância entre as éfes Diâmetro da alma

em torno da afinação correta, Mimmo Peruffo, pesquisador e fabricante de cordas produz as primeiras cordas de tripa para o violoncello da spalla feito por Dmitry Badiarov a pedido de Sigiswald Kujiken.

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Mas, afinal, por que violoncello da spalla hoje e aqui no Brasil? Rodolfo Pergunta difı́cil. Responderia com outra: por que fazer instrumentos artesanais hoje e no Brasil? [...] Produzir um instrumento que no Brasil eu só ouvi falar de longe e nunca tinha visto, foi o que me motivou a buscar uma atitude original. Pra resumir: eu queria mais. Alesson [...] Traz uma coisa nova pra luteria [...] O Sergey Malov tinha algumas gravações no Youtube já e a gente começou a escutar. A gente ficou empolgado e, realmente, é empolgante! Alesson Dantas de Souza Luthier de cordófonos a arco Rodolfo Minhoto Luthier de cordófonos a arco

mm 406 Comprimento do tampo/fundo 1,5 Espessura das contrafaixas 60 x 18 Taco inferor 21 x 15 Tacos da C inferior 75 Altura lateral do taco inferior 10 Largura do bojo superior 138 Largura do bojo inferior 18,5 Altura da bombatura (tampo) 239 Entre olhos das éfes 8 Diâmetro do olho inferior 79 Do bordo até o filete 7,2 Comprimento barra harmônica

mm 450 2,5 60 x 18 22 x 15 80 203 259 18,7 56 11,5 4,3 405,30

Algumas das principais dimensões que caracterizam o instrumento projetado e construı́do. Fonte: autor.

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Escola de Luteria de Tucumán 70o aniversário de sua criação

La Escuela de Lutherı́a de Tucumán de la UNT, se funda en el año 1949. Como todo comienzo fue acomodándose en el transcurso del tiempo. Muchas veces se me ha preguntado ¿por qué en Tucumán? Para aquellos que no conocen, Tucumán es una de las Provincias de Argentina situada al norte del paı́s, con valles y cerros, siendo la chica, posee una belleza sin par, también llamada “El Jardı́n de la República”. Es un paso obligado hacia las provincias del norte, Salta, Jujuy. Cuenta con una rica historia: fue donde leudó el amasijo de la Independencia y grito de libertad. Es la cuna de tantos hechos importantes. La Escuela de Lutherı́a es un elemento más. Si se me permite lucubrar desde mi sensibilidad, digo que la Escuela comienza en Florencia - Italia, con el nacimiento de Alfredo del Lungo (1909), surcando los mares para instalarse definitivamente en este pedacito de cielo. Del Lungo aprende el oficio de luthier bajo la tutela de su padre Giuseppe del Lungo. Fue luthier oficial de la Orchestra Stabile del Teatro Comunale Fiorentino. Además fue nombrado Jefe de Luthier de su ciudad con los titulos de Esperto di Categoria dell’Artegianato Fiorentino, Liutaio Conservatore del Museo del Conservatorio Luigi Cherubini, y jurado de Concours Henryk Jacobs en Holanda. Llega a Tucumán en 1949 para trabajar en la Orquesta Sinfónica de la ciudad y comienza con la ardua tarea de formar luthiers profesionales. Se jubila de la dirección de la Escuela de Lutherı́a en el año 1986 dejándole el lugar al Maestro Fernando Silva. Muere en la provincia de Tucumán en el año 1994. Fernando Silva (1939-2001), quien fuera el primer egresado de la casa, prolı́fero luthier y ganador del primer Concurso de Lutherı́a realizado en Tucumán en el año 1966. Precursor en la construcción de instrumentos pulsados con maderas nacionales, toma la dirección de la Escuela hasta su fallecimiento en el año 2001. De 2010 a 2014, la dirección del departamento de Lutherı́a fue ejercida por el maestro y luthier Juan Cristóbal Alonso.

A Escola de Luteria de Tucumán da UNT (Universidade Nacional de Tucumán) foi fundada em 1949. Como em todo inı́cio, houve uma adaptação ao longo do tempo. Muitas vezes me perguntei: por que em Tucumán? Para aqueles que não conhecem, Tucumán é uma das Provı́ncias da Argentina situada no norte do paı́s, com vales e cerrados e, sendo a menor delas, possui uma beleza ı́mpar, também chamada “O Jardim da República”. É passagem obrigatória em direção às provı́ncias do norte Salta e Jujuy. Conta com uma rica história: alberga o local onde se gestou a Independência e o grito de liberdade. É o berço de tantos feitos importantes. A Escola de Luteria é um elemento a mais. Se posso usar da minha sensibilidade, digo que a Escola começa em Florença, Itália com o nascimento de Alfredo del Lungo (1909), atravessando os mares para se instalar definitivamente neste pedacinho de céu. Del Lungo aprendeu o ofı́cio de luthier sob a tutela de seu pai, Giuseppe del Lungo. Foi luthier Oficial da Orchestra Stabile del Teatro Comunale Fiorentino. Ademais foi reconhecido luthier de sua cidade com os tı́tulos de Esperto di Categoria dell’Artegianato Fiorentino, Liutaio Conservatore do Museu do Conservatório Luigi Cherubini, e jurado do Concours Henryk Jacobs na Holanda. Chega a Tucumán em 1949 para trabalhar na Orquestra Sinfônica da cidade e começa com a árdua tarefa de formar luthiers profissionais. Aposenta-se da direção da Escola de Luteria em 1986, dando lugar ao Professor Fernando Silva. Morre na provı́ncia de Tucumán no ano de 1994. Fernando Silva (1939-2001), foi o primeiro egresso da casa, prolı́fero luthier e ganhador do primeiro Concurso de Luteria realizado em Tucumán no ano de 1966. Precursor na construção de instrumentos dedilhados com madeiras nacionais, toma a direção da escola até seu falecimento, no ano de 2001. Entre os anos de 2010 a 2014, a direção do Departamento de Luteria foi exercida pelo professor e luthier Juan Cristóbal Alonso.

14 Instruir a Construir, Violoncello da Spalla e 70 anos do Curso de Tucumán. Edição de Primavera


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En el presente año se cumplen 70 años y la obra de Alfredo del Lungo se ha multiplicado en la afluencia de alumnos que vienen de lejos, de provincias vecinas y paı́ses hermanos. Una de las cosas que más cuesta preservar es la Lutherı́a tradicional en la más pura esencia, debido a la urgencia con la que se vive en estos tiempos, pero es fundamental bregar para que siga siendo lo más tradicional posible.

Neste ano, completam-se 70 anos e a obra de Alfredo del Lungo multiplicou-se na afluência de alunos que vêm de longe, de provı́ncias vizinhas e até de paı́ses irmãos. Uma das coisas mais difı́ceis de preservar é a Luteria tradicional em sua mais pura essência, devido à urgência com a que se vive nestes tempos, mas é fundamental lutar para que continue sendo a mais tradicional possı́vel.

Alfredo del Lungo. Foto: autor.

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Toda creación del espı́ritu es en cierta forma tributaria a su época y lo que caracteriza a los grandes creadores es que iluminan el futuro como un astro luminoso. El maestro sabe que la vida y el arte no comienzan con él y en eso radica su humildad, solo se interesa por emocionar más que sorprender.

Fernando Silva. Foto: autor.

Toda a criação do espı́rito é, em certa forma, tributária a sua época e o que caracteriza os grandes criadores é que iluminam o futuro como um astro luminoso. O mestre sabe que a vida e a arte não começam com ele e nisso radica sua humildade, somente se interessa por emocionar mais que do que surpreender.

Antonio Leiva. Foto: autor.

Instruir a Construir, Violoncello da Spalla e 70 anos do Curso de Tucumán. Edição de Primavera


Para conmemorar los 70 años de la Escuela de Lutherı́a, se formó una comisión organizadora de actividades que fue integrada por sus docentes, alumnos y egresados. Las actividades desarrolladas fueran: Concurso de Lutherı́a: en esa oportunidad los luthiers pudieran competir en las especialidades: violı́n, viola, guitarra y charango. Fue invitado un jurado de prestigiosos luthiers (todos de otro paı́s y provincias) y músicos: Juan Falú, Carlos Moscardini, Pablo González Jazzey, entre otros. Hubo exposición permanente de instrumentos, charlas, talleres y recitales. Antonio Facundo Leiva Luthier, Maestro y Director del Departamento Luthier, Professor e Diretor do Departamento

Para comemorar os 70 Anos da Escola de Luteria, formou-se uma comissão organizadora de atividades que foi integrada por seus docentes, alunos e egressos. As atividades desenvolvidas foram: Concurso de Luteria - nesta oportunidade os luthiers puderam competir nas especialidades: violino, viola, violão e charango. Foi convidado um júri de prestigiosos luthiers (todos de outro paı́s e provı́ncias) e músicos: Juan Falú, Carlos Moscardini, Pablo González Jazzey, entre outros. Houve exposição permanente de instrumentos, rodas de conversa, oficinas e apresentações.

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Tradução: Profa. Dra. Valeria V. Quiroga

Foto: autor. Café com Luteria No 3, Set/2019 Curitiba, Brasil


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Instruir a Construir Robert O’Brien

Escola de Luteria de Tucumán - 70o aniversário de sua criação Antonio Facundo Leiva

Cursos online

Testes e análises sonoros, o voicing;

Construção e design do violão clássico;

O primeiro dos cursos;

O’Brien e Antonio Tessarin;

Trajetória de O’Brien.

Onde fica a escola

Comemorações 70 anos

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Um movimento pelo Violoncello da Spalla Alesson Dantas de Souza Rodolfo Minhoto

Sergey Malov toca Suı́te 6

Sergey Malov e o violoncello da spalla

The Strad

A viola e seu Teoria e Museu de formato. Prática do Instrumen- Cremona: violoncello tos Musicais, Gruppo da spalla Leipzig studi liutari, 1983 Meredith Little, Música Natalie Medidas do Instrumental Jenne. violoncelo da Vienense de Dance and spalla Gabrieli a the Music of Vivaldi. 1994 J. S. Bach. 2001 18 Instruir a Construir, Violoncello da Spalla e 70 anos do Curso de Tucumán. Edição de Primavera

A antiga Orchestra Stabile del Teatro Comunale Fiorentino

História da escola


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Envie sua sugestão de eventos e acontecimentos de luteria. Eles aparecerão na Edição de Outono, com lançamento previsto para Março de 2020! Tem algo a dizer para nós? Entre em contato . Confira as instruções para escrever seu texto.

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