No Céu nao há limões

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NO CÉU NÃO HÁ LIMÕES DE SANDRO WILLIAM JUNQUEIRA

COMENTÁRIOS DO CLUBE

É tudo verdade. A verdade nua e crua escrita em jeito de ficção. Mas está tudo lá, os nomes que englobam uma geração, uma profissão, uma classe social, uma cultura … A política de mão dada com a religião e esta de braço dado com a economia e a defesa, ninguém faltou à chamada! Dos contos infantis veio a fada que realiza os desejos dos homens em sonhos ou na realidade quando há algo a receber em troca. Em tudo o ponto sem nó fica alheio, como os afectos ou o amor, de outras vidas noutras galáxias que não aquelas onde a guerra comanda a morte, onde os homens se mostram tal como são, sem emoções, sem magia, sem segredos. Matam-se uns aos outros como os peixes no mar (parece uma alusão ao "Sermão de Santo António aos Peixes). O passaporte para o Norte é a passagem para a morte. A sociedade é exposta como se não evoluísse, só regredisse. A escolha dos nomes das personagens faz lembrar o "Auto da Barca do Inferno", de Gil Vicente. Uma única personagem dá a conhecer todas as do seu grupo, etário, profissional, social, cultural, etc. Nesta história sem século, que tanto pode descrever o século XXIII como o século XVI, a sociedade é retratada no seu pior, infelizmente, na sua verdadeira forma de estar e ser. Como um amigo muito culto e sensato me dizia: "Life is not emotional, Ana, life is real." A maioria das personagens estão aqui como poderiam ser pessoas na vida real, fora do livro. No final do livro, a Avó diz: "No céu não há limões. Mas devia." No início do livro, quando vai colher um limão, chama-lhe "limão sábio". Será que o autor queria dizer que deveria ser possível consultar "limões sábios" no céu? Antes ou depois de virmos à Terra? Ana Cristina Féria

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