Livro Discografia Poética de Luiz Gonzaga

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Discograf i a PoĂŠtica de Luiz Gonzaga


Pesquisa Chyrllene Albuquerque Textos Chyrllene Albuquerque Revisão Chyrllene K Projeto Gráfico Jefferson Alípio Diagramação Jefferson Alípio Engenharia de Papel Jefferson Alípio Ilustração Maria Eduarda Maux Acabamento Verlúcia Santos Capa Verlúcia Santos Impressão Gráfica by Jeff Discografia Poética de Luiz Gonzaga Albuquerque, Chyrllene; Alípio, Jefferson; Maux, Maria Eduarda; Santos, Verlúcia. 1° ed – Recife: Editora Universitária, 2012. Xxx p. ISBN: 978-85-61707-21-7 1. Luiz Gonzaga. 2.Centenário. 3. Discografia. 4. Poesia. 5. Cultura.


Epígrafe Em junho de 1989, já bastante doente e envelhecido, Luiz Gonzaga participou de um show no teatro Guararapes, no Recife. Na ocasião, declarou: “Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e cantou muito o seu povo, o sertão, as aves, os animais, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor”. Dois meses depois, morreu, deixando uma obra de 312 composições registradas e cerca de 210 discos gravados. Luthier, Luciano Queiroz



Sumário 11 - Introdução 13 - Capitulo1 - Aves e Animais 27 - Capitulo 2 - Nordestino 53 - Capitulo 3 - Retirante e Sertão 87 - Capitulo 4 - Amor 111 - Glossário Gonzaguês


Ilustrações 13 Aves e Animais – Maria Eduarda Maux 14 Passarada – J Borges 21 O Boi que Conversava com os Passáros - Franklin Maxado 22 O Forró dos Bichos – J Borges 27 Nordestino – Maria Eduarda Maux 28 Paisagem Nordestina – Maria Eduarda Maux 31 Caboclo Nordestino – Maria Eduarda Maux 32 Antonio Silvino - JV 36 Lampião e Maria Bonita – J Borges 39 Um forró em Canindé – Arievaldo Viana 40 O Cordelista na Feira – J Borges 43 Forró Pé de Serra – J Borges 44 Os Boiadeiros – J Borges 47 Retirantes – Severino Borges 48 Desconhecido - Lucena 51 Padre Cicero –J Victtor 53 Retirante e Sertão – Maria Edurada Maux 54 Mudança de Sertanejo – J Borges 57 Os Retirantes– J Borges 58 Lavadeira – Severino Borges 62 Desconhecido – Desconhecido 65 Reforma Agrária – Abraão Batista 66 Forró do Zebra – William Medeiros 70 Desconhecido – Desconhecido 74 Cantoria de Viola e Forró – J Miguel 77 O Forró – J Borges 78 Os Violeiros – MS 81 Desconhecido – PM 82 Bandinha de Pífano – Severino Borges 85 Desconhecido – Silas 87 Amor – Maria Eduarda Maux


91 Romance com Futuro – E Oliveira 92 O Carro de Boi – J Borges 95 A Donzela e o Cangaceiro – Carlos Henrique 96 A Cantada– J Araujo 99 O dia em que Lampião se apoderou de Rita Lee – J Borges 100 Moça Roubada –J Borges 103 Cordel Encantado – Desconhecido 104 Desconhecido – J Victtor 107 Desconhecido - J Miguel 108 Sem Título – Alexandre Ajurkevicius Experimentos Tipográficos 17 Canto do Sabiá – Verlucia Santos 61 Luar do Sertão – Verlúcia Santos 69 Dia de São João – Verlúcia Santos 73 Pau de Arara – Verlúcia Santos 88 Olha pro Céu – Verlúcia Santos Pop Ups 19 Buraco do Tatú – Jefferson Alípio 35 Casinha de Taipa – Jefferson Alípio



Introdução Discografia Poética de Luiz Gonzaga surgiu de um projeto universitário editorial, com o intuito de homenagear o centenário daquele que é considerado um grande nordestino, o Rei do Baião, Luiz Gonzaga. O desafio se deu ao fato de ser livre a escolha do segmento em relação à figura do artista, o que norteou nossa escolha em fazer uma discografia poética, dada à escassez de publicações neste tema e a própria essência da produção do artista. Foi realizada uma reunião da discografia oriunda do site Luiz Lua Gonzaga, considerado o mais completo e mais respeitoso em relação ao tema. Os capítulos foram definidos de acordo com temas préestabelecidos decorrentes de uma citação do artista onde ele exprime seu desejo de ser lembrado de acordo com as características de sua obra. “Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e cantou muito o seu povo, o sertão, as aves, os animais, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor”. Toda a confecção do livro foi baseada em aspectos relativos a Luiz Gonzaga, sua obra e sua região. Essas características definiram não apenas o conteúdo textual, mas também as ilustrações (estilo xilográfico), materiais (papel kraft e couro) e processos utilizados. As experiências vivenciadas na confecção deste, foram significativas para aguçar em todos os envolvidos os aspectos culturais da obra deste artista e fortalecer os conhecimentos relativos à formação acadêmica, o desenvolvimento de posturas criativas e conhecimentos técnicos. Espera-se que o livro contribua na formação cultural da sociedade, divulgue a maravilhosa obra de Luiz Gonzaga e traga beleza aos olhos de quem lê



Capitulo 1

Aves e Animais


14 AVES E ANIMAIS


Luiz Gonzaga Humberto Teixeira

Tudo em vorta é só beleza Sol de Abril e a mata em frô Mas Assum Preto, cego dos óio Num vendo a luz, ai, canta de dor (bis) Tarvez por ignorança Ou mardade das pió Furaro os óio do Assum Preto Pra ele assim, ai, cantá mió (bis) Assum Preto veve sorto Mas num pode avuá Mil vezes a sina de uma gaiola Desde que o céu, ai, pudesse oiá (bis) Assum Preto, o meu cantar É tão triste como o teu Também roubaro o meu amor Que era a luz, ai, dos óios meus..

Acauã

Zé Dantas

Acauã, acauã vive cantando Durante o tempo do verão No silêncio das tardes agourando Chamando a seca pro sertão Chamando a seca pro sertão Acauã, Acauã, Teu canto é penoso e faz medo Te cala acauã, Que é pra chuva voltar cedo Que é pra chuva voltar cedo Toda noite no sertão Canta o João Corta-Pau A coruja, mãe da lua A peitica e o bacurau Na alegria do inverno Canta sapo, gia e rã Mas na tristeza da seca Só se ouve acauã Só se ouve acauã Acauã, Acauã...

AVES E ANIMAIS

Assum Preto

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Canto do Sabiá Zé Alves Jr Dirceu Rabelo

Canto Como canta o sabiá Canta preso na gaiola } bis Porque não sabe chorar Oh! Minha viola amiga Esta modinha que eu canto Tem roupagem de cantiga Mas seu motivo é de pranto Há quem cante por cantar Mas meu canto é diferente Canto porque tão somente Não aprendí a chorar

AVES E ANIMAIS

Tocar viola Porque chorar não dá jeito }bis Se fechar esta ferida Que vive aberta em meu peito

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Sabiá

Luiz Gonzaga Zé Dantas

A todo mundo eu dou psiu Perguntando por meu bem Tendo um coração vazio Vivo assim a dar psiu Sabiá vem cá também Tu que andas pelo mundo (sabiá) Tu que tanto já voou (sabiá) Tu que cantas passarinho (sabiá) Alivia minha dor Tem pena d’eu (sabiá) Diz por favor (sabiá) Tu que cantas passarinho (sabiá) Alivia minha dor Sabiá


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AVES E ANIMAIS


Cavalo Crioulo Janduhy Finizola Luiz Gonzaga

São quatro patas Na pisada, galopada Percorrendo meio mundo Vai baixeiro, vai ligeiro Vai formoso, vai fogoso Chega vai É uma força Que se lança Que avança, solta feito ventania Na pegada, derrubada Nas festas de apartação Pro que for, vai Cavalo Crioulo É demais, tudo faz Pisa que chega estremece Estronda no chão, pumbá! Faz um pisunhado danado No pé do mourão, pumbá! E quando a três Lá na sanga avança Ele arranca carreira, poeira É uma cena, a carreira Que fica de longe Só vê danação, pumbá! Mas se trabalha no campo Rebate a boiada Domina o cercado E no mato fechado Ele corre, ele passa Que nem zelação, pumbá!

AVES E ANIMAIS

Porque Cavalo Crioulo é demais Tudo faz.

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Jadir Ambósio Jair Silva

Não boto a mão Em buraco de tatu Que é muito perigoso É preciso ter cuidado Lá dentro pode ter um cascavel Ou um urutu esperando Com o bote armado Não boto a mão Em buraco de tatu Que é muito perigoso É preciso ter cuidado Lá no meu roçado No meio do mandiocal Tem muito buraco de tatu O meu irmão Que é muito enxerido Botou a mão puxou um surucucu Bem feio Quem foi que te mandou } bis Enfiar a mão me buraco de tatu

AVES E ANIMAIS

Buraco de Tatu

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Baldrama Macia Arlindo Pinto

Comprei um caco chapiado Numa baldrana macia Um conchinilho dos brancos Pra minha besta Rosía Um peitorá de argolinha E uma estrela que brilha Fui dar um passeio em Tupã Só pra ver o que acontecia O que acontecia E quando entrei na cidade Com a besta toda enfeitada O povo todo da rua Parava inté na calçada E as muié que passava Oiavam admirada No meio delas ví uma Que me predeu numa olhada Numa olhada...

AVES E ANIMAIS

Que morena tão bonita Nunca vi mulé assim Pra onde eu me virava Via ela olhar pra mim E eu vendo aquela flor Parecia com jasmim Eu pensei comigo mesmo Vou levar pro meu jardim Pro meu jardim

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Eu andei mais um pouquinho E da besta me apiei E chegando perto dela Lindas coisas eu falei Ela então me arrespondeu Se é por causa que olhei Vancê ta muito enganado Foi da besta que eu gostei Que eu gostei

Vaca Estrela e Boi Fubá

Patativa do Assaré

Seu dotô, mi dê licença Pra minha história conta Hoje eu tô numa terra estranha E é bem triste o meu pená Mas já fui muito feliz Vivendo no meu lugá Eu tinha cavalo bom Gostava de campeã E todo dia aboiava Na porteira do currá Êi, ah! ah!Êi, ah! ah! Ê êê Vaca Estrela Ôôô Boi Fubá Eu sou fio do nordeste Não nego meu natura Mas uma seca medonha Me tangeu de lá prá cá Lá eu tinha meu gadinho Num é bom nem alembrá Minha linda vaca Estrela E meu belo boi Fubá Quando era tardezinha u começava aboiá Êi, ah! ah!Êi, ah! ah! Ê êê Vaca Estrela Ôôô Boi Fubá Aquela seca medonha Fez tudo se atrapaiá Não nasceu capim no campo Prá o gado sustenta O sertão se isturricô Fez os açude seca Morreu minha Vaca Estrela Se acabô meu Boi Fubá Perdi tudo quanto tinha Nunca mais pude aboiá Êi, ah! ah!Êi, ah! ah! Ê êê Vaca Estrela Ôôô Boi Fubá


AVES E ANIMAIS

Hoje nas terra do sú Longe do torrão nata Quando vejo em minha frente Uma boiada passa As águas corre dos óio Começo logo a chora Lembro minha Vaca Estrela E o meu belo Boi Fubá Cum saudade do nordeste Dá vontade de aboiá Êi, ah! ah!Êi, ah! ah! Ê êê Vaca Estrela Ôôô Boi Fubá

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22 AVES E ANIMAIS


Zé Dantas Luiz Gonzaga

Mundo Novo adeus Adeus minha amada Eu vou pra Feira de Santana Eu vou vender minha boiada Ei boiada, êi boiada ôi Meu cachorro ecoa na quebrada êê Lá laiê boi ê Meu cantar saudoso Amansa boiada No meu aboio, moça bonita, ai, ai Suspira apaixanada

Cantiga de Vem-Vem

Zé Dantas

Acauã, acauã vive cantando Durante o tempo do verão No silêncio das tardes agourando Chamando a seca pro sertão Chamando a seca pro sertão Acauã, Acauã, Teu canto é penoso e faz medo Te cala acauã, Que é pra chuva voltar cedo Que é pra chuva voltar cedo Toda noite no sertão Canta o João Corta-Pau A coruja, mãe da lua A peitica e o bacurau Na alegria do inverno Canta sapo, gia e rã Mas na tristeza da seca Só se ouve acauã Só se ouve acauã Acauã, Acauã...

AVES E ANIMAIS

Feira do Gado

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Siri Jogando Bola Luiz Gonzaga Zedantas

(Lá no mar) Vi dois siri jogando bola (Lá no mar) Vi dois siri bola jogar (Lá no mar) Vi dois siri jogando bola (Lá no mar) Vi dois siri bola jogar Fui passear no país do tatu-bola onde o bicho tem cachola e até sabe falar, eu vi um porco passeando de cartola, um macaco na escola ensinando o bê-a-bá (Lá no mar) Vi dois siri jogando bola (Lá no mar) Vi dois siri bola jogar (Lá no mar)

AVES E ANIMAIS

Eu vi um peba de batina e de estola, vi um bode de pistola numa farda militar, vi um mosquito ser pegado pela gola e ser preso na gaiola por ser bebo e imorá.

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(Lá no mar) Vi dois siri jogando bola (Lá no mar) Vi dois siri bola jogar (Lá no mar) Eu vi um sapo balançando uma sacola num salão pedindo esmola pro enterro dum preá;

vi uma porca com dois brinco de argola de batom, - mas que graçola! -, dando beijos num gambá (Lá no mar) Vi dois siri jogando bola (Lá no mar) Vi dois siri bola jogar (Lá no mar) Numa oficina vi um rato bater sola, repicando na viola, eu vi um tamanduá. Vi um veado com dois par de castanhola, vestidinho de espanhola, requebrando pra daná (Lá no mar) Vi dois siri jogando bola (Lá no mar) Vi dois siri bola jogar (Lá no mar) Vi um elefante cozinhar na caçarola, armoçar todo frajola e a dentuça palitar, vi um jumento beber vinte Coca-Cola, ficar cheio que nem bola e dar um arroto de lascar. (Lá no mar) Vi dois siri jogando bola (Lá no mar) Vi dois siri bola jogar (Lá no mar)


Janduhy Finizola

Tudo é começo Madrugada, alvorecer A vida inteira já começa a renascer Mas que contraste Faz um tiro de espingarda Guarda incerteza Malvadeza, que tristeza É por certo um caçador O das aves, matador Que dormiu numa tocaia A esperar que caia Inocente a juriti Pobrezinha nesta vida Tão cedo pra bebida Vuou, nunca mais voltou

Sol poente a Asa Branca Vem também beber e vai morrer Morre assim tanta beleza Que Deus por natureza Deixou lá no sertão ôô... Foi pro certo um caçador De caçar não se cansou Mas, se assim continuar Só resta pra matar Atirar na solidão } bis

Que sol bonito Infinito é o viver Quantas rolinhas, ribançãns pra gente ver Quase em segredo Cantam um canto de arremedo E logo um tiro Tão certeiro, traiçoeiro É por certo um caçador Pra matar, arremedou Rola-branca ou cascavel Pra ele é mais troféu Do que carne pra comer Nem a miúda cafofa Só tinha quase pena Quanta pena ela deixou

AVES E ANIMAIS

O Caçador

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26 NORDESTINO


Capitulo 2

NORDESTINO

Nordestino

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28 NORDESTINO


Rosil Cavalcanti

No Nordeste imenso, quando o sol calcina a terra, Não se vê uma folha verde na baixa ou na serra. Juriti não suspira, inhambú seu canto encerra. Não se vê uma folha verde na baixa ou na serra. Acauã, bem no alto do pau-ferro, canta forte, Como que reclamando sua falta de sorte. Asa branca, sedenta, vai chegando na bebida. Não tem água a lagoa, já está ressequida. E o sol vai queimando o brejo, o sertão, cariri e agreste. Ai, ai, meu Deus, tenha pena do Nordeste. Ai, ai, ai, ai meu Deus Ai, ai, ai, ai meu Deus No Nordeste imenso, quando o sol calcina a terra, Não se vê uma folha verde na baixa ou na serra. Juriti não suspira, inhambú seu canto encerra. Não se vê uma folha verde na baixa ou na serra. Acauã, bem no alto do pau-ferro, canta forte, Como que reclamando sua falta de sorte. Asa branca, sedenta, vai chegando na bebida. Não tem água a lagoa, já está ressequida. E o sol vai queimando o brejo, o sertão, cariri e agreste. Ai, ai, meu Deus, tenha pena do Nordeste. Ai, ai, ai, ai meu Deus Ai, ai, ai, ai meu Deus

NORDESTINO

Aquarela nordestina

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Algodão

Luiz Gonzaga Zé Dantas

Bate a enxada no chão Limpa o pé de algodão Pois pra vencer a batalha É preciso ser duro, ser forte, valente Ou nascer no sertão Tem que suar muito Pra ganhar o pão Pois a coisa lá Não é brinquedo não Mas quando chega O tempo rico da colheita Trabalhador vendo a fortuna, se deleita Chama a famía e sai Pela roçado vai Cantando alegre Ai, ai, ai, ai, ai, ai Sertanejo do Norte Vamos plantar algodão Ouro branco Que faz nosso povo feliz Que tanto enriquece o país Produto do nosso sertão

Caboclo Nordestino José Marcolino

Caboclo humilde, roceiro Disposto, trabalhador No remexer da sanfona Escuta este cantador Que no baião fala ao mundo } bis Teu grandioso valor E do caboclo que vive Com a enxada na mão Trabalhando o dia inteiro Com a maior diversão Sem invejar a ninguém Satisfeito a trabalhar Cada vez mais animado Esse teu suor pingado Grandeza e honra te dar Na tua humilde palhoça Só se ver felicidade E quando chegas da roça Te sentas mesmo a vontade Pra comer teu prato feito Na mesa ou mesmo no chão A filharada em rebanho O teu prazer é tamanho De quem possui um milhão Aqui nesta vida humana Ninguém é melhor que tu Escuta esta homenagem De um cabra do Pajeú E outro do Rio Brígida } bis

NORDESTINO

Dos carrascais do Exu

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NORDESTINO


32 NORDESTINO


Luiz Gonzaga João Silva

Um pilão de pau de baraúna Um plantio verde no girau Um a rede branca na varanda Um terreiro e um lindo roseiral Corredor de cerca bem batida Levar você do lugarejo Ao lindo rancho de amor Deste bom cidadão sertanejo Bom cidadão Riso aberto, amigo certo Alegria sincera Na primavera Ou qualquer estação do ano Este seu mano De braço abertos lhe espera

Cabra da Peste Zé Dantas Luiz Gonzaga

Eita! Sertão do Nordeste Terra de cabra da peste Só sertanejo arrizéste Ano de seca e verão Toda dureza do chão Faz também duro O homem que vive no sertão Tem cangaceiro Mas tem romeiro Gente ruim, gente boa Cabra bom, cabra à toa Valentão, sem controle Só não dá cabra mole Tem cangaceiro Mas tem romeiro Lá o caboclo mais fraco, é vaqueiro Eita! Sertão!Eita! Nordeste! Eita Sertão! Ei, rê, rê, rê, rê, tá! Cabra da peste

NORDESTINO

Cidadão Sertanejo

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Capital do Agreste Onildo Almeida Nelson Barbalho

Quem conhece o meu Nordeste Certamente há de saber Que Caruaru, de bonito Há cem anos veio nascer De fazenda Cururu Povoado se tornou Foi crescendo, foi crescendo E à Vila, logo chegou João Vieira de Melo Coronel Cabra da Peste Da vila fez a cidade Hoje Capital do Agreste Oh!Cidade encantadora Terra do Major Dandinho Neco Porto, João Guilherme O saudoso Vigarinho O progresso foi tão grande Tudo, tudo evoluiu Tem escolas, tem abrigos Também Hospital Infantil As igrejas são tão lindas Habitantes, mais de cem mil Pedaço de Pernambuco Orgulho do meu Brasil

NORDESTINO

Oh! Cidade Centenária Caruaru! És bonita, és lendária Caruaru! Teus caboclos tão cantando Não há terra como tu Quem tá longe, tá chorando Longe de Caruaru Caruaru, Caruaru Caruaru, Caruaru } bis

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Cecéu Maranguape

Um pedaço de terra Uma casinha de taipa É o bastante Com a enxada na mão A gente ganha o pão E vai avante Essa mão calejada, danada Que ainda não cansou Essa pele morena Que o sol queimou É a identidade De um bom cidadão } bis Que está querendo Um pedaço de terra Pra ganhar o pão Se isso acontecer Maria vai gostar A meninada enche o bucho Pára de chorar Toda semana lá em casa Vai ter um forró Quero ver rapaziada Levantando o pó A galinha corcoreja Meu cabrito berra Meu pedacinho de terra Vai ser meu xodó

NORDESTINO

Baião Agrário

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36 NORDESTINO


Quando o verde dos teus óio Se espáia na prantação Uma lágrima doída Vai moiá todo o sertão Dalton Vogeler No cantá do assum preto Vai se ouvir mágoas e dor Ribaçã morrê de sede Com sodade de douto Foi se embora a Asa Branca Lá pro céu ela levou O poeta de alma franca Que todo mundo cantou Meu Padrinho Padim Ciço Faça dele um acessô Morre o homem fica o nome E o nome dele ficou

Lampião - Era Besta Não Solange Veras Luiz Gonzaga

Lampião, Lampião Foi cabra valente Era de enganchar Do princípio ao fim Vou mostrar que Lampião Não era tão valente assim } bis Lampião era valente Valente como ele só Mas levou uma carreira Dois cabras de Mossoró O pique tão danado Que lascou o mocotó Lampião quando pegava Macaco, não tinha dó Quando o cabra trastejava Ele dava no gogó Porém Maria Bonita O enrolava no gogó Lampião de Vila Bela Baixa Verde e Pajeú Nunca se esqueceu da velha Serra de Tacaratu Nunca foi contar farofa Pras bandas de Novo Exu Lampião tava dançando Xaxado em Nazaré Quando chegou Mane Neto Cabroeira deu no pé Se esconderam no serrote Em Bom Nome, São José

NORDESTINO

O Adeus da Asa Branca (Tributo a Humberto Teixeira)

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Liforme Instravagante

Mandei fazer um liforme Raymundo Granjeiro Com toda preparação Para botar no arraia Na noite de São João } bis Chapéu de arroz doce Forrado com tapioca As fitas de alfiním E as fivela de paçoca A camisa de nata E os botões de pipoca } bis A ceroula de soro E as calça de coalhada O cinturão de manteiga E o buquê de carne assada Sapato de pirão E os enfilhão de cocada } bis As meias de angu Presilhas de amedoín Charuto de biscoito E os anelão de bolim Os óculos de ovos preto E as luvas de toicím }bis

NORDESTINO

O colete de banana E a gravata de tripa O paletó de ensopado E o lenço de canjca Carteira de pamonha E a bengala de lingüiça } bis

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Vai ser um grande sucesso No baile da prefeitura A pulseira de queijo E o relógio de rapadura Quem tem um liforme desses Pode contar com fartura }bis

Chapéu de Couro e Gratidão

Luiz Gonzaga Aguinaldo Batista

Aquela sanfona branca Aquele chapéu de couro... Como é bonito Benito Quem é poeta e que ver Como é bonito Benito Poetas como você A minha sanfona branca Cor da paz do sonhador Sonha que é teu piano Tocando coisas de amor O meu sol nasce mais cedo Não tem hora pra largar Racha pedra, queima a pele Dá mais força no cantar Como é bonito Benito( bis) A minha voz de Nordeste Vai ser som universal Quando nós cantarmos juntos Meu baião na capital Bato palmas, trago flores De Januário, a benção E no meu chapéu de couro Nada mais que gratidão Como é bonito Benito ( bis)


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NORDESTINO


40 NORDESTINO


Janduhy Finizola Onildo Almeida

Ôi pisa o milho, penerô xerém Ôi pisa o milho, penerô xerém Eu num vou criar galinha Pra dar pinto pra ninguém } bis Na minha terra Dá de tudo que plantar O Brasil dá tanta coisa Que eu num posso decorar Dona Chiquinha Bote o milho pra pilar Pro angu, pra canjiquinha Pro xerém, pro munguzá Só passa fome Quem não sabe trabalhar Essa vida é muito boa Pra quem sabe aproveitar Pego na peneira Me dano a saculejar De um lado fica o xerém Do outro sai o fubá Saculeja, saculeja, saculeja, já } bis Penerô xerém Ôi pisa no milho...

Vozes da Seca

Luiz Gonzaga Zé Dantas

Seu doutô os nordestino têm muita gratidão Pelo auxílio dos sulista nessa seca do sertão Mas doutô uma esmola a um homem qui é são Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão É por isso que pidimo proteção a vosmicê Home pur nóis escuído para as rédias do pudê Pois doutô dos vinte estado temos oito sem chovê Veja bem, quase a metade do Brasil tá sem cumê Dê serviço a nosso povo, encha os rio de barrage Dê cumida a preço bom, não esqueça a açudage Livre assim nóis da ismola, que no fim dessa estiage Lhe pagamo inté os juru sem gastar nossa corage Se o doutô fizer assim salva o povo do sertão Quando um dia a chuva vim, que riqueza pra nação! Nunca mais nóis pensa em seca, vai dá tudo nesse chão Como vê nosso distino mercê tem nas vossa mãos

NORDESTINO

Cidadão de Caruaru

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Deixa a Tanga Voar

Zé matuto foi a praia, só pra ver Luis Gonzaga como é que é João Silva Mas voltou ruim da bola de ver tanta rabichola nas cadeira das muié (2X) Zé matuto matutou, matutou e escreveu pra Clodovil Ele logo respostou, e atacou, isso é atraso do Brasil Uma tanga, minitanga, tão pequena, pititinha miudinha (pausa ritmo) não precisa amarrar... Ora pomba ora bolas, jogue fora a rabichola e deixa a tanga voar... O deixa a tanga Voar, O deixa a tanga Voar Ora pomba ora bolas jogue fora a rabichola e deixe a tanga voar... O deixa a tanga Voar ô ô ô, O deixa a tanga Voar ô ô ô Ora pomba ora bolas jogue fora a rabichola e deixe a tanga voar...

Boca de Caieira Zé Marcolino Zé Mocó

Na prata da Paraíba O forró começa cedo E o miolo do foguedo É de nove pras dez Lá nesse dia Brinca toda a vizinhaça Todo mundo se balança } bis Todo mundo arrasta os pés Martim Pelado Tem Zico, tem Zé Durão Com seu fole na mão Tocando uma gemedeira Mordendo a língua Fungando, gineteando E o forró vai se esquentando Que só boca de caeira Vicente Amaro Quando tá atordoado Num dá pato pra remoso Nem peru pra carregado Se o caboclo corta certo Com nossa rapaziada Não se mede distância Quando o cabra é camarada

NORDESTINO

De meia-noite Pras quatro da madrugada A turma toda ta sambada De dançar a noite inteira Quando é de manhãzinha Que o forró tá terminando Tem caboclo cochilando Que só gato na biqueira

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NORDESTINO


44 NORDESTINO


Luiz Gonzaga Miguel Lima

Caruaru, obrigado Caruaru Se tou no Norte, se tou no Sul } bis Nunca me esqueço de Caruaru Sou pernambucano Do sertão, cabra da peste Já cantei por todo agrete Já cantei por todo agrete Fiz o mundo baionar Mas quando canto No recanto deste canto O meu canto é quase um pranto Dá vontade de ficar Me dá lembranças Das andanças e das danças Que brincar por estas bandas A saudade é de matar Eu voltei pra ver Caruaru Essa terra da gente É gente da gente Isso tudo é o país de Caruaru Eu voltei pra ver Caruaru

Zé Dantas

Onildo Almeida

O nordeste inteirinho ta chorando Sertanejo também entristeceu Foi embora o poeta nordestino Foi cumprir o seu destino Traçado por nosso Deus Foi Zé Dantas O poeta do povo Os seus versos musicados Viu cantar Esse povo que cantava Hoje chora Porque ele foi embora Para nunca mais voltar O seu nome Na história vai ficar Sertanejo não esquece um filho seu Foi Zé Dantas Quem deu nome ao matuto E agora está de luto Porque o poeta morreu

Prá cum povo ser também povo Ser cidadão de Caruaru

NORDESTINO

Penerô Xerém

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Cabocleando

No semblante Eduardo Casado Ele tem a verdade O esforço se vê na mão O sorriso é coisa rara No caboclo do meu sertão Ele enfrenta o tempo disposto Não conhece a recessão Ele briga com a natureza No inverno e no verão São as qualidades natas Do caboclo do sertão Respeita, cobrando o mesmo Não aceita provocação Medo não tem vidência No caboclo do sertão Só a saudade é que mata O homem deste rincão Bastante somente deixar O seu pedaço de chão É quando os olhos marejam No caboclo do sertão Tem amor e ninguém sabe Tem tristeza e ninguém ver Tem carinho à sua moda Pra ninguém compreender Por aí está se vendo Que também tem coração

NORDESTINO

É a rudeza nativa Do caboclo do sertão } bis

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Terra, Vida e Esperança Jurandy da Feira

Estou no cansaço da vida Estou no descanso da fé Estou em guerra com a fome Na mesa, fio e muié Ser sertanejo, senhor É fazer do fraco forte Carregar azar ou sorte Comparar vida com a morte É nascer nesse sertão A batalha tá acabando Já vejo relampear Abro o curral da miséria E deixo a fome passar O que eu sinto, meu senhor Não me queixo de ninguém O que falta aqui é chuva Mas eu sei que um dia vem Vai ter tudo de fartura Prá que teja o que não tem


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NORDESTINO


48 NORDESTINO


Luiz Gonzaga

Eu quarqué dia Vou-me embora pro sertão Pois saudade Não me deixa sossegar Chegando lá Visto logo meu gibão Selo o cavalo E vou pro mato vaquejar O bom vaqueiro Traz sempre no alforge Farinha seca Rapadura, carne assada Mas tem um fraco Que é um vício que num foge Samba de fole Com muié desocupada Êi, êi, gado Êi, êi, gado Êi, êi, êi, êi, êi, êi,êi, êi, êi, boi... Vou pegar o cara preta Boto chocáio e careta E depois conto como foi

Xote dos Cabeludos

José Clementino Luiz Gonzaga

Cabra do cabelo grande Cinturinha de pilão Calça justa bem cintada Custeleta bem fechada Salto alto, fivelão Cabra que usa pulseira No pescoço medalhão Cabra com esse jeitinho No sertão de meu padrinho Cabra assim não tem vez não. No sertão de cabra macho quem brigou com Lampião que brigou com Antôin Silvino quem enfrenta batalhão amansa burro bravo pega cobra com a mão trabalha sol a sol de noite vai pro sermão rezar pra Padre Ciço falar com Frei Damião No sertão de gente assim No sertão de gente assim Cabeludo tem vez não

NORDESTINO

Vida de Vaqueiro

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Frei Damião

Frei Damião Janduhy Finizola Frei Damião, onde andará frei Damião Deu-lhe o destino, viver nordestino É hoje o nosso irmão Quando o galo canta na madrugada Já toda gente de pé benze na procissão numa marcha santa dentro da alvorada Vai na frente o homem, o quase santo frei Damião oh reza e canta, desperta canta já chegou o tempo ninguém fica ateu vamos pras missões pecador se ajoelha em Deus quem se espelha só pode ter de Frei Damião sua proteção Frei Damião meu bom Frei Damião O seu perdão numa confissão faz um bom cristão Frei Damião meu bom Frei Damião Eu sou nordestino, eu estou pedindo a sua benção Pé que pisa a terra, sem caminhos erra Este beco testa-nos e a gente está nas missões Quer saber do inverno, quer fugir do inferno Quem tem devoção com Frei Damião não tem provação

NORDESTINO

Frei Damião meu bom Frei Damião O seu perdão numa confissão faz um bom cristão Frei Damião meu bom Frei Damião Eu sou nordestino, eu estou pedindo a sua benção(bis)

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NORDESTINO


52 RETIRANTE E SERTテグ


Capテュtulo 1

RETIRANTE E SERTテグ

Retirante e Sertテ」o

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54 RETIRANTE E SERTテグ


Luiz Gonzaga Humberto Teixeira

Quando olhei a terra ardendo Qual fogueira de São João Eu perguntei a Deus do céu, ai Por que tamanha judiação

A Volta da Asa Branca Zé Dantas Luiz Gonzaga

Já faz três noites Que pro norte relampeia A asa branca Ouvindo o ronco do trovão

Que braseiro, que fornalha Nem um pé de plantação Por falta d’água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão

Já bateu asas E voltou pro meu sertão Ai, ai eu vou me embora Vou cuidar da plantação

Até mesmo a asa branca Bateu asas do sertão Então eu disse adeus Rosinha Guarda contigo meu coração

A seca fez eu desertar da minha terra Mas felizmente Deus agora se alembrou De mandar chuva Pr’esse sertão sofredor

Quando o verde dos teus olhos Se espalhar na plantação Eu te asseguro não chores não, viu Que eu voltarei, viu Meu coração Hoje longe muitas léguas Numa triste solidão Espero a chuva cair de novo Para eu voltar pro meu sertão Quando o verde dos seus olhos Se espalha na plantação Eu te asseguro Não Chores não, viu? Que eu voltarei, viu meu coração.

Sertão das muié séria Dos homes trabaiador Rios correndo As cachoeira tão zoando Terra moiada Mato verde, que riqueza E a asa branca a Tarde canta, que beleza Ai, ai, o povo alegre Mais alegre a natureza Sentindo a chuva Eu me arrescordo de Rosinha A linda flor Do meu sertão pernambucano E se a safra Não atrapaiá meus pranos Que que há, o seu vigário Vou casar no fim do ano.

RETIRANTE E SERTÃO

Asa Branca

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A Vida do Viajante Luiz Gonzaga Hervê Cordovil

Minha vida é andar por este país Pra ver se um dia descanso feliz Guardando as recordações Das terras onde passei Andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei. Chuva e sol, poeira e carvão Longe de casa sigo o roteiro mais uma estação E alegria no coração!

RETIRANTE E SERTÃO

Minha vida é andar por este país Pra ver se um dia descanso feliz Guardando as recordações Das terras onde passei Andando pelos sertões e dos amigos que lá deixei. Mar e terra, inverno e verão Mostro o sorriso, mostro alegria mas eu mesmo não E a saudade no coração

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Paraíba

Luiz Gonzaga Humberto Teixeira

Quando a lama virou pedra E Mandacaru secou Quando o Ribação de sede Bateu asa e voou Foi aí que eu vim me embora Carregando a minha dor Hoje eu mando um abraço Pra ti pequenina Paraíba masculina, Muié macho, sim sinhô Eita pau pereira Que em princesa já roncou Eita Paraíba Muié macho sim sinhô Eita pau pereira Meu bodoque não quebrou Hoje eu mando Um abraço pra ti pequenina Paraíba masculina, Muié macho, sim sinhô Quando a lama virou pedra E Mandacaru secou Quando arribação de sede Bateu asa e voou Foi aí que eu vim me embora Carregando a minha dor Hoje eu mando um abraço Pra ti pequenina Paraíba masculina, Muié macho, sim sinhô Eita, eita


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A Triste Partida Luiz Gonzaga Patativa do Assaré

Meu Deus, meu Deus. . . Setembro passou Outubro e Novembro Já tamo em Dezembro Meu Deus, que é de nós, Meu Deus, meu Deus Assim fala o pobre Do seco Nordeste Com medo da peste Da fome feroz Ai, ai, ai, ai A treze do mês Ele fez experiência Perdeu sua crença Nas pedras de sal, Meu Deus, meu Deus Mas noutra esperança Com gosto se agarra Pensando na barra Do alegre Natal Ai, ai, ai, ai

RETIRANTE E SERTÃO

Rompeu-se o Natal Porém barra não veio O sol bem vermeio Nasceu muito além Meu Deus, meu Deus Na copa da mata Buzina a cigarra Ninguém vê a barra Pois a barra não tem Ai, ai, ai, ai

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Sem chuva na terra Descamba Janeiro, Depois fevereiro E o mesmo verão Meu Deus, meu Deus Entonce o nortista Pensando consigo Diz: “isso é castigo não chove mais não” Ai, ai, ai, ai


Em um caminhão Ele joga a famia Chegou o triste dia Já vai viajar Meu Deus, meu Deus A seca terrível Que tudo devora Lhe bota pra fora Da terra natá Ai, ai, ai, ai

E a linda pequena Tremendo de medo “Mamãe, meus brinquedo Meu pé de fulô?” Meu Deus, meu Deus Meu pé de roseira Coitado, ele seca E minha boneca Também lá ficou Ai, ai, ai, ai

Se arguma notícia Das banda do norte Tem ele por sorte O gosto de ouvir Meu Deus, meu Deus Lhe bate no peito Saudade lhe molho E as água nos óio Começa a cair Ai, ai, ai, ai

Agora pensando Ele segue outra tria Chamando a famia Começa a dizer Meu Deus, meu Deus Eu vendo meu burro Meu jegue e o cavalo Nós vamos a São Paulo Viver ou morrer Ai, ai, ai, ai

O carro já corre No topo da serra Oiando pra terra Seu berço, seu lar Meu Deus, meu Deus Aquele nortista Partido de pena De longe acena Adeus meu lugar Ai, ai, ai, ai

E assim vão deixando Com choro e gemido Do berço querido Céu lindo azul Meu Deus, meu Deus O pai, pesaroso Nos filho pensando E o carro rodando Na estrada do Sul Ai, ai, ai, ai

Do mundo afastado Ali vive preso Sofrendo desprezo Devendo ao patrão Meu Deus, meu Deus O tempo rolando Vai dia e vem dia E aquela famia Não vorta mais não Ai, ai, ai, ai

Nós vamos a São Paulo Que a coisa tá feia Por terras alheia Nós vamos vagar Meu Deus, meu Deus Se o nosso destino Não for tão mesquinho Cá e pro mesmo cantinho Nós torna a voltar Ai, ai, ai, ai

No dia seguinte Já tudo enfadado E o carro embalado Veloz a correr Meu Deus, meu Deus Tão triste, coitado Falando saudoso Seu filho choroso Exclama a dizer Ai, ai, ai, ai

Chegaram em São Paulo Sem cobre quebrado E o pobre acanhado Procura um patrão Meu Deus, meu Deus Só vê cara estranha De estranha gente Tudo é diferente Do caro torrão Ai, ai, ai, ai

Distante da terra Tão seca mas boa Exposto à garoa À lama e o paul Meu Deus, meu Deus Faz pena o nortista Tão forte, tão bravo Viver como escravo No Norte e no Sul Ai, ai, ai, ai

E vende seu burro Jumento e o cavalo Inté mesmo o galo Venderam também Meu Deus, meu Deus Pois logo aparece Feliz fazendeiro Por pouco dinheiro Lhe compra o que tem Ai, ai, ai, ai

De pena e saudade Papai sei que morro Meu pobre cachorro Quem dá de comer? Meu Deus, meu Deus Já outro pergunta Mãezinha, e meu gato? Com fome, sem trato Mimi vai morrer Ai, ai, ai, ai

Trabaia dois ano, Três ano e mais ano E sempre nos prano De um dia vortar Meu Deus, meu Deus Mas nunca ele pode Só vive devendo E assim vai sofrendo É sofrer sem parar Ai, ai, ai, ai

RETIRANTE E SERTÃO

Apela pra Março Que é o mês preferido Do santo querido Senhor São José Meu Deus, meu Deus Mas nada de chuva Tá tudo sem jeito Lhe foge do peito O resto da fé Ai, ai, ai, ai

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Luar do Sertão Luiz Gonzaga

“Não há, ó gente, ó não Luar como esse do sertão Não há, ó gente, ó não Luar como esse do sertão” Oh! que saudade do luar da minha terra Lá na serra branquejando folhas secas pelo chão Este luar cá da cidade tão escuro Não tem aquela saudade do luar lá do sertão Não há, ó gente, ó não Luar como esse do sertão Não há, ó gente, ó não Luar como esse do sertão Se a lua nasce por detrás da verde mata Mais parece um sol de prata prateando a solidão E a gente pega na viola que ponteia E a canção é a Lua Cheia a nos nascer do coração

RETIRANTE E SERTÃO

Não há, ó gente, ó não Luar como esse do sertão Não há, ó gente, ó não Luar como esse do sertão

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Mas como é lindo ver depois pro entre o mato Deslizar calmo regato transparente como um véu No leito azul das suas águas murmurando E por sua vez roubando as estrelas lá do céu Não há, ó gente, ó não Luar como esse do sertão Não há, ó gente, ó não Luar como esse do sertão

Aquilo Sim Que Era Vida Luiz Gonzaga J. Portella

Aquilo sim que era vida Aquilo sim, que vidão Aquilo sim que era vida, seu moço A vida lá do sertão Plantava milho, arroz e feijão Pescava de linha, lá no ribeirão Domingo saía no meu alazão Dançava uma valsa lá no matão lálálálálálálá, aquilo sim, que vidão Aquilo sim que era vida, seu moço A vida lá do sertão De noite eu me sentava bem juntinho ao fogão Rosa trazia o cachimbo, Creuza trazia o tição Com a viola no peito, tirava uma canção De hora em hora tomava um golinho de quentão


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Nelson Valença Luiz Gonzaga

Volto agora a minha terra Volto agora ao meu sertão Trago pra minha gente Trago amor no coração Quero ouvir a Asa Branca Contemplar o amanhecer Quero amar este recanto Terra que me fez nascer Canta, canta, cantarino Quero ouvir o teu cantar Canta, canta, cantarino Canta para me ajudar Teu canto é a promessa De um ano chovedor Teu canto é a esperança De um povo sofredor Voltarei a ser vaqueiro Ou modesto lavrador Cantarei com repentista Esperança, paz e amor Vou lutar por minha gente Abraçar o meu sertão Cada sertanejo, amigo Cada amigo, um irmão }bis

Baião da garoa Luiz Gonzaga Hervê Cordovil

Na terra seca Quando a safra não é boa Sabiá não entoa Não dá milho e feijão Na Paraíba, Ceará nas Alagoas Retirantes que passam Vão cantando seu rojão Tra, lá, lá, lá, lá, lá, lá - BIS Meu São Pedro me ajude Mande chuva, chuva boa Chuvisqueiro, chuvisquinho Nem que seja uma garoa Uma vez choveu na terra seca Sabiá então cantou Houve lá tanta da fartura Que o retirante voltou Tra’, lá, lá, lá, lá, lá, lá - BIS Oi! Graças a Deus Choveu garoou

Canta cantarino O vento soprando lá na serra Canta catarino É sinal de lavoura na minha terra } bis

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Cantarino

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Alma do Sertão

Adapt. Renato Murce

Ai como é bonito a gente ver Em plena mata, o amanhecer} bis Quando amanhece Até parece que o sertão Com alegria Vai despedindo a escuridão E a passarada Em renovada, tão contente Alcança o espaço Num grande abraço a toda gente Quando amanhece O sol aparece em seu esplendor Secando o orvalho Faz da campina, imensa flor Sai o caboclo Levando ao ombro, o enxadão Vai pra roça Donde ele tira o ganha pão Quando amanhece Ao despertar de um novo dia A natureza Traz para a mata a alegria E tudo muda Com a chegada dessa hora Cantando todos Em louvor à nova aurora

Súplica Cearense Gordurinha Nelinho

Oh! Deus, perdoe este pobre coitado Que de joelhos rezou um bocado Pedindo pra chuva cair sem parar Oh! Deus, será que o senhor se zangou E só por isso o sol se arretirou Fazendo cair toda chuva que há Senhor, eu pedi para o sol se esconder um tiquinho Pedir pra chover, mas chover de mansinho Pra ver se nascia uma planta no chão Meu Deus, se eu não rezei direito o Senhor me perdoe, Eu acho que a culpa foi Desse pobre que nem sabe fazer oração Meu Deus, perdoe eu encher os meus olhos de água E ter-lhe pedido cheinho de mágoa Pro sol inclemente se arretirar

RETIRANTE E SERTÃO

Desculpe eu pedir a toda hora pra chegar o inverno Desculpe eu pedir para acabar com o inferno Que sempre queimou o meu Ceará

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Luiz Gonzaga Humberto Teixeira

Lá no meu pé de serra Deixei ficar meu coração Ai, que saudades tenho Eu vou voltar pro meu sertão No meu roçado trabalhava todo dia Mas no meu rancho tinha tudo o que queria Lá se dançava quase toda quinta-feira Sanfona não faltava e tome xóte a noite inteira O xóte é bom De se dançar A gente gruda na cabôcla sem soltar Um passo lá Um outro cá Enquanto o fole tá tocando, tá gemendo, tá chorando, Tá fungando, reclamando sem parar.

Crepúsculo Sertanejo

Inda é bonito esse meu sertão João Silva Seja inverno ou seja verão Rangel O sol se esconde lá pro trás da serra Anunciando que acabou-se o dia Mas nasce a lua Beijando o verde mar O mar quem pede Pra uma canção eu cantar Que alegria me dá, lará, lará, lará, lará Que alegria me dá Inda é bonito esse meu sertão Seja inverno ou seja verão Rompe aurora, um sereno abençoado Molha o regado panorama sertanejo É um gracejo, a passarada se animar O mar quem pede Uma canção eu cantar Que alegria me dá, lará, lará, lará, lará Que alegria me dá

RETIRANTE E SERTÃO

No Meu Pé de Serra

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Dia de São João Rildo Hora

Todo dia de São João (bis) Traz saudade do sertão Há tanto tempo Que eu não vejo a minha gente Meu Pernambuco Todo doidinho pra te ver A minha casa Meu gibão, minha cabocla Meu pé de serra Terra que me viu nascer A gente corre Pelo mundo alvoroçado Até esquece de escrever Pra quem ficou Mas nessa vida que A gente apanha um bocado Faz meia-volta E pega o trem que apitou

Canaã

Humberto Teixeira

Por que cantar tanta tristeza? Me pergunta com firmeza Gente alegre de riqueza Que Deus quiz pro lá de cá Pra essa falsa realeza Que nem sabe com certeza Que tá tem uma princesa Vou de novo explicar Cabe a mim, lei do destino Responder o destino Já que a saga do norte ofendido Fui eu que cantei Quando um dia com o povo A viola eu afinei E com mote, tristeza é pobreza Eu rimei... Minha lira, que a face de norte mudou E eu mudei

RETIRANTE E SERTÃO

Asa Branca, Assum Preto, Acauã Me ajudem de novo a cantar E dizer que num é só tristeza O que tem o sertão a mostrar Que o caboclo que tanto sofreu E caído, viveu pra sonhar Amanheçer dentro de Canaã Sem sair de seu próprio lugar Tem agora não só a esperança Mas certeza de se levantar

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Eis porque eu voltei a cantar Vejam todos, não há tristeza Na viola que eu passo a tocar Canaã, que alegria te encontrar Canaã, Canaã, Canaã


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Luiz Gonzaga Raymundo Granjeiro

Já faz um ano e tanto Que eu deixei meu Pajeú Com tanta felicidade Vim penar aqui no sul Ai, hum! Ai meu Deus O que é que eu vou fazer Longe do meu Pajeú Não poderei viver São Paulo tem muito ouro Corre pratas pelo chão O dinheiro corre tanto Que eu não posso pegar não Ai, hum! Ai meu Deus O que é que eu vou fazer Longe do meu Pajeú Não poderei viver

Xaxado

Luiz Gonzaga Hervé Cordovil

Xaxado é dança macha Dos cabra de Lampião Xaxado, xaxado, xaxado Vem lá do sertão Xaxado, meu bem, xaxado Xaxado vem do sertão É dança dos cangaceiros Dos cabras de Lampião Quando eu entro no xaxado Ai meu Deus Eu num paro não Xaxado é dança macha Primo do baião

Paulista é gente boa Mas é de lascar o cano Eu nascí no Pajeú Mas só me chamam de baiano Ai, hum! Ai meu Deus! O que eu vou fazer Longe do meu Pajeú Não poderei viver No dia em eu voltar Vou fazer uma seresta Vou rezar uma novena Ao bom Jesus da Fuloresta Ai meu Deus O que eu vou fazer Longe do meu Pajeú Não poderei viver

RETIRANTE E SERTÃO

Meu Pajeú

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Légua Tirana

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Luiz Gonzaga Humberto Teixeira

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Oh, que estrada mais comprida Oh, que légua tão tirana Ai, se eu tivesse asa Inda hoje eu via Ana Quando o sol tostou as foia E bebeu o riachão Fui inté o juazeiro Pra fazer a minha oração Tô voltando estropiado Mas alegre o coração Padim Ciço ouviu a minha prece Fez chover no meu sertão Varei mais de vinte serras De alpercata e pé no chão Mesmo assim, como inda farta Pra chegar no meu rincão Trago um terço pra das dores Pra Reimundo um violão E pra ela, e pra ela Trago eu e o coração

Pau de Arara

Luiz Gonzaga Guio de Moraes

Quando eu vim do sertão, seu môço, do meu Bodocó A malota era um saco e o cadeado era um nó Só trazia a coragem e a cara Viajando num pau-de-arara Eu penei, mas aqui cheguei Quando eu vim do sertão, seu môço, do meu Bodocó A malota era um saco e o cadeado era um nó Só trazia a coragem e a cara Viajando num pau-de-arara Eu penei, mas aqui cheguei Trouxe um triângulo, no matolão Trouxe um gonguê, no matolão Trouxe um zabumba dentro do matolão Xóte, maracatu e baião Tudo isso eu trouxe no meu matolão


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Pra dançar quadrilha João Silva No sertão é mais mio Albuquerque Sanfoneiro, violeiro Tomam conta do forró Não precisa orquestra Pra animar a festa No fungado da sanfona Vai-se até o nascer do sol } bis Piriri, piriri,piriri Toca o fole na paioça Piriri, piriri,piriri Como é bom São João na roça } bis

Cana Só de Pernambuco

Eu sou do Norte Luiz Gonzaga Rumei para São Paulo Victor Simon Fui mudar de sorte Com o fole na mão Corní de tudo Comida italiana Bife parmegiana Canelão de macarrão Provei também A tal de passarela Bebí da caipirinha E vinho de garrafão Mas eu confesso Não é por ser de lá Cana pernambucana É a maior, meu irmão Oxente! Quando falo, não retruco Oxente! Cana só de Pernambuco } bis

RETIRANTE E SERTÃO

Piriri

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Tropeiros da Borborema

Estala relho marvado Rosil Cavalcanti Recordar hoje é meu tema Quero é rever os antigos tropeiros da Borborema São tropas de burros que vêm do sertão Trazendo seus fardos de pele e algodão O passo moroso só a fome galopa Pois tudo atropela os passos da tropa O duro chicote cortando seus lombos Os cascos feridos nas pedras aos tompos A sede e a poeira o sol que desaba Rolando caminho que nunca se acaba Estala relho marvado Recordar hoje é meu tema Quero é rever os antigos tropeiros da Borborema

RETIRANTE E SERTÃO

Assim caminhavam as tropas cansadas E os bravos tropeiros buscando pousada Nos ranchos e aguadas dos tempos de outrora Saindo mais cedo que a barra da aurora Riqueza da terra que tanto se expande E se hoje se chama de Campina Grande Foi grande por eles que foram os primeiros Ó tropas de burros, ó velhos tropeiros.

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Festa

Gonzaguinha

Sol vermelho é bonito de se ver Lua nova no alto, que beleza Céu de azul dem limpinho, é natureza Em visão que tem muito de prazer Mas o lindo prá mim é céu cinzento Com carão entoando o seu refrão Prenúncio que vem trazendo alento Da chegada das chuvas no sertão Ver a terra rachada amolecendo A terra antes pobre enriquecendo O milho pro céu apontando O feijão pelo chão enramando E depois pela safra que alegria Ver o povo todinho no vulcão A negrada caindo na folia Esquecendo das mágoas sem ludú Belo é o Recife pegando fogo (bis) Na pisada do maracatu


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Angelino Oliveira

Neste verso ta singelo Minha bela, meu amor Pra mecê quero contar O meu sofrer e a minha dor Eu, sou como o Sabiá Que quando canta é só tristeza Desde o galho que ele está Nesta viola Eu canto e gemo de verdade Cada toada Representa uma saudade Eu nasci naquela serra Num ranchinho a beira-chão Todo cheio de buraco Onde a lua faz clarão E, quando chega a madrugada Lá no mato a passarada Principia um barulhão Nessa viola... Lá no mato tudo é triste Desde o jeito de falar Quando eu risco na viola Dá vontade de chorar Não tem um que cante alegre Tudo vive padecendo Cantando pra se aliviar Nessa viola.... Vou parar com minha viola Já não posso mais cantar Pois o Jeca quando canta Tem vontade de chorar E o choro que vai caindo Devagar vai se sumindo Como as águas vão pro mar

Cantarino

Volto agora a minha terra Nelson Valença Volto agora ao meu sertão Luiz Gonzaga Trago pra minha gente Trago amor no coração Quero ouvir a Asa Branca Contemplar o amanhecer Quero amar este recanto Terra que me fez nascer Canta, canta, cantarino Quero ouvir o teu cantar Canta, canta, cantarino Canta para me ajudar Teu canto é a promessa De um ano chovedor Teu canto é a esperança De um povo sofredor Voltarei a ser vaqueiro Ou modesto lavrador Cantarei com repentista Esperança, paz e amor Vou lutar por minha gente Abraçar o meu sertão Cada sertanejo, amigo Cada amigo, um irmão }bis Canta cantarino O vento soprando lá na serra Canta catarino É sinal de lavoura na minha terra } bis

RETIRANTE E SERTÃO

Tristeza do Jeca

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Bandinha de Fé Hidelito Parente

Quanta saudade Daqueles tempos de ouro Quando a bandinha de couro Alegrava o meu sertão Tocando em feira Igreja, renovação Onde quer que a banda fosse Era aquela animação Toca bandinha, toca Eu quero ver-te de novo Alegrando este meu povo Que de ti saudade tem Toca bandinha, toca Com cadência e humildade Pra matar esta saudade Que eu sinto de alguém Simplicidade Era o tom da harmonia Desfilando com alegria Toda bandinha de fé Era o sucesso Nas festas da Padroeira Alegrando padre e freira Era o esquema muié

RETIRANTE E SERTÃO

Era bonito Quano os tocador passava Que a banda zabumbava Surpreendendo a multidão Com o progresso Tudo isso foi passando Só lembrança foi ficando Dos folguedos do sertão

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Noites Brasileras Zedantas Luiz Gonzaga

Ai que saudades que eu sinto Das noites de São João Das noites tão brasileiras na fogueira Sob o luar do sertão Meninos brincando de roda Velhos soltando balão Moços em volta à fogueira Brincando com o coração Eita, São João dos meus sonhos Eita, saudoso sertão


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82 RETIRANTE E SERTテグ


Acebíades Nogueira Luiz Gonzaga

Firim, firim, firim Assim é que toca o sanfoneiro Firim, firim, firim A gente dança no terreiro O baile lá na roça Agrada mesmo assim Embora o sanfoneiro Só toque firim, firim, firim Eu vou todos os ano Pra Fazenda do Mingote Onde se dança quadrilha Calango, mazurca e xote Lá é que se vê O que é simplicidade Não se nota o piquê Das pequenas da cidade

Cantei

Hugo Costa

Cantei Que quase rasgo a boca Toquei Que a sanfona ficou rouca E andei Os quatro cantos do Brasil E rezei Só de oração foi quase mil Pra ver meu sertão ser ajudado Pra ter nossos filhos aducados E agora eu já posso descansar Meu Nordeste começou a melhorar Os homem grande Tão olhando pro norte Talvez agora O sertanejo tenha sorte Coragem gente! Não vamos desanimar Pega na enxada Que a coisa vai melhorar Dizem que os banco do governo Têm dinheiro É um tá de fomento Pra acabar com o paradeiro Se assim é Vamos todos cooperar Quem trabalhar Deus ajuda E ele vai nos ajudar

RETIRANTE E SERTÃO

Firim Firim Firim

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Jesus Sertanejo Janduhy Finizola

Jesus Meu Jesus sertanejo Presença maior, minha crença Nestas terras sem ninguém Silêncio Na serra, nos campos Ai desencanto que a gente tem E o vento que sopra, ressoa Ai sequidão que traz desolação Ô ô Jesus razão Tão sertanejo Que entende até de precisão De sol vou sofrer ou morrer E as pedras resplandem A dureza, a pobreza desse chão João, um menino, um destino Ai nordestino, de arribação Cenário de dor e de calvário Ai muda a face desta provação Do céu há de vir solução Na terra, a semente agoniza Preconiza solidão E a tarde que arde, acompanha Ai tanta sanha de maldição Aqui vou ficar, vou rezar Ai vou amar a minha geração

RETIRANTE E SERTÃO

Ô ô Jesus razão Tão sertanejo Que entende até de precisão

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Cananã

Venâncio Aparício Nascimento

Eita! È o sertão que eu tenho Almajarra do engenho }bis E um bom canaviá Eita! O carreiro carreando E o seu carro cantando A canção do canana No meu sertão Não tem choro, não tem fome Não tem bicho lobisome Não existe assombração De manhãzinha Quando o dia se sacode Tem onça que pega bode Valente que só o cão Tem um cachorro Lanzudo, preto retinto Pra tomar conta dos pinto E espantá gavião Tem água boa Descendo de morro abaixo Pra se deitar no riacho E tem luz de vagalume Um preto velho Pra falar do que já foi Brinquedo de pegar boi No matagal de perfume Moça faceira Dona de casa capaz Mas é bonita demais E pode matar de ciúme


RETIRANTE E SERTÃO

A nossa lua Traz de noite a luz do sol Um rádio traz futebol E notícia de primeira Tem a cigarra Que trouxe a filosofia De morrer de cantoria É a nossa cantadeira Um papagaio Com seu verde esperança É um cartão de lembrança Da bandeira brasileira

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86 NORDESTINO


Capitulo 4

NORDESTINO

Amor

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88 AMOR


Luiz Gonzaga José Fernandes

Olha pro céu, meu amor Vê como ele está lindo Olha praquele balão multicor Como no céu vai sumindo Foi numa noite, igual a esta Que tu me deste o coração O céu estava, assim em festa Pois era noite de São João Havia balões no ar Xóte, baião no salão E no terreiro O teu olhar, que incendiou Meu coração!

Ai amor

Zé Dantas Luiz Gonzaga

Ai amor, és cruel Mas teus lábios de mel Dão prazer que compensa Essa ingratidão, essa dor Ai amor, eu pequei Se juntou a teu viço Pra completar teu sabor O meu coração A ti ficou preso Eu só tenho medo Que me dês o desprezo Por isso, eu te peço Um grande favor Quero que tu me odeies Mas não me esqueças meu amor

AMOR

Olha Pro Céu

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Xote das meninas

Luiz Gonzaga Zé Dantas

Mandacaru, quando fulora na seca É o sinal que a chuva chega no sertão Toda menina quando enjoa da boneca É sinal que o amor Já chegou no coração Meia comprida Não quer mais sapato baixo Vestido bem cintado Não quer mais vestir timão Ela só quer, só pensa em namorar Ela só quer, só pensa em namorar De manhã cedo já está pintada Só vive suspirando Sonhando acordada O pai leva ao doutô A filha adoentada Não come não estuda, Não dorme, nem quer nada Ela só quer, só pensa em namorar Ela só quer, só pensa em namorar Mas o doutô nem examina Chamando o pai de lado Lhe diz logo na surdina O mal é da idade A doença da menina Não há um só remédio Em toda medicina

AMOR

Ela só quer, só pensa em namorar Ela só quer, só pensa em namorar

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Que Nem Jiló

Luiz Gonzaga Humberto teixeira

Se a gente lembra só por lembrar O amor que a gente um dia perdeu Saudade inté que assim é bom Pro cabra se convencer Que é feliz sem saber Pois não sofreu Porém se a gente vive a sonhar Com alguém que se deseja rever Saudade, entonce, aí é ruim Eu tiro isso por mim, Que vivo doido a sofrer Ai quem me dera voltar Pros braços do meu xodó Saudade assim faz roer E amarga qui nem jiló Mas ninguém pode dizer Que me viu triste a chorar Saudade, o meu remédio é cantar Saudade, o meu remédio é cantar.


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AMOR


92 AMOR


Luiz Gonzaga Humberto Teixeira

Juazeiro, juazeiro Me arresponda, por favor, Juazeiro, velho amigo, Onde anda o meu amor Ai, juazeiro Ela nunca mais voltou, Diz, juazeiro Onde anda meu amor Juazeiro, não te alembra Quando o nosso amor nasceu Toda tarde à tua sombra Conversava ela e eu Ai, juazeiro Como dói a minha dor, Diz, juazeiro Onde anda o meu amor Juazeiro, seje franco, Ela tem um novo amor, Se não tem, porque tu choras, Solidário à minha dor Ai, juazeiro

Aboio Apaixonado Luiz Gonzaga

Não me chame boiadeiro Que eu não sou boiadeiro não Eu sou um pobre vaqueiro Boiadeiro é o meu patrão Êêê... ê boi... ê boi.. Vou vender o meu gibão Eu não quero mais vaquejar Vou largar esse sertão Num guento mais pelejar Êêê... ê boi... ê boi... Vou me embora dessa terra Porque você não me quer Vou deixar meu pé de serra Pru móde tu, ô mulé. Êêê... ê boi...ê boi... Faz três dias que eu não como Faz quatro eu num armoço Pelo amor daquela ingrata Quero comer e não posso Êêê... ê boi...ê boi...

Não me deixa assim roer, Ai, juazeiro Tô cansado de sofrer Juazeiro, meu destino Tá ligado junto ao teu, No teu tronco tem dois nomes, Ele mesmo é que escreveu Ai, juazeiro Eu num güento mais roer, Ai, juazeiro Eu prefiro inté morrer. Ai, juazeiro...

AMOR

Juazeiro

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Balance Eu

Quando eu tiver com sono, meu amor

Luiz Gonzaga Balance eu, balance eu, balance eu Nestor Holanda Quando eu tiver dormindo, meu amor Acorde eu, acorde eu, acorde eu Tanto perto de meu bem Não faltando o seu calor Eu me sinto tão feliz A vida assim tem mais valor Quero ta sempre acordado Vigiando meu amor Quero ta sempre de ôio Pra meu benzinho não fugir Se ela quiser me beijar Dormindo não posso sentir Me balance meu benzinho Mas não me deixa dormir

Chorei Chorão

Chorei, chorei, chorei, chorão

Luiz Gonzaga Chorei sem ser chorão Lourival Batista Deixei o amor lá no sertão Por que não chorar, não? Se lá ficou meu coração Por que não chorar, não? Amor é coisa que vem à toa A gente gosta, a coisa é boa Mas quando acaba De sofrimento, de paixão A gente chora, chora Até virar chorão Pois a bichinha Era muito gostosinha Me dizia todo dia Que só eu era seu bem Dessa maneira Qualquer um a vida inteira Desmanchava em choradeira

AMOR

Eu chorei, ela também

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AMOR


96 AMOR


Luiz Gonzaga

Quando ela foi simbora Meus óio coromingô } bis Mas não foi judiação Pruquê os dela amarelo Ó menina do sertão Nós chorô foi de amor Guardo o teu aniversário Pra mandar um telegrama } bis Cum uma linda mensagem Deste pobre que te ama Ô menina do sertão Deste pobre que te ama Ai meu Deus, que amor lindo } bis Esse amor que Deus me deu Muito mais pela certeza Dela ser minha e eu ser teu Ò menina do sertão

Ana Rosa

Humberto Teixeira

Ana Rosa ai que saudade... Tô fingindo de viver Eu com asa eu avoava Na mesma hora eu avoava pra te ver Em dezembro faz um ano Que amargo o meu sofrer E nas contas de saudade Um ano é dez a dor é mil, e eu sem você Ana Rosa doce amada! Só sem tu eu vou morrer E daqui o além da vida Não seja o fim, Pois eu jamais vou te esquecer!

Esse amor que Deus me deu

AMOR

Choromingô

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Cajueiro Velho

Céceu Luiz Gonzaga

Naquele cajueiro velho Com um canivete Desenhei meu coração Escreví nossas iniciais Isto a gente faz cheio de paixão Com uma flecha atravessada Ficou bem gravata Lá no cajueiro História que a gente conta } bis Quando se dá conta Do amor primeiro Ai, ai, cajueiro Quanto tempo que já faz Ai, ai, cajueiro Meu desenho de amor Não vejo mais

AMOR

A gente quando nasce, nasce Nasce outra que a gente entrega o coração A gente fica tão feliz Todo mundo diz com satisfação A planta que não é regada Fica adoentada, morre no canteiro Assim é minha vida agora Morro toda hora Lá no cajueiro

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Cintura Fina Ze Dantas Luiz Gonzaga

Minha morena, venha pra ca Pra dançar xote, se deita em meu cangote E pode cochilar Tu es mulher pra homem nenhum Botar defeito, por isso satisfeito Com você eu vou dançar Vem ca, cintura fina, cintura de pilão Cintura de menina, vem ca meu coração Quando eu abraco essa cintura de pilão Fico frio, arrepiado, quase morro de paixão E fecho os olhos quando sinto o teu calor Pois teu corpo so foi feito pros cochilos do amor


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AMOR


100 AMOR


Luíz Gonzaga José Marcolino

Todo tempo quanto houver pra mim é pouco Pra dançar com meu benzinho numa sala de reboco Todo tempo quanto houver pra mim é pouco Pra dançar com meu benzinho numa sala de reboco Enquanto o fole tá tocando tá gemendo Vou dançando e vou dizendo meu sofrer pra ela só E ninguém nota que eu estou lhe conversando E nosso amor vai aumentando pra coisa mais melhor

Baião dos Namorados

Quando a moça quer se casar Sylvio Moacir de Araújo Não reza somente não Ela arranja um namorado E entrega o coração Há sempre um beijo escondido Uma promessa, uma oração Aos namorados queridos Ofereço este baião Ai, baião Baião dos namorados Tu estás em todos os lados Dos corações em alegria Ai, baião Baião dos namorados Os que estão apaionados Vivem a cantar esta melodia

Todo tempo quanto houver pra mim é pouco Pra dançar com meu benzinho numa sala de reboco Todo tempo quanto houver pra mim é pouco Pra dançar com meu benzinho numa sala de reboco Só fico triste quando o dia amanhece Ai, meu Deus se eu pudesse acabar a separação Pra nós viver igualado a sanguessuga E nosso amor pede mais fuga do que essa que nos dão Todo tempo quanto houver pra mim é pouco Pra dançar com meu benzinho numa sala de reboco Todo tempo quanto houver pra mim é pouco Pra dançar com meu benzinho numa sala de reboco

AMOR

Numa Sala De Reboco

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Vem Morena

AMOR

Luiz Gonzaga Zé Dantas

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Vem, morena, pros meus braços Vem, morena, vem dançar Quero ver tu requebrando Quero ver tu requebrar Quero ver tu remechendo Resfulego da sanfona Inté que o sol raiar Esse teu fungado quente Bem no pé do meu pescoço Arrepia o corpo da gente Faz o véio ficar moço E o coração de repente Bota o sangue em arvoroço Vem, morena, pros meus braços Vem, morena, vem dançar Quero ver tu requebrando Quero ver tu requebrar Quero ver tu remechendo Resfulego da sanfona Inté que o sol raiar Esse teu suor sargado É gostoso e tem sabor Pois o teu corpo suado Com esse cheiro de fulô Tem um gosto temperado Dos tempero do amor Vem, morena, pros meus braços...

Bom pra Eu

Jorge de Altinho

Quando eu entrei no baile O coração bateu Eu piniquei o olho Ela correspondeu Eu quero me grudar } bis Que nem cera no breu Aqui nesse forró Só vai ser bom pra eu Vai ser bom pra eu Vai ser bom pra eu } bis Aqui nesse forró Só vai ser bom pra eu Ela dança que nem carrapeta Morena, faceta Seu dengo sou eu Quando eu garra ela sem dó Aqui nesse forró Só vai ser bom prá eu


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AMOR


104 AMOR


Nélson Valença Luiz Gonzaga

O fole roncou No alto da serra Cabroeira da minha terra Subiu a ladeira e foi brincar }bis O Zé Buraco Pé-de-foice e Chico Manco Peba macho, bode branco Todo mundo foi brincar Maria Doida Margarida, Florisbela Muito triste na janela Não dançou, não quis entrar Naquela noite Eu fugí com Juventina Quem mandou a concertina Meu juízo revirar Eu sei que morro De bala da carabina Mas o amor de Juventina Me dá forças pra brigar

Xote das Moças

Nelson Barbalho Joaquim Augusto

Menina vem pro meu coração Tu já estais moça Rosa feita, em botão, vem Sou o doutor que te examina Quero o teu amor Para cumprir a minha sina Mas a menina Que queria namorar Agora quer Um namorado pra casar Tá me atentando Pra falar com o pai dela Pra pedi-la em casamento E o jeito é me amarrar Rendeu-se o doutor À esperteza da menina Quem impôs amor Ao doutor da medicina? E esse doutor Transformado em paciente Pra casar prefere Ser doutor de um só cliente

AMOR

O Fole Roncou

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Nem Se Despediu de Mim

Luiz Gonzaga João Silva

Nem se despediu de mim Nem se despediu de mim Já chegou contando as horas Bebeu água e foi-se embora Nem se despediu de mim Te assossega coração Esse amor renascerá Vai-se um dia mais vem outro Aí então, quando ele voltar Quebre o pote e a quartinha Bote fogo na tamarinha Que ele vai se declarar

Rosinha

Nelson Barbalho Joaquim Augusto

Rosinha, Rosinha Eu sou o teu vassalo Roisnha, Rosinha Tu és minha rainha } bis Vou vender os meus terengue Vou deixar minha terrinha Meu coração tá pedindo Pra eu rever minha Rosinha Rosinha tá longe d’ eu Eu to longe de Rosinha Mode ir pra perto dela Largo inté minha mãezinha

AMOR

Não quero amor de Zabé Nem de Rute,nem Chiquinha Só quero mesmo amor Da minha linda Rosinha O mundo não vale nada Sem amor de Rosinha Por isso vivo a sonhar Com a minha moreninha

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107

AMOR


108 AMOR


Hervé Cordovil

Eu tou doente, morena Doente eu tou, morena } bis Cabeça inchada, morena Ôi, ôi, ôi Ai morena Moreninha, meus amô Você diz que me namora, morena Mentira, morena Agora morena, namora não Ai morena Moreninha, meus amo Você diz que por mim chora, morena Mentira, morena, não chora não Agora, morena, não chora não Não chora não, não chora não Não chora não, não chora não (bis

Mané e Zabé

Zé Dantas Luiz Gonzaga

Ô Zabé, Zabé, Zabé Zabé, Zabé, dez vezes Zabé Ô Zabé, Zabé meu bem Eu chamo tanto e Zabé não vem Ô Zabé não quero me humilhar Mas o amor depois da briga É gostoso pra danar É o mel que cai na boca De quem comeu saburá E chuva depois da seca Nas terras do Ceará Por isso minha Zabezinha Não canso de te chamar Ôi Zabé, Ôi Mané, Ôi Zabé, Ôi Mané Ôi Zabé, Ôi Mané Ôi Mané, Mané, Mané Mané, Mané, dez vezes Mané Ôi Mané, Mané meu bem Eu chamo tanto E Mané não vem Ôi Mané, não quero me humilhar Mas amor depois da briga É gostoso pra danar É o mel que cai na boca De quem comeu saburá E chuva depois da seca Nas terras do Ceará Por isso meu Manezinho Não canso de te chamar Ô Mané, ôi Zabé Ô Mané, ôi Zabé Ô Mané, ôi Zabé

AMOR

Cabeça Inchada

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Glossário Gonzaguês Alembrou – Lembrou Arguma - Alguma Armoçar – Almoçar Armoço - Almoço Arrescordo - Recordo Arretirou – Se retirou Arrizéste Arvoroço – Alvoroço Atrapaiá - Atrapalhar Atrapaiá – Atrapalhar Avuá - Voar Baixeiro - Cavalo que anda macio Cabra - Sujeito Canaviá – Canavial Cangote - Pescoço Cantá - Cantar Cantá - Cantar Chorô - Chorou Corage – Coragem Coromingô - Chorou Cum - Com Cumê – Comer Dentuça – Pessoa de dente grande Distino – Destino Doutô - Doutor; Médico Entonce - Então Espáia - Espalhar Espantá – Espantar Famia - Família Fartura – Riqueza Foia – Folha Frô - Flor Fulora - Florescer

Furaro - Furaram Gonguê – Intrumento; Espécie de sino Guento - Aguento Homes - Homens Ignorança - Ignorância Imorá – Imoral Inté - Até Inté – Até Ismola – Esmola Isturricô – Secou demais Liforme Instravagante – Uniforme extravagante Lobisome – Lobisomem Lugá – Lugar Mardade - Maldade Marvado – Malvado Matolão – Mala grande Mió - Melhor Moía - Molhar Moiada - Molhada Morrê - Morrer Muié - Mulher Mulé – Mulher Nata - Natal Oiando - Olhando Oiavam – Olhavam Óio - Olho Padim Ciço – Padre Cicero Paioça – Palhoça; Salão de festa Peitorá – Peitoral Penerô – Peneirou

Pesaroso - Triste Pidimo - Pedimos Pió - Pior Piquê – Ânimo Pisunhado - Performance Pranos - Planos Prantação – Plantação Pru móde – Por modo Pruquê – Porque Pudê – Poder Pur nóis escuído – Por nós excluídos Quarqué – Qualquer Roubaro - Roubaram Saculejar – Balançar Sargado – Salgado Sinhô - Senhor Sorto - Solto Surdina - Escondido Tamo - Estamos Tarvez - Talvez Teja – Esteja Tou – Estou Trabaiador - Trabalhador Tria - Trilha Vermeio - Vermelho Veve - Vive Vorta - Volta Vortar - Voltar Vosmicê – Você Xodó - Pessoa (pessoa amada)



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