Revista Boat Shopping #45

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NAVEGAMOS

SEA RAY 370 Esta nova cabinada usa motor de popa, acredite!

OCEANIC 26 Um marco da Intermarine, que é sucesso até hoje

NAUTIQUE 200 Com 22 pés, a melhor lancha do mundo para esquiar

ano 9 - número 45 - www.boatshopping.com.br

RUMO À CHINA! A nova aventura da família Schurmann, 13 anos depois O FIM DO MAR SEM FIM Na Antártica, João Lara Mesquita dá adeus ao seu trawler de 76 pés

SCHAEFER 800 O iate brasileiro feito para conquistar o mundo

ENSINAMOS ✚✚Amaciar o motor do seu jet ✚✚Planejar sua próxima casa de praia

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BOAT XPERIENCE: mostramos porque um salão náutico,

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S UMÁRIO NAVEGAMOS:

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SEA RAY 370 VENTURE: uma lancha

com várias surpresas

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SCHAEFER 800 O iate brasileiro feito para conquistar o mundo

SKI NAUTIQUE 200:

a melhor do mundo para esquiar

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João Lara Mesquita

o Miami Boat Show

Você sabe?

164 Nosso repórter contornou

178 Embarcamos no único

O TRISTE FIM DO TRAWLER MAR SEM FIM, do navegador

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A TRAVESSIA DE NÉSTOR VÖLKER pela temida

Passagem Noroeste

SEMPRE NA BOAT SHOPPING Editorial.................................22 A opinião dos leitores...........24 As dez mais..........................26 Vitrine...................................28 Boat theater..........................30 Minhas águas.......................32 Túnel do tempo.....................34 Por dentro do barco..............36 Glossário náutico..................38 Grandes barcos.....................40 O especialista.......................42 Pelos mares..........................44 Capitão responde............... 184 Coluna do Nasseh............... 186 Eventos e competições...... 190 Planeta água....................... 210

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BOAT INTERNATIONAL BRASIL: a festa que embalou

toda a ILHA GRANDE DE CAIAQUE

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COMO AMACIAR O MOTOR de um jet.

VELEIRO DO MUNDO PARA DEFICIENTES

EXCLUSIVO A nova aventura da família Schurmann


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de seus soNhos a v i v e um mar de Novas

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E DITORIAL

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Nossas novas conquistas Desde que passamos a navegar no mundo editorial náutico, mantemos com intensidade nosso objetivo: o de nos tornar uma referência para os apaixonados em barcos. Para isso, há quase dez anos lançamos a revista BOAT SHOPPING, uma publicação bimestral que atende especialmente ao mercado náutico nacional e ao público interessado em uma abordagem técnica e informativa. Nesta longa trajetória, o trabalho gerou frutos. Este ano, o salão náutico BOAT XPERIENCE, no Guarujá, promovido pela Boat Shopping e que há muito tempo tornou-se sinônimo de negócios náuticos em São Paulo, completou sua sexta edição — e com a presença das mais importantes marcas do segmento. Um ano atrás, mais uma conquista especial: passamos a editar o inédito título brasileiro da BOAT INTERNATIONAL, revista que ocupa a posição mais alta entre todas as publicações do mercado náutico mundial. E não paramos por aí. Outro motivo de orgulho veio no começo deste ano, com a chegada de um dos melhores jornalistas do mercado, Otto Aquino, que há quase dez anos especializou-se no segmento náutico e será o responsável pelas edições das revistas, além dos novos produtos que serão lançados ao longo deste ano. Graças à união dessas grandes conquistas, nasceu o Boat Brasil Mídia Group, formado por uma equipe de profissionais que vão continuar a fortalecer e buscar sempre a profissionalização, do mercado aos donos de barcos. Caio Marcio Lopes Ambrósio

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MAKING OF O jornalista Otto Aquino (1), em Florianópolis (SC), entrevistando Marcio Schaefer, no lançamento do iate Schaefer 800. O velejador Vilfredo Schurmann (2), patriarca da primeira família a dar a volta ao mundo, mostrando à Boat Shopping, em Itajaí (SC), o futuro veleiro da sua próxima viagem. Os diretores do Boat Brasil Mídia Group (3), na festa de um ano da Boat International Brasil, em Miami. O jornalista Antonio Alonso (4), em Americana (SP), conhecendo a melhor lancha de esqui do mundo


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C ARTAS

A opinião dos leitores PILOTOS DO BEM Há mais de 20 anos navego praticamente todos os fins de semana de jet, mas, há algum tempo, venho acompanhando um certo desprezo, tanto por parte de banhistas quanto pela própria mídia não especializada, em relação aos adeptos desse esporte náutico, por causa dos incidentes recentes envolvendo as motos aquáticas. Recentemente, porém, um ato heroico de donos de jet catarinenses emocionou o Brasil inteiro e mostrou, de fato, qual é o verdadeiro espírito dos pilotos de jet do bem. A agilidade de 18 jets foi a salvação para 22 pessoas que estavam perto da morte, após um bote inflável naufragar nas águas de Palhoça. Parabéns a esses verdadeiros homens do mar. Sergio Carvalho, Marina PGN, Guarujá, SP

SALVOU O FIM DE SEMANA Para quem não quer ir muito longe, fazer os mesmos roteiros durante anos nos faz diminuir a frequência de sair com o barco. Com o guia das praias do Guarujá, publicado na edição 44, descobri que posso explorar muito mais sem ir longe. Foi ótimo para aumentar meu leque de passeios e esquecer um pouco dos que eu já vinha fazendo há muito tempo. Eu e minha família adoramos.

LADO A LADO Bem legal a iniciativa de juntar os principais jets disponíveis no nosso mercado e apresentá-los lado a lado, na última edição da Boat Shopping. Só assim consegui realmente enxergar qual deles era o mais adequado para o meu uso. Comparativos de barcos são sempre muito úteis! Eduardo Trevisan, Santa Catarina, SC

Editor responsável Caio Marcio Gerente de operações Caio Ambrósio Editor Otto Aquino otto@boatshopping.com.br Editora de arte Júlia Melo www.juliamelo.com Designers Carolina Wegbecher e Beatriz Accioly (estágio) Fotos C. Lopes, Laki Petineris e Fabio Flaquer Colaboraram nesta edição: Antonio Alonso, Bruno Porto, Estela Craveiro, Daniel Machado, Gilberto Ungaretti, Néstor Völker (texto), e Formas Consultoria (revisão) Assistentes de produção Daniel Martins e Pedro Ambrósio Para anunciar ou assinar Tel. (11) 3846-2364 contato@boatshopping.com.br www.boatshopping.com.br

Acácio Gomes, São Paulo, SP

VIVENDO E APRENDENDO Os nós dos cabos sempre dão um nó na nossa cabeça. Com o artigo sobre os principais nós de amarração, publicado na edição passada, percebi que mesmo um marinheiro com alguns anos de experiência sempre tem ainda muito a aprender.

Boat Shopping é uma publicação do Boat Brasil Mídia Group (edição 45, fevereiro/março 2013). Os artigos assinados não representam necessariamente a opinião da revista. É expressamente proibida a reprodução ou cópia, de parte ou do todo, de textos e fotos publicados na Boat Shopping sem autorização prévia. Redação e publicidade Rua Helena, 280, Vila Olímpia, CEP 04552-050, São Paulo, SP

José Maciel, São Sebastião, SP

Fale com a BS: Para enviar comentários, dúvidas e sugestões para nossos colunistas, consultores e a redação, escreva para contato@boatshopping.com.br.

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AS 10 MAIS

As principais notícias do mundo náutico

De Volvo, Maserati bate recorde da vela Famosa pelos recordes em terra, a Maserati resolveu persegui-los no mar. A marca italiana de carros de luxo ressuscitou um desafio que estava esquecido há 14 anos. Com um antigo Volvo 70, que competiu na regata de volta ao mundo 2008/2009, rebatizado e com o italiano Giovanni Soldini no comando, o veleiro destruiu o recorde de Yves Parlier, que em 1998 levou mais de 57 dias para completar o trajeto entre Nova York e San Francisco. Soldini completou contornou toda a América do Sul, para ir de uma costa dos EUA à outra, passando pelo temido Cabo Horn, em 47 dias, 42 minutos e 29 segundos.

O Brasil vai sediar a Copa do Mundo de motonáutica O Powerboat World Championship, maior evento de motonáutica do mundo, terá as águas do Brasil como palco. Será o único país da América Latina a receber o evento neste ano. O Lago Paranoá, em Brasília, será o anfitrião dessas potentes lanchas, que costumam passar dos 250 km/h! E já tem data. Marque na agenda: 2 de junho.

A famosa Prainha, no Rio, ganha valioso selo ambiental A exuberante Prainha, na Barra da Tijuca, recebeu a certificação mais importante de excelência ambiental do mundo: a Bandeira Azul, que faz parte de uma entidade sem fins lucrativos que dá aval de qualidade às marinas com consciência ecológica. Além dela, a Praia do Tombo, no Guarujá, e a Marina Costabella, em Angra dos Reis, estão comemorando seu terceiro ano da certificação.

Velejadoras brasileiras conquistam o mundo Até hoje, as mulheres só conquistaram uma medalha olímpica na Vela, um bronze em 2008. Mas, com a proximidade da Olimpíada do Rio, elas parecem dispostas a provar quem manda em casa. A dupla Martine Grael e Kahena Kunze venceu tudo o que disputou no Brasil, o Campeonato Norte-americano e a etapa da Copa do Mundo em Miami. Merecidamente, alcançaram o topo da classe 49erFX, um barco moderno, veloz e que vai estrear em 2016.

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Itajaí: o novo point da vela Depois de confirmar que será parada da predição 2014/2015 da Volvo Ocean Race, a cidade de Itajaí prepara-se para receber outra regata: a Transat Jacques Vabre, que largará da França em novembro e chegará ao Brasil cerca de 20 dias depois. Ao contrário da Volvo, a Transat terá veleiros de tamanhos variando entre 40 e 60 pés. A organização espera que mais de 45 barcos farão a travessia.


Lancha com motor elétrico a 90 nós? Sim, é possível A Mercedes-Benz levou o conceito da sustentabilidade das quatro rodas para o mar. Apresentou uma lancha com motores elétricos capaz de atingir 90 nós – um marco na indústria náutica mundial. O projeto é fruto de uma parceria com a Cigarette Racing. São doze motores elétricos, que juntos somam mais de 2 mil cavalos. Para recarregar as baterias, porém, o barco precisa ficar sete horas na tomada. O casco, de 38 pés, foi inspirado no Mercedes SLS AMG Coupé Electric Drive, o carro elétrico mais veloz da marca alemã a entrar em produção, que chega a 250 km/h.

Capitã brasileira ganha navio de presente A paraense Hildelene Lobato, de 39 anos, é pioneira: em 2009, ao assumir o comando do navio Carangola, Hildelene se tornou a primeira mulher a ocupar o posto mais alto da hierarquia da Marinha Mercante. Mês passado, foi nomeada a comandar o navio petroleiro Romulo Almeida, de 183 metros de comprimento. “É uma realização profissional e, como comandante, um desafio”, disse a capitã, única brasileira apta a navegar um navio pelos mares do mundo.

Mercury revoluciona e lança joystick para motores de popa O novo joystick lançado pela Mercury Marine faz parte do primeiro sistema no mundo que possibilita esse recurso em motores de popa, especialmente para os modelos de 250 e 300 hp, da série Verado. A novidade inclui também sistemas de âncora virtual, piloto automático e exibição de informações do motor.

Beto Pandiani ganha R$ 150 mil na internet e vai atravessar o oceano O velejador Beto Pandiani foi o primeiro esportista brasileiro a atingir a meta de um financiamento coletivo pela internet. Ele aderiu a uma espécie de vaquinha online e arrecadou nada menos que cerca de R$ 160 mil. A maior parte do dinheiro foi gasto para comprar equipamentos, como GPS, telefone via satélite, dessalinizador de água e alimentos liofilizados, que serão usados na sua nova aventura, agora pelo Atlântico Sul. Ao lado de Igor Bely (na foto), Betão partirá da África a bordo de um catamarã de 24 pés sem cabine e chegará, mês que vem, no Brasil.

A CIMITARRA VAI LANÇAR UM IATE A notícia circulou durante a sexta edição do Boat Xperience, no Guarujá. O estaleiro gaúcho Cimitarra ainda mantém o desenho do barco sob sigilo, mas já se sabe que o primeiro iate da marca será todo feito sob infusão, terá 25 metros de comprimento total, com cinco suítes (sendo uma para dois marinheiros) e sistema IPS. E, claro, a marca registrada do fabricante: o bom preço.

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V ITRINE SUJOU, LAVOU

O teclado Washable K310, da Logitech, é à prova d’água. O que isso significa? Que você pode derramar até refrigerante nele que não tem problema algum. Basta mergulhar na pia depois, e lavar com água e sabão. Mais prático, impossível.

HORA COM ESTILO

O Seamaster Ceragold, da Omega, resiste a profundidades de mais de mil metros, tem ponteiros luminosos, caixa de ouro rosa e aro de cerâmica com zircônio polido.

PARA NAVEGAR NA MODA

MOTOR DE POPA A GÁS

Os novos motores de popa de 2,5 e 5 hp, da marca Lehr, são uma excelente alternativa para o alto preço da gasolina, porque funcionam a gás – isso mesmo, a gás! O mesmo que você usa para cozinhar. O Lehr já é um sucesso nos Estados Unidos.

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WAKEBOARD SOLITÁRIO

Com o Solo Personal Ski Machine você não vai depender de mais ninguém para andar de wake. Ele é uma espécie de lanchinha movida por controle remoto. O motor tem 70 hp de potência e acelera através de um simples botãozinho, que fica acoplado ao manete.


ESQUEÇA A GASOLINA

A Torqeedo, empresa alemã de equipamentos náuticos elétricos, e que recentemente desembarcou no Brasil para lançar sua linha de motorzinhos de popa movidos a bateria, apresentou seu mais novo modelo, com nada menos que 80 hp!

MIL E UMA FUNÇÕES Mil e uma funções O canivete Hunter XT, da Victorinox, tem cabo anatômico, acabamento emborrachado, possui lâmina com bloqueio e serve como saca-rolhas ou serra para cortar madeira.

SUP INFLÁVEL

A nova prancha de stand up paddle inflável Supflex, em PVC flexível com fibras de nylon no interior, vem em kit com bomba para inflar, remo de alumínio bipartido regulável, deck e quilha central de encaixe, mais mochila para guardar.

ECOLOGICAMENTE CORRETA

A nova coleção da Puma, batizada de InCycle, que inclui vestuário, calçados e acessórios diversos, como bolsas e mochilas, é feita com matéria-prima, como a fibra orgânica. Por isso, em vez de serem jogados no lixo no fim do seu ciclo de vida, podem ser devolvidos à empresa.

DOIS EM UM

Não parece, mas o novíssimo Raymarine Dragonfly, de 5,7 polegadas, é um GPS fixo que já vem com sonda de alta resolução embutida. É o que há de mais moderno para pescadores. Tanto que já ganhou até prêmio de inovação, o NMMA Innovation Awards.

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B OAT THEATHER

Um livro, um filme e um disco na opinião de quem é do mar Pedro David Carvalho é presidente da maior loja náutica do Sul do Brasil, a MM Náutica, e um apaixonado por filmes de ação e, claro, barcos. “O contato com a natureza, por meio de um barco, transmite uma sensação de tranquilidade e ainda faz um bem danado para a mente”.

UMA LIÇÃO DE CORAGEM O livro Shackleton, Uma lição de coragem é uma aula de liderança. Documenta a saga de Ernest Shackleton que, juntamente com toda sua tripulação, viu o gelo esmagar o casco de seu navio Endurance, em 1914. Dois anos depois, Shackleton foi resgatado a quase dois mil quilômetros de distância e organizou o salvamento de todos seus homens que estavam não apenas vivos e saudáveis, como também confiantes que o comandante voltaria ao continente gelado para salvá-los.

É BOM PARA... Aventureiros e homens de negócio. Lição de vida.

A obra conta a história de Shackleton e sua expedição à Antártica, em uma lição de liderança e resistência”.

UMA BATALHA DO OUTRO MUNDO O filme Battleship Batalha dos Mares é para quem gosta da mistura ficção e ação: acontece a bordo de um navio dos EUA que luta contra uma invasão alienígena. Alex Hopper é um oficial do USS John Paul Jones, comandado por seu sogro, que luta pela existência da raça humana. Além dos militares, entram em cena cientistas e especialistas em armas. Battleship é uma batalha naval pelo controle da Terra.

É BOM PARA... Animar qualquer tarde de mau tempo. E bota animação nisso

Meus filmes preferidos são os de ação. Mar em Fúria e Mestre dos Mares também estão na lista, assim como o recente As aventuras de Pi”

CLÁSSICOS AO ESTILO MPB Com uma inconfundível voz, o cantor mineiro Emmerson Nogueira ficou conhecido nacionalmente ao fazer versões ao melhor estilo MPB de clássicos de Supertramp, Beatles, Creedence e Pink Floyd, entre outras feras do passado.

É BOM PARA...Assistir ao espetáculo do pôr-do-sol

É um trabalho refinado, não apenas pela sua qualidade do intérprete, mas também pela excelente instrumentação”.

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MCY 76. Valor absoluto.

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Prêmios. O reconhecimento mundial: .... .. ... .... .w... - G..... 2010 ...ti... D..... .w.... - ..... 2010 .... D..... T....y - ...... 2010 .... I.....ti.. T....y - ...... 2010 .... ......ti.. ..... ..... - H... K... 2011 E....... ..w...... .. ... .... - D......... 2011 ......... .. ... .... .w.... - L...... 2011 .... I..... .....y.... - F.. L......... 2012 .... D..... T....y - ...... 2012 ......... .. ... .... .w.... - L...... 2013 Conheça também os modelos MCY 70 e MCY65. . ..... ..... ...... ..... ... . ......... ...... .. ..... ........ . . ........... ..... .. ........ ....... | RJ (21) 2443-1010 | S. (48) 30..-2222 | S. (11) 30.3-1550


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A REPRESA QUE ENCANTA

Desde que descobriu as águas da represa de Chavantes, entre São Paulo e Paraná, o empresário Odair Delefrati não quer saber de outra coisa. E dá para entender o motivo... Nos anos 60, com o represamento dos rios Paranapanema e Itararé, para gerar energia elétrica, surgiu uma represa linda e enorme: a de Chavantes, entre os municípios de Chavantes, em São Paulo, e Ribeirão Claro, no norte do Paraná, a cerca de 200 km da capital, Londrina. Há pouco mais de dez anos, o lugar tornou-se destino certo de muitos donos de barcos do interior paulista e paranaense, que preferem navegar em suas águas doces e clarinhas do que tomar o rumo do mar. “Conheço muitas represas bonitas no Brasil. Mas ainda não encontrei nenhuma tão gostosa quanto esta. O visual é de impressionar”, resume Odair Delefrati, diretor da loja Londrináutica e dono de uma lancha Focker 280 GT. A paisagem é única. Nas margens, uma densa mata reflete o verde na água, criando a ilusão de um espelho. A tranquilidade dessas águas ainda é o que mais agrada Odair. “O movimento de lanchas e jets ainda é pequeno, mas está

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crescendo bastante, assim como a estrutura para recebê-los com segurança”, explica Odair. A represa oferece prazeres que nenhuma praia oceânica tem. Aqui, há paredões rochosos com cachoeiras, que caem diretamente nas águas. Ou seja, dá para encostar o barco pertinho da queda d’água e aproveitar para gostosos banhos a bordo no tal chuveiro natural. “Não tem como resistir a mergulhos e banhos de sol”, diz Odair. “Quando quiser me encontrar no fim de semana, terá que comprar um barco e vir até aqui”, brinca.

Em Chavantes tem... ✚✚ cachoeiras para chegar de barco ✚✚ ilhotas com prainhas lindas ✚✚ animados encontros de barcos ✚✚ ótimos pontos de pesca

Quando ir... A represa de Chavantes é gostosa o ano inteiro. Na época das chuvas, as águas sobem e as margens ficam mais bonitas. Já no inverno, apesar das águas mais geladas, a represa ganha ares de lagos canadenses.

SE EU FOSSE VOCÊ Faria uma visita ao Tayaya Resort, que fica no pico de uma montanha e oferece chalés aconchegantes e uma piscina linda, que tem vista do alto da represa”, Odair Delefrati.

Quer mostrar o lugar que você adora navegar?

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Descubra porque esse barco é tão consagrado no mundo todo.

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SUCESSO QUE VEIO A JATO A história do empresário (e ex-piloto profissional de motonáutica) Eduardo Colunna se confunde com a do próprio jet no Brasil

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Os pilotos da antiga equipe de jet Colunna: Roberto Bonini, Renato Venturoli, Eduardo Colunna (campeão brasileiro de jet nos anos 80) e Irineu Soares

Corria o início dos anos 1980, quando o paulista João Victor Eduardo Colunna, então com 18 anos e cabelos longos, se esforçava para entregar seu projeto de conclusão do curso de projetos e design. A proposta era ambiciosa: projetar uma motoaquática. Sozinho, moldou o casco e peça por peça do motor hidrojato, que, certamente, foi um dos primeiros desse tipo feitos no Brasil. O que era um projeto escolar acabou se tornando um negócio lucrativo. Com o sucesso do protótipo, o equipamento foi levado ao mercado náutico. A partir daquele ano, Eduardo entrou no mercado, passando a fabricar peças de reposição para competições, o que o estimulou a investir num antigo sonho: fabricar lanchas com motor a hidrojato. Em 1995, o desejo saiu do papel: Eduardo criou uma lanchinha de 12 pés bem veloz e ótima em curvas, graças a uma turbina no lugar da tradicional hélice. Nascia o primeiro jetboat brasileiro. Anos antes, porém, em 1993, depois de um encontro com o amigo Ayrton Senna, discutiu-se a ideia de criar um modelo em homenagem ao piloto. Mas o projeto só virou realidade mesmo em 2003, quando nasceu o XR2-S Senna, o jetboat mais famoso do país e um marco na carreira do projetista. Hoje, com mais de 1.000 barcos produzidos, a marca Colunna é conhecida nacionalmente, tanto por ser a principal responsável por um novo segmento no Brasil, os jetboats, quanto também por produzir lanchas convencionais, como de 16 a 43 pés.


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P OR DENTRO DO BARCO

MANOBRISTA DE PROA

O bow thruster é uma maravilha nas atracações laterais, porque permite que o barco gire sem ir para frente ou para trás. Mas requer alguns cuidados básicos. Veja Cada dia mais comum nas lanchas, o bow thruster é o melhor amigo do piloto no momento mais chato de qualquer navegação: a atracação. Trata-se de uma hélice acoplada a um motor elétrico, instalado um pouco abaixo da linha-d’água, e embutida em um pequeno túnel no casco, perpendicular à proa. Com a hélice na proa do barco, o comandante gira-o no seu próprio eixo sem usar os mo-

Atualmente, o bow thruster não é privilégio apenas de donos de lanchas. Muitos veleiros também já vêm de fábrica com o equipamento instalado.

tores principais. A vantagem é enorme. Ao contrário do que acontece com os motores principais, na popa, o bow thruster permite que o barco gire sem nenhum movimento para vante ou para ré. Com isso, fica muito mais fácil entrar em qualquer vaga. Uma mão na roda para os iniciantes. Porém, como qualquer outro equipamento náutico, o bow thruster precisa de alguns cuidados especiais.

Em barcos grandes, considere a opção de instalar dois bow thrusters no lugar de um único grande.

No caso de lanchas planantes, o bow thruster ideal fica acima da linhad’água quando a proa levanta e, quanto mais perto da proa ele estiver, mais eficiente será.

O bow thruster é especialmente útil em barcos grandes, mas hoje já existem modelos para lanchas a partir de 25 pés.

A haste de sustentação do bow thruster é metálica e pode sofrer corrosão. Para evitar isso, lubrifique-a e não guarde objetos metálicos com a bateria. Uma fuga de energia para a haste pode acabar com o bow thruster.

Se seu barco não tem bow thruster e você sofre nas manobras, é possível instalá-lo, perfurando o casco, mas é recomendável consultar o projetista e o estaleiro antes de qualquer intervenção na fibra.

A potência desses motores auxiliares é medida em capacidade de empuxo. Há modelos de 25 kg (até 30 pés) a 300 kg (90 pés).

Nos iates, a maioria dos bow thrusters funciona com motor elétrico e bateria própria. É prático, mas, se a bateria ficar sem carga, pode danificar o motor do equipamento. Em barcos grandes, considere a opção de instalar dois bow thrusters no lugar de um único grande.

E HÁ, TAMBÉM, O STERN THRUSTER

Verifique sempre o nível de fluido das partes hidráulicas do seu bow thruster. O ideal é trocar o óleo completamente quatro vezes ao ano.

Como o próprio diz, os stern thrusters são usados na popa. No começo, funcionavam com jatos d’água em vez de hélices, mas não agradavam, uma vez que não eram muito potentes. Com o tempo, saíram do mercado e deram lugar aos que vemos hoje. Os mais famosos são fabricados pela holandesa Vetus, justamente porque foi na Holanda, com seus estreitos canais, que eles surgiram. Hoje, já existem até modelos retráteis, ou seja, que ficam “guardados” dentro do casco e só vão para a água quando acionados.

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G LOSSÁRIO NÁUTICO

VOCÊ SABE O QUE SÃO..

LOA E LWL? A explicação é importantíssima para quem já tem ou está pensando em comprar um barco, seja uma lancha ou um veleiro Graças ao sangue, suor e lágrimas de milhões de portugueses, nossa língua tem um dos vocabulários náuticos mais ricos do mundo, pena que pouca gente se dá conta disso. O resultado é que, vira e mexe, precisamos recorrer ao inglês. A expressão ‘LOA’, muito usada no mercado náutico, é uma que nunca iremos encontrar no dicionário e ainda pode ser confundida com o espírito da religião vodu, com a sigla em inglês para Law of Attraction ou com a sigla em francês para aluguel com opção de compra. Mas LOA é muito mais simples do que isso; trata-se da sigla para “Length Overall” ou, simplesmente, “comprimento total do barco”. Ela é diferente de outra sigla, a LWL, que quer dizer “comprimento na linha-d’água com o barco carregado” ou, na expressão original em inglês, “Load Waterline Length”. Entendeu? A diferença entre os dois termos é muito importante, principalmente para quem já tem ou quer comprar um barco. O comprimento na linha d’água tem uma relação direta com a velocidade máxima teórica do

casco, ou seja, quanto maior o comprimento na linha d’água, maior a velocidade teórica do casco (é lógico que isso vai depender de muitos outros fatores, como boca, peso, propulsão etc.). Já o comprimento total tem muito mais a ver com o conforto a bordo ou, às vezes, com apêndices do barco, como púlpito de proa e gurupés, no caso dos veleiros. Por isso mesmo, existem outras medidas especiais que desconsideram esses apêndices, como, por exemplo, o LOD (Length on Deck), que exclui todos esses apêndices, mas raramente vai ser usado aqui no Brasil. Isso explica por que um barco com comprimento total (LOA) maior que outro nem sempre tem o maior espaço no deque (LOD), tampouco o maior comprimento na linha d’água (LWL). Enfim, o comprimento total é uma das informações mais importantes sobre um barco, junto ao calado e ao deslocamento (peso).

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O comprimento na linha d’água (LWL) tem uma relação direta com a velocidade máxima teórica do casco. Funciona assim: quanto maior for o comprimento, maior será a velocidade máxima


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OCEANIC 26

Desejada até hoje

No Iate Clube Jardim Guanabara, no Rio, a estrela do momento é a Honfleur, uma Intermarine Oceanic 26, ano 1993. Acabou de ser reformada e está prontinha para partir para seu primeiro cruzeiro com o novo proprietário, o carioca Alexandre Thibaut. Depois de muito pesquisar, ele descobriu a Oceanic 26, um dos grandes sucessos da Intermarine, fabricada entre 1992 a 1996. “Vi que foi o carro-chefe do mercado na época de lançamento. Apesar do nome, tem quase 31 pés de comprimento total, com o comando no flybridge e um salão enorme. Isso me chamou a atenção”, conta o feliz dono da Honfleur, nome que se refere a um porto viking da Normandia. Das 70 unidades fabricadas, Alexandre encontrou 12, entre o litoral de São Paulo, Santa Catarina e Espírito Santo. Fechou negócio com a lancha de um oficial da Marinha, que só se desfez do barco porque precisava de uma menor. Em agosto do ano passado, Alexandre tornava-se apenas o terceiro dono desta Oceanic 26. Mas, mesmo assim, decidiu reformá-la. “Pelo primor do acabamento,

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pela inteligência da distribuição de espaço e pelo zelo dos proprietários anteriores, não foi preciso muita coisa”, conta Alexandre. Primeiro, chamou o fabricante para fazer manutenção preventiva do motor original, um Volvo Penta, de 230 hp. Depois, incluiu uma terceira bateria de 150 amp, totalizando capacidade de 450 amp, instalou controle automático do flap eletrônico e até colocou capota no fly. Também poliu o casco. Aplicou teca sintética na caixa de ferro e sobre a caixa de gelo, na entrada do salão. Colocou deque de madeira e pastilhas no banheiro. Substituiu a mesa de fibra de vidro por uma de jatobá na praça de popa. Refez os estofados dos assentos rebatíveis e do solário de proa. Instalou rádio, DVD e até TV de LED. Trocou o fogão por cooktop cerâmico. Tirou o carpete azul e colocou um clarinho. E substituiu o vinil acolchoado original por madeira no revestimento do painel de boreste, onde ficam comandos, rádios, televisão e utilitários, entre um assento amplo à frente e o banheiro, à meia-nau, com 1,82 m de altura e abastecido por um tanque de água potável de 260 litros. São três camas de

FOTOS ARQUIVO PESSOAL

Com 26 pés e pernoite para seis, a Oceanic 26 foi um marco da Intermarine. O segredo? O flybridge, que também encantou Alexandre Thibaut, o feliz proprietário desta lancha, a Honfleur Por Estela Craveiro


A Oceanic 26 é uma lancha perfeita para longos passeios. Com um motor de 230 hp e dois tanques de 160 litros cada, dá para ir do Rio a Santos sem reabastecer” ALEXANDRE THIBAUT

casal: uma na proa, um sofá se transforma em cama dupla e a terceira surge da cavidade sob o sofá, para ser usada no espaço entre ele e a porta do salão. A autonomia surpreendeu Alexandre. A Oceanic 26 tem dois tanques de combustível de 160 litros cada, interligados, que permitem navegar, por exemplo, do Rio a Santos sem reabastecer. E dá para seis pessoas pernoitarem a bordo. “Quero ir longe com ela”, garante Alexandre. O bom desempenho foi outro fator importante na escolha. “Ela acelera até 36 nós. As lanchas mais antigas são mais pesadas. As modernas pequenas são bem leves, empurram a água para o lado e quicam nas ondas. Essa, não. As ondas não batem nela, ela é que bate nas ondas, empurra a água para baixo, sobe e desce, como se as cavalgasse. Com isso, a navegação é mais estabilizada, mais confortável, e o planeio é mais rápido”, descreve ele. “É o barco perfeito para realizar grandes cruzeiros”, vibra Alexandre, que já faz planos de navegação. O primeiro? A travessia do Rio a Santos. “Será um sonho realizado”, completa.

OS NÚMEROS DA OCEANIC 26 COMPRIMENTO TOTAL 9,38 m / 30,7 pés ÂNGULO DO V NA POPA 20 graus BOCA 2,90 m BORDA LIVRE PROA/POPA: 0,85/0,70 m CALADO 0,60 m TANQUE DE 320 l COMBUSTÍVEL TANQUE DE ÁGUA 230 l PESO SEM MOTOR 1.800 kg

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O ESPECIALISTA

Nosso consultor responde às dúvidas dos leitores sobre elétricos e eletrônicos a bordo

ROBERTO BRENER é engenheiro da Electra Service e expert em equipamentos elétricos e eletrônicos para barcos

Como enfrentar uma tempestade com raios? Pedro Camargo, São Paulo (SP)

Se você for pego de surpresa por uma dessas tempestades, preste atenção: permaneça na parte mais à meia-nau da cabine ou, no caso de um barco de proa aberta, fique abaixado para que seu corpo não seja usado como pararaios. Mantenha-se a bordo, longe da água, evite contato com aparelhos eletrônicos e, principalmente, jamais fale ao rádio VHF. O mais adequado, na verdade, é manter todos os eletrônicos desligados. Mais importante ainda é abaixar todas as antenas (VHF, SSB, outriggers), varas de pesca ou qualquer outra protuberância que não faça parte do sistema de proteção contra raios. Por fim, evite tocar em partes metálicas ou em equipamentos conectados ao sistema elétrico, como os manetes.

As baterias que alimentam o motor podem ser as mesmas do inversor? Marcello R. Monteiro, Parati (RJ) Isso não é recomendado. O mais adequado é instalar o inversor na bateria de serviço, uma vez que ele costuma consumir muita energia e, caso ele use as baterias convencionais, pode afetar a partida do motor. Uma regra simples é dimensionar o banco de baterias de 12 volts para 20% da capacidade do inversor em watts ou 10% se seu banco de baterias for de 24 volts. Assim, para um inversor de 2.500 watts, necessitaríamos de cerca de 500 Ah em 12 volts ou 250 Ah em 24 volts

Com o que devo ficar atento nos barcos que são pouco usados? Alexandre Souza, Paranaguá (PR)

Barcos que navegam pouco têm um problema crônico: as baterias. Com o pouco uso do barco, elas normalmente descarregam. Além disso, motores de arranque e alternadores sem uso e sujeitos à umidade podem apresentar problemas mecânicos, como travamento de rolamentos ou zinabre nas bobinas. Também pela falta de uso, outros equipamentos a bordo dotados de motores ou compressores, como geladeiras e ar-condicionado, podem estragar. Por isso, é importante sempre fazer funcionar todos os equipamentos a bordo.

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As antenas de rádio VHF oferecem riscos à saúde? Henrique Vieira, Florianópolis (SC) Não. As antenas de rádio VHF marítimas são limitadas a 25 watts e seu uso nessa potência não oferece nenhum risco à saúde dos passageiros. Por outro lado, deve-se ter atenção com as antenas de radar, que emitem micro-ondas perigosas para quem permanece muito perto delas. O manual de operação informa a distância máxima de exposição. A rigor, a antena de radar deve ser instalada o mais alto possível a bordo. Ainda, jamais use o radar enquanto uma pessoa estiver trabalhando ao lado da antena. Como regra geral, mantenha uma distância de, no mínimo, 2 metros da antena quando ela estiver transmitindo informações.

Está com dúvida?

Envie sua pergunta para: especialista@boatshopping.com.br



PELOS MARES

Um giro pelo mundo náutico

A REGATA DOS

SONHOS

Velejadores solitários dão aula de espírito esportivo na regata de volta ao mundo mais difícil do planeta Por Antonio Alonso François Gabard foi o vencedor

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esporte é capaz de mover nações, de atrair bilhões de olhares, de encantar com um gol de bicicleta ou uma performance perfeita de um ginasta, mas também é capaz de surpreender o ser humano pelas coisas mais simples, de fazer um pai se arrepiar ou de fazer brotar uma lágrima de puro orgulho daquele que simplesmente vê. A edição 2012/2013 da Vendée Globe, a regata de volta ao mundo solitária e sem escalas, vai ficar para a história como um desses momentos em que o ser humano se provou maior que a competição. Um desses exemplos veio de Alex Thompson, que abdicou da chance de ser o primeiro britânico a vencer a regata para dar apoio a um adversário em perigo. Aconteceu depois de mais de 2 meses de regata, a apenas 5 dias do final da prova. O francês Jean-Pierre Dick perdeu a quilha de seu 60 pés a caminho

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dos Açores, quando velejava para garantir a terceira colocação. A perda da quilha é uma das avarias mais graves que um veleiro pode sofrer, porque o barco perde toda a estabilidade e pode virar a qualquer momento. Fim da linha para Dick. No entanto, Thompson, que vinha pressionando logo atrás, se recusou a ultrapassar o adversário antes de ter certeza que o companheiro velejava em condições seguras para chegar a terra. Um mês antes, foi a vez de toda a flotilha dar uma aula conjunta de espírito esportivo. O suíço Bernard Stamm sofreu uma avaria nos geradores bem num dos piores trechos do planeta. Foi obrigado a procurar um abrigo para fazer os reparos, mas o mar foi inclemente. Depois de 4 dias lutando contra os problemas nos geradores e as condições do tempo, dormiu. Acordou com um marinheiro em seu convés. Era


Exausto, o suíço Bernard Stamm dormiu e acordou com um marinheiro russo em seu barco. Foi desclassificado (a regata é em solitário) e os adversários pediram para a organização rever a decisão

Alex Thompson arriscou a chance de ser campeão para ajudar um adversário. Terminou com o bronze e foi o terceiro britânico a chegar ao pódio da regata de Volta ao Mundo mais dura do planeta

Jean-Pierre Dick faz manutenção no mastro. A cinco dias da chegada de uma volta ao mundo, ele perdeu a quilha e saiu da competição. Por sorte contou com a ajuda do “adversário” Alex Thompson

o tripulante de um navio de pesquisas russo, também em apuros. As regras da competição são rígidas e o marinheiro foi considerado ajuda externa; Stamm foi desqualificado da regata. Foi então que a dama e todos os cavalheiros inscritos na Vendée Globe – nas palavras do velejador brasileiro Tarcisio Mattos – mostraram de que são feitos e assinaram uma carta para que a Comissão de Protestos reabrisse o caso, dando uma nova chance a Stamm, o velejador que passou 5 dias e 5 noites sem dormir, porque não havia energia nenhuma a bordo, e que

cruzou o temido Cabo Horn sozinho, “com o leme na mão e as escotas nos dentes”. Infelizmente, Stamm acabou colidindo com um objeto flutuante e abandonou a regata antes que o protesto fosse julgado. Outro caso: o francês Tanguy de Lamonte é um anônimo no meio dos grandes nomes da regata. Passou ao largo de Salvador em penúltimo lugar, quando o líder já se aproximava da chegada, mas comemorou. Naquela manhã, conseguiu dinheiro para custear a cirurgia cardíaca da oitava criança desde que cruzou a linha de largada, em 23 de novembro do ano passado. Ele corria apoiado e apoiando uma fundação que recolhe fundos para crianças pobres de países pobres que sofrem de problemas graves no coração. Cada curtida no seu Facebook valia 1 euro. Foram mais de 100 mil. E vale lembrar: estreante na competição, o francês François Gabart também fez história. Ele venceu a competição com o tempo recorde de 78 dias, 2 horas, 16 minutos e 40 segundos. Mas a vitória maior foi da vela, pelo menos desta vez.

Tanguy de Lamotte nunca chegou perto de vencer a regata, mas comemorou cada vitória em sua luta por salvar a vida de crianças com problemas cardíacos

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PELOS MARES

LANCHA OU VELEIRO? VOCÊ DECIDE

Tão prático quanto criativo, o americano MacGregor 26 une qualidades de lancha e veleiro, e divide opiniões como nenhum outro barco Por Antonio Alonso

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e você quer esquentar um papo de marina, basta mencionar o MacGregor 26; é polêmica na certa. Produzido nos Estados Unidos, ele é um sucesso absoluto de mercado que já vendeu mais de 35 mil unidades e chegou ao Hall da Fama da Vela naquele país. A fórmula faz inveja: um barco prático e simples, no qual dormem seis pessoas (a cama da popa é queen size), com banheiro fechado, bancada de cozinha, bolina retrátil, mastro pivotante, bom espaço interno, que pode tanto velejar quanto navegar como lancha, com motores de popa de 50 ou 60 hp. Além de tudo isso, ele ainda é barato. Lá fora, custa menos de US$ 23 mil, sem vela de proa, mas já com carreta de reboque. No Brasil, estava sendo vendido a R$ 138 mil, pronto para velejar, mas sem carreta de reboque, no Boat Xperience, o salão náutico do Guarujá.

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Mesmo com todo esse currículo, o MacGregor 26 sofre com o bullying dos puristas. Ele é pouco esportivo como veleiro, usa 521 kg de lastro de água mais 136 kg de lastro fixo para velejar, com uma área vélica de 27,87 m2 (sem o gennaker), e também tem essa “cara” de lancha que faz muitos bitolados torcerem o nariz. Diz uma lenda que certa vez, em uma marina de Valência, na Espanha, todos os proprietários de MacGregor 26 se revoltaram com a discriminação e deixaram a marina em grupo, para não mais voltar. É o preço que se paga pela inovação. Mas o MacGregor 26 é extremamente popular pelo mundo, o que irrita ainda mais os puristas. É difícil batê-lo em termos de praticidade e preço. A proposta é mais que inovadora, é revolucionária. A motor, e sem o lastro de água, o MacGregor 26 passa dos 20 nós, quando equipado com um motor de popa de 50 hp.

E planando! Sem dúvida, uma marca imbatível no mundo dos veleiros. Nas baías de Paraty ou Ilha Grande, onde o vento nem sempre dá as caras, o motorzão do MacGregor 26 pode transformar uma velejada frustrada em um dia na praia com os amigos. Aí você começa a entender parte do ódio que esse barco desperta. O MacGregor 26 é um barco único, com uma proposta muito simples. Ele pode ser um veleiro semiplanante num momento e, em 5 minutos, se transformar em uma lancha navegando a mais de 20 nós. Este não é um barco para puristas, mas para quem quer a flexibilidade de escolher como e quão rápido chegar. Mais do que isso, para quem busca um barco pequeno, mas confortável, com muito espaço interno, fácil de navegar e com uma construção no padrão americano. Tudo isso com um preço bastante interessante. É para dar raiva mesmo.

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AJUSTE FINO

Elaboramos cinco dicas infalíveis para amaciar o motor de um jet Por Daniel Machado

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o meio automobilístico, no tempo do afogador e carburador, a técnica para amaciar o motor era comum e expressamente recomendada pelos fabricantes no manual do proprietário. As regras do amaciamento consistiam em dirigir com parcimônia e rotação constante nos primeiros quilômetros do veículo, para que os componentes internos do motor se ajustassem automaticamente, evitando desgastes prematuros. Hoje, com a evolução dos processos de fundição e usinagem, e o desenvolvimento dos materiais, é raro algum fabricante recomendar tamanho zelo. No meio náutico, ler o manual nunca foi a prioridade de grande parte dos donos de jets. Nós nos incluímos entre a minoria que confirma a regra e consultamos um especialista em motoaquática, o mecânico Jorge Aragão, que elaborou cinco pequenos cuidados que se devem ter nos primeiros passeios a bordo de um jet zero quilômetro. Veja ao lado:

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A rigor, o que “força” um motor é a rotação. Por isso, se o seu jet possui chave limitadora de velocidade, use-a nas 10 primeiras horas. Além de oferecer segurança, esse acessório limita o giro dos motores. Já os jets que não têm esse recurso devem evitar ultrapassar 30% da velocidade máxima durante o mesmo período de tempo; Ao ligar pela primeira vez o jet na água, evite acelerações exageradas nos primeiros 5 minutos, porque o motor ainda está em processo de aquecimento; Navegando em águas abrigadas ou no mar, varie a rotação do motor cerca de 300 a 500 giros (para mais ou para menos) a cada 10 minutos. Isso evita com que se crie um vício na têmpera dos anéis; Evite acelerar o motor se a turbina, por ventura, sair da água. Fazendo isso, você impede possíveis trancos no rolamento do charger – sistema que usa o giro do motor para aumentar a pressão da entrada do ar; Na volta dos passeios, nunca desligue subitamente o jet. Deixe-o ligado em marcha lenta por cerca de 1 minuto, para que o motor “esfrie” naturalmente.

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POWER é navegar confiante, com a força dos motores Scania. Quem navega precisa estar pronto para enfrentar a tempestade e a calmaria. Quem patrulha precisa ter força e velocidade para fazer buscas e resgates. Quem pesca ou transporta cargas nem pode pensar em ficar à deriva. Pense nisso. Pense nos motores Scania. Potência, robustez e tecnologia para impulsionar embarcações e negócios. Motores econômicos, de alto desempenho e baixo custo operacional. Scania. Aponte seu leme para cá.

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O FORTE QUE

VIROU HOTEL Na Inglaterra, um dos símbolos mais famosos por combater a invasão francesa, no século 19, foi transformado em um luxuoso hotel. E, para chegar nele, só de barco

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ravado nas águas do canal de Solent, no sul do Reino Unido, entre o porto de Portsmouth e a linda ilha de Wight, o forte Spitbank, erguido em 1878 para servir de proteção contra a invasão de Napoleão, imperador da França, passou por uma transformação tão histórica quanto o seu passado. Tornou-se um hotel de luxo, o único na Inglaterra totalmente cercado por água – e, mais que isso, protegido por muralhas com nada menos que 6 metros de espessura. Agora, ao invés de canhões e soldados, o local oferece a seus hóspedes, que são recebidos com champanhe e chegam por meio de uma lancha inflável, uma das ilhas particulares mais exuberantes do Reino Unido, com um exímio chef de cozinha e um comandante de bordo com todos os atributos para fazer dessa uma experiência sem igual. Muitas das características originais da construção foram preservadas e incorporadas ao novo design. Ao todo, são 9 luxuosas suítes, com piscina aquecida, biblioteca, três bares, três salas de refeições privadas, lareira, sauna, entre outros prazeres. O Spitbank tem seu próprio poço de água e até uma fogueira onde os visitantes podem sentar-se nas noites frias de inverno para ver os veleiros, navios de cruzeiros e de guerra flutuando próximo à ilhota.

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O Spitbank já figura na lista dos destinos mais exclusivos do mundo, porque tem todas as modernas conveniências que um hóspede espera de um hotel de luxo – além, é claro, de oferecer toda a segurança de um forte. Gostou? Grupos de até 18 pessoas podem visitar o forte ao mesmo tempo. A diária, por casal, sai por cerca de 5 mil euros (aproximadamente R$ 14 mil) e inclui um almoço de recepção com champanhe, um jantar com três pratos diferentes e um pequeno almoço na manhã seguinte. Para saber mais, acesse www.spitbankfort.com.



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PARA ATRACAR,

COMER E RELAXAR À beira do charmoso canal de Bertioga, o restaurante La Marina mistura frutos do mar com toques da cozinha contemporânea

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ambiente do bem frequentado restaurante La Marina, dentro da Marina Nacionais, agrada em cheio, com mesinhas na beira d’água. É uma ótima opção para quem quer combinar lazer com boa gastronomia. Possui uma privilegiada visão da natureza e dos barcos e veleiros atracados às margens do Canal de Bertioga, na divisa entre Guarujá e Bertioga, em São Paulo. O cardápio, assinado pelo chef e gerente, Felipe Cruz, mistura os pratos mais tradicionais com novidades apetitosas. “O objetivo dos novos pratos é estabelecer um diferencial. Queremos proporcionar uma experiência dife-

rente aos nossos clientes”, explica. Uma das novidades do cardápio é o galeto inteiro na grelha, com batata ao alecrim e molho de ervas com limão. Vinda do mar, uma opção interessante é a Anchova Negra, corada ao azeite com creme de vatapá e salsa vierge. “A anchova tem tido uma aceitação muito grande”, conta Felipe. Para quem não quiser ficar nas mesinhas ao ar-livre, o restaurante também possui um salão climatizado. Entre as sobremesas, uma opção diferente é o caju cozido no próprio suco com cachaça ouro e servido com queijo coalho grelhado e lascas de castanhas. Uma delícia.

Filé de peixe grelhado ao molho de leite de coco, camarões, lascas de coco fresco e azeite de coentro

Anchova Negra: corada ao azeite, creme de vatapá e salsa vierge

Apesar de ficar dentro da Marina Nacionais, o restaurante La Marina é aberto ao público. Para ir de carro, ele fica na Estrada Guarujá-Bertioga, km 20,5. Já para quem quer ir de barco, deve antes avisar a chegada pelo rádio VHF ou telefone (13/3305-1421), para reservar um espaço no píer.

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O QUENTE DO VERÃO ALAGOANO O Grand Oca Maragogi é um pedaço do paraíso encravado entre coqueiros e que tem as magníficas piscinas naturais do litoral de Maragogi como quintal Por Estela Craveiro

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m um pedaço particularmente lindo da praia Ponta do Mangue, na cidade alagoana de Maragogi, conhecida por suas piscinas naturais formadas por recifes de corais, fica o Grand Oca Maragogi Resort. Se você ainda não ouviu falar nesse nome, é bom anotar, porque ele tem tudo para virar seu próximo destino com a família. Equipes de animadores oferecem atividades o dia todo, para crianças, adolescentes e adultos, entre brincadeiras infantis e atividades aquáticas (em piscinas com medidas quase olímpicas), esportivas, recreativas e dança. Para os baixinhos, com menos de quatro anos, há até serviço de baby-sitter. O cardápio gastronômico também é amplo e o Resort oferece dois restaurantes. Já à noite, na boate Taba, há espetáculos musicais. As acomodações do Grand Oca (www.grandocamaragogiresort.com) dividem-se entre suítes, apartamentos e bangalôs. E opera em sistema all inclusive, tendo a opção de Serviços Premium, com apartamentos personalizados e itens, como cardápios de travesseiros, de aromas e de bebidas, entre outros mimos, e serviço de praia. Pode-se chegar lá de carro (a 125 quilômetros de Recife e de Maceió) ou de helicóptero. As pouquíssimas marinas e garagens náuticas mais próximas ficam no centro da cidade e em Maceió. Além disso, o hotel não possui ponto de atracagem para barcos, o que impossibilita chegar pelo mar. Mas o conforto que o Grand Oca oferece e a sensação de que você está num lugar deserto e com aquele marzão azul clarinho de Maragogi todo seu compensam.

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IATE BRASILEIRO O novo Schaefer 800, considerado pelo estaleiro o primeiro iate legitimamente brasileiro, já que com exceção do casco, todo o resto foi criado no Brasil, pelo seu projetista e dono da marca, Marcio Schaefer

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Schaefer 800

O iate feito para

conquistar o mundo Com acabamento que nada deve às importadas, o tão esperado iate brasileiro Schaefer 800, maior orgulho recente da indústria náutica nacional, é apresentado em Santa Catarina com uma festa digna de um barco internacional Por Otto Aquino, em Florianópolis (SC)

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or um longo tempo, o projeto do Schaefer 800, apresentado até então apenas em grandes maquetes, tirou o sono do projetista Marcio Schaefer, dono do estaleiro que leva o seu sobrenome. Ele fazia questão que seu novo barco ficasse absolutamente impecável – como sempre fez questão quando criou os outros sete modelos, de 26 a 62 pés, que fabrica atualmente em suas três fábricas em Santa Catarina. No mês passado, depois de muita expectativa e longos três anos entre o projeto e a conclusão, o barco foi, enfim, para a água. E mostrou que valeu a pena esperar por ele.

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SCHAEFER 800 ENFIM, NA ÁGUA Na estreia do Schaefer 800, e que teve o próprio Marcio Schaefer no comando, a velocidade máxima foi 34 nós

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ara quem já aprendeu a admirar as lanchas da Schaefer Yachts, o Schaefer 800 também encanta. Por um lado, traz muitas referências de barcos italianos, com linhas mais longas no costado e detalhes arrojados. Por outro, dá mostras de que também não abandonou totalmente a forma clássica. Mas o destaque desta 80 pés está na acertada concepção do salão. O espaço para a circulação e a abundância de vidros, que proporciona um ambiente claro, são dignos de elogios. Janelas maiores do que o convencional nos dois bordos, um para-brisa gigante e um grande teto solar no teto, ao lado do posto de comando, a credenciam como uma lancha perfeita para passeios à luz do sol. Há ainda duas janelas laterais com vidros elétricos, que sobem e descem – como no automóvel.

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Na configuração dessa primeira unidade, o salão não é servido por uma cozinha. Ela fica enclausurada sob o convés do salão, na parte de popa, com acesso pelo próprio salão. Embora pequena para uma 80 pés, é bem interessante e prática, com todos os utensílios domésticos que você possa imaginar. Para o pernoite, oferece quatro suítes muito bem divididas e com decoração de bom gosto, capaz de receber até oito pessoas. A suíte máster (ou seja, a do dono do barco) é muito confortável e ocupa praticamente toda a largura do casco e tem altura suficiente para ninguém bater a cabeça, assim como é em toda a cabine. Ainda nela, há um confortável sofá e uma cama de casal grande. E seu banheiro tem as mesmas medidas surpreendentes. Já a suíte da proa tem uma cama de casal.


O Schaefer 800 tem tamanho e acabamento de padrão internacional. Não é à toa que quatro unidades já estão vendidas, uma delas para o apresentador Luciano Huck

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SCHAEFER 800

A configuração interna pode ter até cinco opções diferentes, o que mostra a versatilidade de um projeto que representa quase um marco para a indústria náutica nacional

VERSÃO UM Nesta primeira unidade, o Schaefer 800 tem quatro suítes, sendo três com camas de casal e um com duas camas de solteiro

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Em praticamente todos os grandes barcos com projetos, digamos, mais modernos, o uso de gaiutas no teto está cada vez mais raro. No lugar delas, grandes áreas envidraçadas, as famosas claraboias. No Schaefer 800, ainda totalmente não. No camarote de proa, há uma gaiuta. Contudo, uma das grandes sacadas desse projeto está no corredor entre as suítes, onde há um teto de vidro que ilumina naturalmente este ambiente que os projetistas pouco dão atenção. Já a popa desta 80 pés faz jus ao seu porte. Na praça, um sofá em U acomoda muito bem até oito pessoas e ainda oferece uma mesa para refeições retrátil. Debaixo da praça de popa fica

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o compartimento dos motores e um camarote para marinheiros. Uma lancha desse porte e com capacidade para grandes travessias teria mesmo de ter um ambiente para marinheiros. Apesar de estar longe de ser aconchegante, o cantinho do marujo permite pernoites apenas razoáveis a bordo, para dois tripulantes. O banheiro, embora também um pouco apertado, é completo, com chuveiro de água quente e sanitário. Hoje, também não basta mais ter apenas um bom solário na proa. O mercado está bem mais exigente e ávido por novidades. O Schaefer 800 reservou uma parte para um pequeno sofá, para navegar sentindo o vento no rosto.


INVESTIMENTO Enquanto Marcio Schaefer (abaixo) e seus funcionários levariam meses para construir um molde de um barco, com esta nova máquina (ao lado) levam poucos dias

A criadora de sonhos Dessa moderna fresadora, única no Brasil, saem moldes de barcos inteiros – e perfeitos

Considerado pela Schaefer Yachts o primeiro iate legitimamente brasileiro, já que, com exceção do casco, todo o resto foi criado em Santa Catarina, pelo seu projetista e dono da marca, Marcio Schaefer, o Schaefer 800 é também o primeiro barco da América do Sul equipado com três motores Volvo IPS de 1.200 hp cada. “Oferece facilidade de manobra, excelente desempenho de velocidade e segurança na navegação, tudo isso aliado a um menor consumo de combustível e menos emissão de poluentes”, explica Felipe Abreu, gerente de vendas da Volvo Penta Brasil e que participou intensamente do processo da adaptação do casco italiano, que usava apenas hidrojato, para a trinca de motores com IPS. Segundo Marcio Schaefer, a escolha do IPS foi um grande diferen-

EXCLUSIVA O Schaefer 800 é o primeiro barco na América do Sul a usar, ao mesmo tempo, três motores IPS. Nesta primeira unidade, cada motor tem 1 200 hp

Parece um guindaste, mas essa máquina é, na verdade, uma moderna fresadora computadorizada, que serve para dar vida a moldes de barcos inteiros e no tamanho real deles. Nenhum outro estaleiro nacional porta um equipamento desses. Quando chegou ao Brasil, importada da Espanha, o primeiro modelo esculpido por ela foi a Phantom 620. Recentemente, deu forma a um grande lançamento, o Schaefer 800. Outra grande vantagem dessa fabulosa criadora de sonhos é a rapidez com que faz os moldes. Enquanto Marcio Schaefer e seus funcionários levariam meses para construir um molde pelo sistema tradicional e artesanal, com a nova máquina leva poucos dias. A nobre função da fresadora é esculpir, a partir de um programa de computador, moldes em isopor de peças ou barcos inteiros e com uma precisão impossível de se conseguir de outra forma, evitando ajustes de encaixe depois de o molde pronto. “Se usasse o método antigo, a 800 não ficaria pronta em menos de dois anos. Valeu a pena o investimento”, garante Marcio.

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SCHAEFER 800

Raio-X

Algumas curiosidades do Schaefer 800 Projeto elétrico Todo o projeto elétrico da Schaefer 800 é assinado pelo engenheiro elétrico Roberto Brener, consultor técnico de BOAT SHOPPING.

Personalizada O layout do interior permite até cinco opções. E todos sob a assinatura da italiana Pininfarina, um dos maiores centros de design da Europa, conhecida por criar para a Ferrari.

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Boa impressão Uma equipe sueca da Volvo Penta visitou pessoalmente as instalações catarinenses e acompanhou de perto a instalação dos motores IPS.

Casco importado O casco é uma versão adaptada de um famoso iate italiano, movido a hidrojato, com mais de 40 unidades construídas.


Primeiro teste A navegada de estreia da Schaefer 800, e que teve Marcio Schaefer no comando, foi à noite. Com mar calmo, a lancha chegou a 34 nós de velocidade máxima (com picos de 36 nós) e se manteve em 30 nós de cruzeiro.

Motorização

Iate global

É o único barco da América do Sul equipado com três motores Volvo de 1.200 hp cada, com IPS.

Quatro Schaefer 800 já foram encomendadas. Neste mês, a segunda unidade será lançada ao mar. O dono? O apresentador Luciano Huck, fiel cliente da marca.

Ar-supercondicionado O circuito de água do ar-condicionado funciona apenas com água gelada, o que aumenta a eficiência da refrigeração da cabine.

Carreta especial Para movimentar o casco dentro do estaleiro, a Schaefer Yachts importou uma “carreta” motorizada, que se move por controle remoto.

Na balança

Vem mais por aí

Feito sob infusão, o casco da Schaefer 800 não ultrapassou cerca de 50 toneladas. O deslocamento leve é de cerca de 44.500 kg, sendo 3.800 litros de diesel, 1.200 de água e 23 pessoas de capacidade.

O Schaefer 800 inaugurou uma nova fase do estaleiro, o de construir iates. Entre os amigos, Marcio Schaefer já confidenciou que vai lançar uma 115 pés. Estrutura, equipamento e mão de obra não faltam para isso acontecer.

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SCHAEFER 800

O desenho do interior, assinado pela italiana Pininfarina, um dos maiores centros de design da Europa, é digno dos melhores barcos das marcas mais expressivas do mundo náutico A COZINHA No primeiro modelo, a cozinha ficou escondida no convés inferior, atrás da suíte master, mas com acesso isolado pela popa

cial competitivo para a embarcação, já que permitiu ao iate o uso de motores menores e mais econômicos do que os usados na configuração tradicional de centro, sem perder o desempenho. “Na relação custo por milha navegada e velocidade, levamos uma enorme vantagem. Os três sistemas IPS 1.200 provaram ser uma excelente escolha e o conjunto se mostrou imbatível”, explica Marcio. Nos primeiros testes de mar, o barco já mostrou boa impressão. A navegada de estreia do Schaefer 800, e que teve Marcio Schaefer no comando, foi à noite. Com mar calmo, o barco chegou a 34 nós de velocidade máxima (com picos de 36 nós) e se manteve em 30 nós de cruzeiro. Nada mal para um casco com cerca de 50 toneladas.

DE 26 A 80 PÉS

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Phantom 260

Phantom 300

Phantom 360

Phantom 385

É uma evolução da antiga 23 pés, o primeiro barco da família Schaefer. A 26 pés tem duas versões: proa aberta e cabinada, com motor de centro ou popa.

Trata-se da versão aperfeiçoada da Phantom 290, uma das lanchas mais famosas do Brasil. Entre outras coisas, herdou o ótimo valor de revenda.

A partir do lançamento deste modelo, que tem pernoite para quatro pessoas e bom porte no cockpit, a Schaefer Yachts começou a mostrar sua força.

Foi o primeiro barco da linha que não levou a assinatura de Marcio Schaefer. Quando foi lançada, serviu para suprir uma lacuna que havia no mercado. E fez sucesso.

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O Schaefer 800 já vem com... COZINHA:

freezer, 4 geladeiras, TV LED 40”, lava louça, fogão, cafeteira e lava roupas

CABINE DO MARINHEIRO:

duas camas de solteiro, sanitário elétrico, arcondicionado e TV LCD 20”

EQUIPAMENTOS E ACESSÓRIOS GERAIS:

boiler elétrico e mecânico 2 x 80 l, flaps hidráulicos, gerador 2 x 23 KWA, farol com controle remoto, luminárias LED, sistema de tratamento de esgoto, sistema elétrico digital, water maker, sistema automático contra incêndio e de monitoramento por câmeras, guincho elétrico e TV e ar-condicionado em todos os ambientes.

Os modelos que fizeram (e fazem) da Schaefer Yachts um dos principais estaleiros do Brasil

Phantom 400

Phantom 500

Phantom 620

Phantom 800

O projeto foi comprado pela Schaefer Yachts ano passado, que também passou a produzila em série. Trata-se da antiga Thorus 400, produzida por Alessander Lenzi.

Foi a primeira lancha no Brasil com plataforma de popa móvel e equipada com churrasqueira. A capota rígida com teto solar elétrico chamava muita atenção também.

Uma das mais luxuosas criações náuticas brasileiras, a 620 foi o primeiro modelo do Schaefer Yachts com o interior todo assinado pela Pininfarina.

Com o molde de um famoso casco italiano, nasce “o primeiro iate inteiramente projetado e construído no Brasil”, como é classificada pelos seus criadores.

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SCHAEFER 800

“O Schaefer 800 é o resultado de três anos de projetos e representa a realização de um sonho para minha família e minha equipe”, disse Marcio Schaefer, durante a cerimônia de lançamento na água, inédita no Brasil

MOMENTO ÚNICO A descida do grande iate aconteceu em um evento nunca antes visto na história náutica do Brasil

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O Schaefer 800 impressiona pelo padrão de acabamento internacional, digno dos melhores barcos das marcas mais expressivas do mundo náutico. “Este barco é fruto de três anos de estudos e projetos e representa a realização de um sonho, tanto para mim quanto para minha equipe”, disse Marcio no discurso que antecedeu à descida do iate à água. O novo barco da Schaefer já tem quatro unidades vendidas, sendo que a segunda, que pertence ao apresentador Luciano Huck, está sendo lançada ao mar este mês, mas com uma configuração interna diferente da primeira unidade, o que mostra a versatilidade de um projeto que é o maior orgulho do estado catarinense. “Este é o meu sonho: consagrar minha marca mundialmente, fazendo da Schaefer Yachts uma empresa global, em condições de brigar com as melhores do mundo. Atualmente, temos condições de construir barcos de até 75 toneladas”, afirma Marcio. E convém não duvidar disso. Não há arrogância na opinião, apenas o jeito franco e direto que é uma de suas marcas registradas – junto com a obstinação, a competência e a paixão por construir barcos.

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OS NÚMEROS DO SCHAEFER 800 COMPRIMENTO TOTAL 24,10m BOCA 6,00 m CALADO 1,65 m DESLOCAMENTO 54 ton MOTORIZAÇÃO 3 x IPS 1200 ÁGUA DOCE 1200 l (com aquecedor) COMBUSTÍVEL 6000 l SUÍTES 4 + 1 CAPACIDADE DIA 18 + 2 pessoas CAPACIDADE NOITE 08 + 2 pessoas DESIGNER Marcio Schaefer


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FOTOS DIVULGAÇÃO

A nova aventura

da família

Schurmann Com um novo e moderno veleiro, de 80 pés e que será batizado de Kat, em homenagem à filha adotiva que morreu há seis anos, os Schurmann partirão para a terceira grande viagem em família. O casal Vilfredo e Heloisa, na companhia dos filhos Pierre, David e Wilhelm, vão reeditar a suposta primeira viagem ao mundo de um barco, feita pelos chineses. Serão dois anos no mar e muitas novas histórias para contar Por Otto Aquino, em Itajaí (SC)

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VILFREDO SCHURMANN O patriarca da família recebeu a Boat Shopping em seu escritório, dentro do estaleiro que está finalizando seu novo barco-casa, em Itajaí, Santa Catarina

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FAMÍLIA SCHURMANN

M

FAMÍLIA HISTÓRICA No dia 14 de abril de 1984, os Schurmann fizeram-se ao mar e história: foram a primeira família a dar a volta ao mundo de veleiro

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uitas pessoas sonham com uma grande aventura na vida. Poucas têm a coragem de abandonar a rotina segura e perseguir seu sonho até o fim. Com os Schurmann, a virada veio da noite para o dia. Eles moravam em Florianópolis, numa bonita casa de frente para o mar. Vilfredo tinha um escritório. Heloísa dava aulas de inglês e os filhos estavam na escola, tudo na mais santa paz. Tinham um barquinho a vela que usavam para passear no litoral e falavam de fazer viagens maiores. Às vezes, o casal passava as tardes de domingo debruçado sobre o mapa-múndi no chão da sala, conversando sobre lugares distantes. Falavam, falavam e nada de fazer. Um dia, Vilfredo acordou cedo, pôs a gravata e foi para o aeroporto. Tinha de ir a Brasília levar um projeto urgente para o governo. Era o ano de 1984. Vilfredo trabalhava como um condenado, à frente de um escritório que elaborava projetos industriais para empresas de Santa Catarina. No aeroporto, surpresa. O voo foi cancelado e o economista perdeu a viagem e o negócio. No bar do aeroporto, pediu um uísque, soltou o nó da gravata e decidiu que não dava mais para aguentar. “É agora ou nunca”, pensou Vilfredo. Em menos de um mês, os Schurmann estavam prontos para a viagem. Venderam tudo: a casa, o carro, o telefone, as poucas joias da família e compraram um veleiro maior, o Guapos, de 40 pés. Na manhã ensolarada do dia 14 de abril de 1984, fizeram-se ao mar e história: foram a primeira família a dar a volta ao mundo de veleiro. Em dez anos, os Schurmann visitaram 42 países em três continentes, percorrendo 65 mil milhas.

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Uma década depois, abraçados em uma praia catarinense, Vilfredo e Heloísa conversavam sobre os incríveis feitos de alguns aventureiros que mudaram o curso da história. Quando surgiu o nome do navegador português Fernão de Magalhães, que em 1519 viajou contra as rotas tradicionais de navegação, completando aprimeira volta ao mundo da historia da humanidade . Eles ficaram imaginando como seria fascinante copiar os passos do primeiro homem a circunavegar o planeta que, com isso, provou que a terra


era redonda. O sonho começou a virar realidade no dia 23 de novembro de 1997, quando, após três anos de cuidadoso planejamento, a Família Schurmann partiu para sua segunda grande aventura: o projeto “Magalhães Global Adventure”. Desta vez, com uma nova tripulante: a pequena Kat, de apenas cinco anos de idade. Depois de quase dois anos e meio no mar, o veleiro Aysso atracou de volta em Porto Seguro, na Bahia, no dia 22 de abril de 2000, para participar das comemorações dos 500

A terceira volta ao mundo dos Schurmann terá, pela primeira vez, a presença da terceira geração da família: o jovem Emmanuel, de 21 anos, que acompanhará os avós durante todo o percurso

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5,50/1,80m

56,0tn

262m2

DESLOCAMENTO

ÁREA VELICA

6,35m

CALADO

24,40m

Projetado pelo engenheiro naval argentino Néstor Völker, terá 80 pés de comprimento por 6,65 metros de largura máxima, e sete camarotes, para 14 pessoas.

LARGURA

CASCO

COMPRIMENTO

O antigo veleiro Aysso, de 54 pés, com o qual a família rodou o mundo, dará lugar a este super moderno 80 pés, todo equipado para transmitir a viagem à China praticamente “ao vivo” PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

FAMÍLIA SCHURMANN

A nova “casa” dos Schurmann

MATERIAL

O casco será feito de aço especial carbono AH-32 e inoxidável 316-L. Serão dois mastros e terá quilha retrátil de 18,5 toneladas com acionamento hidráulico.

Soluções para a vida

Soluções para a vida

NOME ESPECIAL

A princípio, o novo veleiro está sendo chamado de Schurmann 80, mas quando ficar pronto, será batizado de Kat, mais uma homenagem da família a filha caçula adotada, que morreu em 2006.

CONSTRUÇÃO

A construção está sendo acompanhada em tempo real por um sistema que transmite via internet as imagens da embarcação. O mesmo sistema será responsável por enviar todos os dados vitais do veleiro via satélite para o mundo todo.

INTERNET A BORDO

Um novo sistema Inmarsat Global XpressLink com transmissão de até 492 kbps que permite uso de internet com alta velocidade, IP streaming e sistema telefônico, 24h por dia. Será a primeira expedição brasileira com acompanhamento online em tempo real

MOTOR

Escapamento terá um equipamento construído em nanotecnologia com hidrogênio que elimina totalmente o CO2 da fumaça do motor diesel

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ENERGIA SUSTENTÁVEL

Além da energia eólica, haverá bicicletas ergométricas com alternador e dois equipamentos na popa do veleiro com hélice e alternador gerando eletricidade quando o barco estiver velejando

ECOLOGICAMENTE CORRETO

As forrações do motor e isolamento térmico do forro do veleiro serão feitos com material reciclado. Além disso, todo o lixo produzido pelo veleiro será reciclado durante a viagem.

ROBÔ TRIPULANTE

Um minisubmarino fará parte dos equipamentos de filmagem que captará imagens e dados de águas profundas, dando acesso à uma nova dimensão no mundo de aventuras submarinas.


anos do Descobrimento do Brasil. Exatamente como havia sido planejado. A Família Schurmann foi um dos destaques da festa, tendo sido recebida, na época, pelos presidentes do Brasil (Fernando Henrique Cardoso) e de Portugal (Jorge Sampaio). Na Rota de Magalhães, os Schurmann percorreram mais de 32 mil milhas durante 891 dias. O capitão Vilfredo conduziu o veleiro Aysso pelos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico. No total, a aventura levou a família a 48 portos, 31 ilhas, 19 países e nove territórios. Em sua segunda volta ao mundo, a Família contou com uma “tripulação” bem numerosa. Graças à tecnologia Inmarsat – que possibilitou a transmissão via satélite de fotos e textos, em português e inglês, diretamente do barco, para todo o mundo – o “Magalhães Global Adventure” foi acompanhado, pela internet, por

mais de 1,5 milhão de pessoas. Na época, escolas do Brasil e do exterior usaram o conteúdo educativo produzido especialmente para a expedição. Internacionalmente, o site da aventura foi recomendado por diversas organizações educacionais, inclusive pela Unesco, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Mais uma vez, os Schurmann fizeram história. Agora, completando 30 anos da primeira (e histórica) expedição em família, vão partir para uma aventura ainda maior. Uma viagem da China! Em 8 de março de 1421, a maior esquadra jamais vista pelo mundo zarpou de sua base na China. Os navios, gigantescos juncos de quase 150 metros de comprimento, construídos com a mais selecionada madeira de teca, eram capitaneados pelos leais almirantes eunucos do Imperador Zhu Di.

VAI FICAR ASSIM O veleiro Kat, de 80 pés, está em fase final de construção, em Itajaí. Mas já dá para ter uma noção de como ficará por dentro, através dessa imagem 3D, criada pelo estúdio catarinense de arquitetura OHMNI

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FAMÍLIA SCHURMANN

A caminho do oriente Depois da inédita volta ao mundo em família e de repetirem a rota de Fernão de Magalhães nas águas geladas do sul das Américas, veja os principais portos por onde a família Schurmann pretende navegar na nova travessia, de Itajaí à China

Florianópolis • Punta Del Leste • Mar Del Plata • Puerto Deseado • Ilha Dos Estados • Ushuaia • Antártica • Puerto Williams • Punta Arenas • Ilha Chiloe • Puerto Montt • Valdivia • Ilha Juan Fernandez • Ilha de Páscoa • Ilha Pitcaim • IlhasTuamotus • Ilhas da Sociedade • Ilhas Cook • Ilhas Samoa • Ilhas deTonga • Ilhas Fiji • Auckland • Wellington • Brisbane • Coral Sea • Papua • Nova Guiné • Ilhas Bismark e Admiralty • Ilhas Marianas • Okinawa • Hangzhou • Jiaxing •Taipei • Macau • Ho Chi Ming • Ilha Natura • Pontianak • Jacarta • Cocos Keeling • Ilha Chagos • Cargados & Carachos Atol • Ilha Mauricio • Ilha Reunion • Tonalato • Port Elizabeth • Cape Town • St. Helena • Ilha da Trindade • Florianópolis

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Após o fim da terceira viagem de volta ao mundo, marcada para 2015, a família Schurmann promete: lançará mais um filme nos cinemas

TRIPULAÇÃO Além de Vilfredo e Heloisa, os filhos Pierre e David estarão presentes em alguns trechos da aventura. E Wilhelm estará a bordo por toda a expedição. Já a caçula Kat estará simbolicamente presente ao inspirar o nome do novo veleiro

Sua missão era “seguir até os confins da terra para recolher tributos dos bárbaros de alémmar”. Sua jornada duraria mais de dois anos: os navios chineses, assim, aportaram na América 70 anos antes de Colombo, circunavegaram o globo um século antes de Magalhães, descobriram a Antártida, chegaram à Austrália 320 anos antes de Cook e solucionaram o problema da longitude 300 anos antes dos europeus. Toda essa história foi à tona no livro 1421 – O Ano em que a China Descobriu o Mundo, bestseller mundial escrito por Gavin Menzies após longos anos de pesquisas. Encantada com essa possibilidade, a família Schurmann se engajou na missão de reconstituir parte da rota dos chineses, para desvendar segredos e mistérios, sentindo e observando o mundo e os mares a partir da perspectiva oriental. Recentemente, o autor da obra, Gavin Menzis, recebeu um dos filhos da família, o cineasta David Schurmann, para uma reunião em sua casa, em Londres. “Gavin apontou muitas provas de que realmente foram os chineses os primeiros a dar a volta

ao mundo”, disse David, que convidou Gavin para apadrinhar o projeto. E tão logo fez o convite já ouviu o “sim”. Até o fim do ano, a Expedição Oriente irá reeditar a suposta primeira volta ao mundo de todos os tempos, realizada pelos chineses. Para isso, Vilfredo está construindo na cidade de Itajaí, em Santa Catarina, um novo barco, ou melhor, sua nova casa: um moderno veleiro de aço de 80 pés, desenhado por um mestre no assunto, o projetista argentino Nestor Volker e que terá câmeras de transmissão online para o mundo inteiro. Será mais uma expedição náutica inédita: agora de uma família brasileira rumo ao oriente. Serão cerca de quatro anos no mar e que se transformará em mais um filme, o segundo de uma travessia da família. O primeiro, O Mundo em Duas Voltas, lançado em 2007. Nada mal um homem que passou meia vida de terno e gravata dentro de um escritório, para uma mulher acostumada as atividades de professora e para as crianças, que nunca haviam passado mais do que dois dias a bordo de um veleiro.

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FAMÍLIA SCHURMANN

Três décadas de travessias Vilfredo Schurmann, o patriarca da família, abre o coração e relembra o que de melhor viveu e aprendeu desde que escolheu o mar como lar NÃO EXISTE IDADE PARA SE AVENTURAR “Ao fim das minhas palestras, sempre abro espaço para perguntas. Uma delas é recorrente. Sobre a idade para se lançar a uma volta ao mundo de barco. Aí, conto uma história fascinante sobre um grande amigo, o americano Harry Hackel Jr. Conheci ele em Richard Bay, ao norte de Durban, na África do Sul, em 1993. Aos 78 anos, ele estava sentado num banquinho preso ao mastro, checando os cabos e as velas, a 15 metros de altura. Aos 56, aposentou-se e, dois anos depois, finalizou a reforma de um veleiro de 32 pés. Assim que o veleiro ficou pronto, ele e a mulher saíram navegando. Foram 11 anos juntos no mar, até que ela teve um câncer e morreu. Mas ele seguiu viajando. Harry deu duas voltas ao mundo, capotou duas vezes na costa de Madagascar e no Japão. Está com 92 anos, e continua navegando. Tem quatro filhos, nove netos e sete bisnetos. Foi a pessoa mais velha a completar uma circum-navegação. No fim da última volta ao mundo, disse: ‘Agora estou preocupado, meu veleiro está ficando velho’.”

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SAUDADES DA NOSSA PEQUENA CAÇULA KAT “Em 1994, eu e minha mulher, Heloisa, completamos nossa primeira viagem ao redor do mundo e já trabalhávamos no segundo projeto de circum-navegação. De repente, Kat apareceu em nossas vidas. Kat era filha de Robert, um neozelandês casado com Jeanne, uma amazonense. Quando estávamos navegando na Nova Zelândia, Robert viu a bandeira brasileira em nosso barco e veio nos apresentar a mulher brasileira, grávida. Viramos grandes amigos desde então. Depois de um tempo, Jeanne havia morrido e Robert nos visitou no Rio. Convidamos ele e Kat para velejar conosco. Foi quando ele nos contou a história. Jeanne contraíra HIV numa transfusão de sangue e transmitiu o vírus ao marido e à filha. Ele nos pediu para adotarmos o bebê. Fizemos isso com o maior amor do mundo. Durante o tempo que navegou conosco, Kat foi uma tripulante especial. Muitas ve-

zes, vinha de madrugada falar comigo quando estava sozinho de vigília, no timão. Olhava para o céu e dizia: ‘Pai, aquela estrela na constelação de Orion é a minha mãezinha que nos protege nas tempestades’. Ela sempre gostou de desbravar cada local em que aportávamos. Nas tempestades, ela não se assustava. Alegre, brincava como se o balanço de nosso veleiro Aysso fosse uma gangorra. Kat viveu até 2006, quando morreu aos 13 anos. Ela sobreviveu além das expectativas dos diagnósticos médicos. Tomar remédios fortes e injeções diariamente não abalava seu bom humor. Kat foi uma lição de alegria contagiante, de vontade de viver e de superação. A emocionante história de Kat virou livro (Pequeno Segredo, As lições de Kat para a Família Schurmann, editora Agir) e, até o fim do ano, ganhará outra homenagem da família, um filme, para mostrar a todos os momentos mágicos que vivemos juntos e que permanecerão para sempre conosco”.


A TORMENTA É SEMPRE PASSAGEIRA “Em novembro de 1997, zarpamos de Florianópolis rumo a Punta del Este, no Uruguai. No verão, os ventos são favoráveis em direção ao sul. Naquele ano foi diferente. Desde nossa partida, enfrentamos três frentes frias. Não havia lugar para nos abrigarmos. Quando passamos da costa do Rio Grande do Sul, encontramos fortes ventos, e o mar voltou a ficar tempestuoso. A noite caiu. Víamos nuvens pretas se aproximando com os flashes dos relâmpagos cada vez maiores. Martin, um tripulante neo-

A FILOSOFIA DE VIDA DO POVO POLINÉSIO “Aos 35 anos virei a mesa e mudei totalmente meu rumo. Quando cheguei à Polinésia, depois de quatro anos velejando, percebi uma mudança em minha filosofia de vida. Foi o povo polinésio, sempre amável, cordial e com um sorriso contagiante, que me inspirou a repensar meus conceitos. Os polinésios habitam a região há quase 30 mil anos, antes mesmo da chegada de religiões como islamismo, budismo e cristianismo. Eles acreditam no poder espiritual que mantém vivos os valores e preserva a harmonia dos povos polinésios. Fizemos grandes amigos por lá. Estava ficando cada vez mais difícil deixá-los. Mas o dia da despedida chegou. Nossos amigos não queriam que fossemos embo-

zelandês, estava comigo no cockpit. Cada um com dois cintos de segurança. O resto da tripulação descansava. O Aysso é de aço e, numa tempestade elétrica, forma uma estrutura de metal que atua como uma blindagem contra os raios, protegendo o que estiver em seu interior. É o mesmo princípio, chamado de Gaiola de Faraday, que faz com que uma pessoa no interior de um carro ou de um avião esteja protegida. De repente, escutei um estrondo ensurdecedor e, pela primeira vez, vi todo o barco se iluminar. Era o Fogo de Santelmo, uma espécie de bolha de ar elétrica e luminosa. Pode ocorrer

numa embarcação de dois mastros como o Aysso, mas é raro. Como num pulo de canguru, Martin entrou no veleiro e se isolou em sua cabine. Quando finalmente ancoramos na marina de Punta del Este, ele saiu de sua cabine dizendo que nunca mais queria passar por uma experiência daquelas. Navegando, estamos sujeitos aos imprevistos da natureza. Para enfrentar tempestades, precisamos estar bem física e psicologicamente. É normal sentir medo. Mas não podemos deixar que ele nos paralise. Lembrar que a tormenta é passageira, no mar e na vida, sempre ajuda”.

ra, diziam que éramos os irmãos de coração. Em um momento, me distanciei de todos e me sentei à beira-mar, admirando o mar azul-piscina e a praia de areias finas e brancas como a neve. Pensativo, não percebi que o chefe Hio, o mais velho dos nativos, me acompanhou e veio sentar a meu lado. Ele me fitou nos olhos e disse: ‘Aproveite o momento aqui e agora, Vilfredo. Se você não acordar amanhã, perdeu esta oportunidade de ser feliz. Vocês, homens brancos, se preocupam demais com o futuro. Pior do que isso, vocês também se preocupam com aquilo que já passou. Viva o dia de hoje’. Com ele, aprendi que no mar não podemos mudar a direção dos ventos, mas podemos regular as velas. Viver um sonho é realizar a felicidade.

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FAMÍLIA SCHURMANN NO MAR, OS RISCOS EXISTEM. BASTA AVALIÁLOS E ADMINISTRÁ-LOS “Em Palau, uma ilha da Micronésia, resolvemos fazer um mergulho em caverna. Todo mergulho requer cuidados especiais. Em cavernas, o risco é muito maior. O cuidado e o planejamento devem ser redobrados. Os mergulhos com cilindro de oxigênio feitos em cavernas lideram as estatísticas de acidentes fatais. O plano era mergulhar em três cavernas durante todo o dia. Traçamos minuciosamente o rumo da navegação na bússola. Conversamos com os nativos que conheciam o local. Colhemos todas as informações possíveis e contratamos um

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mergulhador que conhecia bem a área para nos guiar. Pretendíamos entrar na caverna, submergir cerca de 10 a 12 metros. Depois, entrar pela única passagem que levava à câmara interna do centro da caverna. Era preciso seguir por um labirinto previamente estudado, até achar o atalho. Esse é um trajeto de 100 metros. Ao chegar à câmara, subiríamos para um platô no seco, para andar sem precisar das máscaras (há frestas por onde o ar circula). Ali filmaríamos num cenário de espetacular beleza. Começamos nosso mergulho e tudo corria bem. Depois de cerca de 15 minutos, David, meu filho que dirigia as filmagens, percebeu a indecisão do guia.

Ele ia de um lado para outro e não achava a passagem. Notamos sua ansiedade. Percebi que ele estava improvisando. David escreveu na prancheta (sim, se escreve embaixo d’água) perguntando se estava tudo bem ou se ele havia se perdido. Ele escreveu que não achava o caminho. Com a navegação que tínhamos feito, David tomou a liderança e comandou com segurança nossa volta ao local de origem. Abortamos os outros dois mergulhos programados para o dia. No dia seguinte, saímos para mergulhar novamente. Dessa vez, conseguimos visitar as três cavernas e fazer as filmagens. Foi uma experiência inesquecível, que valeu todo o planejamento”.


O VALOR DE PERSISTIR NO SONHO “Em nossa primeira grande viagem, em 1986, estávamos na Ilha de Santa Lúcia, no Caribe. Era um dia nublado, com chuvas, e estava chegando um pequeno veleiro. Suas velas estavam mal dobradas, e a fisionomia cansada do tripulante me chamou a atenção. Vesti minha capa de chuva e fui ajudar a amarrar os cabos no cais. O velejador, um inglês chamado James, me agradeceu e pediu que olhássemos seu barco enquanto ele iria até a sede da marina trocar uns livros. Ficaria algumas horas lá para abastecer e seguir até Nova Iorque para ver sua namorada. Havia mais de 45 dias que ele estava navegando, e descansaria por algumas horas para seguir por mais 20 dias. James nasceu com um buraco no coração. Os médicos lhe deram três dias de vida. Durante cinco anos, ele viveu praticamente dentro do hospital. Aos 19, sua veia aorta se rompeu. Ele teve de fazer duas operações de coração e depois seis cirurgias corretivas. Os médicos recomendaram uma vida sedentária. Mas ele decidiu que realizaria seu sonho: dar a volta ao mundo num veleiro. Ele construiu seu próprio barco. Na travessia da Nova Zelândia para a América do Sul, bateu em uma baleia ou um contêiner que fez um furo no barco. James lutou pela vida, tirando a água do barco com balde e uma pequena bomba por oito dias até ser socorrido por um navio que o levou de volta à Nova Zelândia. Lá, arrecadou fundos e fez um novo barco, com o qual completou a viagem. Ele se tornou um dos mais conhecidos navegadores solitários da Inglaterra. E um exemplo para o mundo.”

O TEMPERO DAS VIAGENS SÃO AS MUDANÇAS “A maior de todas as mudanças que enfrentamos na nossa primeira viagem foi sair de nossa casa, colocar três filhos, de 7, 10 e 15 anos, em um veleiro e sair para dar uma volta ao mundo. Antes de partir, estávamos cientes de que o grande desafio no mar seria a convivência num pequeno espaço de 44 metros quadrados. Qual a receita para dar certo? Muito amor, muita paciência e muito bom humor! Decidimos navegar de porto a porto por um ano na costa brasileira. O último porto antes de zarpar para o exterior seria o de Fortaleza. Combinamos que lá faríamos um balanço dos prós e dos contras para avaliar se continuaríamos com nosso projeto. O resultado foi positivo. Seguimos adiante em nosso sonho de navegar ao redor do globo durante dois a três anos. Permanecemos dez anos no mar. Logo vieram outras mudanças. O primeiro desafio veio com nosso filho mais velho, Pierre. Navegávamos na costa dos Estados Unidos quando ele decidiu, aos 17 anos, ingressar numa

faculdade de administração e pediu para desembarcar. Não estávamos preparados para essa decisão. Foi uma conversa longa, em que discutimos os prós e os contras. Decidimos atender ao pedido de Pierre. Ele se formou, seguiu sua carreira e hoje é um executivo. Passados cinco anos de viagem, na Nova Zelândia, David também pediu para ficar no país. Com 16 anos, ele queria seguir a carreira em cinema e televisão. Havia dois anos, David produzia imagens da viagem e comerciais para hotéis das ilhas do Pacífico. Fez faculdade, se formou e, aos 22 anos, era diretor de um programa de variedades na TV neozelandesa. Wilhelm, o mais novo, escolheu um caminho diferente. Quis se dedicar ao windsurfe. Respeitamos sua opinião. Ele foi duas vezes campeão mundial na classe Formula Windsurfing, a mais avançada desse esporte. Em nossa última expedição, David foi convidado a formar uma equipe para produzir um programa mensal para o programa Fantástico. Foram 34 episódios ao longo dos dois anos e meio de viagem”.

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FAMÍLIA SCHURMANN

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O ENCONTRO COM O SUBMARINO ALEMÃO U-513 “Ano passado, encontrei o submarino alemão U-513, que estava em missão confiada por Adolf Hitler e foi afundado durante a Segunda Guerra Mundial. A primeira vez que ouvi falar nessa história foi há mais de uma década. Em nosso veleiro Aysso, eu participava da regata oceânica na Ilha de Trindade, no Espírito Santo. A bordo estava o fotógrafo Antonio Husadel, um marinheiro de primeira viagem que me contou a história do livro A última viagem do lobo cinzento, de Telmo Fortes. Naquela noite, me diverti ouvindo essa história do meu amigo Husadel, mas não dei bola quando ele me disse que o submarino estava próximo à costa do Brasil. ‘Por que você não vai procurá-lo?’, perguntou ele. Semanas depois, ganhei o livro de presente do próprio Husadel. O livro romanceia a história do submarino U-513, atingido por um avião americano em 1943, no sul da costa brasileira. Dos 53 tripulantes, apenas sete sobreviveram, incluindo o capitão Karl Friedrich Guggenberger. Antes mesmo de terminar o livro, eu já tinha decidido ir atrás dessa história. Essa busca me tomou quatro anos de planejamento e dois anos de saídas ao mar. Da pesquisa para a exploração, cerca de 35 pessoas trabalharam no projeto. A maioria de forma voluntária. Foram 18 expedições até encontrarmos o submarino, a 85 quilômetros da costa de Santa Catarina e a 135 metros de profundidade. Depois de todos esses anos, o sentimento ao ver o submarino em nosso sonar foi indescritível. Agora, a descoberta vai virar um documentário, chamado de U-513, Lobo Solitário, registrado por meio de robôs subaquáticos.”

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Vilfredo para todos Convidamos alguns velejadores brasileiros para perguntar o que sempre quiseram ao capitão Schurmann Depois de iniciada a travessia, como identificar a hora de recuar?

O que de mais importante você aprendeu com a vela oceânica?

Marcela Rocha e Danilo Mesquita, que estão dando uma volta ao mundo

Karen Riecken, que morou a bordo durante alguns anos

“Se já não existe um bom relacionamento em terra entre o casal, será muito pior a bordo. Quando você sai para o mar é importante se preparar em terra antes. As mudanças de ventos e sua intensidade são normais. Vocês podem buscar uma rota mais tranquila com ventos favoráveis, mas sempre analisando a boa época, sem furacões, ciclones e tufões. Caso vocês não tiveram a experiência de navegar algumas milhas pela costa brasileira, onde costumamos praticar a convivência a bordo, vocês poderão ter um pouco de dificuldade. É normal. Mas, se vocês se lançaram ao mar já pensando na ideia de recuar, ainda não estão preparados.”

“A vela oceânica me deu serenidade para buscar soluções com rapidez e de saber trabalhar em equipe. Para conquistar isso, criei regras a bordo, como o de manter a disciplina e de ser sereno em momentos de extrema pressão. Caso algum tripulante fuja das regras, a primeira coisa que faço é ter uma conversa em particular com tranquilidade. Depois, uma conversa com todos. Para evitar esse constrangimento, porém, antecipadamente, na primeira entrevista destaco as regras a bordo. Quando o tripulante é aceito, ele recebe um livreto com os regulamentos. Sempre dá certo.”


O extremo sul do nosso continente é realmente tão especial assim? Bruno Garcia, velejador que já deu a volta ao mundo de veleiro “Muito. Foi um dos lugares mais espetaculares que conheci em todos esses anos. Visitei fiordes inóspitos, sem uma alma viva sequer. A paisagem é exuberante. Depois de velejar ao lado de montanhas altíssimas e cobertas por neve é que a gente sente o quanto somos pequenos na imensidão deste planeta.”

É possível voltar por prazer depois de ter chegado à fama? Hélio Magalhães, com mais de 200 mil milhas navegadas

Qual a maior dificuldade em uma travessia longa? Ricardo Lobato, professor de vela “Os dois primeiros dias da partida são tensos e de pouca conversa. Os tripulantes sentem a falta da terra firme e das pessoas queridas deixadas para trás. No entanto, sabem que logo virão momentos únicos e pessoas incríveis. O segundo momento crítico é a convivência a bordo. Muito mais do que uma tempestade. Mas a receita é simples: muito amor, muita paciência e bom humor.”

A educação a bordo pode dificultar a inserção da criança na escola? Ricardo Amatucci, professor e velejador de cruzeiro “Infelizmente, ainda existe uma certa resistência do governo brasileiro em aceitar que crianças aprendam através da educação a dis-

tância. Acredito ser uma questão de tempo para que as autoridades brasileiras da educação entendam que o mundo mudou. Lá fora, por exemplo, as crianças podem e são aceitas nas escolas depois de estudarem a bordo em suas viagens de veleiro, como aconteceu com meus filhos, que cursaram universidades no exterior.”

Qual a maior lição após a primeira travessia? Sergio Amaro, que passou dois anos morando a bordo com dois filhos “Aprendi o verdadeiro sentimento de ser e não somente o de ter. A cada lugar que aportávamos era um aprendizado diferente, com coisas simples da vida que no nosso dia a dia ignora. Aprendi que o mais importante da vida é construir os momentos e que temos que aproveitá-los ao máximo, pois jamais iremos viver da mesma forma.”

“Quando voltei ao Brasil, depois da primeira volta ao mundo, comentei com um amigo velejador que havia acabado de passar os melhores momentos da minha vida ao lado da minha família. O que acontecesse dali para frente seria lucro. Depois disso, realizamos a segunda volta ao mundo com uma equipe de pessoas fantásticas. Velejar é uma paixão eterna e não depende de onde chegamos, pode ser de Optimist ou com um veleiro de 80 pés. O amor pela vela é imutável.”

Qual o legado que a família Schurmann quer deixar para os amigos e fãs? Beto Pandiani, que já enfrentou os mais temidos mares do mundo “Queremos que todos acreditem que é possível realizar o sonho de velejar pelo mundo. Está ao alcance de todos, velejadores ou não. No caminho haverá muitas tempestades, mas, com perseverança e muita força de vontade, se chega à meta como uma vitória.”

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SEA RAY 370 VENTURE

Quem vê não diz

A 370 Venture é uma Sea Ray diferente na popa: ela tem o conforto dos barcos com motor de centro-rabeta, mas é equipada com — preste atenção — dois motores de popa de 300 hp cada, que ficam escondidos Por Daniel Ambrósio, em Miami (EUA)

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grande dúvida que quase todo mundo tem na hora de escolher uma lancha é uma só: com motor de popa ou de centro-rabeta? A resposta, porém, não depende apenas da frequência com que você pretende usá-la ou o tamanho que o barco deve ter para atender às suas necessidades. Vai muito além. Mas, e se você puder comprar uma lancha que une as principais vantagens desses dois tipos de motorização? Agora é possível. Olhando assim, por fora e sem muita atenção, a Sea Ray 370 Venture, do grupo americano Brunswick, parece ser apenas

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mais uma lancha com bom espaço no cockpit e acabamento de primeira, como é de costume da marca. Mas, basta entrar a bordo para encontrar uma surpresa. Esta 37 pés cabinada é uma lancha híbrida, que traz uma originalíssima mistura: o espaço no cockpit e o conforto da plataforma de popa das lanchas com motor de centro-rabeta, com a praticidade dos barcos com motores de popa. São dois de 300 hp cada, “escondidos” debaixo de bem boladas caixas de fibra de vidro e acústicas, que funcionam como “porta” de acesso. O resultado na prática? Fantástico.


SURPRESA

Os dois motores de popa, de 300 hp cada, ficam camuflados sob os bancos de popa e fechados com “tampas” acústicas de fibra. Com este recurso, a Sea Ray 370 Venture ganhou mais espaço para o lazer e mais silêncio a bordo, porque quase não se ouve o motor funcionando

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SEA RAY 370 VENTURRE

Uma das características mais notáveis da aplicação do recurso do motor de popa “escondido” é o nível de ruído a bordo. Mesmo em velocidade de cruzeiro, é possível manter uma conversa no cockpit da 370 Venture sem elevar o tom de voz — o que é raro em lanchas deste porte, por causa da potência dos motores. Mais interessante ainda é que, perfeitamente possível ouvir o som da água batendo no casco. E como os motores ficam dentro do casco, assim como os de centro-rabeta, o silêncio na cabine (que tem uma casa de casal à meia-nau e um sofá na proa, que se transforma em mais uma cama para duas pessoas) é ainda mais gostoso. O aproveitamento de espaço do cockpit é outro

Os números da navegação ROTAÇÃO 3000 rpm CONSUMO 48 litros/h VELOCIDADE 9 nós

4000 rpm

5000 rpm

6000 rpm

102 litros/h

131 litros/h

227 litros/h

10 nós

27 nós

34 nós

VELOCIDADE MÁXIMA Rotação: 6130 rpm Consumo: 229 litros/h Velocidade: 36 nós Tempo: 35 segundos Tempo do planeio: 16 segundos a 17 nós Motorização: dois motores de popa Mercury Verado, de 300 hp cada. A bordo: 6 pessoas.

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destaque. As passagens laterais (passadiços) para se chegar à proa foram substituídas por uma interessante escada que, ao contrário do convencional, não fica na porta de acesso à cabine, mas sim em frente ao banco do co-piloto. Com isso, tanto a largura da cabine quanto do cockpit ficaram surpreendentemente grande, com capacidade para até uma dúzia de pessoas confortavelmente nos passeios durante o dia. A Sea Ray 370 Venture ainda não está nos planos da fábrica catarinense do grupo Brunswick de ser construída no Brasil. Por enquanto, os interessados devem importá-la. O preço? Cerca de US$ 420 mil, com dois motores de popa Mercury Verado, de 300 hp cada.


FOTOS PEDRO AMBRÓSIO E DIVULGAÇÃO

O aproveitamento do espaço a bordo da Sea Ray impressiona. Com a ausência dos passadiços, tanto o cockpit quanto a largura da cabine ficaram extremamente grandes

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SEA RAY 370 VENTURRE

As vantagens quando se

“esconde” o motor de popa

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Ao eliminar a rabeta tradicional, que fica mais à meia-nau do que os motores de popa, instalados bem na popa, tanto o cockpit quanto a própria cabine ganham mais espaço.

Com o recurso de camuflar o motor de popa, ganhou-se um cockpit maior e uma plataforma de popa de verdade. Mas o maior benefício mesmo é o silêncio da navegação

Sem precisar abrir as caixas, os motores de popa podem ser levantados completamente para fora da água, evitando problemas de incrustações e corrosão. Os motores de popa já tem uma carcaça em volta do motor, que abafa o barulho. E com a criação das caixas que escondem o motor debaixo do casco, o barco ficou extremamente mais silencioso. Ganha-se uma área de convivência na popa maior, com plataforma estendida, sofás e solários, que seriam impossíveis sem as caixas sobre os motores de popa. Os motores de popa são mais leves do que os de centro-rabeta da mesma potência. No caso da Sea Ray 370 Venture, a redução foi de cerca 280 kg. O acesso aos motores, para serem feitas as tarefas de manutenção, torna-se muito mais prático e rápido.

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SEA RAY 370 VENTURE COMPRIMENTO 11,33 m BOCA 3,43 m PESO 7 000 kg COMBUSTÍVEL 840 l ÁGUA 117 l ESGOTO 106 l QUEM FABRICA Sea Ray

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O TRISTE FIM DO

MAR

SEM FIM Um ano após o dramático naufrágio, o navegador João Lara Mesquita volta ao ponto do acidente, na Antártica, resgata seu trawler de 76 pés e dá fim ao drama vivido no continente gelado Por Gilberto Ungaretti

N

a manhã do dia 31 de janeiro, os antigos tripulantes do trawler Mar Sem Fim reuniram-se na Antártica para uma cerimônia quase religiosa: a remoção do fundo do mar do barco de 76 pés, que afundou de forma dramática nove meses antes, na Baía de Fildes, esmagado por placas de gelo. “É maravilhoso ver flutuar novamente este barco que tanto prazer me deu na vida”, comentou o seu capitão — o jornalista João Lara Mesquita —, comovido com a imagem do casco notavelmente preservado, pelas condições do ambiente (as águas eternamente geladas da Antártica) propícias à conservação, sem plantas ou incrustrações. Para o resgate do barco, numa jornada que se estendeu por 25 horas, mergulhadores da Nautilus — empresa especializada nesse tipo operação — passaram fitas sob o casco e as amarram a boias. Infladas, essas boias fizeram o “Marzão” (como o trawler era chamado carinhosamente por seus tripulantes) voltar a

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flutuar. Durante os dias seguintes, enquanto acompanhava o reboque do Mar Sem Fim para Punta Arenas, no extremo sul do Chile, onde teve um “funeral” inusitado (o trawler foi vendido a quilo, pela cotação do alumínio, para um desmanche chileno), João Lara recordava o drama vivido exatamente nove meses antes.

UM GIRO PELA ANTÁRTICA Quando embarcou em seu trawler de 76 pés — avaliado em US$ 700 mil — rumo à Antártica para a produção de uma série de documentários (que seriam exibidos na TV) revelando as primeiras consequências do aquecimento global na península gelada, o jornalista, fotógrafo, músico, velejador, capitão amador e explorador, de 56 anos, não poderia imaginar o calvário que iria viver dias depois, ao lado de sua tripulação — o experiente skipper Pedro (o Pedrão) Camargo (que deu lugar a Plínio Romeiro Jr. às vésperas do dia fatídico) e os marinheiros Alonso Goes e Manuel de Souza.


“O NAVIO ESTÁ MORTO!” “Foi assim que marinheiros brasileiros se referiram ao Mar Sem Fim, quando entraram em seu interior. Perdemos o barco, mas, felizmente, não houve qualquer impacto ambiental ao ponto do naufrágio”, declarou João Lara Mesquita, logo após o resgate

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MAR SEM FIM

O RESGATE A jornada se estendeu por 25 horas. Mergulhadores especializados passaram fitas sob o casco e amarraram boias no trawler Mar Sem Fim

O Mar Sem Fim partiu do Iate Clube Afasyn, em Ushuaia, no dia 7 de março, após a previsão anunciar uma “janela de tempo” para atravessar estreito de Drake. Com a ajuda de especialistas e a experiência de cerca de 60 mil milhas navegadas, João Lara tinha os riscos do percurso relativamente calculados. Mas, como definiu o escritor Ernest Hemingway em uma de suas “cartas” para a revista Esquire, escritas entre 1933 e 1936, chamada On the Blue Water (Na Água Azul), as grandes correntes do oceano formam o último país selvagem. “Assim que você perde de vista a terra e os outros barcos, você fica ainda mais sozinho do que numa caçada, e o mar é o mesmo que tem sido desde os tempos em que os homens não navegavam”, comparou o autor de O Velho e o Mar. Quer dizer, uma coisa é controlar o barco e os instrumentos de navegação, outra é enfrentar as surpresas do mar. Por sua vez, nas embarcações, os motores, hélices, lemes, quilha e bombas tremem de medo quando a hora de enfrentar o mar grosso se aproxima, apesar da parafernália tecnológica de última geração. Porque, mesmo com todos os recursos tecnológicos existentes hoje, o imponderável está lá, à espreita, pronto para surpreender. E surpreendeu o Mar Sem Fim...

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BARULHO ESTRANHO Depois de enfrentar locais como o Canal de Beagle e o Cabo Horn, e de cruzar complicado Estreito de Drake, a tripulação do Mar Sem Fim ouviu um barulho estranho vindo dos eixos do barco. “Pensamos na possibilidade de a hélice ter enroscado em alguma linha de pesca, ou cabo. Para conseguir ver o sistema de eixos e hélices era preciso mergulhar ou usar algum truque. Decidimos filmar com o telefone à prova d’água do Pedrão. Amarramos o aparelho num remo, mergulhamos na direção do leme e filmamos.” O resultado? Nada de cabos enrolados. Era a bucha do pé de galinha do eixo direito que havia desembuchado. “Encrenca brava”, definiu o capitão do barco. Com várias ferramentas diferentes, os tripulantes do Mar Sem Fim tentavam empurrar a bucha novamente para o lugar correto. Nada feito. Seria preciso ajuda externa, ajuda encontrada na base argentina de Carlini, em Rei George, um percurso de 60 milhas, a não mais que 5 nós de velocidade. Chegando lá, os passageiros do Mar Sem Fim, junto com o skipper Pedrão, desembarcaram e voltaram para casa de avião. No sentido contrário, trazendo as peças para o reparo do


Causa nobre Fiscal da natureza, há tempos João Lara Mesquita navega para mostrar as belezas e os problemas que o homem vem causando

barco, vinha o Plínio Romeiro Jr, amigo de longa data de João Lara e um profundo conhecedor da arte da marinharia. Depois de remover o hélice e tirar a bucha estragada, mergulhadores argentinos conseguiram colocar a bucha nova. Os trabalhos foram encerrados com sucesso às 16h30 do dia 29 de março de 2012. O capitão do Mar Sem Fim, então, pediu à Commanders Weather uma previsão de tempo para atravessar o Drake de volta à América do Sul, em segurança. Afinal, o barco enfrentará frio intenso, mares bravios e muito gelo pela proa. A empresa responde que, naquela semana, a possibilidade era pequena. A única chance, ainda não confirmada, seria no dia 6 de abril, anda assim com ondas na casa dos 3 para 4 metros, talvez um pouco mais.

FOTOS JOÃO LARA MESQUITA/DIVULGAÇÃO

A FÚRIA DOS VENTOS A ilha Rei George faz parte do arquipélago das Shetland do Sul, formado por meia dúzia de ilhas. Ela é a maior de todas. O arquipélago é banhado em seu lado norte pelo Estreito de Drake. Do lado sul, separando a Antártica, há outro braço de mar, o Estreito de Bransfield. Cerca de 120 quilômetros separavam o Mar Sem Fim da Península Antártica. Em outras palavras, o trawler estava em pleno Drake, o que explica a fúria dos ventos na região. Dia 2 de abril. Com previsão de vento muito forte, de leste, com rajadas de 60 nós, João Lara decide deixar a baía Potter e seguir para Fields bay, a nove milhas de distância, onde fica a base chilena Frei. O problema de Potter é que a baía é cercada de geleiras. Pedaços enormes se desprendem e ficam à deriva, ameaçando o Mar Sem Fim, que está fundeado bem no meio dela. “Como a previsão indica ventos muito fortes para os próximos dias, resolvemos mudar para Frei, onde ao menos não temos gelo solto nos ameaçando”, explica o capitão.

Desde 2003, quando deixou a direção da então Rádio Eldorado (atual Estadão) – empresa do grupo Estado, que pertence à sua família –, o jornalista João Lara Mesquita dedica-se a produzir documentários. A bordo do veleiro Morgan, de 46 pés, batizado de Mar Sem Fim, durante dois anos (entre 2005 e 2007), ele navegou pela costa brasileira, em busca dos problemas ambientais do nosso litoral. Foram percorridos quase 10 mil quilômetros, do Oiapoque ao Chuí, passando pelos rios da Amazônia. A expedição deu origem ao programa Mar Sem Fim, exibido pela TV Cultura, e aos dois volumes do livro O Brasil Visto Pelo Mar Sem Fim. Em outubro de 2009, o jornalista e equipe partiram para uma segunda expedição, dessa vez à Antártida, com o objetivo de pesquisar o impacto do aquecimento global sobre a península gelada. Para isso, escolheu um trawler de 76 pés, também batizado de Mar Sem Fim. A jornada acabou se transformando em uma nova série televisiva, exibida na TV pela Band. A recente viagem, em que perdeu seu barco, foi a segunda expedição de João Lara à Antártica. O objetivo era o mesmo da anterior: mostrar a beleza da natureza e os problemas que o homem vem causando nela, como, no caso do continente gelado e branco, o aquecimento global. “Eu já ficaria contente se os documentários deixassem uma sementinha que ajude a conscientizar as pessoas sobre a importância da Antártica”, justificou.

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MAR SEM FIM

O que afundou o Mar Sem Fim? O Mar Sem Fim foi vítima de um fenômeno meteorológico chamado “jato frio inercial”, que potencializa as três piores condições da Antártica. O frio, que já é absurdo, desce ainda mais. O vento, que já é forte, vira vendaval, soprando blocos de gelo para a baía. O acúmulo de gelo acabou provocando uma fissura no casco, e o trawler, de 76 pés, começou a fazer água e afundou.

João Lara Mesquita teve de esperar o verão da Antártica, e o consequente derretimento do gelo, para iniciar a operação de resgate dos “restos mortais”do casco do Mar Sem Fim

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Não há palavras para descrever o que senti depois de ver o Mar Sem Fim flutuando outra vez. Fiquei arrasado. Mas feliz por descobrir que não houve impacto ambiental” JOÃO LARA MESQUITA

4 de abril de 2012. Amanhece na baía Fildes, ilha Rei George. A temperatura é de menos 6°C, o vento de Sudeste, na casa dos 30 nós, com rajadas de até 40 nós. O Mar Sem Fim se desgarra. Motores ligados, Plínio tenta fazer o ferro grudar no fundo do mar. Em vão. Entra uma rajada mais forte, com 56 nós. O barco desloca-se a favor do vento em direção à praia, enquanto a nevasca deixa tudo branco, impedindo uma visão apurada. Visibilidade zero. O capitão do Mar Sem Fim descreve o clima a bordo: “Tensão, frio na barriga, sensação de pequenez diante da poderosa força dos elementos que nos cercam: frio glacial, ventania, ondas desencontradas, barulhos estranhos e incomuns”. Enquanto isso, chega mais uma previsão de tempo: “Ventos com força de mais de 50 nós são esperados para esta noite. Mas amanhã é que a coisa fica mais preta: furacão à vista, com ventos de 80 nós e ondas de 10 metros de altura ao norte da ilha Rei George”. Os termos usados pelos meteorologistas americanos, normalmente frios, eram absolutamente alarmantes.

ABANDONAR O BARCO Com o ponteiro da sua bússola apontado para a preservação física de sua tripulação, o capitão decide abandonar o barco rumo à base chilena Presidente Eduardo Frei Montalva. “Decididamente seria estupidez sair para o mar com essa situação”, pondera João Lara. Antes, era preciso fundear o trawler a sotovento de uma ilhota na baía, com os dois ferros de 95 kg cada um. Manobra perfeita, com Plínio Romeiro ao leme. Em seguida, o capitão fechou o barco, desligou os aparelhos e embarcou no enorme bote de borracha, com dois motores de 60 cavalos cada. Com o qual o pessoal da base chilena fez o resgate. “Foi uma epopeia. Ondas de mais de um metro e meio

e vento com mais de 40 nós faziam com que o bote saltasse para um lado e outro, como um cavalo xucro num rodeio”, lembra João Lara. Já no conforto do alojamento da base Fildes, a tripulação do Mar Sem Fim não viu o barco ser submetido à violência das ondas e do vento, que atingiu 75 nós de pico — cerca de 140 quilômetros por hora. Pela manhã, quando João Lara chegou na baía onde o “Marzão” estava fundeado, a baía estava cercada por blocos de gelo trazidos pelo furacão da noite passada, com o barco preso entre eles. 7 de abril de 2012. Exatamente um mês depois de levantar ferros em Ushuaia, o Mar Sem Fim afundou, esmagado pelos blocos de gelo. Preocupado com os sinais de vazamento de parte dos 8.000 litros de óleo diesel do Mar Sem Fim no fundo da Baía de Fildes, contribuindo para a poluição local, João Lara teve de esperar o verão da Antártida, e o consequente derretimento do gelo, para iniciar a operação de resgate do casco. Pelo Protocolo de Madri, tratado internacional para a exploração da Antártica, é responsabilidade de cada país a remoção de detritos deixados na região. Como a embarcação tinha bandeira brasileira, a remoção ficaria a cargo da Marinha, caso o proprietário não limpasse a área. Apaixonado pelo mar, e um obstinado defensor da Antártica (e do meio ambiente), João Lara não iria pagar um mico desses.

COMO ELE ERA Assim era o Mar Sem Fim antes naufragar na Antártica e ser vendido como sucata. Todo o casco, de alumínio, será reciclado e revendido em pedaços no Chile

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FOTOS FERNANDO MONTEIRO/DIVULGAÇÃO

USO MISTO A Ski Nautique 200 é perfeita para esquiadores amadores ou profissionais. E vai muito bem também apenas nos passeios simples com a família


A rainha do

ESQUI

A americana Ski Nautique 200, de 22 pés, faz parte de um minúsculo grupo de lanchas puro-sangue de esqui-aquático. Desde seu lançamento, há três anos, este modelo já quebrou nada menos que uma dúzia de recordes mundiais da modalidade. A Boat Shopping foi descobrir os motivos que a fazem um sucesso nas águas Por Antonio Alonso, em Americana (SP)

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os fins de semana, os tucunarés são as grandes estrelas da represa de Salto Grande, em Americana. Mas, no resto da semana, o expediente é pesado para alguns dos melhores esquiadores do país, que usam como campo de treino este espelho d’água tranquilo (esta é uma condição indispensável, gostar de navegar em águas abrigadas, como as de represas e lagoas, pois as lanchas desse tipo têm uso restrito a elas),

praticamente ao lado da Rodovia Anhanguera, a apenas 125 km de São Paulo. Foi lá que a revista Boat Shopping embarcou numa Ski Nautique 200 proa fechada, a lancha que quebrou 12 recordes mundiais desde que foi lançada, em 2010. Quem já desliza na água há tempos e busca se aperfeiçoar no esporte, com certeza vai se divertir ainda mais na água depois de conhecer esta bonita lancha, apresentada nas páginas seguintes.

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SKI NAUTIQUE 200 MAROLA PERFEITA O casco da Nautique 200 foi criado para provocar o menor distúrbio na esteira que o esquiador irá cruzar

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Na era do wake, lanchas exclusivas de esqui, desenhadas para altíssimo rendimento, são relativamente raras não só no Brasil, mas até mesmo lá fora. A própria Nautique, primeiro estaleiro a fazer uma lancha exclusiva para esqui, captou cedo o sucesso que seria o wake e há mais de 15 anos tem uma linha própria para wakeboarders, a Super Air e outra multipropósito, a Sport. Nas duas linhas esportivas, o estaleiro apostou mais na qualidade do que em preço. Nos EUA, país onde é fabricada, a Nautique venceu o prêmio de satisfação do consumidor da associação americana dos fabricantes de barcos (NMMA) por seis anos seguidos, de 2007 a 2012, competindo contra todas as lanchas de esqui e de wake. Vale ressaltar que wake e esqui são esportes diferentes, que exigem lanchas diferentes. A diferença mais radical entre a Ski Nautique 200 e uma lancha de wake é o tamanho da marola que a lancha faz ao se deslocar. “Você praticamente nem sente, mesmo em alta ve-

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locidade, isso dá muito mais estabilidade ao esquiador”, conta Rafael Negrão. Aos 57 anos, ele coleciona uma dezena de títulos nacionais e outros tantos continentais, incluindo um título pan-americano. Ele mantém a rotina de treinos na represa em Americana e não abandonou as competições, já tendo figurado entre os seis melhores do mundo em sua categoria. Além de Rafael, quem nos acompanhou nessa avaliação foi sua filha, Juliana, oito vezes campeã brasileira de esqui e que representou o Brasil nos dois últimos Jogos Pan-Americanos e que, nos últimos anos, assumiu a representação da marca Nautique no Brasil. Para atingir essa marola mínima, a Nautique fez uma série de modificações no casco. O Optimal Surface Control, usado na 200, é cheio de modificações geométricas criadas para provocar o menor distúrbio na esteira que o esquiador irá cruzar. Ao contrário do que acontece com o wake, o desafio para lanchas de esqui é exatamente não produzir marola nas provas de


slalom. Nessa modalidade, o esquiador precisa contornar seis boias de uma pista enquanto é rebocado a cerca de 30 nós. Qualquer instabilidade provocada pela esteira do barco interfere negativamente no resultado. Se o objetivo fosse só não produzir marola, o desafio já seria complicado o suficiente para os engenheiros. No entanto, fica mais difícil. O slalom não é a única prova do esqui. Na modalidade de truques, que lembra um pouco o wake, o atleta usa um esqui mais largo chamado “banana”, que é uma prancha única, e apresenta sua série de manobras, que incluem saltos. Para realizar esses saltos, o esquiador precisa de uma marola mais alta e em forma de rampa, parecida com a das lanchas de wake. A Nautique resolveu esse dilema com o Hydro-Gate, sistema de flaps, que são acionados facilmente por uma alavanca. Com os flaps baixados, a popa afunda mais na água e a esteira muda completamente, possibilitando os saltos.

Ao contrário das lanchas de wake, o desafio dos barcos de esqui é fazer o mínimo de marola possível. E a Ski Nautique 200 faz isso com maestria São tantos detalhes, que fica claro que a lancha foi construída mesmo para bater recordes. Mesmo as menores questões são abordadas. A combinação de uma boca larga e o casco é capaz de criar não só uma marola mínima, mas também uma entrada suave para o esquiador. O sistema Zero Off, por exemplo, mantém a velocidade precisamente igual durante toda a passagem do esquiador pela pista. Essa tração consistente e precisa foi elogiada pelo próprio recordista mundial, Chris Parrish, que quebrou a marca rebocado por uma Nautique 200 proa fechada, como a que navegamos em Americana.

O pai do esqui Aos 76 anos (62 deles em prol do esqui), Paulo Weigand é considerado o pai do esqui aquático no Brasil, e seu campo de treinamento cativo fica na represa de Salto Grande. “Há 10 anos, não tenho mais competidor da minha idade nem aqui nem nos campeonatos internacionais.” Weigand tem uma lancha nacional, cujo casco é uma cópia de uma Nautique 1994. Não poupa elogios à Nautique 200. “Minha lancha eu comparo com um carro clássico, mas essa aí é um Cadillac, um sonho de consumo para qualquer esquiador. Um dia eu chego lá”, brinca.

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SKI NAUTIQUE 200 POSTO DE COMANDO Os controles de velocidade ficam à direita, o que facilita tanto a visão à frente do piloto quanto a aferição dos relógios

O barco não foi feito pensando apenas no esquiador. A caixa do motor, posicionada no centro do barco para melhor distribuição de peso, também foi reprojetada para proporcionar um pouco mais de conforto aos passageiros. A posição de pilotagem é um dos pontos altos. Praticamente todos os controles foram colocados à direita, o que tirou os obstáculos do campo de visão do piloto.

Entre os modernos recursos, há um que personaliza o comportamento e a reação do barco nos momentos de maior tração no cabo de acordo com a preferência do esquiador

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A tela grande e colorida do painel, que também ficou à direita, é o centro de controle do barco. Ela mostra o diagnóstico do motor (um PMC, de 343 hp), cartografia por GPS, os controles do som e até filmes. Também ficam à direita, além da alavanca de aceleração, o controle do Hydro-Gate e um seletor que personaliza o comportamento e a reação do barco nos momentos de maior tração no cabo de acordo com a preferência do esquiador. No lado oposto ao do piloto, o banco voltado para trás é o melhor posto de observação para acompanhar o esquiador. Esta lancha tem espaço para sete pessoas, mas quando há gente na água, o banco da popa perde a utilidade, já que a corda do esquiador passa muito baixa naquela região. Por isso mesmo, o banco é removível e pode ficar em terra nos dias de treino, aumentando o espaço livre no convés.


O espaço em paióis é bastante generoso, como convém a uma lancha que necessita levar equipamentos de diferentes modalidades de esqui e diferentes esquiadores. Abaixo do banco de passageiros na proa fica o paiol maior, mas com o inconveniente de desalojar os passageiros toda hora que alguém guarda ou tira algo dali. Nas laterais, a Ski Nautique 200 proa fechada tem mais dois paióis grandes, que comportam até três pares de esquis e acessórios. Ainda como recurso para ter uma maro-

la minúscula, a lancha é leve. Com menos de 1.300 kg, ela é quase 200 quilos mais enxuta que a Nautique Sport 200 – modelo de lazer da Nautique, que pode ser usado para wake e esqui. Já a menor lancha exclusiva para wake do estaleiro, a Super Air 210, é quase 300 quilos mais pesada que a lancha de esqui. A Nautique 200 proa fechada aceita ainda uma targa como acessório. Além do modelo que navegamos, com proa fechada, a Nautique produz também uma versão com proa aberta para

AS PRINCIPAIS MODALIDADES DO ESQUI Slalom

Numa prova de slalom, o esquiador precisa contornar seis boias montadas em uma pista de 260 metros. O atleta começa com uma corda de 18 metros de comprimento, que é encurtada cada vez que uma pista é completada com sucesso. O atual recorde mundial é de 2@9,75, o que significa que o atleta contornou duas boias com uma corda de apenas 9,75 metros. O recordista Chris Parrish alcançou a marca rebocado por uma Ski Nautique 200, a uma velocidade de 58 km/h (36 milhas por hora).

Truques

Essa modalidade é um pouco mais parecida com o wakeboard. O atleta usa um esqui mais largo e ovalado e apresenta sua série, que é avaliada por juízes, como na ginástica olímpica. Entre as manobras, estão saltos e giros que seriam impossíveis de realizar com a marola mínima produzida nas provas de slalom. Por isso, é necessário que a lancha seja capaz de criar uma marola alta, que por sua vez é incompatível com o slalom. A Nautique resolveu esse problema com flaps acionados por uma alavanca, o Hydro-Gate.

Salto

Muito exigente fisicamente, é a modalidade menos praticada no Brasil. Muito semelhante aos saltos em rampa do esqui na neve, o objetivo é pousar o mais longe possível da rampa. Esquiadores profissionais chegam a saltar numa velocidade de mais de 110 km/h e voam 76 metros antes de tocar a água. Os esquis são mais compridos que os de slalom e a rampa pode medir até 1,80 metro. Nas provas internacionais, a pontuação nesses três eventos é somada para definir o campeão absoluto.

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SKI NAUTIQUE 200

esqui, duas de lazer e quatro de wake, cuja linha nova venceu recentemente o prêmio de inovação nos EUA pela NMMA. Toda essa tecnologia tem um preço. No Brasil, ela fica em torno de US$ 130 a 150 mil, dependendo do motor e dos acessórios escolhidos. O preço, muito superior ao das opções nacionais Esquimar e MasterBoat (muito por conta do custo do motor – sem falar nos acessórios obrigatórios para o esporte), faz da Ski Nautique 200 uma lancha voltada para o esquiador – profissional ou amador – focado em ir atrás de seu melhor resultado, seja na disputa em família, no clube ou nos campeonatos internacionais. E é isso que a lancha entrega.

OS NÚMEROS DA SKI NAUTIQUE 200 COMPRIMENTO 6,65 m (22 pés) BOCA 2,41 m CALADO 0,56 m PESO COM MOTOR 1.293 kg TANQUE DE COMBUSTÍVEL 102,2 l PASSAGEIROS 7 (658 kg) MOTOR PMC V8, de 343 a 450 hp

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A Ski Nautique 200 vai muito bem também nos simples passeios com a família, porque o espaço a bordo é uma boa característica deste tipo de lancha de uso misto


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A CONQUISTA DA

PASSAGEM NOROESTE A bordo de um centenário veleiro alemão, o argentino Néstor Völker, projetista de vários veleiros de sucesso no Brasil, fez parte da tripulação que atravessou o labirinto de ilhas de gelo da temida Passagem Noroeste, ao norte do Canadá, apenas com a força dos ventos Por Néstor Völker

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VELEJANDO NO GELO A bordo do Nordwind, de 84,4 pés, o velejador Néstor Völker (à esquerda) enfrentou a temida rota pelo norte da América, entre as ilhas do Canadá e o Polo Norte, batizada de Passagem Noroeste

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TRAVESSIA DO ÁRTICO PEÇA DE MUSEU restos do navio Maud que pertenceu ao famoso explorador norueguês Roald Amundsen, primeiro a navegar pela Passagem Noroeste

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nome dos acidentes geográficos no labirinto de ilhas que formam o norte do território canadense, 800 quilômetros acima do Círculo Polar Ártico, homenageia os muitos exploradores que ali estiveram em busca de uma rota marítima entre o Atlântico e o Pacífico, passando pela América do Norte. Baffin, Hudson, Parry, Fox, Davis e Bylot são figuras lendárias que arriscaram suas vidas atraídas pela promessa de fama e fortuna a quem abrisse a chamada Passagem Noroeste. Os primeiros velejadores que conseguiram navegar por essas águas gélidas e perigosas foram dois exploradores canadenses, o esportista Jeff MacInnis e o fotógrafo Mike Beedell, a bordo de um pequeno veleiro, no fim dos anos 1980. Mas foi o explorador norueguês Roald Amundsen, o mesmo que em 1911 conquistou o Polo Sul, o primeiro a atravessá-las, com um barco a motor.

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A Passagem Noroeste (ou, em inglês, “Northwest Passage”) é a rota pelo norte da América, entre as ilhas do Canadá e o Polo Norte. Pode-se fazer a travessia tanto na direção leste a oeste, como nós fizemos, quanto oeste a leste, que é o sentido em que correm os ventos. De qualquer forma, o único trecho que se abre no verão, e durante poucos dias, fica entre a Resolute Bay e a Cambridge Bay, que é justamente o trecho do qual participei com o proprietário do veleiro Nordwind, o alemão Hans Albrecht. O Nordwind, de 84,4 pés, foi construído no fim da década de 1930 para a marinha alemã como substituto de um campeão das raias daquele país. Logo na primeira regata que participou, a Fastnet, na Inglaterra, estabeleceu um novo recorde, que perdurou 24 anos. O veleiro também serviu por anos ao almirante Karl Dönitz, que sucedeu Hitler, após sua morte. Depois da guerra, o Nordwind foi confiscado e enviado à


Cruzar a Passagem Noroeste já é bem mais fácil hoje em dia. Existem cartas de gelo que avisam, via satélite, se podemos ir adiante ou se temos que aguardar até que a barreira se abra

Inglaterra, comprado por um apaixonado por regatas. Pouco tempo atrás, antes de desbravar a Passagem Noroeste, o Nordwind navegou pelo Cabo Horn, Estreito de Magalhães, Canal Beagle e costa sul do Chile. A bordo, formávamos um grupo de dez pessoas: três argentinos, dois alemães, dois espanhóis, dois ingleses e um norte-americano. Esse trecho é cada vez mais frequentado por veleiros de cruzeiro a cada ano, mas ainda são poucos os que se aventuram por lá. O curioso é que, normalmente, todos cruzam quase juntos, em flotilha, uma vez que são poucos os dias em que a passagem está aberta pelo gelo. Na história da região, há um fato triste: em 1845, o navegador inglês John Franklin se perdeu ao largo da Ilha Rei Guilherme com seus dois navios e 129 homens. As várias expedições para resgatá-los não encontraram nenhum vestígio do naufrágio, mas serviram

para mapear melhor o caminho entre as ilhas geladas. O sonho dos navegadores dos países do Atlântico Norte sempre foi abrir a Passagem Noroeste para o tráfego marítimo comercial, o que diminuiria, por exemplo, a distância entre Londres e Tóquio, de 23 mil quilômetros (via Cabo da Boa Esperança, contornando a África) para apenas 12 mil. Contudo, o frio, a ameaça de gigantescos icebergs e as violentas tempestades de neve nunca fizeram a rota muito popular entre as companhias de navegação. Atualmente, passar por ali já é bem mais fácil. Existem cartas de gelo que podem ser recebidas diariamente via satélite. Com elas, sabemos se podemos ir adiante ou se temos que aguardar e nos refugiar em alguma baía protegida até que a barreira de gelo se abra. Mas nós tínhamos uma câmera instalada à cruzeta que, por frequência de ondas, marcava muito bem os blocos de gelo, especial-

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TRAVESSIA DO ÁRTICO

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O gelo parecia um gigantesco caleidoscópio, cujas peças se mexiam sem cessar até se juntarem de um momento para outro, formando uma massa compacta

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mente à noite e com neve. Sabíamos dos riscos que nos aguardavam quando iniciamos a viagem e nos preparamos muito bem. Em toda a viagem, batemos apenas em dois blocos de gelo relativamente pequenos, sem qualquer dano ao casco. A navegação nessa região é bem peculiar. Quando descemos de Resolute Bay para o sul, a bússola magnética indicava que navegávamos ao norte e isso se devia ao norte magnético, que estava ao nosso sul, ou seja, navegávamos entre ambos os polos norte. Como o piloto automático se dirige pela bússola magnética e, nessa zona, há enormes variações de declinação, o certo é timonear

manualmente com o GPS ou colocar o rumo magnético no piloto automático correspondente ao que lemos no GPS (que pode ser totalmente diferente) e ficar muito atento para corrigi-lo, uma vez que a declinação muda constantemente. Além disso, nessas latitudes, os meridianos estão tão próximos que, quando se navega de leste para oeste, se necessita corrigir o fuso horário frequentemente. Outro fenômeno é o Sol, que nunca sobe muito e nunca se põe, apenas descreve uma suave onda ao redor do horizonte. Se você espera encontrar muito gelo por essas bandas, vai perder viagem. Como a travessia da passagem deve ser feita durante o verão, justamente para fugir dos gelos flutuantes, os gelos da costa já derreteram. O que se vê são grandes superfícies de pedra e terra com barro. A vegetação é parca, assim como nas grandes alturas, em que não cresce praticamente nada. A menor temperatura que enfrentamos foi de 1 grau, mas com sensação térmica bem menor quando o vento soprava. Uma das paradas para esperar o caminho de gelo se abrir foi em Ballot Strait, uma das regiões mais lindas de todo o percurso. É um estreito com um grande paredão rochoso em que mora uma família de ursos polares. Do lado oposto, fica a Península de Boothia, uma larga extensão de terra considerada o ponto mais extremo do continente americano.

REFÚGIO Néstor Völker (à direita) no antigo refúgio da Hudson Bay Company, que dominou o comércio de pele na região século passado

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TRAVESSIA DO ÁRTICO

O ESTREITO DE BALLOT O veleiro Nordwind ancorado em frente aos paredões rochosos e coloridos

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Para chegar ao ponto de partida dessa viagem, voei para Ottawa, no Canadá; ali embarquei em um avião para Kaluk e, de lá, até Hall Beach, para, enfim, chegar a Resolute Bay, que abriga o aeroporto comercial mais perto do Polo Norte. Trata-se de um lugar inóspito, com um pequeno povoado com cerca de 800 pessoas no verão (e 400 no inverno, quando a noite dura 24 horas por dia). A partir de Resolute Bay, navegamos à vela com vento firme. Soprava de oeste (norte para a bússola magnética) por Peel Sound, entre as Ilhas Somerset e Prince of Wales. Aos poucos, o convés do veleiro foi se cobrindo de neve. No dia seguinte, cruzamos com um iceberg e decidimos arriar as velas para diminuir a velocidade. À noite, chegamos a False Strait, para pernoitar. No dia seguinte, como a carta de gelo nos informava que o caminho mais adiante estava

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fechado, decidimos conhecer de barco o leste de Ballot Strait, que separa a ilha Somerset da Península Boothia, norte do Canadá. Descemos em terra, sempre com um fuzil na mão para o imprevisto de encontrar com algum urso branco faminto. Voltamos a bordo, dormimos e, no dia seguinte, voltamos para Ballot Strait, desta vez com uma forte corrente contrária de oeste, de cerca de 5 nós. Na saída do estreito, muita atenção com o gelo, uma preocupação constante. Parecia um gigantesco caleidoscópio, cujas peças se mexiam sem cessar até se juntarem de um momento para outro, formando uma massa compacta. Apesar desse obstáculo portentoso, que teimava em atrapalhar o cronograma, seguimos pelo Franklin Strait bem devagar até chegar à Ilha Tasmânia. À noite, os ventos ultrapassaram os 50 nós! Perdemos uma âncora. Depois, o


Se você espera encontrar gelo em abundância, esqueça. Como a travessia é feita no verão, para fugir das placas flutuantes, o que se vê nas margens são grandes superfícies de terra e muitas pedras

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TRAVESSIA DO ÁRTICO

O caminho até Cambridge Bay é um dos mais difíceis da Passagem Noroeste. O possível encontro com um dos cerca de 50 mil icebergs que boiam pela região é assustador

eixo da hélice escapou do motor. Caos total. Por sorte, o vento nos afastou da costa. Largamos uma âncora reserva e ela, felizmente, agarrou rapidamente. Jogamos o bote na água e laçamos o veleiro em uma pedra. Os 2 dias seguintes foram de trabalho para recuperar o estrago feito pelo vento. Finalmente, partimos rumo à Cambridge Bay, saindo pelo Canal Shortland. Mais tarde, encontrei o Tranquilo, um veleiro holandês de estilo clássico, que eu já havia visto em Buenos Aires, cruzando pelo estreito em sentido contrário ao nosso. O caminho até Cambridge Bay é um dos mais difíceis da Passagem Noroeste. Durante a fase dos preparativos, estudamos o relato de navegadores que venceram a passagem, mas sabíamos que não se podiam prevenir 100% contra um encontro com alguns dos cerca de 50 mil icebergs que se calcula haver espalhados pela região. Mas isso não aconteceu. Conseguimos ultrapassar o trecho de triste memória, ao lado da Ilha Vitória, onde os navios do inglês Franklin naufragaram no passado. Na mesma baía, vimos um fenômeno intrigante: colinas que queimam permanentemente. Não se trata de diabólicas chamas eternas num lugar de eternas geleiras, mas da combustão, em contato com o oxigênio do ar, de um mineral existente na região, chamado jarosita. O trecho que eu pretendia fazer era de Resolute Bay até Tuk, próximo ao Alasca. Contudo, por causa do tempo que perdemos para esperar abrir o caminho, da lenta navegação quando estávamos cruzando com icebergs e do conserto do eixo do motor, atingimos a data

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de regresso antes do tempo, ou seja, das mil milhas que pretendíamos navegar, aproveitei pouco mais da metade. Onde outros barcos mais possantes fracassaram, o Nordwind avançou impávido. Seguiu rumo a oeste até as Ilhas Aleutas, onde pegou ventos fortes de norte que o ajudaram a ir rapidamente até Dutch Bay e, depois, alcançar o seu destino final. Quanto a mim, fiz outro voo de mais de 50 horas para voltar à Argentina, mas feliz da vida por ter conquistado parte da Passagem Noroeste.

PAISAGEM INSÓLITA Apesar dos riscos que a travessia oferece, cruzar a Passagem Noroeste proporciona momentos únicos, como o encontro com grandes ursos brancos



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O novo píer da Marina Astúrias, no Guarujá, mostrou a verdadeira vocação do Boat Xperience: a de oferecer a oportunidade dos visitantes agendarem avaliações dos barcos

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FOTOS LAKI PETINERIS

AVALIE VOCÊ MESMO


Boat Xperience 2013

VIU, GOSTOU, TESTOU Superando todas as expectativas, a 6ª edição do Boat Xperience, no Guarujá, agradou ao público, fez a alegria dos expositores e deixou claro porque um salão náutico, com testes-drive na água, é o melhor lugar para comprar um barco

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FOTOS LAKI PETINERIS

BOAT XPERIENCE

Alguns dos maiores nomes da indústria náutica nacional e internacional atracaram no Boat Xperience. Foram mais de 90 barcos expostos

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Boat Xperience surpreendeu outra vez. Um dos grandes destaques da 6ª edição do salão náutico do Guarujá, que aconteceu de 23 a 27 de janeiro, na ampla estrutura da Marina Astúrias, da Glória, no litoral de São Paulo — a capital de negócios náuticos do Brasil —, foi a enorme oferta de barcos na água. Sobre um enorme píer, alguns dos maiores nomes da indústria náutica nacional e internacional, como Schaefer Yachts, Cimitarra, Atlantis, Beneteau (agora também com lanchas a motor), Ferretti, Azimut, Numarine, Sessa Marine, Intermarine, Colunna, FS Yachts, Ventura, Solara, entre outros, atracaram seus principais barcos. A presença destas grandes marcas serviu para reforçar ainda mais a verdadeira vocação deste salão: o de oferecer, em todas as suas edições, a oportunidade dos visitantes agendarem teste-drive na água. Podendo comparar mais, você só tem a ganhar. E isso, é a melhor oportunidade para quem não tem um barco fazer um bom negócio — ou para quem só quer trocá-lo por um novo e maior. O salão náutico do Guarujá, promovido pelo Boat Brasil Media Group, mostrou um desfile de tipos de barcos: jets, lanchinhas de proa aberta e fechada, grandes cabinadas com ou sem flybridge, com hard top, trawlers, infláveis, jetboats e até iates. Foram muitos barcos diferentes (como a Atlantis 58 e a Sunseeker 63 Manhatam, nunca antes vista no Brasil!) à disposição para quem quisesse visitar, comparar ou apenas pergun-

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BOAT XPERIENCE

O Boat Xperience também reúne uma grande variedade de barcos usados, algo que nenhum outro evento náutico no Brasil oferece

Um pouco do melhor do salão

O Boat Xperience mostrou barcos de todos os tamanhos e gostos

FERRETTI 530: Tem flybridge espaçoso, acabamento de excelente qualidade e ótimo aproveitamento de espaço, com janelas panorâmicas na cabine. O charme é a cozinha que fica junto à praça de popa e serve também como uma espécie de barzinho.

SESSA MARINE F45: O principal destaque da F45

é mesmo a configuração e o tamanho do flybridge, que se estende até quase a popa (o que dá uma boa proteção para a praça de popa), com nada menos que 16,5 m² de área, para até dez pessoas, além do piloto.

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NUMARINE 78 HT: A Numarine 78 HT — projetada na

Itália, mas fabricada na Turquia, por um estaleiro que pertence a um grupo de Abu Dabhi —, é um barco de alto nível, com muita tecnologia e amplos espaços livres — quase metade do convés principal, por exemplo, é ocupada por sofás e solários.


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tar — uma chance e tanto para ajudar na decisão sobre qual barco comprar. E mostrou também uma grande variedade de barcos usados, algo que nenhum outro evento náutico no Brasil oferece. “Os barcos usados oferecem ótimo custo-benefício para quem quer entrar no mundo náutico. Além disso, é uma oportunidade para comprar lanchas que já foram grande sucesso no passado”, garante Reginaldo Leme, responsável pelos modelos usados da Tools & Toys. Outra grande vantagem do salão náutico Boat Xperience é que praticamente 100% dos modelos expostos estão à venda durante o evento. Se você gostar, pode comprar e, logo após o fim do salão, já leva seu barco completinho e bem mais rápido para curtir o verão. E com a possibilidade de já estar em uma das regiões mais bonitas do litoral do Brasil, o Guarujá. Melhor ainda é que estes barcos já vêm equipados com o que há de mais moder-

no disponível para eles: como equipamentos eletrônicos e decoração, como cama, mesa e banho. E você pode testar tudo na hora. Mais do que um lugar perfeito para buscava comprar um barco, o Boat Xperience também ofereceu um ambiente para passear em companhia da família. Nada mais interessante para quem pretende ingressar no mundo náutico do que levar em conta, além das suas preferências pessoais, a da sua mulher e dos seus filhos também. “Envolvê-los no processo de escolha do barco é o primeiro passo para fazê-lo gostar da novidade e querer compartilhá-la com você a bordo”, garante Guilherme Kodja, diretor de marketing do Grupo Beneteau Brasil. Quem não esteve no Boat Xperience, perdeu uma excelente oportunidade de fazer bons negócios. Mas terá outra chance. Em julho, a 7ª edição do salão náutico será ainda melhor e promete apresentar mais lançamentos e negócios ainda mais atrativos para os compradores.

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FOTOS LAKI PETINERIS

BOAT XPERIENCE AZIMUT 70: Em todos os ambientes internos da

TRITON 360: A maior joia do estaleiro paranaense Way

CIMITARRA 500 HT: Além de uma versão com

PORTOCERVO 44: Fabricada pelo estaleiro Rio Yachts

Azimut 70, importada pela First Yacht, contando as quatro suítes e o salão principal, chama a atenção a generosa luminosidade natural, consequência das grandes janelas que há no costado.

flybridge igualmente bem sucedida, a Cimitarra 500 HardTop, maior modelo fabricado pela Cimitarra, é uma lancha robusta no tamanho: tem quase 2,50 metros de altura na cabine e até três camarotes fechados.

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Brasil é a Triton 360, um projeto ousado, com design bem atual, que mistura linhas retas e arredondadas, mas sem exageros. Ela se destaca pela excelente cabine, com dois metros de altura.

e importada pela Cimitarra, esta hard top tem estilo bem moderno (especialmente na decoração, com muito espaço livre e pouco mobiliário a bordo), cockpit com jeito de varanda e cabine para ninguém botar defeito.


Lanchinhas de proa aberta, grandes cabinadas, trawlers, veleiros e até iates. Foram muitos barcos diferentes apresentados

MAESTRALE 300: A 30 pés da Cataldo Marine

tem cabine para dois casais dormirem a bordo e banheiro fechado. Por fora, além de uma espreguiçadeira generosa, tem uma plataforma de popa de 1,40 m de comprimento. Usa motor de centro-rabeta.

FOCKER I9: A Focker i9 tem o visual moderno. Ela

tem bom espaço no centro do casco para a circulação e acabamento mais esportivo. Na proa, também oferece o recurso de uma escadinha de acesso, tal qual na popa — boa para usar nas praias e margens de represas.

SUNSEEKER MANHATTAN 63: Pela primeira

vez no Brasil, o Manhattan 63 combina inovação, luxo e desempenho. Na sua nova versão, o casco aceita motorização IPS. Mas o grande destaque fica por conta da cabine, que oferece até quatro suítes de casal aos hóspedes.

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BOAT XPERIENCE

Quem foi ao Boat Xperience... Viu muito mais do que barcos Quem visitou o Boat Xperience se divertiu bastante e apreciou o que mais alguém pode querer, depois de um bom barco, como novos eletrônicos, motores e outros equipamentos.

Avaliou diferentes marcas

Com a chegada de marcas estrangeiras, o visitante do Boat Xperience ganhou uma grande oportunidade para conhecer, avaliar e comparar preços e a qualidade de construção em relação aos barcos feitos no Brasil.

Negociou sem pressa

O grande segredo de quem visitou o salão náutico do Guarujá foi não ter pressa, porque teve tempo de sobra para ver e entrar em todos os barcos que lhe interessou comprar. Se surgisse dúvida sobre qual a melhor compra, dava para voltar no dia seguinte.

Equipou o barco lá mesmo

O Boat Xperience reuniu praticamente tudo o que alguém precisa para montar, consertar, equipar ou decorar um barco, seja ele lancha ou veleiro, grande ou pequeno. Com promoções de um cardápio que contemplou de GPS a defensas.

Aproveitou as muitas promoções

A maioria dos estaleiros nacionais e seus representantes regionais promoveu ofertas e condições de pagamentos para lá de especiais para o Boat Xperience.

Comparou modelos de barco

Nada é mais interessante para quem vai comprar um barco do que a possibilidade de avaliar, na hora, um modelo ao lado do outro. Podendo comparar, o comprador só tem a ganhar.

Conversou com outros donos de barcos

Bater um papo com o dono de um barco do mesmo modelo que você pretende comprar é algo frequente e válido. Muitos visitantes aproveitaram o Boat Xperience justamente para saber se os donos estão satisfeitos com seus barcos, o que é um estímulo a mais para você pensar em comprar um igual.

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Mais do que um lugar perfeito para comprar um barco, o Boat Xperience também ofereceu um ambiente para passear em família


INTERMARINE 55: Projetada pelo conceituado estúdio BMW Group, e com projeto de materiais, esta 55 pés é uma embarcação arrojada. Tem excelente arranjo interno, com sala, cozinha, três cabines, dois banheiros, e cabine para um marinheiro. Acomoda confortavelmente seis pessoas em pernoite e em passeios leva 20 passageiros.

FAIRLINE 50 SQUADRON: Importada da inglesa

Fairline, esta 50 pés é uma lancha tão confortável quanto moderna e que foge do convencional, especialmente na cabine, onde a suíte principal fica na proa. A quantidade de tecnologia embarcada também impressiona.

ECOSPEED: Este pedalinho tem pedais acoplados a um multiplicador de rotações e a um acumulador de energia cinética, que, além de diminuir o esforço das pernas, acumula energia que faz o hélice girar por um bom tempo.

BENETEAU FLYER 34 BR: A Flyer GT 34

SINGULAR 290: Esta lancha, do estaleiro

BENETEAU ANTARES 30: A Antares 30, trazida

SOLARA 380 TARGA: Recente lançamento da

(fabricada na filial da Beneteau em Angra) tem hard top e um pequeno teto solar, mas ótimo aproveitamento de espaço, com uma cabine de respeito (com 1,94 m de altura), algo, por sinal, típico da marca.

pela Beneteau para o Brasil, surpreende. Além de um bom banheiro, há duas camas de casal: uma na proa, e outra, na sala, que tem teto solar e um inteligente mobiliário, onde duas poltronas se transformam na tal segunda cama.

catarinense Singular Boats, chama a atenção pelo bom espaço tanto na cabine (com pernoite para dois casais) quanto no cockpit, com espaço para até dez pessoas nos passeios durante o dia.

Solara, usa o mesmo casco do modelo 380 HT, tem duas diferenças: seu cockpit é aberto, com uma targa no lugar do teto rígido e a cabine sem divisórias entre camarotes e sala — só o banheiro é fechado.

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BOAT XPERIENCE PHANTOM 300: A Phantom 300 tem o mesmo casco de uma das lanchas brasileiras de maior sucesso da história náutica, a Phantom 290. E já com o aprimoramento do ponto mais crítico do modelo anterior: a altura da cabine. Ou seja, o que já era bom, ficou ainda melhor.

VENTURA 315: A V315 tem soluções interessantes, como a opção de transformar a mesa de refeições da cabine em uma cama extra para duas crianças — além de oferecer outras duas camas de casal. Outro é o banheiro, com 1,76 m de altura.

ROYAL MARINER 270: As lanchas pernambucanas Royal Mariner, como esta 27 pés, são conhecidas pelo design arrojado e perfil esportivo, com targa envolvente e para-brisas que chegam até as alhetas, e pelos cascos que navegam bem.

OCEANIA 22 C: Trazida da China pela Sailor, esta

COLUNNA 435 SC: A 435 Sport Cruiser, criada

PRESTIGE 500: O estaleiro francês Prestige Yachts é bem competente na produção de lanchas, como esta 50 pés, um dos mais recentes lançamentos da marca, que tem um bom flybridge e uma originalíssima suíte à meia-nau, com acesso exclusivo pela popa.

MAX 280: Esta 28 pés, do estaleiro paulista

lancha, de 22 pés, tem comando central fechado (o que não é comum por aqui), cabine com um cama de casal, banheiro e cozinha, e um convés ao redor dela com circulação bem livre.

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pela equipe de projetistas de Eduardo Colunna, tem duas características pouco comuns em lanchas na faixa dos 40 pés. Uma delas é o espaço, tanto interno quanto externo, que lembra um barco bem maior.

Maxima Yachts, tem a cabine ampla e com a maior altura da categoria: 1,90 m, na média. Além disso, oferece duas camas de casal, uma delas à meia-nau, com 1,80 m por 2,05 m.


AGUZ 37 HT LOUNGE: A nova versão da Aguz 37, do estaleiro paulista homônimo, chamou bastante a atenção pelo seu estilo ousado, com linhas retas e um hard top inovador, com um para-brisa que abre totalmente, para ventilar o posto de comando.

Os visitantes tinham à disposição toda a estrutura da Marina Astúrias, como seu aconchegante restaurante e até um heliponto, para os que preferiam chegar pelos ares

PIRELLI PZERO: Este ousado inflável italiano já está sendo construído também no Brasil, pela Eurocraft, na mesma fábrica de onde saem as lanchas Ferretti, em São Paulo. Oferece o mesmo nível de prazer e prestígio de lanchas do mesmo porte.

FS 305 ELITE: A elegante FS 305 Elite, produzida pelo estaleiro catarinense FS Yachts, é um barco com um banheiro de 1,90 metro de altura. O desenho do casco continua atual e moderno. O cockpit, para 12 pessoas, é bem distribuído e completo.

PORTOFINO 35 FLY: Um dos mais

surpreendentes lançamentos do Brasil. A lancha do estaleiro paulista Portofino é famosa pelo bom aproveitamento de espaço na cabine e por ser a menor lancha com flybridge do mercado.

SEA DOO GTX LIMITED IS 260: É um marco, porque introduziu dois acessórios modernos: o freio, através de uma manete no guidão, e a suspensão, que move o conjunto de banco e convés para cima e para baixo, conforme a ondas.

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BOAT XPERIENCE ATLANTIS 58: Foi a primeira vez que a maior lancha do estaleiro Atlantis Yachts foi vista em águas brasileiras.

Apresentada pela First Yacht, trata-se de um barco para quem não abre mão de um nível de conforto acima da média: ela alia um casco com desenho esportivo com a comodidade de um barco cabinado.

ZENITH 300: O casco desta 30 pés, fabricada em São Paulo, é assinado pelo designer americano Dom Aronow, autor de lanchas Cigarretes, Scarabs e Magnum. Apesar da esportividade do casco, oferece conforto, tanto no cockpit quando na cabine.

AXTOR 46: Um dos sucessos do estaleiro Axtor, é uma lancha que combina esportividade e conforto. Agrada tanto aos navegadores que não abrem mão de andar rápido quanto o que buscam conforto. Tem cockpit bem aproveitado e camarotes para até dois casais.

LALEMAN LS 160: Com cockpit bem aproveitado, esta 16 pés é versátil. Além de passeios, pode ser usada para peca ou mergulho, já que tem bastante espaço para circulação. Não exige motor muito potente, o que é bom para quem está começando.

CRANCHI ZAFFIRO 36: O estaleiro Cruiser Marine, instalado em Manaus, é o responsável, no Brasil, pela produção das lanchas da marca italiana Cranchi, como esta Zaffiro 36, que tem um dos cockpit mais interessantes da categoria.

MESTRA BOATS: Os cascos dos barcos do estaleiro

FISHING 32 SAINT-TROPEZ: Esta lancha faz parte de um segmento dos barcos de grande porte feitos para pescarias e também passeios. O espaço convés passa até a impressão de não possuir cabine alguma, de tão bem aproveitado o espaço.

paulista Mestra Boats são especiais. O motivo? O estaleiro usa espuma de poliuretano na fabricação, material capaz de mantê-la flutuando mesmo com avaria na estrutura, como esta 18 pés.

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BOAT XPERIENCE

Quem esteve no Boat Xperience

As empresas que fizeram do salão náutico do Guarujá um sucesso

FIRST YACHT

MARINA ASTURIAS

ZIMARINE MAXIMA YACHTS

BENETEAU BRASIL PORTOFINO

PHYSICAL SHOP

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O Boat Xperience mostrou praticamente tudo o que alguém precisa para montar, consertar, equipar ou decorar um barco



BOAT XPERIENCE

MARINE EXPRESS SESSA / REGATTA

FLEXITEEK SCHAEFER YACHTS

O salão do Guarujá foi uma chance e tanto para ajudar na decisão sobre qual barco comprar. Os vendedores ficaram à disposição para quem quisesse perguntar INTERNATIONAL BOATS (CRANCHI)

EASYPATH

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YUNY INCORPORADORA



BOAT XPERIENCE SUNSEEKER

FAIRLINE

O Boat Xperience promoveu alguns lanรงamentos exclusivos no Brasil, como as lanchas Atlantis 58 e Sunseeker 63 Manhattan, e muitos outros barcos famosos

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VENTURA R&R Nร UTICA (ROYAL MARINER)

INTERMARINE

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UNIBOATS



BOAT XPERIENCE

MAESTRALE BATEAUX

JETSURF TOTAL BOATS

A maioria dos expositores promoveu ofertas e condições de pagamentos especiais para o Boat Xperience. As oportunidades foram incríveis TRANSACACIO

UNIVERSO NÁUTICO

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VELAMAR



BOAT XPERIENCE ELECTRA SERVICE

VIBO

SEA PERFORMANCE

MARINA PGN

Novos eletrônicos e muitos outros equipamentos. O Boat Xperience também foi útil para quem curte tecnologia e tudo o que existe para permitir navegar com conforto e segurança

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LALEMAN

LE MON GROUP

NAUTISPECIAL

TERRAMAR

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BOAT XPERIENCE

Os mais de 50 expositores, entre estaleiros e representantes regionais das marcas, saíram extremamente felizes com os resultados obtidos no salão ZENITH

SINGULAR BOATS

ORION

TECCOM INTERFACE IMPORTS

BOAT SP

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SOLARA



BOAT XPERIENCE ODIM

SAILOR

DAFERR

UNICOBA

THERMOMATIC

MACGREGOR

Quem não foi ao Boat Xperience, perdeu uma excelente oportunidade de fazer bons negócios. Mas terá outra chance, em julho, na sétima edição do salão náutico do Guarujá

SAFEBOAT

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VENHA CONHECER A NOSSA NOVA LOJA NO RECREIO DOS BANDEIRANTES

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FOTOS LINDSEY GRACE E BOMBARCO

NOITE DE GALA Em Miami, a revista Boat International Brasil comemorou seu primeiro aniversário ao lado de ícones do mercado náutico mundial e cercada por marcas célebres, como IWC, Skynet Aviation, Bugatti e Bentley

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A festa que agitou Miami Os mais importantes estaleiros do Brasil e do mundo brindaram o primeiro ano da versão brasileira da revista Boat International – o maior grupo de publicações náuticas do planeta –, durante o Miami Boat Show

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oi uma noite histórica. As maiores marcas da indústria náutica mundial, como Azimut Benetti, Lurssen Yachts, Numarine, Feadship, Ferretti, Moonen Yachts entre outras, representadas pelos seus diretores e presidentes, brindaram o primeiro ano da revista Boat International Brasil – versão brasileira do maior grupo de revista náutica do mundo, o Boat International –, ao lado dos principais chefes dos estaleiros do Brasil, como Schaefer Yachts, Ferretti, Beneteau, Sunseeker e Sessa Marine. A badalada casa de eventos The Wall, no W Hotel, em Miami, recebeu mais de 250 seletos convidados e foi palco de uma das melhores festas náuticas brasileiras fora do país. “É extremamente importante um evento assim, que

divulga o mercado náutico brasileiro no mundo”, enalteceu Marcio Christiansen. Se depender da animação do encontro, promovido pelo presidente do Boat Brasil Media Group, o empresário Caio Ambrosio – responsável pela publicação do título aniversariante, da Boat Shopping e do salão náutico do Guarujá, o Boat Xperience –, a festa tem tudo para virar tradição no calendário oficial de eventos do Miami Boat Show, o maior salão náutico do mundo. “Não tem coisa melhor do que ver a felicidade dos nossos amigos e clientes”, dizia Caio, também feliz da vida com a festa, que teve a entrega de brindes da marca suíça IWC e até um originalíssimo par de sandálias Havaianas, presenteado a cada um dos convidados. Todos, é claro, adoraram. A seguir, veja quem mais marcou presença.

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BOAT INTERNATIONAL BRASIL

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Os mais importantes diretores e membros dos estaleiros do mundo e do Brasil saborearam uma noite especial em Miami, que marcou o primeiro ano da revista Boat International Brasil no mercado editorial

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14 1 Caio Marcio, Michael Breman, Jim Ross e Marcio Christiansen 2 Caio Marcio, Roberto Justus, Andrea Funaro e William Barrington 3 Michael Romeo, Ben Head, Christian David e Tanya Lorigan 4 Dennys Scodelario e Marco do Carmo 5 Marcos Paulo e Paula Alves 6 Brian Moran, Tom Fleming e Oxana Fesik 7 Jeremy Roche, Kimberly Gonzales, Joe Coscarelli, Ben Farnborough e James Hondros

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8 Doug Ames e Kimberly Gonzales 9 Nelson Weaisbich e Marcelo Albertoni 10 Kevin Morgan e Sean Zamora 11 Regina Oliveira e Thaís Barreto 12 Mike e Shawna Prado 13 Jennifer Dubois, Rory Myers, Howard Myers, Tanya Lorigan e Kimberly Gonzales 14 Marco do Carmo, Carlos Brito e Giovanni Luigi 15 Kate Lardy, Katy Carter, Marc Welch, Danielle Aragon, John Hill e Risa Merl 16 Bruno Gouzigouex e Marcio Evangelista

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17 A marca suíça de relógios IWC deixou a festa ainda mais bonita

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BOAT INTERNATIONAL BRASIL

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21 19 Trip Knox e Paul Greenman 20 Marcelo Albertoni, Jim Ross, Nelson Weaisbich e Macel Cahen

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21 Guilherme Kodja e Martin Demierre 22 Daniel Ambrosio, Caio Marcio, Pedro Odilio, Marcio e Raquel Schaefer 23 Marcio Evangelista, Marcio Ishihara, Ricardo Spartano, Caio Ambrosio e Daniel Ambrosio 24 Laura Pomponi e Sergio Cutolo 25 Juca Moreira, Tiago Soares e Caio Ambrosio 26 Reinaldo Loureiro e esposa, Regina Oliveira 27 Bas Nederpelt, Tanya Lorigan, Timothy Hamilton 28 Bernadete Christiansen, Diego Christiansen, Alessandra Azevedo e Julia Azevedo 29 Caio Ambrosio, Felipe Abreu, Tanya Lorigan e Marcelo Galvรฃo

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30 Rafael Correia, Marcio Christiansen e Marcos Paulo 31 Todos os convidados ganharam um presente especial: um par de sandรกlias Havaianas 32 Fabrizio Scerch, Caio Marcio, Francesco Ansalone e Gianpaolo Sacchini 33 Amigos e parceiros da Boat International 34 Marilyn Mower, James Ruffolo e Luiz de Basto 35 Carlos Halmenschlager e Tuigg Carvalho 36 Emile Bilterijst e Farouk Nefzi

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Gente bonita, champanhe, música, brindes originais e muita alegria marcaram uma das melhores festas náuticas brasileiras fora do país 29

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De caiaque Nosso repórter deixou o agito do Carnaval de lado e se aventurou numa viagem de mais de 60 milhas remando ao redor da Ilha Grande

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á cerca de três mil anos, quando o Império Romano nem existia ainda e mais ou menos na mesma época em que Homero escrevia na Grécia suas obras Ilíada e Odisseia, um povo chegava, em suas canoas, ao lado oceânico da Ilha Grande, no litoral de Angra dos Reis. Antes de tupis e tamoios, antes das lavouras de café e cana, antes dos presídios que marcaram a história da ilha. As marcas que eles deixaram revelam um povo bastante avançado, que dominava a navegação de cabotagem e a tecnologia de fabricação de machados — Ilha Grande provavelmente foi um importante polo de distribuição dessas ferramentas. Estudiosos calculam que mais de 270 mil machados foram produzidos na ilha. Até hoje é fácil de encontrar sulcos nas pedras à beira-mar, onde os machados eram produzidos e amolados. Em fevereiro, um grupo de oito canoístas reviveu um pedaço dessa história ao dar a volta à Ilha Grande, a maior do litoral fluminense, a bordo de caiaques modernos. E eu embarquei nesse verdadeiro programa de índio em

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pleno Carnaval. Foram 125 km no total (incluindo as travessias entre o continente e a ilha), uma média de cinco horas diárias de remada, quase sempre sob sol forte. Mas muito mais marcante do que o cansaço foi a visão diferente da ilha. É claro que remar caiaques de fibra de vidro, carregados de bagagens que viajam secas e usando remos de carbono é muito diferente do cenário que os índios enfrentaram ao chegar pela primeira vez por ali, quando existiam tubarões brancos de quatro metros no litoral de Angra. Mas, por outro lado, estar tão perto da água, da natureza, e passar por cada ponto do litoral da ilha – mesmo por aqueles em que nenhum barco para e ninguém chega a pé – fazem você se sentir um pouco conectado com esse pessoal casca-grossa do passado. A travessia entre o continente e a ilha é violenta, e vai à estratosfera depois que os últimos turistas deixam as praias, ao final do dia. Logo na primeira parada, a praia da Feiticeira; depois que deixamos a festa rolando na bela e suja praia de Conceição de Jacareí, no con-


VOLTA À ILHA À esquerda, a equipe da Aroeira Outdoor, no canal da Lagoa Azul. Aqui, nas tranquilas águas da Praia do Meros, na Ilha Grande

no paraíso Por Antonio Alonso Fotos Christian Fuchs

tinente, ficou claro que embarcávamos para um mundo completamente diferente. Nossa rotina era acordar bem cedo, logo depois do nascer do sol, tomar café, remar até a hora do almoço e depois voltar a remar até o próximo pouso. A Ilha Grande tem uma forma que lembra a de um triângulo, em que a base maior, entre as pontas de Castelhanos e a ponta do Acaiá, é voltada para o mar aberto, ao Sul. Os outros dois lados do triângulo são mais abrigados e se encontram no vértice, a Freguesia de Santana, já próximo ao continente. Todas as nossas paradas foram em praias pacatas, algumas desertas. O Carnaval passou longe dos nossos barcos. Isso não significa que fugimos das pessoas, pelo contrário, os caiaques serviram de simpáticos cartões de visitas para vários bate-papos, com pessoas dos mais variados perfis, de pescadores a turistas, aos donos de casas e lanchas na ilha. Todo o lixo que produzimos foi embalado e levado dentro dos caiaques de volta para

o continente, mas na viagem fica claro que cuidar só do seu lixo é pouco. Na expedição, vimos gente mergulhando de arpão em meio a banhistas numa praia lotada, lanchas derrubando óleo na água translúcida da ilha, e até vendedores cortando árvores para improvisar uma barraca. A maior tristeza veio com a chegada em Conceição do Jacareí. O rastro de lixo e o mau cheiro que o Carnaval deixou por lá não apagaram o azul da água, mas o odor de esgoto era sentido a centenas de metros da praia. Nas ruas, vendedores de comida convivendo com sacos de lixo amontoados e cheios de mosca, enquanto adolescentes jogavam pratos e talheres de plástico no chão, literalmente no meio da rua. Talvez a sorte da ilha tenha sido justamente ficar afastada de nós, homens, por mais tempo. Pelo menos de mim, a natureza se vingou. A água da bela e triste Conceição de Jacareí, único lugar onde não me joguei no mar após encalhar o caiaque na praia, me mandou para o médico dois dias depois do fim da expedição.

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ILHA GRANDE A REMO

A aventura em cinco etapas Primeiro dia De Conceição de Jacareí à Praia da Feiticeira Distância percorrida: 14 km Tempo: 3 horas de remadas Resumo: Saímos de São Paulo na madrugada do sábado, com uma van rebocando a carreta com cinco caiaques (três duplos e dois simples). Deixamos o carro e o reboque num estacionamento em Conceição do Jacareí, almoçamos numa praia vizinha, ainda no continente e fizemos a travessia para a ilha, sob ventos leves e ondas apenas das lanchas e jets.

Erich Fuchs, aos 71 anos, pai de nosso guia, também encarou o desafio com disposição em muito bom humor

Saída de Conceição de Jacareí, que bombou no Carnaval. O agito era tanto que decidimos remar meia hora e almoçar na vizinha praia da Sororoca

Segundo dia Da Praia da Feiticeira à Praia de Lopes Mendes Distância percorrida: 22 km Tempo: de 4 a 5 horas de remadas Resumo: Passamos ao largo do Abraão, paramos para almoço na praia da Aroeira, que fica na Enseada das Palmas, e depois mais uma longa remada, contornando uma das partes mais expostas da travessia, a Ponta de Castelhanos, para finalmente chegar ao nosso segundo pouso, a praia de Lopes Mendes.

Chega o primeiro barco de vendedores à praia da Feiticeira. Mais tarde, vendedores atrasados provocariam o primeiro incidente da viagem ao cortar árvores da mata, para improvisar uma barraca

Mar agitado na parte mais desabrigada da travessia, entre a ponta de Castelhanos e a ponta de Lopes Mendes

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Terceiro dia Da Praia de Lopes Mendes à Praia dos Meros Distância percorrida: 30 km Tempo: 6 horas de remadas Resumo: Dia longo, passando por algumas das mais bonitas praias da ilha, que ficam voltadas para o mar aberto. Paramos em Caixadaço (onde encontramos duas jararacas no caminho até a água potável), ao largo de Dois Rios (onde existem ruínas do presídio Cândido Mendes), passamos o agitado costão até Parnaioca. Pernoitamos na praia dos Meros, após deixar para trás a ponta do Drago e o último desafio de mar aberto.

Saída de Lopes Mendes pela manhã. Com sorte, pegamos um dia sem ondas na praia preferida dos surfistas

Chegada à praia dos Meros, onde a água translúcida assume a coloração verde

Terminando o contorno do lado sul da ilha, voltado para o mar aberto

Parada para almoço em Parnaioca, um dos pontos mais belos da ilha, e onde conseguimos nosso primeiro PF da expedição

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ILHA GRANDE A REMO

Quarto dia De Praia dos Meros à Enseada do Sítio Forte Distância percorrida: 32 km Tempo: 6 horas de remadas Resumo: Já com águas mais abrigadas, paramos na gruta do Acaiá, almoçamos na praia Vermelha (outro PF) e pernoite na tranquilidade de Sítio Forte.

Chegada ao Sítio Forte. A maioria dos canoístas preferiu dormir em redes durante a viagem: mais fáceis de montar e não correm risco de alagamento

A água e seus tons foi uma protagonista da viagem

Chegada em Conceição do Jacareí. Única praia onde ninguém teve coragem de mergulhar. Eu, que molhei as pernas, estava no médico dois dias depois

Quinto (e último) dia Da Enseada do Sítio Forte à Conceição de Jacareí Distância percorrida: 20 km Tempo: 4 horas de remadas Resumo: Passamos pela Lagoa Azul, paramos em Freguesia de Santana e retornamos para a triste e bela Conceição de Jacareí após mais um almoço na Sororoca.

O calado baixo dos caiaques nos levou a todos os cantos do litoral da ilha

A expedição para contornar a Ilha Grande é organizada anualmente pela empresa Aroeira Outdoor. Para saber mais, acesse www.aroeiraoutdoor.com.br.

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Sonhos

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Ă beira-mar BOATSHOPPING | www.boatshopping.com.br


VocĂŞ sabe como planejar e construir uma boa casa de praia? Consultamos uma especialista no assunto, com mais de 100 projetos entregues, que explica como deixar seu lar doce lar de veraneio em sintonia com o imenso mar azul Por Estela Craveiro

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CASAS DE PRAIA

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irar o máximo da incidência solar e dos ventos, optar por materiais refrescantes, antimaresia, antimofo e antifungo, introduzir muita luz natural nos ambientes internos e integrá-los aos externos, mantendo rigorosa manutenção preventiva, eis os segredos da casa de praia dos seus sonhos. Se há algo útil para quem tem barcos pequenos e médios, ou prefere não pernoitar em marinas, e não perde oportunidade de navegar, é uma casa de praia. E, disso, a arquiteta paulistana Selma Tammaro é expert. Tudo começou quando ela comprou uma para uso pessoal provisório no Condomínio Tabatinga,

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em Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo, e então construiu uma nova, definitiva, em outro terreno, totalmente personalizada. Em um condomínio monocromático, fez uma casa azul-turquesa, e a piscina também. Mas não foi só. Chamou a atenção pela arquitetura diferente do entorno, com pé-direito alto, mezanino, e imensas janelas de vidro, introduzindo muita luminosidade e intensa ventilação no interior do imóvel. A vizinhança adorou. Corria então o ano de 2000 e a consequência foi imediata. Ela foi procurada por proprietários de lotes do condomínio, passou a trabalhar para terceiros ali e também a comprar terrenos,

construir casas e vender. E depois, também a fazer, e vender, casas para investidores. Em pouco mais de 10 anos, já acumula mais de 100 projetos construídos, dez deles em outras praias de Caraguatatuba e das vizinhas Ubatuba e São Sebastião. Estabelecida em São Paulo há 30 anos com a Tammaro Arquitetura, que não faz só residências litorâneas, Selma vai além do projeto. Tem uma construtora para erguer e finalizar as obras. E cuida do design de interiores, da decoração, da iluminação, do paisagismo e do design do mobiliário. “Trabalhamos para transformar os sonhos dos nossos clientes em realidade”, sintetiza a arquiteta.

DIVULGAÇÃO

O pé-direito alto é a regra número um para construir uma boa casa de praia


As janelas nos lados opostos da casa melhoram a ventilação

PROJETE, ESCOLHA E CONSTRUA Mas, para que o sonho de uma bela casa de praia não se torne pesadelo, é preciso planejar muito bem. Tudo em que se precisa pensar ao construir também está na lista de checagem de um comprador de casa usada, além da básica verificação de redes hidráulica e elétrica e condições gerais. “Em imóvel pronto, não pode ir pela maquiagem que encanta os olhos. O que está por trás disso pode dar a felicidade ou a grande tristeza”, ela aconselha.

Quem vai construir tem que pensar na temperatura alta do litoral, o grande desafio. Isso a arquiteta resolve com o pé-direito alto e a ventilação cruzada, posicionando muitas e grandes janelas de forma que o ar entre por um lado da casa e saia pelo outro, jogando o calor lá para cima, deixando o ambiente fresquinho. “Muita luz natural é uma faca de dois gumes. Mas, com esses recursos, e usando ventiladores e ar-condicionado nos momentos mais quentes, dá para explorá-la do amanhecer até a hora que escurece totalmente. É agradável e economiza eletricidade”, pondera. E

por que não transformar tanta luz em energia solar? “Isso é um fator importante hoje em dia, e no futuro será obrigatório. Uso muito”, acrescenta Selma Tammaro, que acaba de assumir o posto de decoradora do estaleiro paulista Maxima Yachts.

TRANQUILIDADE Vão refrescar o ambiente? Aguentam maresia e umidade? Quais cuidados pedem? São as questões na hora de escolher os materiais. “Madeira, por exemplo, é aconchegante,

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CASAS DE PRAIA

Vai construir? 10 dicas da arquiteta Selma Tammaro para planejar uma boa casa de praia

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Ouça os desejos e as necessidades de todos os membros da família, porque isso gera conforto para todos.

mas exige muita manutenção, e gasto, se for usada em caixilharias. Dá para substituir por alumínio com pintura imitando madeira. Dura muito e dá zero de manutenção. E hoje em dia há deques importados, de resina com madeira, que têm vida útil de 25 anos”, orienta a arquiteta. Igualmente importante é usar tintas antifungo e antibolor nas paredes e no teto, porque casas de praia em geral ficam bastante tempo fecha-

das, e usar pisos frios, como porcelanato e mármore. Cerâmica, só se houver manutenção contínua. Granito, não, pois quase não há cores claras. E cores claras na ambientação e na decoração são aliadas da ventilação cruzada e do pé-direito alto em se tratando de refrescar a casa. Adepta dos tons fortes no exterior, Selma usa muito branco, azul, verde e tons de areia, salpicados com a vivacidade do laranja, do coral

Integre ambientes internos e externos, porque estimula a interação social e aumenta a sensação de amplitude. O pé-direito deve ser o mais alto possível, para dissipar o calor. Coloque janelas nos lados opostos da casa, para viabilizar a ventilação cruzada que jogará o calor para cima. Opte por grandes janelas de vidro nos ambientes sociais, na cozinha, em corredores e áreas comuns e de serviço, para tirar o máximo da luminosidade natural e da ventilação. Inclua a geração de energia solar no projeto, pois, além de ser ecologicamente correto, resultará em economia. Substitua madeira por materiais mais modernos, para evitar muita manutenção. Use tintas antimofo, antifungo e antimaresia, para se proteger dos efeitos da umidade e da salinidade do ar. Prefira pisos frios, porque isso mantém a casa mais refrescada. Escolha cores claras para o interior da casa, porque refrescam o ambiente. Já para o lado de fora, prefira o que mais lhe agrada.

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Só use cerâmica na área externa se houver manutenção contínua


e do amarelo nos ambientes internos. “Quando se fala em praia, se pensa em relax, mas, na verdade, há muito movimento. O mar e o vento não param e sempre se está fazendo alguma coisa. Tudo já é muito vibrante. Mas tem a hora da tranquilidade. E as cores exercem grande influência nesses momentos de agitação e calma”, explica a arquiteta. Para o sonho virar realidade, mantendo o foco nessas questões to-

das, é só decidir como será o projeto arquitetônico, seja de construção ou de reforma da sua casa de praia. Aí mandam desejos e necessidades dos usuários, ao lado das condições locais. Os clientes da Tammaro Arquitetura (www.tammaroarquitetura. com.br) costumam adorar a grande integração entre ambientes internos e externos, que tem tudo a ver com o clima festivo de dias ao mar, como ocorre nos barcos.

Para o interior da casa, prefira cores claras, que ajudam a refrescar o ambiente. Além disso, use apenas tintas com ativos antimofo, antimaresia e antifungo

A integração dos ambientes estimula o convívio social e aumenta a sensação de amplitude

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Para

velejadores mais que especiais O velejador brasileiro Bruno Porto embarcou no navio veleiro inglês Lord Nelson, que visitou o Brasil durante sua inédita volta ao mundo com uma tripulação de deficientes físicos Por Bruno Porto

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“À

distância, parece, sem tirar nem pôr, um veleiro convencional. Mas não é. O Lord Nelson, um tall ship inglês, tem uma configuração inédita: é um dos únicos navios veleiros no mundo desenvolvidos para permitir que pessoas de todas as habilidades físicas e sensoriais tenham um papel igualmente ativo na navegação. Construído na década de 1980, ele atende perfeitamente às necessidades dos velejadores com certas deficiências físicas, como os paraplégicos, por exemplo. Geralmente, são 40 tripulantes a bordo e metade tem algum problema físico. Para isso, ele tem controles bastante acessíveis, exigindo, assim, o mínimo de esforço por parte do velejador. Entre suas características especiais, possui sinalização em braile em todos os equipamentos e avisos; elevadores entre os conveses para pessoas com mobilidade reduzida e cadeirantes, que podem circular por qualquer ambiente

a bordo; almofadas vibratórias instaladas nos beliches dos oito camarotes para alertar as pessoas com deficiência auditiva em caso de uma emergência; e até bússola com áudio e tela digital para permitir que a tripulação deficiente visual oriente o navio. Há, também, uma madeira sobressalente e centralizada no piso do convés lateral para orientar o caminho e, em cada corrimão, sinais que identificam o sentido da proa e da popa. Definitivamente, não é um veleiro comum. Todas as instalações do barco são adaptadas, sendo possível conduzir a embarcação de uma cadeira de rodas. São adaptações que o tornam tão especial a ponto de permitir que velejadores com limitações de apoio ou restrições de movimentação usufruam do barco sem nenhum problema, podendo também ser usado por pessoas com mobilidade normal. Não há exemplo melhor no que diz respeito à democratização da vela.

PARA TODOS O Lord Nelson permite que pessoas de todas as habilidades físicas e sensoriais tenham um papel igualmente ativo na navegação

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O Lord Nelson tem comprimento total de 54,7 metros (incluindo o gurupés) e desloca 368 toneladas, atingindo uma velocidade máxima de 10 nós. Ele saiu da Inglaterra em outubro do ano passado e, durante a volta ao mundo que pretende fazer (é a primeira vez que um veleiro com deficientes tenta realizar essa façanha), irá passar por 30 países, voltando a Londres em setembro de 2014. A iniciativa de viajar os oceanos em um barco adaptado para deficientes é de uma organização não governamental inglesa, chamada Jubilee Sailing Trust (www.jst.org. uk). O objetivo é nobre: fazer com que qualquer pessoa possa velejar, independentemente das suas limitações físicas. A primeira parada no Brasil foi em Fernando de Noronha, onde embarquei para fazer parte da tripulação. Depois, o Lord Nelson seguiu para Recife, navegou até Ilhabela, em São Paulo, e subiu a costa até Ilha Grande, em Angra dos Reis, onde estive a bordo mais uma vez. A bordo, permanentemente, está a velejadora britânica Alexandra Rickham, medalhista de bronze em Londres. Ela é uma das coordenadoras do projeto e trouxe a bordo

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a tocha paraolímpica. Na chegada ao Brasil, o objeto simbolizou a passagem do espírito paraolímpico do Reino Unido para o Brasil, em preparação para os Jogos Rio 2016. Foram muitos dias a bordo. Conversei bastante com a comandante do veleiro, Barbara Campbell, que já trabalhou 5 anos na Marinha Mercante inglesa. Vi de perto que ela trata todos os passageiros especiais como tripulantes normais, colocando-os para participar das atividades rotineiras de um veleiro. Cada um exerce sua função a bordo. “Estou há 14 anos no mar, mas esta viagem é uma satisfação pessoal, pois faço parte deste processo no qual possibilito que essas pessoas velejem, conheçam o mundo e se sintam absolutamente normais”, disse ela. Em Ilhabela, no litoral norte paulista, a tripulação, composta por ingleses, belgas, poloneses e alguns brasileiros, visitou praias incríveis. “Um dos passageiros, o inglês Stevie Watkin, de 40 anos, que tem esclerose múltipla, mergulhou e ficou fascinado. Até janeiro deste ano, ele nem andava, agora até consegue mergulhar, após tratamento com especialistas”, lembra ela.

FOTOS: YURI SANADA, ALEXANDRE MACIEIRA (CONSULADO BRITÂNICO NO RJ) E JUBILEE SAILING TRUST

LORD NELSON TODO ESPECIAL Os cabos são acessíveis e exigem o mínimo de esforço. Há, também, uma madeira sobressalente no piso do convés para orientar o caminho e até elevadores com acesso à cabine


Construído na década de 80, o Lord Nelson é todo equipado para ser comandado por qualquer tipo de deficiente. Tem cockpit para cadeirantes e até bússola com áudio, para permitir que os tripulantes com problemas visuais orientem o navio

Durante os dias que tive a honra de fazer parte da tripulação do Lord Nelson, fiquei impressionado com o bom funcionamento do projeto, ou seja, com a fidelidade com que a tripulação segue os objetivos de integrar pessoas com necessidades especiais. Por exemplo, se em alguma parada não for possível o desembarque de parte da tripulação, ninguém desembarca. Se alguém vai mergulhar, tem que ser em um grupo misto, incluindo os deficientes. Como dono de uma empresa de charter em Angra, tenho experiência em levar pessoas para o mar e

conheço bem as dificuldades que isso envolve. Por isso, as regras de segurança eram seguidas à risca no Lord Nelson, principalmente porque se trata de um veleiro de quase 30 anos. A rotina a bordo era tranquila. As horas de trabalho eram curtas, mas diárias. Ninguém se cansava muito, o trabalho não acumulava e todos se sentiam importantes a bordo. Fiz um grande amigo a bordo, o Nick, com quem dividia os turnos. Ele tem um problema muscular generalizado, o que dificulta o equilíbrio a bordo. Sua principal responsabilidade era puxar os cabos das velas

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LORD NELSON

Não é qualquer um que pilota um veleiro de 150 pés. Imagina portando uma deficiência física? O Nick, com quem dividi os turnos, tinha um problema que dificultava o equilíbrio. E, mesmo assim, ele comandava com perfeição. Aprendi muito com ele

A EQUIPE Acima, o velejador brasileiro Bruno Porto (círculo amarelo) ao lado de parte da tripulação do Lord Nelson que visitou o Brasil

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no convés e ele fazia isso com maestria. Também sabia pilotar o veleiro, e sozinho! Não é qualquer velejador que consegue timonear um veleiro de 150 pés a todo pano, mas Nick me impressionou nessa função também. Atento a tudo, ele avistava navios no horizonte sempre antes que todos a bordo. Aprendi muito com ele. O desafio da comandante Barbara de rodar o mundo com uma tripulação especial também me impressionou bastante. Apesar do clima sempre amigável a bordo, havia momentos de tensão, especialmente com o lado emocional dos deficientes. Imagine comandar um veleiro de 150 pés no meio do oceano com uma tripulação emocionalmente sensível? Em certos momentos a bordo, as dificuldades físicas pareciam as menores, e eu presenciei isso de

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perto. Um dos tripulantes era Alan Henderson, que perdeu uma das pernas na guerra do Afeganistão. No porto de Recife, dividimos o turno noturno de vigia. Para um ex-combatente, que presenciou momentos de tensão em uma guerra, vigiar um veleiro atracado no porto parecia simples demais. Era como se ele, agora sem uma perna, não servisse para mais nada. Senti a tristeza e a amargura nas suas palavras. Conversamos muito e, naquele dia, entendi um pouco mais a difícil rotina de uma pessoa com deficiência. Foram dias incríveis. Neste momento, o Lord Nelson está na Cidade do Cabo, na África do Sul, dando sequência ao projeto de percorrer 50 mil milhas náuticas e dar mais alegria à vida de todos os velejadores especiais que entrarem a bordo.


Onde estão as diferenças? CASCO E CONVÉS

Há uma madeira sobressalente no piso do convés lateral para orientar o caminho. Em cada corrimão, há sinais que identificam o sentido da proa e da popa. Há sinalização em braile em todos os equipamentos e avisos.

CONTROLES

Cabos e outros controles são bastante acessíveis, exigindo, assim, o mínimo de esforço por parte do velejador.

CABINE

Almofadas vibratórias nos beliches alertam as pessoas com deficiência auditiva em caso de uma emergência.

COCKPIT

Há elevadores entre os conveses para pessoas com mobilidade reduzida e cadeirantes, que podem circular por qualquer ambiente a bordo.

POSTO DE COMANDO

É adaptado para ser operado até por um cadeirante. Há uma bússola com áudio e tela digital para permitir que a tripulação deficiente visual oriente o barco.

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PERGUNTE AO CAPITÃO

MARCO ANTONIO FERRARI CARNEIRO é skipper de veleiros, lanchas e trawlers, e instrutor de cursos teóricos e práticos da Capitania dos Portos de Santos

Com fogo

não se brinca Os principais cuidados para evitar o maior inimigo dos barcos: um incêndio a bordo

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pesar de todos os avanços tecnológicos e da introdução de novos sistemas de segurança nos barcos, incêndios a bordo, infelizmente, ainda acontecem – embora não seja tão frequente assim um barco pegar fogo. Mas, quando ocorrem, costumam ser devastadores. Ao contrário da tragédia do começo deste ano na casa de shows no Rio Grande do Sul, os sinalizadores náuticos, quando bem guardados e usados de forma correta, estão longe de serem causadores de incêndio a bordo. Nos barcos, as causas são outras, como um curto-circuito provocado por uma instalação mal feita

ou mal conservada, ou uma sobrecarga de energia, que pode fazer seu barco virar cinzas em instantes – sem contar o risco verdadeiro para os ocupantes do barco. Isso acontece porque existe o uso intensivo de materiais combustíveis a bordo, como plásticos, borrachas, painéis, bancos, madeiras, carpetes e tapetes. Além disso, as matérias-primas usadas na confecção dos cascos são altamente inflamáveis. Por isso, no caso de prevenção contra o fogo, é indiscutível a necessidade de seguir à risca todas as normas de segurança. Em um barco, prevenção nunca é demais.

Fogo! O que fazer em uma emergência?

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Mantenha-se calmo a bordo. Não grite com os outros tripulantes. Se for dar algum comando, faça em voz alta. Retire o combustível do local, ou seja, fechando um registro do tanque ou o bujão de gás, por exemplo. Desligue a chave geral da embarcação (normalmente ela fica instalada próxima à área externa do barco), assim cortamos a corrente elétrica. Abafe o local com agentes extintores, retirando assim o oxigênio, ou resfrie as áreas próximas ao foco do fogo.

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Vista os coletes nos passageiros e coloque-os a barlavento do fogo, ou seja, posicionando o barco de forma que o fogo vá para o mar e não para a terra. Diga “Mayday, Mayday, Mayday”, via VHF, no canal 16, e depois informe a situação, a localização e a quantidade de pessoas a bordo. Não abandone o barco apressadamente. A maioria dos incêndios em pequenas embarcações é contornável se descoberto no início. Caso tenha que abandonar seu barco, procure saltar a barlavento da embarcação.


Os curtoscircuitos ainda são os principais causadores de fogo a bordo. Equipamentos inadequados e sobrecarga de energia são alguns dos erros mais frequentes

O que você deve fazer para evitar incêndios a bordo • Tenha sempre a bordo os extintores exigidos pela Marinha.

• Vistorie abraçadeiras de mangueiras a cada seis meses, no máximo.

• Cheque a validade, carga e estado de conservação dos extintores.

• Não deixe objetos nem nada solto dentro do compartimento do motor.

• O botijão deve ficar fora do barco e com a válvula protegida do sol.

• Prefira sempre o álcool na forma de gel, que não inflama.

• Se cozinhar a bordo, mantenha sempre alguém vigiando o fogo.

• Instale um exaustor no paiol do motor, para liberar os vapores.

• Limpe sempre os paióis em busca de vazamentos de combustível.

• Só dê a partida no motor se não houver cheiro de combustível no ar.

• Não fume a bordo e desligue o motor e celulares no abastecimento.

• Mantenha sempre um extintor perto do piloto, outro na proa e um na popa.

• Não guarde produtos inflamáveis perto de lugares quentes.

• Evite guardar combustível em paióis, só guarde se este for muito bem ventilado.

• Faça uma completa revisão de elétrica a cada dois anos.

• Todos os fios devem ser estanhados, o que evita a corrosão

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COLUNA DO NASSEH

JORGE NASSEH é engenheiro naval, mestre em ciências em engenharia oceânica e CEO da Barracuda Advanced Composites

A busca por barcos

exclusivos A nova criação do projetista brasileiro Fernando de Almeida, o Supernova, de 78 pés, é a melhor prova de que nem todos os cascos atuais são iguais

M

inha carreira como construtor de barcos começou com a fabricação de veleiros de regatas. Naquele tempo, bastava olhar para o casco, observando o desenho da popa, da borda ou da roda de proa, por exemplo, para descobrir quem assinava o projeto. Um simples olhar, mesmo que de longe, já era suficiente para qualquer amante do mar identificar o nome do projetista, fosse ele Ron Holland, German Frers, Ed Dubois, Sparkman & Stephens ou Bruce Farr. Não tinha como errar, as linhas eram inconfundíveis. Meticulosos, os projetistas faziam tudo sozinhos, dos primeiros rabiscos ao desenho do interior. Funcionava assim: todo processo de criação de um projeto começava com rascunhos à mão livre, para definir o conceito geral do barco. O “computador” era uma folha de papel, uma pena e um pote de nanquim, nada mais. Cada projeto consumia um tempo infinitamente longo. Alteração na planta? Era o tormento dos projetistas. Se houvesse necessidade de mudar um detalhe mínimo no casco, começava-se a desenhar tudo de novo. O processo era extremamente desgastante, mas, saudosismo à parte, projetar um barco, naquela época, era muito mais divertido do que é hoje. Depois de finalmente definir o barco a ser desenhado, o projeto passava por um complexo ciclo de detalhamento que, a rigor, envolvia o plano de linhas do casco, cálculos de hidrostática, estabilidade e performance, projeto es-

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trutural e mecânico, montagem do motor, linha de eixo, lemes e hélice, detalhamento do interior, como instalações elétricas e hidráulicas, detalhamento de ferragens de convés etc. No caso de um veleiro, ainda havia o projeto do plano vélico, apêndices de casco, como a quilha e o leme, detalhamento do mastro e fuzis, e arranjo de equipamentos de convés. Chegar ao fim de um projeto era uma odisseia, com folhas e mais folhas de cópias heliográficas, medidas com escalas triangulares e o uso de lente de aumento. Os desenhos nasciam de simples papéis vegetais. As curvas do casco eram plotadas por um arcaico virote com pesos de chumbo. Você inclinava a cabeça uma dúzia de vezes para ver em perspectiva a curva traçada, até que ela ficasse o mais suave possível. Cada projetista tinha um conjunto de curvas francesas para cada parte do casco, ou seja, sabia-se pela suavidade da curva do barco o autor do projeto. Arrisco afirmar que algumas linhas eram tão perfeitas e suaves que nem mesmo um computador seria capaz de fazê-las. Desenhar um barco era uma arte, que poucos faziam com perfeição. O tempo passou. Hoje, já não é mais possível saber quem é o dono do projeto apenas olhando para o barco, seja um veleiro ou uma lancha. Os cascos se parecem muito uns com os outros, principalmente porque são feitos, com raríssimas exceções, na frente de um poderoso programa de computador. Mais do que isso, agora, projetar um único barco envolve


vários profissionais e, pior, todo mundo acaba copiando uma coisa ou outra de um projeto já consagrado. A rigor, todo mundo está livre para ter a mesma janela no costado ou outros detalhes, que fazem parecer que todos os barcos são iguais. Não há lei que impeça isso, apenas o bom senso. Nas últimas três décadas, o nível de construção dos barcos de lazer evoluiu barbaramente. Nos barcos a motor, o mercado passou a exigir que os fabricantes oferecessem um produto mais sofisticado, ou seja, com desenho mais elaborado e estilo de acordo com as tendências do momento, tanto do ponto de vista de linhas externas quanto da arquitetura de interiores. Com isso, a beleza e a magia dos projetos do passado deram lugar à tecnologia e a uma série de estúdios de projetos, em que cada profissional tornou-se responsável por uma parte do barco. Na corrida por cada vez mais clientes, os estaleiros lideraram uma disputa para lançar um modelo novo a cada ano, sempre incorporando uma sofisticação a mais. Já nos barcos à vela, houve uma frenética busca por mais velocidade, tanto nos barcos de regata quanto nos de uso misto (cruzeiro e regata). Além do desempenho, o mercado de veleiros mistos passou

a exigir todas as sofisticações dos barcos a motor. Os novos veleiros ganharam gerador, ar-condicionado e até banheiros com água quente. Quem imaginaria isso 30 anos atrás? Os veleiros também ganharam velocidade, sem perder o conforto. Mastros de alumínio deram lugar aos de carbono. As velas ficaram mais leves e resistentes. Os cabos desapareceram do convés, as catracas são elétricas e os comandos, eletrônicos. Por causa da exigência por produtos cada vez melhores, tornou-se impossível um único profi ssional desenvolver com qualidade todas as etapas de um projeto. Surgiram, então, especialistas para cada parte do barco e fornecedores especializados nas mais diversas áreas. Um dos setores náuticos que mais evoluíram foi o de materiais compostos e suas técnicas de laminação. A convencional construção em fibra de vidro passou a ter muitas variações e diversos níveis de aprimoramento. A maioria dos barcos hoje usa materiais muito mais leves e resistentes, e pode ser processada por meio do método de infusão ou injeção, com auxílio de vácuo, produzindo estruturas comparáveis com as da indústria aeronáutica. Essas evoluções têm dado muito mais liberdade de criação aos projetistas. O desem-

SUPERNOVA Com assinatura do projetista Fernando de Almeida e sendo construído no estaleiro carioca Riostar, trata-se de um quase iate de passeio com muito espaço livre, linha bem esportiva e alto desempenho

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COLUNA DO NASSEH penho e o comprimento dos barcos construídos com esses materiais cresceram muito, já tendo se tornado comum o bate-papo sobre barcos de 150 pés construídos com materiais compostos. No meu tempo, o maior barco fabricado em fibra de vidro tinha 32 pés! Graças aos novos materiais, ficou perfeitamente possível criar grandes vãos livres na superestrutura, com um peso muito baixo. Um bom exemplo dessa nova didática de projeto é o barco de 78 pés chamado Supernova, desenhado pelo brasileiro Fernando de Almeida, atualmente em construção no estaleiro carioca Riostar. Trata-se de uma lancha (ou quase iate) de passeio do tipo “open”, ou seja, com muito espaço livre, linha bem esportiva e alto desempenho. Uma das suas características é o enorme espaço compreendido pelo salão e

praça de popa, como se eles fossem um único ambiente. A integração se dá não só pelo fato de os dois ambientes estarem nivelados e separados apenas por uma grande porta de correr de vidro, mas, acima de tudo, pelo grande espaço do salão, que não tem nenhum elemento estrutural, como anteparas ou pilares. São nada menos que 11 metros entre o painel de comando (também integrado ao salão) e o sofá da praça de popa. Algo genial em se tratando de um projeto 100% brasileiro e no qual tive o privilégio de desenhar a estrutura e ajudar no conceito de um barco moderno com linhas únicas e perfeitas. Espero que, daqui um tempo, os projetos assinados por Fernando de Almeida sejam reconhecidos pelo simples fato de serem exclusivos e meticulosamente detalhados.”

Antigamente, sabia-se o nome do projetista apenas olhando para o casco. Hoje, um único projeto envolve vários profissionais e muitos modelos novos de barco perderam sua personalidade, porque se tornaram parecidos com outros

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A BORDO

As principais competições e eventos náuticos

DE ENCHER

OS OLHOS Schaefer Yachts apresenta seu primeiro iate com festa histórica em Florianópolis

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Homenagem: Marcio Schaefer (no centro) recebe homenagem do presidente da Volvo Penta Americas, Ron Huibers. Na foto: Felipe Abreu, Raquel Schaefer, Marcio Schaefer, Ron Huibers e Marcelo Puscar

O casal Betinho e Alessandra Lunardelli, representante Schaefer no Rio Grande do Sul€

O empresário Reinaldo Rique, o feliz proprietário da primeira unidade da Schaefer 800

NORTON JOSÉ

Com um espetáculo de fogos de artifício, o estaleiro catarinense Schaefer Yachts lançou, em sua nova fábrica, sob os pés da famosa ponte Hercílio Luz – o célebre cartão postal de Florianópolis –, o seu maior barco, o novo Schaefer 800, de 80 pés. A cerimônia de lançamento, que teve até a descida do grande iate à água, algo até então inédito no Brasil, contou com mais de 600 convidados, sendo um deles o mais radiante de todos, o proprietário da primeira unidade, o empresário Reinaldo Rique, que cumpriu com o ritual de batismo náutico, quebrando uma garrafa de champanhe no casco. Também não escondeu de ninguém a felicidade com o novo barco. “Ele impressiona pela beleza e pelo acabamento, de padrão internacional”, resumiu Reinaldo, que pretende navegar pela região de Floripa e, em breve, fazer um cruzeiro ao Rio de Janeiro.


ILHABELA


A BORDO

AGITO NO PARÁ Com o cenário das praias de água doce “mais bonitas do mundo”, batizadas assim pelo jornal inglês The Guardian, a pequena vila de pescadores Alter do Chão, no oeste do Pará, foi o ponto de largada, pelo terceiro ano seguido, de um animado passeio de jets e lanchas, promovido pelo empresário Olavo das Neves, à frente da loja Tapajós Náutica, representante das marcas Fibrafort e Yamaha. “A melhor maneira de apreciar a região é navegando. E melhor ainda se for na companhia dos amigos”, diz Olavo. O passeio durou o dia todo e teve como ponto alto uma saborosa paella de peixes de água doce, na praia do Maguary, uma das mais famosas do Tapajós. Quem foi, garante, vai repetir ano que vem.

Muitas mulheres e famílias inteiras participaram do animado encontro nas belas águas paraenses

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FOTOS MICÊ BRAGA

As praias de água doce do Rio Tapajós reuniram mais de 40 jets e várias lanchas para um gostoso passeio



A BORDO

A FESTA DA VELA Em Paraty, cerca de 40 veleiros participaram da quarta edição do badalado Beneteau Day

A quarta edição do Beneteau Day, organizado pela empresa Sailing IMS (representante exclusiva dos veleiros Beneteau e Lagoon no país), fez sucesso entre os apreciadores dos veleiros franceses. O encontro foi nada menos que no restaurante Kontiki, que fica numa pequena ilha em frente ao centro histórico de Paraty, no Rio. Cerca de 200 convidados não tiveram do que reclamar: música ao vivo e uma paella divina no almoço. “Mais do que um dia de descanso num dos trechos mais bonitos do litoral brasileiro, o Beneteau Day é uma oportunidade para que proprietários de veleiros desta marca se conheçam e conversem sobre os barcos que têm”, afirma Marco Soares, diretor da Beneteau Brasil, que, além de colocar os veleiros Oceanis 41, 45 e 48 para demonstração, apresentou aos clientes os modelos Swift Trawlers, de 34, 44 e 52 pés.

Marcos Soares, Bruno Gouézigoux (diretor comercial Beneteau América do Sul) e Chico Fragoso

O MAIOR DO BRASIL

Recorde: a maior concentração de jets em um só evento

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Até hoje, nenhum outro evento náutico reuniu mais jets do que o último promovido pela loja Nautiway (representante Bayliner, Fibrafort e Yamaha) em parceria com a Associação Riograndense. Foram nada menos do que 96 motoaquáticas navegando ao mesmo tempo, o que comprova a tradição dos jets do Rio Grande do Sul. “Foi a maior festa com esse tipo de barco do Brasil. Estou feliz porque conseguimos dois objetivos: reunir a turma toda e discutir sobre segurança, cobrando atitudes como a carteira de habilitação”, afirma Rogério Schröder, diretor da Nautiway.

FOTOS RICARDO FUCKS

Cerca de 100 jets invadiram as águas do Rio Grande do Sul no terceiro encontro Nautiway



A BORDO

FICOU NO

QUASE

Veleiro brasileiro da classe S40 por pouco não faz história e vence o mundial no Chile Por Antonio Alonso / Fotos Matias Capizzano

Desde que surgiu, no fim de 2008, a classe Soto 40 teve uma ascensão meteórica. Sul-americana da gema (nasceu graças a argentinos e brasileiros), em 2011, ela ameaçou desbancar competições internacionais milionárias como o melhor circuito internacional de vela do mundo. Na verdade, tudo o que faltou naquele ano foi mais agressividade – e mais dinheiro – no marketing. O barco, um veloz monotipo de 40 pés, foi adotado pela Audi MedCup, na Europa, e protagonizou um circuito sul-americano inédito. No Brasil, a Mitsubishi Sailing Cup foi comparada aos melhores circuitos de vela do planeta. O ano passado tinha tudo para ser a coroação da classe, só que o maior incentivador da classe no Brasil pulou fora. Acabou a Mitsubishi Sailing Cup, acabaram-se os patrocínios de três barcos, e a própria classe no Brasil quase acabou. Foi nesse cenário que aconteceu o mundial de Soto 40, no Chile, em janeiro. Dos sete barcos brasileiros que poderiam estar na raia, apenas dois viajaram ao mundial. Os chilenos, com 12 barcos, eram claros favoritos. Apesar da desvantagem numérica, quem roubou a cena foi o veleiro brasileiro Carioca. Mais acostumado com os últimos lugares do que com as glórias, a equipe do comandante Roberto Martins não venceu, mas fez tremer os campeões mundiais. Faltando apenas três regatas para o fim da competição, o Carioca apareceu na vice-liderança, cinco pontos à frente do Pisco Sour. Mas o sonho durou pouco. A equipe de Roberto Martins, que já foi velejador olímpico como proeiro de Star, e contava com feras, como o medalhista olímpico Clinio de Freitas e o tático André Mirsky, não suportou a pressão: terminou em sexto. O chileno Pisco Sour confirmou o favoritismo e levou o título. Já o Crioula, o outro brasileiro na raia, terminou em 10º lugar.

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O veleiro carioca Carioca (acima) acirrou a disputa pela mundial de S40, no Chile, mas terminou em sexto. Já o outro barco brasileiro na raia, o Crioula, terminou em 10º lugar



A BORDO

AGORA É PRA VALER Primeira seletiva na raia olímpica do Rio atraiu estrangeiros, revelou novas caras e apontou Robert Scheidt como favorito na Laser A disputa olímpica da Rio 2016 já começou. Mês passado, aconteceu a primeira seletiva olímpica da vela brasileira. O dono definitivo de cada uma das 10 vagas será conhecido só às vésperas das Olimpíadas, a partir de 2015, mas as seletivas anuais, como a que acabou de acontecer, são um degrau importantíssimo para quem sonha com a vaga. Elas ajudam a definir os atletas que receberão auxílio técnico e material da Confederação Brasileira para treinar e competir no exterior.

E a competição não é importante só para os brasileiros. Já neste ano, as delegações estrangeiras vieram ao Rio para conhecer de perto a raia onde acontecerão as disputas olímpicas. Das 10 medalhas em disputa nas próximas Olimpíadas, apenas o catamarã Nacra ainda não foi para a água. Nas outras nove classes, cinco nomes são novos, e quatro estiveram em Londres. Entre as novidades, Robert Scheidt, que retorna à classe Laser depois de oito anos na Star.

Quem é quem na nova equipe olímpica brasileira

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LASER: Robert Scheidt De volta a sua classe de origem, mostrou que não perdeu a forma: venceu 9 das 10 regatas

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LASER RADIAL: Renata Decnop Campeã brasileira, Renata derrotou a favorita Adriana Kostiw, que esteve em Londres

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470 MASCULINO: Fábio Pillar e Samuel Albrecht Ao lado do veterano Samuca Albrecht, Fabinho Pillar estreou com vitória fácil na 470 470 FEMININO: Fernanda Oliveira e Ana Barbachan As gaúchas, topo do ranking mundial, venceram o duelo contra Renata Decnop e Isabel Swan FINN: Jorge Zarif Jorginho confirmou o status de dono da vaga, enquanto Bruno Prada vai correndo por fora 49ER: André Fonseca e Francisco Andrade Com novo proeiro, Fonseca contou com um escorregão dos dinamarqueses para vencer no Rio

FINN: Jorge Zarif

49ER FX: Martine Grael e Kahena Kunze As brasileiras, que já são número 1 do ranking internacional, confirmaram o favoritismo RS:X MASCULINO: Ricardo Winicki Winicki ficou em terceiro, atrás do israelense e do grego, mas manteve a hegemonia no Brasil

Laser Radial: Renata Decnop

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470 Feminino: Fernanda Oliveira e Ana Barbachan

RS:X FEMININO: Patricia Freitas Patricia esteve nas Olimpíadas de Londres e derrotou a espanhola Marina Alabau, campeã olímpica

FOTOS FRED HOFFMANN

Laser: Robert Scheidt


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