ANAS & ENA
Chegava dezembro e com ele as ruas da aldeia enchiam-se de luzes e enfeites natalícios. Luísa, via toda aquela agitação e não conseguia ficar indiferente:
-MAMÃ, PAPÁ, podemos começar a enfeitar a nossa quinta hoje?
-Hoje não filha, estamos muito atarefados, mas já que estás tão animada, podes começar a escrever a carta ao Pai Natal.
Luísa seguiu o conselho da mãe e começou a escrever a sua carta.
Há 3 anos que o pedido era o mesmo e este ano não foi exceção … …a menina desejava um CAVALO para juntar aos restantes animais da quinta.
O pedido havia sido negado por falta de possibilidades económicas e de responsabilidade por parte dela para tomar conta de um animal daquele porte.
Após lerem a carta da carta da sua filha, Pedro e Sandra decidiram dar o animal uma vez que já tinham capacidades e a menina já era crescida.
Chegou a véspera de Natal e com ela o cavalo a quem a menina deu o nome de Tornado.
Na manhã seguinte, a Luísa foi até ao celeiro para dar comida aoTornado, mas quando lá chegou este já lá não estava.
O desespero era tanto que ela queria partir de imediato à sua procura, porém os pais não a deixaram porque não queriam que a filha andasse sozinha. Destemida e teimosa como era bateu o pé:
-Não podes andar por aí sozinha, imagina que te acontece alguma coisa!
- exclamou a mãe.
-Tenho de ir já, não posso deixar que chegue a noite, oTornado precisa de mim!
Descontente com a decisão dos pais, Luísa fugiu em busca do seu cavalo.
Após longas horas de procura e sem qualquer resultado, deparou-se com alguém que dizia querer ajudá-la. Era um homem alto, magro, vestido de vermelho, com um rabo pontiagudo e dois cornos na cabeça. Luísa chegou até a pensar que fosse um diabo e embora a má aparência, não recusou a ajuda porque estava desesperada.
-Como é que me podes ajudar se nem sabes o que procuro?
- perguntou a menina.
-Isso dizes tu, sei mais do que imaginas hihihi- disse o diabo com ar maléfico- sei que andas à procura doTornado.
-Viste-o? Para onde é que ele foi?
Este homem era de facto um diabo, não só sabia onde estava o cavalo como foi ele o causador do desaparecimento do mesmo.
-Raptei o teu cavalo porque quero o teu anel. - disse o diabo.
-O meu anel? Porquê? - perguntou a menina confusa.
-Olha para a tua mão, vê bem esse anel!
-É um anel de família, já atravessou várias gerações, mas fora o valor sentimental que tem para mim, não vejo qual o teu interesse nele.
-Não tens noção do quão valioso ele é. Em troca do anel, dar-te-ei o teu cavalo.
-Mas porque o queres tanto?
-Quando te roubei o cavalo a minha amada ficou responsável por prendê-lo e levou-o para dentro de uma porta que estava aberta na floresta. Quando dei por ela, a porta trancou-se e desapareceu, agora a única forma que tem para sair de lá é usando o teu anel.
-Estás a dizer que o meu anel é mágico?questionou Luísa admirada -Sim!!! Para fazeres surgir a porta tens de esfregar o anel 3 vezes e para a abrires só tens de encaixar o diamante na fechadura. Amenina lá fez o que o diabo lhe disse e a porta apareceu e abriu-se.
Entraram os dois à procura do que queriam até que o diabo, após encontrar a sua amada, virou-se para a menina e disse-lhe: -Achas que é tudo tão fácil?Agora vais ter de tomar uma decisão, ou vais embora, levas o teu cavalo e ficas muda ou ficas aqui presa com o teu cavalo e continuas com voz.
-Quero voltar para os meus pais, mesmo que isso implique ficar muda.
-É essa a tua decisão final? -Sim, é.
Amenina saiu pela porta e quando se apercebeu da escolha que tomou, começou a chorar.
Ao ouvir o choro o pai entrou no quarto, acendeu a luz, abraçou a filha que acordou e apercebeu-se de que o susto não passou de um pesadelo.
Era dia de Natal e a Luísa estava feliz com o seu anel e o tão desejado cavalo.
