Manutenção do Mané preocupa para Olimpíadas

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Esporte - Rio 2016

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Manutenção do Mané preocupa para Olimpíadas Gastos com reparos na arena chegam a R$ 700 mil mensais. O local é opção para eventos esportivos e culturais na capital federal Victor Fernandes

fernandesvictor.neves@gmail.com

Imagem cedida por Rafael Duarte

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o dia 8 de junho, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiu interditar o estádio Mané Garrincha, estádio cuja reforma custou cerca de R$ 1,7 bilhão, após confronto entre torcidas do Flamengo e do Palmeiras em um jogo no dia 5. A avaliação é que o estádio não teria condições para receber partidas com a devida segurança e que falta infraestrutura que garanta melhores condições para o torcedor. O fato, porém, é que o estádio já preocupava antes da interdição. Até o fechamento dessa reportagem, não havia definição de prazo para que o estádio deixasse de ter a sanção. O Mané Garrincha pós-reforma, que foi reinaugurado como uma arena de Copa do Mundo, virou um refúgio para clubes de outros estados. Dito como um “elefante branco”, o estádio Nacional Mané Garrincha, no centro de Brasília, é um dos campos que receberá as Olimpíadas em agosto deste ano. A cidade vai receber 10 jogos de futebol, sendo sete masculinos e três femininos. Mais jogos que os realizados na Copa do Mundo de 2014. A Secretaria de Turismo é quem gere a arena. O desembolso mensal é de R$ 700 mil para manutenção, que inclui gastos com energia, limpeza, reposição de peças, preservação do gramado, pequenos reparos, entre outros serviços, gerados pelo uso contínuo do espaço. Os cuidados do estádio são divididos pela secretaria e por quem o aluga para partidas de futebol ou eventos culturais. A preocupação maior é sobre as condições de limpeza do estádio. Cadeiras sujas e banheiros imundos, além da falta de água nos bebedouros, estão entre os transtornos. Com olhar de responsável sobre os encantos e desencantos do local, o subsecretário adjunto de turismo, Jaime Recena, explica que o estádio é novo e as dependências também. “Somos muito bem avaliados pelos torcedores. Na época da copa e com o passar do tempo, conseguimos atender todos os jogos que recebemos por aqui”. Recena diz que o gramado chegou a passar por problemas, até pela falta de cuidado. Mas, segundo ele, todas as dificuldades já foram sanadas. Um dos últimos jogos ocorridos na arena multiuso foi a final do campeonato candango entre Luziânia e Ceilândia, nos dias 30 de abril e 7 de maio. O Jornal Esquina foi ao local da partida e o gramado estava em perfeitas condições. “Em relação a essa parte de limpeza, estava tudo muito limpo, cheiroso, nada para reclamar. Cheguei a conversar com alguns torcedores, ninguém reclamou, pelo contrário, também aprovaram tudo”, comenta o presidente Associação Atlética Luziânia, Daniel Vasconcelos. Por parte do gramado, o cartola afirmou que estava impecável e as condições para um jogo, principalmente de final de campeonato, superaram as expectativas. As opiniões divergem. Jogador muito experiente na capital federal, Baiano, do Brasília, discorda do presidente do azulino goiano. Volante conhecido

no futebol candango, ele foi o primeiro a levantar um troféu no Mané Garrincha, mas não tem jogado mais na arena. Estreado em 2013, Baiano relata que, mesmo assim, existem problemas. “Joguei lá na final do Candangão de 2013, fomos campeões e o gramado e a limpeza estavam impecáveis. Já nesse ano, o gramado não estava tão bom assim, a água dos vestiários continua gelada, mas, sobre limpeza, não sou apto a falar”, completa o jogador.

“Em Sidney, era diferente”

O jogador da equipe do Brasília Futebol Clube, que já disputou os jogos olímpicos de 2000, em Sidney (Austrália), comenta que os gramados das arenas daquela época sempre estavam bem cuidados e excelentes para a prática desportiva. Segundo Baiano, por haver grande leva de partidas no local antes das Olimpíadas, o estádio pode estar em baixa qualidade para a disputa dos jogos do evento. “Não vai chegar em perfeitas condições para as olimpíadas. Vão ter ainda algumas sequências de jogos, como o Flamengo, que vai mandar muitas partidas aqui. Por mim, (o estádio) fecharia para estar 100% nos jogos”. O técnico em informática Gabriel Laurindo, 21 anos, é torcedor e afirma que já foi ao estádio duas vezes em 2016. Ele frequentou a arena na semifinal da Primeira Liga, campeonato formado neste ano com times do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Ao fazer um comparativo com a Copa do Mundo, Gabriel diz que o estádio precisa de algumas melhorias. “Questão de assentos está boa, não tem do que reclamar, tudo bem conservado. Já os banheiros precisam de reparos. Tinham alguns sanitários interditados e pias danificadas”. Quanto à manutenção do complexo, ele diz que a iluminação de dentro e fora do estádio precisa de reparos. Na saída de jogos e eventos, a falta do recurso pode ser um problema para a segurança. “A expectativa é que o estádio esteja em boas condições, tanto de jogo quanto para os torcedores.”

Aluguel

10 jogos nas Olimpíadas

A capital federal vai receber 10 jogos de futebol masculino e feminino nas Olimpíadas. Brasília é uma das cidades do futebol, juntamente com Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Manaus e São Paulo. A seleção masculina vem ao Distrito Federal para jogar contra África do Sul e Iraque, pela fase de grupos. Além disso, a partida pela medalha de bronze será disputada na capital do país. A seleção feminina de futebol do Brasil não jogará no estádio Nacional Mané Garrincha, porém, três jogos da fase de grupos serão realizados aqui. Os jogos olímpicos Rio 2016 acontecem entre os dias quatro e 21 de agosto.

www.uniceub.br/jornalesquina

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Os preços variam para alugar a arena. Segundo a Federação de Futebol Brasiliense e a Secretaria de Turismo, o valor acordado para os dois jogos das finais do campeonato candango, por exemplo, foi de 15% da renda bruta do evento. A parte de limpeza deve ser feita por quem aluga o espaço e, na final, ficou a cargo da Federação. A variação do preço depende também de quanto da capacidade do estádio será necessária para realização do respectivo evento. Quando utilizado apenas o anel inferior, a estimativa abaixa para 13% da renda. O Clube de Regatas do Flamengo não informou qual foi a empresa de limpeza contratada e nem o valor gasto com o serviço.


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