REVISTA BOMBEIRO PROFISSIONAL CIVIL

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R$. 50,00


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A Revista BOMBEIRO PROFISSIONAL CIVIL, é uma publicação que vem de encontro às necessidades prementes de uma classe que anda esquecida e tem sido bombardeada por seguimento assemelhado de ordem pública, sem merecer. A Organização Bombeiros Unidos Sem Fronteiras através de sua Divisão Social e de Cooperação vem com isso suprir uma necessidade que é real para toda a classe profissional de Bombeiros Civis. Esta publicação tem a intenção de não só levar ao Bombeiro Civil, mas para qualquer outro profissional da emergência informações que possam introduzir ao currículo do leitor uma bagagem dinâmica de conhecimentos. Estaremos chegando a bombeiros de todo o planeta de maneira totalmente gratuita e on-line, revista essa que poderá ser baixada diretamente em nosso blog a cada dois meses. Queremos convidar a todos os interessados em participar de nossas publicações, enviando elogios e criticas construtivas, idéias para pauta e muito mais. Essa é apenas nossa edição de lançamento, esperamos servir de instrumento do conhecimento continuado do profissional de emergência, principalmente do BOMBEIRO CIVIL.

Obrigado a todos os leitores e à aqueles que tornaram esta publicação possível. Divisão Social e de Cooperação: BUSF-BRASIL

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TERREMOTO O QUE SÃO?

BUSF-BRASIL BOMBEIROS UNIDOS SEM FRONTEIRAS.

APH CINEMÁTICA DO TRAUMA.

CNBC CONSELHO NACIONAL DE BOMBEIROS CIVIS.

LEGISLAÇÃO LEI 11.901/09 BOMBEIRO CIVIL.

PREVENÇÃO GÁS LIQUEFEITO DE PETRÓLEO.


Editoração Eletrônica: Bolívar Fundão Filho Presidente BUSF-BRASIL: Bolívar Fundão Filho Diretora Social e de Cooperação da BUSF-BRASIL: Carleci de Souza Silva Diretor de Imprensa da BUSFBRASIL: Isac Sena Contatos: busfbrasil@r7.com Logomarca REVISTA BOMBEIRO PROFISSIONAL CIVIL Bolívar Filho Blog REVISTA BOMBEIRO PROFISSIONAL CIVIL www.revistabpc.blogspot.com Contato Comercial: bolivarfilho@yahoo.com.br Mande sua sugestão para: busfbrasil@r7.com Fale Conosco: 55—11-2374-9844—Fixo 55-11-6688-0899—Oi 55-11-8913-5616—Claro 55-11-6065-7856—Tim 55-11-6847-9181—Vivo Edição: JUNHO/JULHO DE 2011


Terremotos ou Abalos Sísmicos, são desastres naturais que mais ocorrem no planeta, nem sempre sentidos pela maioria da população, por serem de pouca magnitude, porém suas ocorrências podem não só causar os abalos, mas também dar origem a grandes tsunamis e outros desastres.

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Terremotos, também chamados de abalos sísmicos, são tremores passageiros que ocorrem na superfície terrestre. Esse fenômeno natural pode ser desencadeado por fatores como atividade vulcânica, falhas geológicas e, principalmente, pelo encontro de diferentes placas tectônicas. Outros motivos podem ser o grande deslocamento de gases, atividades vulcânicas e ação antrópica (causados pelo homem), porem os causados pelo movimento das placas tectônicas são os terremotos mais intensos. Vamos entender melhor? Imagine que você tem uma régua na mão. Se você curvar um pouco a régua, você sentirá uma tensão (uma força) deste objeto contra seu dedo. Se você soltar uma das pontas, a tensão fará a régua vibrar. A maioria dos terremotos acontece quando essa tensão é liberada. É como se essas placas, ao se chocarem, exercessem uma pressão entre elas, mas ficam presas entre si. Em um determinado momento, essa força acumulada entre elas, vence o atrito e provoca um rápido deslizamento e libera a energia acumulada. Essa energia liberada desencadeia uma seqüência de ondas de choque e cau-

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sam os tremores na terra. Existem também os terremotos causados pelo homem, que se originam de explosões, extração de minérios, água, fósseis entre outros, mas neste caso, os tremores são de magnitudes bem inferiores. Conforme a teoria da Deriva Continental, a crosta terrestre é uma camada rochosa fragmentada, ou seja, ela é formada por vários blocos, denominados placas litosféricas ou placas tectônicas. Esses gigantescos blocos estão em constante movimento, podendo se afastar (zona de divergência) ou se aproximar (originando uma zona de convergência). Nas zonas de convergência pode ocorrer o encontro (coalização) entre diferentes placas tectônicas ou a subducção (uma placa mais densa ―mergulha‖ sob uma menos densa). Esses fatos produzem acúmulo de pressão e descarga de energia, que se propaga em forma de ondas sísmicas, caracterizando o terremoto. O local onde há o encontro entre as placas tectônicas é chamado de hipocentro (no interior da Terra) e o epicentro é o ponto da superfície acima do hipocentro. As conseqüências podem ser sentidas a


quilômetros de distância, dependendo da proximidade da superfície que ocorreu a colisão (hipocentro) e da magnitude do terremoto. Milhares de terremotos ocorrem diariamente no mundo. No entanto, a maioria apresenta baixa intensidade e tem hipocentro muito profundo, sendo assim, os terremotos são pouco percebidos na superfície terrestre. O Japão, localizado em uma zona muito sísmica, é atingido por centenas de terremotos por dia. Os lugares mais atingidos por terremotos são os territórios localizados em zonas de convergência de placas, em especial os países situados nos limites das placas tectônicas. Entre as nações que estão nessa situação podemos destacar o Japão, Indonésia, Índia, Filipinas, Papua Nova Guiné, Turquia, Estados Unidos da América, Haiti, Chile, entre outras. A magnitude é a quantidade de energia liberada no foco do terremoto, sendo medida a partir de uma escala denominada Escala Richter. A intensidade é a conseqüência causada pela ação do sismo, a destruição provocada por esse fenômeno. A escala mais utilizada para se classificar a intensidade é a de Mercalli. Já que falamos em magnitudes, os sismógrafos são os aparelhos utilizados para registrar a hora, a duração e a amplitude das vibrações. A escala Richter é a mais conhecida e varia de 0 à 9 pontos. Os terremotos de magnitude inferiores a 3,5 quase não são sentidos, os que estão entre 6,1 e 6,9 afetam uma área de até cem quilômetros do epicentro e os acima de 8,0 são destrutivos por um raio de centenas de quilômetros. Dois exemplos de terremotos recentes que tiveram uma destruição muito grande foram os que ocorreram no Haiti e

no Chile. O terremoto no Haiti teve magnitude de 7,0 na escala Richter enquanto que no Chile teve magnitude 8,8. O que ocorreu no Haiti teve conseqüências mais pesadas do que o Chile. Entre os efeitos de um terremoto de grande magnitude em áreas povoadas estão a destruição da infraestrutura (ruas, estradas, pontes, casas, etc.), além de mortes.

Por que é raro ocorrer terremotos no Brasil? Tremores de terra ou abalos causados pela liberação de energia acumulada no interior da crosta terrestre não são raridades aqui. Ao contrário: o território nacional sofre cerca de 90 tremores todos os anos. Incomuns, na verdade, são os sismos de grande magnitude porque o país está em uma zona intra-placas tectônicas, com maior estabilidade, afastado das zonas de contato ou de separação de plataformas (veja a ilustração ao lado, que tam-

bém indica, com as setas vermelhas, o sentido de movimento das placas).

Essas áreas de contato são muito instáveis, como é o caso do arquipélago japonês, que sofre com abalos fortes. Mas 11


Charles F. Richter, criador da escala Richter

grandes terremotos já foram registrados aqui. Em 1955, em Mato Grosso, um sismo atingiu 6,2 graus na escala Richter. Ele teria sido devastador se tivesse ocorrido em uma área mais povoada.

A Escala Richter. Durante o anúncio de um terremoto, sempre é falado sobre quantos graus o fenômeno atingiu na escala Richter. Mas afinal, o que é e como funciona essa unidade de medida? A escala Richter foi criada em 1935 pelo sismólogo estadunidense Charles F. Richter, integrante do Instituto de Tecnologia da Califórnia. Richter, para a realização de sua escala, analisou as ondas sísmicas e coletou números de vários terremotos anteriormente registrados. Essa escala foi desenvolvida para medir a magnitude dos terremotos, que consiste no ato de quantificar a energia liberada no foco do terremoto.

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É uma escala que se inicia no grau zero e é infinita (teoricamente), no entanto, nunca foi registrado um terremoto igual ou superior a 10 graus na escala Richter. Um dos


fatores é que ela se baseia num princípio logarítmico, ou seja, um terremoto de magnitude 6, por exemplo, produz efeitos dez vezes maiores que um outro de 5, e assim sucessivamente. Os terremotos mais violentos já registrados atingiram 9,2 graus, no Alasca, em 1964, e 9,5 graus, em 1960, no Chile. Os dois apresentam magnitudes altíssimas, podendo causar destruição total de lugares habitados, porém, no primeiro caso, o sismo atingiu uma região pouco habitada. Já o terremoto no Chile, em 1960, atingiu uma área muito habitada, causando a morte de, aproximadamente, 5.700 pessoas, além de deixar mais de 2 milhões de feridos.

- De 8 a 8,5 graus: é considerado um abalo fortíssimo, causando destruição da infraestrutura. - De 9 graus: destruição total.

A Escala Mercalli. A conhecida Escala Richter é conhecida por medir a magnitude de terremotos. A escala de Mercalli é utilizada para medir o nível de movimentação da terra em determinado lugar. É muito utilizada para

O poder de destruição de um terremoto não está relacionado apenas à sua magnitude, ou seja, nem sempre um sismo de maior magnitude será mais destrutivo que um de menor magnitude. Vários fatores influenciam nesse fenômeno: profundidade do hipocentro (ponto interior onde ocorre a fratura principal), a distância entre o ponto e o epicentro (local onde é registrada a maior magnitude dos abalos), as condições geológicas e a estrutura de engenharia dos edifícios atingidos. Em locais habitados, os terremotos podem ter, na maioria das vezes, os seguintes efeitos: - Inferiores a 3,5 graus: raramente são notados. - De 3,5 a 5,4 graus: geralmente sentido, mas raramente causa danos. - Entre 5,5 a 6 graus: provocam pequenos danos em edifícios bem estruturados, no entanto, seus efeitos são arrasadores em edifícios de estrutura precária. - De 6,1 a 6,9 graus: causa destruição em áreas de até 100 quilômetros de raio. Giuseppe Mercalli, vulcanólogo italiano

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proporcionar uma visão quantificada dos danos decorrentes em estruturas imóveis e terrenos. Em linguagem técnica é uma escala que permite verificar a intensidade de um sismo verificando os efeitos de um terremoto (movimento do terreno) sobre pessoas, elementos da natureza e edificações. A escala de Mercalli foi concebida por Giuseppe Mercalli, vulcanólogo italiano. Giuseppe Mercalli propôs uma alteração à escala Rossi-Forel referente à dez graus. A escala de Mercalli possibilitou uma maior precisão nas medições gerando uma nova divisão entre os graus. A escala é determinada pelos diferentes testemunhos das pessoas perante o terremoto, pois, cada pessoa percebe o terremoto por estar a uma distância diferente do epicentro. Basicamente, há três tipos de escalas de Mercalli: - Mercalli Cancani Sieberg (MCS) – referente às alterações sobre a definição de intervalos de aceleração correspondentes aos efeitos destrutivos observados em determi-

nados terrenos italianos no início do século XX. Essa escala surgiu em 1903, pelos estudos de Adolfo Cancanti, geofísico italiano. - Mercalli Wood Neumann – proveniente da escala Mercalli Sieberg, introduziu conhecimentos referentes aos efeitos dos sismos ocorridos sobre edificações altas e veículos motorizados. Foi criada por Harry Wood e Frank Neumann, sismologistas norte-americanos. - Mercalli Modificada (MM ou MMS) – é a escala mais usada do mundo no setor de escala de intensidade sísmica. Possui três versões oficiais em três idiomas. Os efeitos sismológicos são classificados e estudados em graus, definidos por meio de números romanos que variam de I a XII. Leia a seguir a descrição de cada escala:

Os 10 maiores Terremotos do Mundo. Chile (1960): 9,5 graus de magnitude Estados Unidos (1964): 9,2 Indonésia (2004): 9,1 Rússia (1952): 9 Japão (2011): 8,9 Chile (2010): 8,8 Equador (1906): 8,8 Estados Unidos (1965): 8,7 Indonésia (2005): 8,6 Índia (1950): 8,6 Como sabemos nem sempre o maior terremoto, causa a maior destruição, podemos ver pela lista acima, que não apresenta o terremoto do Haíti de 7,0 pontos na Escala Richter, mas que causou a morte de mais de 100 mil pessoas.

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Por: Carleci Souza Silva

O Presidente da Organização Bombeiros Unidos Sem Fronteiras Bolívar F. Filho é Bombeiro Civil a 26 anos, já participou de várias entidades de atendimento a emergências, atuou em vários desastres como a queda do vôo 402 da TAM e os incêndios em Roraima no ano de 1998, dentre muitos outros. Presidiu duas entidades de Bombeiros Voluntários, foi o responsável pela equipe de Bombeiros Civis que atuou na reestruturação do Corpo de Bombeiros de Angola e atualmente preside a BUSF-BRASIL. A Revista BOMBEIRO CIVIL, realizou uma entrevista com Bolívar Filho, para saber como atua os voluntários da organização que vem trabalhando pela comunidade brasileira e internacional desde sua criação em 2005 aqui no Brasil. 19


BC: O que é a BUSF-BRASIL? Bolívar: A Organização Bombeiros Unidos Sem Fronteiras – BUSF-BRASIL, é uma ONG, que foi criada para atender as necessidades de resposta a uma situação que foi exigida por conseqüência de um contrato com o Governo Angolano, que precisavam de reformulação de sua estrutura de Bombeiros no país. Em razão disso, um grupo de pessoas resolveu criar baseado nos moldes europeus da BUSF uma instituição que pudesse dar resposta a situações de emergência não só no Brasil, mas também em países de língua portuguesa, que além de Brasil e Portugal são mais 6 no mundo, sendo Angola um deles.

dos profissionais que são aceitos na instituição. BC: Como sobrevive a BUSF-BRASIL?

Bolívar: A BUSF-BRASIL, é uma ONG, uma Organização formada apenas por voluntários, nós pagamos uma anuidade que gira em torno de R$. 100,00 e que possibilita algumas vantagens, que na verdade não são muitas, descontos em cursos são uma delas, vivemos de doações também de terceiros não só em dinheiro, mas em equipamentos e meios, por exemplo: A BUSF-BRASIL mandou para Teresópolis uma equipe de Bombeiros e Enfermeiros para ajudarem nos deslizamentos ocorridos no início do ano de 2011 e as BC: Como funciona a organizapassagens foram doadas por ção? uma empresa, tanto ida como “ é uma entida- volta. Agora estamos em uma Bolívar: A BUSF-BRASIL, é ucampanha para formar uma ede formada por ma entidade formada por voquipe fixa de resposta imediata luntários de vários seguimentos de 20 voluntários e estamos leprofissionais que sejam ligados voluntários de vantando fundos, para equipar direta ou indiretamente a resdos pés a cabeça esses voluntáposta a emergências. Temos vários seguimen- rios. Além de vestimentas, tamBombeiros Civis, Engenheiros e bém equipamentos e materiais Técnicos de Segurança, Méditos profissio- para que tenhamos uma equipe cos, Enfermeiros, dente muitos pronta para resposta em menos outros, que possam utilizar de 12 horas para qualquer lugar nais ” seus conhecimentos em prol de do país. uma resposta adequada a situações de catástrofes, como Terremotos, Tsunamis, EnBC: A instituição já realizou muitas atividachentes, Deslizamentos e muitos outros. des? Esses profissionais se cadastram voluntariamente, recebem um treinamento de opeBolívar: Bem a instituição tem apenas 6 rações em catástrofes para fazerem parte anos aqui no Brasil, mas seus membros de uma Força Tarefa para Emergências, possuem experiências diversas em várias quando solicitada. situações de catástrofes, tanto dentro quanto fora do país. Esse ano além de enBC: Quem pode fazer parte? via-mos voluntários para resposta a emergências na Região Serrana do Rio de JaneiBolívar: Bem como disse acima vários ro, também estivemos prontos para embarprofissionais de áreas específicas, em noscar para o Japão, para podermos ajudar so blog, na pagina ―Como se Cadastrar‖ o nas buscas, porém em virtude da situação interessado pode ter uma melhor noção radioativa na região para onde iríamos en20


viar os voluntários, tanto o governo japonês como a nossa diretoria achou por bem não enviarmos a equipe, mas se o governo japonês tivesse dado o start nós sem duvidas teríamos enviado os 20 elementos que já estavam prontos.

gente de profissionais qualificados, preparados e devidamente equipados para a resposta a populações atingida.

BC: Como é mobilizada essa equipe?

Bolívar: Em Angola foi um trabalho sui generis para a organização, mas que trouxe bastante conhecimento a instituição, como ofereceu de nosso melhor para o Serviço Nacional de Bombeiros de Angola. Começamos em Angola com assessoria para treinamento de bombeiros no manuseio de um caminhão auto-escada que tinham adquirido no Brasil. E terminou com a criação de um corpo de instrutores da BUSFBRASIL que formou a primeira turma de oficiais instrutores da escola Nacional de Bombeiros de Angola. Isso foi marcante para a instituição e para seus membros também, ao total ficamos em Angola 4 anos, isso proporcionou muito conhecimento tanto transmitido quanto adquirido por nossos voluntários.

Bolívar: Nós mantemos um cadastro de nossos voluntários e de outras organizações também que tenham características semelhantes a nossa no Brasil. Assim quando acontece um desastre seja em Território Nacional, ou fora do Brasil, nossa Diretoria de Operações se mobiliza para iniciar o plano de chamada, levanta-se quem esta disponível para ir e o tempo que pode permanecer nas operações. Geralmente agimos como Força Tarefa, ou seja realizamos o trabalho de salvamento nas primeiras 72 horas da ocorrência do desastre, em média a equipe permanece de 5 a 7 dias, porém a casos que pode durar mais dias dependendo da situação e dos meios envolvidos. BC: E a estrutura mobilizada?

BC: Como o trabalho da equipe em Angola?

Emblema da FORTE

Bolívar: Bem ainda aqui no Brasil a instituição esta apenas começando como toda ONG p início da caminhada é muito difícil, por essa razão estamos em campanha para que possamos montar essa equipe de primeira resposta que possa ser independente da estrutura local em matéria de alimentação, alojamento, suporte médico e de comunicação. Assim quando conduzirmos para um local de emergência um grupo de voluntários especializados, não ofereceremos dor de cabeça para as autoridades locais e sim soluções de força de resposta imediata e colocando a disposição das autoridades da Defesa Civil local um contin-

BC: O que pretende a BUSFBRASIL para o ano de 2011?

Bolívar: Bem o ano de 2011 para a BUSFBRASIL é o ano da organização interna, criamos nosso blog esse anão e o que queremos com isso é nos tornarmos totalmente transparente para a comunidade. Assim acreditamos que poderemos dar o próximo passo, que é preparar a equipe de resposta imediata ou primeira resposta. Apesar de já existirmos a 6 anos, ainda não possuímos uma sede fixa, o que é uma das metas para o biênio 2011/2012. Há também o problema do aparelhamento da equipe e o número de voluntários que queremos ampliar. Na verdade para esse resto de ano de 2011 e o ano de 2012 o que faremos e tra21


balhar no tripé da organização operacional que é exatamente a sede operacional, o aparelhamento de equipe de primeira resposta e a capacitação de voluntários em todo o Brasil. BC: Mas como vocês conseguem administrar um voluntário que esta por exemplo na Paraíba? Bolívar: Com a globalização e o fácil acesso a internet tudo ficou mas a mão, fora isso nós temos em nosso quadros operacionais e administrativos a figura dos delegados que são eles delegado municipal, delegado estadual e delegados regionais, ainda não existem esses elementos pois foi uma das maneiras que achamos para realizarmos um feedback entre a sede da instituição aqui em São Paulo e os membros voluntários dos demais estados da união. Pretendemos para breve promovermos um evento apenas para nosso voluntários que ainda não sabemos onde será, mas servirá para troca de experiências como também para realizarmos um grande treinamento em desastres. BC: Como é o trabalho entre os componentes da organização com as autoridades públicas? Bolívar: Bem toda vez que deslocamos nossos voluntários para uma operação de resposta, comunicamos as autoridades locais que estamos enviando para o local uma quantidade determinada de elementos e suas qualificações, além de informar quem esta responsável por esse grupo, porém ao chegar ao local, seja município, estado ou país, o nosso inspetor responsável ou delegado local deve colocar essa equipe a disposição d autoridade em comando e obedecer as solicitações dessa autoridade. Na maioria das vezes o grupo é colocado a disposição do responsável da Defesa Civil no local das operações. Então não há pro22

Breve do curso da Forte de Atendimento a Catástrofes.

blemas pelo menos não até agora, mesmo porque nas situações em que atuamos, sempre existe a falta de mão de obra especializada para atuar nas emergências com um tempo de resposta ideal. BC: Mas a BUSF-BRASIL tem uma Força Tarefa para atuar nessas emergências? Bolívar: Bem se formos ver a própria BUSF-BRASIL é uma Força Tarefa, porém como a instituição tem outros seguimentos, que são desenvolvidos pelas suas Divisões como a Social que promovem campanhas diversas, a de Formação que Oferece tanto formação profissional como continuada e a de Saúde, responsável por desenvolvimento de campanhas e respostas a situações de saúde e sanitária das populações nos possuímos na Divisão de Operações nossa Força Tarefa que tem a denominação de ―ForTE‖ (Força Tarefa para Emergências), que é a responsável por todas as respostas operacionais em catástrofe da instituição. BC: E como ela age? Bolívar: Ela na verdade é a nossa Divisão de Operações e ForTE, foi instituída em 1998 ou seja ela vem desde o tempo em que eu era presidente da ABRAE – A Associação Brasileira de Resgate e Administração de Emergências) e foi criado durante os incêndios em Roraima no ano de 1998, quando enviei para lá uma equipe de várias outras instituições juntamente com um grupo de voluntários da Defesa Civil de Guarulhos, fomos o único grupo civil a atuar nas operações na selva amazônica em


Roraima. Quando deixei a ABRAE em 2004 para ir para Angola ela ficou esquecida, assim resolvemos assumi-la pela BUSFBRASIL e dar continuidade ao tipo de operações que desenvolvia e sua identidade visual. Depois da criação da ForTE em 1998, muitas outras entidades começaram a criar suas Forças Tarefas para respostas a emergências. Quero ressaltar que realizamos manobras militares com o Exército Americano e as Forças Armadas Angolanas em 2005, onde simulamos um grande tsunami com o envolvimento de mais de 5000 pessoas entre civis e miliatres. BC: O senhor não vê isso como um plágio de idéias? Bolívar: De maneira alguma, Força Tarefa significa um grupo de multiprofissionais trabalhando por uma determinada causa comum, no caso da área de emergência, trabalhando para proporcionar uma resposta adequada as populações atingidas. Acredito que quanto mais Forças Tarefas existirem melhor para todos, o único problema é que nem sempre essas equipes estão compostas dentro do espírito de uma Força Tarefa, que é emprego imediato dentro do mais curto espaço de tempo possível, independência de transporte, alimentação, comunicação, resposta médica para pequenos ferimentos da equipe, alojamento e condições de se manter pelo menos por uma semana, sem depender das autoridades locais.

e treinamentos me consomem muito tempo tanto no Brasil quanto fora em outros países, fora a administração da BUSFBRASIL, que como disse não é apenas uma organização de resposta a emergências, mas sim de assistência social. Isso toma muito de meu tempo, não que dizer que não estou presente, mas deixo o comando operacional para dois profissionais Bombeiros Civis que a Organização tem hoje em nossos quadros que também são diretores da BUSF-BRASIL e estão ligados diretamente a Divisão de Operações e a Força Tarefa para Emergências. O Ricardo que é um Inspetor e Vice-Presidente da Organização e o Antonio que também é nosso Inspetor e Diretor de Patrimônio da Instituição, são hoje os dois responsáveis pelas respostas operacionais. BC: O senhor mencionou Inspetor, como funciona essa hierarquia interna? Bolívar: Bem como toda organização seja civil ou militar, nos na BUSF-BRASIL, temos nossa hierarquia também. E ela é mais utilizada pelos membros locados a Divisão de Operações, isso serve para que possamos ter um quadro de responsabilidades hierárquico e para respaldar os processos operacionais realizados pela organização quando

BC: O senhor que coordena todas essas operações? Bolívar: Não, já comandei muitas, mas hoje as atividades de cursos, palestras Instrutores brasileiros da BUSF-BRASIL que foram a Angola para formar instrutores da Escola Nacional de Bombeiros.

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em atividades, dentro de uma disciplina que os trabalhos exigem. Assim essa hierarquia vai de Bombeiro a, Comandante de Geral de Operações, Inspetor é uma delas, além dos como já disse anteriormente os Delegados da Instituição. Essa função hierárquica é galgada dependendo de cada um em relação as seu grau de envolvimento com a instituição, conhecimento técnico, formação educacional e cultural dentre outras exigências. BC: O que fazer para se tornar um membro da BUSF-BRASIL? Bolívar: A princípio deve o interessado ser maior de 18 anos e estar em dia com suas obrigações legais e sociais, possuir no mínimo o nível médio do ensino e preencher uma ficha cadastral, se aprovado, nós enviamos uma outra ficha mais completa e após ele preencher e reenviar para a instituição nós o cadastramos, ele recebe um certificado e uma carteira de cadastro na organização. Porém todo esse processo pode ser realizado através de nosso blog que é o www.busfbrasil.blogspot.com lá o interessado terá todas as informações. Quero lembrar também que nós todos pagamos uma anuidade que é uma forma de manter a instituição. BC: Vimos no blog da BUSF-BRASIL, que vocês estão em um processo de transparência total, o senhor acha isso necessário expor para todos, mesmo os que não pertencem à instituição?

nosso livro caixa real através do blog, estamos preparando todas as informações, elas vão entrando a medida que vamos transformando o material e digitalizando, mas pretendemos ter tudo do ano de 2011 a disposição até o final do ano para podermos começar 2012 com todas as informações online em tempo real a medida que acontecem. Nos, somos uma organização que não visa lucro para nossos membros, assim sendo tudo que adentra no caixa em forma de espécie ou através de bens doados devem ser de conhecimento público. É claro que temos planos e esses planos serão postos em pratica à medida que o caixa vai estando positivo. Eu particularmente acredito que essa transparência fará a instituição ser mais respeitada e crescer. BC: A BUSF-BRASIL ministra cursos, quais são? Bolívar: A nossa Divisão de Formação é composta por instrutores da instituição como convidados de fora, desenvolvemos alguns cursos de interesse da organização para a formação de voluntários nas áreas de atuação, principalmente em relação a Força Tarefa para Emergências, mas ministramos cursos também para interessados de fora como: Curso de Formação de Brigada de Incêndio, Curso de Sobrevivência em Regiões Hostis como Selva e Regiões Áridas, Especialização de Bombeiros Civil para a Área do Petróleo e Gás, Curso de Operações em Catástrofes ente outros.

BC: O senhor acha que o Brasil esta prepaBolívar: Sem dúvida alguma, acredito que rado para os Bombeiros Civis Voluntários? se todos os órgãos públicos trabalhassem dessa maneira, não veríamos os roubos que Bolívar: Vou dizer que o mundo não trabaocorrem hoje nos cofres públicos. Esse pro- lha sem voluntários, os governos não consecesso de transparência da organização é u- guem oferecer respostas adequadas nem ma novidade, que ainda não esta totalmente em países mais desenvolvidos como Suíça, como eu quero, futuramente tanto voluntá- Suécia, Alemanha, Inglaterra e EUA. Imagirios, como doadores, ou mesmo o público na o Brasil que possui uma extensão contiem geral, poderão acompanhar até mesmo nental mais de 5.400 municípios onde só e24


Assessoria nas manobras militares MEDFLAG 2005 EUA-ANGOLA da esquerda para a direita: Representante da BUSF-BRASIL, Páraquedista Angolano, Fuzileiro Naval Português e Forças Especiais Angolana.

xistem bombeiros do estado em pouco mais de 800. Eu acredito sim que Bombeiros Civis sejam municipais, voluntários de empresas são a solução para uma adequada resposta às populações. O próprio governo federal através da Defesa Civil deveria incentivar as organizações e municípios a desenvolver corporações civis de bombeiros, o custo é menor o envolvimento com as populações locais são maior e as resoluções são imediatas dentro da cadeia de comando, para compras de equipamentos e materiais. BC: O que o senhor acha da organização do Conselho Nacional de Bombeiros Civis? Bolívar: Bem eu participei da reunião que elaborou a criação do Conselho em 2009 e por vários motivos ele não foi para frente, o que não desmerece ninguém. Porém quando o atual presidente assumiu, toda a classe ficou esperando um posicionamento social por parte da nova diretoria, e pudemos ver isso quando brilhantemente foi defendida perante bombeiros militares, Senadores e Deputados Federais o nome ―Bombeiro Civil‖ em Brasília em uma comissão do senado. Isso bastou para que eu desse um voto de confiança e um crédito

ao Sr. Ivan Campos. Apesar de não fazer parte da Diretoria atual do Conselho Nacional de Bombeiros Civis eu sou um grande defensor, pois o que vier para ajudar a fazer com que a profissão seja reconhecida, respeitada e valorizada eu estarei sempre apoiando. Eu particularmente não acredito muito no trabalho de nosso sindicato de classe, porque nunca vi nada em prol da profissão, mas com o Conselho esta sendo diferente. BC: Fique a vontade para encerrar nossa entrevista apresentando um pouco mais da BUSF-BRASIL. Bolívar: Bem eu acredito que todas as perguntas respondidas foram pertinentes e com isso imagino que ficou bem claro o que seja a Organização Bombeiros Unidos Sem Fronteiras – BUSF-BRASIL. Quero deixar um convite para que visitem nosso blog, conheçam nosso trabalho e venham os interessados se juntar o nós. Para a Revista BOMBEIRO CIVIL quero parabenizar pela audácia de lançar uma publicação online e gratuita para a comunidade de Bombeiros Civis, publicação que não vi até hoje no mercado. Espero que o sucesso seja marca presente nas próximas edições e me sinto honrado de estar abrindo a edição de lançamento. Obrigado a Revista BOMBEIRO CIVIL e obrigado aos leitores que prestigiam essa publicação. CONTATOS PARA BOMBEIROS UNIDOS SEM FRONTEIRAS: Blog: www.busfbrasil.blogspot.com e.mail: busfbrasil@r7.com Telefone de contato: 55-11-4352-2755

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CINEMÁTICA DO TRAUMA 1ª Parte

Por: Bolívar F. Filho BOMBEIRO CIVIL

Introdução: A equipe de bombeiros que atende a um poli-traumatizado dentro de sua área de atuação deve ter dois tipos de lesões em mente. O primeiro tipo são aquelas facilmente identificáveis ao exame físico, permitindo tratamento precoce. Já o segundo tipo de lesões são aquelas ditas potenciais, ou seja, não são óbvias ao exame, porém podem estar presentes pelo mecanismo de trauma sofrido pelo vítima. Dependendo do grau de suspeita destas lesões pela equipe, danos menos aparentes podem passar despercebidos, sendo tratadas tardiamente. Deste modo, ressalta-se a importância de se conhecer a história do acidente. Quando bem acurada e interpretada pela equipe, tem-se a suspeita de mais de 90% das lesões antes de ter contato direto com a vítima. A história no trauma divide-se em três fases: Pré-impacto: são os eventos que precedem o acidente, tais como ingestão de álcool e ou drogas, condições de saúde da vítima (doenças preexistentes), idade, etc. Estes dados terão influência significativa no resultado final. Impacto: deve constar o tipo de evento traumático (ex. colisão automobilística, atropelamento, queda, ferimento penetrante, etc.). Deve-se também estimar a quantidade de energia trocada (ex. velocidade do veículo, altura da queda, calibre da arma, etc.). Pós-impacto: ela se inicia após a vítima ter absorvido a energia do impacto. As in-

formações coletadas nas fases de préimpacto e impacto são utilizadas para conduzir as ações pré-hospitalares na fase de pós-impacto. A ameaça à vida pode ser rápida ou lenta, dependendo em parte das ações tomadas nesta fase pela equipe de resgate. Portanto, as informações colhidas pelas equipes de bombeiros a respeito dos danos externos e internos do veículo constituem-se em pistas para as lesões sofridas pelos seus ocupantes. Com isto, a identificação das lesões ocultas ou de diagnóstico mais difícil são facilitadas, permitindo tratamento mais precoce reduzindo-se a morbimortalidade dos pacientes. Algumas observações são muito comuns, tais como: deformidades do volante de direção, sugerindo trauma torácico, quebra com abaulamento circular do pára-brisas indicando o impacto da cabeça, o que sugere lesão cervical e craniana, deformidades baixas do painel de instrumentos sugerindo luxação do joelho, quadril ou fratura de fêmur.

Energia e Leis Físicas: A fim de entender e interpretar as informações obtidas na história, faz-se necessário considerar algumas leis da física: Um corpo em movimento ou em repouso tende a ficar neste estado até que uma energia externa atue sobre ele essa é a 1ª Lei de Newton. A energia nunca é criada ou destruída, mas sim, pode mudar de forma. As formas mais comuns são mecânica, térmica, elétrica e química. A energia cinética é igual à massa multiplicada pelo quadrado da velocidade, dividido por dois. Com isso, a velocidade é mais importante fator gerador de energia cinética do que a massa, ou seja, a energia trocada em uma colisão em alta velocidade é muito maior do que uma em baixa velocidade. Já a diferença da massa dos ocupantes do veículo pouco interfere na energi27


a de colisão. Uma força é igual ao produto da massa pela sua aceleração (ou desaceleração). Outro fator a se considerar numa colisão é a distância de parada. Antes da colisão, o veículo e o ocupante viajam numa mesma velocidade. Durante o impacto, ambos sofrem uma brusca desaceleração, até pararem. Portanto, aumentos da distância de parada, diminuem a força de desaceleração sobre o veículo e seus ocupantes. A compressibilidade do material exerce influência na distância de parada e conseqüentemente na força de desaceleração. Ao ocorrer à compressão do material, há um aumento na distância de parada, absorvendo parte da energia, impedindo que o corpo absorva toda a energia, diminuindo as lesões no mesmo. Isto pode ser exemplificado quando se compara a colisão contra um muro de concreto e uma barreira de neve.

Cavitação: Defini-se como o deslocamento violento dos tecidos do corpo humano para longe do local do impacto, devido à transmissão de energia. Este rápido movimento de fuga dos tecidos a partir da região do impacto leva a uma lesão por compressão tecidual e também à distância, pela expansão da cavidade e estiramento dos tecidos. 28

Este fenômeno gera dois tipos de cavidades (ou deformações). As cavidades temporárias são formadas no momento do impacto, sendo que os tecidos retornam a sua posição prévia após o impacto. Este tipo de cavidade não é visto pela equipe de resgate e nem pelo médico ao exame físico. O outro tipo de cavidade é denominado permanente. Elas são causadas pelo impacto e compressão dos tecidos e podem ser vistas após o trauma. A diferença básica entre os dois tipos de cavidades é a elasticidade dos tecidos envolvidos. Por exemplo, um chute no abdome pode deformar profundamente a parede sem deixar marcas visíveis, pois após o golpe, a parede volta à sua posição original, gerando-se somente uma cavidade temporária. Já quando um motoqueiro choca sua cabeça contra um obstáculo, geram-se múltiplas fraturas de crânio, não permitindo o retorno dos ossos às suas posições originais (afundamento de crânio). Isto forma uma cavidade permanente que é facilmente identificável ao exame.

Permutas de energia: mo:

Ela depende de vários fatores, tais co-

Densidade: quanto maior a densidade do tecido, maior será o número de partículas que se chocará com o objeto em movimento, levando uma maior permuta de energia entre eles. Área de Superfície: similarmente o que ocorre com a densidade, quanto maior a área de contato entre os tecidos e o objeto em movimento, maior será o número de partículas envolvidas e conseqüentemente maior a permuta de energia.


Esta área pode ser constante durante o impacto ou pode sofrer deformações, alterando com isto permuta de energia. Um projétil de arma de fogo, por exemplo, ao atravessar os tecidos, vai sendo deformado, aumentando sua área e conseqüentemente a permuta de energia no decorrer do seu trajeto. As munições ―Dum Dum‖ se expandem violentamente ao se chocarem com a pele, causando lesões internas mais extensas. Este tipo de munição expansível foi proibido em conflitos militares (Tratado de Petersburgo 1899 e Convenção de Genebra). A área também pode variar pelo rolamento do projétil ao atravessar os tecidos (rotação transversal). O projétil penetra na pele com sua menor área, mas ao atravessar os tecidos, sofre desvios no eixo transversal que aumentam sua área e conseqüentemente a permuta de energia. Esta atinge seu máximo quando o projétil está a 90º (corresponde a maior área). Este fenômeno denominado ―tumble‖ (cambalhota) ocorre pela mudança do centro de gravidade do projétil ao atravessar os tecidos. Outro fenômeno que pode ocorrer é a fragmentação do projétil. Quando isto o-

corre, ele se espalha numa maior área, causando maior lesão nos órgãos internos, pela maior permuta de energia. O conhecimento da ocorrência de permuta de energia e de suas variáveis pela equipe de resgate tem grande importância prática. Isto pode ser evidenciado quando se compara duas equipes que atendem um motorista que se chocou violentamente contra o volante. A que conhece cinemática do trauma, mesmo não reconhecendo lesões externas, saberá que ocorreu uma cavitação temporária e uma grande desaceleração suspeitando de lesões de órgãos intratorácicos. Com isso, a conduta será mais agressiva, minimizando a morbimortalidade dos pacientes. Já a que não tem estes conhecimentos, não suspeitará de lesões de órgãos intra-torácicos, retardando o diagnóstico e conduta das mesmas, influenciando diretamente na sobrevida dos pacientes.

Trauma Fechado: As forças físicas, cavitação e permuta de energia são similares nos traumas pene-

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trantes e fechados. Mas quando a energia é concentrada em uma pequena área, ela pode exceder a tensão superficial do tecido e penetrá-lo. Em ambos os tipos de trauma, ocorre cavitação temporária, mas somente no penetrante existe a formação da cavitação permanente. No trauma fechado, duas forças estão envolvidas no impacto: mudança brusca de velocidade (aceleração ou desaceleração) e compressão. Elas podem ser resultantes de quedas, colisões automobilísticas, acidentes com pedestres, agressões, etc.

Lesões por mudança de velocidade A mudança brusca de velocidade cria uma grande aceleração ou desaceleração podendo causar lesões em diferentes partes do corpo. Cabeça: O impacto do crânio com algum anteparo, leva à desaceleração brusca do mesmo. Com isto, o crânio pára, mas o cérebro continua a se mover para frente. A parte do cérebro mais próxima do local de impacto sofre compressão, contusão ou laceração. Já a parte simetricamente oposta ao local de impacto se afasta do crânio, levando ao estiramento e laceração dos vasos, causando hemorragias epidurais ou subaracnóideas. Os sinais de suspeita dessas lesões são as contusões visíveis no couro cabeludo e face e quebra do pára-brisas do veículo, formando um abaulamento circular no vidro. Pescoço: O crânio é suficientemente forte para absorver os impactos sofridos. Entretanto, sendo a coluna cervical muito mais flexível, não tolera grandes pressões de impacto sem sofrer angulações ou compressões. Movimentos de hiperextensão ou hiperflexão do pescoço levam a angulações importantes, podendo resultar em fraturas 30

ou deslocamentos das vértebras. As compressões com as vértebras alinhadas podem resultar em esmagamento de corpos vertebrais. Todas estas lesões podem desestabilizar a coluna, permitindo a colisão dessas estruturas com a medula espinhal, causando lesões irreversíveis. Em impactos laterais, a cabeça se aproxima do ponto de impacto em relação ao eixo lateral e ântero -posterior (devido à rotação). Esses movimentos levam à separação dos corpos vertebrais do lado oposto ao impacto, rompendo ligamentos e, à compressão do lado do impacto, resultando em fraturas. Tórax: Impactos na região do tórax atingem inicialmente o esterno. Ele absorve grande parte da energia e pára abruptamente. No entanto, a parede posterior do tórax e os órgãos na cavidade torácica continuam a se mover para frente. O coração e a aorta ascendente são relativamente ―soltos‖ na cavidade torácica, mas a aorta descendente é firmemente fixada à parede posterior. Com isto, quando se cria uma grande aceleração (ex.: impactos laterais) ou grandes desacelerações (ex.: colisões frontais), produz-se um momento entre o complexo arco aórtico e a aorta descendente, levando a uma secção total ou parcial da aorta nesta região (próximo ao ligamento arterioso). Quando total, há um


grande sangramento e o paciente morre no local do acidente. Já quando parcial, forma -se um aneurisma traumático, que pode se romper minutos, horas ou dias após. Cerca de 80% dos pacientes morrem no local do acidente. Do restante, um terço morre seis horas após, um terço morrem em 24 horas, e um terço vive por três dias ou mais. Portanto, pelo mecanismo de trauma, deve-se suspeitar pelo tipo de lesão, permitindo investigação e tratamento em tempo hábil. Compressões da parede torácica resultam freqüentemente em pneumotórax. Isto porque há um fechamento involuntário da glote no momento do impacto, aumentando a pressão dos pulmões durante a compressão, levando à ruptura. Isso pode ser comparado ao que ocorre quando estouramos um saco de papel cheio de ar entre as mãos. Por esse motivo esse efeito é denominado ―paper bag‖. As compressões externas do tórax podem levar ainda à fratura de algumas costelas. Quando múltiplas, existe a possibilidade de se desenvolver

um quadro denominado tórax instável. Órgãos internos também podem ser atingidos, como por exemplo o coração. Contusões cardíacas são muito graves pois podem levar à arritmias potencialmente fatais. Abdome: Como ocorre em outros locais, quando há uma desaceleração brusca as vísceras abdominais continuam a se movi-

mentar para a frente. Com isso gera-se uma força de cisalhamento nos locais de fixação dos órgãos, geralmente localizados nos seus pedículos. Isso ocorre, por exemplo, com os rins, baço, e intestinos delgado e grosso. O fígado também pode sofrer lacerações na região do ligamento redondo. Isto porque é fixado principalmente no diafragma. Como esse músculo possui grande mobilidade, permite a movimentação do fígado para frente, forçando-o contra o ligamento redondo. Fraturas pélvicas podem levar a lesões de bexiga e de vasos da cavidade pélvica. Alguns órgãos podem ser comprimidos contra a coluna vertebral, tais como pâncreas, baço, fígado e rim. As paredes anterior, lateral, posterior e inferior do abdome são extremamente fortes. Mas a parede superior é composta pelo diafragma, que é um músculo de aproximadamente 5 mm de espessura, correspondendo a parede mais fraca. Com isto, o aumento da pressão abdominal pode levar à: · perda do trabalho ventilatório do diafragma; · ruptura do diafragma, ocorrendo a passagem das vísceras abdominais para a cavidade torácica, reduzindo a expansibilidade dos pulmões; · isquemia de alguns órgãos pela compressão ou estiramento dos vasos devido ao deslocamento dos órgãos; · hemotórax devido à hemorragias abdominais. O aumento exagerado da pressão abdominal pode levar ainda à rupturas esofágicas (Síndrome de Boerhave) ou ruptura da valva aórtica pelo refluxo sangüíneo.

Colisões de Veículos Automotores Colisão do ocupante: Quando um veículo se choca contra um obstáculo fixo, ocorrem duas colisões. A primeira entre a 31


vítima e o veículo e a segunda entre os órgãos da vítima e a estrutura de seu corpo. As colisões automobilísticas podem ser de seis tipos:

· impacto frontal · impacto traseiro · impacto lateral · impacto angular · capotamento · ejeção Impacto frontal: corresponde à colisão contra um obstáculo que se encontra à frente do veículo. Se o ocupante não estiver utilizando mecanismos de contenção (ex. cinto de segurança), ele irá se chocar contra alguma parte do veículo ou poderá ser ejetado para fora do veículo (primeira lei de Newton). O impacto da vítima com a cabine do veículo ocorre em dois tempos: A vítima escorrega para baixo de tal forma que suas extremidades inferiores (joelho e pés) sejam o primeiro ponto de impacto. Nestas condições, as lesões mais comuns são: fratura - luxação do tornozelo, luxação do joelho, fratura de fêmur e luxação posterior do acetábulo. Após a trajetória acima, a vítima é projetada para frente e seu tronco se choca contra o volante ou painel. Desta forma, seu crânio se choca contra o pára-brisa, levando a lesões do segmento cefálico e/ou coluna cervical. Ao mesmo tempo, o tórax e o abdome se chocam contra o volante ou painel. Impacto lateral: se refere às colisões do lado do veículo capazes de imprimir ao ocupante uma aceleração que o afasta do ponto de impacto. Dele podem resultar lesões semelhantes às do impacto frontal, mas além destas, podem ocorrer lesões de compressão do tronco e de pelve do lado de colisão. Por exemplo, impactos do lado do motorista podem levar a fraturas de ar32

cos costais esquerdo, lesão esplênica e lesões esqueléticas esquerdas (ex. pelve). Na mesma situação o passageiro terá mais lesões direitas (principalmente hepáticas). Impacto traseiro: geralmente este impacto ocorre quando um veículo parado é atingido por trás por outro veículo. Nestas condições o assento carrega o tronco dos ocupantes para a frente com grande aceleração, mas a cabeça não acompanha este movimento, ocorrendo uma hiperextensão do pescoço. Este movimento leva à lesões pelo mecanismo de chicote (―Whiplash‖). Este tipo de lesão é evitado com o uso correto do suporte de cabeça. Impacto angular: neste tipo de impacto, ocorre um misto dos padrões estudados acima. Capotamento: nestas situações, o ocu-

pante se choca contra qualquer parte da cabine, causando deslocamentos violentos e múltiplos, o que leva à lesões mais graves. Ejeção: a vítima nestes casos sofre lesões decorrentes da ejeção do veículo propriamente dito e do seu choque com o solo. A probabilidade de lesões aumenta em mais de 300% e há grandes chances de ocorrer


lesões ocultas.

Colisões de motocicletas Podem ocorrer lesões por compressão, aleração/desaceleraçã desaceleração e cisalhamento. Porém, menor será o risco de ocorrerem, quanto maior for o número de equipamentos de proteção utilizados no momento do impacto (ex. capacete, botas, luvas, roupas, etc.). Os mecanismos de lesão são: Impacto frontal/ejeção: quando a roda dianteira se choca contra um anteparo, a motocicleta pára subitamente. Obedecendo a 1ª Lei de Newton, o motociclista continua seu movimento para frente, até bater contra um objeto ou com o solo. Durante esta projeção, sua cabeça, tórax ou abdome podem se chocar contra o guidão. Se for ejetado da motocicleta, seus membros inferiores batem no guidão podendo levar a fraturas bilaterais de fêmur. Posteriormente ao se chocar com o solo, múltiplas lesões podem ocorrer. Impacto Lateral/ejeção: podem ocorrer as mesmas lesões do impacto lateral em um automóvel. Porém são muito freqüentes as fraturas e esmagamentos dos membros inferiores. Se for ejetado da moto, pode sofrer múltiplas lesões. Derrapada Lateral: neste mecanismo, o motociclista pode sofrer graves abrasões e até mesmo avulsões dos tecidos.

Pedestres As lesões ocorrem em três fases: Impacto com o pára-choque dianteiro: depende diretamente da altura do pára -choque e da vítima. Geralmente em adultos as lesões costumam acometer regiões entre as pernas e a pelve. Em crianças as lesões torácicas e abdominais são mais comuns. Impacto com o capô e pára-brisas: ocorrem lesões do tronco e cabeça. Impacto com o solo: lesões de cabeça e coluna. Como visto anteriormente, podem existir lesões viscerais pela aceleração/ desaceleração e compressão. NÃO PERCAM NA PRÓXIMA EDIÇÃO DE BOMBEIROS CIVIS A 2ª PARTE DESSA MATÉRIA.

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Ivan Campos, 39 anos, nascido em São Paulo-SP, foi atendente de enfermagem no final dos anos 80, auxiliar nos anos 90 onde trabalhou principalmente em UTIs, no final dos anos 90 fez parte de um grupo de resgate civil voluntário, onde se envolveu mais com as áreas de emergência sendo coordenador de grupo de ensino a novos voluntários, apaixonado por áreas de emergência e ensino iniciou a graduação em Enfermagem, no inicio dos anos 2000 se envolveu com a profissão de Bombeiro Civil, onde percebeu carência de informações sobre emergências tanto aos profissionais de enfermagem quanto aos Bombeiros Civis, criou em 2004 o Instituto Brasileiro de Pesquisas em Emergências Prof. Ivan Campos, participou ativamente da revisão da ABNT/NBR 14608 Bombeiro Civil Requisitos, norma nacional ainda em vigor, foi articulador na criação do Conselho Nacional de Bombeiros Civis em 2009 e assumiu a presidência da entidade em março de 2011, projetando o Conselho como principal entidade de representação da profissão em todo País, defendeu a profissão de Bombeiro Civil em audiência pública no Senado Federal contra a mudança do nome. Hoje além do trabalho no Conselho e no Instituto de Pesquisas, atua como instrutor em Suporte Básico a Vida e APH, e como consultor nos temas Bombeiro Civil, DEA e Planos de Emergência. A REVISTA BOMBEIRO PROFISSIONAL CIVIL, entrevistou o Sr. Ivan Campo sobre o Conselho Nacional de Bombeiro Civil que hoje esta sendo a instituição que procura dar respaldo e promover a regulamentação em nível federal da profissão. BPC: O que é o Conselho Nacional de Bombeiros Civis? IVAN CAMPOS: O Conselho é uma entidade de direito civil, sem fins lucrativos, legalmente constituída com estatuto registra-

do em 28/03/11 e CNPJ conferido em 01/04/2011, cuja objetivo é “conscientização, defesa e desenvolvimento da profissão de Bombeiro Civil em todo Brasil e tem toda forma de atuação, seja o empregado em empresas, seja em serviço publico nos Corpos de Bombeiros Civis Municipais, seja como Bombeiro Voluntário nas Associações que prestam serviço a sociedade. BPC: O Conselho pode fiscalizar a profissão e aplicar multas? IVAN CAMPOS: O Conselho começa como tantos outros Conselhos começaram, sem poderes de Lei sobre a profissão, mas que com trabalho sério ganhou respeito e apoio de autoridades e de toda a sociedade, principalmente da classe que representa, no caso do CNBC seguimos os mesmos passos da ABNT ou da OAB, que não são órgãos Federais mais que por trabalho de excelência feito durante sua história hoje são os gigantes que são, as normas da ABNT são exigidas por leis estaduais, municipais e federais. Recentemente o MTE Ministério do Trabalho e Emprego mudou a NR23 exigindo cumprimento destas normas, já a OAB é hoje a entidade responsável pelo exercício da profissão de advogado no País, trabalhamos para que em breve Leis estaduais e em breve Federal, concedam ao Conselho estes poderes. Um dos preceitos do conselho é defender a sociedade e os bons profissionais de maus profissionais ou de qualquer ação contra profissão, como fizemos no Senado Federal. BPC: Qual foi a participação do Conselho no Senado Federal? IVAN CAMPOS: Quando a lei da profissão de Bombeiro Civil, a Lei Federal 11901 de 01/2009, foi sancionada, e profissão teve uma projeção ainda maior, algumas pessoas em posição de comando em alguns Cor37


pos de Bombeiros Militares, tiveram atitude no mínimo insana, de tentar a todo custo extinguir a profissão no País, e por pouco estes inimigos da profissão e bem dizer do País não tiveram êxito, como todo mundo quer ajudar os Bombeiros, chegam os oficiais pedindo que políticos assinem tal Lei que vai ―ajudar os Bombeiros‖ e todo mundo assina, infelizmente há pessoas inescrupulosas também entre estes oficiais, da tal forma que temos Leis Federais e Normas Técnicas Nacionais sendo pisadas por instruções técnicas do corpo de bombeiros militares e decretos estaduais, muitos verdadeiramente criminosos pois descumprem leis em vigor e a própria Constituição deste País, estas manobras que entendo como criminosas, culminaram num projeto de Lei que tinha como único objetivo mudar o nome da profissão de Bombeiro Civil para Brigadista Particular, isso iria extinguir a profissão de Bombeiro Civil no Brasil, e estes inimigos da profissão usando de inverdades e ocultando informações relevantes induziram Deputados Federais a aprovarem essa mudança na Câmara, e agindo com a mesma má-fé já anunciaram que o nome havia mudado, porém nada mudou, para mudança acontecer teria que ser aprovado também no Senado Federal, e NÃO foi aprovado no Senado, então NADA MUDOU, diversas entidades se uniram de todo País para enfrentar esse absurdo e conseguimos mostrar aos Senadores o erro em que estavam sendo direcionados por estes inimigos da profissão em atitude indigna de sua posição. Esse foi um dia histórico para a profissão, pois tivemos a oportunidade de apresentar a diversas autoridades do Governo a profissão de Bombeiro Civil e sua importância para o Pais, e diversas ações ilegais contra profissão foram denun38

ciadas em especial do comando de bombeiros militares do Distrito Federal, creio que muito ira mudar ainda esse semestre em favor da profissão. A bem do País, precisamos construir um novo tipo de relacionamento entre Bombeiros Civis e Militares, e a bem dos bons Bombeiros Militares precisamos denunciar e levar a punição as más ações de comandantes de bombeiros militares que põe em risco muito mais que o bom nome conquistado justamente pela corporação. BPC: O que esses maus comandantes de corporações de bombeiros militares põe em risco? IVAN CAMPOS: A própria sociedade, a partir do momento que publicam Instruções Técnicas que vão contra Leis Federais ou Normas Técnicas nacionais em vigor, e por pressão exigem que a sociedade cumpra estes instruções criadas, exigidas e fiscalizadas por eles mesmos, sobre as mais diversas penas, forçam comércios, industrias e toda sociedade ao erro senão a ação criminosa, afinal é crime quando se desrespeita uma lei não é? Infelizmente algo que deveria ser um instrumento para segurança da sociedade, se tornou um instrumento de repressão e até extorsão em mãos inescrupulosas, falo do AVCB que é o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros, documento exigido por prefeituras para liberação do alvará ao imóvel, como o AVCB é emitido pelo corpo de bombeiros militar, eles podem e exigem o que e da forma que querem, afinal por incrível que pareça eles mesmo se fiscalizam, isso foi deixado bem claro em audiência no Senado, então qualquer comando de bombeiros militares sem escrúpulos, pode bem instituir qualquer


instrução técnica própria da forma que achar melhor, e tem o AVCB para obrigar a sociedade a aceitá-la, ou senão articulam com facilidade junto ao governo do estado para conseguirem decretos estaduais lhes conferindo mais poderes. Infelizmente existe esse lado muito ruim em alguns comandos de Bombeiros Militares, e em defesa da sociedade, e dos bons Bombeiros Militares, estas ações precisam ser denunciados e punidas a altura, e a sociedade e governos precisam prevenir que essa situação de sociedade refém de um serviço que deveria servi-la existem dois passos para sanar e fortalecer os bombeiros militares: Primeiro— As prefeituras precisam trazer de volta para si a responsabilidade de vistoria de imóveis, com secretarias especializadas como a exemplo a Secretaria Municipal de Controle e Liberação de Uso de Imóveis e Áreas, onde Engenheiros, Técnicos e outros profissionais vistoriam e liberam o uso destes imóveis e áreas, com base em Leis e Normas Técnicas Nacionais, assim se extingue o AVCB e a não há mais como se obrigar a sociedade aos mandos de coronéis equivocados em seu real papel para sociedade. Segundo— O Governo Estadual criar os comitês, ou secretárias ou conselhos ou

outros órgãos de fiscalização dos serviços de bombeiros militares, estes órgãos seriam compostos por CIVIS, políticos, representantes de diversas entidades de classes e representação social, como OAB, Comercio, Industriais, líderes de comunidades, e outros. Assim os corpos de bombeiros militares passam a servir e a prestar contas a sociedade de forma transparente, ao contrário ao que acontece hoje em muitos estados onde eles mesmo se fiscaliza e prestam contas a si mesmos. Estas ações serviriam para sanar os serviços militares de Bombeiros, evitando que invadam competência que são de Prefeituras, Estado e Federação, é algo necessário a bem da sociedade e da manutenção do bom nome e da credibilidade que os serviços de Bombeiros Militares tem junto a sociedade e não pode ser manchado por ações insanas de alguns comandantes, acredito que esta campanha tenha muito apoio tanto da sociedade quanto dos bons bombeiros militares que também querem o melhor. BPC: O que o Conselho faz pela profissão de Bombeiro Civil? IVAN CAMPOS: São 3 bases, a conscientização da profissão, a defesa da sociedade e do bom profissional e o desenvolvimento

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da classe profissional. Destas são realizadas campanhas, constituindo grupos de trabalho contínuo e seguimos assim sem descanso. Hoje acontecem: No pilar da conscientização e do desenvolvimento a organização de 3 encontros Pró Bombeiros agendados para 3 Estados no próximo mês, e muitos mais nos meses seguintes, o Código de Ética será lançado em Brasília no próximo mês, várias resoluções estão em trabalho, o site e o serviço de atendimento por e -mail e telefone já funcionam. No pilar da Defesa, estamos acompanhando toda movimentação no Senado Federal e também em nível Estadual, constituímos um corpo jurídico e estamos em conversação com outras entidades de classe e de representação social, mesmo com menos de 6 meses da atual gestão o Conselho já tem muito a oferecer. Vamos trabalhar muito na melhora de Leis e Normas sobre a profissão. Estamos ajudando grupos em vários Estados a fundarem seus Sindicatos, ajudando escolas a melhorar seu nível técnico e a sociedade a conhecer a profissão, também há campanha para constituição e manutenção de Bombeiros Civis em municípios, sejam municipais ou voluntários, as obrigações do Conselho vão além da profissão de Bombeiro Civil em si, há real compromisso com a sociedade e com o País, que fica mais seguro a cada Bombeiro Civil que inicia atividades ou que se aperfeiçoa. O registro de bombeiros civis junto ao Conselho para emissão do cartão de Registro Nacional de Bombeiros Civis é uma das principais ações do Conselho. BPC: O que é o cartão de registro no conselho? IVAN CAMPOS: É um cartão emitido para Bombeiro Civil que apresente solicitação preenchida acompanhada de cópia de alguns documentos, incluindo do certificado 40

de curso de formação de Bombeiro Civil, que é verificado quanto a sua autenticidade e se a grade atende a norma nacional em vigor na ocasião, assim tanto o Bombeiro Civil tem um documento emitido pelo Conselho que atesta sua condição, quanto o mercado de trabalho, autoridades e a própria sociedade tem um documento de referencia sobre a condição desse profissional, assim combateremos a venda e o transito de falsos certificados,outro bom fato é que no verso do cartão de registro esta a descrição sumária da profissão e o a lei do Bombeiro Civil, estes itens são um escudo contra a desinformações sobre a profissão. O registro pode ser solicitado preenchendo e seguindo as instruções em cfbc.org.br/ registro BPC: Onde é o endereço do Conselho? IVAN CAMPOS: O Conselho ainda não tem endereço próprio, nossas reuniões e atividades acontecem em espaços cedidos por entidades amigas em varias regiões, por isso endereço de correio é uma caixa postal locada no Correio Central em São Paulo-SP, estávamos com dois endereços em vista pra a sede São Paulo e a Sede ABCD, mas todos os recursos foram direcionados para sede Brasília-DF, tão crítica é a situação da profissão na região, e pela necessidade do Conselho Nacional ter sede em Brasília como todos os Conselhos tem para acompanhamento de Leis Federais e maior contato com Senadores e Deputados Federais, esse endereços será inaugurado em 1 de agosto, mesma semana da publicação do código de ética, dai o próximo


endereço será em São Paulo-SP pela necessidade de acompanhamento das revisões de normas na ABNT. Nesse momento o endereço só site ativo é cfbc.org.br e em breve também cnbc.org.br. BPC: Em alguns lugares aparece como Conselho Federativo e outros como Conselho Nacional, são duas entidades? IVAN CAMPOS: Não, é a mesma entidade, acontece que tanto no Estatuto quanto no CNPJ constam os dois nomes, Conselho Federativo como razão social e Conselho Nacional como nome fantasia, como em março deste ano houve a posse da nova diretoria na ocasião se achou melhor adotar o nome Federativo para marcar a nova fase da entidade, porém houveram complicações como pessoas confundindo com entidade do Governo Federal, ou confundindo com a FEBRABOM que é a Federação Brasileira de Bombeiros e outros, de forma que se decidiu voltar ao nome de origem Conselho Nacional. BPC: Para encerrar nossa entrevista, o Senhor tem alguma mensagem? IVAN CAMPOS: Tenho uma muito importante; Acredite na profissão de Bombeiro Civil seja você empregado, voluntário, municipal ou qualquer outro seguimento. O Bombeiro Civil no Brasil conta hoje com um Conselho Nacional de Bombeiros Civis, forte, sério, muito empenhado e que já mostra bons resultados e que continua cada vez mais a luta pela profissão, isso em todo País e onde e com quem for necessário.

Receba gratuitamente O DVD DA AUDIÊNCIA PUBLICA NO SENADO FEDERAL Solicite uma cópia do DVD com 2:40h, da audiência no Senado Federal onde foi defendida a profissão de Bombeiro Civil, pelo

CNBC http://www.cfbc.org.br/

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Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos LEI Nº 11.901, DE 12 DE JANEIRO DE 2009.

Dispõe sobre a profissão de Bombeiro Civil e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1o O exercício da profissão de Bombeiro Civil reger-se-á pelo disposto nesta Lei. Art. 2o Considera-se Bombeiro Civil aquele que, habilitado nos termos desta Lei, exerça, em caráter habitual, função remunerada e exclusiva de prevenção e combate a incêndio, como empregado contratado diretamente por empresas privadas ou públicas, sociedades de economia mista, ou empresas especializadas em prestação de serviços de prevenção e combate a incêndio. § 1o (VETADO) § 2o No atendimento a sinistros em que atuem, em conjunto, os Bombeiros Civis e o Corpo de Bombeiros Militar, a coordenação e a direção das ações caberão, com exclusividade e em qualquer hipótese, à corporação militar. Art. 3o (VETADO) Art. 4o As funções de Bombeiro Civil são assim classificadas: I - Bombeiro Civil, nível básico, combatente direto ou não do fogo; II - Bombeiro Civil Líder, o formado como técnico em prevenção e combate a incêndio, em nível de ensino médio, comandante de guarnição em seu horário de trabalho; III - Bombeiro Civil Mestre, o formado em engenharia com especialização em prevenção e combate a incêndio, responsável pelo Departamento de Prevenção e Combate a Incêndio. 42


Art. 5o A jornada do Bombeiro Civil é de 12 (doze) horas de trabalho por 36 (trinta e seis) horas de descanso, num total de 36 (trinta e seis) horas semanais. Art. 6o É assegurado ao Bombeiro Civil: I - uniforme especial a expensas do empregador; II - seguro de vida em grupo, estipulado pelo empregador; III - adicional de periculosidade de 30% (trinta por cento) do salário mensal sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa; IV - o direito à reciclagem periódica. Art. 7o (VETADO) Art. 8o As empresas especializadas e os cursos de formação de Bombeiro Civil, bem como os cursos técnicos de segundo grau de prevenção e combate a incêndio que infringirem as disposições desta Lei, ficarão sujeitos às seguintes penalidades: I - advertência; II - (VETADO) III - proibição temporária de funcionamento; IV - cancelamento da autorização e registro para funcionar. Art. 9o As empresas e demais entidades que se utilizem do serviço de Bombeiro Civil poderão firmar convênios com os Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, dos Territórios e do Distrito Federal, para assistência técnica a seus profissionais. Art. 10. (VETADO) Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 12 de janeiro de 2009; 188o da Independência e 121o da República. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Tarso Genro Carlos Lupi João Bernardo de Azevedo Bringel José Antonio Dias Toffoli

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Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos MENSAGEM Nº 6, DE 12 DE JANEIRO DE 2009.

Senhor Presidente do Senado Federal, Comunico a Vossa Excelência que, nos termos do § 1o do art. 66 da Constituição, decidi vetar parcialmente, por inconstitucionalidade, o Projeto de Lei no 2.084, de 1991 (no 30/95 no Senado Federal), que ―Dispõe sobre a profissão de Bombeiro Civil e dá outras providências‖. Ouvidos, os Ministérios da Justiça, do Planejamento, Orçamento e Gestão, do Trabalho e Emprego e a Advocacia-Geral da União manifestaram-se pelo veto aos seguintes dispositivos: § 1o do art. 2º ―Art. 2o ..................................................... § 1o É privativo do Bombeiro Civil, habilitado nos termos desta Lei, o exercício de cargo público que tenha por atribuições as atividades enumeradas no caput deste artigo. ................................................................................ ” Razões do veto ―O § 1o do art. 2o viola o § 1o do art. 61 da Constituição, que dispõe que são de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que disponham sobre servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria. Ademais, ao impor requisitos para a contratação de servidores pelos demais entes, o dispositivo ofende o pacto federativo, resguardado nos arts. 18 e 60, § 4 o, I, da Constituição.‖ Os Ministérios da Justiça, do Planejamento, Orçamento e Gestão e do Trabalho e Emprego também manifestaram-se pelo veto aos seguintes dispositivos: Arts. 3º e 7º ―Art. 3o O exercício da profissão de Bombeiro Civil depende de prévio registro profissional no órgão competente do Poder Executivo. 44


§ 1o O registro a que se refere o caput deste artigo será efetuado a requerimento do interessado e instruído com documentos comprobatórios dos seguintes requisitos: I - instrução correspondente à quarta série do ensino fundamental; II - aprovação em exame de saúde física e mental; III - aprovação em curso de formação de Bombeiro Civil. § 2o Os requisitos enumerados no § 1o deste artigo não serão exigidos dos Bombeiros Civis admitidos até a promulgação desta Lei. § 3o Na Carteira de Trabalho e Previdência Social do Bombeiro Civil serão anotados o seu salário mensal, suas atribuições profissionais, a data de sua admissão, o início e o término de suas férias e a data da sua dispensa.‖ ―Art. 7o Cabe ao órgão competente do Poder Executivo: I - autorizar o funcionamento de: a) empresas especializadas em serviços de prevenção e combate a incêndio; b) cursos de formação de Bombeiro Civil; II - fiscalizar as empresas e cursos de formação de Bombeiro Civil e aplicar as penalidades previstas nesta Lei; III - aprovar uniformes de Bombeiro Civil; IV - fixar o currículo dos cursos de formação de Bombeiro Civil e dos cursos técnicos de ensino médio de prevenção e combate a incêndio. Parágrafo único. As empresas e cursos em funcionamento procederão à adaptação de suas atividades aos preceitos desta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, a contar da data em que entrar em vigor o regulamento previsto no art. 10 desta Lei.‖ Razões dos vetos ―O caput do art. 3o do Projeto de Lei em questão, estabelece que o exercício da profissão de Bombeiro Civil depende de prévio registro profissional no órgão competente do Poder Executivo, impondo à Administração Pública o ônus de criar e manter um registro profissional cuja necessidade e funcionalidade não restam demonstradas. No mesmo sentido segue a redação proposta no art. 7o, cujo texto não apenas incorre nos mesmos problemas, mas também afronta a independência dos Poderes, ao definir competências a órgão do Poder Executivo, colidindo com o art. 84, VI, ‗a‘, da Constituição Federal.‖ Inciso II do art. 8º ―Art. 8o ......................................... 45


................................................................. II - multa de até 1.000 (mil) UFIR; .................................................................... ” Razões do veto ―A Unidade Fiscal de Referência – UFIR foi extinta em decorrência do § 3o do art. 29 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002, tal impropriedade inviabiliza a penalidade pecuniária e, por conseguinte, o sistema coercitivo do texto proposto.‖ Os Ministérios da Justiça e do Planejamento, Orçamento e Gestão manifestaram-se ainda pelo veto ao seguinte dispositivo: Art. 10 ―Art. 10. O Poder Executivo regulamentará esta Lei dentro de 90 (noventa) dias a contar de sua entrada em vigor.‖ Razões do veto ―O dispositivo ao pretender estabelecer prazo ao Poder Executivo para regulamentação da proposta legislativa em tela, afigura-se inconstitucional, por afrontar o princípio da interdependência e harmonia entre os Poderes da República, consoante jurisprudência consolidada do Supremo Tribunal Federal (Nesse sentido, a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3.394/AM, rel. Min. Eros Grau, julgada em 02/04/2007,DJ de 24/08/2007).‖ Essas, Senhor Presidente, as razões que me levaram a vetar os dispositivos acima mencionados do projeto em causa, as quais ora submeto à elevada apreciação dos Senhores Membros do Congresso Nacional. Brasília, 12 de janeiro de 2009.

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Material: Bombeiros Unidos Sem Fronteiras

Gás Liquefeito de Petróleo

Uma das atividades do Bombeiro Civil, é treinar Brigadas de Incêndio. Saber informações básicas sobre o GLP é fundamental para o instrutor de brigada. 47


QUANTIDADE

COMBUSTÍVEL

PODER CALORÍFICO

O GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), ou co1 Kg GLP 11.500 KCal mumente chamado, gás de cozinha, consiste em uma mistura gasosa de hidrocar1 m³ Gás Natural 9.400 KCal boneto obtido do gás natural das reservas do sub-solo, ou do processo de refino do 1 m³ Gás de Rua 4.200 KCal petróleo cru nas refinarias. É acondicionado dentro de cilindros em estado líquido. 1 Kg Óleo Diesel 10.200 KCal Esse cilindro quando cheio, contém em seu 1 Kg Carvão 5.000 KCal interior 85% de GLP em estado líquido e 15% em estado de vapor. Em seu estado 1 Kg Lenha 2.900 KCal líquido começa a se transformar em vapor a medida que os aparelhos a gás vão sen1 Kw Energia Elétrica 860 KCal do utilizados. Uma característica marcante do GLP é não possuir cor nem cheiro próprio. No ena vazão de 10 a 15/lm, e procure assistêntanto, por motivo de segurança, uma subscia médica imediata. tância do grupo Mercaptan é adicionada ao O GLP é formado pela mistura basicaGLP ainda nas refinarias. Ela produz um mente de dois outros gases,obtidos de forcheiro característico de ovo podre quando ma natural ou por conta do refino do óleo há um vazamento de gás. cru, são eles o Propano e o Butano + ButiO Methanethiol (também conhecido como leno e o odorizante Etanotiol. metil mercaptano) é um gás incolor com Assim podemos verificar que uma moum cheiro de repolho podre, É uma subslécula de butano é mais pesada do que utância natural encontrada no sangue e céma molécula de propano e a sua tendência rebro dos seres humanos e alguns animais, em uma mistura é a de ficar depositada no bem como tecidos vegetais. Esse composto fundo do recipiente de armazenagem. é eliminado através das fezes. Sua ocorrênAo percentual de mistura desses dois cia é natural em alguns alimentos, como gases chama-se densidade relacionado ao nozes e queijos. É uma das principais substâncias químicas responsáveis pelo mau hálito e o cheiro de flatulências. A fórmula química para o methanethiol é CH3SH, é classificado como tiol. Podendo ser abreviado como MeSH. O Gás Liquefeito de Petróleo não é uButano: C4H10 ma substância corrosiva, poluente ou tóxi- Propano: C3H8 ca, porém se inalado em grande quantidaconceito de densidade que é = massa por de, produz efeito anestésico. Pois ele é asvolume. fixiante, e por ser mais pesado que o ar ele Quanto maior a presença percentual ao entrar no sistema respiratório, tende a de propano na mistura, menor é a densitomar lugar do oxigênio nos alvéolos puldade do produto e, é claro, conseqüentemonares. mente menor o peso do mesmo. Ao conEm casos de inalação, deve-se procutrário, quanto maior o percentual de butarar remover a vítima para um local arejado, no na mistura maior a densidade e obviacaso não esteja respirando, aplique ventilamente o seu peso. ção artificial, caso a mesma esteja respiO GPL ou GLP é um dos sub-produtos rando com dificuldade, administre oxigênio do petróleo como a gasolina, diesel e 48


os óleos lubrificantes, sendo retirado do mesmo através de refino em uma refinaria de petróleo. Torna-se liquefeito apenas quando é armazenado em bilhas/botijões ou tanques de aço em pressões de 6 a 8 atmosferas (6 a 8 kgf/cm²). Para sua armazenagem são utilizados recipientes fabricados em aço de várias capacidades volumétricas e formas. Na construção desses recipientes utilizam-se materiais com capacidade mecânica para agüentarem pressões de até 17 kgf/cm², por dois principais motivos: segurança com relação a eventuais possibilidades de rompimento (manuseio inadequado ou excesso de pressão no enchimento) e facilitação da vaporização do produto que é essencial para a sua utilização. Todos os recipientes que contém GLP são cheios até 85% de sua máxima capacidade. Os outros 15% de espaço livre são utilizados na evaporação do produto que ocorre com a troca de calor entre a parede do recipiente e o GLP armazenado na forma líquida - evaporação natural. Quanto maior a temperatura externa do recipiente maior a velocidade de evaporação do GLP. A evaporação também é diretamente proporcional a quantidade de superfície de contato do recipiente com o GLP (parede molhada). Por exemplo: um botijão de 13 kg de GLP, considerada uma temperatura externa constante, evaporará mais gás quando cheio do que quando estiver com 50% de sua carga, pois o GLP terá apenas a metade da superfície de contato com o recipiente para a sua possível troca de calor e eventual evaporação do líquido. Em grandes consumos, onde não é suficiente a evaporação natural para atender a demanda, são utilizados aparelhos chamados de vaporizadores que possibilitam a evaporação do produto. O princípio básico de um vaporizador é o seguinte: o GLP passa por dentro do aparelho através de um duto aquecido, geralmente por uma resistência elétrica, troca

Código

Capacidade

Capacidade de vaporização a 20°C

P-2

2 kg

0,2 kg de gás por hora

P-5

5 kg

0,4 kg de gás por hora

P-13

13 kg

0,6 kg de gás por hora

P-45

45 kg

1,0 kg de gás por hora

P-90

90 kg

2,0 kg de gás por hora

P-190

190 kg

3,5 kg de gás por hora

calor com este duto aquecido e vaporiza-se permitindo o atendimento da demanda, o que chama-se de vaporização forçada. A tabela acima mostra a capacidade de evaporação natural de alguns tipos de botijão a uma temperatura ambiente de 20°C. A capacidade do botijão de GLP é expressa em quilos, existem botijões com várias capacidades, atualmente esses são os modelos mais comuns: O botijão P-90 está em desuso e sendo substituído por cilindros estacionários da mesma capacidade ou superior que são abastecidos no local por caminhões (venda a granel). No Brasil o uso de GLP é proibido para uso em veículos automotores com exceção de empilhadeiras movidas a GLP aonde são utilizados botijões tipo P-20, este botijão é o único que se utiliza na 49


horizontal. Recentemente lançado no mercado brasileiro o P-8 para consumo residencial, tem capacidade para 8 kg de GLP e a aparência é a mesma do P13, só que um pouco ―mais estreito‖.O objetivo deste lançamento é atender principalmente a parcela da população de mais baixa renda, que busca um produto mais barato para atender suas necessidades e pessoas que demandam pouco consumo de gás. O novo produto pode ser também uma alternativa de botijão reserva nas residências. Os botijões podem ser associados em baterias colocando-se dois ou mais botijões ligados a um tubo coletor para fornecer uma quantidade de gás em fase vapor maior do que apenas um botijão poderia fornecer. Por norma, apenas podem ser associados em baterias os cilindros P-45 ou acima, mas é possível encontrar baterias de P-13, especialmente em pequenas instalações.

Válvulas e mecanismos de segurança do botijão.

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P-2: A válvula do botijão P-2 (NBR 8614) é do tipo automática, ou seja, quando o engate é rosqueado ele empurra um pino que libera a saída do gás, esta válvula possui uma rosca especifica para ser acoplada a dispositivos como lampiões, fogareiros e maçaricos em alta pressão, este botijão não deve ser utilizado com regulador e não conta com válvula de segurança para sobre pressão ou aquecimento. P-5 e P13: A válvula destes botijões (NBR 8614) também é do tipo automática e é própria para que seja encaixado um regulador de pressão domestico, estes botijões possuem um 'parafuso fusível' que se derrete se a temperatura do botijão chegar perto de 70°C liberando o gás e evitando que o botijão exploda em caso de incêndio. P-45 e P-90: A válvula destes botijões (NBR 13794) é um registro com abertura manual e é própria para ser ligada a uma mangueira (rabicho) que irá interligar o botijão a um tubo coletor, no corpo do registro existe um dispositivo de segurança que libera o gás se a pressão dentro do botijão


ultrapassar um certo limite evitando assim que o botijão exploda em caso de incêndio. O GLP distribuído em botijões deve ter sua pressão diminuída para que seja utilizado na maioria dos aparelhos (fogões, aquecedores, etc.), porém no caso do P-2, P-5 e P-13 é admitida sua utilização em alta pressão (sem regulador) em alguns aparelhos fabricados para uso em alta pressão como maçaricos, fogareiros, lampiões e alguns fogões industriais.

A pressão de utilização do GLP nos aparelhos de baixa pressão deve ser de 280 mmca (milímetros de coluna de água) ou 2,74 kPa (kilopascal). A diminuição da pressão do GLP na saída do botijão para a pressão de utilização dos aparelhos é feita por um dispositivo chamado. regulador de pressão. O regulador de GLP para uso doméstico costuma ser vendido na forma de um kit contendo um regulador para 1 kg/h e 1,25 metros de uma mangueira especifica a ser utilizada para ligação da saída do regulador a entrada do fogão ou outro aparelho e ainda duas braçadeiras para fixação das extremidades da mangueira. Também podem ser encontrados reguladores de maior capacidade, para instalações comerciais, industriais e residenciais de maior porte aonde o regulador é fixado a uma tubulação que ira distribuir o gás para os vários aparelhos de utilização, nestes casos é comum encontrar o regulador acoplado a válvulas de segurança OPSO (bloqueio por sobre pressão, mais comum) e ainda UPSO (bloqueio por supressão).

Norma

Assunto

Ano

NBR 15526

Redes de distribuição interna para gases combustíveis em instalações residenciais e comerciais - Projeto e execução

NBR 8473

Regulador de baixa pressão para GLP com capacidade ate 4 kg/H

2001

NBR 8613

Mangueiras de PVC para instalações domesticas de GLP

1999

NBR 8614

Válvulas automáticas para recipientes transportáveis para 2 kg, 5 kg e 13 kg de GLP

1999

NBR 14536

Registros para recipientes transportáveis para 20 kg de GLP

2000

NBR 13794

Registro para recipientes transportáveis para 45 kg e 90 kg de GLP

1997

2009

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Resumo A publicação, tipo cartilha, apresenta os símbolos gráficos correspondentes aos desastres que ocorrem no Brasil e no mundo. Os desastres simbolizados referem-se aos constantes da Classificação Geral dos Desastres e da Codificação de Desastres, Ameaças e Riscos -CODAR (Anexos A e B) da Política Nacional de Defesa Civil. Entre os objetivos dessa publicação, destacam-se: • a uniformização da Simbologia dos Desastres, Ameaças e Riscos; • o desenvolvimento de bancos de dados sobre Desastres, Ameaças e Riscos em • programas informatizados relacionados com cartografia; • a facilidade no intercâmbio de informações relacionadas com mapas temáticos de riscos. Característica 1 Volume - 32 páginas Autor: Antônio Luiz Coimbra de Castro 1ª Edição, 2004 Conteúdo A cartilha de Simbologia dos Desastres apresenta os símbolos correspondentes aos seguintes desastres: • • • • • • • • • • •

Desastres Naturais De origem sideral Relacionados com a geodinâmica terrestre interna Relacionados com os desequilíbrios da biocenose Desastres Humanos (Antropogênicos) De natureza tecnológica De natureza social De natureza biológica Desastres Mistos Relacionados com a geodinâmica terrestre externa Relacionados com a geodinâmica terrestre interna

Para baixar gratuitamente o Manual clique na imagem do Manual: 54


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