Cinturao negro revista portugues 277 2014

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“O tempo pode ter partos trabalhosos, mais nunca aborta” Lamennais

A

vida é uma constante reconversão. Nos tornamos algo que está continuadamente reconvertendo-se em outra coisa e paradoxalmente, continuamos sendo os mesmos. As nossas células mudam na sua totalidade em sete anos e em sete dias o nosso sangue se renova completamente, mas se por exemplo, nascemos teimosos, continuaremos sendo teimosos; com matizes, ajustes e adaptações exceptuadas tudo quanto quiserem. Existe uma raiz profunda nas nossas naturezas que não é equidistante nem equilibrada. Uma tendência a optar que abre umas portas e fecha outras. Tudo tem um preço, o perfeito não existe ou sempre tem estado aí. Restringir-se a uma regra moral, a um modelo, por melhor que seja a priori, é uma medida espúria ou pelo menos suicida, sempre castradora e definitivamente traumática. Não teríamos por isso, tentar a mudança, a transformação? Eu não disse isso. Se a vida é alguma coisa, é um processo de mudança e essa mudança deve ter um farol, uma bússola, um Norte. O problema surge quando a mudança não aparece de dentro para fora, ou quando o modelo não responde á nossa natureza e sim à de outro. Esse e não outro, é o problema essencial de ensinar, o problema da Maestria. O Ocidente simplificou essa questão mediante a despersonalização da aprendizagem. Se estudam técnicas, temos de seguir o plano de estudos; o centro não está na pessoa, mas sim nas matérias. Alguém pode ser um perfeito cabrão e no entanto ser um magnífico engenheiro aeronáutico. É normal que haja tanta gente má por esses mundos afora… Ensinar-nos a ser pessoas é difícil, porque cada um parte de lugares diferentes, cada um somos esse floco de neve que cristaliza de maneira única. Quando desfeitos, todos somos H2O, mas enquanto mantemos a nossa forma sólida, somos inquestionavelmente diferentes. Em geral, o Oriente mantém aí discreto, o que é mais que louvável e mostra uma sabedoria secular. A aprendizagem é de cada um, o Mestre é mais um exemplo, que deve ser lido por cada um. Talvez por isso o ensino, inclusivamente a técnica, é tão silenciosa no Oriente. A verbalização, especialmente das questões mais pessoais, tem sido praticamente desterrada, não por negligência, mas por convicção de que traz mais de mau que de bom. Mas amigos, a globalização é matéria sensível e as misturas nem sempre dão os melhores frutos, por vezes também os piores… Na confusão dos nossos tempos, em não poucas ocasiões, as misturas podem

“Deveríamos usar o passado como trampolim e não como sofá”. MacMillan

ser como na anedota de Einstein e Marilyn, onde Einstein diz: “Imagine se sair ao contrário, com a minha beleza e a sua inteligência”. Mas entretanto, a misturas são um caminho sem volta atrás, o que deveria de reduplicar a nossa atenção a este ponto. Toda tentativa de liquidar o assunto com aquilo de “qualquer tempo passado foi melhor”, está condenado ao fracasso, porque Heraclito já nos elucidou nisto e porque para pior, ainda por cima agora o rio corre contaminado… Tenho visto como muitos professores, tantas vezes imbuídos da melhor das intenções, são apanhados por essa particular confusão dos tempos do mundo às avezas. Outras até, e não poucas vezes, tenho visto como tem sido esta confusão, o melhor subterfúgio para a consecução do abuso e a tirania, dando lugar à personificação de patologias pessoais e sectárias. Mestres de Artes Marciais entoando o canto do macaco macho, que lesionam seus alunos em suas demonstrações de omnipotência, ou que imbuídos da sempre falsa aureola de superioridade moral, humilham seus alunos em público, tratando-os como se falassem às suas tropas perante uma batalha à vida ou morte, simplesmente porque se levantaram com o pé esquerdo, ou porque em má hora, se lhes abriu essa borbulha purulenta que esforçadamente vinham cultivando em sua prístina superioridade. Frente a este paradigma necessariamente temos de voltar sempre aos clássicos, o “conhece-te a ti mesmo” é a única vacina que mais ou menos funciona para essas doenças. Cada uma com suas patologias e quando já submetido a esse princípio, faz-se muito mais compreensivo com as patologias dos outros, porque quando já vista a palha no próprio olho, nos fazemos mais tolerantes e amáveis com a palha no alheio. De outra maneira, o ostracismo anímico e social são a única consequência possível. A compaixão que assim surge, vem das nossas deficiências e não da nossa superioridade moral e é por isso efectiva e de longo percurso. A outra é falsa e frequentemente será detectada, porque nós podemos segurar uma bandeira muito tempo, mas uma árvore (…como é natural), se segura sozinho. Reconverter-se não é uma opção, é um comando da natureza, não nos penduremos medalhas por isso! As medalhas ou os prémios vão chegar, ou não, fruto de como fizermos e do que fizermos. Nada é possível de acertado nestes processos, sem contarmos com as nossas naturezas pessoais, porque uma macieira dará sempre maçãs… A convergência de tradições e modernidade não são uma novidade. Toda evolução se baseia de uma ou de outra maneira numa traição a modelos preeminentes e em seu momento aceites sem discussão. Acasalar ambos mundos não só é pertinente como


Alfredo Tucci é Director Gerente de BUDO INTERNATIONAL PUBLISHING CO. e-mail: budo@budointernational.com

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indispensável para que alguma coisa nova saia à luz, para que a história avance em seu caminho e o que é verdadeiramente Universal permaneça. Todos estamos em dívida com os nossos antecessores e por mais que tantas vezes na vida nos enganemos por não ouvir as suas vozes, é essa também a nossa obrigação transgressora; frequentemente o tempo dálhes a justa razão que tiveram, porque à vez e paradoxalmente, quase tudo está inventado, ou pelo menos todos, quando nos vamos fazendo velhos, nos parecemos aos nossos antecessores. Todos, com os anos nos fazemos conservadores…, queremos conservar o cabelo, queremos conservar a força, queremos conservar a vontade de conservar… O trabalho de cada geração, de cada tempo, é reconverter-se - por mais de desgoste o saudosista - e a partir do que somos e do onde estamos, por mais que o libertário não goste, nem goste ao sonhador utópico. Mas nem todas as amalgamas e misturas são válidas. Em química, como na vida, devem ser feitas com cuidado, mas novas ligas mais eficientes são sempre possíveis e certamente necessárias, porque o caminho do tempo é em frente e a mudança, a reconversão, não são em modo algum opcionais. As coisas não são para sempre, ou pelo menos não são para sempre iguais, mas em qualquer caso aborrecidas se não houver alegria. Como diz Woody Allen: “A eternidade torna-se longa, principalmente no final”.




Cinco Motivos para escolher a Eskrima

Começamos este mês uma série apaixonante, onde os melhores instrutores do mundo responderão a uma pergunta directa: deverão dar-nos cinco motivos para terem escolhido a sua Arte Marcial! Este mês contamos com duas figuras mundiais em seus respectivos estilos: Guro Dave Gould, um grande da Eskrima, e Evan Pantazi, nos nossos dias a figura mais relevante do Kyusho.


Kyusho Das Artes Marciais de que dispomos, a Eskrima é uma das mais versáteis e adaptáveis, para aqueles que hoje procurem a eficiência no combate. Além das habilidades com mãos nuas, pode desenvolver-se uma grande habilidade na manipulação de um grande número de armas ocasionais, para que no caso de ser necessário, se possa fazer frente a qualquer ameaça que surja repentinamente.


Cinco Motivos para escolher a Eskrima

Na minha opinião, os cinco motivos para escolher a Arte da Eskrima são: 1) - Se desenvolvem habilidades a tempo real, que se podem utilizar de igual para igual, contra uma ameaça com mãos nuas ou contra a ameaça de um agressor armado. 2) - A capacidade de utilizar os conhecimentos com qualquer objecto que possa ser apanhado do chão e situado na mão do homem nos momentos de necessidade. 3) - Outras Artes Marciais parecem dar mais atenção aos jovens e se tornam cada vez mais difíceis para as pessoas idosas, posto que as numerosas limitações se fazem evidentes quando o processo do envelhecimento nos faz mais débeis. A idade avançada aumenta as capacidades na Eskrima, não as diminuem. 4) - As armas são grandes equalizadores contra numerosos opositores. 5) - Quando mais nações declaram ilegais as armas de fogo, a Eskrima permite defender a vida e a integridade física com qualquer objecto que seja acessível, tanto seja uma faca, um garfo, um lápis, um desaparafusador, um martelo, um tijolo, ou um machado, entre outros inúmeros elementos comuns que se encontram facilmente perto de nós. Honestamente, tudo quanto tem potencial para se tornar uma arma, não pode ser ilegal, posto que a arma não é o que se estende desde a mãos, mas sim o pensamento que manobra esse instrumento de destruição, seja lá o que for o que esse instrumento possa ser. Eu represento o Sistema Lameco Eskrima conforme me ensinou o meu instrutor, Punong Guro Edgar G. Sulite. Ele ensinava com a intenção de formar lutadores, em vez de ensinar estudantes. Sentiu que o Lameco Eskrima era uma Arte de combate e que o seu papel como instrutor era desenvolver os seus estudantes para que se tornassem lutadores eficazes, conseguindo que fossem conscientes e estivessem melhor preparados para se enfrentarem a qualquer desafio e a qualquer ameaça. Quando a capacidade era alcançada, o objectivo era então refinar a nossa habilidade para sermos mais eficientes, não tanto por um adicionar coisas dia-a-dia, mas antes sim por uma desagregação diária. Para assimilar o que funcionou bem e faze-lo melhor mediante refinar os atributos mais básicos, que resultam mais eficazes fazendo menos e não fazendo mais. O Lameco Eskrima não é especificamente uma Arte baseado nas armas, ela é antes uma Arte de combate que utiliza qualquer objecto que a mão humana possa segurar como arma - ou inclusivamente não ter nada nela e depois traduzir esse conhecimento para combate corpo a corpo. A nossa mente, o nosso pensamento é a arma e não o objecto que manipulamos com a nossa mão.



Cinco motivos para escolher o Kyusho


Kyusho

Ai princípio, a maioria não acreditava que fosse realmente assim, mas depois viram-no, sentiram-no e o aceitaram como tal; agora, a questão e a única barreira é começar o estudo. Todos devemos aprender para transmiti-lo às gerações futuras; esta é a nossa tarefa nas Artes e estes são os “cinco motivos para aprender Kyusho”:


Cinco motivos para escolher o Kyusho Cinco motivos para escolher o Kyusho 1. O Kyusho é o núcleo de muitos estilos marciais, que simplesmente não foi transmitido durante anos. Duas gerações sem ensinar o verdadeiro Budo, fizeram deixar atrás a sua essência. Os velhos estilos originais sempre atacaram as estruturas anatómicas mais débeis do corpo, da maneira mais eficiente. A pergunta para o leitor é: por que motivo só apontar às estruturas anatómicas mais fortes ou nem sequer ter em consideração a diferença? 2. Hoje, a maioria dos artistas marciais dedicam décadas da sua vida à prática e à pesquisa da fisiologia do soco, o pontapé, o agarre ou a manipulação do corpo humano, mas não à fisiologia da funcionalidade do corpo propriamente dita. Dá-se pouca importância às áreas vitais, inter-relações ou estruturas anatómicas que realizam mais eficientemente estas habilidades ou que no processo contrário, podem incapacitar a própria funcionalidade de um oponente. Estas estruturas ou constituintes são um em si mesmos e inseparáveis, mas a maioria só procura a causa e não o efeito, ou como causar um efeito específico. 3. As Artes Marciais não devem de estar baseadas na técnica, como quando se estuda a técnica estabelecida para cenários de ataque conjunto, posto que então não se está em risco extremo como em um altercado da vida real, quando o oponente não ataca como se praticou ou com o mesmo método. Tem de se treinar para de maneira espontânea apontar às debilidades do oponente. Isto é o Kyusho. 4. Se conhecessem um ponto facilmente atacável e que provocasse tal disfunção na parte interna do corpo que afectasse aos ouvidos, à vista, ao tacto, ao controlo físico, à pressão sanguínea e por sua vez pudesse provocar tonturas severas, esquecimento, insensibilidade sensorial e inconsciência…, não haviam de estar interessados? O Kyusho é um treino de contactos, tanto para provocar como para receber dor e disfunção física. Devemos ser capazes não só de o provocar como também de o receber, sendo conscientes e estando preparados para a ele nos enfrentarmos, para sobrevivermos a um confronto real. 5. As pessoas mais pequenas, débeis ou idosas, devem de estudar Kyusho, posto que todos os outros estilos requerem de uma maior velocidade, potência e agilidade para executar as técnicas. Então, de novo surge a pergunta; por que motivo o estudante perpetuo, o Mestre ou o especialista, não procuram uma compreensão mais profunda dos sistemas nervosos, musculares, autonómicos e motores do corpo? Por que limitarem-se a tentar aprender a metade de um todo e não o núcleo vital das Artes?


Kyusho



Hwa Rang Do

Hwa Rang Do®: Escola de liderança. Parte 1ª DECLARAÇÃO DA MISSÃO DA ASSOCIAÇÃO MUNDIAL DE HWA RANG DO® : Um legado de lealdade, procura incessante da verdade, fortalecimento de vidas, serviço à humanidade. Essencialmente, a nossa meta final é melhorar o mundo! Nós nos esforçamos em cumprir isto, maximizando o nosso potencial humano para alcançar o ideal humano mediante este treino rigoroso, treino da mente, do corpo e do espírito, com a antiga arte marcial e de cura do Hwa Rang Do®, “O caminho dos cavalheiros florescentes”. Portanto, transformamos o nosso organismo regente, a Associação Mundial de Hwa Rang Do® (WHRDA), numa organização humanitária, enquanto nos esforçamos por fortalecer o mundo pessoa a pessoa. Somos uma escola de liderança e cavalheirismo, em vez de nos limitar-nos só ao desporto ou à defesa pessoal, posto que um soldado raso pode influir numa pessoa por vez, mas um General pode mudar o curso de uma nação. Numa insólita reunião privada com o Grão Mestre Taejoon Lee, 8ºDan, filho do Dr.Joo Bang Lee, Fundador e Presidente da WHRDA, tivemos o privilégio de falar com ele acerca da liderança.

Cinturão Negro: O que é a Liderança? Grão Mestre Taejoon: Isso não é fácil de responder, devido à variedade e grande número de pontos de vista. Digamos que para mim, um princípio fundamental e essencial da liderança que deve existir para realmente se ser um líder, é a honestidade. Isto, essencialmente é a definição intrínseca de responsabilidade, quando todas as coisas começam e finalizam em nós mesmos. No nosso recente ciclo anual de dez dias de conferências de Cintos Pretos onde todos os líderes Hwarangdo (Cavalheiros) de todo o mundo se reuniram para compartilhar e intercambiar conhecimentos, criar maiores laços e voltar a estar em contacto com o espírito Hwarang se discutiu o assunto do "pecado original". Não por razões religiosas, mas para ilustrar que o conhecimento de nós próprio não é mau nem é o mal, mas que tanto Adão como Eva foram expostos ao conhecimento sem experiência, sem terem obtido o conhecimento, sem a sabedoria que constitui o valor e apreço pelo conhecimento, a criação de todas as turbulências, as provações e tribulações da humanidade, que padecemos ainda hoje. Durante o debate, um dos nossos Hwarangs falou da ideia de como podemos ser um melhor cristão e um melhor



Hwa Rang Do “Nós nos esforçamos por cumprir isto, maximizando o nosso potencial humano para alcançar o ideal humano mediante este treino rigoroso: treino da mente, do corpo e do espírito” Hwarangdoista. A sua conclusão foi realmente esclarecedora. Disse que como Hwarang, não está de acordo com o conceito tradicional do "pecado original". Por regra geral, se entende que a desobediência a Deus é o pecado. No entanto, ele sente que "o pecado original" não é desobediência, mas antes sim a falta ou a ausência de responsabilidade individual… e continuou dizendo que quando Adão e Eva morderam a fruta proibida, Deus perguntou a Adão: "Porquê desobedeces?" e a resposta de Adão foi porque Eva o disse... Eva, a quem Deus criara a partir da sua costela, culpando indirectamente Deus e directamente Eva. Depois, quando Deus perguntou a Eva, ela respondeu dizendo que a serpente o tinha dito. Em cada um dos casos, nem Adão nem Eva aceitaram a responsabilidade, eles culparam outros. Portanto, concluímos que "o pecado original" foi a irresponsabilidade e disse ainda: Obviamente, Deus não tem ninguém para responder a todas as cosas que começam e finalizam com ele, portanto, não tem ninguém a quem culpar senão a si mesmo, de que a sua criação tenha sido, seja e será boa ou má. De maneira que quando Deus fala na Bíblia de se ser semelhante a Deus, supomos que significa a perfeição. Entretanto, poderia ter querido dizer que para ser como Ele, devemos chegar a compreender o que significa ser de Ele, que não há ninguém a quem culpar, não há outros culpáveis, que nós somos os responsáveis. portanto, devemos cuidar de nós mesmos e de todas as criações de Deus, como se fossem nossas. Assim então, Deus infundiu em nós a compaixão e a empatia para contactar com todos os seres vivos, de maneira que todos sentimos a sua protecção. Há um adágio tradicional coreano que diz: ‘Se morderes qualquer dos dez dedos, não te vão a


Hwa Rang Do doer todos’. Indica que se um pai tem dez filhos e um deles faz mal alguma coisa, teria o pai que castigar por igual os dez? Se isto é certo ou não, afinal nunca saberemos até nos encontrarmos com Deus. No entanto, um Hwarang, sendo um guerreiro/filósofo, um líder, tem uma percepção mais funcional”. C.N.: Qué outros atributos deve ter um líder? G.M.T.L.: Um líder deve possuir todo o que faz ser uma grande pessoa. Deve ser virtuoso, benevolente e o mais importante, sentir muita compaixão e empatia. Mas penso que além disto, o que distingue um líder é que está fortemente ligado à história. Que sintamos o seu valor e o seu propósito, na crença de que a pessoa possa oferecer qualquer coisa de melhor ao mundo. Esta pessoa pode provocar a mudança em outras pessoas. Esta pessoa tem

confiança e acredita em si mesma e no que é verdade. Sabe com claridade os seus objectivos e tem fortes convicções, verdadeiro entusiasmo, energia pura, determinação, tenacidade e perseverança para alcançar tais objectivos, custe o que custar… Tem a compreensão da medida em que deve sacrificar-se para vencer. Além de possuir a determinação e ter um plano para alcançar o seu ou os seus objectivos, um líder deve ter sentido da responsabilidade - como se explicou anteriormente. Se alguém comete um erro, deve estar disposto a aceitar as consequências das suas acções. Pensemos em um grupo de soldados dirigidos por um general, metidos numa batalha. Ainda que os soldados na primeira linha têm grandes dúvidas de se vão a viver ou a morrer, o general deve infundir neles confiança e a crença de que vão sair vitoriosos. Mesmo quando se enfrentar à incerteza, o líder deve ser carismático e saber guiar com a força da convicção".


C.N.: O que é o carisma? G.M.T.L.: O carisma é essencial para um líder e quando se não tem, não é coisa que se possa desenvolver facilmente. Carisma é a capacidade de liderar, motivar e inspirar pessoas para acreditarem, mesmo quando não houver nada em que se acreditar. É a capacidade de não só servir-se da inteligência como ainda de fazer o mais importante, tocar o coração das pessoas e inspirá-las para que acreditem em si próprias, para conseguirem o que antes essas pessoas sentiam que era impossível. Obviamente, o líder também tem dúvidas. Não pode ter a certeza ao cem por cento, de qual vai ser o resultado das próprias acções, se vão ser positivas ou negativas… Mas o fracasso não é uma opção e o êxito é uma questão de quando e não do quê. Portanto, um líder deve primeiro aceitar as consequências finais do fracasso e aceitar o pior dos casos, antes de continuar adiante. Ele deve ser responsável!

“Um líder deve possuir todas as coisas que fazem uma grande pessoa; deve ser virtuoso, benevolente e o mais importante, possuir abundante compaixão e empatia”


Um “Mega Evento” - Uma noite para a lenda, com um ambiente e Kung Fu magníficos e com boa comida. Tudo isso festejando o aniversário do Grão Mestre Martim Sewer. Faz já muitos anos que o “Mega Evento” era só uma pequena festa de aniversário do Grão Mestre Martim Sewer, que se realizava com um jantar em um restaurante. Muitas vezes participaram membros da “barra dura” - como gostam de dizer eles próprios... para festejar o aniversário de Martim Sewer. Nessa época, o jovem Mestre podia contar os alunos presentes com os dedos de suas mãos, mas já




“Para o 20ª aniversário da escola, o Grão Mestre Martim Sewer e seu comité de organização mandaram convites nacionais e internacionais.”

se podia adivinhar a dimensão que alcançaria a sua escola. E isto porquê? Por seu Mestre, a lenda do Kung Fu e estrela do cinema Chiu Chi Ling. Já nessa época ele era o melhor lutador e sucessor da linha original do Shaolin. Chiu Chi Ling demonstrou ao seu aluno Martim Sewer (hoje seu sucessor oficial no Chiu Chi Ling) como deve ser uma autêntica festa de Kung Fu, de um mestre verdadeiro. Também lhe disse que com mais alunos, as festas do Kung Fu teriam de crescer. Naturalmente que propagar o Hung Gar Kung Fu original tem sido e é o primeiro objectivo de Chiu Chi Ling e também de Martim Sewer. Martim Sewer viu ao longo dos anos e com o crescendo êxito da sua escola, que o Mestre também estava no certo com o que diz respeito às festas de Kung Fu. Não só cresceu o número de alunos e participantes, como também a organização e a estrutura cresceram a cada ano e cada vez se fez mais profissional. Com o tempo fez-se necessário um local novo, que pudesse albergar as ideias do comité de organização. Assim se resolveu que fosse no Hotel Crowne Plaza, em Zurich. Com a festa de aniversário de Grão Mestre Martim Sewer, mais cosas se realizavam, festejavam e mostravam nesse evento. Assim nasceu o “Meg Event”, uma grande festa de gala. Conforme foram passando os anos, para os alunos sempre foi de grande interesse o programa do seguinte “Mega Evento” e é interessante ver os programas dos passados anos. Neles, entre outras coisas se realizam: • A cerimónia de aniversário, onde se apresentam os respeitos ao Grão Mestre Martim Sewer e faz-se-lhe entrega “a moeda de fortuna” (Lai Si*). • A apresentação da escola, onde se mostra aos alunos e participantes o acontecido desde o ano passado, como se encontra a escola e quais são os próximos objectivos. • Demonstração dos Faixas Pretas, onde os professores com Cinto Preto da escola, mostram o Hung Gar Kung Fu de nível alto. • Homenagens a instrutores e mestres e entrega de diplomas. Também há cerimónias de Bai Si**. Para o 20ª aniversário da escola, o Grão Mestre Martim Sewer e seu comité de organização mandaram convites nacionais e internacionais. Também assistiram Sifus (Mestres) que participaram no “Mega Evento”. Como diz Martim Sewer: “Se uma coisa é muito importante no êxito, é que tem de ser compartilhado com as outras pessoas”. O mundo do Kung Fu segue tradições e estruturas restritas e se organiza em “famílias”, mas sempre tem sido e continua a ser muito importante participar em festas fora da própria família, para assim poder aprender mais. Mas também os não praticantes de Kung Fu podem assistir às grandes festas do autêntico Kung Fu. Cada aluno ou mestre convidados, tem o seu espaço no programa e tem ocasião de mostrar o Kung Fu da sua família. Como é lógico, o comité de organização do próximo “Mega Evento” já começou os preparativos há alguns meses, porque o próximo evento vai ser a 22 de Novembro. Cintos pretos e instrutores já estão preparando a sua demonstração. Os convidados serão recebidos por uma delegação dos organizadores com uma bebida de boas-vindas. Como sempre acontece nas festas exclusivas desta dimensão, já estão à venda os bilhetes de entrada, para que cada participante possa contar com ela com anterioridade.


Após um primeiro encontro e conhecimento, os convidados passarão à sala da festa apresentando o seu bilhete de entrada. Também há uma bilheteira para aqueles que se atrasarem em sua compra e resolvam assistir à última hora, até se esgotarem os bilhetes de entrada. Se o leitor ficou a saber do “Mega Evento” por este artigo, não se preocupe, ainda pode reservar o seu bilhete por e-mail (alex@shaolin.ch). Depois de entrar na sala da grande festa, os convidados encontrarão um fotógrafo profissional que aqueles que assim o desejarem, poderem guardar em sua memória este grande momento. Um pouco mais tarde, serão acompanhados à sua mesa, onde irão encontrar outros participantes e alunos. Com todos os convidados já sentados, um moderador sobe para o cenário e anuncia o Grão Mestre Martim Sewer. Precedidos ele e sua mulher por uma tradicional Dança do Leão e com o aplauso de todos os presentes, entram na sala e são levados até a sua mesa. Quando todos já ocupam os seus lugares, o moderador anuncia o início o programa da festa. O Grão Mestre Martim Sewer não só trouxe uma parte da história das artes da luta ao Ocidente devido às suas décadas de treino com seu Mestre, também foi o criador desta festa magnífica, onde todos os seguidores de Kung Fu do mundo se encontram. Se o leitor também gosta das artes da luta ou é um seguidor do Kung Fu de alto nível, esperamos encontrá-lo no “Mega Evento” deste ano. De qualquer lugar que tiver de vir, vai valer a pena!

* Lai Si Lai Si (moeda da fortuna) é dinheiro de verdade que se oferece em festas na cultura chinesa. Hoje podemos ver isso em festas de aniversário ou semelhantes. A quantia de dinheiro que se oferece depende tradicionalmente do significado budista dos números. Por exemplo, o número oito simboliza fortuna e por isso é escolhido muitas vezes. Também o 54 é muito típico, porque cinco (“não”) e quatro (“morrer”) simbolizam imortalidade. Uma Lai Si típica consiste de 54 - 88, ou 540 .- em qualquer moeda.

** Bai Si A Bai Si (“pedir ao mestre”) é uma cerimónia que fazem o mestre e seu aluno, para se comprometerem a si próprios. A primeira Bai Si faz-se quando o aluno entra na escola. Isso se simboliza quando o aluno recebe o cinto branco. A segunda Bai Si é uma cerimónia mais importante ainda, onde também se encontram a família, os amigos e os meios de comunicação. Seguindo um programa determinado, o aluno solicita ao mestre a sua admissão como “back door student”. Após a cerimónia e quando o aluno já foi aceite, na sua vida não terá outro mestre.



WingTsun “A TERCEIRA FORMA (Biu Tze Tao) é uma parte realmente importante dentro do sistema, porque supõem um movimento diferente” Forma Biu Tze Tao Reflexões A conhecida como “Terceira Forma” do estilo Wing Tsun Kuen, é uma das estruturas de treino onde os instrutores que superam o nível de Faixa Preta 1ºDan, concentram seus esforços e toda a atenção no seu estudo. No “WingTsun Europe by TA O W S Academy”, dividimos a formação dos nossos alunos em DOIS blocos muito bem diferenciados:




1.- Formação até o nível de Primeiro Grau Técnico. Os praticantes incidem no estudo, treino e consecução de uma firme estrutura de conhecimentos fundamentais para a prática e a compreensão do estilo Wing Tsun Kuen. Deslocamentos, domínio técnico das bases e dos valores inerentes à prática das estruturas técnicas determinadas pelas formas Siu Nin Tao (Forma das Pequenas Ideias) e Chum Kiu Tao (Forma de buscar e afundas as pontes) 2.- Formação a partir do Primeiro Grau Técnico (Primeiro Dan), na qual situamos os praticantes no estudo, treino e desenvolvimento do que denominamos Secções e Nível AVANÇADO. Neste nível, entendendo que o aluno adquiriu tudo quanto necessário para poder enfrentar-se a esta fase avançada de treino, nos concentramos então na prática das consideradas Formas Avançadas: • Biu Tze Tao (Forma dos dedos voadores) • Muk Yak Chong (Forma do Boneco de Madeira) • Luk Dim Boon Kwan (Forma do Pau de 61 e 1/2 p) • Bart Cham Dao (Forma das Facas de Oito Cortes) Este esquema de DUAS partes é um itinerário muito claro para tentar completar e conhecer o nosso sistema de uma ordenadamente e em um

período de tempo razoável (dependerá sempre do investimento em tempo do praticante). Desde já que é uma opinião, mas estou certo que para a compreensão e o estudo de qualquer aspecto artístico ou científico, é muito importante contar com um esquema claro, em ordem e fácil de seguir por parte dos praticantes. A nossa missão como professores deve ser dotar ao aluno de todas e cada uma das ferramentas do sistema em um prazo de tempo o mais curto possível. Não faz sentido ter a uma pessoa vinte anos (ou mais em alguns casos) para aprender um sistema de combate. Parece muito mais lógico aprender o sistema em um prazo curto e depois inverter muitos anos na sua prática. Actualmente, nem sempre é assim e esta maneira errada de ver as coisas, provoca grande parte dos problemas do estilo. Tenho a certeza de poder faze-lo com todos e cada um dos alunos que treinarem de maneira constante e diligente, em um prazo que oscila entre cinco e dez anos. A partir daí começa outra fase bem diferente desta: a Prática. Em uma conversa com o Grão Mestre Steve Tappin, fundador e director de Escrima Concepts (associação à qual tenho a imensa honra de pertencer), me dizia que na Europa, n época de maior desenvolvimento das guerras onde se


WingTsun utilizavam espadas, era habitual aprender muito rápido as bases da luta com armas, por uma questão lógica: a guerra ocupava a maior parte do tempo. Havia poucos períodos “entre guerras”. Portanto, não existia muito tempo para grandes períodos de aprendizagem. O nível prático se baseia em que o aluno (ou mestre) já completou todas as fases do sistema, da primeira à sexta forma. É capaz de conhecer não só a informação superficial das formas, como também aquelas ideias e matizes que estão por baixo da “pele das formas”. Chegado este momento, o praticante deve PRATICAR com o seu sistema. Quer dizer, utilizar o sistema para crescer como lutador e tentar fazer ou desenvolver um estilo próprio, em base à “não forma”. Por outras palavras: ser capaz de “quebrar” a FORMA para que inimigo não poder determinar um esquema fixo. De novo vou recorrer a quem para mim é um dos grandes ideólogos do Wing Tsun: Bruce Lee (apesar de não ser um mestre do estilo, tendo praticado um período curto em Hong Kong, sob a tutela do Grão Mestre Yip Man). O Mestre Lee definiu a sua prática como o caminho à NÃO FORMA. Este poético conceito de difícil compreensão para a cartesiana visão dos europeus, é uma genial definição da busca do Wing Tsun Kuen e de outros estilos chineses que nem sempre tem sido bem explicada e portanto, de certeza muito mal compreendida por muitos. Existem tentativas de misturar ou implementar ideias, mas é justamente aí onde reside o problema; à NÃO FORMA só se chega por um caminho: o caminho da forma! Entendemos A FORMA em Wing Tsun como as estruturas das SEIS Formas que constituem o sistema. Estas permitem ao praticante de Wing Tsun adquirir base, mobilidade, estruturas, etc.…, complementadas com conceitos e detalhes que se encontram nas formas do estilo. No artigo de hoje, queria tratar a uma forma que me parece apaixonante por muitos motivos. A TERCEIRA FORMA (Biu Tze Tao) é uma parte realmente importante dentro do sistema, porque supõe um movimento diferente. Analisada desde um ponto de vista da aparência ou estética externa do sistema, estaremos de acordo em que é uma maneira de moverse completamente diferente, é como se quebrássemos


“Biu Tze Tao é a resposta a uma emergência provocada por uma acção fortuita, que impede ao praticante manter a sua estrutura”


WingTsun o molde criado pelas formas 1 e 2 (SNT e CKT). Inclusivamente as maneiras de bater e deslocar-se são diferentes se comparamos BTZT e as duas primeiras formas. Na terceira forma, os golpes de dedos, cantos de mão e cotovelos, frente aos punhos e palmas de mão que se utilizam habitualmente no resto das formas do estilo. Tudo tem uma boa explicação… Também neste ponto o Wing Tsun é realmente um sistema genial. Biu Tze Tao é uma “deformação lógica” da própria estrutura básica, produzida por dois motivos: 1.- Ataques de qualidade do adversário que nos surpreendem e não podem ser defendidos de maneira mais simples. 2.- Uma ruptura da distância por invasão do inimigo de forma fortuita, que nos quebra a barreira de braços e pernas, de maneira a não podermos continuar mantendo a estrutura inicial.

Em ambos casos, o Biu Tze Tao é a resposta a uma emergência produzida por uma acção fortuita, que impede ao praticante manter a sua estrutura, se bem a própria filosofia do estilo obriga a ser utilizada de maneira determinada e a voltar no menor tempo possível a essa estrutura e forma tão característica e que define perfeitamente a forma Siu Nin Tao. O motivo deste último raciocínio se sustenta no próprio conceito do estilo Wing Tsun, que dá à eficiência e à simplicidade a maior das importâncias. Por outras palavras: o mais simples sempre é melhor! Se bem é certo que chegado ao nível prático deveria de haver mudanças na maneira de agir do praticante, com frequência este pormenor não é tido em consideração e geralmente os professores, por diversos motivos, obrigam seus alunos a permanecerem durante toda

a sua vida, na estrutura inicial, na FORMA. Faz alguns dias tive ensejo de escutar de um ilustre praticante, uma frase que me pareceu muito acertada e que tem a ver com a minha referência à famosa frase de Bruce Lee. Este prestigioso mestre dizia: “Se podem reconhecer a tua posição e assinalarte como Wing Chun…, então não é Wing Chun”. Poderíamos estabelecer um debate acerca do porquê da busca da NÃO FORMA desde a FORMA, mas parece óbvio que é difícil lutar contra algo que não tem uma forma fixa e muda constantemente. Pura filosofia taoista! Puro Wing Tsun! Pensem bem… A mim me parece muito acertado! Para compreender esta diferença tem de se estudar em profundidade o como e os motivos das técnicas da terceira forma. É importante!

“O Mestre Bruce Lee definiu a sua prática como o caminho à NÃO FORMA. Este poético conceito de difícil compreensão para a cartesiana visão dos europeus, é uma genial definição da busca do Wing Tsun Kuen e de outros estilos chineses, que nem sempre tem sido bem explicada e portanto, de certeza muito mal compreendida por muitos”









O Uso da Forรงa e a Mentalidade Defensiva por Avi Nardia & Benjamin Krajmalnik


Como instrutor de armas de fogo, frequentemente encontr o um absoluto desconhecimento acerca do uso da força na defesa própria ou de outros. Posto que os estatutos entre os estados variam e posto que a lei o permite no caso de, por exemplo, uma intrusão em casa e seu uso está totalmente justificado, muitas pessoas têm assumido utilizar a força letal.


O Uso da Força e a Mentalidade Defensiva

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a maioria dos casos, estas pessoas não pensaram nas consequências de estar metidas em um tiroteio. Ainda que os ditos disparos se considerem justificados e que portanto mesmo não havendo consequências legais, há muitos efeitos psicológicos e sociais que surgem e que trazem consigo uma mudança na vida. Não vou aprofundar nelas neste artigo, antes sim explicar quando se pode utilizar o uso da força. Eu não sou advogado e assim sendo, se alguém portar uma arma de fogo para a autodefesa, recomendo que pergunte a um advogado da jurisdição competente, para obter conselho legal. Eu estou falando apenas do ponto de vista defensivo táctico. Um dos grandes mal entendidos é que se nos sentimos ameaçados (usando a terminologia habitualmente usada nos critérios acerca do uso da força), é preciso agir. Isto é completamente errado. Para ilustrar isto, vou explicar as diferenças nos tipos de trabalhos. Há essencialmente

três tipos - militares, policiais e civis. No primeiro tipo de resposta (a militar), se identifica uma ameaça e o nosso objectivo é muito claro - agimos para neutralizar a ameaça. Não temos competência para decidirmos se iremos agir ou não; quando se recebe uma ordem não temos opção de nos retirarmos (a menos que seja a resolução táctica correcta para a situação) e vamos utilizar todos os meios à nossa disposição, a fim de neutralizar a ameaça. O nosso objectivo aqui é deixar o objectivo fora de combate - tanto seja ferindo-o gravemente (o que levará a que acudam mais tropas da batalha para o assistir), tanto seja matando-o. O nosso segundo tipo de actuação é a das forças de Ordem. À diferença dos militares, o objectivo é fazer cumprir a lei. Quando se percebe uma ameaça, não temos de a neutralizar tirando a vida a quem ameaça, mas sim prendêlo e levá-lo perante a justiça. Como acontecia no primeiro tipo de actuação, a polícia não tem outra opção – o seu trabalho é parar a ameaça. Os pontos de vista podem variar, com um critério

impreciso acerca de onde e como realizar isto. Ainda que normalmente não é recomendável evitar o contacto com a ameaça, em alguns casos, uma decisão táctica adequada poderia ser evitar o contacto enquanto se mantém a vigilância e realizar a detenção em condições que sejam mais favoráveis à unidade das forças de ordem, ou quando houver um menor nível de ameaça para a povoação. Se durante a detenção do sujeito ele acabar morrendo, será um assunto onde se devem investigar os níveis aceitáveis do uso da força por parte do departamento policial. Agora, o tipo de actuação que nos ocupa é a civil e vou entrar mais em detalhe. Independentemente da gíria legal de qualquer estatuto que tratar do uso da força na defesa de nós mesmos (e isto é mais crítico em estados com a Doutrina Castilho, onde as pessoas podem sentir que a lei está "do seu lado"), devemos ser capazes de articularmos uma defesa para o nosso uso da força. Para isso, há três elementos que se devem abordar e que formam o triângulo Habilidade,


Oportunidade e Propósito. Se podemos demonstrar que o agressor ou perpetrador tinha a capacidade, a oportunidade e a intenção de infringir lesões corporais graves ou a morte, então se justifica a própria implementação da força letal. Estes três factores não se relacionam só com o agressor, mas também com a pessoa que exerce a força em defesa própria. À diferença dos confrontos militares e policiais, como civis temos um objectivo, sobreviver! Toda vez que utilizemos a força em defesa própria, vamos ter um nível de responsabilidade legal, pelo que a melhor maneira de agir é sempre fugir. Não portaremos uma arma de fogo para aumentar o nosso ego e não agiremos para ganhar pontos. Nada importa a habilidade que nós pensarmos ter, no momento em que se produz um confronto, o resultado é desconhecido e podemos acabar no lado perdedor do confronto. A melhor maneira de agir é sempre fugir - e isto é independente de se o uso da força teria sido com uma arma de fogo ou com as mãos nuas. Vou apresentar uma cena hipotética. Acordam no meio da noite com o barulho de alguma coisa que caiu na cozinha. Poderiam agir das seguintes maneiras.



O Uso da Força e a Mentalidade Defensiva Opção 1. Pegam na pistola e descem à zona onde se escutou o barulho para se enfrentarem à ameaça. Em chegando à cozinha, vêem uma figura desconhecida e "temendo pela vossa vida", disparam contra a ameaça que é abatida. O suspeito tem a capacidade de infringir um mal corporal? Dependeria. Vejamos uma cena onde vão encontrar um homem grande. Depois de cair ao chão, podem ver que é muito forte e que perto de si tem uma barra de ferro que utilizou para penetrar na casa. Neste caso, teria a capacidade, posto que ele teria o potencial físico, assim como os meios para o fazer. Teve a oportunidade? Neste ponto, absolutamente não a teve - a não ser que se aproximassem para falar com ele, estava fora da distância que lhe teria dado a oportunidade. Teve a intenção? Bem, partindo do que neste momento sabemos, a sua única intenção era roubar e não foram feitas ameaças. A menos que o suspeito chegasse a agir de uma maneira ameaçante no momento de os ver, se disparassem poderia considerar-se um feito injustificado e poderiam ser penalmente responsáveis. Mas agora vamos a fazer com que seja ainda mais interessante. Depois de disparar, se aproximam do sujeito e resulta ser um amigo do vosso filho, que sem vocês saberem voltou com ele de uma festa e estando um tanto ébrio tropeçou quando andava à procura de um copo de água… Agora, entremos nos efeitos sociais e psicológicos dos disparos. Acabam de lhe tirar a vida a uma pessoa inocente e mais ainda, a alguém conhecido e chegado. Pensam que seriam capazes de viver com esta sequela? O que aconteceria com as ramificações nos seus círculos sociais? Depois disto, a vida seria realmente muito complicada…

Opção 2: Pegam na pistola e com cuidado, descem com a

intenção de ver o que acontece, mas são vistos pelo suspeito e ele os ameaça. O suspeito está muito bêbado e é incapaz de andar direito. Tem na mão uma das facas da cozinha. Está a uns dois metros da porta e a uns dez metros de si. Disparará? Em primeiro lugar, tentando o sujeito a acção de fugir, já mostrou não ter intenção de usar a força. Agora analisemos o assunto sobre a base dos três critérios. Tinha a habilidade? Bem, isso seria questionável. Tinha uma arma e poderia aproximar-se suficientemente rápido, mas começar a faze-lo, seria mais difícil. Tinha a intenção? Sem dúvida, posto que de facto era uma ameaça e empunhava uma arma. Tem a oportunidade? Este caso é muito parecido ao da sua capacidade - se começa a fechar o espaço antes de que possam escapar, então sim. Do contrário, não! O uso da força letal, neste caso, dependerá da posição do suspeito quando viu que estavam fugindo. Qualquer intenção dele se aproximar, indicaria que o roubo não era a sua única intenção.

Opção 3: O desenho da casa é tal que não se pode fugir de maneira segura, evitando ser detectados. Marcam para o número de emergências e chamam a Polícia. Informam exactamente do lugar onde estão dentro da casa, da ameaça que está dentro da casa e também informam que estão armados. Mantêm a linha aberta e gritam de maneira a serem escutados por quem está lá em baixo, que estão armados e qualquer tentativa deles subirem será interpretada como uma ameaça mortal, que provocará o uso da força letal. Estão numa situação táctica na qual, se quem ameaça subir para o segundo andar, vocês terão vantagem. Já deram os passos necessários para ter a melhor cobertura legal. Chamaram a Polícia para que la se encarregue do agressor; avisaram o agressor, o que ficou registado. No que respeita à disposição a usar a força letal, só aconteceria no pior dos casos, para o qual têm uma posição de vantagem. O suspeito começa a subir as escadas em completa escuridão. Leva alguma coisa na mão… Já foi avisado antes de subir. Já estão com uma mentalidade defensiva. Ele vai encurtando a distância e foi avisado, assim sendo, o indivíduo tem a capacidade e a oportunidade e posto que tem um objecto na mão, com a intenção de lhes fazer mal, irão disparar? Regra nº1 - Nunca disparar até se ter identificado o objectivo. O "suspeito" que subia era o vosso filho, que sem ter avisado chega da Faculdade para passar o fim de semana em casa. O objecto na mão é o seu Ipod, através do qual está escutando música. o que não lhe permitiu escutar os avisos. A percepção e a realidade, especialmente em situações estressantes, são muito diferentes. No entanto, ter planejado uma situação assim e seguir esse planeamento com umas regras básicas de segurança táctica, minimizará a possibilidade de ter de utilizar a força letal. Sempre é preferível que a ameaça venha a vocês e não ao contrário. Nunca se sabe o que quem ameaça possa fazer mediante a adopção de uma posição táctica, se minimiza a possibilidade de estar no lado perdedor do confronto. Não serão surpreendidos. Mas mesmo quando foram tomadas todas as medidas correctas, como na nossa a opção 3, não se deve disparar até se ter identificado o objectivo. Alguns meses atrás, um famoso corredor da África do Sul disparou à sua namorada. Ele disse que ela estava na casa de banho y ele acordou com barulhos que vinham de lá e pensou que alguém tinha entrado em casa. Disparou a sua arma através da porta fechada e matou a namorada. Não gostaria de ser seu advogado! Não posso saber se foi ou não foi um assassinato, os tribunais têm que decidir - mas é absolutamente culpável de homicídio, por ter disparado sem identificar o objectivo.


Todo sistema tem limites e quando se necessita passar de um sistema para outro, devemos de aprender outra Arte e isto é o que o Kapap tenta evitar. Isso é o Kapap, combate cara a cara, uma ponte entre sistemas. O seu fundador deixou-nes uma frase cujo conceito empregam outros estilos de artes marciais tradicionais: “Não portes uma arma, sê tu mesmo a arma”. Se a tua mente, o teu espírito e o corpo são a arma, tu serás uma arma que será também efectiva quando portares uma arma. Este DVD da “Avi Nardia Academy”, trata da conexão entre a “velha escola” de Artes Marciais e o moderno CQB (Close Quarters Battle). A experiência como comandante nas IDF (Forças de Defesa de Israel) e oficial treinador da principal unidade anti-terrorista israelita, ensinaram a Nardia que cultivar a mente e o espírito do guerreiro deve considerar-se prioritário ao simples treino do corpo. Entre outros, estudaremos a segurança com armas, os convincentes paralelismos entre o Iaido e a adequada manipulação de uma arma de fogo. As armas de fogo são a última hipótese em armamento individual, mas não escapam à eterna sabedoria e à lógica da velha escola. Exercícios de treino adaptados do BJJ, exercícios de desarme e o acondicionamento inteligente do corpo mediante exercícios, com explicações sobre os benefícios e as precauções. Um DVD educativo, inspirador e revelador, recomendado aos praticantes de todos os estilos, antigos e modernos.


REF.: • KAPAP8



EMELIANENKO FEDOR: A LENDA DAS MMA O perigoso e espectacular reino das MMA estava dominado com mão de ferro pelo temível soberano Emelianenko Fedor, a sua autoridade era inquestionável, o seu trono inamovível... Essa história durou dez anos, um após outro foi submetendo seus rivais, que foram incapazes de o destronar. Após a sua retirada, Emelianenko, tem concedido muito poucas entrevistas, tentou manter -se longe dos “focos”, mas Fedor falou para os leitores de “Cinturão Negro” e quando Fedor fala…, o mundo escuta.

Texto: Ricardo Diez Sanchis. Fotos cortesía: Dream Stage Enterteinment (www.pridefc.com) e Arquivo; Budo International



Cinturão Negro: Actualmente, como é a tua vida fora do mundo da competição? Emelianenko Fedor: Agora sou Conselheiro do Ministério de Desportos da Rússia. É minha responsabilidade a comunicação de todas as Federações de Artes Marciais com os Organismos Oficiais, resolvendo situações complicadas. Sou também Presidente da União das MMA da Rússia. Vamos desenvolvendo activamente as MMA no nosso pais, unindo os três campeonatos importantes da Rússia. Com isto quero dizer que a cada ano temos mais combatentes de bom nível, de muitíssimo nível. Cada torneio reúne jovens promessas, que estão dispostos a lutar no âmbito internacional. por sua região e pelo pais. C.N.: O que dirias a todos aqueles que andam a pensar em se aproximarem à prática do Sambo?

E . F. : O S a m b o é u m b o m desporto, belo e emocionante. Consiste numa grande variedade de submetimentos, estrangulações e derribamentos. O nome de Sambo quer dizer auto-defesa sem armas, pelo que já conta com a ideologia de um desporto. C.N.: Salvo na Rússia, o resto do mundo vê no BJJ a melhor maneira de melhorar a luta no chão, no entanto, os lutadores russos são temidos e respeitados no mundo todo por seu grande arsenal técnico que adquiriram graças ao Sambo… É o Sambo um bom complemento para as MMA? E.F.: Cada um escolhe um desporto, é sua eleição. O Sambo, o nosso desporto nacional, é o adequado para mim. Acredito que a técnica do Sambo no é pior que a do BJJ. C.N.: Quais os benefícios que o Sambo proporciona às crianças?

E.F.: Na Rússia, o Sambo é um de os desportos mais importantes. Há em volta dele, um aura de invencibilidade. É um incentivo para que as crianças frequentem o ginásio, para incentivar neles uma vida sadia. O Sambo também desenvolve agilidade, resistência e habilidades com respeito ao pensamento. C.N.: Quem julgas que actualmente seja o melhor lutador de MMA? E.F.: Agora há muitos grandes lutadores. Estou satisfeito com os êxitos dos nossos desportistas no estrangeiro. C.N.: O que aconselharias aos jovens que agora começam a competir em MMA? E.F.: O principal é não esquecer que se trata de um desporto e sempre, em qualquer situação, temos de continuar sendo humanos. Respeitar os colegas de equipa, oponentes e treinadores.



Muito importante é o trabalho o nosso próprio trabalho. Se não se treinar arduamente, no se será capaz de mostrar bons resultados e alcançar vitórias. C.N.: Algumas pessoas dizem que o UFC pode chegar à Rússia... É rumor ou pode ser possível? E.F.: Não tenho informação de que o UFC queira que o seu torneio venha à Rússia em um futuro próximo. C.N.: A eterna questão... Vamos ver-te lutar em MMA ou em Sambo? E.F.: Finalizei a minha carreira desportiva em 2012 e não vou voltar. Agora a minha ocupação é desenvolver as artes marciais e transmitir conhecimentos aos jovens atletas. A WMMAA organiza e realiza seminários de treino em todo o país. Actualmente estamos preparando um filme acerca da arte das MMA. C.N.: Qual é realmente o motivo de teres deixado as MMA? E.F.: Tive uma boa carreira desportiva, mas resolvi que era hora

“Finalizei a minha carreira desportiva em 2012 e não vou voltar. Agora a minha ocupação é desenvolver as artes marciais e transmitir conhecimentos aos jovens atletas” de acabar. Ainda tenho forças para lutar, mas senti que era hora de terminar.

C.N.: Qual é o tipo de treino de que mais gostas? E.F.: Agora continuo treinando, mas não como fazia dantes. Regularmente gosto de ir a correr ao parque, ir ao ginásio, por vezes fazer sparring. C.N.: Agora, uma pergunta imprescindível! quando teremos ocasião de te ver na Espanha, dirigindo um seminário? E.F.: Gostaria muito de ir à Espanha e poder fazer seminários e compartilhar os meus conhecimentos com os atletas espanhóis. Por outra parte, sabemos que os lutadores de lá estão fazendo as coisas muito bem na Rússia. A equipa “Espanha Imperial” participa constantemente nos nossos eventos mais importantes. Assim sendo, irei logo que tiver o momento adequado e surja a oportunidade. C.N.: Não queremos finalizar está entrevista sem agradecer ao Sr. Chinto Mordillo, representante do M-1 e da WMMAA na Espanha. Sem a sua ajuda, isto teria sido impossível!








O termo "Defesa Pessoal" comporta um aspecto negativo. que desde o princípio pode implicar fracasso para o indivíduo. O problema é que este rótulo já reflecte mentalmente que a pessoa é vítima de um acto violento ou agressão e que o praticante deve realizar uma acção defensiva. Esta premissa de agir após os factos, é a razão pela qual a maioria das pessoas sucumbem às acções do agressor e nunca se recuperam totalmente do ataque inicial ou do medo que provoca a situação. A mulher não deve situar-se à defensiva; deve ser consciente da sua situação e não desestimar ou ignorar possíveis ameaças. Ela deve ser pro-activa e ter a iniciativa e o ímpeto, forçando a confusão na mentalidade do atacante, para ter uma possibilidade de vantagem. “Autoprotecção Kyusho” é um processo de treino vital que trata das realidades de um ataque. É um simples mas poderoso processo de treino, que oferece aos indivíduos mais débeis, mais lentos, com mais idade ou menos agressivos, uma oportunidade contra o de maior tamanho, mais forte ou mais agressivo atacante. Mediante o uso dos objectivos anatómicos mais débeis do corpo, conjuntamente com as próprias acções e tendências naturais do corpo, se pode proteger facilmente a si mesma ou a outros, inclusivamente sob as limitações de estresse e físicas, quando a sua adrenalina aumenta. Mediante um trabalho progressivo com as suas próprias habilidades motoras grossas (em vez das técnicas de outros), as suas possibilidades de vitória são eminentes.


REF.: • KYUSHO-21



Ijutsu: A medicina dos Shizen Ijutsu (医術) se traduz do Japonês por Medicina ou mais cor r ecta e literalmente por ar te curativa. O Ijutsu estudado na tradição da escola Kaze no Ryu, é um conjunto muito amplo de conhecimentos e técnicas terapêuticas empregadas durante séculos pelos Shizen e os herdeiros da sua tradição.


or esta razão, a sua antiguidade - e especialmente em comparação com os grandes avances tecnológicos e investigações modernas no que diz respeito às ciências da saúde e da medicina - as ditas técnicas devem considerar-se não como um conjunto de terapias alter nativas, mas como complementares dos modernos e avançados tratamentos. Tanto em seus preceitos como as suas técnicas foram durante o século XX avaliadas e reorganizadas por profissionais da Medicina, na Ogawa Shizen Kai, para separar o místico e fantasioso do prospectivo e saudável. Actualmente se exige ainda mais ao aprendiz e ao praticante, contar prioritariamente com as bases da análise crítica e científica estabelecidas para evitar técnicas ineficazes, ou o que é ainda pior, contraproducentes, sem abandonar o carácter do método clássico. Ainda que parte dessas técnicas são provenientes do vasto conhecimento médico tradicional oriental, como por exemplo, a Acupunctura ou a Acupressão denominada Do-in; outras, como a Massoterapia, Anma, também conhecida como “Yugoe”, pela raiz

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“Sayugoe” - termo no dialecto original - é a forma genuína da identidade Shizen. Mesmo assim e em todo caso, toda técnica foi adaptada e adequada aos princípios terapêuticos originais dos Shizen, para a correcta harmonização na sua aplicação. Além destes conhecimentos, são de fundamental relevância o conhecimento ancestral que se tinha das ervas, chás e alimentos. Um povo florestal como os Shizen, dispunha de uma farmacopeia e um notável conhecimento das ervas, denominado este como Kusajutsu. Como suplemento às técnicas manuais e entre outras aplicações, o emprego de ervas cozidas em infusão, aplicadas em emplastros ou pomadas, azeites e unguentos, assim como uma dietética específica para processo a tratar, aumentavam a complexidade e a dimensão a intervenção do terapeuta. Em sua ancestral visão da doença, os Shizen diferençavam cada caso de maneira singular, observando o ser humano em todo o seu conjunto, corpo, mente e espírito. Uma doença era uma intoxicação que afectava a todos os níveis. As técnicas de manipulação eram para desintoxicar e irrigar os ossos, músculos, tendões, pele, sistema circulatório, etc., a fim de equilibrar o organismo. No passado, a sua aplicação era para o doente um bem-estar com o qual vencer a doença que o atacava e ainda que as suas técnicas fossem insuficientes para uma grande quantidade de doenças, o equilíbrio do corpo permitia que o doente se sentisse numa melhor disposição anímica e fisiológica para enfrentar a doença. Como dissemos previamente, as técnicas mais genuínas de tratamento e terapia são conhecidas como Anma (按摩) e ainda que esta denominação se refira habitualmente aos métodos quase familiares de cuidados e massagem do antigo Japão, no nosso caso nos referimos à originária fonte de conhecimento terapêutico Shizen. Seguidamente, passamos a realizar uma introdução às ditas práticas.

Breves apontamentos históricos Nos antigos tratados acerca do Anma, se descreve o método que constava de diagnóstico e tratamento. Essa foi a primeira abordagem completa da Medicina. Faz aproximadamente mil anos que a Medicina Chinesa foi introduzida no Japão. Nessa época, o método do Anma era muito conhecido pela classe médica e considerado simples para o tratamento do corpo humano. Durante o período Edo (faz uns 300 anos), se exigiu que os médicos japoneses estudassem o Anma, para poderem compreender bem estarem familiarizados com a estrutura do corpo humano e seu funcionamento. A preparação desses médicos nesse tipo de terapia manual, permitia-lhes fazer diagnósticos, receitar ervas da Medicina Chinesa e localizar os chamados "tsubô", os pontos da Acupunctura, procurando fazer mais fáceis os tratamentos.



Lamentavelmente, esse antigo método de manipulação se destinava só ao tratamento de problemas simples, tais como ombros endurecidos e tensão dorsal. Era uma profissão apta para cegos... Estando numa situação de desvantagem sem uma instrução normal sobre o diagnóstico e o tratamento, o Anma gradualmente foi sendo associado ao prazer e o conforto. O Anma é um dos mais antigos e tradicionais métodos de tratamento asiáticos. Não se sabe exactamente quanto tempo faz que começou a ser praticado. Provavelmente fará uns 5.000 anos, sendo descrito por primeira vez como tratamento faz 2.500 anos. Em Japonês, Anma é “personagem” ou “massoterapia”. O carácter japonês da palavra “AN” significa pressão penetrante, pequenos movimentos. É considerado Yin e se usa como sedativo. O carácter “MA” significa massagens e vibrações com movimentos mais vigorosos; é considerado Yang e usado para tonificar. O Anma é uma técnica que consiste em realizar massagens nos músculos, utilizando os dedos, mãos e braços, para melhorar as circulações sanguínea e linfática, proporcionando a melhoria da pele, da tensão e da

contracção muscular. Segundo dizem os especialistas, dar massagens no próprio corpo é a forma mais simples de acabar com dores musculares e articulares, aliviar a tensão emocional, activar a circulação e melhorar o fluir da energia.

A Energia Ki no Anma Várias teorias relativas à utilização da energia cinética universal e corporal, não são mais o “KI”. O ki foi descoberto na Índia e na China. Posteriormente chegaria ao Japão. A sua origem e ponto de vista são citados no “Su Wen” o “Livro Clássico de Medicina Interna do Imperador Amarelo”, o mais antigo tratado de medicina que tenha chegado aos nossos dias. Como podemos observar, o Ki pode ser entendido em dois níveis: Representa, por um lado, o Uno, o caos original concebido como Sopro, sem organização ou direcção, de onde se originará a dupla articulação de Yin e Yang, os princípios polares e complementares que lhe proporcionarão o primeiro impulso de manifestação. Por outro lado, Yin e Yang produzem os três sopros ou energias fundamentais: o puro, o impuro e a mistura de



ambos, que amalgamando-se, irão constituir o Céu, a Terra e o Homem. Como nos diz J. Schatz: “Para os Antigos, o invólucro do céu e da terra, o céu e a terra, o intervalo céu/terra e todos os seres que aí tenham uma efémera morada, formam apenas um amontoamento de sopros, sem interior, sem limites, precários e relativos”. Para o Taoismo, a correspondência entre os fenómenos naturais é responsável da visão global do homem e consequentemente, da medicina que ele viria gerar: a Medicina Tradicional Chinesa. O corpo, na acepção taoista, reflecte em seu interior a mesma topologia tomada do exterior: montanhas, vales, rios, lagos, planícies e estuários, formando não só os acidentes do meio ambiente resultantes das manifestações do Ki, tanto em seus aspectos Yin ou Yang, como assim também na mesma medida, no organismo humano, que surgirá configurado com uma topologia semelhante. Se chamam consoante a paridade, pelo que representam enquanto à localização e influência, tanto seja na superfície, tanto seja no interior das estruturas corporais. Portanto, para conhecer o homem a partir desses conceitos cosmológicos, tem de se estar atento à própria natureza e à natureza circundante, o meio ambiente que nos mantém e abriga, posto que o microcosmos (homem) é uma

representação diminuta de todo o Universo (macrocosmos), regendo-se pelas mesmas leis e sofrendo a influência dos mesmos fenómenos. Outro pensamento chinês pioneiro é articular a maneira em se impregnem matéria e energia. Ao contrário do Ocidente, onde tais noções são relativamente moder nas, acertadamente os orientais se distinguiram pela vinculação entre os dois conjuntos de fenómenos, compreendendo desde faz muito, a síntese bioenergética. É impossível conceber Yin sem Yang, cada qual possuindo em seu interior o germe do outro, manifestado graficamente no pequeno círculo contrário que cada um tem: o círculo branco representando o jovem Yang no interior do velho Yin e o círculo escuro representando o jovem Yin no interior do velho Yang. Daí resulta a lei que prescreve que todo Yin se transformará em Yang e todo Yang em Yin. Assim pois, mutação não é uma transformação que ocorre só a partir do exterior, mas também um desenvolvimento interno implícito, ditado pelo curso próprio da Natureza, o que reforça a noção do oposto e complementar. Do ponto de vista dos padrões energéticos, se deve dar atenção a essa oposição e complementaridade fundamentais: Yang significa os Sopros Essenciais, enquanto Yin significa Sangue. Cada estrutura corporal (osso, órgão, tecido, célula, etc.) possui uma dada proporção de Yin e Yang. Nas múltiplas acepções que essas Essências e esse Sangue adquirem e expressam no contexto da Medicina Tradicional Chinesa, são bastante diferentes das noções ocidentais análogas.

Anma na Prática As considerações do Anma têm em consideração o 病人 Byounin (doente, paciente) e as posições (shisei 姿勢) que o mesmo pode assumir durante a massagem: 1.0 Ichimonji 一文字 Deitado (yokotaeru 横たえる) 1.1 Decúbito supino (joutai 常態) 1.2 Decúbito prono (utsubuse 俯せ) 1.3 Decúbito lateral 2.0 Tate Ichimonji 立一文字 2.1 hanza 半座 – ajoelhado elevado 2.2 seiza 正座 – ajoelhado sentado 2.3 tachi 立ち - em pé 2.4 shinza 伸 座 – sentado com pernas esticadas 2.5 agurawokaku 胡 座 を か く sentado de pernas cruzadas 2.5.1 ashi 脚 2.5.2 ryouashi 両脚 Da mesma maneira, o terapeuta (Chiyu No Shisei 治 癒 の 姿 勢 ) também pode assumir muitas posições: 1. hanza 半座 ajoelhado 2. seiza 正座 3. tachi 立ち 4. shinza 伸座 pernas esticadas 4.1 ashi 脚 4.2 ryouashi 両脚 5. agurawokaku 胡座をかく (sentado de pernas cruzadas) Os estados de saúde (KENPI 健否) são classificados de maneira antiga e portanto veremos montanha (yama 山), rocha (iwa 岩) e árvore (ki 木). Conforme seja a manipulação ou o ênfase da pressão aplicada, encontraremos os seis elementos (ONYOUMUGYOU 陰陽六行):


1. fogo (hi 火) 2. água (sui 水) 3. ar (kuuki 空気) 4. terra (chi 地) 5. madeira (moku 木) 6. metal (kin 金) No que respeita as áreas de actuação (Bumon 部門), podem ser trabalhados os ossos (hone 骨), músculos (suji 筋), tendões (ken 腱) e pele (hada 肌 ) com diferentes propósitos, tais como: libertar (Hodoku 解 く ), vibrar (furu 振 る ), circular (mawaru 回 る ), drenar (hosu 干 す ) utilizando técnicas várias: Tracção (keninryouhou 牽引療法) Rotação (senkaiundo 旋回運動) Estiramento (nobasu 伸ばす) Encaixe (hamekomi 嵌め込み) Flexão (mageru 曲げる) Além disto, trabalhando em especial os músculos (suji 筋), se podem ver: Te no Gikou (Técnicas de mão 手の技巧): • Oyayubi – (polegar - 親指) • Ryou Oyayubi – (Ambos polegares - 両親指) • Kaigara – (mão em concha - 貝殻) • Te no Hira (palma - 手の平) • Tenoku – (dorso da mão -手の甲) • Shukotsu (ossos da mão -手骨) • Goshi (cinco dedos -五指) • Tesaki – (dedos手先) Ude no Gikou (técnica de braço -腕の技巧): Udema (polir – esfregar – com o braço -腕摩) Como segue princípios antigos, o Anma possui nomes posturais Primários Clássicas (法 原 – NORIGEN) que se baseiam na natureza e em objectos da vida quotidiana: 1. Peixe (SAKANA -魚) 2. Lagostins (EBI - 鰕) 3. Lagosta (KAEBI - 大鰕) 4. Gafanhoto (INAGO -蝗) 5. Alacrau (SASORI -蠍) 6. Cão (INU -犬) 7. Gato (NEKO -猫) 8. Serpente (HEBI -蛇) 9. Arco (YUMI -弓)



10. Rio (KAWA -川) 11. Cascada (TAKI -瀧) 12. Árvore (KI -木) 13. Corda (HIMO - 紐) 14. Barco (FUNE -舟) 15. Onda (NAMI -波) Como vimos anteriormente, na prática o Anma utiliza técnicas de pressão, percussão, fricção, vibração, pinsamento e imposição de dedos e mãos em pontos e zonas específicas do corpo, além do movimento das articulações e a manipulação de estruturas músculo-esqueléticas, com o objectivo de agir na circulação “energética” através das técnicas para tonificar, acalmar, regular, purificar e aquecer, e promovendo a homeostase orgânica, a psíquica e acima de tudo a energética. Usando os polegares, as palmas das mãos e mesmo o cotovelo, o terapeuta pressiona pontos ao longo dos meridianos do corpo, de maneira rítmica e modulada. Com as pressões vão desbloqueando a energia vital. Além disso, utiliza técnicas de manipulação, alongamento de músculos e tendões, rotações de juntas, pressão em músculos tensos ou doridos, melhorando a circulação do sangue e do sistema linfático. Como resultado, relaxa o sistema nervoso e muscular, desenvolvendo um ritmo de respiração mais eficaz e um melhor equilíbrio energético.





O SCS conhece o estilo de Vicente “Inting” Carin Um dia, numa pista de basquete nas Filipinas, um Mestre de Doze Pares Eskrima fez uma brilhante demonstração de Eskrima. Lembro-me bem de que o ambiente era de muito calor e humidade. Este Mestre fazia 'arcos' de uma maneira elegante. Eu estava realmente impressionado pela sua actuação e do resto da audiência, quando terminou, recebeu um grande aplauso.



Eskrima inguém no público era consciente do facto de que havia um idoso olhando em silêncio e que também gozava da impressionante actuação dos arcos. Este idoso, de olhos penetrantes, pequenos e em aparência marcados pela vida, deu um passo em frente adiantando-se à multidão. O velhinho disse àquele homem que atacasse da maneira que julgasse ser a adequada. Imediatamente o homem atacou, muito, muito rápido. O idoso interceptou o ataque e contra-atacou com um só movimento muito agressivo aos olhos e quase ao mesmo tempo deixou cair sua bengala ao chão e se afastou. O que vimos foi um estilo realista e eficaz, realizado por este velhinho. As acções do homem realmente contrastavam a grande actuação do Mestre de Eskrima e isto manifestou em muitos sentidos a eficácia da Eskrima. Instintivamente compreendi o que isso significava: Acabava de encontrar Vincente Inting Carin, o Mestre e o legendário lutador de Cebu.

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Influencia e Inspiração Por vezes, ao longo da vida encontramos pessoas que nos impressionam, que influem em nós e nos inspiram mais que outros. Para mim, esse foi Vincente Inting Carin. Esta notável pessoalidade irradiava uma certa força e uma energia que rara vez se encontram. Desafortunadamente, Vincente Inting Carin vinha a falecer em 2004. Desde a minha própria experiência, vou falar-lhes de Vicente Inting Carin, o legendário lutador de Cebú, que teve uma grande influência na minha maneira de pensar acerca da Eskrima. Inting Carin também é conhecido pelo documentário 'O Caminho do Guerrero'. Conheci Inting Carin em 1998, em Cebú. Até hoje, tenho conhecido um monte dos chamados e auto-proclamados Mestres. Nos nossos dias parece que há mais Mestres que alunos…, mas no caso deste homem, era completamente diferente. Um autêntico lutador que participara em combates reais e lutou no exército de guerrilhas contra os invasores japoneses durante a Segunda Guerra Mundial e nessa época, apenas contava 18 anos. Durante a ocupação dos japoneses lutou contra o inimigo com seus machados e fitos (paus do jogo de paus). Dezasseis anos depois aprendeu Eskrima com seu tio Ponsing Ybanez, que também era um grande lutador de pau. Inting Carin também fez combate sem armadura. Carin estudou com o Grão Mestre Filemón "Momoy" Cañete, que modificou seu trabalho com espada e adaga, a sua luta contra faca e que incorporou ao seu estilo as próprias experiências no campo de batalha. O seu estilo se denomina VICARIO e ele é um verdadeiro Mestre das Filipinas.

Treinando com Inting Treinei várias vezes com Inting Carin e fiquei muito impressionado com a sua maneira realista de ver a Eskrima e com a sua luta contra faca. Inting Carin apreciava muito o meu estilo e frequentemente louvava o meu estilo agressivo e directo nos combates. Ele gostava porque era eficaz e isso também é uma característica de Inting Carin. O meu respeito por Inting Carin é grande e acostumo a dizer que as minhas técnicas de luta com faca são do estilo Inting. As suas técnicas de desarme com faca,



Eskrima provocando o desequilíbrio, são muito significativas e não se encontram em outros estilos. Inting Carin e eu concordávamos em que muitos estilos de Eskrima não se podem utilizar em um combate real. Sei que ele não gostava dos estilos Eskrima que só brincam com o pau e se parecem mais a acrobacias que à verdadeira Eskrima. Pouco antes de seu falecimento, ele me mandou uma carta onde insistia em que continuasse treinar arduamente e a continuasse desenvolvendo o meu estilo. Como já disse, foi uma grande influência para mim. Inting Carin faleceu com 82 anos.

Inting Carin - Doze Pares Inting Carin criou o seu próprio estilo, o estilo VICAR (de, Vicente Inting Carin). Também foi membro do Doze Pares. Inting foi desafiado muitíssimas vezes por eskrimadores e lutou em nome do Doze Pares. Estas lutas se realizavam sem materiais de protecção, por vezes eram lutas à vida ou morte. Ele se destacou na luta com faca. Inting Carin me contou muitas histórias das suas lutas. Uma da suas mais famosas batalhas foi mostrada no documentário “Eskrimadores”.

Simplicidade O estilo de Inting Carin era o seu estilo pessoal, criado a partir das suas experiências em combate real. Um dia eu lhe perguntei acerca do seu melhor desarme de faca e ele olhou para mim, começou a rir e disse: "Frans, lembra-te sempre disto, que uma luta à faca seja o mais simples possível..., porque um erro pode custar a vida". Depois, pôs a minha faca contra o seu ventre e de uma maneira muito simples, me desarmou da faca com uma técnica denominada "a serpente". A "serpente" é como se fosse o seu selo distintivo, simples e realista.

O legado de Inting Carin continua vivo No passado mês de Julho estive nas Filipinas, em um encontro muito agradável com os filhos de Inting Carin, Alfredo e Vicente Carin júnior. A sua tarefa é continuar o legado de seu pai. O seu estilo, também estilo VICAR, significa sem movimentos desnecessários, mas cada acção tem a intenção de acabar com o oponente o mais rapidamente possível.



Eskrima Seu filho menor Carin júnior não só se parece fisicamente muito ao pai como também na sua maneira de lutar, com golpes duros realistas e com um jogo de pernas agressivo e em frente. A reunião foi muito interessante e ele nos falou do passado e também falamos do meu vínculo especial com Inting Carin. Pouca gente sabe que em 2004 gravei todo o estilo de Inting Carin em um filme. Gravamos tudo em dois dias e devo dizer que foi um momento muito interessante e o DVD é fantástico. No DVD, o próprio Inting Carin explica um grande número de técnicas e mostra como realizá-las.

Desenvolvimento ulterior Os filhos de Carin desenvolveram o estilo VICAR e fizeram-no acessível a todos os que queiram treinar. Eles foram treinados por seu pai e não só técnica e tacticamente como também espiritualmente, a Eskrima se transmite com eles. A minha visão da Eskrima é que deve ser dura, realista e rápida. Lembrem-se do que já disse do estilo Vicar, desenvolvido por Inting Carin, evoluindo desde a sua experiência em combate real e não de combates em tor neios ou competições. Eram de lutas reais à morte. Há poucos Mestres que realmente possam dizer isto.

O futuro do Estilo Vicar Sob a direcção de Alfredo e Vicente Carin junior, o futuro do estilo VICAR parece ser muito bom. Eles não são só eskrimadores fantásticos, como também grandes Mestres. De certeza seu pai sentiria muito orgulho por seus filhos e quis que com eles, o seu legado se transmitisse às novas gerações. Estou organizando para realizar no Verão de 2015, uma viagem de treino às Filipinas, para que qualquer pessoa que quiser vir comigo e queira, possa treinar com estes mestres filipinos Alfredo e Vicente Carin, vão treinar os meus alunos. De certeza os meus estudantes vão ficar impressionados por estes eskrimadores. Agora sejam bem vindos ao meu mundo, o mundo da Eskrima! Podem visitar a minha página web www.scseskrima.com e www.knifefightsystem.com. Para obter mais informação entrar em contacto comigo em info@scseskrima.com

“Sob a direcção de Alfredo e Vicente Carin júnior, o futuro do estilo VICAR parece ser muito bom”




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Sifu Cangelosi é um dos Mestres que mais esquemas quebrou ao longo da sua carreira. O primeiro, pelo que foi extremamente criticado (coisa quase que inacreditável nos nossos dias!) é que se atreveu a praticar e dominar mais de um só estilo de Kung Fu. De facto, para ele o Kung Fu sempre tem sido só um, uma Arte completa, com uma riquíssima gama de variáveis e tradições. Não satisfeito com isto, realizou o seu segundo “pecado”, tornar-se um especialista em Muay Thai! Horrível traição! Uma arte que não era Chinesa! e o seu terceiro pecado, mas não menos mortal, foi o de não ter os olhos rasgados, o seja, ser um Ocidental. Além disto, também o documentou em vários livros e na que provavelmente seja a mais ampla colecção de vídeos de Instrução que tratam do Kung Fu (e não só!) que tenha feito um só indivíduo até os nossos dias. Por tudo isto, justamente trazemos na capa da nossa revista este Grão Mestre e festejamos os muitos anos de trabalho conjunto, pondo à disposição dos nossos leitores e clientes, uma oferta especial dos produtos que levam o seu selo, tanto livros como vídeos... Aproveitem a ocasião para completar a vossa colecção..., ou para a iniciar. Cangelosi nunca nos frustra! Hoje, algumas destas considerações nos parecem justamente ridículas, mas acreditem, apenas umas décadas atrás, tudo era muito diferente. Sifu Cangelosi foi e é um pioneiro numa nova maneira de ver ampla e holística, as Artes Marciais, que vai do combate ao factor energético, do aspecto interno ao externo…, para ele, tudo são fases de uma mesma essência, que não só se podem adicionar na aprendizagem como também, e como têm demonstrado seus muitíssimos alunos ao longo destes anos, fazem melhores e mais completos artistas marciais. Todos aqueles que o conhecem falam bem dele, porque é merecedor por um trabalho e uma seriedade fora de toda questão, coisa que sem dúvida tem sido um grande incentivo para que o Kung Fu, tão injuriado na década dos 70, nos nossos dias tenha encontrado uma nova imagem e um novo espaço no Ocidente. Alfredo Tucci



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Uma emoção que uniu o Oeste com o Leste É uma emoção que provoca uma grande energia, que pode fazer levantar o mundo com um só dedo. Comecei a praticar Artes Marciais quando finalizava 1960. Comecei com o Ju Jitzu. Morava numa povoação perto de Génova, onde ainda não se conheciam as Artes Marciais. Eu só tinha ouvido falar de Judo e Karate a alguns turistas que visitavam a cidade. Quando o mestre Jon Rose chegou a "Casella", a nossa localidade, trazendo a luta japonesa, eu e mais uns poucos de garotos fomos os primeiros a nos inscrevermos. A partir daí nasceu a minha paixão pelas artes marciais, paixão que se tornou motivo da minha vida. Depois, a minha família se mudou da aldeia para a cidade de Génova, e isto abriu os meus horizontes para as disciplinas orientais. Em 1971 conheci a meu primeiro mestre de Kung Fu, o Grão Sifu Fu Han Tong, um chinês do Sul da China, emigrado desde o Império Celeste, a meados dos anos sessenta e que após várias viagens que o levaram da China à Australia, à Califórnia e à França, se instalou na Itália. Fu Han Tong era um chinês especial, falava um pouco de Inglês e conhecia muitos dialectos chineses, mas o extraordinário nele é que tinha uma enorme cultura e habilidade nas Artes Marciais

chinesas; um conhecimento inusual porque tinha crescido com diferentes mestres, com diferentes estilos de aprendizagem, tanto do Norte como do Sul, e tanto de escolas internas e como externas. Ao princípio, eu não era consciente da sua grandeza, para mim, era um homem de olhos rasgados que fazia Kung Fu e posteriormente, uma espécie de super herói. Não quero fazer deste artigo uma divulgação da minha história, como se fosse um livro, de maneira que vou explicar como foram as minhas primeiras experiências na prática e estudo da arte do Kung Fu. Eu tinha 11 anos e o Mestre Fu Han Tong trabalhava como carpinteiro no centro histórico de Génova. Alem disto comerciava com estatuetas de porcelana através de uma loja Chinesa, com casas em Génova e Torín. Quase todos os dias eu o visitava e ele, em seu tempo livre me iniciou no Kung Fu. Depois de alguns fundamentos (saudações, posições e pequenas coordenações técnicas) começou a falar-me de estilos... Era um mundo fascinante, devido às enormes diferenças que eu apreciava entre um método e outro. Quando comecei a ser ciente do que andava a fazer, percebi que já tinha começado a estudar três estilos diferentes, por este ordem: Wing Chun, Tang Lang e Tai Chi. Ainda era muito novinho, por isso era surpreendente que o terceiro


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“O meu Mestre me disse que o caminho não seria fácil, mas sendo constante e com a prática, alcançaria a consciência do verdadeiro Caminho” estilo interno, fosse para mim especialmente fascinante. Me cativaram os seus movimentos lentos e a capacidade de concentração que alcançava durante a prática. Contrariamente ao que se possa pensar, apesar da minha pouca idade, o Tai Chi exerceu um extraordinário poder sobre mim. Fu Han Tong estava tratando de fazer-me compreender que esses movimentos lentos eram necessários para a energia fluir, para ter o corpo mais relaxado e portanto mais rápido e ágil. Durante o estudo da grande forma, apreciei imediatamente as suas aplicações, compreendi que se tratava de pura arte marcial. Ao mesmo tempo que me proporcionava um aspecto saudável, fui consciente da Filosofia e da disciplina Taoísta. Por todas estás razões nunca abandonei a prática do Tai Chi. Praticando Wing Chun e Tang Lang descobri um exercício que estimulava o meu corpo e que iria requerer um treino atlético com dinâmicas complexas. Era o fascínio dos braços da “mantis religiosa”; a sua rapidez alternando os braços e a força das suas técnicas eram incríveis; mas além disto, a dinâmica do corpo e o trabalho mostravam uma elegância incrível. Normalmente, os treinos eram muito duros, tinha de conseguir que as extremidades chegassem a ser fortes e

resistentes, como eram as da Mantis. Achei curioso que no mesmo estilo do mesmo animal, as mesmas técnicas tivessem diferentes interpretações. O estilo se desenvolvera a partir de uma região do Norte da China, estendendo-se e separando-se com o tempo, por diferentes regiões do Sul. Ao mesmo tempo que praticava Wing Chun, me interessavam por suas posições, saúde, atitudes na acção, a fluidez e a continuidade das suas técnicas, que o fizeram fascinante e eficaz. Nessa época não era popular, foi graças ao actor Bruce Lee que o Wing Chun começou a ser famoso e que as pessoas se interessassem pelas Artes Marciais e a sua prática. Com esta informação e pelos sentimentos que em mim provocou, me iniciei no Kung Fu. Isso me abriu imensos horizontes e me apaixonai por esta Arte Marcial, decidindo dedicar-me em cheio a conhecer a sua cultura e a sua prática. O meu Mestre Tong foi quem me ensinou a não me fechar em um só estilo, a não me fossilizar em um só idioma, para poder gozar do universo. À semelhança do que Bruce Lee disse aos seus alunos numa cena de seu famoso filme, mi mestre me disse que o caminho não seria fácil, mas com constância e com prática, eu alcançaria a consciência do verdadeiro Caminho.



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Nessa altura eu era demasiadamente jovem para perceber o que o meu Mestre me queria transmitir, mas eu já me resolvera e tinha feito a minha própria eleição: treinava todos os dias, com uma media de 6 a 8 horas por dia. Os meus progressos de semana para semana, eram magníficos e isso me estimulava tanto para a prática como para adquirir os conhecimentos. Ampliei o programa introduzindo novos estilos, alguns só a modo de pequenas experiências, mas com outros aprofundei nas habilidades e nas grandes ideias que me proporcionavam. Fui incorporando os estilos Pa Kua - Hising i - Siu Lam - Tzui Pa Hisien. Continuei praticando estes estilos até que chegou o momento dele voltar à sua terra natal.

Eu tinha 17 anos e prometi a mim mesmo que logo que fosse maior de idade iria à China para continuar a nossa relação. Entretanto, comecei a ensinar Kung Fu e após três anos, o meu sonho se fez realidade: Viajar à terra do meu Mestre e encontrar as minhas raízes. A minha jovem escola estava funcionando... No Sul da China, de novo me encontrei frente a frente com o meu Mestre Fu Han Tong. Era inacreditável, parecia que o tempo não tinha passado…, o tempo não tinha passado e o contacto continuou durante muitos anos. Eu ia e vinha constantemente, aprendendo e assimilando novas experiências e toda a sua sapiência directamente dele e na sua terra mãe.


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“Praticando Wing Chun e Tang Lang descobria um exercício que estimulava o meu corpo e que requeria um treino atlético, com dinâmicas complexas” Foi graças a este ritmo constante de ir e vir que tive a oportunidade de conhecer versados nas artes e amigos do meu Mestre Han Fu Tong, todos eles mestres nos diversos estilos da cultura marcial. Devido a eles, o meu Kung Fu cresceu e se ampliou com as diferentes famílias e linhagens acumulados, através do legado adquirido. Devo dizer que a minha estadia, a minha aprendizagem e relação com os mestres foi muito agradável, cordial e gratificante, apesar deles não estarem habituados a lidar com ocidentais. No entanto, o relacionamento com os estudantes não foi tão fácil, devido aos seus ciúmes e invejas, formando-se um ambiente de rivalidade e competência, que em alguns momentos me fizeram sentir alguns riscos para a minha vida. Não obstante, mereceu a pena. Foi então quando começou para mim um novo desafio, uma nova experiência, uma experiência muito "dura", o combate! Era preciso ganhar estima e respeito. O mestre Fu han Tong às vezes se envergonhava na frente de seus amigos, quando lhe perguntavam por quê o seu aluno ocidental era melhor que os estudantes chineses. O que tento explicar é que em todo sacrifício há pessoas que nos acompanham e apoiam; há

Sifu Paolo Cangelosi www.sifupaolocangelosi.com email: cangelosipaolo@libero.it Escola: Salita delle Fieschine 17r Génova - Itália tel. +39 010 8391575

muita gente no anonimato, que consegue “apanhar” o Universo com um só dedo…, mas é o dedo de todos os que estão e que não vemos. Esse é o legado… Não tem sido um caminho fácil, nem será, mas apesar de tudo, merece a pena perseverar e comprometer-se. Podemos cruzar mares e montanhas, o conhecimento é infinito... Como dizia Mihamoto, o grande especialista da espada japonesa: "O homem que alcança o conhecimento, conhece todos os caminhos". Espero ter tempo para poder continuar em outros artigos a transmitir-lhes a minha experiência, experiência acumulada nos últimos 45 anos no meu caminho, y assim poder compartilhar a minha prática e explicar as diferenças entre os diferentes estilos. Desejo ser capaz de eliminar a ignorância das pessoas que praticam as Artes Marciais e ainda transmitem mensagens negativas e de desprezo, caluniando as pessoas que praticam diferentes métodos, ou que pertencem a diferentes escolas. Não podemos esquecer o que estamos fazendo... Fazemos Artes Marciais! Todos ensinam e todos merecem respeito e gratidão. Até breve.


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Fu-Shih Kenpo Em busca do AUTÊNTICO SENTIDO DO COMBATE EM ALGUNS ESTILOS DE KENPO Muneomi Sawayama (1906-1977) Devido ao seu fraco físico em criança, quando entrou no colégio, em 1919, resolveu melhorar sua saúde e reforçar seu físico mediante o exercício. Obteve vários livros de musculação e começou a exercitar-se a sós. Naquela época, a musculação era pouco praticada no Japão. Ao mesmo tempo, se iniciava em Judo. Graças aos seus esforços, teve destacáveis progressos. Em 1925 entrou na Universidade de Kansai, onde continuou com o Judo e obteve o 5º Dan. Apaixonado por uma outra actividade, a luta na rua, frequentava os bairros baixos, os barros de má fama de Osaka. Procurava e quando não achava, criava ocasiões para lutar. Diz-se que comentava com seus amigos “que não po dia do rmir bem s e ant es não t inha quebrado a cara a três idiotas”. O facto de gostar de brigas, pelo menos na sua juventude, é um ponto em comum de Tatsuo Yamada (fundador do Nihon Kenpo Karate-Do), Choki Motobu e Muneomi Sawayama. Prosseguindo com seus estudos em Judo e como lutador de rua, perguntava a si próprio porque o Judo não utiliza os golpes de punho e de pé, que são as técnicas mais eficazes e indispensáveis para uma luta de rua... A partir da sua experiência questionou o sentido da sua arte marcial. A modo de resposta à sua pergunta, seu mestre de Judo proporcionou-lhe uma matéria de pesquisa: estudar as técnicas de percussão no Ju-Jutsu clássico, posto que foram eliminadas durante o processo de formação do Judo.

Texto: Sergio Hernandez Beltrán



Kenpo

Assim, Muneomi Sawayama começou a estudar as técnicas de atemi no Ju Jutsu. Mas a maior parte das técnicas de percussão do Ju Jutsu estavam concebidas para portar um sabre e se bem é certo que se exercitavam a mãos nuas, as técnicas do Ju Jutsu estão assimiladas ao uso do sabre. Por exemplo, uma das técnicas dos samurais era dar um golpe com o extremo da empunhadura do sabre (Tsuka), que portavam sobre o lado esquerdo das ancas. Este golpe se efectuava pegando no extremo do estojo (saya) e apoiando o polegar sobre a guarda, se extraia para a frente, batendo no estômago ou no plexo solar do adversário. No Ju Jutsu clássico se exercitavam nesta técnica como um golpe

executado com o punho esquerdo. Assim, as técnicas de percussão no Ju Jutsu são secundárias e limitadas. Tal era ao menos, a conclusão de Muneomi Sawayama. Foi então quando ouviu falar de um mestre de Karate que se tinha instalado em Osaka, Kenwa Mabuni, fundador do estilo Shito-Ryu e começou a estudar o Karate sob a sua direcção. Às escondidas de seu Mestre, segundo parece Muneomi Sawayama continuou brigando na rua. Nos bairros de má fama, encontrou Tatsuo Yamada, que possivelmente por lá andava por idênticos motivos. Este lhe disse que era aluno de Choki Motobu, do qual ouvira falar por seu combate contra um pugilista. Mais tarde perguntou a Kenwa Mabuni acerca do Karate de Choki Motobu, e este lhe respondeu:

“É certo que Motobu é forte, mas esse não é o verdadeiro Karate, posto ter ele conseguido a sua força à base de participar em lutas de rua. Um Verdadeiro karateka deve integrar a moral na sua força. Isto se exercita através dos kata. O Karate de Motobu se desvia da justa Via”. Mas a frase “conseguiu a sua força à base de participar em lutas de rua”, chamou a sua atenção. Através de Tatsuo Yamada conheceu o Mestre Motobu e a sua força em combate e as suas ideuas técnicas o marcaram fortemente. Na mesma época, conheceu o Mestre Yashuhiro Konishi (fundador do estilo Shindo Jinen Ryu) que treinava com Mabuni e Motobu. Na Universidade de Kansai, Muneomi Sawayama formou um clube de Karate. Em vez de continuar


fielmente as ensinanças de Kenwa Mabuni, pesquisou para elaborar um Karate mais real. Efectivamente, o ensino de Kenwa Mabuni se baseava, como o de Gichin Funakoshi, no exercício dos kata. À diferença de Funakoshi, Kenwa Mabuni não era hermético à prática do combate, inclusivamente investigou para elaborar exercícios de combate. Para exercitar-se em combate com segurança, experimentou várias improvisadas protecções. Sobre a investigação em combate, a trajectória de Muneomi Sawayama foi mais rápida e radical que a do seu mestre. Na Universidade, elaborou um método de treino. Actualizou e melhorou exercícios de combate convencional e livre. Apoiando-se sobre os exercícios de combate livre, continuou elaborando novos exercícios. Na mesma época, em Tóquio, os alunos de Gichin Funakoshi, como Hironori Otsuka, T. Shimoda e Yasuhiro Konishi, pesquisam, com prudência, modelos de exercícios de combate convencional a partir dos kata.


Kenpo Devemos dizer que Muneomi Sawayama os aventajava. Era a época em que os karatekas de Tóquio, alunos de Gichin Funakoshi, já começavam a praticar o combate livre com o sistema de sundome, (parando o golpe antes de tocar), que os outros adoptaram vários anos depois. Se poderia dizer que é o precursor do sistema dominante actual. Depois de ter praticado este sistema de combate, o abandonaria rapidamente, posto que o sistema de controlo parando o golpe, não era suficiente para ele. Kenwa Mabuni não concordava com a trajectória seguida por Sawayama. Em 1932, ele se separava de seu mestre, para formar a sua própria escola, à que chamou “Dai Nipon Kenpo”, que é a origem do actual Nihon Kenpo. No mesmo ano entra no exército como oficial voluntário. Continuou elaborando e sistematizando o seu método. Encontramos o mesmo esquema precedente. Quando os alunos começaram a prática do combate, Gichin Funakoshi rompeu com eles. É então, através do conceito do combate, quando começou o problema do Karate, arte de combate. Ao princípio, Muneomi Sawayama praticou o combate sem protecções, com o sistema de sundome, mas exercitando-se a sério, os acidentes eram inevitáveis. Quando o acidente se produzia, muito frequentemente era grave. Além disto, constatava que com esta maneira de combater, as técnicas de defesa eram deficientes, porque estavam habituados a que os golpes não chegavam. Pareceu-lhe então necessário elaborar protecções. Utilizou o modelo do Kendo para as protecções durante

o exercício do combate. Segundo diz Muneomi Sawayama, em comparação com o do sabre, o método do Karate é atrasado, correspondendo à manipulação do sabre da Idade Média quando este se exercia principalmente mediante o kata - e paralelamente se treinava com um verdadeiro sabre ou com um de madeira controlando os golpes. Com as armaduras de protecção, a partir de fins do Século XVIII, a técnica do sabre japonês fez enormes progressos, acumulando as experiências que proporciona o combate livre. Em Karate, na ilha principal do Japão, excepto Choki Motobu, nenhum dos Mestres foi capaz de ensinar combate. O Karate que encontrou Muneomi Sawayama, não tinha experiência, método, nem sistema de combate, julgando então que o método do Karate estava atrasado. A partir de 1934, começou a dirigir exercícios de combate com protecções. No combate da sua escola se realizavam técnicas de golpes, projecções e chaves. Tendo em consideração a sua formação em Judo, esta aproximação é normal. Em 1936, Muneomi Sawayama realizou uma exibição pública. Em 37 organizou o primeiro encontro universitário, entre as Universidades de Kansai e de Kansai-gakuin. Foi um êxito muito apreciado pelo público e um bom começo. Deu início a guerra entre a China e o Japão. O ambiente militarista se reforçava de dia para dia. Entretanto, Muneomi Sawayama continuou elaborando o seu método de treino e o sistema de aplicação da sua disciplina, até 1940, quando foi mobilizado como

oficial de Infantéria e foi destinado à China. Durante a sua estadia na China, se interessou pelas Artes Marciais Chinesas e conheceu Kenichi Sawai, que estudava Yi Quan, sob a direcção de Wang Xianzhai. Actualmente existem duas tendências no Nihon Kenpo, as do Leste e as do Oeste. A técnica do grupo do Oeste reflecte mais o modelo de Muneomi Sawayama, com movimentos suaves e circulares, ausentes nas do Leste. Pareceria que aprendeu estes elementos com ocasião do encontro com K. Sawai e os introduziu nas suas ensinanças. Em 1946 voltou ao Japão e restabeleceu a sua escola. O Japão estava na miséria. A maior preocupação da povoação era “poder comer a cada dia”… Nessas condições, pouca gente se interessava na arte do combate. Quando organizava alguma demonstração, era criticado e delas diziam: “é uma briga de mendigos”. Muneomi Sawayama estava em umas condições materiais lamentáveis. Só em 1953, quando organiza com os seus 70 alunos uma demonstração de Nihon Kenpo no centro de Tóquio, causa sensação no mundo das artes marciais. Várias universidades a ele aderiram então. Em 54, o Nihon Kenpo foi adoptado como disciplina oficial pela Universidade de Kansai - onde tinha estudado Muneomi Sawayama - sendo nomeado professor. Nos nossos dias, o Nihon Kenpo constitui uma corrente importante no Japão, com dojos em escolas e nas Universidades públicas e privadas.

Existem diferenças constatáveis entre o “Nihon Kenpo Karatedo”, fundado por Tatsuo Yamada e o “Nihon Kenpo”, fundado por Muneomi Sawayama. No Nihon Kenpo Karatedo se realizam os combates com luvas de Boxe, enquanto que no Nihon Kenpo se utiliza um equipamento de protecções e se permitem técnicas de percussão, de projecção e imobilização. Apesar das suas diferenças, as duas disciplinas estão perto uma da outra pelo seu conteúdo e acima de tudo, pela sua ideia de base: desenvolver o combate.




Amaro Bento, nasceu em Angola em 1970, muda-se para Portugal em 1975, emigrando para a Suíça em 1985, onde trabalha até 2009, ano em que volta a Portugal. Este cosmopolitismo irá marcar para sempre a visão deste homem nas Artes Marciais, moldando-lhe o carácter e a forma de entender e interagir com as diferentes formas de artes de defesa, ataque, protecção de terceiros ensino a adultos e a crianças. maro Bento inicia muito cedo a sua prática de Artes Marciais. Com efeito, com apenas 12 anos inicia um trajecto que o leva desde o Karate Shotokan ao Pencak Silat, arte em que detém a graduação de 3ºDan, não sem antes experimentar e refinar a sua experiência como praticante de Judo, Ju-Jitsu Tradicional, Kung Fu, Kick Boxing, Boxe Olímpico, diferentes formas de Krav Maga, diferentes sistemas de manuseio de armas. Também como competidor, Amaro Bento experimentou as emoções do ringue, na área do Kick Boxing e Thay Boxing, por dezenas de vezes, tendo-se sagrado Campeão Suíço de Pencak Silat por 5 vezes. Os seus alunos conquistaram 112 títulos nacionais Suíços, em Sanda, Pencak Silat, Lei Tai, Box Olimpico, de entre outros. Como treinador, Amaro Bento ensinou em diversos países, de que se destacam Portugal, Jamaica e Israel, na área do Krav Maga, por paradoxal que pareça.

A

Contudo, a sua grande influência na forma de entender as Artes Marciais, foi-lhe conferida através da sua experiência profissional, fora do “ringue” e “Tatamis”. Com efeito, Amaro Bento desde cedo inicia a sua experiência profissional no ramo da segurança privada. Aos 18 anos começa com contratos de trabalho PartTime, contratos de segurança e protecção pessoal de alto risco em países como Bélgica, Suíça, Alemanha, Espanha, Rússia, Quénia, África do Sul, México, USA, Paraguai, Colómbia, e alguns países do Médio Oriente. Fez igualmente diversos serviços de segurança e formação para uma empresa Israelita. Actualmente, Amaro Bento possui uma empresa de Formação e Segurança Privada, registada em Zurich, na Suíça, a ASISGROUP (Ambo Security Instruction & Services. Esta experiência em cenários reais, desde cedo lhe permitiu perceber que muitos dos que tinham sido os


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ensinamentos que tinha colhido em diversas Artes Marciais, com Mestres de renome, não se adequavam à vida real fora do “Dojo” ou do ringue, pois por diversas vezes, no exercício das suas missões de segurança, foi confrontado com agressores que não possuindo experiência de Artes Marciais, apresentavam graus de violência e determinação no combate, que anulavam a forma padronizada como Amaro Bento exercia a prática das técnicas aprendidas em situação de treino “tradicional”.

Amaro Bento percebeu assim a necessidade de modificar muito do que tinha aprendido, para poder ser bem sucedido nas suas funções de Segurança Privado. Começa o desenvolvimento daquilo que viria a tornar-se o seu sistema de defesa, combate e protecção, o ACDS – Ambo, Combat & Defense System, sistema vocacionado para o treino competitivo, desportivo, de protecção e defesa pessoal de terceiros, adequado à realidade do século XXI, sem obviamente esquecer tudo o que foi a sua



Self Defense influência no domínio das tradicionais Artes Marciais orientais e ocidentais. Com efeito, se quando essas artes foram desenvolvidas era prática comum as pessoas andarem com uma espada ou sabre, hoje em dia, na rua as pessoas possuem por regra uma pequena navalha ou outro objecto do dia-a-dia, como forma de defesa ou agressão; se então era prática comum as pessoas defenderem-se ou agredirem com “Bo”, “Nunchaku”, hoje po s s uem s ering as infectadas , g ás pimenta, revólveres, ou Tasers; se então o ensino e prática das Artes Marciais era do mínio res t rit o de uma mino ria, entendendo-se a palavra do “Mestre” como “indubitável”, hoje generalizou-se o

acesso de qualquer cidadão ao “perigoso” mundo das A rtes Marciais , quando descontextualizadas da sua génese, não s e res peitando mais o es tatuto do “Grande Mestre” fora do “Dojo”, que a todo o tempo se vê confrontado com “des afio s ” e “t es tes ” à eficácia do s métodos que ensina. Ou seja, o mundo mudou e as Artes Marciais evoluem ou simplesmente tornamse ineficazes no seu objectivo máximo de garantir a defesa e protecção, perdendo o “bem a lutar contra o mal”. Duas das disciplinas que se destacam no sistema de Amaro Bento são o Ambo Combat & Defense System - ACDS e o Chamaleon.



Self Defense


Para estruturar o seu sistema de defesa, protecção, ensino e competição ACDS, Amaro Bento parte da pergunta: Como combinar os diferentes requisitos, muito individuais de uma Arte Marcial num sistema? Pois que enquanto para muitas pessoas o objectivo do treino de Artes Marciais é o de promover principalmente um aumento na aptidão física geral e na auto-confiança, outras querem aprender a defender-se eficazmente no dia-a-dia, contra um ataque espontâneo. Paralelamente, cada vez menos as pessoas estão dispostas a investir anos de estudo numa arte marcial altamente complexa, que não é, infelizmente, aplicável em muitas situações de stress de violência do dia a dia. Havendo pessoas que querem competir desportivamente no ringue, para essas pessoas o processo de treino tem de ter em consideração essa exigência superior; havendo outras que buscam nas Artes Marciais a eficiência no combate corpo-a-corpo, defesa pessoal realista e protecção de terceiros. Acresce que para as forças de segurança, polícia, exército ou segurança privada, o treino deve ser ainda mais realista. Urgia ainda conciliar a diferença fundamental existente entre a formação para adultos e para as crianças. Em suma, as expectativas e dificuldades não poderiam ser mais diferentes. Para atender a todos os requisitos, criou-se ACDS.

O que é ACDS? O ACDS é, sem sombra de dúvida, um dos sistemas mais completos e que irão satisfazer as exigências de vários grupos-alvo. A ideia foi deliberadamente não reinventar a roda. O ACDS é uma mistura de diferentes

Artes Marciais, que evoluem a partir da experiência prática do seu fundador. São treinadas técnicas de defesa e projecção, socos e pontapés, bem como técnicas de imobilização. O treino para os adultos a partir do cinto azul, também contém técnicas de desarme dos agressores e a manipulação de diversas armas de defesa (spray pimenta, bastão, Kubotan), condução defensiva, anti car jacking, treino em low light, tiro táctico, primeiros socorros, legislação, metodologia de ensino a crianças, de entre outros. Característica impar é a de, para o combate competitivo, todas as técnicas serem conhecidas por sistema de numeração de não de designação tradicional. Por exemplo, para o ACDS a técnica equivalente ao jab ou cross, é o 6, para o pontapé frontal é o 40. Este sistema permite uma muito mais rápida interacção entre o treinador e o atleta enquanto combate. Em adição ao treino, a formação avançada inclui ainda busca de armas e drogas bem como imobilizações e algemagem. Além disso, há treinos especiais para todos aqueles que pretendem competir no ringue. O ACDS é um sistema moderno e este continuará a sê-lo, pelo que, novas evidências de um ponto desportivo e médico serão constantemente introduzida neste sistema. A organização de escolas criada por Amaro Bento a Ambo Training Martial Arts International conta agora no momento, com escolas na Suíça, Portugal e Itália, em breve, em França e outros Países. Venha treinar connosco e fazer formação. Temos uma equipa de profissionais www.ambogalaxy.com





Não há pontos de pressão... Compreendo que este assunto é controverso…, alguns poderão ficar confundidos, outros poderão ficar zangados, mas isso não me deve de impedir falar nisso. Grande parte da minha carreira e principalmente da série com Budo International, girava em volta dos pontos de Kyusho, mas o termo é incorrecto e o novo caminho vai ajudar a compreender melhor o verdadeiro Kyusho.


“Aqueles de vocês, Artistas Marciais, que não aprenderam ou não acreditaram nos pontos de pressão, tinham razão (em parte)”


emos de ver o Kyushu desde uma nova perspectiva e com bom senso..., mas em primeiro lugar, vou fazer uma pequena descarga de responsabilidade. Sou um adito ao Kyusho, vivo o Kyusho todos os dias de 8 a 10 horas... e tenho estado trabalhando profissionalmente durante décadas, a tempo completo. Tenho estado e estou em contacto com todos os nomes que se escutam, de todas as organizações e muitos mais que não são tão

T

em Tui Na (versão chinesa do Shiatsu) e na prática do Chi Gung e a sua terapia... Tenho trabalhado profissionalmente nesta área o que venho fazendo desde 1995 (por isso também conheço o TCM). Tenho ensinado os pontos de pressão durante décadas em vários paradigmas, desde elementar e triplo aquecedor, até dermatológico e fisiológico, experimentando todos e procurando ir mais além. Quer dizer, sempre tenho estado por perto..., sempre questionando e desafiando o dogma aceite.

falados... Escrevi 7 livros, fiz a produção de mais de 30 vídeos e viajei voando mais de 2,5 milhões de milhas por todo o mundo, ajudando pessoas a aprenderem esta informação realista. Actualmente temos mais de 689 escolas afiliadas em mais de 35 países, com mais de 10.000 membros. Tenho estado metido em muitos estudos médicos, estudos das ondas cerebrais e vários outros aspectos científicos, para descobrir o que faz e o que não faz o Kyusho. Sou diplomado

Dito isto, eu já não acredito que o Kyusho sejam os pontos de pressão e vou mais longe…, já não acredito que haja pontos de pressão!… Sim, amigo leitor… Estou tão surpreso quanto o possa estar o leitor…, mas cheguei a esta conclusão e já não posse negar os factos achados. Em primeiro lugar vamos retroceder no tempo, vamos à época em que se transmitiu a ciência de geração em geração e discretamente.


Nenhum dos antigos gráficos, desenhos, manuscritos, textos, instruções (de um praticante de maior idade, nem da geração jovem), mostraram ou representaram um ponto vital: chamam-no “um ponto de pressão”. Há áreas vitais assinaladas, onde se pode ter acesso às estruturas anatómicas mais profundas que se queiram ou possam magoar, ou usar para pôr fim à vida, em caso de ataque com uma arma ou armas da mão ou do pé. Alguns nomes de exemplo destas áreas objectivo são: Escola Seigo-Ryu, que se traduz por "a esquerda por cima do ombro" ou "Por cima do osso" (lo que quer dizer que se ataca por cima desse osso em especial) e inclusivamente um objectivo denominado "Ugh"... que seria uma tradução para a zona da garganta. Escola Takenouchi Ryu que se traduz "Porta de Debaixo", "Costela Esquerda" e "Noite Escura" (no olho). Há algumas traduções do Judo, como "Três Línguas", onde se descreve a coluna vertebral como os três processos que se estendem desde cada vértebra como uma língua. "Dokko" (também chamado Hohan Soken, que se traduz por “ p e q u e n o espaço” atrás da orelha) e

"Sino pendurado" (pelos testículos) mas que não é um ponto nos testículos. A lista continua com zonas e descrições, mas não com pontos específicos ou pequenos como se pensa nos nossos dias. Alguns tinham mais objectivos, outros menos..., mas não são o mesmo que os pontos de Acupunctura e nem todos estão nos mesmos lugares! Os pontos de Acupunctura se limitariam pela exactidão conforme a escola, devido à sua quantidade, situação, objectivos equiláteros à direita e esquerda, nomes atribuídos e outros aspectos amplamente divulgados. Outra ideia útil para assimilar o processo é a capacidade de bater numa zona maior que um ponto determinado e continuar obtendo os mesmos resultados. Vejamos por exemplo os pontos designados como P-6 e P7, que são dois pontos (supostamente) pequenos, como do "tamanho de uma moeda de um dólar ou de uma moeda de euro ou seja, de um centímetro. No entanto, praticamente no uso desta zona há 10 centímetros que podem ser afectados (ou 4 vezes a zona) que podemos usar..., não há designações pontuais c o m o P6.1; P-




6.2; P-6.3; antes de chegar ao P-7. É uma zona a que estamos atacando (com estrutura anatómica subjacente uma secção do nervo neste caso), em lugar de um ponto finito. De maneira que, se ainda podemos causar o mesmo efeito perdendo o ponto exacto por dois ou três centímetros, então se demonstra que a descrição do ponto é válida. Seguidamente podemos observar em profundidade, quando um ponto se sobrepõe ao tecido vascular, a que profundidade se pode espetar a agulha da Acupunctura sem magoar o tecido? Mas entretanto, a missão do Kyusho é destruir o tecido, o ponto é... só alguma coisa por debaixo do tecido..., mas de novo, não só se trata desse ponto. Supostamente, alguns dos objectivos do Kyusho estão por debaixo do ponto designado pelos pontos de Acupunctura, mas ainda que a medicina tradicional chinesa mantenha que há até 2.000 pontos de Acupunctura no corpo humano... (que certamente vão estar por cima dos objectivos do Kyusho) isso não faz que os pontos de Acupunctura sejam objectivos válidos. Também há muita gente que diz que os pontos estão ligados entre si por uma designação não tangível chamada meridiano… e assim sendo, se ataca uma linha imaginária, não física, e portanto iria afectar alguma coisa que não é um ponto específico… E dando um passo mais além, se estamos atacando uma coisa não-física, não pode então ser um ponto físico.

O Mito do Plexo branquial Vejamos outro exemplo. Durante décadas, as Artes Marciais e os organismos encarregados de fazer cumprir a lei, têm que usar o termo "plexo branquial" para descrever ou qualificar um ataque em um dos lados do pescoço. Se utiliza para atordoar um oponente ou um agressor, para aplicar mais facilmente um maior controlo ou evitar a escalada de força. Muitos praticantes de Kyusho usam esta zona denominada LI-18 (Intestino Grosso 18). Em primeiro lugar, vejam três zonas na gráfica: uma é o ponto de pressão chamado LI-18 (no círculo em amarelo)..., bastante difícil de localizar com precisão no combate. No entanto, como vemos, a grande ramificação do nervo auricular maior (círculo vermelho)... é significativamente maior e a totalidade da zona ver-se-á afectada da mesma maneira que o chamado LI-18. Então, por que se trabalha com apenas uma zona do tamanho de uma moeda pequena, quando realmente a zona é muito

maior e não é um ponto mas sim uma secção do pescoço e a zona que vai muito além é afectada da mesma maneira?... Temos de conhecer melhor a anatomia, para compreendermos o verdadeiro Kyusho. As agencias para a Aplicação da Lei são instruídas em outras maneiras de usar isto, mas não se trata só do plexo branquial, como tantos descrevem... Há muitos factores que devem ser explicados e muitas ideias erróneas sobre estas zonas de ataque, que devem ser esclarecidas e também o termo "atordoamento branquial" e o que a cada um deve de preocupar acerca deste método de ataque. Gostaríamos de oferecer um método mais seguro, assim como a compreensão anatómica correcta… E m p r i m e i ro l u g a r e a c i m a d e tudo, o plexo branquial é uma zona m u i t o p ro f u n d a n o c o r p o e praticamente inacessível com a mão nua... Batendo no pescoço também tem muitos músculos na sua frente... É possível chegar desde o espaço atrás da clavícula, mas não sem uma arma de mão altamente capacitada ou uma autêntica arma. A arma autêntica também fará que isto deixe de ser um objectivo legal para ser completamente ilegal para as f o r ç a s d e o rd e m e p a r a n ó s próprios. Há outros objectivos de acesso mais fáceis e também mais seguros. De maneira que observamos a zona em questão e nos fazemos algumas perguntas: 1. O que estamos atacando? 2. Como o alcançamos? 3. Quais são as consequências para a saúde? 4. Qual é o melhor momento para usá-lo? 5. Como podemos usá-lo de maneira segura? Vemos que o plexo branquial é demasiadamente profundo e não é o verdadeiro objectivo, que também tem sido mal chamado o tempo todo..., pelo que se não deve utilizar esta nomenclatura. Só se aprende mais e com detalhe quando deixamos para trás etiquetas inapropriadas e utilizamos nomes e estruturas correctas. E uma vez que começamos a perceber e a utilizar as sitas estruturas, também vamos ver que podem não ser as melhores respostas (especialmente para as agências de segurança, neste caso), posto que nos permitirá também perceber o potencial dano associado a elas. Bater directamente num lado do pescoço pode magoar as vértebras cervicais e provocar problemas graves: 1. Podem magoar-se as vértebras (de maneira permanente).

2. Pode provocar a suspensão transitória da respiração. 3. Causa lesões de paraplexia ou tetraplexia. 4. Pode causar a compressão do seio da carótida. 5. Pode causar a perda da circulação sanguínea ao cérebro. 6. Possível início de derrame cerebral. 7. Diminuição da pressão arterial. O melhor destino é o nervo mais superficial, chamado nervo auricular maior, mas com um enfoque, ferramenta e trajectória diferente. As melhores ferramentas são um pequeno nó ósseo no calcanhar da palma da mão... Também o chamado “osso ferro” ou Bushiken. O antebraço poderia fazer o mesmo, mas vai necessitar mais força e como a arma é uma estrutura maior e será normalmente para atacar uma superfície maior, não transferirá a energia cinética ao nervo, à coluna vertebral e ao cérebro, como se descreve no vídeo. A trajectória é a parte crucial... Não é simplesmente uma questão de ângulo e direcção, também é importante a profundidade e a correcta penetração em um sentido cinético. Se nos dirigimos directamente à zona mais assinalada, teremos os ditos riscos para a saúde. Se pelo contrário aplicamos a trajectória e a força para baixo, provocaremos menos mal, visto estarmos trabalhando numa das estruturas de apoio mais fortes do corpo. No entanto, os nervos também transmitirão o sinal neurológico mais eficiente para afectar mais ainda, com muita menos força ou um menor factor de potência. O propósito principal deste artigo é que esperamos abrir a mente e o potencial dos leitores, e percebam que não há "pontos de pressão" no estudo do Kyusho. São estruturas anatómicas (estruturas físicas reais, não pontos nem linhas imaginárias ou supostas) e podem ser atacadas para alterar a função fisiológica, causando mais ou menos mal, ou que com o aumento da força, se causarão mais mal e mais mau funcionamento fisiológico. Assim então, aqueles de vocês, Artistas Marciais, que não aprenderam ou não acreditaram nos pontos de pressão, tinham razão (em parte). O Kyusho não trata nem tratava dos pontos de pressão para as antigas escolas, trata sobre zonas ou áreas, pelas quais se pode chegar mais facilmente a uma estrutura anatómica realista, que aumentará dramaticamente o efeito potencial sobre um oponente e que é muito mais fácil de alcançar na aplicação em um combate real, posto que o Kyusho é REAL.






REF.: • KMRED 1

Todos os DVD's produzidos por BudoInternational são realizados em suporteDVD-5, formato MPEG-2 multiplexado(nunca VCD, DivX, o similares) e aimpressão das capas segue as maisrestritas exigências de qualidade (tipo depapel e impressão). Também, nenhum dosnossos produtos é comercializado atravésde webs de leilões online. Se este DVD não cumpre estas exigências e/o a capa ea serigrafia não coincidem com a que aquimostramos, trata-se de uma cópia pirata.




Panantukan Concept – A Arte de luta sem limites do SAMI Ensinar bem – Perceber a complexidade “O corpo é uma arma”, este é o princípio básico do Panantukan. Isto pode parecer simples: não se concentrem nas armas que realmente podem ver, simplesmente usem as vossas armas corporais, mesmo que isto não seja tão fácil como parece. Há inúmeras maneiras de usar os braços, as pernas, a cabeça, o corpo. O Panantukan usa todas e ensina todas.



H

á 13 movimentos possíveis para manipular o braço direito do oponente e outras 13 para manipular o braço esquerdo, e para praticar, um número incontável de combinações de jogos de pés, pontapés, socos e agarres. Um estudante a quem se ensine um só movimento de cada vez, provavelmente precisaria de décadas para desenvolver um repertório substancial de técnicas. Por esta razão, ensinar aplicações não é o único caminho para ensinar o Panantukan Concept. As aplicações, o treino de punhos e o combate são só partes de um todo, como são os outros exercícios. Os exercícios em cadeia e sequências de movimentos, também são muito importantes. Formam uma base sólida para o estudante aprender, desenvolverse e praticar.

e s t u d a n t e s d e v e m a p re n d e r e c o m p re e n d e r a s correctas posições e os jogos de pés correctos. Em todos os seminários de SAMI Internacional, assim como nas aulas habituais, se ensina também como um exercício para os indivíduos se moverem, mediante ordens simples ou exercícios especiais para o jogo de pés, os quais contêm muitas combinações possíveis para o jogo de pés, ou em combinação com punhos e aplicações simples. Obviamente, a dificuldade das aplicações será maior nos níveis mais avançados. Como norma, os níveis se baseiam uns nos outros, portanto, um praticante, digamos de nível 4, deve ter dominados os níveis 1, 2 e 3, pelo que faz muito sentido incluir também exercícios básicos nos níveis superiores.

Prática de técnicas e exercícios

Ensino das bases Comecemos pelo princípio. O jogo de pés é primeiro. É o jogo de pés que sustenta todo o sistema. Um desajeitado jogo de pés arruinará duas terceiras partes das técnicas. Também se não pode ignorar que sendo desajeitados, os movimentos nunca serão fluidos nem d i n â m i c o s . P o r t a n t o , é c l a ro q u e p r i m e i ro o s

Os exercícios são sequências de movimentos que se podem repetir sucessivas vezes. As aplicações singulares são substituídas por sequências de movimentos que permitem aos estudantes realizar muitas mais repetições em cada aula, muitas mais das que poderiam fazer se praticassem só os movimentos por separado. Nós distinguimos os seguintes tipos de exercícios:

“Os exercícios são sequências de movimentos que se podem repetir uma e outra vez. As aplicações singulares se substituem por sequências de movimentos que permitem aos estudantes realizar muitas mais repetições em cada lição, muitas mais das que poderiam fazer se praticassem só os movimentos por separado”



• Exercícios de mudança: ambos parceiros trabalham, usando sequências de movimentos idênticas ou diferentes. • Exercícios de alimentação: o parceiro A trabalha, o sócio B "alimenta" o sócio A que se move. Suponhamos que alguém quer praticar movimentos de defesa. É tarefa da outra pessoa é “alimentar” o praticante realizando uma série de ataques, podendo assim o praticante praticar a defesa. Os papeis podem mudar. • Cadeias: as cadeias são sequências de técnicas que se praticam com o parceiro, o que permite serem utilizadas como um "objecto de treino" para, por exemplo, cadeias de agarres. Quando os estudantes já dominaram os exercícios, determinados movimentos podem ser extraídos e usados numa aplicação. Por exemplo: um agarre, que era parte de uma cadeia de agarres, se complementará com um ataque por parte do sócio (jab, haymaker) e finaliza com um derribamento. Jab / haymaker => Bloqueio + agarre + derribamento. Praticar exercícios proporciona aos estudantes um grande número de técnicas. O bloqueio do nosso exemplo pode ser facilmente substituído por outro tipo de bloqueio, no entanto, o estudante não tem que aprender novas técnicas. Os estudantes são capazes de aplicar 12 agarres de uma cadeia de agarres em 12 exercícios diferentes. Claro está que os exercícios e as aplicações irão fazendo-se mais longos e difíceis nos níveis mais altos. O exercício “broca” de nível 1, pode ter só 6 movimentos, mas o exercício de nível 4 pode ter 24 movimentos.

De grosso a fino Os exercícios são uma boa maneira de apoiar os estudantes na sua formação. Os exercícios se repetem com frequência para permitir-lhes consolidar seus conhecimentos. Uma vez que compreenderam as sequências de movimentos, faz sentido pôr mais atenção nos detalhes e com o tempo aperfeiçoá-los. Quando os estudantes primeiro aprendem e praticam uma sequência, podem carecer de precisão na posição, na dinâmica, nos agarres e chaves correctas. Estas faltas de exactidão devem ser trabalhadas passo por passo, para fazer o exercício realmente eficaz e para permitir que os estudantes apliquem técnicas com limpeza. Fazer simplesmente os movimentos em ordem correcto, não é o objectivo do exercício. Por outro lado, não faz muito sentido explicar cada coisa em detalhe. Quase ninguém vai ser capaz de seguir a explicação e a frustração é inevitável.

Princípios e conceitos Os Sistemas de Combate Táctico SAMI se baseiam em princípios e conceitos que se podem encontrar em todas as técnicas e aplicações. Os alunos irão aprender cada vez mais princípios. Quanto mais avançados estiverem, mais capazes devem de ser de aplicar independentemente os princípios e conceitos do sistema. Isto leva-os gradualmente a uma compreensão global do sistema. No nível dos instrutores não se pode fazer isto sem tratar com os princípios do sistema desde o início. As lições que, por exemplo, são ministradas pelos instrutores em seminários intensivos, incluirão o panorama geral do sistema desde o primeiro momento.

O ensino por níveis Os nossos treinos se realizam em vários níveis, para podermos oferecer aos nossos estudantes as lições que tanto desejam. Cada estudante tem ocasião de praticar


com parceiros de diferente nível e desenvolver as suas técnicas e habilidades. Imaginem um grupo onde os praticantes de todos os níveis treinam juntos. Em alguns momentos podem estar tensos, outros podem sentir-se aborrecidos, mas há excepções, como a prática do combate, a prática do jogo de pés ou as aplicações gerais, que são importantes para todos os praticantes, independentemente do seu nível. Os estudantes avançados podem elevar os níveis de intensidade e a dinâmica e promover melhores efeitos de formação para todos.

Ser um Instrutor! Despertamos a sua curiosidade? Querem ensinar Panantukan Concept? Pois bem, regularmente, nós oferecemos formação intensiva a instrutores. Os instrutores internacionais SAMI obtêm muitos conhecimentos e as habilidades necessárias, para poderem apresentar-se como instrutores qualificados. Os Graus de instrutores também se dividem em vários níveis, desde Chefe de Grupo a Mestre Instrutor. Os cursos de Instrutores se realizam em vários dias e abrangem tanto o desenvolvimento de

habilidades individuais dentro do sistema, como as habilidades dos instrutores. A duração dos cursos pode variar, dependendo da dedicação, as habilidades e os prévios conhecimentos de cada pessoa. Para obter mais informação, visitar www.panantukan-concept.com Fotos de Thomas Suchanek Escrito por Irene Zavarsky, Irmi Hanzal, Peter Weckauf, Thomas Schimmerl











Kihon waza (técnicas básicas) es la parte más importante del entrenamiento de cualquier Arte Marcial. En este DVD el Maestro Sueyoshi Akeshi nos muestra diversas formas de entrenamiento de Kihon con Bokken, Katana y mano vacía. En este trabajo, se explica en mayor detalle cada técnica, para que el practicante tenga una idea más clara de cada movimiento y del modo en que el cuerpo debe corresponder al trabajo de cada Kihon. Todas las técnicas tienen como base común la ausencia de Kime (fuerza) para que el cuerpo pueda desarrollarse de acuerdo a la técnica de Battojutsu, y si bien puede parecer extraño a primera vista, todo el cuerpo debe estar relajado para conseguir una capacidad de respuesta rápida y precisa. Todas las técnicas básicas se realizan a velocidad real y son posteriormente explicadas para que el practicante pueda alcanzar un nivel adecuado. La ausencia de peso en los pies, la relajación del cuerpo, el dejar caer el centro de gravedad, son detalles muy importantes que el Maestro recalca con el fin de lograr un buen nivel técnico, y una relación directa entre la técnica base y la aplicación real.

REF.: • IAIDO7

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Cinturón Negro Andrés Mellado, 42 28015 - Madrid Telf.: 91 549 98 37 e-mail: budoshop@budointernational.com www.budointernational.com


A Zen Nihon Toyama-Ryu Iai-Do Renmei (ZNTIR) o organismo que pretende manter viva esta tradição e as formas originais, mediante um sistema que integra corpo, mente e espírito de uma maneira realista e eficaz. Este DVD foi criado pela insistência de praticantes da Filial espanhola da Zen Nihon Toyama-Ryu Iaido Renmei (ZNTIR - Spain Branch), para dar a conhecer a todos os interessados um estilo de combate com una espada real, criado no passado Século XX, mas com raízes nas antigas técnicas guerreiras do Japão feudal. Nele encontrarão a estrutura básica da metodologia que se aplica no estilo, desde os exercícios codificados de aquecimento e preparação, passando pelos exercícios de corte, as guardas, os kata da escola, o trabalho com parceiro e a iniciação, até a pedra angular em que se baseia o Toyama-Ryu, o Tameshigiri ou exercícios de corte sobre um alvo realista. Esperamos que o conhecimento da existência de um estilo como é o Toyama-Ryu Batto-Jutsu, seja um incentivo para conhecer uma forma tradicional, que por sua vez é muito diferente das actuais disciplinas de combate, o que poderá ser atraente para aqueles que desejam ir más longe nas suas práticas marciais. Para os interessados na espada japonesa e os iniciados, este DVD será de utilidade como apoio para na sua aprendizagem e como consulta.

REF.: • TOYAMA1

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Está comigo aqui, na academia de Bamberg, Alemanha, o Grão Mestre Faixa Vermelha de Jiu Jitsu Brasileiro, Flávio Behring e é para mim uma honra poder entrevistar esta lenda. Em 1947, com dez anos de idade, o Grão Mestre Flávio começou a receber lições particulares com Hélio Gracie, no Rio de Janeiro, procurando uma actividade para melhorar a saúde e para superar a sua asma. Alguns anos depois, Hélio Gracie recomendou a João Alberto Barreto que Flávio Behring o ajudasse a ensinar na Academia Gracie, no Rio Branco. Nesta academia compartilhou tatame com Carlson Gracie, Helígio Vigo, Waldemar Santana e muitos outros. Entrevista: com Flavio Behring, por Andreas Hoffmann, Christoph Fuß Fotos: Gabriela Hoffmann

Grão Mestre Flávio Behring “Os meus primeiros anos com a família Gracie” Andreas Hoffmann: Mestre, tens 67 anos de experiência em Jiu Jitsu Brasileiro. Podes contar-nos algumas histórias dos teus primeiros anos com a família Gracie? ¿Podes falarnos do teu primeiro combate? Flávio Behring: Um dia fui à academia e João Alberto Barreto estava à minha espera. Ele me disse que tínhamos de combater. Achei estranho que ninguém excepto eu, vestisse quimono... Perguntei: “Quantos estudantes vão combater?” “Só tu, só tu vais combater”- foi a resposta Perguntei: “Que tipo de combate?” João Alberto Barreto replicou: “Simplesmente combater".

“Quem é o oponente?” “É um Faixa Preta de Judo”. Eu tinha 14 anos e para mim era muito difícil subir ao ringue. Estava assustado e queria voltar para casa, mas João Alberto Barreto insistiu no combate e aí estava eu no ringue. Carlos Gracie, o idoso, era o árbitro. O Faixa Preta se aproximou de mim e me derribou uma vez, depois outra, três, quatro, cinco vezes me derribou, porque cada vez que eu me levantava me voltava a derribar e finalmente, me imobilizou. Me lembro de um detalhe daquele treino, quando eu o tinha em um estrangulamento e ele desmaiou. Fui para a minha esquina e já me queria ir embora, mas Carlos Gracie

disse: “Não, não vais embora, luta outra vez”. E dois minutos depois, o judoca estava preparado para lutar. Fizemos o mesmo, um, dois, três derribamentos, depois a imobilização Kesa Katame, então fiz-lhe o mesmo estrangulamento e ele perdeu os sentidos. Carlos Gracie me disse que estava a dormir... Depois, Carlos levantou a minha mão e disse: “Isto é Gracie Jiu Jitsu”. Assim eram as coisas naqueles tempos... A.H.: Surpreendente! Então tu formas parte do desafio Gracie!... É verdade que estavam preparados para lutar em qualquer momento? F.B.: Sim e há uma outra história... Carls o n Gracie e Jo ão A lbert o


Barreto dormiram uma vez na academia. De repente tocou ou telefone, às duas horas da manhã... Era o irmão de João Alberto, que pedia a ele que lutasse contra um estrangeiro corpulento chamado “Messik". Messik dizia que era capaz de derrotar qualquer um... Nos telefonaram ao Hélio Gracie e a mim para nos juntarmos a ele e juntos nos dirigimos para o lugar onde João Alberto Barreto submeteu o rapaz. Então alguém nos disparou um tiro e feriu o João Alberto Barreto. Assim funcionavam as coisas naquela época! A.H.: Poderias falar-nos do teu primeiro combate de Vale-Tudo? F.B.: Uma vez, durante um treino, o Hélio Gracie me disse: “Tira o quimono e vem comigo”. Fui com ele até um Dojo onde tive de lutar contra um praticante de Capoeira. Perguntei ao meu Mestre o que estávamos a fazer ali e ele respondeu: “Este homem me desafiou e agora tu deves de me representar”. Eu tinha 16 anos e estava muito assustado, tão assustado que submeti aquele garoto em dez segundos. Saltei encima dele, mas Hélio me deitou para trás e disse: “Pára, pára! Isto não é bom, vieste


para lutar e isto foi rápido demais”. Então tive de lutar outra vez, mas desta segunda vez foi fácil, porque o garoto já estava emocionalmente quebrado. A.H.: Então, o Hélio Gracie acreditava em ti? F.B.: Durante toda a minha vida com Carlos Gracie e Hélio Gracie, eles sempre tiveram confiança em seus estudantes, muita confiança... Realmente acreditavam em nós. Era normal dizer-nos: “Ok, temos um adversário para ti. Agora, vai lutar!" Posso dizer que vencemos um 99 por cento dos combates. A.H.: O próprio Hélio Gracie vivia dessa maneira, estando preparado em todo momento, em qualquer lugar? F.B.: Oh sim! O Hélio sempre mostrava viver dessa maneira. Por exemplo, uma vez lutou contra um dos seus estudantes, o Waldemar Santana. Waldemar tinha 26 anos, era forte, pesava uns 82kg. Eu acostumava a treinar com ele e tinha um pescoço realmente forte. Um dia, um jornalista disse ao Waldemar que deixasse a academia e lutasse por sua conta, para se tornar famoso. O jornalista foi pedir ao Waldemar que desafiasse o Hélio. A Polícia não autorizava esse tipo de combate, por isso foi combinado e adiado muitas vezes. Um dia, quando Hélio Gracie estava na sua fazenda, longe do Rio, seu irmão Carlos lhe telefonou e disse que o combate com o Waldemar podia se realizar dali a duas horas. Quando o Hélio Gracie chegou no seu carro, já tudo estava preparado para o combate, que durou um pouco mais de três horas e 45 minutos. Eu estava lá e para mim foi muito emocionante… Desde o início, o combate foi muito emocionante. Em um dado momento, o Waldemar se meteu em sua guarda e ficou dentro. O Hélio Gracie, com seus 46 anos e com 64 quilos, contra alguém muito mais jovem – seu próprio estudante – que pesava



Junto com o Grão Mestre Flávio Behring e o Grão Mestre João Alberto Barreto, uma das figuras mais importantes na comunidade do BJJ e árbitro da primeira luta UFC. Na entrevista, Flávio Behring fala dele.

vinte quilos mais! Mas Hélio Gracie permaneceu firme e aceitou o desafio. Não vi nem escutei o que sucedeu, mas alguém que lá estava me contou... O Hélio tratou de levantar-se, mas Waldemar estava por cima dele e perguntou ao árbitro o que podia fazer. O árbitro disse que podia pontapear e então o Waldemar deu um pontapé na cara do Hélio Gracie, seu Mestre, e nocauteou ele. Podem imaginar? Não podíamos nem acreditar, simplesmente era incrível e toda a gente se meteu no ringue. A polícia tentava ter tudo controlado, mas imaginem como era emocionante a situação por ambas partes. Em um dado momento o Carlson Gracie gritou: “Waldemar, eu vou--te apanhar… Se prepare!” e algum tempo depois, isso aconteceria..., Waldemar era vencido pelo Gracie... A.H.: Posso imaginar as intensas emoções provocavam em todos os implicados os combates Livres e os combates de Vale-Tudo naquela época! F.B.: Vou te dar um exemplo com um dos melhores lutadores da família Gracie, João Alberto Barreto. Participou em 52 combates de Vale-Tudo, que se realizavam toda segunda-feira de cada semana e venceu em todos. Durante a semana, ele nos ensinava Jiu Jitsu, nos fins de semana descansava, na 2ªfeira, durante o dia ensinava na Academia Gracie e à noite, participava no

combate de Vale-Tudo. Com o seu exemplo, eu aprendi que o nosso treino de defesa pessoal era um treino realista, que preparava para combater e vencer. Treinávamos muito com pugilistas e praticantes de Luta Livre. Mas nós não praticávamos isso, era só para nos divertirmos... Nós estávamos claramente dedicados ao Jiu Jitsu. A.H.: Mas há ética no Vale-Tudo? F.B.: Nos dias de hoje é diferente, as regras são diferentes. A ética das regras básicas habitualmente era que batias em alguém era para nocautear, não para ferir. Mas hoje vemos em MMA muitos competidores que lançam golpes só com a intenção de magoar. A.H.: Obrigado, Mestre, por esta primeira parte da entrevista. É fantástico obtermos informação de


primeira mão do início do Gracie Jiu Jitsu Brasileiro. E obrigado por me apoiar para construir e estabelecer o método Behring de Brazilian Jiu Jitsu, aqui na Alemanha. De dez anos a esta parte, visitas a minha academia duas vezes por ano e sinto orgulho de ser um Faixa Preta contigo.

Toda pessoa que se quiser juntar à nossa equipa para aprender a ensinar, é bem-vindo. Contacte comigo directamente em: www.weng-chun.com.




POLÍCIA E ARTES MARCIAIS Realmente é difícil saber quanto "ego" existe na comunidade das Artes Marciais. Com a possível excepção dos atletas profissionais, as estrelas de cinema e outros artistas e os políticos, os Artistas Marciais ocupam um lugar muito alto na escala de percepção da sua própria importância. Por isso, raramente se poderia convencer a um instrutor de Artes Marciais (principalmente a um "Mestre" ou a um "Grão Mestre"!) de que não está qualificado ou capacitado para ensinar tácticas defensivas policiais. De facto, se na próxima reunião de instrutores proeminentes, como o banquete do “Hall of Fame”, alguém chegasse a dizer uma coisa assim, rapidamente se meteria em um confronto desagradável. A maioria,



Combat Hapkido cegos por seu ego, não podem ver nem aceitar a verdade. Alguns, muito no fundo, sabem a verdade, mas, para proteger seu ego, nunca admitirão tal coisa. Durante muito tempo, este triste estado de coisas está afectando negativamente uma relação já complicada, entre os instrutores de Artes Marciais e da Polícia. Portanto, deixemos o ego, os delírios e a cobiça de lado e examinemos honestamente o debate, com gente que está ao lado das Artes Marciais. 1. "As Artes Marciais foram criadas para o combate físico: no campo de batalha, em casa, na rua, numa montanha ou na praia... Não é assim?" A MINHA RESPOSTA: Há uma grande diferença! De certeza que eu não levaria meus filhos à escola em um Ferrari de Fórmula 1 e de certeza, você não iria caçar coelhos com um RPG. Então, porque pensa que todas as estratégias e técnicas de luta são "correctas" para o trabalho da Polícia? No vasto arsenal de técnicas de Artes Marciais, sem dúvida há algumas que são adequadas para o trabalho da Polícia, mas a maioria delas o não são. A verdadeira competência nesta matéria reside em conhecer a diferença: quais as técnicas de Artes Marciais que são práticas, eficazes e juridicamente adequadas para o trabalho policial e quais podem ser modificadas para satisfazer suas necessidades específicas. Os verdadeiros especialistas sabem que todos os combates o não são: a noite ou o dia, a areia ou a neve, no interior ou no exterior, fardados ou em fato de banho… Os oficiais não só conhecem as diferenças... como também as sentem a cada dia. 2. Sou Cinturão Negro, especialista e um instrutor diplomado. Estou perfeitamente capacitado para ensinar aos oficiais de

FBI

polícia a se defenderem e derrotar os maus". A MINHA RESPOSTA: Sou Cinturão Negro de quê? A obtenção de um Cinturão Negro não proporciona automaticamente a ninguém poderes mágicos, nem conhecimento ilimitado. É simplesmente uma maneira de registar o nível de progresso de um estudante. Quando um organismo encarregado de fazer cumprir a lei é abordado por um instrutor de Artes Marciais que se oferece para treinar os seus oficiais, é de esperar que um funcionário inteligente lhe faça várias perguntas, tais como: Cinturão Negro em que Arte? Qual o estilo? Quantos anos tem? Quanto tempo tem estado treinando? Quanto tempo tem estado ensinando? Alguma vez trabalhou como agente da lei? Onde? Quanto tempo? Tem referências, testemunhos e recomendações de outras agências de polícia às quais tenha treinado? Porquê pensa que a sua Arte ou estilo seja adequado para o trabalho policial? Talvez 30 anos atrás, qualquer cinto preto em "Karate" poderia conseguir o lugar e muitos, infelizmente, conseguiram. Mas esses dias passaram. Os oficiais da polícia estão mais instruídos e informados; conhecem a diferença entre Tae Kwon Do e Krav Maga, ou entre Kickboxing e Hapkido. Ter uma faixa preta ou ser um Instrutor, já não é suficiente. É necessário ensinar o estilo "correcto" e ter os conhecimentos "correctos" e a experiência para ser aceite e respeitado pela comunidade policial. 3. "Eu sou (ou fui) um campeão que ganhou muitos combates e certamente posso ensinar aos oficiais a vencer na rua". A MINHA RESPOSTA: Fala a sério? Equiparar o desporto com o trabalho policial seria como comparar uma bicicleta


Costa Rica equipa Swat com uma moto Ducati! As competições desportivas (inclusivamente as lutas de MMA mais duras) têm regras, árbitros, limite de tempo, categorias de peso e a última vez constatei que nunca se realizam na rua, na escuridão e com todo tipo de armas. Inclusivamente se o instrutor é (ou era) um verdadeiro campeão de Artes Marciais, usar isso como referência e como uma "qualificação" competente para instruir os agentes da polícia, é ridículo, pouco profissional e logo se traduzirá para o instrutor em perda de respeito e credibilidade, a olhos dos funcionários da polícia. 4. "O treino de artes marciais ajuda a ter disciplina, confiança em si mesmo, uma boa condição física, auto-controlo

e outros benefícios muito importantes, que são relevantes e desejáveis no trabalho policial". A MINHA RESPOSTA: Certamente! E desejo que cada oficial de polícia no mundo escolha o treino de Artes Marciais como sua actividade favorita. Sem dúvida ser-lhes-á de ajuda, como é para todos os outros que treinam em artes marciais. Mas isso sim, não confundir esse treino com o treino em tácticas defensivas especializadas, especificamente pensadas para o trabalho policial. Se bem se poderia argumentar que "qualquer treino em qualquer estilo é melhor que nenhuma formação em absoluto", poderia replicar que o treino em certas Artes e ou Estilos, para os agentes da polícia é realmente, pior que nada, posto

que adquirirão posições, movimentos, técnicas e atitudes que são inúteis e inclusivamente perigosos quando realizam o seu trabalho, ainda que em geral, todos sabem que reagir pouco ou reagir demais provocará consequências graves e possivelmente mortais para os polícias. Por isto, a sua formação não pode limitar-se a fazer "Artes Marciais", ele deve de fazer "tácticas defensivas", especialmente indicadas para o seu tipo de trabalho. 5. "A falta de formação adequada e a falta de habilidades tácticas defensivas provocarão mais lesões para os oficiais e para os indivíduos aos que se enfrentam. Isso se traduz em um aumento dos despesas médicas e caros litígios legais".


Combat Hapkido A MINHA RESPOSTA: Completamente certo! Os custos médicos das lesões padecidas pelos oficiais (e até pelos maus)!, as defesas legais (e o estabelecimento de pactos legais), o tempo perdido, a imprensa negativa, constituem uma má imagem pública dos corpos e são consequências tangíveis e directas de que os funcionários carecem da formação necessária em tácticas defensivas com mãos nuas. É importante neste ponto, falar numa estadística muito importante, que trágica e inequivocamente mostra a falta de formação em tácticas defensivas (e a necessidade dela!): 60% dos oficiais assassinados com uma arma de fogo, receberam o disparo da sua própria arma! As habilidades, o conhecimento, competência e a confiança em si próprio, melhoram drasticamente a profissionalidade e a segurança nos oficiais e multiplica por muito o valor do modesto custo do investimento. 6. "A falta de habilidades em tácticas defensivas com mãos nuas dos oficiais, conduzirão inevitavelmente a um uso mais desnecessário e injustificado de armas de fogo e outras armas". A MINHA RESPOSTA: Por certo e frequentemente com consequências trágicas! Em um confronto perigoso, aterrador, cheio de adrenalina, o funcionário voltará à sua formação e se carecer da formação numa área, procurará outros meios para fazer frente à situação. A falta de habilidades vai invariavelmente acompanhada pela falta de confiança em si próprio... Agora devemos de somar à mistura, o medo, o estresse e a confusão! E claro está que esperamos, ou melhor, exigimos que um Polícia em Roma

ser humano tome decisões em fracções de segundo nessas condições! Não qualquer tipo de decisões... mas sim as correctas, as razoáveis, só as decisões adequadas, as perfeitas em cada caso… Se como sociedade esperamos isso dos nossos oficiais da polícia, não será justo, não será lógico, não teremos de proporcionar-lhes todas as ferramentas possíveis? Não deveríamos investir mais na sua formação? Não deveríamos designar mais dinheiro para o equipamento, não só em tecnologia como também em especialistas e profissionais, para oferecer um excelente treino em tácticas defensivas? Esta é uma área que, na minha opinião, sempre tem sido gravemente descuidada. Passo a resumir. Passamos em revista a ambos lados deste argumento de maneira justa e equilibrada. Eu penso que um jurado daria um veredicto unânime a favor de um programa periódico permanente, competente, de formação em tácticas defensivas para agentes da polícia. No entanto, o assunto é que deve ser o programa CORRECTO! À semelhança de muitos instrutores de Artes Marciais, queria oferecer meus serviços aos organismos encarregados de fazer cumprir a lei. Não só porque é um bom negócio e da prestígio ao Instrutor, mas também porque realmente acredito que posso proteger os oficiais e isso é bom para a comunidade. Me sentia qualificado para o fazer, após ter passado 20 anos trabalhando nesta área em vários lugares diferentes. Mas eu era consciente de que o meu material de "Artes Marciais" era bastante tradicional e orientado principalmente para

mercado "civil". Assim, com a ajuda de vários dos meus estudantes que eram polícias veteranos com muita experiência, criamos um novo programa especial de Tácticas Defensivas moder nas, práticas e eficazes, específico e só pensado para os agentes da polícia. Depois de 3 anos de pesquisa, análise e aplicações, finalmente sentimos ter estruturado correctamente o programa e em 1998, nasceu o INSTITUTO INTERNACIONAL DE TÁCTICAS DEFENSIVAS DA POLÍCIA (IPDTI). Apesar de que o nosso principal objectivo era proporcionar a formação mais pertinente e competente para a comunidade policial, o outro objectivo importante era educar, capacitar e diplomar os instrutores de Artes Marciais nesta especialização profissional tão específica. Desde o estabelecimento do IPDTI levamos a termo a formação de milhares de oficiais, em 18 países de todo o mundo e diplomamos mais de 300 instrutores. Temos recebido dezenas de cartas de reconhecimento, homenagens e agradecimentos. O mais importante é que temos recebido numerosas cartas individuais de oficiais, agradecendo-nos e credenciando que o nosso treino os tem ajudado a prevenir lesões graves e inclusivamente a salvar suas vidas. Para nós, essa é a maior recompensa! O IPDTI tem demonstrado que os instrutores de Artes Marciais podem trabalhar com as forças da polícia e lhes proporcionam uma importante e valiosa capacitação. Simplesmente tem de ser feita da maneira correcta. Pode visitar-nos em: www.dsihq.com






ESGRIMA CREOULA: A ARTE DO “PONCHO” E A FACA No fim do Século XVII, nas planícies da Pampa Argentina, fruto da mistura de culturas e raças, aparece a figura do gaúcho. Vive a cavalo, envolvido no popular “poncho”, uma manta com uma abertura no centro.




Artes Étnicas A sua figura, magnificamente exposta nos versos do “Martín Fierro” de José Hernández, um poema épico, , adquire carta de natureza e formas culturais próprias. Entre estas, o uso do facão e do “poncho” como armas e as “boleadoras”, uma arma copiada dos índios, consistente em três pedras envolvidas em couro e unidas por três cordas, geralmente feitas de couro trançado, e que se fazem girar desde um dos extremos, para serem projectadas, podendo alcançar longas distâncias, para ir bater nos animais ou no inimigo, enrolando-as no seu corpo ao fazerem contacto. Hoje aproximamos o leitor à figura e às artes do Gaúcho, em um artigo excelente, de quem está dedicado à justa tarefa de as manter e difundir desde a Argentina. Alfredo Tucci

Esgrima crioula, a arte do “poncho” e o facão Finais do Século XVII, América do Sul; na Pampa Argentina nasce uma nova raça, o gaúcho, mistura de índio e crioulo e com ele nasce também uma nova arte guerreira, a esgrima crioula. Mas, o que é a esgrima crioula? É a arte da luta com “poncho” e faca. Tinhas as suas normas e valores, era questão de homens de

bem, havia respeito e se lutava um a um. Contava com técnicas e treino, entre elas o “Visteo”, que poderíamos traduzir como “observação”. Nele se lutava com um palito tisnado, tirado do fogo, a meias brincando e a meias a sério, posto que um creoulo que se preciassea, sem dúvida era bom para o corte, costume que ainda continua, na qual gosto de ver como os meus filhos ainda brincam “visteando”, enquanto se fazem os assados de carne. Se visteava numa área que se delimitava, se


chamava “cancha”, da qual não se podia sair. As “canchadas” e seus movimentos a distinguiram de outras esgrimas de faca, porque nelas prevalecia a honra. A faca que se usa no duelo se denomina facão, ou também se podia usar uma adaga. Estas facas eram geralmente feitas de refugos de espadas ou baionetas e o comprimento da folha não era inferior a 35cm, podendo chegar até 80cm no caso do “facão caronero”. O poncho é um rectángulo de tecido, podendo ser feito de alpaca, vicunha, etc., com um orifício no meio. Não só nos acompanha nas frias noites, como também na luta e por contar uma curiosidade, foi parte oficial do Primeiro Regimento do Exército Argentino. Durante o duelo, o poncho se encontra enrolado no braço esquerdo. Era uma excelente protecção e uma terrível arma defensiva de distração. O tempo levou a aperfeiçoar as técnicas do poncho, como o “flecazo”, a manteada, etc. “O facão serve tanto para abrir um animal como para fechar uma discussão” (voz popular argentina) Falando do gaúcho, este personagem sofrido, foi usado para a luta contra o espanhol, o índio ou o inimigo dessa momento. Sempre perseguido, homem simples e sincero, excelente cavaleiro, habilidoso com as suas ferramentas de trabalho, a faca, o laço e as “boleadoras”, não gosou das armas de fogo, sempre prefiriu os gumes, de facto, havia mas honorabilidade nos duelos, rara vez se procurava uma morte, simplesmente acabava uma discussão com um “barbijo” (corte na cara) ou “planazo” (golpe que se dá com o lombo da arma na cabeça), ficando o oponente mal, mas vivo e quando se exarava, se acabava com a vida do desditado… Uma espécie de eutanasia, “fazer a obra santa” se dizia. “Ao cair em qualquer abismo, mais que o sabre e mais que a lança, acostuma a servir a confiança que o homem tem em si mesmo” José Hernández (Martín Fierro) Outras armas acompanharam o gaúcho: as boleadoras, arma de origem indígena, simplesmente três bolas unidas por tranças de couro. Uma arma arrojadiça que bem manipulada dizimou as filas dos exércitos realistas nas guerras da Independência, junto com a chuza (lança falando em Espanhol) que foi a arma oficial no exército do General Dom José de San Martín. “As armas são necessárias, mas ninguém sabe quando, assim se andares passeando, e de noite principalmente, deves levá-las de maneira que em saindo, saiam já cortando” José Hernández (Martin Fierro) E o tempo passou… Os alvores do Século XX, tempos dos idosos, de bonitões e maleantes, a esgrima




Artes Étnicas crioula continuava vigente, por vezes em vez de poncho, se usava um chalzinho, e sempre estava presente o facão, adaga, verigeiro ou fihingo (diferentes modelos de facas creoulas), não fazia falta grande motivo para desembainhar a arma, qualquer razão era boa, uma mulher, uma palavra a mais, onde se finalizavam as discussões com um duelo, onde um corte na cara, ou “barbicho”, dava por finalizado o mal-entendido. A sua esperança é a coragem, Sua guarda a precaução, Seu pingo (cavalo) é a salvação, E passamos na nosso aflição, Sem outro amparo que o cèu Nem outro amigo que o facão. José Hernández (Martín Fierro) Hoje em dia, a esgrima crioula ainda está presente povoações do interior da Argentina e não falta um confronto de facas em domas e festas folclóricas, um hábito difícil de erradicar; também se vive na realidade penitenciária, onde os presos continnuam solucionando as suas diferenças, mas agora com faca e manta e mantendo as mesmas normas, como o “planazo”, ou golpe dado com o lombo da faca no meio da cabeça, dando por finalizada a luta, onde o preso que perder vai passar um muito mau bocado. O gaúcho o realizava ao grito de “Deus te Guarde”. "Rara vez mata o creoulo porque esse instinto não tem, o duelo creoulo ceita por não mezquinhar nem um passo, faz saber que tem dois braços e em lutar se entretem" Atahualpa Yupanqui Outra realidade é a prática desta disciplina, que realiza Jorge Prina, que trabalha na difusão e ensino da esgrima crioula, com as antigas técnicas, em um revisionismo histórico, chegando à prática em treinos e competências abertas de combate com faca. Utilizamos diferentes tipos de armas, facas verijeras, facão e caroneros, na mão direita e na esquerda, o poncho, onde há variedade de técnicas, como o

incomodar a visão com as franjas, o que se chama flecazo (francajo), ou desviar a mão armada com a chamada “manteada” (de manta ou poncho) que como defesa é excelente. Quando o poncho está enrolado no antebraço, não permite que os cortes cheguem até a pele. Agora realizamos os “visteos” (sparring) com facas de madeira. Neles encontramos um amplo leque de técnicas e se aprecia a habilidade do esgrimista. "Potrinho, recentemente te surgiu o colmilho Mas escuta o meu conselho: Não deixes que homem nenhum Te ganhar o lado da faca" José Hernández (Martín Fierro) Outra actividade é a manipulação das “boleadoras”, desde jogá-las com as diferentes variantes às pernas, para atirar rapidamente deitar ao chão homem ou animal. Outra variante é bater na cabeça ou com queda, como se usava nas guerras gauchas, onde eram lançadas de tal meneira que quando caiam, o primeiro que impactavam eram as bolas. Realizamos as práticas com diferentes alvos ou com boleadoras de prática, as quais não magoam. Outra opção que também treinamos é a boleadora como era usada pelos aborigens, que enganchavam uma bola a um pé e as outras uma em cada mão e començavam a girá-las para um combate corpo a corpo. Nas nossas práticas realizamos cruzes de armas em lutas de facão e poncho, contra boleadoras. A manipulação da chuza (lança) é original e muito peculiar. A chuza é a lança americana; possui como moharra, uma ponta de ferro - ou também pode não a ter - geralmente feita de cana colihue. Recordemos que os regimentos de lanceiros coloniais, retrocedendo até o Século XIX, tinham uma técnica que juntava o manejo do grupo, em defesas e ataques. Mas contrariamente, o creoulo a usou de diferentes maneiras, o índio pampa a atava em seu antebraço para percorrer grandes distâncias e durante a espera



Artes Étnicas do ataque ao fortim, esperavam a descarga de armas de fogo para depois entrar ao ataque com suas lanças… A isto se dizia “ir-se ao fumo”, devido à fumareda característica das armas de avancarga. Na actualidade recriamos técnicas de chuza, rescatando uma rica bagagem de técnicas, desde o molinete ao chuçasso. Realizamos encontros abertos mensais, em diferentes lugares, onde praticamos à velha usança duelos creoulos, com protecções e lançamento de boleadoras, finalizando com pequenas competições, à margem das aulas regulares e os seminários. “Um creoulo sem faca é um creoulo nú” (Fala popular argentina) Todos os povos do mundo tiveram, e alguns ainda conservam, as suas artes de combate. Esta é a Esgrima Creoula, arte de guerra argentina. www.esgrimacriolla.blogspot.com.ar Acerca do autor: Jorge E. Prina *1ºDan de TaeKwon do ITF *1ºDan Kick Boxing IKA *Instrutor defesa pessoal, segurança urbana e primeiros socorros (OFI) *Instrutor de defesa e combate com arma branca (IAPC) *Mestre em Native American Warriors Arts (N.A.W.A.) *Curso, Capacitação e Associação como atirador com armas de Avancarga (C.N. 592) As fotos foram feitas por Jorge Prina, junto com Pablo Liciaga e Lisandro Neyra, praticantes de esgrima creoula. As imágenes foram feitas em: “O Fortín Tradição Platense, no qual, Teófilo Olmos junto com Almafuerte, geraram a decisão de que o dia 10 de Outubro fosse declarado o Dia Nacional da Tradição”. Parque San Martín, Cidade de la Plata, encontro de esgrima creoula (Argentina). Seminário de Esgrima Creoula em Troy, Missuori (USA). Seminário em Rosário, Sante Fé.(Argentina). Torneio de esgrima creoula em Ituzaingo (Argentina).


Sempre tendo como pano de fundo o Ochikara, “a Grande Força” (denominada e-bunto na antiga língua dos Shizen), a sabedoria secreta dos antigos xamãs japoneses, os Miryoku, o autor leva a um mundo de reflexões genuínas, capazes de ao mesmo tempo mexer com o coração e com a cabeça do leitor, situando-nos perante o abismo do invisível, como a verdadeira última fronteira da consciência pessoal e colectiva. O espiritual, não como religião mas como o estudo do invisível, foi a maneira dos Miryoku se aproximarem do mistério, no marco de uma cultura tão rica como desconhecida, ao estudo da qual se tem dedicado intensamente o autor. Alfredo Tucci, director da Editora Budo International e autor de grande número de trabalhos acerca do caminho do guerreiro nos últimos 30 anos, nos oferece um conjunto de pensamentos extraordinários e profundos, que podem ser lidos indistintamente, sem um ordenamento determinado. Cada um deles nos abre uma janela pela qual contemplar os mais variados assuntos, desde um ângulo insuspeito, salpicado de humor por vezes, de contundência e grandiosidade outras, nos situa ante assuntos eternos, com a visão de quem acaba de chegar e não comunga com os lugares comuns nos que todos estão de acordo. Podemos afirmar com certeza que nenhum leitor ficará indiferente perante este livro, tal é a força e a intensidade de seu conteúdo. Dizer isto já é dizer muito em um mundo cheio de manjedouras grupais, de ideologias interessadas e de manipuladores, e em suma, de interesses espúrios e mediocridade. É pois um texto para almas grandes e pessoas inteligentes, prontas para ver a vida e o mistério com a liberdade das mentes mais inquietas e que procuram o oculto, sem dogmas, sem morais passageiras, sem subterfúgios.



Karate


Editado por Budo International, aparece finalmente o vídeo DVD Wado No I Dori & Tanto Dori, realizado pelo Mestre Salvador Herraiz, 7ºDan, um dos maiores conhecedores deste estilo a nível internacional. Por tal motivo, p autor nos desvela aqui e agora as características e a importância deste trabalho, em um momento crucial da sua vida.


Karate

NOVO VIDEO DVD! WADO NO I DORI & TANTO DORI SALVADOR HERRAIZ, 7º DAN O conteúdo deste vídeo DVD, que agora apresentamos, aglutina uma selecção das técnicas mais características do Wado Ryu, técnicas que também oferecem um atractivo interessante para os karatekas de outros estilos. Efectivamente, a escola Wado tem um grupo de técnicas muito importante denominado Kihon Gumite, mas que talvez suas características fazem-no pouco atraentes para praticantes de outras escolas. As técnicas de I Dori (defesas desde a tradicional posição Seiza, sentado de joelhos sobre os calcanhares) e as de Tanto Dori (defesas frente a faca) são praticadas como grupos importantes no seio do Wado Ryu, mas também podem ser de interesse para karatekas a ele alheios. Por isso, escolhi estas técnicas para formarem parte deste vídeo DVD, de maneira que possa resultar de interesse a todo tipo de praticantes. Um assunto interessante no momento de compreender as formas técnicas expostas no DVD, é o das diferenças das linhas técnicas existentes. O Wado Ryu é um estilo que, como todos os outros, tem passado por variações técnicas ao longo da sua história, tudo dentro de uma “normalidade” ocasionada pelas divisões que por motivos políticos foram depois desembocando em diferenças técnicas. Todos sabemos que existem dentro do Wado Ryu três grandes linhas técnicas que devemos considerar e respeitar: (1) A de Wado Ryu Karatedo Renmei - liderada por Jiro Ohtsuka, filho do Fundador, que por idade, daqui a alguns anos deverá passar a liderança para o seu filho Kazutaka. (2) A de Wado Kai (no seio da Federação Japonesa e liderada tecnicamente por veteranos mestres como Toru

“Nas Artes Marciais, a eficácia é importante, sem dúvida. No entanto, se fosse a única coisa importante e o objectivo principal, eu talvez recomendasse, sinceramente, outro tipo de práticas” Arakawa, Hajimu Takashima, Katsumi Hakoishi, Takaichi Mão, Shinji Michihara, Shunsuke Yanagita, Yasuo Kuranami, Hideho Takagi, e… (3) A de WIKF, fundada e liderada pelo Mestre Tatsuo Suzuki, até seu falecimento em 2011 e que continua com seus seguidores. Todas elas dão a si próprias o título de mais leais às ensinanças do Fundador Hironori Ohtsuka e portanto, suas ensinanças seriam as mais puras com respeito às ensinanças de Hironori. Muitos importantes mestres dizem: “Eu aprendi assim com Ohtsuka”. Realmente, tudo depende de quando os seus mestres líderes, treinaram com o Fundador, porque ele foi variando e desenvolvendo aspectos do seu Wado Ryu até os últimos momentos da sua vida, dependendo portanto do momento em que com ele se treinasse, para se terem obtido uns ou outros detalhes técnicos.



Nuevo video No que respeita à Wado Kai actual, tenho observado, por exemplo, que estão modificando posições e seus nomes, talvez procurando (sem chamar muito a tenção...) uma aproximação a outros estilos, para que o seu Wado seja mais competitivo em torneios (objectivo básico da Federação Japonesa ou da Federação Espanhola…). A linha de Suzuki Sensei conta com outras diferenças importantes. Talvez a distância com o mestre, afincado na Inglaterra desde os anos 60, mas com a casa matriz no Japão, influísse nelas em algum momento. Por isso, devíamos considerar, à margem de simpatias maiores ou menores, que o Wado do filho do Fundador poderia considerar-se, em princípio, o mais puro, por ter permanecido e ter absorvido as mudanças que o Fundador foi realizando até último momento. Mas por outra parte, tenho

“Este trabalho inclui finalmente, uma dezena de técnicas de I Dori e outra de Tanto Dori, assim como os katas Seishan y Chinto, os mais característicos do estilo”

observado também que nos 25 anos após o falecimento do Fundador, o seu filho Jiro (e depois dele o seu neto Kazutaka) também modificaram várias coisas. Afinal, talvez seja normal e devamos aceitá-lo assim! No entanto, a minha preocupação surge por esses movimentos e características que nada têm a ver com nenhuma destas três linhas do Wado Ryu e que em alguns casos, até vão claramente em contra de algumas características do Wado, em qualquer das suas três linhas técnicas. Isso, realmente me preocupa! Mas me preocupa ainda mais e como mínimo me parece curiosa, a atitude da família Ohtsuka frente à evolução técnica e filosófica do seu Wado Ryu. Tenho uma minha teoria acerca dos motivos, mas… penso não ser aqui e agora o momento de falar disso. Seja como for, o vídeo DVD que agora apresentamos, contem uma



Técnica


Karate



selecção de técnicas utilizadas em suas três linhas principais. Não se trata de um vídeo sobre uma linha em especial, nem pretende ser mais papista que o papa, mas precisamente e como ficou dito, é uma selecção das combinações com parceiro mais características do Wado. Por outra parte e sob o meu ponto de vista, o Karate em geral se encontra em um momento que, não só na sua técnica como especialmente em seu espírito se encontra muito afastado da trajectória que devia seguir (e que já só se encontra em uns poucos humildes dojos e em mestres geralmente afastados da barulheira mundana, e assim sendo, a sua influência em outros karatekas é limitada). Devo confessar que pessoalmente estou bastante cansado e decepcionado. “O marinheiro que perdeu a graça do mar” não é só o título de uno dos mais conhecidos livros do conhecido escritor japonês Yukio Mishima, que protagonizou nos anos 70 um famoso seppuku, ao compreender que se estavam perdendo os valores do Japão. A frase, à margem do conteúdo do livro de Mishima, também expressa o sentimento que desde faz algum tempo me invade, pela atitude de muitos karatekas (incluídos professores). Todos estamos fartos de conhecer e dizer frases ribombantes acerca do espírito e da filosofia do Karate, mas… agir em consequência, isso “já é outra questão…”. Isso sim, todos nos autoconvencemos da nossa atitude, aferrando-nos ao que nos interessa, em vez de reconhecer que em muitos casos se age em contra de alguns dos mais primordiais valores do Karate Do. Penso que a esta altura do caminho, todos conhecemos


“Portanto, o Karate teria de se entender a um nível superior, além de como uma técnica de combate e também como uma meditação em movimento. Da mesma maneira, o Budo em geral” muito bem o que se espera de um karateka, todos sabemos da filosofia e da história, do dojokun, do bla, bla… bla…, mas depois, o comportamento na realidade do dia-a-dia, do meu ponto de vista deixa muito a desejar… Me invade a tristeza e a decepção, achando-me como esse marinheiro que perdeu a graça do mar… Por outra parte, este vídeo DVD aparece em um momento também crucial para mim, atribulado desde faz anos por problemas de umas costas e coluna vertebral, que faz malabarismos para manter um decente nível de execução física, desde faz muitos anos tinha no pensamento fazer este DVD. Tinha de o fazer já, frente uma possível indisposição futura. Era agora ou nunca! Finalmente aqui está! Inclui dez técnicas de I Dori e outras dez de Tanto Dori, assim como os kata Seishan e Chinto, os mais característicos do estilo, e também Wanshu, um dos mais universais do Karate. Em todo caso, se tentou manter o ritmo e a cadência de um Karate visando uma execução técnica natural, como se corresponde com o Wado Ryu, sem procurar ser espectacular, nem exibições pessoais, um Karate que, como historicamente se apregoa, tenta ser “Zen em movimento”. Sem dúvida, a eficácia é importante nas artes marciais. No entanto, se fosse a única coisa importante e o objectivo principal, eu talvez recomendaria, sinceramente, outro tipo de práticas. Os karatekas fazemos o que fazemos e da maneira que o fazemos, procurando muito mais para além e quem só procurar a maior eficácia no combate, talvez aqui não encontre o seu caminho. E ainda direi mais: de certeza que este não é o seu caminho. Portanto, seria preciso compreender o Karate a um nível superior, além de como uma técnica de combate e também como uma meditação em movimento. Da mesma maneira, o Budo em geral… Não se trata exclusivamente de um sistema de luta. Em Kyudo, por exemplo, os grandes maestros sempre têm dito que o menos importante não era acertar ou não acertar no alvo, posto que não se tratava disso, mas sim do processo, do gesto, da respiração, da concentração… e dos efeitos que tudo isso produzem em quem lança a flecha, sem se preocupar de onde possa ir ou quem a receba. Técnicas como ryote dori, gozen dori, zu dori, así dori, te dori shotei zuki, hiki otoshi dori, hijite kansetsu gyaku torinage, tomam forma no ecrã, mostrando a essência técnica que historicamente tem caracterizado a que é a primeira escola de Karate eminentemente japonesa (o resto das mais antigas e desenvolvidas, realmente são provenientes de Okinawa). No que diz respeito às defesas frente a faca, udegarami dori, kotenage dori, hikitate dori, e muitas mais, oferecem uma amostra clara de um Karate com influência importante do Ju Jitsu.




O grupo KMRED e seus sócios O grupo Kravmaga RED, como já indicamos em artigos anteriores, tem como meta desenvolver uma defesa pessoal moderna e realista, sem restrições, construída em volta de uma disciplina como o Kravmaga, assim como disciplinas de combate, como o Boxe Tailandês, Inglês ou Francês, completados pela experiência de seus mestres na gestão de situações conflituais. Mas o mais importante é que o grupo não vive em autarquia e não fica isolado num canto, insistindo em acreditar só nas suas próprias conquistas… A nossa maior fortaleza é que continuamos procurando o que poderia ser melhor, sem duvidarmos em nos rodearmos de gente de diferentes estilos e disciplinas. De facto, muitas pessoas, alheias a nós, tiveram o mesmo processo de pesquisa e abertura, e é importante sermos capazes de intercambiar ideias e trabalharmos juntos, para desenvolver ferramentas que permitirão aos nossos alunos proteger a sua integridade física ou a integridade de seus seres queridos. Para isso, desde faz muito tempo, o Grupo KMRED pôs em marcha numerosos seminários e intercâmbios com convidados intervenientes com muitos anos de experiência em desportos de combate e em conflitos físicos reais. Entre estas pessoas de grande renome, este ano, em Novembro, um dos pioneiros das Artes Marciais Filipinas na França dos anos 1985, Didier Trinocque, irá intervir por


terceira vez frente aos alunos dos clubes KMRED, da região do Sudeste. A sua especialidade, o Kali Eskrima, permite - se a alguém ainda fizer falta... - perceber os perigos que apresentam os paus e as facas em um conflito real e como usá-los com vantagem. Durante a sua visita, se inicia uma colaboração a longo prazo e ele vai receber o título de membro honorífico do grupo KMRED. Em Novembro, também virá até a região um dos primeiros especialistas em defesa pessoal que começou a trabalhar livremente o desenvolvimento de um método de defesa pessoal, adaptado a um maior número de pessoas, chamado DEFESA RÁPIDA. Trata-se de Vicente Roca personalidade habitual nos


grupos de intervenção especial na França e no estrangeiro, se inscreve totalmente neste processo de abertura com gente com experiência e que defende o grupo KMRED sendo o iniciador de todo estes projectos, Christian Wilmouth. Recordemos que todas as pesquisas que nós ou os diversos especialistas anteriormente ditos fazemos, têm por objectivo enriquecer um conteúdo técnico destinado aos alunos e não a favorecer algum ego... “Acredito que é importante prestar atenção ao que ensinamos em defesa pessoal, porque aqueles a quem transmitimos o nosso conhecimento, poderiam necessitar usar numa situação real o que aprenderam e na realidade, não há lugar para fantasias”. Como parte da nossa maneira de desenvolver as nossas habilidades, há um área na qual nunca vamos deixar de aprender: o combate!!!!! Neste sentido, um dos nossos interventores privilegiados, é um grande


especialista em coaching em Boxe Inglês. Conta em seu haver com uma longa lista de campeões por ele treinados. Giovanni Rocchi é um Coach, com letras grandes, que tem acompanhado muitos campeões nacionais e inter nacionais e tem sabido integrar o Boxe Inglês como base e complemento essencial da capacidade de combate dos praticantes do grupo KMRED. As suas intervenções regulares proporcionam


uma nova dimensão à parte do combate, que recebe muita atenção no nosso trabalho. O grupo Krav Maga RED está em plena evolução e continuará construindo-se durante 2015, q u e s t i o n a n d o - s e constantemente através de intercâmbios construtivos com todos aqueles que trabalham para os praticantes, longe das guerras de egos.


Se falarmos de um Tai-Chi poderoso e marcial, nunca conheci ninguém como o Mestre Chen em sua execução e quando digo poderoso, entenda-se bem que por isso não deixo de dizer suave. A essência do Tai-Chi é o mistério e o paradoxo de como o suave vence o duro; um belo conceito que todos curiosamente podemos entrever em nossas mentes, mas levá-lo à prática… é outra coisa! Essa clássica metáfora do bambu, a da água..., tudo isso nos é muito familiar através da magnífica difusão que nos últimos anos a filosofia oriental tem tido no Ocidente. Mas... “do dito ao feito vai um trecho”, diz a sabedoria popular, e na hora de passar aos feitos, na maioria das vezes o Tai-Chi não passa de uma agradável e estética “performance”; uma apresentação sedutora, sim; saudável, sem dúvida!, mas Arte Marcial, o que se diz verdadeira Arte Marcial, amigo leitor, disso teríamos de fazer um acto de fé…, até que conheci o Mestre Chen! Sim. A suavidade está ali, mas também a firmeza necessária para projectar a força. “O Tai-Chi é como o bambu; quando o empurram cede, mas quando liberada essa tensão, o bambu nos bate como um raio” - me disse o Mestre no nosso primeiro encontro. O seu dilecto aluno Diogo Cáceres, já me tinha avisado de que o Mestre Chen “era diferente”. Estamos fartos


Kung Fu

de escutar isto neste nosso meio, mas desta vez, era verdade! Por tudo isso e após o êxito do seu primeiro vídeo acerca da forma “YI LU”, a principal do estilo Chen, pedi ao Mestre que escrevesse um livro, o livro definitivo para os estudantes de Tai-Chi. Certamente, nele descrevemos a forma passo por passo, mas para sermos coerentes com a parte marcial, pedimos que também compartilhasse com os nossos leitores o que em Karate se conhece como os “bunkai”, quer dizer, as aplicações que a tradição propõe como aplicação efectiva das técnicas e movimentos que se realizam executando a forma. A coisa deixa de ser um bailado!. Se quebram braços, se projectam pessoas, se bate nas zonas débeis e tudo isso desde a aplicação das chaves do Tai-Chi: O suave vencendo o duro! O resultado é imponente. Um livro com mais de 1.000 fotografias a cor, uma verdadeira guia completa para o estudo do estilo Chen, que complementa o trabalho em vídeo, já à disposição dos leitores de Cinturão Negro. Um trabalho do qual todos na nossa redacção sentimos orgulho. Alfredo Tucci


O Estilo Chen de Tai-Chi Chuan O Estilo Chen é o mais antiguo que se conoce e é considerado a origem do Tai-Chi Chuan. Podemos dizer que foi o resultado de compilar diferentes Artes Marciais. No seu trabalho há técnicas de batimento com punho, cotovelo, ombro, perna, joelho, assim como projecções, luxações, imobilizações, saltos, etc. Existe um adágio popular a esse respeito, que diz que “todo o corpo são mãos”, quer dizer, muitas partes do corpo podem bater. As suas origens vêm de fins do século XIV, na aldeia de Chenjiagou na China. Foi nessa época que Chen-Bu, quem é considerado origem da família Chen, se estabeleceu na aldeia, ainda que realmente, começaram a ser conhecidos a partir da sua 9ª Geração, com Chen Wang-Ting (16001680). Por volta da década de trinta do passado século, Chen Fake (17ª Geração) viajou da aldeia de Chenjiagou para Pequim, onde fez famoso o Estilo Chen, como consequência de seu alto nível técnico. Inicialmente havia 7 formas, que depois se reduziram a 2, denominadas Yi-Lu e Er-Lu (Pao Chui ou forma canhão). Ambas se caracterizam por combinar movimentos lentos e suaves, com outros rápidos e explosivos, sempre dentro da continuidade própria do Tai-Chi Chuan. Na forma Er-Lu, existe uma maior utilização de Fa-jing em grande parte de seus movimentos. As posições são baixas e muito enraizadas, o que favorece a descarga de potência do Fa-jing. O “Chanse-Ching” é o rasgo mais característico do Estilo Chen. Surge do princípio denominado “enrolar o casulo da seda” e consiste no trabalho da força em espiral: o Chi (energia) desdobra-se em espiral desde os pés, de onde



Grandes Mestres


Kung Fu ascende por todo o corpo até chegar às mãos. Este movimento em espiral, utiliza-se como defesa ou como ataque.

A força originária do Tai-Chi Chen No Tai-Chi Chen, realizando os movimentos da forma, aplica-se como trabalho de base, o conceito anteriormente exposto, com constantes movimentos de recolher ou interiorização da energia, para imediatamente depois se expandir e, em seu caso, “explodir” no Fa-jing. Essa mesma sensação energética também se aprecia no próprio movimento do corpo, que se encerra em si mesmo para depois se abrir ao exterior. Ao mesmo tempo, realizam-se movimentos ondulatórios; semelhantes às ondulações de uma serpente.

As energias elementares e a circulação energética O homem responde às forças do Céu e da Terra e depende do intercâmbio de energia com o meio. As energias do Céu e da Terra ocupam tudo; quando se dispersam tornam a reunir-se, voltando sempre ao seu estado inicial. Tudo vem do Tao, o princípio único e indiferenciado. O Qi é a força elementar, a primeira manifestação da origem. O Qi se polariza através de duas forças: Yin e Yang. Todo estado de desequilíbrio energético gera mal estar por duas razões, por carência ou por excesso. Em plenitude o denominamos XU (ou Yang) e em defeito ou vazio ZXU (ou Yin). O homem é um ser que resulta das duas energias. De harmoniosamente emite vibrações com seus movimentos; essa mutação permanente e contínua, precisa de um abastecimento energético que a mantenha. Um meio para gerar essa energia, falando em termos marciais, se realiza pela via da respiração, e a outra através do próprio movimento físico. A energia Yang expande, a Yin contrai; este é o jogo que devemos manter na nossa prática.

O corpo humano mantém dois pulsos, o Zhen e o Du; o homem e a mulher funcionam com pulsos contrários, a mulher tem o pulso mais débil no exterior e mais forte no interior e o homem ao contrário. O pulso Zhen é o que leva a força do sangue e o Du o impulso do ar. Na prática devemos centrar os canais principais de circulação de energia corporal. A energia circula saindo do Tan Tien (quatro dedos por debaixo do umbigo), dividindo em dois o corpo; por um lado sobe pelo peito para a cabeça, e desce pelas costas até chegar ao ponto Huiyin, e por outro sai do Tan Tien fazendo um círculo e rodeando a cintura.


Grandes Mestres No momento da prática devemos dirigir a nossa concentração e respiração para o Tan Tien e visualizar esta energia circulando por estes dois canais, enquanto mantemos uma respiração pausada e tranquila como o gorjeio de um pássaro.

As características técnicas A prática do Tai-Chi Chen ensinanos uma técnica baseada,

principalmente, no movimento de “explosão” do corpo. O dito movimento faz com que este gire como um tornado, empurrado por uma convulsão dos pés à cabeça que, no último momento, se manifesta como uma chicotada de ataque ao inimigo. A arte do ataque é análoga à maneira como uma águia prende um coelho com suas garras. É preciso manter o controlo através do contacto físico, mas sem chegar a agarrá-lo. Os ataques do Tai-Chi Chen pressionam sobre superfícies específicas, não em qualquer parte, e geralmente se correspondem com tendões e nervos, veias e artérias,

pressionando em pontos eixo que fazem que se desloquem os ossos, luxando-os, dividindo músculos e tendões. Utilizamos como armas a palma e o dorso da mão, o punho, o ombro, o antebraço, o cotovelo, etc. O dedo polegar e o mindinho podem girar como as agulhas do relógio, a favor ZHEN, ou contra FAN. A palma da mão também pode utilizar movimentos de carícia, contra e a favor do movimento; quando uma mão está em cima a outra desce e vice-versa. Os movimentos dos pés têm oito técnicas que se podem utilizar, o peito do pé, o calcanhar, a parte média da curvatura do pé por dentro, por fora, o calcanhar, e as


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Kung Fu suas variantes em 45 graus, também se aconselham os varrimentos, as rotações em tornado. Enquanto às posições, a mais importante é a denominada Mapu (montar a cavalo), pois permite variar os pesos do corpo e balançá-lo para um lado ou para o outro, dependendo do ataque. Lidamos também com as posições de Xiebu, sentado sobre o calcanhar; Xibu em rotação; Dulibu sobre uma só perna elevando o tronco; assim como as posições de Pubu, muito baixas para fortalecer os tendões. O estilo requer muita flexibilidade, por isso é importante iniciar a sua prática na juventude, quando os músculos e tendões estão pouco endurecidos, facilitando assim para que essa extensão não se perca e se possa manter durante toda a vida; de outro modo, se começarmos a prática tarde, poderemos constatar que as nossas posições serão duras e não poderemos manter posições estéticas e desde já também não aquelas que nos possam proporcionar a necessária potência no momento da realização dos exercícios. Teremos sempre em consideração que a posição mais importante será a de Mapu, que é a que mais nos vai facilitar fazer rotações com o corpo; a cabeça sempre direita, olhando em frente, mas sem manter o olhar perdido; este deve estar sempre alerta, sem o fixar num ponto, mas também não estar perdida. O ouvido alerta; a nuca não deve estar tensa mas concentrada; as costas devem estar muito rectas, o peito erguido com o estômago para dentro, mas nunca arqueando as costas ou com os glúteos para fora. Desse modo, poderemos realizar todas as rotações com o corpo, permitindo-nos girar no ataque e na defesa, facilitando a livre rotação da coluna em 45º, para a esquerda ou para a direita.



Kung Fu Os glúteos têm de se manter como se estivéssemos sentados na água, numa posição firme, mas ao mesmo tempo com a flexibilidade suficiente para não estarmos rígidos no momento de nos deslocarmos; de maneira que se o contrário nos ataca pela esquerda, poderemos mudar o peso do corpo para a direita e vice-versa, evitando assim os ataques às coxas ou aos joelhos, podendo deslocá-los e afastá-los do ângulo de ataque. Um glúteo rígido nos fixaria ao chão, impedindo-nos mover-nos com agilidade. Temos de respeitar o ponto de mira e mante-lo sempre durante o ataque. Utilizaremos movimentos em círculo. Como já disse, quando uma mão sobe a outra desce; quando o

corpo se eleva, o movimento seguinte será de descida, e assim sucessivamente. Quando uma palma está para cima, a outra mantém-se para baixo, para depois mudar a posição e a que estava de um lado agora estará no outro, sempre o jogo dos movimentos contrários. A aprendizagem realiza-se como quando éramos crianças, recémnascidas, realizando esse movimento em rotação que mantínhamos nos braços e pernas, e que com o processo de crescimento vamos perdendo. Em pequenos, todos os nossos movimentos eram circulares, como método de defesa frente ao desconhecido. Com o Tai Chi Chen devemos recuperar o sistema

circular de movimentos. Os movimentos mais característicos de nuestro Estilo são: • O famoso grou que estende as asas, Baihe Liangehi. • Varrimentos de joelho com passo em frente Louis aobu. • Retroceder girando antebraços Daojuan gong. • Agarrar cauda de pardal, esquerda, Zoulan quewei. • Agarrar cauda de pardal, direita, Youlan quewei. • Pontapé de calcanhar, Ti dengjiao. • Balançar-se para a frente, para trás, Chuansuo. • Girar o corpo, desviar, esquivar, bater, Zhuanshen Banlanhui.

BIOGRAFIA DO MESTRE CHEN O Mestre Chen nasceu no Município de Ruian, província de Zhejiang, na aldeia de Chen-Ao, da povoação Chang-Quiao. Desde muito jovem estudou o Estilo de Kung-Fu, com o Mestre de Shaolin Youlongji,conhecido como o “Monge de Ferro”. Aprendendo com ele, ouviu

falar do Mestre Hongyunshen, que ensinava o TaiChi Chuan do Estilo Chen, na cidade de Shandong e sem pensar duas vezes, para lá se dirigiu. Corria o ano de 1983 quando finalmente iniciou a sua aprendizagem com Hongyunshen, numa pequena escola, à qual assistia todas as manhãs. Durante esse período conheceu o Mestre Liochende, que todos os dias, da parte da tarde, ia dar aulas no parque, aulas essas às quais também começou a assistir. Em 1996, o Mestre Chen voltou a Ruian, onde começou a dar aulas. Para aprender com ele chegaram alunos vindos de muito longe. No ano 2000, uma série de desafortunados acontecimentos o levaram a abandonar o seu país. Após muitas viagens e peripécias, chegou à Espanha em 2001, convidado por um empresário chinês de origem, além de actor e famoso professor de Artes Marciais em Madrid, o Sr. Fan Xin Min, que também realizou um vídeo com Budo International. Na capital da Espanha, conheceu Diego Cáceres, de quem rapidamente se fez amigo. O professor Cáceres, percebendo as destacadas habilidades e conhecimentos do Mestre Chen, o adoptou como professor. Pouco depois o Mestre Chen resolvia viver na Espanha, onde ministra as suas ensinanças.


A escola Wado Ryu de Karatedo mantém na actualidade a prática de certas técnicas tradicionais desde a posição Seiza, ou seja, sentado de joelhos sobre os calcanhares dos pés. Este DVD contém uma dezena destas formas de defesa, denominadas I Dori, com a explicação de suas características. Junto delas, outras tantas técnicas de Tanto Dori, defesas frente a ataques de faca, também tradicionais da escola do Mestre Hironori Ohtsuka, fazem com que este DVD seja imprescindível para os interessados não só nesta peculiar escola como no Karate em geral, posto também serem técnicas muito interessantes como prática, em qualquer dos outros estilos desta nobre Arte Marcial. Em Neste DVD são consideradas várias formas de defesa Wado Ryu, ainda que pertencentes a diferentes correntes ou linhas dentro deste estilo de Karate, tendo sido escolhidas as mais adequadas, à margem desse tipo de diferenciações e sempre respeitando o ritmo, cadência, altura de posições e em geral, a naturalidade que o Wado Ryu teve na sua origem. O trabalho, que é realizado pelo Mestre Salvador Herraiz, 7ºDan, um dos grandes estudiosos do Karate e do Wado Ryu a nível internacional, se complementa com os katas Seishan e Chinto, os mais representativos e superiores da escola, assim como com o Kata Wanshu, como extra.

REF.: • WADO1

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REF.: • TAOWS-2





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