Caderno de Educação Popular em Saúde - volume 2

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ficado, como um fazer que não termina em produto feito, mas em que o efeito é uma contínua manifestação de um fazer que se refaz, continuamente. É o mundo mesmo que se constitui e reconstitui neste refazerse. Assim, na expressão do mundo pela

Na medida em que o homem dá significados ao mundo, neste se reencontra, reencontrando sempre e cada vez mais a verdade de ambos.

consciência o próprio mundo se expressa como consciência do mundo. O mundo não pode refletir-se na consciência antes de ser mundo consciente. E a consciência não pode ser determinada pelo mundo antes de um se recuperar através do outro: não está dada, ela se conquista e se faz: é, ao mesmo tempo, descobrimento e invenção. Nesse sentido, a expressão do mundo não acontece nem sucede à sua transformação, uma ultrapassa a outra e coincidem. Assim, a consciência do mundo retoma, reflexivamente, o movimento de seu significar ativo em que os significados mundanos se constituirão. Na medida em que o homem dá significados ao mundo, neste se reencontra, reencontrando sempre e cada vez mais a verdade de ambos. Neste momento, a conscientização já se prefigura como ação transformadora e não como visão especular do mundo: refazer-se com autenticidade implica reconstruir o mundo.

3. O eu consciente também se situa entre

as coisas no mundo; porém, estranhamente, ele mesmo é a luz que revela o lugar e o momento da sua situação. Chega a ser objeto entre objetos, sem deixar de ser sujeito, embora nunca em plenitude. Como eu corpóreo, situa-se fisicamente; como corpo consciente, pode transcender sua situação espaço-temporal, para visualizá-la, aprendê-la, determiná-la. Não é corpo do eu que se entrega no mundo: não é o corpo que possui, mas o corpo que ele é. Seu corpo que se objetiva no mundo. E assim experimentamos a ob-


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