Um passo Uma descoberta

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Mídia, Imagem e Imaginário 12 a 15 de outubro Universidade Federal de Goiás Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia

Modalidade Exposição Título: Um passo Uma descoberta1 Ana Rita VIDICA2 , Ana Luiza Loures PINTO, Isadora da Silva PICOLO, Jullyane Alves NOLETO, Karine do Prado Ferreira GOMES, Letícia Morgado DELEU, Luiza Francisca de Morais CARNEIRO, Maria Cláudia Reis SILVA, Sindy Guimarães LEMOS3 GT 9 – Estudos Interdisciplinares da Comunicação

Palavras-chave: Cultura Afro-brasileira; Fotografia; Caminhada; Candomblé

Texto sobre a exposição “Um passo Uma descoberta” é uma exposição que retrata, por textos e

fotografias as descobertas feitas por Ana Luiza Loures, Isadora Picolo, Karine do Prado e Letícia Deleu ao participar da 3ª Caminhada em Homenagem aos Mestres da Tradição Afro-brasileira, realizada em Goiânia, no dia 17 de setembro de 2011. Depois do registro, a apresentação das imagens na disciplina “Laboratório de Fotografia”, ministrada pela Profa. Ms. Ana Rita Vidica, dando continuidade à descoberta, agora pelos olhos da referida professora e das 1

Trabalho apresentado na VI FEICOM: Mídia, Imagem e imaginário. De 12 a 15 de outubro de 2011, em Goiânia – GO. 2 Mestre em Cultura Visual pela Faculdade de Artes Visuais (FAV-UFG) e docente do Curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda (FACOMB-UFG) – Email: anavidica@gmail.com. 3 Discentes da disciplina de Núcleo Livre Laboratório de Fotografia da Universidade Federal de Goiás. Os emails, respectivamente, são: analuizaloures@hotmail.com, isadorapicolo@ymail.com, jullyanealvesnoleto@gmail.com, karinedoprado@hotmail.com, leticiamdeleu@gmail.com, lufran.morais@gmail.com, mariaclaudiareis@gmail.com, sindokah@yahoo.com.br.

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outras alunas, Julyane Noleto, Luiza Morais, Maria Cláudia Reis e Sindy Guimarães. Em conjunto, a partir das vivências do fazer e do ver, surge a seleção de imagens, textos dos diários e organização da exposição. Assim, ao adentrar o espaço desta exposição o espectador adentra também o espaço do desconhecido, dividido em quatro sessões: Chegamos (cinco fotografias do primeiro local visto pelas fotógrafas, um portão azul)4; Começamos a andar (dez fotografias, colocadas em caixas, que mostram os lugares e objetos vistos com olhos curiosos)5; Olhamos com os pés (quarenta e seis fotografias contendo homens, mulheres e crianças à espera e na preparação do grande momento)6; Caminhamos Juntos (quinze fotografias que registram o momento da caminhada e o olhar curioso de pessoas no entorno dela)7. Assim, das cortinas de tecidos azuis8, a sensação de, também, dar um passo rumo à descoberta, mediada pelas lentes e escritas das fotógrafas e selecionadas pelas curadoras. Justificativa / Base Teórica O medo do desconhecido nos causa um certo incômodo. Chegamos a um lugar desconhecido com nossas armas. Precavidos e com receios. Quando vi aquele portão azul velho, no sábado do dia 17, cheguei como uma turista em terras estrangeiras. Com meus escudos na mão: câmeras, objetivas...estava ali somente para fotografar. Bem, era isso que eu pensava. 9

Karine do Prado registra, nestas linhas de seu diário de aula10, as suas sensações de adentrar o desconhecido, em consonância com o sentimento das demais fotógrafas. Isso demonstra que, a fotografia se fazia, não só pelo enquadramento das cores, linhas e formas, mas das sensações vividas naqueles momentos. Assim, é possível vislumbrar um aprendizado pela experiência, “ao invés de pensá-lo como produção externa” (SHUSTERMAN, 1998, p. 48), o que demonstra

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Fotografias no tamanho 15x21cm. Fotografias no tamanho 10x15cm. 6 Fotografias no tamanho 20x30cm. 7 Fotografias no tamanho 20x30cm. 8 Referência ao portão azul de entrada do local-base onde ocorreu a caminhada, que é a primeira casa de Candomblé de Goiânia, a Casa de Candomblé do Pai João de Abuque. 9 Relato registrado no diário de aula da discente Karine do Prado. 10 Metodologia do uso do diário de aula para os registros sensoriais, perceptivos e fotográficos, na disciplina “Laboratório de Fotografia”. 5

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que a criação fotográfica é em si uma experiência intensa que forma tanto o fotógrafo como o “objeto” fotografado. E, esta ânsia pela descoberta do outro, balizou todo “caminhar fotográfico”, como se percebe pela escrita no diário da Isadora.

Achar os detalhes, ver o que a maioria das pessoas não via, misturar e contrastar as cores dos tecidos, localizar os personagens, achar o inusitado e reverenciar a alegria nos semblantes deste povo afro brasileiro que defende sua religiosidade e cultura com tanta veemência. 11

Isadora Picolo continua dando os passos que levam a ver os rostos, pele e sorrisos de cada um que esteve ali, à espera e em preparação do “grande momento”. E, ele é chegado. A caminhada se inicia. E, com passos, inicialmente desajeitados, Ana Luiza Loures tenta acompanhar. E, expõe em seu diário: “As fotos da marcha são bem mais difíceis. Conseguir acompanhar o movimento, tentar achar bons temas e esperar expressões faciais legais ao mesmo tempo não é tão simples”. Apesar desta dificuldade, Ana Luiza Loures e as outras fotógrafas mostram os olhares, não só daqueles que estão na caminhada, mas os olhares curiosos de quem mora ou passa por ali e, se sente impelido, inclusive de fotografar o evento. Ao ir embora, Letícia Deleu sentiu que deixou para trás alegria e festa. E, escreve em seu diário: “O coro se afastava, mas mesmo assim, vi que não tinha fim a persistência em manter viva a tradição”. E, completa que “entrar naquele universo particular foi interessante, mas acima de tudo, uma experiência nova”. É esse experienciar o outro, esse adentrar o outro, a fé do outro, a tradição do outro, a cultura do outro, que perpassa todos os relatos e imagens desta exposição. Assim, “Através da fotografia aprendemos, recordamos e sempre criamos novas realidades. Imagens técnicas e imagens mentais interagem entre si e fluem interruptamente num fascinante processo de criação / construção de realidade – e de ficções” (KOSSOY, 2005, p. 34). E, estas imagens estabelecem diálogos com os relatos nos diários, uma vez que é através da escrita que assaltam as dúvidas, as inseguranças e as incertezas (OLIVEIRA, 2011, p. 176). Logo, a cada fotografia, a cada palavra, a cada passo, uma descoberta.

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Relato registrado no diário de aula da discente Isadora Picolo.

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Imagens que comporão a exposição

Imagem 1 – Fotografia que comporá a exposição na sessão “Chegamos” Autoria: Karine do Prado

Imagem 2 – Fotografia que comporá a exposição na sessão “Começamos a andar” Autoria: Letícia Deleu

Imagem 3 – Fotografia que comporá a exposição na sessão “Olhamos com os pés” Autoria: Ana Luiza Loures

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Imagem 4 – Fotografia que comporá a exposição na sessão “Caminhamos juntos” Autoria: Isadora Picolo

Referências Bibliográficas KOSSOY, Boris. O relógio de Hiroshima: reflexões sobre os diálogos e silêncios das imagens. In: Os tempos da fotografia: o efêmero e o perpétuo. São Paulo: Ateliê Editorial, 2007. OLIVEIRA, M. O. de. Por uma abordagem narrativa e autobiográfica: diários de aula como foco de investigação. In: Martins, R. E Tourinho, I. (Orgs.) Educação da Cultura Visual: conceitos e contextos. Santa Maria: Ed. UFMS, 2011, p. 175-190. SHUSTERMAN, R. Arte e teoria entre a experiência e a prática. In: Vivendo a arte: o pensamento pragmatista e a estética popular. São Paulo : Ed. 34, 1998, p. 21-57.

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