Acompanhameno de obras

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Foto: Donald Miralle / Getty Images Foto: Divulgação / Prefeitura do Rio

Oito novas arenas permanentes, cinco outras totalmente modernizadas e instalações provisórias de alto padrão. O Pan transforma o Rio de Janeiro em dono de uma das mais modernas plataformas esportivas do planeta

Fotos: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

as instalações esPORtiVas

O Complexo Esportivo de Deodoro, o Parque Aquático Maria Lenk, a Arena Provisória do Vôlei, o Estádio Olímpico João Havelange, a Arena Multiuso e o Maracanã (em sentido horário a partir do alto, à esq.): novos projetos e reformas que mudaram a realidade esportiva do Rio e a do País


O RIO DE TODAS AS MODALIDADES

Centro de Hóquei sobre Grama Sargento João Carlos de Oliveira Estrada São Pedro de Alcântara, 2020, Deodoro 1.717 pessoas Hóquei sobre grama; Futebol de 5; Futebol de 7 Centro de Tiro com Arco Av. Brasil, 27197, Deodoro 502 pessoas Tiro com Arco 2

Arena do Vôlei de Praia Av. Atlântica, s/nº, Copacabana Ministério do Esporte 5.381 pessoas Julho de 2007 Vôlei de praia

3

Arena do Posto 6

Av. Atlântica, s/nº, Copacabana Ministério do Esporte 182 (acesso livre ao longo da areia para milhares de espectadores) Julho de 2007 Triatlo; Maratona aquática

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Centro de Segurança dos Jogos (no prédio da Central do Brasil) Sede das operações de segurança, o COS foi inteiramente montado pelo governo federal, assim como outras instalações do setor de segurança

Av. Bra

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Armazém Central de Logística Abrigado no galpão da Base de Abastecimento da Marinha, era formado por equipes de logística e esteve equipado com tratores, empilhadeiras, guindastes e equipamentos manuais de movimentação de carga, além de uma variada frota de transporte

1 Garagem Central (GCT) Esta instalação temporária de 45 mil m2, bancada pelo governo federal, abrigou a frota de veículos dos Jogos

14

(conheça todos no capítulo “Segurança”).

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4 Av.

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6 Clube dos Caiçaras Av. Epitácio Pessoa, s/nº, Lagoa Rodrigo de Freitas Governo estadual (executou a montagem por meio de convênio com o Ministério do Esporte) Livre Julho de 2007 Esqui aquático

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Av. das Américas

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Av. Niemeyer

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Oceano Atlântico

RECREIO DOS BANDEIRANTES

Hotel Windsor Barra O hotel oficial do Pan foi a sede da Odepa durante o evento (uma infra-estrutura de apoio aos Jogos também foi montada no hotel Sheraton Barra e no Royalty, em Copacabana, que também hospedaram dirigentes de organismos esportivos internacionais e árbitros)

Centro Principal de Operações (MOC) Uma sala de 300m2 na sede do COB abrigava o Main Operation Center, o centro nervoso do Pan. Aqui, qualquer situação que pudesse prejudicar o bom andamento do evento era analisada por 75 pessoas do CO-Rio, dos três níveis de governo, da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), Defesa Civil e do Instituto Nacional de Meteorologia

2

Praia de Copacabana

6

7

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Centro de Uniforme e Credenciamento (UAC) Funcionou em uma instalação temporária de 4,5 mil m2 nos fundos do BarraShopping e teve a montagem financiada pelo governo federal. Emitiu 118.322 credenciais e distribuiu mais de 400 mil uniformes

13 15

COPACABANA

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Aeroporto Santos Dumont

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Av. Abelardo Bueno

10 Cidade dos Esportes Prefeitura (com aporte do Ministério do Esporte) Arena Olímpica do Rio Av. Embaixador Abelardo Bueno, s/nº, Barra da Tijuca Prefeitura 15.000 pessoas (com cadeiras retráteis) ou 12.000 (sem as cadeiras) Julho de 2007 Ginástica artística; Basquete; Basquete em cadeira de rodas; Cerimônia de abertura do Parapan

CENTRO

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5 Estádio de Remo da Lagoa Av. Borges de Medeiros, s/nº, Lagoa Rodrigo de Freitas Governo estadual e concessionária Glen 2.500 pessoas Junho de 2007 Remo; Canoagem

8 VILA PAN-AMERICANA Av. Ayrton Senna, 3400, Barra da Tijuca Governo federal (Caixa Econômica Federal) e iniciativa privada (Agenco) 7.776 (Pan) e 2.003 (Parapan) Junho de 2007

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RAMOS

Parque Aquático Júlio Delamare R. Prof. Eurico Rabelo, s/nº, Maracanã Governo estadual 4.000 pessoas Maio de 2006 Pólo aquático

7 Barra Bowling Av. das Américas, 4666, 3º piso Barra da Tijuca Iniciativa privada Acesso fechado ao público Julho de 2007 Boliche

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Centro Nacional de Tiro Esportivo Tenente Guilherme Paraense Av. Brasil, 27197, Deodoro 4.165 pessoas Tiro esportivo

A

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Centro Nacional de Hipismo General Eloy Menezes Av. Duque de Caxias, 2819, Deodoro 4.965 pessoas Hipismo

Estádio Mário Filho R. Prof. Eurico Rabelo, s/nº, Maracanã Governo estadual (em convênio com o Ministério do Esporte) 90.000 pessoas Janeiro de 2006 (reinauguração) Futebol; chegada da Maratona; Cerimônias de abertura e encerramento do Pan Maracanãzinho R. Prof. Eurico Rabelo, s/nº, Maracanã Governo estadual (executou a obra através de convênio com o Ministério do Esporte) 11.800 pessoas Junho de 2007 Vôlei

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Centro de Pentatlo Moderno Coronel Eric Tinoco Marques Estrada São Pedro de Alcântara, 2020, Deodoro 478 pessoas Pentatlo moderno

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Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim

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Ministério do Esporte Julho de 2007

DEODORO

9 Estádio João Havelange R. José dos Reis, 425, Engenho de Dentro Prefeitura 45.000 pessoas Junho de 2007 Atletismo; Futebol

ILHA DO GOVERNADOR

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Complexo Esportivo de Deodoro

Governo estadual (com aporte de recursos do governo federal)

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Av

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Responsável pela obra Capacidade de público Inauguração

4 Complexo Esportivo do Maracanã

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Legendas

Centro de Operações Tecnológicas (TOC) Uma sala de 1.680m2, dentro de um shopping, era o coração das operações de tecnologia dos Jogos. Implantado com recursos do governo federal, possuía 180 postos de trabalho e 16 mil metros de cabeamento elétrico

Parque Aquático Maria Lenk Av. Embaixador Abelardo Bueno, s/nº, Barra da Tijuca Prefeitura do Rio (com aporte de R$ 60 milhões do governo federal) 6.500 pessoas Julho de 2007 Natação; Nado sincronizado; Saltos ornamentais Velódromo da Barra Av. Embaixador Abelardo Bueno, s/nº, Barra da Tijuca Prefeitura (com aporte do Ministério do Esporte para importação da pista) 1.500 mil pessoas Julho de 2007 Ciclismo de pista; Patinação de velocidade 11 Riocentro Av. Salvador Allende, s/nº, Barra da Tijuca GL Events (concessionária da prefeitura) 14.200 pessoas (distribuídas entre os 4 pavilhões) Junho de 2007 Centro Principal de Imprensa (MPC) e Centro Internacional de Transmissões (IBC) Boxe; Levantamento de peso; Esgrima; Ginástica rítmica; Ginástica de trampolim; Futsal; Halterofilismo; Handebol; Judô; Lutas; Taekwondo; Badminton; Tênis de mesa; Vôlei sentado

12 Clube Marapendi Av. das Américas, 3979, Barra da Tijuca Prefeitura 4.500 pessoas Junho de 2007 Tênis em cadeira de rodas; Tênis 13 Marina da Glória Av. Infante Dom Henrique, s/nº, Glória Concessionária Nova Marina Livre Julho de 2007 Vela 14 Complexo Miécimo da Silva R. Olinda Ellis, s/nº, Campo Grande Prefeitura 4.000 pessoas (ginásio) e 2.000 pessoas (estádio) Julho de 2007 Futebol; Caratê; Patinação artística; Squash 15 Parque do Flamengo Av. Infante Dom Henrique, s/nº, Flamengo Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro Livre Julho de 2007 Maratona; Ciclismo de estrada 16 Centro de Futebol Zico

(CFZ)

Av. Miguel Antônio Fernandes, 700, Recreio dos Bandeirantes Prefeitura e CO-Rio 1.000 pessoas Julho de 1996 Futebol 17 Morro do Outeiro R. Abraão Jabour, s/nº, Curicica Prefeitura 260 pessoas Julho de 2007 Ciclismo BMX; Mountain bike 18 Cidade do Rock Av. Salvador Allende, s/nº, Barra da Tijuca Prefeitura 1.500 pessoas Julho de 2007 Beisebol; Softbol


Um investimento inédito em 50 anos

O

s legados mais importantes deixados pelos Jogos Panamericanos Rio 2007 são as oito instalações permanentes construídas e as cinco reformadas no Rio de Janeiro. Não bastasse a magnitude do feito, ele se torna ainda mais importante quando se constata que, no Brasil, nada de tão inovador havia sido realizado em matéria de equipamentos esportivos desde os anos 50, com a construção do Estádio Mário Filho, ou simplesmente Maracanã, que se tornou verdadeiro cartão-postal do País. Ainda na década de 50, havia sido construído o Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, em São Paulo, composto por dois ginásios poliesportivos, um estádio com pista de atletismo, conjunto aquático e o Palácio do Judô. Em 1963, o Pan realizado na capital paulista deixou como legado seis prédios da Vila Pan-americana, que hoje forma o Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (Crusp), piscina e quadras que agora compõem o Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp). Na opinião da maioria de atletas, técnicos, jornalistas e dirigentes, brasileiros e estrangeiros, que atuaram no Pan, o conjunto erguido para o evento é comparável ao das melhores plataformas esportivas internacionais. “A magnífica infra-estrutura constitui um importante legado para o Rio e o Brasil”, disse o presidente da Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa), Mario Vásquez Raña. “As instalações esportivas e a Vila do Pan são de primeiro mundo”, declarou a ex-nadadora Patrícia Amorim, que integrou delegações brasileiras em Olimpíadas e outras competições e hoje é vereadora carioca. “Não foram medidos esforços. Estou encantada, com uma impressão maravilhosa”, completou. Alguns palcos de competição tornaram-se referência internacional no mundo esportivo, como o Centro Nacional de Hipismo, o Centro Nacional de Tiro Esportivo (ambos no Complexo de Deodoro), o Estádio João Havelange e a

Cidade dos Esportes (composta da Arena Olímpica, do Parque Aquático Maria Lenk e do Velódromo da Barra). “É a melhor infra-estrutura esportiva que eu já vi em Pan-americanos”, declarou Julio Maglione, membro do corpo executivo do Comitê Olímpico Internacional (COI) e presidente do Comitê de Coordenação da Odepa e do Comitê Olímpico Uruguaio. “A qualidade é excelente”, resumiu Felipe Muñoz, presidente do Comitê Olímpico Mexicano. Para analisar o processo de construção das instalações, é preciso levar em conta a mudança de escopo do projeto: o que estava previsto no dossiê de candidatura era diferente do que foi executado. Após a escolha do Rio como cidade-sede dos Jogos, os organizadores optaram por fazer “o melhor Pan da História”, como costumava-se dizer, e a área de instalações, naturalmente, foi uma das que mais sofreram alterações. O estádio de atletismo previsto para 10 mil pessoas no dossiê de candidatura, por exemplo, foi substituído pelo João Havelange, erguido com R$ 318,357 milhões e capaz de abrigar 45 mil torcedores. A grande mudança do projeto inicial para patamares de excelência internacional fez com que o planejamento de instalações fosse refeito a partir de 2003, desta vez com a consultoria da empresa australiana MI Associates, contratada pela prefeitura para conduzir o processo em conjunto com o Comitê Organizador Rio 2007 (CO-Rio). O governo federal fez convênios com a prefeitura e o governo estadual para repassar recursos que seriam fundamentais na conclusão de instalações importantes, como o Maria Lenk, o Maracanã e o Maracanãzinho. Nenhuma das obras das instalações permanentes seguiu o ritmo desejado pelos governos nem terminou no prazo estipulado no planejamento do CO-Rio. “Todas deveriam ficar prontas de três a quatro meses antes dos Jogos para treinar as equipes que iriam operá-las. Assim, é mais provável que os Jogos aconteçam com tranqüilidade”, explica o australiano John Baker, arquiteto contratado pela MI Associates. Os motivos para a demora vão desde o grande

volume de exigências burocráticas de diversos órgãos, passando por problemas operacionais das empreiteiras até disputas judiciais em torno da posse de terrenos ou de autorizações do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Cada obra tem seu histórico particular de dificuldades. As instalações temporárias também sofreram com o não-cumprimento de prazos. Neste caso, o principal motivo foi a inexperiência do CO-Rio: os projetos eram elaborados pelo Comitê, que os repassava aos governos, responsáveis por licitá-los. Mas a falta de especificações motivou a intervenção dos entes governamentais para que os editais tivessem parâmetros mínimos necessários exigidos, o que atrasou o processo (detalhes mais adiante). O adiamento, embora não tenha causado prejuízos na área de instalações, prejudicou o treinamento das equipes e a montagem dos sistemas de tecnologia. O tempo foi curto para corrigir eventuais falhas de projetos. O não-cumprimento dos cronogramas também produziu desconfiança na opinião pública. O temor era o de passar pelo constrangimento de não ver os espaços prontos a tempo. Mas a insegurança acabou nas semanas anteriores aos Jogos, na medida em que as plataformas eram entregues. Brasileiros e estrangeiros constataram, então, que o Pan deixaria como principal herança um dos mais modernos conjuntos de equipamentos esportivos do mundo, capaz de gerar ganhos não só para o treinamento de atletas como para a realização de diversos eventos nacionais e internacionais. As reações durante o Campeonato Mundial Militar de Pentatlo Moderno, um dos eventosteste do Pan, realizado no Complexo de Deodoro em maio de 2007, por exemplo, ilustram esta mudança de visão. “As instalações são excepcionais, a iluminação do tiro está excelente. Na natação, o bloco é extremamente bem feito e a piscina, toda nivelada”, elogiou a pernambucana Yane

Marques, campeã na categoria Open. “Os alvos de tiro são eletrônicos e, na esgrima, eu nunca tinha visto um painel tão completo como o que transmite os resultados”, acrescentou a atleta. “Fiquei impressionado com o que é oferecido em Deodoro para a prática do hipismo. Ainda não tinha visto nada igual”, elogiou, na mesma competição, o gaúcho Daniel dos Santos. “O governo federal construiu em Deodoro um conjunto esportivo moderno, à altura das grandes competições mundiais. Para que tudo desse certo na época do Pan, os testes feitos durante o Mundial Militar de Pentatlo Moderno foram decisivos. O CO-Rio teve, naquele momento, a oportunidade de avaliar os pontos positivos da estrutura que estava sendo oferecida e, eventualmente, ajustar possíveis falhas que fossem registradas, a tempo para corrigi-las para o Pan.”, explica o secretário do Ministério do Esporte para os Jogos, Ricardo Leyser. Até mesmo na reabertura do Maracanãzinho, que causou muita preocupação por causa do atraso nas obras, as avaliações de atletas e técnicos beiraram a euforia. O ginásio foi reinaugurado em junho para o evento-teste Desafio Internacional de Voleibol Feminino, entre Brasil e Sérvia. “Na Itália, onde jogo, não existe um ginásio com estas dimensões. Só vi algo semelhante no Japão. Este é hoje um dos melhores do mundo”, animou-se a brasileira Sheilla. “Fico muito orgulhoso de voltar ao ginásio e vê-lo desta forma”, declarou o técnico da seleção feminina brasileira, José Roberto Guimarães. “Só vi algo deste nível no Japão”, afirmou a capitã da seleção sérvia, Jelena Nikolic. Para o presidente do CO-Rio, Carlos Arthur Nuzman, as instalações são um dos mais importantes legados dos Jogos: “Nos últimos 50 anos, nenhuma cidade brasileira recebeu um conjunto de plataformas esportivas ao menos próximo deste. Alguns esportes, como hóquei sobre grama, tiro esportivo e ciclismo, nem sequer contavam com um local próprio de disputa no País”.


as instalações se tornam olímpicas

O

custo estimado para as construções sofreu ao menos três ajustes ao longo da preparação dos Jogos. No dossiê revisado em fevereiro de 2003, estava estimado em R$ 333 milhões. Quatro anos depois, na Matriz de Responsabilidades, chegava a R$ 1,5 bilhão (Leia mais no capítulo orçamento). Ao final, o custo de construção e manutenção fechou em torno de R$ 1,6 bilhão. Hoje, algumas instalações estão praticamente prontas caso o Rio venha a abrigar a Olimpíada de 2016, como o Centro Nacional de Tiro Esportivo, Centro Nacional de Hipismo e a Arena Olímpica: 72% dos atletas já poderão competir em 56% das instalações (19 delas) usadas no Pan. Algumas foram projetadas para atender às exigências olímpicas e carecem apenas de ajustes já previstos, como a ampliação da capacidade de público, caso do Estádio João Havelange, construído para 45 mil pessoas mas com previsão de aumento para 60 mil. Na concessão feita ao Botafogo de Futebol e Regatas foi estabelecido que a instalação será

cedida para a organização das Olimpíadas de 2016 se o Brasil for vitorioso. A decisão de conferir aos Jogos um nível internacional de excelência elevou os custos das obras, mas foi também uma das responsáveis pelo fato de a competição ter sido considerada pelo próprio presidente da Organização Desportiva Pan-americana (Odepa), Mario Vásquez Raña, “a melhor da história”, e por ter deixado ao Rio um legado que o credencia para se tornar cidadesede de uma futura realização dos Jogos Olímpicos. “Em 2003, quando começamos a executar o planejamento, pensamos: se é necessário e inevitável investir em instalações – e não somos um país com facilidade para financiar a renovação desses parques, por que não fazer essas plataformas com padrão internacional, como gostam de definir alguns? Até porque tínhamos pouco, quase nada”, justifica Nuzman. No dossiê de candidatura aprovado pela Odepa em 2002, constavam 23 instalações (veja no quadro como seria).

Parque Natural Municipal do Mendanha Ciclismo de mountain bike Complexo Esportivo do Maracanã Estádio do Maracanã – Futebol, cerimônias de abertura e encerramento e chegada da maratona Ginásio do Maracanãzinho Vôlei Parque Aquático Júlio Delamare Saltos ornamentais e pólo aquático Estádio de Moça Bonita (Bangu) Futebol Estádio Ítalo del Cima (Campo Grande) Futebol Centro de Futebol Zico (CFZ) Futebol e hóquei sobre grama Complexo Esportivo Miécimo da Silva Ginástica artística e handebol

instalações PReVistas nO dOssiê

Vila Militar de Deodoro

Complexo Esportivo do Autódromo

Hipismo e tiro esportivo

Arena Multiuso – Basquete e ginástica rítmica

Colégio Militar

Estádio de Atletismo – Atletismo

Pentatlo moderno

Parque Aquático – Natação e nado sincronizado

Clube Marapendi

Velódromo – Ciclismo de pista

Tênis

Autódromo Nelson Piquet – Ciclismo de estrada Complexo Esportivo do Riocentro Badminton, boxe, esgrima, judô, levantamento de peso, lutas, taekwondo e tênis de mesa Cidade do Rock Beisebol, softbol e tiro com arco Estádio de Remo da Lagoa Canoagem de velocidade e remo

Arena do Posto 6 Triatlo Marina da Glória Vela Arena de Copacabana Vôlei de Praia

Quinta da Boa Vista

Vila Pan-americana

Canoagem slalom

Inicialmente localizada na Avenida Salvador Allende


Com o tempo, foram feitos ajustes, e um dos motivos foi a já citada mudança de escopo do projeto. Alguns equipamentos ficaram acanhados demais para o padrão que se pretendia. Outra razão foram as alterações na relação de modalidades tradicionalmente feitas pela Odepa até o fechamento do programa definitivo. Uma delas saiu do programa em 2005, a canoagem slalom, e outras oito entraram: ciclismo BMX, ginástica de trampolim, futsal, caratê, patinação artística, squash, esqui aquático e maratona aquática. Isso também provocou impacto no

orçamento previsto inicialmente. O objetivo dos organizadores de manter as mesmas modalidades do programa das Olimpíadas de Pequim 2008 foi conquistado, à exceção da canoagem slalom. Outros locais chegaram a ser cogitados, mas foram excluídos no processo de ajuste, caso do Estádio do Olaria (futebol), do Estádio de São Januário (futebol), do Sambódromo (ciclismo BMX), da Escola Naval e da Sociedade Hípica Brasileira (pentatlo moderno). Veja abaixo como ficou:

Complexo Cidade dos Esportes (antigo Complexo Esportivo do Autódromo) Arena Olímpica (Arena Multiuso) – Basquete e ginástica artística Parque Aquático Maria Lenk – Natação, nado sincronizado e saltos ornamentais Velódromo – Ciclismo de pista e patinação em velocidade Complexo Esportivo Miécimo da Silva Futebol, caratê, patinação artística e squash Estádio de Remo da Lagoa Canoagem e remo

RelaçãO final de instalações Complexo Esportivo de Deodoro Centro Nacional de Hipismo – Hipismo Centro Nacional de Tiro Esportivo – Tiro esportivo

Clube Marapendi Tênis Marina da Glória Vela

Centro de Hóquei sobre Grama – Hóquei sobre grama

Arena de Copacabana

Centro de Pentatlo Moderno – Pentatlo moderno

Vôlei de praia

Centro de Tiro com Arco – Tiro com arco

Arena do Posto 6

Complexo Esportivo do Maracanã

Triatlo e maratona aquática

Estádio do Maracanã – Cerimônias de abertura e encerramento e futebol

CFZ

Ginásio do Maracanãzinho - Vôlei

Futebol

Parque Aquático Júlio Delamare - Pólo aquático Complexo Esportivo do Riocentro Pavilhão 2 – Boxe e levantamento de peso

Morro do Outeiro Ciclismo de mountain bike e BMX Cidade do Rock Beisebol e softbol

Pavilhão 3A – Esgrima, ginástica rítmica e ginástica de trampolim Pavilhão 3B – Futsal e handebol Pavilhão 4A – Judô, lutas e taekwondo

Parque do Flamengo Ciclismo de estrada e maratona Clube dos Caiçaras

Pavilhão 4B – Badminton e tênis de mesa

Esqui aquático

Estádio João Havelange

Barra Bowling

Atletismo e futebol

Boliche


do papel para a realidade

O

primeiro passo para a construção de uma instalação era a definição sobre quem arcaria com os custos da obra e, na etapa seguinte, a forma como estes equipamentos seriam financiados pelos responsáveis. No caso do governo federal, se o faria por meio de contrato (licitação), convênio (com terceiros) ou destaque de crédito (transferência para outros órgãos federais). A União acabou utilizando os três tipos de financiamento: celebrou convênios com a prefeitura e o governo estadual; fez transferências de recursos para o Exército via Ministério da Defesa; e conduziu licitações para a construção do Complexo Esportivo de Deodoro e para a montagem de instalações temporárias. No caso das construções permanentes, após a apresentação de um esboço pelo Comitê Organizador Rio 2007 (CO-Rio), ficava a cargo dos entes governamentais decidirem a contratação das empresas que fariam o projeto básico. Em seguida, contratavam a construtora que desenvolveria o projeto executivo e realizaria a obra. No caso das instalações temporárias, a elaboração dos projetos básicos ficava a cargo do CO-Rio, mas a contratação das construtoras também era feita pelos governos.

O ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz, o ex-comandante militar do Leste general Domingos Curado, e o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, lançam a pedra fundamental do Complexo de Deodoro, em 20/03/2006: início de uma nova fase para várias modalidades

Foto: Divlugação / CO-Rio

A diferença entre o Rio 2007 e os Jogos Panamericanos que o antecederam é o modelo de contratação das empresas responsáveis pela construção das instalações temporárias. “Em Winnipeg 1999, o governo repassava o dinheiro para o comitê, que contratava os serviços. Desta forma, o contratado respondia diretamente ao comitê, o que lhe dava mais flexibilidade para fazer mudanças no projeto. Depois o comitê prestava contas para os governos”, explica Mario Cilenti, subsecretário geral do CO-Rio que trabalhou nas três edições anteriores dos Jogos Panamericanos e nas duas últimas dos Jogos da Comunidade Britânica.


DiViSãO DOS RECuRSOS APLiCADOS PELO GOVERNO FEDERAL EM iNStALAçõES R$ 141,7 milhões no Complexo Esportivo de Deodoro (inclui obras complementares do Exército, aquisição de obstáculos do hipismo, homologações, insumos e outros itens); R$ 93,2 milhões na Vila Pan-americana (direito de uso sobre os imóveis, governança, lavanderia e restaurante); R$ 52 milhões convênio com a prefeitura para obras de infra-estrutura no entorno da Vila Pan-americana

Foto: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

R$ 189,4 milhões em financiamento da Caixa Econômica Federal para a construção da Vila;

O

Plano Estratégico de Ações Governamentais (PAG), lançado em junho de 2006, explica o objetivo do governo federal ao investir nas instalações dos Jogos: dotar o Brasil de uma infra-estrutura esportiva por meio da construção e adequação de equipamentos modernos e de nível internacional. O documento previa que os investimentos federais fossem feitos em três áreas: na construção do Complexo Esportivo de Deodoro e do Parque Aquático Maria Lenk, esta última obra tocada pela Prefeitura por meio de convênio com o Ministério do Esporte; na aquisição e fornecimento de bens e serviços necessários ao atendimento de atletas e oficiais hóspedes na Vila Panamericana, contemplando hotelaria, alimentação, lavanderia e outros; e na aquisição e locação de bens e serviços para instalações temporárias em modalidades como vôlei de praia, triatlo, hipismo, hóquei sobre grama e tiro esportivo, assim como em locais não esportivos, como hotéis, aeroportos e centros de operações do evento. No entanto, em 2007, a União incorporou outras obrigações, como auxílio financeiro para o término de

obras e serviços no Complexo do Maracanã, a cargo do Estado. Além disso, fez aportes para incumbências do município, como obras e melhorias na infra-estrutura do entorno da Vila Pan-americana, incluindo implantação de sistema viário, construção de estação de tratamento de rio e recuperação do Canal do Anil, e arcou com o custeio de serviços de água, gás, energia elétrica e outros. Os gastos federais nesses serviços públicos foram de R$ 4,8 milhões.

R$ 4,8 milhões em custeio de serviços de concessionárias; R$ 177,1 milhões em instalações sob responsabilidade de outros entes governamentais

FiNANCiAMENtO FEDERAL PARA iNStALAçõES DO EStADO E DA PREFEituRA Construção do Parque Aquático da Cidade dos Esportes no Autódromo

Convênio com Prefeitura do Rio

R$ 60 milhões

Importação da pista permanente do Velódromo

Convênio com COB

R$ 2,117 milhões

Complexo Maracanã / Maracanãzinho: realização de obras de infra-estrutura e instalação de equipamentos no Complexo; instalação do sistema de ar condicionado, de placares eletrônicos (principais e auxiliares), escadas rolantes e cadeiras retráteis, entre outros itens

Dois convênios com Governo do Estado do Rio

R$ 100 milhões

Overlays (instalações temporárias) no complexo do Maracanã, Estádio de Remo da Lagoa e Clube dos Caiçaras

Convênio com Governo do Estado do Rio

R$ 15 milhões

Total

R$ 177.117.000

Para erguer as instalações temporárias sob sua responsabilidade, o governo federal gastou R$ 60,9 milhões, contratadas por meio de licitação. O serviço incluiu a montagem e a desmontagem de tendas, tablados, assentos, vestiários, banheiros químicos, entre outros, e ainda móveis, aparelhos de ar condicionado, sinalizações para o espectador e programação visual do evento. Algumas exigiam estruturas mais complexas,

como as Arenas de Copacabana e do Posto 6 e os overlays do Complexo Esportivo de Deodoro. Outras eram compostas basicamente do “Look of the Games”, ou seja, cartazes, banners e outras peças de comunicação visual. O Ministério do Esporte firmou convênio (80/2007) para custear os overlays a cargo do governo estadual no valor de R$ 17,2 milhões – R$ 15 milhões da União e o restante em contrapartida do Estado.

iNStALAçõES tEMPORáRiAS CuStEADAS PELA uNiãO NOS SEGuiNtES LOCAiS Praia de Copacabana (vôlei de praia e maratona aquática) Complexo Esportivo de Deodoro UAC (Centro de Uniforme e Credenciamento), no Barra Shopping GCT (Garagem Central), na Av. Ayrton Senna

Medidores de gás da Vila Pan-americana

Foto: Arquivo / FIA

O governo federal investe nas obras

O Parque Maria Lenk, obra tocada pela prefeitura por meio de convênio com o Ministério do Esporte

R$ 60,9 milhões em instalações temporárias;

MOC (Centro Principal de Operações), na sede do COB Aeroportos do Rio de Janeiro: Galeão e Santos Dumont; de São Paulo: Cumbica (Guarulhos) e Congonhas; e de Belém – todos locais de desembarque ou conexão de participantes dos Jogos Hotéis Windsor, Sheraton e Royalty, na Barra da Tijuca


Aparelhos de ar condicionado de tipos diferentes

Espelho

Assentos plásticos

Flip-charts (quadros magnéticos)

Arquibancadas em estruturas tubulares

Aparelhos de frigobar de 90 litros

Banheiros químicos de vários tipos, inclusive adaptados para deficientes

Organizadores de filas

Revestimento de piso com brita

Geladeiras de vários modelos e tamanhos

Cerca alta com fechamento em tela de arame

Arquivos com gavetas

Cercas de vários tipos

Guarda-volumes de diversos tipos

Contêineres de diversos tipos, modelos e tamanhos

Luminárias diversas

Divisórias de diversos tipos,modelos e tamanhos

Lixeiras de diversos tipos e modelos

Forros em placas

Macas médicas

Mastros de diversos tipos

Mesas de diversos tipos,modelos e utilidades

Ferros a vapor 110V

Organizadores de documentos

Armários de diversos tipos e modelos

Poltronas de diversos tipos e modelos

Bancos de madeiras de diversos tipos e modelos

Pranchetas

Banquetas

Quadros de cortiça

Balcões de recepção

Quadros brancos

Bebedouros

Relógios de parede

Beliches

Racks para TV de diversos tipos

Biombos

Sofás de 2 lugares de diversos tipos e modelos

Cabideiros de diversos tipos

Telas de projeção

Cadeiras de diversos tipos e modelos

Ventiladores

Cofres em aço

Pisos de diversos tipos e materiais

Claviculários (porta-chaves)

Porta palete (tipo estante)

Coolers

Tablados de madeira de diversos tipos e tamanhos

Estantes de vários tipos

Tendas de diversos tipos, modelos e tamanhos

Escaninhos

Vasos de plantas

ELEMENtOS DE SiNALiZAçãO E AMBiENtAçãO Adesivos de diversos tipos, materiais e tamanhos

Mecanismo para hasteamento de bandeiras: bases e mastros

Backdrops (painéis)

Painéis de diversos tipos, materiais e tamanhos

Bandeiras

Placas de diversos tipos, materiais e tamanhos

Banners de diversos tipos, materiais e tamanhos

Pódios

Blimps (balões promocionais)

Pórticos de diversos tipos e tamanhos

Bóias

Prismas

Fitas de rede de vôlei de diversos tipos

Protetores de postes de vôlei

Lonas de diversos tipos, materiais e tamanhos Guarda-sóis

Saias p/ arquibancada e mesas de diversos tipos, materiais e tamanhos

Kit para estande de informação

Tótens de diversos tipos, materiais e tamanhos

exemplos de relatórios de monitoramento das instalações

ExEMPLOS DE itENS DE iNStALAçõES tEMPORáRiAS (OVERLAyS) CONtRAtADOS PELO GOVERNO FEDERAL

O

governo federal decidiu entrar com força no financiamento de obras e serviços do governo do Estado e da prefeitura quando o monitoramento da agência implementadora Fundação Instituto de Administração (FIA), contratada pelo Ministério do Esporte, detectou que havia atrasos em certos cronogramas, e que as partes então responsáveis por aqueles itens não estavam em condições de cumprir todos os compromissos estabelecidos. Na festa de lançamento da mascote do Pan, em 13 de julho de 2006, o presidente da República afirmou que o compromisso do governo federal com o Pan era total e determinou que o Ministério acompanhasse diariamente o andamento dos preparativos, ressaltando que uma boa organização dos Jogos credenciaria o País a receber outros eventos

internacionais. Na época, ele realçou que o governo precisaria fazer uma fiscalização de lupa para acompanhar diariamente o que estava faltando, para que não houvesse efeito negativo para o Brasil caso algum objetivo não fosse cumprido no prazo e a contento. A partir disso, o ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior, confirmou a decisão de reforçar as equipes de trabalho do Ministério. “A decisão é ampliar as equipes para que, na reta final, consigamos fazer com que os Jogos aconteçam conforme recomendou o presidente Lula”. Neste contexto, a FIA teve ampliado seu escopo contratual de monitoramento do máster plan das instalações, abrangendo também: Atestado de vistoria na Vila Pan

Planos de acompanhamento de contratos do Centro de Tiro Esportivo

Obras e serviços nas instalações esportivas e não esportivas sob responsabilidade dos


governos estadual e municipal; Implantação de serviços de restaurante, mobiliário, hotelaria, governança e lavanderia na Vila Pan-americana; Fornecimento de instalações temporárias na Praia de Copacabana, Deodoro, aeroportos, Centro Principal de Operações, Centro de Operações Tecnológicas, Centro Principal de Logística e Centro Principal de Transportes. Essa ação do governo federal foi de fundamental importância para o cumprimento das entregas sem prejuízo da realização dos Jogos. Mesmo com atraso nos cronogramas, esse monitoramento geral das instalações permitiu a visualização dos entraves e pendências críticas de cada obra, possibilitando agilidade na tomada de decisões. A consultoria FIA disponibilizou equipes de campo para visitas previamente agendadas com os respectivos responsáveis, a todos os locais envolvidos com o evento para a coleta de dados físicos e financeiros das instalações esportivas e não esportivas em desenvolvimento, fornecendo apoio ao planejamento. Mensalmente era emitido um Relatório Gerencial de Evolução das Instalações contendo dados gerais como situação, avanço físico (em porcentagens acumuladas para os serviços envolvidos), comparativo entre o previsto e o realizado, início e término, situação dos projetos, documentação

entregue, pendências existentes, providências necessárias e previsão de entregas, ocorrências, intervenções adotadas, datas-limite, relatório fotográfico de avanço de serviços e croquis de implantação. Com as informações de acompanhamento do avanço físico, foi elaborado um rigoroso controle de prazos no qual se registravam os principais motivos de atrasos, as intervenções gerenciais adotadas, os responsáveis, os registros gerados pelas ações e os reflexos no planejamento inicial previsto, buscando a retomada e a manutenção do andamento normal dos contratos, monitorando-os conforme os cronogramas definidos no planejamento geral, para detectar previamente os principais elementos que poderiam comprometer as entregas. A cada 30 dias, eram feitos sobrevôos em todas as instalações para registro fotográfico da evolução panorâmica das obras, com os quais se produziram mapas de acompanhamento. Esses relatórios de controle ficaram disponíveis na intranet à qual tinham acesso todas as equipes envolvidas com a preparação dos Jogos – não só do governo federal, como da prefeitura, do Estado, do Tribunal de Contas da União e da Controladoria Geral da União. Além disso, foram semanalmente colhidos dados, in loco, sobre o andamento das obras realizadas em 25 locais por 11 consórcios de empreiteiras. No final de 2006, foi adotada uma ferramenta gerencial de monitoramento, o Project Builder, que permitia acesso remoto de terceiros, via internet, à base de dados, mesma ferramenta utilizada pela Secretaria do Pan na Prefeitura do Rio de Janeiro, uniformizando a geração de base de conhecimento dos Jogos. Conseqüentemente, todos puderam acompanhar a evolução dos cronogramas físico-financeiros a partir de seus próprios computadores e gabinetes de trabalho.

Relatórios fotográficos de evolução das obras no Complexo de Deodoro (à dir. e à esq.) e mapa da situação na primeira quinzena de junho de 2007 (abaixo, à dir.)


Mapa de acompanhamento das obras nas instalaçþes em maio de 2007


Outras instalações foram homologadas pelo delegado técnico indicado pela Odepa dias antes do início dos Jogos. Uma dificuldade comum a vários equipamentos esportivos foi a ausência de know-how para alguns deles no Brasil. É o caso de obras complexas como a cobertura metálica do Estádio João Havelange, que teve supervisão de uma empresa de engenharia portuguesa responsável pela montagem da cobertura do Estádio da Luz, em Lisboa. Outros exemplos são o Centro de Hóquei sobre Grama de Deodoro, o primeiro campo deste esporte em solo brasileiro, e o Velódromo da Barra, o primeiro coberto e com pista de madeira no País.

N

a maioria dos casos, o nível das instalações temporárias, chamadas de overlays, foi elogiado. Não houve nenhum problema com os locais sob responsabilidade do governo federal. No entanto, ocorreram alguns contratempos no Pan. O caso mais crítico, em que até o calendário esportivo chegou a ser afetado, foi o da Cidade do Rock. Também houve problemas no Morro do Outeiro e nas montagens dos estádios de Remo da Lagoa e JoãoHavelange.Osprojetosbásicoscomeçaram a ser desenvolvidos pelo CO-Rio em junho de 2005, com consultoria da MI Associates, e foram submetidos aos governos em maio de 2006. A equipe de Instalações do Comitê, responsável pela área, não tinha experiência na elaboração de editais de licitações, portanto, em geral, os projetos não atendiam às especificações desse gênero. Técnicos dos governos precisaram dar ao grupo noções para a elaboração desse tipo de documento. Os projetos passaram cinco meses sofrendo ajustes. “Foi fundamental o apoio dado pelos governos nesta seara”, reconhece Luís Henrique Ferreira, gerente de Instalações do CO-Rio. Os três entes governamentais e o Comitê discutiram as alterações até setembro de 2006, no caso do Estado e da União, e até dezembro de 2006, no caso da prefeitura. Começaram então os processos de licitação para escolher as empreiteiras. Depois das concorrências, o CO-Rio pediu um prazo para que suas áreas funcionais – usuários das instalações durante os Jogos – solicitassem mais ajustes. Só a partir da versão final do projeto, elaborada pela equipe de Instalações do Comitê, as obras poderiam começar. “Projetar uma instalação temporária para os Jogos não é como projetar um edifício. Não basta pensar, criar e desenhar”, explica John Baker. “Toda área funcional determina seu nível de serviço. O projeto da instalação tem de vir daí. Entregar a documentação para os governos requer que as necessidades das áreas estejam no projeto. Se estas áreas não estiverem atendidas pelas pessoas corretas, problemas aparecerão”, explica. Ou seja, os profissionais das áreas funcionais determinam

o que é necessário nas instalações e, a partir daí, os arquitetos desenvolvem os projetos para entregá-los aos governos. Como no Rio 2007 houve atraso na contratação de pessoal, as áreas funcionais só puderam contar já próximo dos Jogos com a maioria de seu quadro, e, à medida que iam sendo absorvidos pelo Comitê, os recém-contratados solicitavam novas mudanças nos projetos. Além disso, a falta de integração entre as áreas fazia com que a equipe de Instalações não recebesse de forma correta as necessidades dos usuários. Para Luís Henrique Ferreira, os prazos também devem ser revistos porque, argumenta, se os profissionais do Comitê tivessem sido contratados com mais antecedência e em maior número, como previsto no planejamento inicial, haveria a possibilidade, ao menos na teoria, de os projetos finais serem concluídos antes. As solicitações se estenderam até as vésperas dos Jogos, causando atrasos no início das montagens. No caso dos overlays do governo federal, a versão final de alguns projetos chegou em maio de 2007 e de outros, em junho. Mesmo assim, o Ministério do Esporte foi o primeiro a encerrar sua licitação e contratar os serviços de montagens temporárias, em janeiro de 2007. “O ideal seria que as versões finais dos projetos ficassem prontas em abril e, a partir daí, houvesse apenas mudanças extremamente importantes”, acredita Baker. “O problema é que o CO-Rio não atendia às especificações mínimas solicitadas pelo Ministério para que o fornecedor, já contratado, executasse os projetos de instalações provisórias”, explica Luiz Custódio Orro de Foto: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

Os projetos destes equipamentos foram desenvolvidos por empresas contratadas pelos governos. Já o CO-Rio trabalhou como um consultor nas obras, fazendo a ponte com as federações internacionais esportivas, que forneciam as especificações técnicas necessárias para a adequação do projeto às modalidades de competição. O objetivo deste modelo era garantir que as instalações atenderiam as necessidades de seu usuário nos Jogos, ou seja, o Comitê, e que corresponderiam às especificações exigidas. Algumas foram homologadas por técnicos indicados pelas federações internacionais que vieram ao Brasil especialmente para a tarefa. No caso do Estádio João Havelange, por exemplo, um consultor da Federação Internacional de Atletismo participou até da elaboração do projeto básico. A construção do Centro Nacional de Hipismo também foi acompanhada de perto por pessoas indicadas pelas federações das duas modalidades que nele seriam praticadas (hipismo e pentatlo moderno).

as instalações temporárias

as instalações permanentes

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poder público das três esferas arcou com todos os gastos das instalações esportivas permanentes, e os prédios da Vila Pan-americana foram erguidos em parceria da Caixa Econômica Federal – que financiou quase a totalidade da construção – com a iniciativa privada, representada pela construtora Agenco. União, Estado e prefeitura investiram na construção de oito instalações e na reforma de cinco já existentes.

Instalações temporárias para o Tiro com Arco, no Complexo de Deodoro

Freitas, gerente de Instalações do Ministério do Esporte. Ele diz que vários detalhamentos técnicos – como o projeto elétrico e as planilhas quantitativas de materiais e equipamentos que seriam utilizadas nestas instalações – chegavam incompletos ou errados. “Entre janeiro e junho, foram produzidas oito versões dos projetos, o que atrasou a montagem”, conta. Ele lembra que enviou ao CO-Rio modelos de como detalhar estas especificações. Ao pedir a contratação de contêineres para a instalação de escritórios temporários, o CO-Rio não detalhava, por exemplo, que estas estruturas deveriam ter abertura para ar-condicionado, tomadas, janelas, piso e iluminação adequada. A falta de especificação dificultava a tomada de preços e, ainda que levada adiante, resultaria em contratações deficientes, abaixo dos padrões mínimos de qualidade e segurança exigidos neste tipo de serviço. No caso acima, o equipamento recebeu nova especificação e, após ser analisado pela equipe técnica do Ministério do Esporte, ficou assim: contêiner tipo escritório, de 2,40m x 3,00m, com uma porta, janela e suporte de ar-condicionado, piso emborrachado, antiderrapante tipo Plurigoma, na cor preta, com iluminação e instalações elétricas de uso geral e índice de iluminação de 450 a 500 lux. Os erros se repetiam em especificações mais simples, como a da solicitação de uma “mesa redonda para reunião”. “Qual o diâmetro? De que material? Sem estes dados era impossível licitar”, explica Luiz Custódio: “Se a especificação de uma mesa pode atravancar uma licitação, imagine dezenas de projetos”.


processo”. Ele lembra que o acompanhamento permanente dos técnicos do Tribunal de Contas da União também colaborou para agilizar os trabalhos e esclarecer as equipes do CO-Rio e do Ministério do Esporte sobre o melhor procedimento a ser adotado. Nas quatro páginas a seguir, ateste, no gráfico da Arena de Vôlei de Praia, os vários itens a serem cumpridos na montagem de uma instalação provisória.

A Arena de Vôlei de Praia em construção (abaixo), e, à dir., de cima para baixo, os geradores de energia e uma das salas da instalação de triatlo (fotos 1 e 2), banheiros químicos (foto 3), sala do Gerenciamento Central de Transporte (foto 4) e vista áerea dos overlays do Centro de Distribuição de Uniformes e Credenciamento (foto 5)

Fotos: Arquivo / FIA

“Se fizéssemos de novo, seríamos mais atentos sabendo o tempo que se leva no Brasil, com o processo burocrático dos governos, para se fazer algo. É preciso começar antes. Temos de garantir flexibilidade para as mudanças nos projetos. Mas as mudanças precisam ser controladas. E o Comitê deve gerenciar essas alterações”, acredita John Baker. Ele lembra que, nos Jogos Olímpicos, o COI exige alterações na legislação do país para contornar entraves burocráticos, mas a Odepa não, pois o Pan é menos complexo. “Sydney aprovou uma lei para transformar um processo governamental que levava meses em uma semana. Em Jogos Olímpicos, é uma exigência do COI”, explica.

No entanto, Ricardo Leyser, do Ministério do Esporte, defende o modelo adotado. “Os projetos dos overlays eram incipientes, incompletos, necessitavam de detalhamento independentemente de quem fosse contratar. Se os governos tivessem repassado os recursos em forma de convênios, o CO-Rio teria tido mais trabalho na prestação de contas, em virtude das minúcias da lei e dos valores envolvidos, o que requereria grande número de funcionários na tarefa”. Para ele, a idéia de que o CO-Rio teria mais liberdade para fazer mudanças nos projetos se tivesse contratado as montagens é improcedente. “Se o Comitê contratasse diretamente, também não poderia mexer nos projetos porque eles foram executados com dinheiro público”. Leyser avalia que, no final, “as exigências da legislação conduziram ao aprimoramento do

Foto: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

a preparação das instalações temporárias

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fato de o CO-Rio elaborar os projetos dos overlays e os governos serem responsáveis pela contratação das empresas e pelo acompanhamento das obras provocou desgastes, assim como na contratação de outros serviços. Alguns atrasos foram causados porque as vencedoras das licitações tinham dificuldade em lidar com os pedidos de modificações feitos a elas pelo Comitê. Isso foi solucionado quando o CO-Rio passou a enviar os pedidos aos governos e estes resolviam as alterações com os contratados. “As contratações das empresas que executam as obras de instalações temporárias devem ser feitas pelo Comitê”, acredita Luís Henrique Ferreira. Segundo ele, dessa forma, o Comitê teria maior poder de decisão para mudar os projetos e mais agilidade para contratação das empreiteiras, por se tratar de uma empresa privada.


a complexa tarefa de montar as instalações temporárias As tarefas de montar e equipar o interior das instalações temporárias (overlays) com toda a aparelhagem e o mobiliário indispensáveis ao seu pleno funcionamento estiveram entre as mais desafiadoras dos Jogos Pan-americanos Rio 2007. A quantidade e a variedade de itens, somadas às dimensões e divisões dos espaços, geraram uma demanda de trabalho extremamente complexa para o Ministério do Esporte, os fornecedores e os profissionais da montagem. Para fazer a licitação

dos itens de montagens provisórias, o Ministério necessitava de especificações detalhadas do Comitê Organizador, que tinha carência de pessoal apto a executar esse trabalho. O exemplo abaixo, que toma como base a Arena do Vôlei de Praia, instalação temporária erguida pelo governo federal na Praia de Copacabana com mais de 100 salas de trabalho e áreas de competição, e duas de suas subdivisões, ilustra com precisão essa complexidade.


as adaptações para o Parapan

Por orientação do governo federal, através do gerente de Instalações Luiz Custódio Orro de Freitas, o Comitê contratou a Light, empresa concessionária de energia elétrica no Estado do Rio de Janeiro, para que fossem instaladas redes de transmissão de energia “festiva”, ou seja, pequenas redes de energia provisória com baixo custo de implantação, para disponibilizar a energia necessária em vários locais. A iniciativa foi viabilizada por meio de convênio entre o Ministério do Esporte e o CORio. Com custo mais barato, as ligações foram feitas em diversos locais de competição e nãocompetição dos Jogos onde o governo federal havia instalado montagens provisórias, como o Complexo de Deodoro, a Arena do Vôlei de Praia, a Vila Pan-americana (apartamentos,

causa do subdimensionamento da demanda de energia elétrica nos locais já citados, nos dois primeiros dias dos Jogos foram registrados transtornos na Vila Pan-americana, no Centro Principal de Imprensa (MPC) e no Centro Internacional de Transmissão (IBC), ambos no Riocentro, que chegaram a derrubar transmissões de TV por alguns minutos. Na Vila Pan-americana, os serviços de instalação da infra-estrutura de hotelaria foram dificultados, tendo sido necessário o transporte, através das escadas, de armários, camas, colchões,

restaurante, terminal de ônibus e toda a zona internacional), o estacionamento da frota da Família Pan (GCT) na avenida Ayrton Senna, o Centro de Distribuição de Uniformes e Credenciamento (UAC) no Barra Shopping, e até na sede do Comitê Organizador, onde funcionou o Centro Principal de Operações (MOC), além dos hotéis oficiais e alguns aeroportos. A rápida intervenção da concessionária para atender à solicitação contou com a contribuição do iatista Lars Grael, consultor da Light e medalhista olímpico em Seul 1988 e Atlanta 1996. Nas instalações em que não havia possibilidade técnica de prover a energia festiva ou onde a competição era de curta duração, como no caso do Posto 6 em Copacabana (triatlo e maratona aquática), a solução mais econômica foi instalar grupos geradores. Para os III Jogos Parapan-americanos, foram mantidas as linhas de fornecimento extras instaladas nos locais do Pan que serviriam àquela competição. “A economia foi significativa, visto que o custo da energia disponibilizada diretamente pela concessionária é menor do que o custo da energia fornecida por Grupo Gerador, o qual necessita de equipe de manutenção 24 horas, responsável pelo abastecimento de óleo diesel, troca de óleo lubrificante, troca de filtros, além de caminhões para o transporte de combustível.”, explica Luiz Custódio. Por

ar condicionado e outros equipamentos, face a falta de energia elétrica para acionar todos os elevadores simultaneamente. O fornecimento de energia é tão complexo e determinante nos grandes eventos esportivos que o Comitê Olímpico Internacional, percebendo que havia problemas se repetindo em diversas ocasiões, decidiu realizar um seminário a respeito para orientar os organizadores de Jogos Olímpicos a darem atenção específica ao tema, se possível criando áreas funcionais próprias na estrutura organizativa dos eventos.

E

m março de 2006, foi apresentado em reunião do Conselho Executivo do CO-Rio um programa dos Jogos Parapan-Americanos com 12 modalidades esportivas em oito instalações. Com a retirada de duas modalidades – bocha e goalball – em junho de 2006 e a exclusão das instalações sob responsabilidade do governo estadual do programa, o evento terminou disputado com dez modalidades em seis instalações, todas previamente testadas e aprovadas pelos usuários do Pan. Abaixo, instalações que, em março de 2006, seriam usadas no Parapan, ainda sem mudanças: Estádio João Havelange – Atletismo Cidade dos Esportes: Arena Olímpica – Basquete em cadeira de rodas Parque Aquático Maria Lenk – Natação Complexo Esportivo do Riocentro: Pavilhão 3 – Bocha e halterofilismo Pavilhão 4 – Judô e tênis de mesa Complexo Esportivo de Deodoro: Centro de Hóquei sobre Grama – Futebol de 5 e futebol de 7 Complexo Miécimo da Silva – Goalball Clube Marapendi – Tênis em cadeira de rodas Complexo Esportivo do Maracanã: Ginásio do Maracanãzinho – Vôlei sentado Ao final, foram utilizados os seguintes equipamentos: Estádio João Havelange: Atletismo Arena Olímpica: Basquete em cadeira de rodas e cerimônia de abertura Parque Aquático Maria Lenk: Natação

A Vila Pan-americana iluminada à noite e, no detalhe, instalação de rede provisória: energia adicional para o Pan

Fotos: Divulgação / AGENCO

a energia elétrica

O

planejamento para fornecer energia elétrica na intensidade necessária deveria ter recebido atenção maior do CO-Rio. O relatório final da Fundação Instituto de Administração (FIA/USP), contratada pelo Ministério do Esporte, afirma que a falta de energia foi uma “falha recorrente”. Ricardo Trade, gerente de Serviços dos Jogos do CORio, diz que “num próximo evento, deveríamos criar uma área funcional somente para energia”. A quantidade de energia necessária era muito maior que a prevista pelo Comitê.

Complexo Esportivo do Riocentro: Halterofilismo (pavilhão 3A), judô (4A) e tênis de mesa e vôlei sentado (pavilhão 4B) Centro de Hóquei sobre Grama: Futebol de 5 e futebol de 7 Clube Marapendi: Tênis em cadeira de rodas Vila Pan-americana: cerimônia de encerramento


Neste período, a Comissão Regional de Obras da 1ª Região Militar (CRO 1), chefiada à época pelo coronel Galvani Cavalcante, assessorou o CO-Rio na definição do plano geral do Complexo, e elaborou, com o Ministério do Esporte, as diretrizes técnicas para subsidiar a licitação, que contratou a Engesolo para produzir o projeto básico do local. A CRO 1 também participou da comissão especial de licitação que contratou a construtora para executar as obras em todo o complexo. Durante as obras, esta Comissão do Exército, já então chefiada pelo coronel Alberto Tavares da Silva, manteve uma equipe permanente de nove profissionais, coordenada pelo capitão e engenheiro militar Ademar Barros Moura Filho, para apoiar a Sepan no acompanhamento e na fiscalização das atividades. Em paralelo,

1 Campos 2 3de Hóquei 4 5sobre6Grama

1

O Complexo esportivo de deodoro

1

2

1

2

3

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3

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1

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1 1

2

3

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5

2

4

6

Vista aérea do Complexo Esportivo de Deodoro: imagens detalhadas de cada instalação (fotos abaixo)

nacional 2 Centro 3 4 5 de 6Hipismo

3

Fotos: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

instalações sob responsabilidade do governo federal

O

primeiro passo para a construção do Complexo de Deodoro foi estabelecer uma parceria com o Exército, administrador da área. Em julho de 2004, um termo de cooperação entre Exército, Ministério do Esporte e CORio previa as instalações permanentes para hipismo e tiro esportivo, além de outra temporária para tiro com arco. Havia a previsão de se fazer um hotel para árbitros e um alojamento para tratadores de animais, que não foram construídos “por questão de prioridade orçamentária”, segundo o secretário Ricardo Leyser. Por outro lado, não estavam previstos o Centro de Hóquei sobre Grama e a piscina do pentatlo moderno.

1

2

nacional 3 Centro 4 5 6 de tiro esportivo

1

2

3

4 Piscina 5 6do Pentatlo Moderno

1

2

3

4

provisório de tiro com arco 5 estande 6

5

6


Os projetistas de Deodoro trabalharam diretamente com o CO-Rio e a MI Associates na elaboração do projeto, inclusive na localização de cada instalação dentro do complexo. A colaboração foi importante para garantir que Deodoro estivesse dentro dos padrões determinados pelo CO-Rio. O arquiteto Bruno Campos, contratado pela

COMPLExO ESPORtiVO DE DEODORO Contrato com Engesolo para elaboração do projeto básico Contrato com Camargo Corrêa para construção do complexo Contrato com Engesolo para gerenciamento das obras

R$ 3,461 milhões 126,691 milhões 2,035 milhões

Convênio com CO-Rio para homologação do CNTE

283 mil

Convênio com CO-Rio para construção de obstáculos do hipismo

475 mil

Convênio com CO-Rio para provisão de insumos para o restaurante dos tratadores de cavalos

130 mil

Destaque de crédito orçamentário ao Ministério da Defesa para obras iniciais de adaptação Destaque à Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro para programa de descarrapatização

Engesolo para elaborar o projeto básico, diz que a demora do Comitê em enviar os projetos das instalações temporárias para o local causou dificuldades. Para projetar as instalações permanentes, Campos precisava da definição dos overlays. “Como algumas instalações temporárias seriam acopladas às permanentes, uma coisa dependia da outra. Na época do projeto básico o CO-Rio ainda não tinha definição das temporárias. Isso prejudicou meu trabalho. Repensamos tudo depois que o Comitê viu que havia dimensionado mal as coisas no final de 2005”, diz o arquiteto. Segundo Bruno Campos, “o conceito usado em Deodoro foi o de conferir uma unidade ao conjunto de instalações, respondendo a problemas semelhantes de forma semelhante, mantendo a idéia de um complexo em vez de cinco centros isolados”. As condições climáticas do local e as particularidades das instalações esportivas, que necessitavam de grandes vãos livres e de isolamento termo-acústico, sugeriram um tipo de sistema construtivo onde a cobertura se desdobra em forro, e este se desdobra em parede, gerando uma série de elementos contínuos de forte impacto visual, mas de fácil construção e manutenção. Além disso, foi empregado o conceito de “solar passivo”, ou seja, os edifícios conseguem regular a temperatura entre extremos durante o dia e a noite, e o conforto térmico interno é mantido, o que diminui a necessidade de aparelhos de ar-condicionado.

1,572 milhão 183 mil

Destaque ao Ministério da Defesa para obras complementares*

4,002 milhões

Destaque ao Ministério da Defesa para construção de novo estande de tiro militar para fuzil; e aquisição de aparelhos de raio-X e respectivos reveladores para o hospital veterinário

1,885 milhão

Serviços públicos para custeio das instalações

990 mil

Restauração do campo de pólo em Deodoro

55 mil

Total

Foto: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

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m março de 2005, a empresa Engesolo venceu a licitação para fazer o projeto básico do Complexo Esportivo de Deodoro, que à época contaria apenas com as instalações de hipismo, tiro esportivo e tiro com arco. O projeto básico foi entregue em setembro do mesmo ano. Ainda em 2005, decidiu-se que o local seria palco também das competições de hóquei sobre grama, impossibilitado de se realizar no Parque do Flamengo por dificuldades de aprovação do projeto junto a órgãos ambientais e do patrimônio histórico, e do pentatlo moderno, antes abrigado na Escola Naval e na Sociedade Hípica Brasileira.

141,7 milhões

* Muro, cercamento, proteção visual das pedanas de tiro ao prato, reforma da cozinha e do refeitório, aquisição de equipamentos para operação dos centros esportivos, implantação de clínica veterinária e alojamento de tratadores em contêineres.

A obra foi uma das representantes brasileiras na VI Bienal Ibero-americana de Arquitetura e Urbanismo, em Lisboa, em 2008. Embora não tenha vencido a premiação em sua categoria, a participação na bienal trouxe reconhecimento internacional e motivou reportagens em revistas especializadas, como a argentina Summa+. O projeto básico elaborado pela Engesolo, estimado em R$ 215 milhões, sofreu cortes até ser adaptado à verba disponível e chegar a R$ 117 milhões.

Na foto ao alto, uma cena do hipismo em Deodoro. Nas seguintes, a clínica veterinária montada provisoriamente em contêineres no complexo para o Pan-americano

Fotos: Sergio Santrovits

A parceria foi fundamental. Algumas outras iniciativas, principalmente de melhorias viárias e aquisição de materiais e equipamentos de manutenção, também ficaram a cargo do Ministério da Defesa, que recebeu recursos do Ministério do Esporte. Os repasses incluíram ainda a reforma do antigo estande de tiro, deslocado para área adjacente, e a compra de equipamentos para o hospital da Vila Militar. A decisão de que essas obras ficassem a cargo do Exército se deveu ao fato de que, já que a unidade é administrada por aquela força e bastante utilizada para os esportes praticados por militares, seria mais conveniente que o próprio Exército desenvolvesse os projetos conforme sua padronização e suas demandas.

O projeto básico

a CRO 1 desenvolveu e executou com o Ministério do Esporte os projetos básicos, licitações e obras para o cercamento e outras adaptações no complexo, além de fazer interlocução entre as empresas contratadas e os organizadores do evento.


Colocamos na proposta que seria necessário um período de 15 dias, mas o processo levou dois meses”, conta o engenheiro Luiz Sérgio de Araújo, contratado pela Camargo Corrêa para gerenciar a obra. “A prefeitura foi o órgão que mais demorou para emitir as licenças”, diz. Ele admite a dificuldade inicial para captar mão-de-obra. “Aumentamos o efetivo conforme conseguíamos as aprovações necessárias. Se tivéssemos colocado 100 ou 200 pessoas a mais no início, talvez fosse mais tranqüilo. A partir de dezembro de 2006, a situação foi resolvida. Chegamos a ter 1,8 mil pessoas trabalhando”, afirma. Na opinião de Márcio Collet, consultor da FIA/USP responsável por monitorar a obra, um ano era tempo suficiente para a execução, opinião compartilhada pelo engenheiro da Camargo Corrêa. “A licitação foi concluída a tempo de a construção estar pronta até junho de 2007”, diz Collet. Outro fator que causou atrasos, além de acréscimo no valor, foi a necessidade de homologação por parte das entidades esportivas internacionais. Nas suas visitas às obras, os técnicos pediram muitas mudanças de projeto. “A relação com as federações internacionais gerou muitas dificuldades, porque elas não estão acostumadas com o processo público de aprovação”, diz Luiz Sérgio de Araújo. Mas dois eventos-teste realizados no local antes dos Jogos, o Campeonato Panamericano de Tiro com Arco, em novembro de 2006, e o Campeonato Mundial Militar de Pentatlo Moderno, em maio de 2007, ajudaram a agilizar o passo: “A realização dos eventos foi útil para corrigir as deficiências antes dos Jogos e acelerar o ritmo de conclusão da obra”, afirma José Roberto Gnecco, gerente de Esportes da Sepan.

Vista aérea das obras do Centro Nacional de Hipismo. À esq. da foto, no alto, a pista de cross country

Foto: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

a construção do Complexo de deodoro

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m maio de 2006, a empreiteira Camargo Corrêa venceu a licitação para desenvolver o projeto executivo e construir as instalações permanentes de Deodoro. O valor apresentado pela empresa foi de R$ 76 milhões. O custo final da obra ficou muito próximo aos R$ 117 milhões estimados. A montagem do canteiro de obras foi iniciada em junho de 2006, com previsão de conclusão em um ano. No entanto, as licenças ambientais e autorizações da prefeitura ainda não haviam sido expedidas. “Percebemos que a emissão de licenças estava muito incipiente.


No dossiê de candidatura, revisado pela primeira vez em fevereiro de 2003, o custo estimado era de R$ 51 milhões, com a previsão de que seriam disputados ali apenas hipismo, tiro esportivo e tiro com arco. Quatro anos depois, na Matriz de Responsabilidades, saltou para R$ 107 milhões, com a inclusão dos outros dois esportes. Ao final, a construção e a manutenção do complexo ficaram em R$ 141,7 milhões, incluindo itens de infra-estrutura da Vila Militar. O valor foi dividido em três contratos, três convênios com o CO-Rio, três destaques orçamentários para o Ministério da Defesa e um para a Universidade

Federal Rural do Rio de Janeiro. A forma de administração e o custeio do Complexo estão sendo ajustados entre o Ministério do Esporte e o Exército, levando em conta o termo de cooperação de 2004, mas, no que se refere à qualidade das instalações, Deodoro só recebeu elogios. A amazona canadense Jill Henselwood, ouro no salto individual no Pan, elogiou o Centro Nacional de Hipismo: “A instalação está fabulosa, a arena é ótima. Os designers da pista estão entre os melhores do mundo”. O brasileiro Rodrigo Pessoa considerou as instalações do hipismo de “primeiríssima” qualidade: “O local é superior a instalações olímpicas que conheci, como as de Atlanta e Atenas. A infra-estrutura tem nível de excelência, todas as baias estão ótimas e, na arena, o piso é especial e muito bem drenado, pode chover aqui antes da competição que meia hora depois já está pronto para saltar”, avaliou. Neco, treinador da equipe de saltos do Brasil, também ficou impressionado com o Centro de Hipismo e foi taxativo: “Essas instalações são as melhores que existem no mundo. O terreno, a pista, as condições, tudo tem padrão internacional”. Ouro em Winnipeg 1999, ele começou a montar 61 anos atrás na Escola de Equitação do Exército, que fica no mesmo local onde a hípica foi construída. “Fiquei emocionado ao voltar e presenciar toda essa evolução”. O consultor John Baker faz coro: “O governo federal se comprometeu a construir instalações de primeiro nível. O centro de tiro esportivo é um dos melhores do mundo. O de hipismo é bom porque concentra tudo num lugar só e pode ser expandido”. O norte-americano Eli Bremer, ouro no pentatlo moderno no Rio 2007, ficou “impressionado com o Complexo. Já havia estado no Brasil duas vezes antes para competir, mas desta vez acho que o país se superou na qualidade das instalações”.

O centro de tiro em construção e abaixo, da esq. para dir., a pista do cross country, uma ponte construída em Deodoro, um detalhe da obra do tiro e uma geral das instalações de hóquei e da piscina do pentatlo

Fotos: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

a valorização da região de deodoro

P

ara instalar o complexo esportivo, o governo federal escolheu um terreno do Exército, na Vila Militar de Deodoro, bairro da zona oeste da cidade. Assim, estariam garantidas questões como segurança, já que o Ministério da Defesa ocupa e zela o espaço, e seriam evitados procedimentos burocráticos relacionados ao terreno, pertencente à União. Os Jogos deixaram um importante legado em Deodoro: os centros nacionais de Hipismo e Tiro Esportivo são duas das instalações mais modernas do mundo para estas modalidades, o Centro de Hóquei sobre Grama também deixou como herança dois campos para um esporte que até o Rio 2007 ainda era incipiente no Brasil e, para o pentatlo moderno, foi construída uma piscina olímpica no complexo. Para o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., a escolha de Deodoro foi acertada. Segundo o ministro, o Instituto Pereira Passos, da Prefeitura do Rio, classifica a região como importante para a expansão da cidade. “A decisão de valorizar Deodoro foi fundamental pela expansão urbana do Rio, além de serem as Forças Armadas um segmento que, historicamente, foi fundamental para o desenvolvimento do esporte no País”.


MODALiDADE DiSPutADA

HiPiSMO Exímio cavaleiro, o general Eloy Menezes participou de três Olimpíadas e foi diversas vezes campeão brasileiro de salto e concurso completo. Nos Jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952, conquistou o quarto lugar por equipes e individual. Foi presidente do Conselho Nacional de Desportos e comandante da Escola de Equitação do Exército. Foi também atleta de vôlei, basquete, pentatlo e futebol – neste último esporte, chegou a defender o Vasco da Gama.

Saltos é a categoria mais conhecida deste esporte – cuja Federação Internacional nasceu em 1921 –, na qual o vencedor é aquele que percorrer um trajeto determinado no menor tempo possível, derrubar o menor número possível de obstáculos ou somar mais pontos. Na categoria adestramento, juízes avaliam as performances nos movimentos obrigatórios e na coreografia livre e determinam o vencedor. Já a disputa do chamado concurso completo de equitação (CCE) dura três dias e envolve adestramento, quatro etapas de prova de fundo e saltos.

Fotos: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

Na pista, aprovada com louvor pelo delegado técnico, 620 toneladas de caulim brasileiro

Para James Wolff, chefe da delegação americana de hipismo, o Centro está entre os melhores do mundo e não tem concorrente na América Latina: “Foi realizado um trabalho fantástico aqui. O Brasil está de parabéns. As instalações são de nível olímpico”, elogiou. Na pista de saltos da arena principal, acima da manta capaz de drenar a água das chuvas, foi implantada mistura de areia, poliéster e caulim (um extrato mineral). Este solo argiloso possui densidade ideal para que não se prejudique nem a performance dos cavaleiros nem os tendões dos cavalos. No Brasil, só existe semelhante na Sociedade Hípica Paulista. Embora um consultor indicado pela Federação Eqüestre Internacional tenha recomendado que o caulim fosse importado da França, o Ministério do Esporte, após verificar que o similar nacional é compatível com as exigências das entidades esportivas da modalidade, sem qualquer prejuízo para o nível das instalações, decidiu adquirir as 620 toneladas necessárias no Brasil, que, aliás, é exportador do produto. O projeto foi orçado em R$ 4,5 milhões, incluindo a preparação e a aplicação da areia na arena principal. A pista foi aprovada com louvor pelo delegado técnico da competição. Representante da Federação Eqüestre Internacional, Leopoldo Palácios declarou: “A instalação está muito boa, em nível olímpico. É um legado para o País”.

Saltos em Deodoro: um centro à altura do talento dos brasileiros

Foto: Arquivo / Exército

Centro nacional de Hipismo General eloy Menezes

Foto: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

instalações do Centro esportivo de deodoro

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Centro Nacional de Hipismo foi construído tendo como base as instalações de hipismo já existentes na Vila Militar. Foram erguidas uma arena principal para saltos e adestramento e mais duas pistas de areia planas, uma área de estábulos com baias para 180 animais – muito elogiada pela Federação Eqüestre Internacional (FEI), uma área de compostagem (processamento de dejetos orgânicos, feito em parceria com a Embrapa) e uma pista de crosscountry de 5,7 mil metros. O refeitório, com capacidade para 120 pessoas, foi reformado. Para os Jogos, foram erguidas, em instalações temporárias, uma clínica veterinária e um alojamento para tratadores e veterinários, com capacidade para hospedar 150 pessoas.


O governo federal ainda importou 1.520 varas, 2.850 ganchos e 19 placares para o Centro Nacional de Hipismo. O Ministério obteve economia significativa na construção dos obstáculos das pistas de saltos, crosscountry e pentatlo moderno. A empreiteira havia apresentado orçamento de mais de R$ 1 milhão para confecção dos 43 obstáculos, mas o Ministério celebrou um convênio, em junho de 2007, com o CO-Rio, que os adquiriu por R$ 474 mil. 1

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No caso da pista de cross-country, a Camargo Corrêa teve de refazer grande parte do trabalho para atender as normas das federações internacionais, segundo Odílio Ferreira, engenheiro contratado pela Engesolo para fiscalização das obras, o que atrasou a construção. “Ajustes foram feitos às vésperas dos Jogos. Acho que isso se deu também pelo ineditismo da obra”, diz o fiscal da Engesolo. Técnicos da Federação Eqüestre Internacional acompanharam o projeto desde o início e aprovaram o resultado final, apesar da preocupação com a demora.

Planta dO CentRO naCiOnal de HiPisMO COnteMPlandO a Pista de CROss COUntRY

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“A instalação é muito boa. Os brasileiros estiveram muito próximos dos Jogos Olímpicos, principalmente em termos de equipamentos esportivos”, afirma a diretora de eventos da Federação, Catrin Norinder.

Fotos: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

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MODALiDADE DiSPutADA

tiRO ESPORtiVO O esporte compreende três modalidades: tiro ao prato (que se subdivide em fossa olímpica, doublé e skeet), tiro com carabina (ar comprimido e fogo central) e tiro com pistola. As duas últimas compreendem tiros a distâncias de 10m, 25m e 50m. Nas duas últimas, os atiradores tentam acertar um alvo em círculos concêntricos, e cada um tem pontuação diferente. Vence quem somar mais pontos. No tiro ao prato, o atleta precisa acertar e quebrar um pedaço visível do alvo. Ganha quem somar mais pontos – cada prato vale um.

A estrutura foi homologada pela Federação Internacional de Tiro Esportivo. Como as normas internacionais orientam para a construção de acordo com a posição do sol em cada hemisfério, o centro foi construído com a frente para a Avenida Brasil. No hemisfério sul a instalação deve ficar no sentido norte-sul. Para que a visão do trânsito da avenida não prejudicasse a concentração, foi adotada uma proteção para as pedanas do tiro ao prato, o que ocasionou um custo adicional. A União financiou a homologação através de convênio com o CO-Rio no valor de R$ 340 mil. Os alvos eletrônicos das provas de 10m de ar comprimido são importados da Suíça. O governo federal importou ainda 210 jogos de postos e 10 pesos de gatilho. No Pan, a prova de esgrima do pentatlo moderno foi disputada numa instalação temporária construída dentro do centro. “Quando Guilherme Paraense conquistou a medalha de ouro, em 1920, já se sonhava com isso. O centro tem padrão de primeiro mundo”, diz o presidente da Confederação Brasileira de Tiro Esportivo, Frederico Costa.

De cima para baixo, um monitor de controle, os alvos de 25 e 50 metros, a pedana do tiro ao prato e vista geral do estande de 10 metros Foto: Alex Ferro / CO-Rio

Natural de Belém do Pará, o tenente Guilherme Paraense (1884-1968) foi um grande atirador militar de armas curtas e o primeiro brasileiro a receber uma medalha olímpica de ouro. Nos Jogos da Antuérpia, em 1920, levou duas medalhas: ouro na prova de revólver, com 274 pontos, e bronze por equipe, na prova de pistola livre. De volta ao Brasil, foi homenageado pelo então presidente Epitácio Pessoa. Em 1922, nos Jogos Atléticos Sul-americanos, realizados em comemoração ao centenário da Independência do Brasil, ganhou mais um ouro na prova de revólver. A equipe brasileira, formada por Paraense, Tenente Ferraz e Afrânio Costa, sagrou-se campeã. No Brasil, venceu seis campeonatos nacionais. O campeão abandonou o esporte na década de 30.

Fotos: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

A mais moderna instalação do gênero no continente possui isolamento acústico e estação de esgoto própria

Fotos: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

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Centro nacional de tiro esportivo tenente Guilherme Paraense

Centro Nacional de Tiro Esportivo está ao lado do Centro de Tiro do Exército, onde treinou o próprio Guilherme Paraense. Considerado o melhor do gênero na América Latina, o centro possui formato constante, retangular, conferindo modernidade e harmonia visual ao projeto. Os estandes são todos integrados por uma longa passarela, por onde o público pode circular. Nas laterais, vidros laminados verdes dão charme e proteção térmica e acústica, além de promover maior segurança. A instalação é dividida em duas partes: uma de 14,8 mil metros quadrados para as provas de tiro esportivo, disputadas em instalações cobertas; e outra de 36,4 mil metros quadrados, para as provas de tiro ao prato, disputadas ao ar livre. A área de tiro esportivo conta com estandes para provas de 10m, 25m e 50m com armas de ar comprimido, além de um estande para as finais. Já a área de tiro ao prato conta com três pedanas e é dividida em dois espaços: o de finais e o de provas classificatórias. O centro é multiuso, com isolamento acústico. O estande de 10 metros é climatizado. A instalação tem ainda uma estação de tratamento de esgoto própria.


TECNOLOGIA A SERVIÇO DE TIROS PRECISOS

O TIRO AO PRATO SKEET

Na modalidade skeet, há oito posições de tiro, distantes 8,32 metros umas das outras e posicionadas no perímetro de um semicírculo com raio de 19,2 metros. Há duas máquinas lançadoras, a casa alta e a casa baixa, uma de frente para a outra. Elas lançam os pratos a um ângulo de 45 graus, para frente, a partir da linha formada pela reta que as une

Fossa doublé

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VISTA SUPERIOR DA PEDANA

Casa baixa

Prato

VISTA FRONTAL DA PEDANA

• O estande de tiro ao prato é dividido em três áreas de atividade, chamadas de pedanas. Duas são de classificação e uma é dedicada às disputas finais

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• Cada uma das pedanas possui cinco posições de tiros numeradas. À frente e abaixo do nível do solo posicionadas em linha, estão as quinze máquinas lançadoras de prato, três para cada posição.

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1 Fossa olímpica

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• A prova de tiro ao prato na modalidade fossa olímpica é composta de cinco séries de 25 pratos cada. Em cada série, o atirador percorre em seqüência as cinco posições, disparando um tiro em cada uma delas. Na de fossa doublé, o atirador dispara dois tiros em cada posição, em três séries

2

Cada máquina lança o prato a cerca de 60 metros de distância, dentro de um setor horizontal de 90 graus. Na vertical, a máquina é regulada para colocar o prato em altura do solo entre 2,9 metros e 3,6 metros, ou seja, com uma variação de 70 centímetros, a dez metros de distância do ponto de lançamento

3

4 Operador

8 Posições dos atiradores

Para cada posição de tiro, três máquinas lançadoras de pratos são posicionadas em linha, abaixo do nível do solo

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O TIRO AO PRATO - FOSSA OLÍMPICA E FOSSA DOUBLÉ

As instalações de tiro ao prato são equipadas com 53 máquinas lançadoras de pratos, todas de última geração, compradas para os Jogos Pan-americanos com investimentos do governo federal. São 45 instaladas no final das pedanas (quinze em cada uma), três casas baixas e três casas altas (um par em cada pedana) e duas para reserva

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Casa alta

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O Complexo Esportivo de Deodoro, construído para o Rio 2007 com recursos do governo federal, abriga uma das mais modernas instalações do esporte no mundo, o Centro Nacional de Tiro Esportivo Tenente Guilherme Paraense

COMO FUNCIONAM AS MÁQUINAS LANÇADORAS DE PRATO NO TIRO

FOTO AÉREA DO ESTANDE DE TIRO

Casa alta

4

PLANTA DO ESTANDE 5 Tiro ao alvo

5

10 m

Casa alta

A tecnologia utilizada é a elétrica-mecânica comandada por microfone. No início de cada posição de tiro há um captador de voz , que é conectado a três máquinas de lançar prato. O atirador dá um comando em voz alta (exemplos: Vá! Vai! Já!). O sistema transforma a voz em um comando elétrico que aciona o gatilho da máquina de pratos. A partir daí, o lançamento do prato é feito mecanicamente, com uma mola

50 m

25 m Finais 50 m

6 Pedanas de classificação

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Pedana para disputas finais

Casa baixa Casa baixa

Posição do atirador

Posição da máquina lançadora de prato

Prato entre 2,9 metros e 3,6 metros

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Centro de Pentatlo Moderno Coronel eric tinoco Marques

o início da preparação dos Jogos, as disputas do pentatlo não estavam previstas para Deodoro; seriam realizadas na Escola Naval e na Sociedade Hípica do Rio. Mas, como o governo federal havia se comprometido a construir na Vila Militar outras instalações que integram o pentatlo (hipismo e tiro esportivo), o Ministério do Esporte aceitou a sugestão do CO-Rio de transferir esta modalidade para Deodoro. A mudança gerou economia de custos para o Comitê Organizador.

Foto: Arquivo / FIA

O Centro de Pentatlo Moderno possui piscina olímpica e aquecida na qual foram disputadas as provas de natação de 200m nado livre, uma das cinco modalidades deste esporte. A piscina é mais um legado para o Rio, especialmente para a zona oeste, que recebe um pólo de treinamento aquático de alto padrão. É também uma herança para os militares que não participam de competições olímpicas mas praticam a modalidade como tarefa das Forças Armadas.

A piscina exclusiva do centro de pentatlo foi elogiada pelos atletas

Já o tiro, a esgrima, o hipismo e a corrida tiveram palco nas outras dependências do Complexo de Deodoro. A estrutura conta ainda com vestiários, sanitários e cobertura. De acordo com o presidente da Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno (CBPM), Hélio Meirelles Cardoso, as novas estruturas representam um salto para o desenvolvimento da modalidade no País: “O pentatlo moderno passa a ter dois momentos na história: um antes e outro depois da inauguração do Complexo Esportivo de Deodoro. Poucas confederações no mundo têm condições de dispor de instalações com este nível de qualidade”. O Ministério do Esporte também custeou a aquisição de 20 espadas, 20 pistolas de ar comprimido e 9 pistas de alumínio para a prática do Pentatlo em Deodoro durante e depois dos Jogos.

MODALiDADE DiSPutADA

PENtAtLO MODERNO Este esporte, um dos mais completos e exigentes do conjunto pan-americano, de origem militar, é disputado no Brasil desde 1922. Compõe-se de cinco modalidades: tiro, esgrima, natação, hipismo (saltos) e atletismo (corrida). As provas ocorrem ao longo de um dia. Nas três primeiras disputas, os atletas somam pontos que definem a ordem de largada para a corrida de 3.000 metros, cujo vencedor leva a medalha de ouro. O pentatlo moderno também e disputado, em alto nível, em competições militares por todo o mundo

Uma das modalidades do pentatlo, a esgrima foi disputada no estande de 10 metros do Tiro Esportivo

Foto: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

Natural de Niterói, Rio de Janeiro, o coronel Eric Tinoco Marques (1919-1976) ganhou uma das duas medalhas de ouro do Brasil na modalidade de pentatlo moderno em Pan-americanos. Subiu ao ponto mais alto do pódio em 1951, na primeira edição dos Jogos Pan-americanos da história, em Buenos Aires – o segundo ouro veio no Pan de Chicago, em 1959, com Wenceslau Marques. No ano seguinte, representou o País nas Olimpíadas de Helsinque, onde conquistou a 29ª colocação. Foi instrutor da Escola de Educação Física do Exército e, mais tarde, seu comandante. Como diretor do Departamento de Educação Física do Ministério da Educação e Cultura, foi um dos responsáveis pela construção do estádio de atletismo Célio Cordeiro de Barros, anexo ao Maracanã.

Homologada pela Federação Internacional de Natação (Fina) e apta a sediar provas internacionais de natação, a piscina é

equipada com os mais modernos recursos para competições e reconhecida como classe-1 da Federação Internacional de Natação. Possui, por exemplo, uma estrutura quebra-ondas, que permite que as ondas geradas pelos movimentos dos atletas caiam em uma calha lateral, não interferindo, assim, no desempenho durante a prova.


A piscina, o corredor dos vestiários e os banheiros adaptados

Fotos: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

Planta dO PaRqUe aqUátiCO dO CentRO de PentatlO MOdeRnO


VISTA FRONTAL (escoamento da água para a canaleta com inclinação de 2%)

O Complexo de Deodoro abrigou cinco modalidades nos Jogos Pan-americanos Rio 2007: tiro com arco, hipismo, tiro esportivo, pentatlo moderno e hóquei sobre grama. Os equipamentos de ponta e a infra-estrutura formam o grande legado deixado neste espaço construído com investimentos do governo federal. Uma das partes mais importantes da herança é a instalação de hóquei sobre grama, a primeira do País a contar com um campo de dimensões oficiais. Os eficientes sistemas de drenagem dos campos de jogo e de treinamento estão entre os destaques deste espaço. Entenda como eles funcionam:

Lastro de brita nº 1 com imprimação ligante (diam. da brita 12 a 25 mm) Areia especial compactada

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Sub-base asfáltica impermeável (asfalto CBUQ) (diam. do agregado 8 a 12 mm)

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Foto: Wilson Dias / ABr

Centro de Hóquei sobre Grama sargento João Carlos de Oliveira

OS CAMPOS DE HÓQUEI SOBRE GRAMA DO COMPLEXO DE DEODORO

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15 a 20 cm

Canaleta de drenagem (15 a 20 cm)

Solo natural existente

NO CAMPO DE JOGO*

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* desenho com corte transversal do campo

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Camada de areia (70 cm) Camada de brita (30 cm)

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Como no futebol, dois times de 11 jogadores tentam marcar o maior número possível de gols, mas aqui as partidas são divididas em dois tempos de 35 minutos.Primeira unidade do esporte com medidas e padrões oficiais do País, está credenciada para disputas internacionais. As partidas de futebol de 5 e de 7 do Parapan também foram disputadas nestes campos

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HÓQuEi SOBRE GRAMA

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MODALiDADE DiSPutADA

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Neste caso, o sistema adotado é o de drenagem subterrânea do tipo espinha de peixe. Ao contrário do que ocorre no campo principal, aqui a água atravessa o piso de gramado sintético, a camada de areia (70 cm), a de brita (30 cm) e também uma manta de tecido especial, o bidim, que funciona como filtro, impedindo que ela chegue às canaletas com partículas sólidas. Inclinadas para facilitar o escoamento, num desenho que lembra uma espinha de peixe, as canaletas secundárias desembocam no ramo central, maior, que remete ao reservatório. “Os campos de hóquei são molhados para que o disco deslize com facilidade e rapidez nos jogos. O sistema impermeável foi utilizado no campo oficial porque mantém o piso úmido por mais tempo, o que não é tão necessário no Neste sistema espaço de aquecimento, com 91 metros de comprimento a água segue para por 55 metros de largura”, explica o gerente de as canaletas instalações do Ministério do Esporte durante o Pan, Luiz Custódio de Freitas.

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Menino pobre de Pindamonhangaba, interior de São Paulo, de frentista de posto de gasolina, João do Pulo (1954-1999), como era conhecido, tornou-se um dos maiores atletas de salto triplo em todos os tempos. Aos 21 anos, bateu o recorde mundial da modalidade, com um salto de 17,89m, durante os Jogos Pan-americanos do México, em 1975. A marca só seria vencida dez anos depois, em Indianápolis. Levou o bronze nas Olimpíadas de Montreal, em 1976, e de Moscou, em 1980. Em Pan-americanos, ganhou medalha de ouro no salto em distância, em Porto Rico, 1979, e no México, em 1975. Aos 27 anos, em 1981, teve a carreira interrompida por um trágico acidente de carro que levou à amputação da perna direita. João do Pulo morreu aos 44 anos, vítima de cirrose hepática.

61,5 metros

100,5 metros

55 metros

O campo do centro: o primeiro do País com medidas oficiais

O perímetro do campo, de 100,5 metros de comprimento por 61,5 metros de largura, é envolvido por uma canaleta de 15 a 20 centímetros. O piso, de grama sintética, é levemente mais alto no centro (uma inclinação de 2%, imperceptível na prática) para que a água escorra até a canaleta pela força da gravidade. Abaixo do gramado há, nesta ordem, uma camada de asfalto impermeável (7 cm), uma de brita (10 cm) e uma de areia especial compactada (15 a 20 cm). Como a camada logo abaixo do gramado é impermeável, a água corre para a canaleta e, dali, segue até o reservatório.

** desenho com corte transversal e vista superior do esquema espinha de peixe

canaleta

Manta de tecido especial, o bidim, que funciona como filtro


O

s campos de hóquei sobre grama do Complexo de Deodoro são os primeiros e ainda únicos oficiais do Brasil. Este centro é composto por dois campos revestidos de grama sintética importada da Itália – um seco e outro irrigado – e vestiários. A grama é constantemente molhada para reduzir o atrito entre o atleta e o solo e fazer com que a bola deslize com velocidade. Para tanto, foi instalado no local um sistema de irrigação com canhões d’água que alcançam toda a dimensão do campo. Abaixo da grama, foi aplicada uma borracha especial, que possui shockpad, ou seja, absorve impacto. Para que não se formem poças, o campo é ligeiramente abobadado, e a água escorre para os lados. A instalação recebeu muitos elogios, mas também algumas críticas em relação ao gramado. “A qualidade do piso irrigado, a borracha, o amortecimento são ótimos. Mas o gramado enrugou um pouco”, diz o diretor técnico da Confederação Brasileira de Hóquei

sobre Grama, Cláudio Rocha. Por isso, durante o Pan, a empresa que montou o campo manteve dois funcionários para grampear a parte afetada. Depois dos Jogos, a empresa reaplicou a cola no gramado, solucionando definitivamente o problema. Para a prática deste esporte, o governo federal importou 2.518 tacos, 2.500 bolas e 18 protetores pélvicos. A iluminação e as arquibancadas eram temporárias, apenas para os Jogos. Diversas adaptações permitiram que a instalação fosse utilizada para a disputa de futebol de 5 e futebol de 7 durante os Jogos Parapan-americanos. Em visita a Deodoro, o secretário geral do Comitê Paraolímpico Internacional e o diretor técnico da entidade se mostraram satisfeitos com o local escolhido para sediar as modalidades do esporte. Eles aprovaram o terreno plano do Complexo, que facilita o acesso de deficientes físicos. Durante o Parapan, o Centro de Hóquei sobre Grama foi uma das instalações que mais reuniram espectadores.

O campo principal adaptado para o Parapan e o moderno sistema de irrigação da grama. À dir., os vestiários

Fotos: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

Planta dO CentRO de HÓqUei sOBRe GRaMa


P

rovisórias durante os Jogos Panamericanos, as instalações para a disputa de tiro com arco podem ser recolocadas sempre que necessário, uma vez que as obras de infraestrutura realizadas no local (iluminação, instalação elétrica e hidráulica e todo o sistema viário de acesso) permitem novas montagens a qualquer momento. O diretor técnico da Confederação Brasileira de Tiro com Arco (CBTArco), Eros Fauni, elogiou: “Esta prova pode ser realizada em nível olímpico”. Em novembro de 2006, foi o local escolhido para a Copa Pan-americana de Tiro com Arco, um evento-teste que serviu para atestar a qualidade da estrutura. O tiro com arco é praticado com equipamentos de última geração. As 750 flechas importadas pelo governo federal são de alumínio e carbono que, devido a sua resistência e precisão de vôo, permitem um equilíbrio perfeito. Foram adquiridos também 400 alvos e 115 arcos de última geração.

MODALiDADE DiSPutADA

tiRO COM ARCO É disputado em duas categorias, individual e por equipes, na distância de 70 metros em relação ao alvo (dez círculos concêntricos com diâmetro de 1,22 metro). O círculo do meio vale dez pontos, e os outros um ponto a menos cada, a partir do centro. Nas eliminatórias, 36 flechas são disparadas por competidor, em séries de seis flechas. Vence o atleta que somar o maior número de pontos.

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Vista áerea do centro e detalhe dos alvos e da competição

Fotos: Arquivo / FIA

Foto: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

Centro de tiro com arco


MODALiDADE DiSPutADA

VôLEi DE PRAiA A modalidade foi reconhecida pela Federação Internacional de Vôlei em 1986, mas só entrou para a lista de esportes do Pan-Americano em 1999. Possui estrutura de jogo idêntica à do vôlei de quadra, mas apenas duas duplas disputam três sets – os dois primeiros, até 21 pontos, e em caso de empate a briga é prorrogada até que uma dupla abra dois pontos de vantagem. O último set chega a 15, com a mesma regra se houver empate no 14º ponto.

ajudavam pessoas com dificuldades de locomoção. “Foi melhor do que todos os outros torneios internacionais. No voleibol, desde as competições de 1993 e 1995, as arenas de praia do Brasil são as melhores do mundo”, diz Ary Graça, presidente da Confederação Brasileira de Vôlei. Para Larissa, brasileira tricampeã mundial e medalha de ouro no Rio 2007, foi “o melhor do Pan. Nem no Circuito Mundial eu e Juliana jogamos num espaço tão grande”.

Foto: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

A

montagem da Arena de Copacabana foi facilitada pelo fato de o Brasil ter experiência neste tipo de instalação. Em relação a Santo Domingo 2003, constitui-se um grande avanço: naqueles Jogos a estrutura do vôlei de praia foi erguida em uma arena de touros desativada. Já no Rio 2007, incluía uma arena principal, duas secundárias e uma de aquecimento – na praia, é claro. A arena oferecia conforto à torcida (dois telões de alta definição de 24 metros quadrados e sonorização na área de espectadores, entre outros equipamentos) e mais de 100 salas de apoio, incluindo centro médico, sala de imprensa e local para operações de segurança. E era equipada com placares e sistema de cronometragem. Além de instalar 100 aparelhos de ar condicionado, o governo federal importou mil bolas de vôlei, 16 postes e 8 cadeiras de árbitros. A arena principal comportou 5.381 lugares, com espaço para cadeirantes na primeira fila da arquibancada, e contou também com banheiros químicos, vários deles adaptados para deficientes. Voluntários

Fotos: Alex Ferro / CO-Rio

arena do Vôlei de Praia

Fotos: Alex Ferro / CO-Rio

No sentido horário, um jogo oficial, uma vista do complexo com a quadra de aquecimento e, abaixo, uma geral da arena. No detalhe, o espaço adaptado para cadeirantes


arena do Posto 6

C

ada modalidade foi disputada em um só dia e requeria pequenas estruturas de apoio, montadas no canteiro central da Avenida Atlântica e à beira da praia, de modo que o público pôde assistir sem aquisição de ingressos. As instalações incluíam, por exemplo, 1.000 assentos, 7,8 mil metros de cerca e 1,3 mil metros de tablado de madeira, além da ambientação do local, o “Look of the Games”. Para o consultor australiano John Baker, a estrutura foi um sucesso porque permitiu boa participação popular. “O triatlo e a maratona aquática funcionaram muito bem. Houve bastante público”, diz.

MODALiDADES DiSPutADAS

tRiAtLO A prova que reúne natação, ciclismo e atletismo foi criada na década de 70, nos Estados Unidos. Em Jogos PanAmericanos, o percurso é o seguinte: 1,5 km de natação, 40 km de ciclismo e 10km de corrida, nesta ordem. Ganha o atleta que completar toda a prova em primeiro lugar.

Foto: Divulgação / CO-Rio

MARAtONA AQuátiCA Este esporte fez sua estréia em PanAmericanos no Rio 2007, incluído pela Organização Desportiva PanAmericana (Odepa) em 2005. Nos mundiais, as provas, disputadas no mar, são divididas entre 5km, 10km e 25km. Para o Pan, foi escolhida a modalidade de 10km, sem baterias eliminatórias, para as competições masculina e feminina.


Planta da aRena dO POstO 6


Foto: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

instalações sob responsabilidade do governo estadual

Complexo esportivo do Maracanã

O estádio, o ginásio e o parque aquático: obras iniciadas em 1999


Os trabalhos foram custeados pelo governo estadual, mas o ritmo das obras só acelerou no início do mandato do governador Sérgio Cabral, em janeiro de 2007, graças a convênios firmados com o governo federal. Na Matriz de Responsabilidades, de fevereiro de 2007, o custo estimado estava em R$ 304 milhões. O complexo esportivo, sobretudo o Estádio Mário Filho, tem um histórico de obras de modernização desde o início da década de 90. Em setembro de 1999, para receber o Mundial de Clubes da Fifa, que se realizaria quatro meses depois, obras da construtora Varca Scatena reforçaram a estrutura do Estádio do Maracanã e do Célio de Barros. Na virada para o mandato da governadora Rosinha Matheus, em 2002, a obra mudou de escopo, já que o Rio ganhou o direito de abrigar os Jogos Pan-americanos Rio 2007. Mas a construtora foi à falência, deixando as obras inacabadas. Em novembro de 2004, o governo estadual liberou recursos para que um consórcio formado por três grandes empreiteiras – Odebrecht, OAS e Andrade Gutierrez – concluísse a reforma. Em junho do ano seguinte, as obras foram retomadas e tiveram conclusão às vésperas dos Jogos. O Parque Aquático Julio Delamare foi

reinaugurado em agosto de 2006, celebrado como a primeira obra do Pan a ser entregue, apesar de alguns ajustes ainda terem sido feitos até o início do evento. A obra do Maracanãzinho só foi reiniciada em novembro de 2006, porque o governo do Estado não dispunha de recursos suficientes para reformar todo o complexo ao mesmo tempo. O cenário só mudou com os convênios assinados com o governo federal em 2007. Pelo primeiro deles (13/2007), de fevereiro, foram liberados R$ 30 milhões da União, com contrapartida de R$ 10 milhões do Estado para a compra de equipamentos. Em abril de 2007, um segundo convênio (48/2007) previa R$ 87,5 milhões (R$ 69,9 milhões da União e R$ 17,5 milhões do governo estadual), para concluir as obras. O Estádio do Maracanã recebeu as cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos e o torneio de futebol; o Maracanãzinho abrigou as partidas de vôlei; e o Parque Aquático Júlio Delamare, as de pólo aquático. Já a área do Estádio Célio de Barros foi utilizada como “common domain” – local com tendas de patrocinadores, lojas de produtos oficiais e bares para lazer do torcedor.

Foto: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

C

artão-postal do Rio de Janeiro e do Brasil, o Estádio Mário Filho, ou simplesmente Maracanã, é a principal instalação do complexo, que compreende ainda o Ginásio Gilberto Cardoso (o Maracanãzinho), o Parque Aquático Júlio Delamare e o Estádio de Atletismo Célio de Barros – todos administrados pela Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj). Para os Jogos, as instalações, exceto a última, passaram por reformas que se constituíram em importantes legados para a cidade e o País.

Reforma para o Pan revitalizou importante cartãopostal do País

estádio Mário filho

A idéia dos organizadores era fazer com que o público chegasse mais cedo aos eventos esportivos para aproveitar a infra-estrutura oferecida, o que facilitava sua alocação dentro das instalações do complexo e aliviava a pressão sobre o trânsito das redondezas do complexo do Maracanã.

O estádio de futebol mais importante do Brasil, onde alguns dos melhores jogadores e times do mundo já duelaram, começou a ser erguido em 1948 e foi inaugurado em 1950, para a Copa do Mundo daquele ano. Na época, a simples idéia de uma construção deste porte, para abrigar 183 mil pessoas, causava polêmica entre os políticos. “Acreditar no estádio é acreditar no Brasil”, dizia o jornalista dono do Jornal dos Sports, que, por ter sido o principal incentivador da obra, tem hoje seu nome em letras garrafais, no alto, à entrada do “Maraca”, apelido carinhoso dado pelos cariocas: Estádio Mário Filho. A palavra Maracanã é oriunda do rio de mesmo nome, que passava na região onde hoje está o campo.

O esquema de trânsito da Secretaria Municipal de Transportes e do CO-Rio nos arredores do Maracanã, que incluiu o fechamento de ruas do entorno, foi o mais elogiado dos Jogos. A entrada do público se dava por dois acessos – no Estádio Célio de Barros e na área conhecida como Rampa do Bellini. O esquema especial se mostrou eficaz na maioria dos eventos, sobretudo nas cerimônias de abertura e encerramento.

Para revitalizar este cartão-postal do País e deixá-lo apto a receber público de eventos importantes como o Mundial de Clubes da Fifa de 2000 e os Jogos Pan-americanos Rio 2007, as obras foram iniciadas em 1999, com a instalação de assentos plásticos e outras adequações. As principais intervenções para os Jogos foram o rebaixamento do campo em 1,60m e a criação da “platéia inferior” no lugar da antiga “geral”. Desta

MODALiDADE DiSPutADA

FutEBOL Esporte mais popular do mundo, organizado e sistematizado na Inglaterra no século 19, o futebol estreou oficialmente em Jogos Olímpicos em 1908 e está no Pan-americano desde sua primeira edição, em 1951.

forma, todos os lugares passaram a ser sentados, como exige a Fifa. Com as mudanças, a capacidade do estádio caiu para 91 mil lugares. Além da estrutura, foram reformados a tribuna de imprensa, os vestiários, banheiros e bares. No Museu do Futebol, agora há oito escadas rolantes. Os antigos placares foram substituídos por outros três digitais, de 16m x 1,2m, e dois telões de 10m x 6m foram instalados atrás das balizas. O fornecimento e a instalação dos placares e das escadas rolantes, bem como diversas obras para conclusão das reformas no Complexo, foram garantidos pelos convênios 13/2007 e 48/2007, entre União e Estado.


P

Foto: Alex Ferro / CO-Rio

Ginásio Gilberto Cardoso, o Maracanãzinho

O mais tradicional ginásio do País: atrasos no início, mas, depois, muitos elogios

MODALiDADE DiSPutADA

Foto: Donald Miralle / Getty Images

VôLEi Uma rede separa duas equipes de seis atletas, que disputam partidas de melhorde-cinco sets. Os quatro primeiros sets vão a 25 pontos (em caso de empate, o jogo é prorrogado até que um time abra vantagem de dois pontos) e o último, até 15 (e aqui vale a mesma regra em caso de empate). Se uma equipe ganhar os três primeiros sets, o jogo acaba aí. Para pontuar, os jogadores precisam fazer com que a bola caia no campo adversário dando nela, no máximo, três toques, além do contato do bloqueio. Para isso, os atletas não podem dar dois toques consecutivos na bola.

ode-se dizer que o ginásio do Maracanãzinho está para o vôlei, o segundo esporte mais popular do Brasil, assim como o estádio do Maracanã está para o futebol. Equipamento histórico e ícone do esporte nacional, a arena para jogos de futebol de salão, handebol, basquete e, claro, vôlei foi palco de momentos emocionantes, como o Mundialito de 1982, que registrou pela primeira vez o saque “jornada nas estrelas”, do jogador Bernard Razjman, na vitória brasileira sobre o poderoso time da então União Soviética por 3 sets a 2. Longe da seara, mas não menos importante para o País, o Festival Internacional da Canção, que lotou o Maracanãzinho entre 1966 e 1972, revelou compositores como Chico Buarque, Caetano Veloso, Tom Jobim, Geraldo Vandré e Gilberto Gil, entre muitos outros. O ginásio ainda foi palco do Campeonato Mundial de Basquete Masculino em 1963 e Mundial de Vôlei Masculino em 1990. Inaugurado em 1954, foi batizado um ano depois com o nome de Gilberto Cardoso – presidente do Clube de Regatas Flamengo morto no próprio ginásio, vítima de um infarto durante uma emocionante final do campeonato de basquete. Nota-se que o Maracanãzinho merecia, e ganhou, uma reforma à sua altura para os Jogos Pan-americanos Rio 2007. Embora tenha sido a obra mais atrasada no cronograma do evento, seu resultado final foi um dos mais elogiados. O próprio Bernard, estrela da geração medalha de prata em Los Angeles, 1984, atestou: “Está tudo perfeito. O Brasil conta, agora, com uma estrutura moderna que não deixa nada a desejar a nenhum ginásio do mundo”. Na reinauguração, em 30 de junho de 2007, o atleta repetiu o saque “jornada nas estrelas” durante os intervalos da partida de vôlei feminino entre Brasil e Sérvia, vencida pelas brasileiras por 3 sets a 1. O novo piso da arena principal, construído com alta tecnologia, possui um sistema flutuante em madeira maciça flexível com amortecedores para absorver impactos – estes dispositivos são diferenciados para áreas sujeitas às maiores concentrações de carga (garrafão no basquete e linha de 3 metros no vôlei).

O placar eletrônico pesa 1.800 quilos e foi montado com peças importadas da China e dos Estados Unidos. Na quadra, o assoalho tem elevada resistência a desgastes, com brilho definido para diminuir o reflexo da luz e realçar a demarcação das linhas para partidas de futebol de salão, vôlei, basquete e handebol, seguindo as normas das federações esportivas destas modalidades. Iluminação, acústica e ar-condicionado foram planejados para garantir conforto e segurança ao público e aos atletas. Os equipamentos instalados geram 1.700 toneladas de refrigeração e asseguram temperatura constante, em torno de 24º C, que permite a alta performance dos jogadores e a comodidade do público. As obras de reforma do Maracanãzinho foram iniciadas em 2003, e a instalação foi a que mais sofreu com a falência da construtora Varca Scatena e a falta de recursos até 2006. O ginásio foi, dentro do Complexo, a instalação que teve o cronograma mais defasado. Em janeiro de 2007, menos de 10% da reforma havia sido executada. Só com a assinatura de dois convênios com o governo federal (13/2007 e 48/2007) foi possível finalizá-la. “O desafio maior do governo estadual foi o Maracanãzinho. Havia um bom volume de obra para ser feito em todo o Complexo do Maracanã e que cabia no cronograma, porém faltava dinheiro para pagar as contas. Em janeiro de 2007 já se estudavam outras alternativas para abrigar o vôlei”, conta o ex-secretário estadual de Turismo, Esporte e Lazer Eduardo Paes, que assumiu naquele mês e deixou o governo em junho de 2008. Com a verba da União, foram instalados o sistema de ar condicionado central, o placar eletrônico, quatro placares auxiliares e 6,3 mil cadeiras retráteis, entre outros equipamentos. Por fim, o resultado agradou a gregos e troianos: “Não esperávamos encontrar algo assim no Brasil. É um espaço com qualidade comparável à dos melhores ginásios da Europa. O Maracanãzinho será um convite para que equipes internacionais venham jogar no Brasil”, resume a ponta-derede Paula Pequeno.


Parque aquático Júlio delamare

Foto: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

Grandes nomes da natação brasileira começaram sua carreira no Delamare, como Fernando Scherer, o “Xuxa”, e Gustavo Borges. Para os Jogos, as arquibancadas receberam assentos plásticos. Visando a prática do

esporte, o governo federal ainda importou 800 bolas e 8 travas antimarola. “Foi uma boa instalação para o pólo aquático, sendo muito positivo que todas as partidas tenham sido disputadas no mesmo local. No entanto, a iluminação não era ótima e, ao entardecer, a visibilidade não foi perfeita. Não obstante, isso foi superado pela incrível torcida que lotou a instalação”, diz Guillermo Martínez, cubano, delegado-técnico indicado pela Federação Internacional de Natação (Fina).

MODALiDADE DiSPutADA

PÓLO AQuátiCO

O belo clube recebeu estruturas temporárias financiadas pelo Ministério do Esporte

O esporte pode ser considerado uma versão aquática do futebol, com dois times de sete jogadores, entre eles um goleiro, que se enfrentam numa piscina, onde disputam a bola sem poder tocar os pés no chão ou a mão na borda. Ganha a equipe que marcar mais gols, em quatro quartos de sete minutos cada.

Foto: Donald Miralle / Getty Images

C

onstruído em 1978 ao lado do Estádio Mário Filho e reformado especialmente para os Jogos Panamericanos Rio 2007, o Parque Aquático Júlio Delamare, um dos maiores do gênero da América Latina, foi a primeira instalação a ser reinaugurada para os Jogos, em maio de 2006, embora tenha necessitado de pequenos ajustes posteriores. O parque leva o nome de um jornalista esportivo morto em 1973, grande incentivador de sua construção, e possui uma piscina olímpica para competição, uma coberta para aquecimento e um tanque para saltos com profundidade de cinco metros.

MODALiDADE DiSPutADA

ESQui AQuátiCO

As arquibancadas do parque receberam novos assentos para o Pan

Foto: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

Clube dos Caiçaras

Ú

ltima instalação acrescentada ao programa dos Jogos Panamericanos, o Clube dos Caiçaras serviu de apoio às operações para a disputa do esqui aquático, realizada na própria Lagoa Rodrigo de Freitas. Uma estrutura temporária dentro do clube particular, custeada pelo governo estadual por meio de repasse do Ministério do Esporte, continha basicamente tendas de arbitragens e cronometragem, banheiros químicos e instalações elétricas.

Slalom, salto de rampa e truques são as três principais provas do esporte. Na primeira, o atleta usa os dois pés sobre um esqui, ligado por uma corda à lancha, e completa um percurso na água delimitado por bóias. A corda é reduzida a cada bóia ultrapassada. Vence aquele que completar mais bóias com a menor corda. Na categoria truques, o competidor tem duas séries de 20 segundos para executar manobras que valem pontos. No salto sobre rampa são utilizados dois esquis, e vence quem saltar mais longe e ainda continuar esquiando após a queda. As categorias também podem ser realizadas na modalidade descalço, ou seja, sem esquis. Há ainda o wakeboard, inspirado no surfe e no skate, com pranchas parecidas com as de snowboard.


estádio de Remo da lagoa

A

ssim como a reforma do Maracanãzinho, as obras no Estádio de Remo da Lagoa só entraram em ritmo acelerado com a mudança de mandato no governo estadual, em janeiro de 2007. No plano original, a empresa Glen, que recebeu do Estado a concessão da área em 1996, faria obras de reforma e poderia explorar o local como complexo de lazer, com cinema, restaurantes e lojas. No entanto, disputas judiciais entre a empresa e grupos contrários ao uso da área para atividades de lazer geraram sucessivos embargos na Justiça.

REMO

CANOAGEM

Neste esporte, remadores, com um remo em cada mão, competem divididos por raias, em águas calmas. Ganha o barco que cumprir em menor tempo a distância, em linha reta, de 2 quilômetros. As embarcações podem ter um, dois, quatro ou oito componentes, além do timoneiro, integrante responsável por orientar a equipe. Há disputas femininas e masculinas.

A modalidade é disputada em Panamericanos desde 1967 e consiste na disputa em canoa e caiaque, em águas calmas (para canoagem de velocidade) e turbulentas (para canoagem slalom). No Rio 2007, somente a primeira categoria foi disputada. Nela, um, dois ou quatro atletas conduzem barcos separados por raias nas distâncias de 500 metros e 1.000 metros. Os competidores, apoiados em um joelho, usam barcos abertos e com remos com lâmina em apenas um lado.

A nova raia tem dois quilômetros de extensão e 108 metros de largura Fotos: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

MODALiDADES DiSPutADAS

Foto: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

Reformas no estádio incluíram a dragagem de parte da Lagoa Rodrigo de Freitas

Já em 2007, a Procuradoria Geral do Estado obteve um acordo para que as obras de adequação aos Jogos fossem autorizadas. Com isso, a Glen fez a reforma dos blocos I (arquibancadas, calçadão, estacionamento, ciclovia, iluminação, torre de juízes e banheiros para o público) e III (terraço utilizado para garagens de barcos), além de participar do custeio da instalação. A Empresa de Obras Públicas do Estado (Emop) executou a construção do bloco II. Ainda assim, as obras no local, que é tombado, sofreram embargo de 15 dias pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por causa de atraso na entrega de documentação que regularizava o andamento dos trabalhos.

As intervenções para o remo e a canoagem incluíram a dragagem do perímetro da Lagoa que foi utilizado durante as competições. A nova raia tem dois quilômetros de extensão, 108 metros de largura e 3,1 metros de profundidade, dentro das medidas exigidas pelas normas internacionais de remo e canoagem. Foram adquiridas raias Albano com partidores automáticos e cronometragem eletrônica, importadas da Hungria – o mesmo modelo utilizado com sucesso nas Olimpíadas de Atenas 2004 e que também foi usado nos Jogos de Pequim 2008. Além disso, houve compra de dois catamarãs e cinco barcos para juízes de prova e instalação de mais 19 deques e píeres. Para as disputas de remo e canoagem nos Jogos, o governo federal importou 38 barcos, 278 remos, 20 simuladores, 25 canoas e 52 caiaques. Durante o Rio 2007, o Estádio de Remo sofreu problemas na montagem de instalações provisórias, que não resistiram a ventanias mais fortes. No entanto, não houve prejuízo para a competição porque o incidente se deu num intervalo entre as provas de remo e canoagem. O estádio foi uma das instalações que contaram com evento-teste. Programado inicialmente para outubro de 2006, foi disputado em abril de 2007.


instalação a cargo do setor privado

Barra Bowling

A

s pequenas adaptações para os Jogos Pan-americanos feitas no Barra Bowling, um centro de boliche privado, foram custeadas pelo próprio administrador do espaço. O local conta com 20 modernas pistas para a prática do esporte, de acordo com as normas estabelecidas pela federação internacional, além de restaurante, bar e outros serviços. A instalação fica dentro do maior shopping da cidade, o BarraShopping muito próximo à Vila Pan-americana, o que facilitou a mobilidade e a segurança dos atletas. Porém, devido à pequena área para espectadores, no Barra Bowling as competições não permitiram acesso de público, apenas de credenciados.

MODALiDADE DiSPutADA

Foto: Alex Ferro / CO-Rio

BOLiCHE

Barra Bowling: 20 modernas pistas reformadas pelo próprio administrador privado

O objetivo do jogador é derrubar o maior número de pinos em cinco lances. A bola deve correr pela pista sem cair no espaço das laterais, as canaletas. O atleta deve arremessar a bola sem ultrapassar a linha de falta, no início da pista, para não invalidar o lance. Cada jogada permite que o atleta atire a bola duas vezes. Se derrubar todos os dez pinos na primeira tentativa, terá feito o chamado “strike”, que duplica os pontos da próxima jogada, e não precisa de mais um arremesso. Se todos os pinos forem derrubados nas duas jogadas, o competidor terá feito um “spare”, e os pontos marcados no primeiro arremesso serão duplicados também. Vence o jogador que fizer mais pontos.


instalações sob responsabilidade da prefeitura do Rio

estádio João Havelange

MODALiDADES DiSPutADAS

FutEBOL O Engenhão e o Maracanã abrigaram as principais partidas da modalidade nos Jogos Pan-americanos.

Foto: Roberto Rosa / Odebrecht

AtLEtiSMO

Engenhão: formas imponentes e cobertura metálica

A história deste esporte se confunde com a própria história dos Jogos Olímpicos. Centenas de anos antes de Cristo, o homem já disputava corridas, saltos e arremessos. Hoje, o atletismo se desdobrou em provas de pista (de velocidade, meia e longa distância, revezamento, com barreiras e obstáculos), de salto (em distância, em altura, triplo e com vara), de arremesso (de peso, de disco, de dardo e de martelo), de rua (maratonas e marchas) e combinado (heptatlo e decatlo).


Foto: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

A cobertura metálica de 4,2 mil toneladas: obra recebeu elogios em todo o mundo

O

imponente estádio de forma ovalada e cobertura metálica suspensa em um conjunto de quatro grandes arcos tubulares de aço, com dois metros de diâmetro cada, surpreende pela beleza plástica e grandiosidade. O Estádio Olímpico João Havelange, hoje mais conhecido como Engenhão, nasceu junto com a idéia de se fazer dos Jogos Pan-americanos Rio 2007 o melhor Pan da história. Quando se optou por conferir nível internacional às instalações, a prefeitura abandonou o projeto original de um estádio de atletismo para 10 mil pessoas no Autódromo de Jacarepaguá. Decidiu erguer uma arena para 45 mil pessoas, em Engenho de Dentro, bairro da zona norte da cidade. A escolha do local se justifica porque levou o evento esportivo mais importante das Américas a uma área carente de investimentos públicos. Além disso, o estádio está próximo à Linha Amarela, importante eixo viário do Rio de Janeiro, e a poucos metros da rede urbana de trens. Uma passarela liga diretamente a estação Engenho de Dentro ao Engenhão. “Valeu a pena construir ali porque revitalizamos a região”, explica o ex-secretário municipal de Obras Eider Dantas. Iniciado em 1995, quando o local de construção ainda não estava definido, o projeto contemplava apenas a prática do futebol. Mais tarde, quando o Rio de Janeiro lançou a candidatura às Olimpíadas de 2004, os arquitetos Carlos Porto, Gilson Lopes, José Ferreira Gomes e Geraldo Lopes acrescentaram uma pista de atletismo. A principal inspiração e influência estética do grupo para a criação do Engenhão foi um projeto de Oscar Niemeyer para o Estádio Mário Filho, o Maracanã. Em 1941, Niemeyer participou de Concurso Público para o Estádio Nacional, mas perdeu. Impressiona no desenho do arquiteto para o “Maraca” o grande e único arco de concreto que sustenta, por cabos, o balanço da cobertura. “Eu tinha muito forte na cabeça o projeto do Oscar. O Engenhão tem uma cara lúdica, de movimento. Traduz na leveza da cobertura a dinâmica do esporte”, conta Carlos Porto. Ao lado de Paulo Casé, Porto e Gilson foram também responsáveis pelo projeto das


em tubos de ferro fundido, foi implantada no subsolo das ruas do entorno do estádio.

Fases da construção e, na foto 4, o estádio com a pista externa, no mesmo sentido da interna

A cobertura metálica do estádio, de 4,2 mil toneladas, foi executada por empreiteiras brasileiras, mas supervisionada por uma empresa portuguesa que já havia participado da construção do Estádio da Luz, em Lisboa. A idéia é de quatro arcos metálicos que sustentam uma cobertura circular, também metálica, que por sua vez envolve todas as arquibancadas. A pista de atletismo, de 8.316 metros quadrados, teve de ser adquirida duas vezes, de acordo com o prefeito César Maia. “Compramos a pista e a federação internacional nos comunicou que havia uma melhor. Compramos outra e instalamos a anterior na Vila Olímpica de Mato Alto”, conta. Nas instalações do João Havelange foram registrados pequenos incidentes, como a queda de um muro pouco antes do início do Parapan e de uma tenda de overlay sobre um carro, ainda durante os Jogos Pan-americanos. Após o evento, o estádio foi arrendado por 20 anos para um consórcio formado pelo Botafogo de Futebol e Regatas e dois parceiros estrangeiros e tem sido usado para partidas de futebol, o que assegura administração permanente e uso contínuo e isenta o poder público dos custos de manutenção.

O custo estimado para a construção do estádio de atletismo, para 10 mil pessoas –, no dossiê revisado em fevereiro de 2003, era de R$ 76 milhões. Na Matriz de Responsabilidades, de fevereiro de 2007, já com a inclusão das mudanças do projeto que ampliou sua capacidade de público e a capacidade para abrigar outras modalidades esportivas, passou para R$ 446 milhões de reais. Ao final, fechou em R$ 318,357 milhões. A maior parte do terreno pertencia à Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e estava avaliada em R$ 400 mil quando foi cedida à prefeitura. A pedra fundamental foi lançada em dezembro de 2003 e a obra, concluída em junho de 2007. Como em muitas construções dos Jogos, houve atrasos, em função da necessidade da retirada de vagões de trem abandonados no local, a remoção do Museu do Trem e o remanejamento de uma antiga adutora, com 80 centímetros de diâmetro e 900 metros de extensão, que atravessava o terreno, passando por baixo do local em que ficaria o campo de futebol. A nova adutora,

Fotos: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

O estádio, construído com blocos de concreto pré-moldado de até 80 toneladas, pode ser ampliado de 45 mil para 60 mil lugares, para uso durante a Copa de 2014 ou em Olimpíada. Em função de já ter as fundações e a cobertura prontas, o custo de adequações para eventos maiores será bastante reduzido. Possui quatro saídas, e o tempo de esvaziamento é de aproximadamente dez minutos. O terreno ganhou ainda um edifício-garagem com 1,6 mil vagas e uma pista de atletismo de aquecimento, bastante elogiada pela Associação Internacional das Federações de Atletismo (Iaaf). A estrutura ocupa 47% da área do terreno e foi projetada em seis níveis principais. Os quatro setores do estádio podem ser acessados por quatro conjuntos de rampas independentes, o que permite controle das torcidas.

César Moreno, delegado técnico da Iaaf nos Jogos Pan-americanos Rio 2007 e Olímpicos de Atenas 2004 e Pequim 2008, compara o Engenhão aos estádios usados nos últimos quatro Pan-americanos e vaticina: “Este foi o melhor. O do Canadá era muito velho, não se ajustava às normas de que precisávamos. Exatamente o contrário aconteceu em Santo Domingo: o estádio não estava pronto quando começaram os Jogos. Em Mar del Plata, era muito pequeno e ficou pronto no início do evento. No Brasil, estava terminado e é de padrão internacional. É uma instalação de primeiro nível”. Em dezembro de 2007, a revista Sport Business International destacou a arquitetura “incomum” do Engenhão e elegeu o estádio como uma das 10 melhores instalações esportivas inauguradas em 2007, em quesitos que vão de design inovador à funcionalidade.

O prédio administrativo do estádio (no alto) e detalhes dos vestiários, entre eles o símbolo do Pan nas torneiras

Fotos: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

três instalações da Cidade dos Esportes: Arena Olímpica, Parque Aquático Maria Lenk e Velódromo da Barra. “As quatro instalações têm bases sólidas e coberturas suspensas, leves, sobre a estrutura”, explica Porto.


Cidade dos esportes

O

complexo batizado de Cidade dos Esportes, construído na área do Autódromo Nelson Piquet, compreende algumas das instalações mais elogiadas por atletas e público nos XV Jogos Pan-americanos Rio 2007, onde foram praticados oito esportes durante o Pan e o Parapan.

O Maria Lenk, em primeiro plano, a Arena e o Velódromo ao fundo: distância entre eles preserva traçado original do Autódromo de Jacarepaguá

A intenção inicial da prefeitura era de que o consórcio Rio Sport Plaza, vencedor de licitação em sistema de concessão feita em 2004, erguesse o conjunto de instalações e, em troca, ganhasse o direito de explorar o local por 50 anos – renováveis por mais 50. Entre os compromissos assumidos pelo consórcio, estava também o de construção de um novo autódromo no município, em substituição àquele que seria transformado em Cidade dos Esportes. No entanto, o grupo formado pelas empresas Odebrecht, Camargo Corrêa, Logos Engenharia e Rio Sport Plaza Gerenciamento, depois de anunciar investimentos de R$ 450 milhões, desistiu da obra, em novembro de 2005. “Chegaram a fazer uma apresentação para a Odepa, mas quatro ou cinco meses depois abandonaram o barco”, diz o prefeito César Maia.

Foto: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

A participação do governo federal foi fundamental para viabilizar o conjunto. Um convênio de R$ 84,9 milhões com a prefeitura – R$ 60 milhões da União e R$ 24,9 milhões do município – tornou possível a construção do Maria Lenk. A obra do velódromo, que no plano original dos Jogos seria provisório, também contou com a participação do governo federal, que pagou a importação da pista por meio de convênio com o Comitê Olímpico Brasileiro no valor de R$ 2,1 milhões. No total, o custo estimado da Cidade dos Esportes no dossiê revisado em fevereiro de 2003 era de R$ 113 milhões e, na Matriz de Responsabilidades, quatro anos depois, R$ 204 milhões. Ao final, fechou em R$ 224,4 milhões.

Sem a participação da iniciativa privada, o poder público arcou com a construção de todo o complexo. Para isso, foram feitas novas licitações para cada uma das instalações em 2006, ano em que as obras começaram: a Arena Olímpica, em abril; o Parque Aquático Maria Lenk, em maio; e o Velódromo, em novembro. Como a prefeitura não dispunha de recursos para a totalidade das obras, em janeiro de 2006 o prefeito César Maia pediu a colaboração do governo federal em audiência da qual participaram a ministra-chefe da Casa

Civil, Dilma Rousseff, e os então ministros do Esporte, Agnelo Queiroz, e da Fazenda, Antonio Palloci. A União assegurou repasse para a construção do Parque Aquático Maria Lenk e a importação da pista do velódromo. E, ao final, o complexo Cidade dos Esportes ficou como legado para a cidade do Rio de Janeiro. E para o País também, é preciso dizer, já que o velódromo, por exemplo, que nos planos iniciais seria uma instalação temporária, hoje não só é permanente como é o único no Brasil

capaz de sediar competições internacionais. Antes de escolher o consórcio Rio Sport Plaza, a prefeitura ainda enfrentou a oposição de entidades ligadas à Confederação Brasileira de Automobilismo, que temiam a descaracterização do Autódromo Nelson Piquet. O projeto original, no qual as instalações estavam mais próximas umas das outras, teve de ser alterado para preservar o traçado da pista do autódromo. Além disso, a prefeitura se comprometeu a revitalizar o local.


Foto: Bruno Carvalho / ME

arena Olímpica do Rio

B

atizada inicialmente de Arena Multiuso, a Arena Olímpica do Rio é um dos três únicos ginásios climatizados do Brasil. Os outros são o Maracanãzinho e o Complexo Miécimo da Silva, também utilizados nos Jogos Panamericanos. O alto nível da Arena, que se tornou referência no gênero para a América Latina, surpreendeu brasileiros e estrangeiros, especialmente encantados com inovações como as arquibancadas retráteis, que permitem a variação de público entre 12 mil e 15 mil pessoas. O ginásio foi escolhido para a cerimônia de abertura dos Jogos Parapanamericanos, e mostrou que pode ser usado para fins diversos. Em setembro de 2007, a Arena abrigou o Campeonato Mundial de Judô. Logo depois, foi arrendada pela empresa GL Events, até 2016, e já foi palco de shows musicais. “A Arena é de primeiro mundo. A estrutura do Pan do Rio não deixou nada a desejar em relação a outras competições internacionais das quais já participei na Europa, Ásia e América Central”, atesta Diego Hypolito, bicampeão mundial na ginástica artística e ganhador de duas medalhas de ouro nos Jogos Pan-americanos Rio 2007.

MODALiDADES DiSPutADAS

GiNáStiCA ARtÍStiCA Em competições individuais ou por equipes, este esporte compreende seis provas para homens (salto, cavalo, argolas, barra fixa, paralelas e solo) e quatro para mulheres (salto, traves, paralelas e solo). Juízes atribuem notas à execução e aos movimentos. Quando o atleta incorpora outros elementos além dos obrigatórios, pode ganhar pontos extras.

A Arena em três momentos: em construção (detalhe), no basquete e abaixo, com as cadeiras retráteis recolhidas para dar espaço à ginástica (setas)

BASQuEtE Inventado no Canadá, em 1891, o basquete é disputado por duas equipes de cinco jogadores, que buscam obter o maior número de pontos ao fazer a bola passar pela cesta adversária: tiros livres valem um ponto, arremessos de pequena e média distância valem dois, e arremessos de longa distância, três pontos. As partidas têm duração de 40 minutos.

Foto:s Alex Ferro / CO-Rio

Planta da aRena OlíMPiCa


MODALiDADES DiSPutADAS

Parque aquático Maria lenk

NAtAçãO Em piscinas olímpicas, de 50m e oito raias, os nadadores disputam provas individuais e de revezamento, nas modalidades livre, peito, costas e borboleta. Os percursos a serem completados variam de 50m a 1.500m. Para vencer, é preciso passar por eliminatórias, semifinais e finais.

NADO SiNCRONiZADO Disputado pela primeira vez em PanAmericanos em 1955, este esporte é um dos poucos restritos a mulheres. As competições de elementos obrigatórios e livres são em solos, duetos ou equipes de oito, e avaliadas por juízes que dão notas para técnica e criatividade.

Foto: Alex Ferro / CO-Rio

SALtOS ORNAMENtAiS

Conforto, segurança e beleza na instalação que entrou para a história da natação sul-americana

Atletas realizam acrobacias no ar, saltando de plataformas de 10m ou trampolins de 3m para depois entrar na água suavemente e com elegância. Como no nado sincronizado, são avaliados por juízes.


Planta dO PaRqUe aqUátiCO MaRia lenk

C

Para os Jogos Parapan-americanos, foram necessárias adaptações temporárias, já que o Comitê Paraolímpico Internacional, em uma de suas últimas visitas de inspeção, demonstrou preocupação com a acessibilidade, principalmente na passagem dos atletas da piscina de aquecimento para a principal. O delegadotécnico indicado pela Federação Internacional de Natação (Fina), o cubano Guillermo Martínez, não poupou elogios ao Parque: “O Maria Lenk é, sem dúvida, um dos complexos aquáticos mais belos do mundo e reúne todos os requisitos para se organizar eventos deste tipo. Foi concebido de forma muito prática, o que facilita a movimentação de atletas, oficiais e espectadores”. O presidente da Fina, o argelino Mustapha Larfaoui, concorda: “É um projeto fantástico. Trata-se de uma excelente oportunidade para os atletas e para a juventude brasileira”. O Maria Lenk entrou para a história da natação sul-americana depois da realização do Rio 2007, pois foi em sua piscina principal que o nadador brasileiro Thiago Pereira bateu o recorde de medalhas de ouro em um Pan-americano: oito. Toda a equipe de natação brasileira deu seu show particular no Parque Aquático e levou, ao todo, 29 medalhas. No fundo da piscina (em destaque), as saídas de ar que impulsionam o atleta de volta à tona. Na segunda foto, a bomba propulsora que gera o fluxo de ar. Em seguida, o elevador da plataforma e o parque em construção

Fotos: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

onstruído especialmente para os Jogos Pan-americanos, o Maria Lenk – cujo nome homenageia a primeira mulher sul-americana a competir em uma Olimpíada, em 1932 – é hoje a mais moderna instalação para esportes aquáticos de alto rendimento da América Latina. Construído especialmente para os Jogos Pan-americanos Rio 2007, graças a convênio assinado em maio de 2006 entre prefeitura e União, o Parque é parcialmente coberto e composto por duas piscinas olímpicas, uma para competições e outra para aquecimento, e um tanque de saltos ornamentais com até 30 metros de profundidade. A iluminação e o sistema de cronometragem são de última geração, e há bombas propulsoras para ajudar os atletas a emergir depois do salto. Nas arquibancadas, a cobertura e o isolamento térmico garantem o conforto do público.


O

Velódromo é a única instalação do gênero coberta no Brasil. A pista, também a única de pinho siberiano no País, com 60 quilômetros e 63 toneladas, foi importada da Holanda por meio de um convênio entre governo federal e o Comitê Olímpico Brasileiro, ao custo de R$ 2,1 milhões para a União. O pinho siberiano é um material de alta durabilidade e excelente acabamento, utilizado nos principais eventos esportivos internacionais das modalidades. Na cobertura do Velódromo foram aplicadas telhas translúcidas, que fornecem maior incidência de luz natural por mais tempo e economizam energia. A instalação apresentou problemas apenas no evento-teste realizado pela prefeitura, em 11 de julho de 2007, quando uma pequena parte do teto cedeu com o peso da chuva. Resolvido o problema, o funcionamento da instalação foi excelente durante os Jogos. “As inclinações são perfeitas e a bicicleta se comporta muito bem nesta superfície. É realmente uma pista de altíssimo nível, de padrão internacional”, garante Maria Luisa Calle, colombiana, bronze no ciclismo de pista nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004 e ouro nos Jogos Pan-americanos de Santo Domingo 2003 e do Rio.

Velódromo da Barra

MODALiDADES DiSPutADAS

CiCLiSMO DE PiStA

Foto: Alex Ferro / CO-Rio

Em número de provas, o ciclismo de pista é a maior categoria do ciclismo (que pode ser disputado ainda no BMX, estrada e mountain bike): reúne dez categorias diferentes, em individual e por equipes, de velocidade, contra o relógio e perseguição.

A pista, de pinho siberiano, foi adquirida pelo governo federal

PAtiNAçãO DE VELOCiDADE Também conhecido como corrida de patins, este esporte pode ser disputado individualmente ou em duplas, por homens e mulheres.


Fotos: Bruno Carvalho / Ministテゥrio do Esporte

Planta dO Velテ電ROMO da BaRRa da tiJUCa


MODALiDADES DiSPutADAS

C

omposto de cinco pavilhões, o Riocentro foi sede de 12 modalidades esportivas nos Jogos Pan-Americanos e quatro no Parapan. No local também foram construídos o Centro Principal de Imprensa (MPC) e o Centro Internacional de Transmissão (IBC). A prefeitura cedeu a exploração do Riocentro por 50 anos, em março de 2006, à empresa multinacional GL Events, que, em troca, executou obras de melhoria especialmente para o evento – instalação de ar-condicionado, rede sem fio e câmeras de monitoramento e a construção de uma estação de tratamento de esgoto – e montou equipamentos provisórios para os Jogos.

O Riocentro BOxE Sete séculos antes de Cristo, este esporte já era popular. Em Olimpíadas e Pan-americanos, as lutas se dão em três rounds de três minutos, com os atletas munidos de luvas, sapatilhas e protetores bucais, genitais e de cabeça. Há 12 categorias, segundo o peso dos competidores. O vencedor pode sair por nocaute ou pontos.

O custo estimado no dossiê revisado em fevereiro de 2003 era de R$ 29 milhões, e na Matriz de Responsabilidades, de fevereiro de 2007, R$ 70 milhões. Ao final, ficou em R$ 73 milhões, arcados pela GL Events. Na fase de planejamento, o MPC e o IBC estavam previstos para funcionar no Pólo de Cine e Vídeo do Rio, também na Barra, mas ainda em novembro de 2004 decidiu-se que ficariam no Riocentro, o que permitiu aos jornalistas trabalharem mais perto dos locais de disputa de grande parte das modalidades esportivas (detalhes mais adiante, neste capítulo).

tAEkwONDO Há quatro categorias, definidas pelo peso dos atletas. Munidos de protetores de cabeça, tórax e abdômen, tentam acertar chutes ou socos. Em lutas de três rounds de três minutos, pode-se vencer por nocaute ou pontos.

GiNáStiCA DE tRAMPOLiM O ginasta salta de uma tela de nylon até atingir cerca de 6 metros de altura e executa 20 elementos técnicos. O vencedor é definido por oito juízes.

Foto: Divulgação / COB

As 15 categorias, definidas pelo peso dos atletas, são disputadas em três provas. Em duas delas o competidor deve colocar o peso acima da cabeça: no arranque, com um movimento, e no arremesso, com dois. A terceira prova é a soma dos pontos nas duas primeiras. Vence quem levantar mais peso.

Foto: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

LEVANtAMENtO DE PESO

O Riocentro abrigou doze modalidades em seus cinco pavilhões

ESGRiMA Em combates individuais e por equipes, o atleta usa espada, florete e sabre e tenta tocar o adversário sem ser tocado. Fios e roupas ligados a um sistema eletrônico contam os toques. Nas provas eliminatórias, ganha o atleta que der cinco toques no adversário ou ficar quatro minutos sem ser tocado. Nas semifinais e finais, o numero de toques sobe para 15, e o tempo, para nove minutos.

FutSAL Este esporte nasceu na década de 40, em quadras de basquete da Associação Cristã de Moços, em São Paulo. Em 1955, ocorreu o primeiro torneio da modalidade, no Rio. Em 2002, foi incluído nos Jogos Sul-americanos realizados no Brasil e, em 2007, estreou em Pan-americanos. Versão do futebol jogada em quadra, as partidas de 40 minutos são disputadas por equipes de cinco jogadores. Vence quem marcar mais gols. Até pouco tempo atrás era chamado de futebol de salão.

LutAS Na greco-romana, o lutador só usa braços e tronco. Na livre, o uso das pernas é permitido. Se não houver imobilização na luta, ela é decidida por pontos.

BADMiNtON Dois atletas rebatem uma peteca, separados por uma rede de 1,55m do chão, em melhor-de-três sets de 21 pontos.

têNiS DE MESA Um ou dois atletas, separados numa mesa por uma rede, competem em sets de 11 pontos, rebatendo pequenas bolas com raquetes.

HANDEBOL Duas equipes de seis atletas disputam partidas de 30 minutos cada e tentam marcar, com a mão, os gols.

JuDô Lutadores usam a força para derrubar o adversário, sem chutar ou socar. A vitória pode se dar com golpes como o ippon, que derruba ou imobiliza o oponente.

GiNáStiCA RÍtMiCA Só mulheres disputam a modalidade, que possui elementos do balé. São utilzados a fita, a corda, a bola e o arco.


Fotos: Divulgação / CO-Rio

Fotos: Divulgação / CO-Rio

Planta dO RiOCentRO

Da esq. para a dir. em sentido anti-horário, tênis de mesa, ginástica artística, esgrima, futsal, boxe e badminton


O

Clube Marapendi foi escolhido como sede das partidas de tênis por ser tradicionalmente usado para disputas da Copa Davis. Para os Jogos, foram construídas uma quadra central de saibro e outras quatro menores – duas de jogo e duas de aquecimento. O projeto do Comitê Organizador sofreu ajustes porque as quadras estavam na posição errada em relação ao sol. Houve ainda problemas judiciais causados por empresas que contestaram a licitação, concluída em fevereiro de 2007, para a escolha da responsável pela montagem da instalação. Além das quadras, foi construído um novo acesso na rua interna

Foto: Alex Ferro / CO-Rio

Clube Marapendi

para os atletas do Parapan, e os vestiários e alambrados já existentes foram reformados. Toda a infra-estrutura temporária necessária foi implantada, incluindo banheiros químicos, tendas, mobiliário, comunicação visual (“Look of the Games”) e instalações prediais. Durante os Jogos Pan-americanos, a operação no Marapendi ocorreu sem problemas. Nos últimos dias, a chuva ininterrupta na cidade causou adiamento de algumas partidas, algo que inclusive costuma ocorrer nas grandes competições mundiais de tênis. A final do torneio de simples masculina teve de ser transferida para uma quadra fechada, em um clube particular próximo.

MODALiDADE DiSPutADA

têNiS

Marapendi: cinco novas quadras de saibro para o Pan

Pode ser individual ou em duplas, e os atletas, cada um de um lado da quadra dividida por uma rede baixa, usam raquetes para jogar a bola de um lado a outro – cada vez que ultrapassa a rede, a bola só pode quicar no chão uma vez. O objetivo dos jogadores, em partidas de melhor de três ou cinco sets, é evitar que o adversário consiga rebater a bolinha. Há diferentes tipos de piso para a prática do esporte: grama, saibro, cimento, sintético e carpete.


D

esde 1999, a prefeitura já alimentava o sonho de construir um centro náutico na Marina da Glória, mas nunca obteve autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Com a inclusão do local no programa dos XV Jogos Pan-americanos Rio 2007, o poder público municipal retomou o projeto e, em agosto de 2005, prorrogou por 50 anos a concessão à Nova Marina, que terminaria em 2006. Em troca, a empresa realizaria as obras para o Pan, entre elas uma garagem de barcos.

Marina da Glória

Iniciada sob liminar, a construção foi novamente interrompida por ordem do Iphan, em setembro de 2006 – o órgão apresentou resistência à altura da garagem. A disputa judicial se arrastou por meses, com sucessivos embargos, e o CO-Rio chegou a estudar outros locais para abrigar a competição de vela do Pan, como o Iate Clube do Rio de Janeiro e a Escola Naval. O Ministério Público Federal firmou acordo com o Comitê Organizador e definiu que os barcos de competição seriam abrigados em uma estrutura já existente na Marina. A decisão atendeu as exigências do Iphan. O custo estimado da obra no dossiê revisado em fevereiro de 2003 era de R$ 2 milhões e, na Matriz de Responsabilidades, quatro anos depois, R$ 42 milhões. Uma vez que o projeto de instalação permanente não foi concluído, o custo terminou em R$ 2 milhões, incluindo a montagem das instalações temporárias, e foi assumido pela concessionária do local.

Marina: disputa judicial superada para dar todas as condições aos velejadores

Foto: Divulgação / RC&VB

MODALiDADE DiSPutADA

VELA Em raias delimitadas por bóias, as competições de vela podem ser fleet race, de todos contra todos, e match race, de dois barcos por vez. As onze categorias variam de acordo com o tipo de embarcação. Vence o atleta que somar os melhores resultados nas regatas de cada disputa.


Complexo Miécimo da silva

U

m estádio com pista de atletismo, uma piscina e um ginásio refrigerado compõem o Miécimo da Silva, construído em 1997, que já abrigou várias disputas internacionais, como o Mundial de Goalball e a Copa do Mundo de Natação, além de eventos nacionais relevantes, como jogos das seleções de vôlei e futsal. E quando não é utilizado para estes fins, o complexo atende, por semana, cerca de 16 mil crianças e jovens que praticam gratuitamente 21 modalidades esportivas. Para os XV Jogos Pan-americanos Rio 2007, a prefeitura fez melhorias no campo, trocou os refletores de iluminação e reformou as arquibancadas, entre outros serviços. No ginásio, substituiu o piso e parte do telhado.

MODALiDADES DiSPutADAS

FutEBOL O complexo abrigou várias partidas intermediárias e algumas decisivas desta modalidade

CARAtê Na versão moderna desta luta nascida no Japão, no século 18, os atletas devem evitar chutes e socos que causem ferimentos no adversário. Há duas modalidades: kumite, de combate um a um, e kata, onde os atletas sozinhos executam golpes buscando a perfeição.

PAtiNAçãO ARtÍStiCA

Miécimo: público numeroso nas quatro modalidades durante todo o Pan. No detalhe, as quadras, piscina e o campo do complexo

Fotos: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

Derivada da patinação no gelo, esta modalidade esportiva pode ser disputada por homens e mulheres, individualmente ou em duplas mistas. Os atletas “dançam”, executando elementos artísticos, e são avaliados e recebem notas de juízes. Quanto mais perfeitos, graciosos e leves forem os movimentos apresentados, mais altas serão suas notas.

SQuASH Inspirado no tênis, o squash moderno nasceu na Penitenciária de Fleet Debtor, em Londres, no início do século 19. Os atletas, munidos de raquetes, ficam de frente para uma parede, na qual rebatem uma bola, sempre tentando impedir que o adversário rebata na seqüência antes que a bola pingue duas vezes no chão. Em partidas de melhor de cinco games, com nove pontos cada, um atleta só pontua quando saca.


N

Prova de ciclismo do Pan e, acima, a chegada da maratona

Fotos: Jeff Gross / Getty Images

o local foi montada uma instalação provisória que serviu de chegada para a maratona e atendeu bem às necessidades dos Jogos. A escolha do Parque foi muito elogiada, principalmente pelo visual, com o Pão de Açúcar ao fundo. A largada das competições aconteceu na Praia de São Conrado, que também abrigou uma estrutura pequena. “O percurso da maratona foi belo, não poderia ter sido melhor. Foi uma decisão certa não chegar ao estádio, como acontece normalmente, e ter a meta na Praia do Flamengo. Os atletas ficaram encantados com o percurso, que será repetido no Mundial de Meia Maratona de 2008”, conta César Moreno, delegado-técnico de atletismo nos Jogos Panamericanos Rio 2007 e nos Jogos Olímpicos de Atenas 2004 e Pequim 2008.

MODALiDADES DiSPutADAS

MARAtONA Nesta modalidade do atletismo, vence o atleta que percorrer em menor tempo os 42,195 quilômetros da prova.

CiCLiSMO DE EStRADA Em Pan-americanos, na modalidade clássica, os homens correm 156 km, e as mulheres, 78 km, competindo lado a lado. Quem completar a prova em primeiro lugar vence. Já na categoria contra o relógio, 19,5 km para as mulheres e 40 km para os homens – aqui, cada ciclista larga de uma plataforma, em intervalos regulares de um minuto.

A instalação do Parque abrigou vários overlays, entre eles uma arquibancada

Foto: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

Parque do flamengo


Foto: Harry How / Getty Images

Morro do Outeiro

Centro de futebol Zico - CfZ

O

CFZ não recebeu intervenção específica para os Jogos; foram utilizadas suas instalações usadas habitualmente para treinos e partidas. Chegou a ser cogitado para sediar as competições de hóquei sobre grama, mas acabou abrigando algumas partidas de futebol de menor público. A 10 km da Vila Panamericana, o CFZ, criado em 1996 pelo exjogador da seleção brasileira e do Flamengo Zico, e sede de um clube de futebol do mesmo nome, possui um campo em dimensões oficiais e outros dois para aquecimento.

Outeiro: apesar das chuvas, a pista foi elogiada pelos atletas

MODALiDADES DiSPutADAS

CiCLiSMO BMx Versão do motocross, adaptada para a bicicleta, trata-se de uma corrida em pistas na qual os atletas têm de superar saltos e obstáculos.

MOuNtAiN BikE Nesta prova, chamada de cross-country, os ciclistas precisam enfrentar caminhos estreitos de terra e pedra.

Foto: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

E

mbora tenha sido bem adaptado para os Jogos, o Morro do Outeiro, um terreno privado, sofreu com chuvas intermitentes nas semanas anteriores ao evento. O terreno encharcou, o que prejudicou o aspecto visual. Ainda assim, os atletas elogiaram as pistas. Para o delegado técnico da competição de ciclismo, Iverson Ladewig, “o grande problema foi a chuva. A pista de BMX não ficou 100%, mas o resultado foi bom, todos gostaram. A pista de mountain bike também foi bastante elogiada”, diz. Já a imprensa apontou defeitos como a ausência de assentos para os torcedores apesar de os ingressos mostrarem lugares numerados. Os organizadores tentaram contornar a questão autorizando crianças a sentarem nos lugares reservados para as delegações, o que gerou protestos de oficiais.

CFZ: boa estrutura para jogos de futebol do Pan-americano

MODALiDADE DiSPutADA

FutEBOL As confortáveis instalações do Centro de Futebol Zico (CFZ), no bairro de Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro, abrigou algumas partidas dos torneios de futebol dos Jogos Panamericanos Rio 2007.


Cidade do Rock

A Cidade do Rock foi concluída sem projeto executivo: “Se tivesse sido feito, teríamos notado que o nível do campo era inferior ao do arruamento interno, o que prejudicou a drenagem”, justifica Luís Henrique Ferreira, gerente de Instalações do Comitê Organizador. A licitação começou em dezembro de 2006: uma antecedência maior poderia ter antecipado os problemas causados pela chuva e o vento. O secretário geral do CO-Rio, Carlos Roberto Osório, culpa o atraso na licitação e a empreiteira que executou a obra: “A única que não ficou no padrão que projetamos foi a Cidade do Rock. A licitação se deu tardiamente, e a empresa vencedora era tecnicamente fraca. A prefeitura não teve tempo de corrigir, aditivar o contrato ou penalizar a empresa”, afirma Osório,

lembrando que o CO-Rio ainda contratou um consultor cubano para tentar amenizar os problemas de drenagem. “Tudo o que ele pôde corrigir, que era aparente, corrigiu. O problema é que só se detecta a gravidade do problema num incidente de forte chuva. Se o terreno fosse bom, a empresa podia ser ruim. Mas a empresa e o terreno eram ruins”. A prefeitura argumenta que o projeto elaborado pelo CO-Rio estava caro demais e que tomou a decisão correta ao exigir cortes. “A Cidade do Rock e o Morro do Outeiro não funcionaram por uma fatalidade: as chuvas. E o Comitê pediu reforço na iluminação da Cidade do Rock em cima da hora”, afirma o então secretário municipal de Obras, Eider Dantas. Para o gerente de Esportes do Comitê, Agberto Guimarães, houve ainda um equívoco quando se projetou a instalação para apenas 651 torcedores: “A procura foi maior que a esperada”. Os serviços executados na Cidade do Rock incluíram a demolição de pisos de concreto e asfalto, drenagem do terreno, movimento de terra com acerto do terreno, construção de campo de gramado, iluminação com postes e refletores e montagem de arquibancadas, entre outros. A iluminação também deixou a desejar, o que levou o CO-Rio a desistir de realizar partidas noturnas de beisebol. O projeto foi feito com o campo na rotação errada e teve de ser refeito.

Foto: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

A

Cidade do Rock foi a instalação que mais sofreu problemas: a drenagem não funcionou de forma adequada, fazendo com que vários jogos fossem adiados; as estruturas temporárias não resistiram ao vento forte, o que também deixou a instalação inutilizável em alguns dias; e a falta de proteção nas arquibancadas fez com que alguns torcedores fossem atingidos por bolas. O torneio de softbol chegou a ter a última rodada cancelada porque não havia condições de jogo.

BEiSEBOL

SOFtBOL

Duas equipes de nove jogadores se revezam na defesa, quando arremessam a bola, e no ataque, rebatendo com o bastão. O time que está no ataque tenta marcar pontos – conquistados quando um jogador consegue chegar à base principal depois de passar pela primeira, segunda e terceira bases. Se três de seus jogadores forem eliminados, volta para a defesa. O objetivo é marcar o maior número de pontos.

Praticado apenas por mulheres, o softbol tem as mesmas regras básicas do beisebol, mas se difere nas dimensões da bola, maior, e do campo, menor. O arremesso nesta modalidade também é diferente, porque deve ser feito de baixo para cima. Para abrigar as duas modalidades, foram feitas várias obras na Cidade do Rock, entre elas a demolição de pisos de concreto e asfalto, drenagem, construção de campos, iluminacão e montagem de arquibancadas.

Foto: Alex Ferro / CO-Rio

MODALiDADES DiSPutADAS

O campo de beisebol (acima) e um dos jogos dos brasileiros no Pan


MPC e iBC: conforto e tecnologia para a imprensa

Redação confortável, salas de entrevista e restaurante: MPC recebeu inúmeros elogios de jornalistas

Q

G dos 1.394 profissionais de mídia escrita que retiraram suas credenciais, o MPC (do inglês Main Press Center, ou Centro Principal de Imprensa), funcionando num pavilhão de 13.500 m² abrigado no Riocentro, na zona oeste do Rio de Janeiro, esteve à altura dos centros de imprensa instalados em Jogos Olímpicos, a julgar pelos elogios de jornalistas do Brasil e do exterior. Possuía uma redação com lugares disponíveis para 564 profissionais na sala de trabalho e 42 escritórios alugados pelo Comitê Organizador para diversos órgãos de imprensa. Duas salas para entrevistas coletivas, posto médico, cafeteria, dois restaurantes, lanchonete e armários garantiram o conforto e a segurança dos usuários. “Já estive em 12 jogos Olímpicos e este Centro de Imprensa foi o mais confortável em que trabalhei numa competição multiesportiva”, garante Bob Condron, diretor de imprensa do Comitê Olímpico dos Estados Unidos. Na sala de trabalho e nos escritórios, televisões transmitiam ao vivo a programação dos Jogos. “Tinha tudo que tem um MPC das Olimpíadas. A maior parte do que ouvi foi de elogios, principalmente pelo tamanho da instalação e as opções da área de alimentação”, conta o gerente do MPC, Marcelo Fefer.

Fotos: Divulgação / CO-Rio

A montagem foi financiada pela concessionária do complexo do Riocentro GL Events. “Os serviços para a imprensa foram excelentes. Transmiti minhas reportagens com rapidez e não tive problemas de conexão”, diz Mariano Ryan, jornalista enviado especial do diário argentino Clarín para a cobertura dos Jogos

Rio 2007. Para Eduardo Tironi, editor-executivo do diário Lance!, “os serviços, tanto para a imprensa quanto para o público, tiveram um bom nível de eficiência e organização”. Nos 7.500 m2 do pavilhão 1 do Riocentro, funcionou o International Broadcasting Center (IBC), o Centro Internacional de Transmissões, que abrigou a International Sports Broadcasting (ISB), emissora anfitriã dos Jogos, e as emissoras de rádio e TV detentoras dos direitos de transmissão das competições (12 nacionais e 10 internacionais). Cerca de 4 mil profissionais da área foram credenciados – a emissora geradora, a ISB, empregou 900 pessoas nos estúdios e nas instalações para garantir a geração recorde de 850 horas de transmissão em alta definição para 150 países de quatro continentes. A ISB transmitiu ao vivo de 15 instalações e gravou competições em 12. Mais de 20 trailers e 10 unidades móveis foram utilizados na operação, que gerou 50 sinais simultâneos monitorados em televisões de plasma no IBC. Foram utilizados, no local, 70 quilômetros de cabo. Tal aparato sobrecarregou a energia elétrica disponível, chegando a derrubar a transmissão de algumas emissoras por alguns instantes nos primeiros dias dos Jogos, problema resolvido rapidamente pela organização. Os profissionais que trabalharam no IBC utilizaram os serviços de alimentação disponíveis aos profissionais no MPC. Mas no IBC também houve serviços diversos. O pavilhão foi equipado com banco, agência dos Correios, agência de viagens e uma loja de conveniência.


UAC: financiado pelo governo federal, emitiu milhares de credenciais e distribuiu mais de 400 mil uniformes

A Central do Brasil abrigou o Centro de Segurança dos Jogos (COS)

Centro de Segurança dos Jogos (COS) Sede das operações de segurança, o COS, no prédio da Central do Brasil, foi implantado pelo Ministério da Justiça. Por uma decisão estratégica da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), responsável pelo projeto de segurança dos Jogos, as operações foram centralizadas no edifício onde fica a sede do órgão, no Centro da cidade. O Centro de Segurança dos Jogos ficou como legado para a segurança pública do Rio.

Fotos: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

Em geral – com algumas variações dependendo do local, os overlays eram compostos de tendas, divisórias, móveis, carpetes, computadores, geladeiras, ar-condicionado, instalações elétricas, banners e cartazes de divulgação e peças de sinalização, o chamado “Look of the Games”.

Centro de Uniforme e Credenciamento (UAC) Funcionou em instalações temporárias de 4,5 mil m² nos fundos do Barra Shopping, na Barra (foto abaixo). O centro de compras, em troca da cessão do espaço, ganhou o status de “shopping oficial” do Pan. O espaço teve a montagem financiada pelo governo federal e concentrou a emissão de 118 mil credenciais e a distribuição de mais de 400 mil uniformes e outros itens para funcionários, jornalistas e terceirizados.

Foto: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

as instalações não esportivas

A

organização dos Jogos contou com instalações operacionais de papel determinante no bom andamento das competições e em outras atividades. Boa parte delas teve sua estrutura bancada pelo governo federal e algumas, inclusive, tiveram uma parte ou a totalidade de suas montagens provisórias (overlays) incluída no mesmo contrato das instalações temporárias esportivas do Ministério do Esporte (CR 01/2007): o caso do Centro Principal de Operações (MOC), do Centro de Uniforme e Credenciamento (UAC), da garagem central (GCT), dos aeroportos e da Vila.

Armazém Central de Logística Abrigado no galpão da Base de Abastecimento da Marinha, em Ramos, zona norte da cidade, era formado por equipes de logística, que contavam ainda com mais dois depósitos de apoio do COB (foto ao lado). Foram gastos R$ 600 mil para adequação do Armazém, recursos transferidos pelo Ministério do Esporte ao Ministério da Defesa, por meio de destaque orçamentário. O armazém esteve equipado com tratores, empilhadeiras, guindastes e equipamentos manuais de movimentação de carga, além de frota de transporte composta por caminhõesbaú, caminhões-guincho, utilitários diversos, vans e motocicletas. Mais de 600 toneladas de materiais esportivos e encomendas foram entregues em segurança. A tarefa ficou a cargo da CorreiosLog, contratada pelo Ministério do Esporte por R$ 15,9 milhões. Garagem Central (GCT) Para abrigar a frota de veículos utilizada pelos vários setores responsáveis pela organização e execução dos Jogos, o governo federal montou toda a infraestrutura temporária para o funcionamento de uma garagem central (foto ao lado).

O Armazém Central de Logística foi reformado com recursos da União

Garagem Central de Transporte: 45 mil metros quadrados em ponto estratégico da cidade para o fluxo dos veículos usados no Pan


Reforma do Santos Dumont: terminal de passageiros ganhou mais de 1000m2 com reforma para o Pan

Hotéis O Windsor Barra, onde o CO-Rio fez uso de 280 apartamentos, ganhou status de hotel oficial do Pan e foi sede da Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa) durante o evento. A Odepa fez ali sua XLV Assembléia Geral. Para isso, o governo federal proveu mobiliário, tablados, geladeiras e outros itens requeridos. Uma infra-estrutura de apoio aos Jogos também foi montada nos hotéis Sheraton da Barra e Royalty, em Copacabana. Ambos hospedaram dirigentes de organismos esportivos internacionais e árbitros.

O TOC abrigava toda a integração tecnológica do evento

O MOC era o centro nervoso dos Jogos

Foto: Divulgação / Atos Origin

Centro Principal de Operações (MOC) O objetivo do MOC (a sigla vem do inglês Main Operation Center, ou Centro Principal de Operações), que ocupava uma sala de 300m² na sede do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), na Barra da Tijuca, era dar respostas rápidas a toda e qualquer crise durante os Jogos (foto ao lado). Integrado por 75 pessoas do CO-Rio e dos três níveis de governo, incluindo representantes do Ministério do Esporte (Sepan), da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), Defesa Civil e Instituto Nacional de Meteorologia, funcionava 20 horas por dia. Pode-se dizer que o MOC era o centro nervoso do Pan, onde situações críticas que poderiam prejudicar o bom andamento do evento eram analisadas para posteriores tomadas de decisões. Pela primeira vez uma estrutura deste tipo foi montada em Pan-americanos. Antes de entrar em operação, o CO-Rio comandou uma simulação, durante 30 horas, na qual analisou 730 problemas “reais”, dos mais simples aos mais complexos, vividos em Jogos Olímpicos. Até uma ameaça de bomba foi simulada. Durante os Jogos, nenhum evento grave foi registrado, mas a equipe estava preparada para dar respostas rápidas.

Foto: Divulgação / Modulo

Centro de Operações Tecnológicas (TOC) Uma sala de 1.680 m², dentro de um shopping na Barra da Tijuca, região que concentrou cerca de 60% das competições, era o coração

das operações de tecnologia. Implantado com recursos do governo federal, possuía 180 postos de trabalho e 16 mil metros de cabeamento elétrico, além de um videowall (telão de alta definição) que monitorava e transmitia continuamente as operações do evento e imagens das instalações esportivas e não esportivas (Leia mais no capítulo Tecnologia).

Foto: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

Aeroportos Os dois aeroportos do Rio – Internacional Tom Jobim (Galeão), a 20 km do Centro, e Santos Dumont, na região central da cidade – receberam cartazes, banners e outras peças de promoção e sinalização dos Jogos, além de equipes especialmente encarregadas de receber a Família Pan e Parapan-americana. No Galeão, o Ministério do Esporte se encarregou de fazer adequações das instalações elétricas e montou salas de receptivo a atletas e delegações. Com recursos do Ministério do Turismo (R$ 107 milhões) e da Infraero (R$ 58 milhões), o Santos Dumont teve uma ala completamente reformada antes do Pan. O terminal de passageiros foi ampliado em mais de mil metros quadrados, o que deixou a área de embarque três vezes maior.

Foto: Bruno Carvalho / Ministério do Esporte

Foto: Claudia Gonçalves / Infraero

Um terreno de 45 mil m2 foi cedido pelo shopping Via Parque, na Avenida Ayrton Senna, próximo à Vila. Ali, onde também há um kartódromo, o Ministério do Esporte instalou tendas, mesas, computadores e mais de 80 tomadas para que motoristas e supervisores pudessem recarregar os celulares. Além disso, o Ministério fez também adequação das instalações elétricas. O local favoreceu a logística, já que a garagem estava posicionada exatamente na região onde se realizaram cerca de 60% das competições.

O Windsor Barra, junto com o Sheraton e o Royalty, foi um dos hotéis oficiais


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