Revista Alcance

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Cartão de crédito saiba como usar e fugir dos juros

Alcance economia 30 NOVEMBRO 2013 | Nº 001 | R$ 3,90

ISSN 1455494

www.revistaalcance.com.br

CASA PRÓPRIA Crédito fácil e ofertas atraentes são atalhos para realizar a conquista do seu maior sonho Saiba como financiar

facilidades oferecidas pelos bancos

CARRO OU MOTO? Veja o que custa mais barato para comprar e manter

MEU DINHEIRO Os mitos e verdades sobre as suas contas


DA REDAÇÃO

SUMÁRIO

Alcance economia www.revistaalcance.com.br

Reportagem Bárbara Libório, Érika Rios, Fernanda Ferreira, José Magalhães, Juliana Nogerino, Karen Bogdzevicius, Laiza Lopes, Lucas Sposito, Maísa Correa, Nicolas Iory, Ranny Oliveira e Thaís Lopes Orientação de reportagem Alexandra Gonsalez Eduardo Nunomura Orientação de arte José Reis Filho A Revista Alcance é uma publicação dos alunos do 6º semestre de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo. Universidade Metodista de São Paulo - R. Alfeu Tavares, 149 Rudge Ramos - São Bernardo do Campo - SP - CEP: 09641-000. Telefone: (11) 4366-5000 e demais regiões 0800-889-2222.

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só dar uma rápida pesquisada sobre “classe C” nos sites de busca para que uma enxurrada de notícias saltem aos olhos: do impulso à economia a dicas para grandes empresas chegarem a essa parcela da população. De alguns anos para cá, a classe C se tornou a mais famosa do país. Medidas econômicas fizeram com que o poder de consumo das pessoas inclusas neste contingente aumentasse consideravelmente, despertando a atenção de um mercado que, antigamente, só se preocupava com as classes mais altas. A Revista Alcance quer mais: quer que esse momento inédito seja bem aproveitado de forma que renda bons frutos. Por isso, nossa primeira edição traz na matéria de capa importantes lições para quem quer poupar dinheiro para realizar o sonho da casa própria. Além disso, outra matéria especial fala sobre como não se afogar em dívidas de cartão de crédito. Dicas sobre financiamento de carros e motos, finanças pessoas e carreiras também podem ser encontradas, além de exemplos de empreendedorismo e conselhos de especialistas de como investir no próprio negócio. A primeira edição da Revista Alcance quer mostrar de cara a que ela veio e o que ela quer: ser a melhor amiga de quem deseja controlar seu orçamento, aprender a lidar com dinheiro e investi-lo de forma consciente. Esperamos que nossas dicas sejam valiosas! Abraços, A redação.

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Economista ajuda a sanar a dúvida entre financiar um carro ou optar por uma moto.

DÍVIDAS Erika Rios

Direção de Arte Fernanda Ferreira Nicolas Iory

CAPA

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Descubra mitos e verdades que vão ajudá-lo a assumir as rédeas do dinheiro.

EMPREENDEDORISMO 10

Conheça a história da ex-empregada doméstica que fatura até R$ 80 mil por mês.

PRIMEIRO NEGÓCIO 06

MEU IMÓVEL Comprar a casa própria está mais fácil, sendo possível financiar até 100% do valor do imóvel. Reunimos dicas para ajudar na escolha do melhor momento de comprar seu próprio imóvel e o tipo de empréstimo.

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CONTROLE Siga as orientações dos especialistas, fuja do vermelho e não caia em armadilhas.

Saiba como passar de empregado para patrão investindo no próprio negócio.

COMPORTAMENTO 17

Erika Rios

Diretora de Redação Karen Bogdzevicius

ESCOLHA

Descubra os erros cometidos nas redes sociais e saiba como fugir deles.

TESTAMOS 18

Cinco aplicativos para smartphones que ajudam a organizar as contas.

CELEBRIDADES

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A cronista Fernanda Ferreira retrata o novo cenário em que a classe C está inserida. REVISTA ALCANCE 3


ENTREVISTA

FINANÇAS PESSOAIS

DINHEIRO, DINHEIRO MEU

A ESCOLHA QUE CABE NO BOLSO v

RANNY OLIVEIRA

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Arquivo pessoal/Facebook

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o momento de financiar um veículo, muitas pessoas ainda ficam na dúvida entre comprar um carro ou uma moto. Afinal, querem a opção mais econômica e que atenda as necessidades do dia a dia. Para ajudar nesta escolha, o economista João Carlos Oliveira, mestre em Administração de Negócios pela FIA (Fundação Instituto de Administração), traz dicas importantes. Em meio a tantos mitos sobre as vantagens e desvantagens de parcelamentos, João Carlos explica que a melhor maneira de financiar qualquer tipo de veículo, sem se endividar, é se preparar. Guardar uma boa quantia em dinheiro para comprar à vista ou para dar de entrada, seriam os primeiros passos. Alcance: O que é mais econômico: moto ou carro? João Oliveira: Sem dúvida, moto é a opção mais econômica. Os gastos com gasolina e manutenção são mais baixos do que de um carro. Mas, tratando-se de financiamento, parcelar uma moto é mais caro, pois os juros são mais altos. Porém, as parcelas são menores e cabem no bolso com maior facilidade, ao contrário do carro. É importante lembrar que os custos tanto da moto quanto do carro são muitos. Alcance: E o seguro, vale a pena contratar? Oliveira: Embora seja um investimento caro, é muito importante adquirir o seguro. Afinal, se o seu carro ou moto não estiver protegido, todo o dinheiro que você tiver investido será

O economista recomenda que não se gaste mais de 20% da renda com pagamentos de parcelas.

desperdiçado. Recomendo que se não for possível adquirir um seguro completo, que você compre coberturas para terceiros ou rastreadores. Alcance: Quais são os prós e contras de comprar um carro ou moto usados? Oliveira: A maior vantagem é que a desvalorização já aconteceu. Além disso, o veículo costuma estar equipado. A desvantagem é que no momento de financiar o juros ficam mais altos. Porém, mesmo que as parcelas e juros de um carro novo sejam menores, o valor total dele é maior do que de um carro usado ou semi-novo. Alcance: Como é o processo para financiar um veículo? Oliveira: O ideal é que o compra-

dor leve um valor em dinheiro que seja suficiente para pagar, pelo menos, 20% do valor total do carro ou moto. Uma ficha será preenchida com os dados pessoais e enviada para avaliação do banco. Se tudo estiver de acordo, o banco libera a compra. Geralmente, a diferença de financiar um carro novo para o usado é de quase 20%. O ideal é que o número de parcelas não seja superior a 24 meses, pois o juros fica maior. Alcance: Como pagar as parcelas do financiamento sem pesar no salário? Oliveira: O ideal é que não se comprometa mais de 10% da renda com pagamento de parcelas. Desta forma, você consegue pagar o seu financiamento, despesas mensais e, ainda, guardar dinheiro para futuros investimentos. Alcance: Como conseguir boas propostas de financiamento? Oliveira: O melhor é esperar o período em que as vendas estejam em baixa, pois os juros ficam menores. Isso costuma acontecer no mês de fevereiro, pois as concessionárias estão vendendo menos e aproveitam para fazer promoções. Alcance: Quais as vantagens e desvantagens do financiamento? Oliveira: A vantagem é que permite que as pessoas consigam comprar o que desejam, de uma forma rápida e flexível. A grande desvantagem é que o valor pago em juros pode ser o suficiente para comprar muitas outras coisas, caso seja guardado para uma compra à vista. u

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e você está em busca de um método infalível para controlar os gastos, assuma: você tem dívidas. Segundo o especialista em finanças pessoais da A, R&D, Álvaro Dias, as pessoas acreditam que dívida é só o que está em atraso. Mito. O aluguel da casa, a faculdade, o carro são dívidas. Mas as despesas do cotidiano não são consideradas algo negativo. Conheça alguns mitos e verdades sobre finanças pessoais e saiba como assumir de vez as rédeas do seu dinheiro.

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agar as contas no débito automático é um mecanismo eficaz para manter as contas. Mito. É preciso ficar atento ao deixar terceiros pagarem algo que pertence a você. É comum que o banco debite contas de valores altos com ressarcimento que chegaram um ano depois do ocorrido. Para piorar, o débito foi feito utilizando o limite do cheque especial e você paga juros.

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final do ano é o período mais propício para se endividar. Verdade. Com o fim de ano, vem os gastos das festas e férias. A dica para passar essa fase sem perder o controle sobre o próprio dinheiro é planejar e se antecipar às despesas. Para quem busca o apoio do cartão de crédito nesse período, o cuidado deve ser redobrado. Aos amantes do crédito, só utilizem esse meio se tiver a certeza de que a fatura poderá ser paga à vista.

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á para investir ganhando uma média mensal de no máximo R$ 1.000,00. Verdade. Qualquer que seja o ganho de uma pessoa ou família é sempre possível poupar. Engana-se quem acredita que guardar pouco não faz diferença. Toda grande quantia começou com pouco. O entrave para começar a guardar dinheiro é o consumo sem planejamento.

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omprar carro é o melhor investimento para o seu dinheiro. Mito. Se por um lado, a compra de um carro vem acompanhada de despesas adicionais e perda de valor, investir em uma formação, por exemplo, vai tornar o profissional mais competitivo no mercado de trabalho e preparado para procurar melhores posições.

5 U º

sar o 13° salário ou restituição do IR para pagar as dívidas é uma boa alternativa. Mito. Esse dinheiro deve ser utilizado para realizar novos desejos. Quando o 13° salário ou restituição do IR são destinados para saldar dívidas, a pessoa estará combatendo o efeito do problema financeiro e não a verdadeira causa. Com as despesas controladas, guardar o dinheiro é a melhor alternativa.

Com consultoria dos especialistas Álvaro Dias (A,R&D) e Reinaldo Domingos (DSOP) REVISTA ALCANCE 5


REPORTAGEM

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JOSÉ MAGALHÃES KAREN BOGDZEVICIUS

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À VISTA OU A PRAZO? Ainda que com condições melhores, os juros pesam muito no bolso de quem faz um financiamento, principalmente quando o pagamento acontecerá em muitos anos. Segundo o consultor financeiro da Caixa Econômica Federal, Mauro Calil, avaliar as opções de financiamento e condições finan-

ceiras da família é fundamental para não entrar em uma roubada. “As parcelas vão cair e podem até caber no bolso, mas serão cinco anos a mais de juros a serem pagos”, ensina. Segundo o economista e professor da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Volney Gouveia, a melhor opção é o pagamento à vista, pois não há a cobrança de juros. “No entanto, imóveis são bens de alto valor e são poucos os que podem pagá-lo à vista”. Ele explica que a maioria dos brasileiros guarda um pouco de dinheiro para dar uma entrada e recorre aos bancos para parcelar o restante em um financiamento.

menciona que vai amortecer a dívida com o FGTS, o trabalhador conta com esse recurso para comprar a casa própria e na hora que ele precisa surgem todas as burocracias”. DIRETO NO BANCO Mas se você não se enquadra nos quesitos de renda e valor de imóvel do programa, outra opção é o empréstimo diretamente com os bancos. Os públicos, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, possuem os menores juros, que podem chegar a 7% ao ano, dependendo da renda. Apesar das taxas menos convidativas e a necessidade de uma entrada, geralmente entre 10% e 20% do valor total do imóvel, os principais bancos oferecem financiamentos menos burocráticos. Essa foi a escolha da publici-

tária Denise Almeida dos Santos, que comprou um imóvel no valor de R$ 250 mil na grande São Paulo. Ela ainda não entrou no financiamento porque está terminando as parcelas intermediárias de 30, 60 e 90 dias. “O imóvel não está dentro do programa do governo. Só vou decidir meu financiamento daqui há três anos. Comprei na planta porque as condições de pagamento são bem melhores do que se o imóvel estivesse pronto”, afirma. Os economistas ainda ressaltam que é importante lembrar que a compra não envolve apenas o valor negociado. Também é necessário reservar dinheiro para pagar o custo do contrato, seguros para pagamento do financiamento, o Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) e o registro no cartório. Em São Paulo, estes gastos podem chegar a até 8% do valor do imóvel que está sendo comprado. u

José Magalhães

uros menores, prazos maiores e facilidade de crédito para a compra e construção de imóveis. Essas condições, criadas pelo governo nos últimos anos, visam o crescimento e a estabilidade da economia do país e vêm tornando o sonho da casa própria realidade para muitas famílias. Só em agosto, os financiamentos imobiliários concedidos alcançaram R$ 314,9 bilhões. Reduzir o problema de moradia no país faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2), que tem como meta construir dois milhões de habitações em todo o país, das quais 60% podem ser financiadas através do programa “Minha casa, Minha Vida”. Nesta mesma linha, a Caixa Econômica Federal baixou os juros sobre os empréstimos para compra de imóveis de 10% para 8,85% ao ano, pelo Sistema Financeiro de Habitação, e aumentou os prazos para pagamento de 30 para 35 anos.

As famílias com renda máxima de R$ 5 mil ao mês podem parcelar até 100% do valor do imóvel com o financiamento “Minha Casa, Minha Vida”. Porém, para aderir ao programa o imóvel que está sendo comprado não pode ultrapassar R$ 190 mil. O professor Volney Gouveia, aponta que o plano é uma excelente alternativa. “Os juros são mais baixos e o beneficiário não precisa devolver o subsídio ao Governo no futuro”. No entanto, Gouveia destaca que a compra de um imóvel no valor de R$ 190 mil sem entrada não é uma boa opção. “Se a taxa for de 7% ao ano a prestação será de R$ 1.370. Com um valor de R$ 50 mil de entrada, as prestações saem a R$ 570”. Mesmo se enquadrando em todas as condições do “Minha Casa, Minha Vida” e possuindo uma entrada de 20% do valor do imóvel, o advogado Elzio Fernandes Baltar enfrenta a burocracia do programa há quase três anos. Ele está financiando R$ 118 mil, para pagar em 336 meses (28 anos). “O problema é quando você

Can Stock Photo

Casa própria: como financiar a sua

REPORTAGEM

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CAPA - REPORTAGEM

CAPA - REPORTAGEM

OS ESPECIALISTAS RESPONDEM O economista Volney Gouveia e o consultor imobiliário Wagner Patrocínio te ajudam desde a decisão de compra até a hora da negociação.

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Estou preparado para comprar?

Quanto da minha renda mensal posso comprometer no financiamento?

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A maior parte dos bancos permite um comprometimento de até 30% da renda bruta mensal (o salário sem os descontos do INSS, vale transporte, cesta básica etc.) com a parcela do financiamento, ou seja, se a pessoa possui um salário de R$ 3 mil, a sua parcela pode ser de, no máximo, R$ 900 por mês.

Verifique se o perfil do imóvel está de acordo com suas condições financeiras. O ideal seria começar com um apartamento menor e, depois, se planejar para a aquisição de um maior.

Como o vendedor recebe?

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Qual a melhor opção de empréstimo? Compare os planos de diferentes bancos e esteja atento ao valor das parcelas, aos prazos de pagamento e aos juros anuais. O valor pago por mês pode ser pequeno e caber no bolso, mas quanto maior for o tempo, mais se pagará no final por causa dos juros anuais.

O valor da entrada pode ser pago pelo comprador, total ou parcialmente, como sinal ao vendedor. A parcela do banco é paga diretamente na conta corrente do vendedor dentro do prazo de 15 a 60 dias.

Comprei financiado, posso vender?

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Não consigo financiar 100%. E agora? A maioria dos bancos pede uma entrada mínima para o financiamento de 10% a 20% do valor total do imóvel. Se você não tiver guardado toda esta quantia, uma opção é usar o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) na compra.

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Vender o imóvel financiado e não quitado exige cuidados e contratos de gaveta não devem ser usados. Para vender a alguém que continuará com o financiamento, será necessária a transferência do saldo devedor para o comprador. Neste caso, o banco irá verificar se ele tem condições de assumir a dívida. Estando aprovado, o primeiro financiamento será quitado e um novo será realizado no nome do comprador.

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PERFIL

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JULIANA NOGERINO

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rês horas da tarde de um sábado chuvoso na Vila Livieiro, em São Bernardo. A busca era pela moça que trabalha com bolsas de tecido e costura. Não precisamos procurar muito para a vizinhança logo apontar um sobrado claro no meio da rua. No portão, conversando com um amigo, aparece Lucineide Nascimento. Vestida de maneira simples, a potiguar de 44 anos nos recebe de sorriso aberto, exibindo a agitação de quem já havia cuidado da casa, feito almoço da família e levado os filhos no curso de inglês. Lú, como gosta de ser chamada, tem uma rotina corrida dividindo-se entre as funções de dona de casa e microempreendedora. Ela é dona da Edilu – empresa que produz cerca de 10 mil sacolas ecológicas por mês. O item principal do negócio de Lucineide aparece com o objetivo de substituir as sacolas plásticas, que demoram até 400 anos para se autodecomporem na natureza. Se os benefícios do negócio para a metrópole são muitos, os valores financeiros não são menos impactantes para a empesária. Com o empreendimento, ela fatura aproxi10 www.revistaalcance.com.br

madamente R$ 80 mil por mês. Mas nem tudo veio fácil na vida da mãe de dois meninos e esposa do sócio Rossini de Oliveira. Com apenas 17 anos, ela saiu sozinha da cidade de Natal para enfrentar os desafios do Rio de Janeiro. Da Cidade Maravilhosa ela viu pouco, pois quando chegou, foi direto trabalhar como empregada doméstica no bairro Madureira. Após quatro anos de muito esforço e pouco reconhecimento por parte dos patrões, Lucineide estabeleceu um novo objetivo para sua vida: trabalhar de forma autônoma. “Para começar um empreendimento você tem que ser corajoso e persistente. Eu sempre fui, além de muito atrevida”, conta. Como representante comercial de utensílios domésticos em São Paulo, ela conseguiu economizar dinheiro suficiente para comprar a sede de sua empresa. “Eu comprava só o que era de extrema necessidade. Trabalhava, mas não podia bancar nem um tênis novo, vestia várias meias e não cruzava a perna para ninguém perceber o buraco

na sola do meu sapato”, conta Lucineide. Neste período, ela também observou um nicho de mercado no qual poderia investir. “Percebi que a sacola plástica é a maior vilã de uso desordenado para o meio ambiente. Por isso, pensei em fazer itens retornáveis para diminuir a quantidade excessiva desse produto”, explica. APRENDENDO A EMPREENDER Em 2007, Lucineide abriu seu microeemprendimento no quintal de casa, mas o conhecimento para administrá-lo não veio do dia para noite. “No começo eu não tinha controle, saia comprando, tirava dinheiro da conta pessoal para pagar fornecedor e da empresa para pagar a conta de casa”. Para resolver esta questão, ela se inscreveu em diversos cursos e palestras

explicativas para micro e pequenos empreendedores. Segundo ela, os cursos da SEBRAE tiveram importância fundamental. EDILU NO JAPÃO Além de aprender a lidar com termos e conceitos como o fluxo de caixa e pró-labore, a microempreendedora destaca a importância do relacionamento com pessoas da área. Lucineide conta que recorreu a amigos empreendedores para tirar dúvidas; conversou com especialistas em sustentabilidade para ficar expert no tema; e participa de todas feiras que pode para conhecer pessoas e gerar oportunidades. E não é que as oportunidades aparecem? Com jeito humilde e talento nato para se comunicar, Lu conquistou até os asiáticos! Atualmente ela estuda a possibilidade de exportar seus produtos para o Japão, país que ainda não tem uma grande produção sacolas ecológicas. SUSTENTABILI...O QUÊ? Quem pensa que a dona da Edilu sempre entendeu sobre temas ligados à reciclagem e sustentabilida-

de está muito enganado. Ela conta que não se preocupava com o meio ambiente quando se mudou para São Paulo. Em função do empreendimento decidiu estudar a fundo questões ligadas à sustentabilidade. “Não entendia nada mesmo! Sabia que para a Edilu dar certo teria que falar com os ‘mestres cucas’ do assunto. Por isso fui me informar”, diz. Depois de compreender a importância desse tema, ela se tornou uma grande defensora do verde. Para Lucineide, atos sustentáveis beneficiam a sociedade e também impactam no lucro do negócio próprio. “As pessoas têm que entender que lixo também é dinheiro”, conta. Atualmente, a Edilu trabalha com métodos que evitam ao máximo

o desperdício de matéria-prima. O corte feito no tecido das sacolas, por exemplo, foi estrategicamente desenhado para que não sobrem restos de algodão. Além disso, todo lixo produzido pela empresa é recolhido por cooperativas. Lucineide fez um acordo com algumas associações. Ela cede o material e em troca estas instituições realizam oficinas para os clientes da Edilu que se interessem em aprender sobre reciclagem. u

Juliana Nogerino

SACOLAS DE SUCESSO

PERFIL

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REPORTAGEM

REPORTAGEM

Você sabe usar seu cartão de crédito?

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Erika Rios

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ÉRIKA RIOS THAÍS LOPES

h, o cartão de crédito! Como um objeto de plástico que mede um pouco mais de oito centímetros pode trazer tanta felicidade? Isso sem contar os benefícios: poder de compra, estender prazos de pagamento, parcelar as aquisições feitas e até oferecer prêmios e bônus. Mas é preciso ter cuidado, porque o mocinho pode se tornar o vilão. O mau uso do dinheiro de plástico lidera o ranking da inadimplência. De acordo com uma pesquisa elaborada mensalmente pelo Banco Central, em média, os atrasos acima de 90 dias no pagamento das faturas chegam perto de 35%”. Para o consultor financeiro Edson Fernandes, da consultoria AF2, de São Paulo, a inadimplência está associada ao esquecimento de que o cartão de crédito é uma forma de pagamento. “É um instrumento, da mesma forma que o débito, cheque e dinheiro. A diferença é que pagamos apenas no dia de vencimento da fatura e o dinheiro não sai da conta no momento da compra”, afirma. Roberta Batista é analista de qualidade de uma indústria química em Guarulhos e faz parte desse número de devedores. O motivo que a levou à inadimplência foi o alto limite que o banco oferece de crédito e o pagamento do valor mínimo da fatura. “Quando você pega o cartão de crédito o limite é de dois mil, mas se você pagar certinho, eles dobram o limite”, afirma. Para Roberta, é preciso ser muito equilibrado para não gastar. Foi assim que ela se viu atolada em dívidas. “No começo do ano, com despesas como IPTU e material escolar, acabei pagando o mínimo da fatura e virou uma bola de neve. Comecei a pagar em fevereiro e terminei em agosto. Eu estava pagando juros sobre juros”. Segundo o educador financeiro Jusivaldo Almeida, do JSantos Consultores, pagar o valor mínimo significa que o correntista caiu no descontrole financeiro e está gastando mais do que ganha. “Pagando o mínimo você automaticamente contrata um financiamento, ou seja, no mês seguinte, além das compras normais, terá o saldo do mês anterior somado de juros e correções sobre o valor não pago”, explica.

O contador Athos Júnior, de 22 anos, diz que sempre paga o mínimo. “Nunca deixei de pagar os cartões de crédito. Mas é uma enganação, a gente acaba se enrolando mais, porque os juros mensais são absurdos”. Para diminuir as dívidas, Roberta e Junior seguiram pelo mesmo caminho: negociaram com o banco e fizeram empréstimo consignado na instituição financeira. “Eu tinha dez cartões de crédito e perdi o controle com oito deles, então tive que pegar um empréstimo para quitar sete cartões e negociar o outro. Fiquei 12 meses pagando a negociação”, conta Junior. Roberta afirma que fez um acordo. “Parcelei em sete vezes porque eu corria o risco de ficar com o nome sujo”. Ela também pegou um empréstimo consignado para quitar um cartão e parcelar o outro. “Me arrependi muito, fiquei um ano pagando esse empréstimo”, confessa. NEGOCIAÇÕES O consultor financeiro explica que o crédito consignado é concedido apenas para quem tem registro em carteira, pois as parcelas são debitadas direto da folha de pagamento. “É uma forma de financiamento a juros menores, mas esse tipo de empréstimo tem que ser pensado como última alternativa. Apenas se não há uma poupança para emergências”, alerta Almeida. O ideal, segundo o educador financeiro é nunca aceitar negociações automáticas ou eletrônicas, pois os juros são abusivos. Caso tenha dívidas negociadas ou renegociadas com a operadora, o melhor caminho é juntar tudo e ir à justiça. “Você terá a garantia de quitar seus débitos sem juros altíssimos e com parcelas que cabem no bolso”, diz. Para o especialista essa atitude vale a pena. De acordo com Almeida, se você já percebeu o descontrole, pegar outro empréstimo só irá piorar a situação. “Procure um advogado ou vá direto à justiça para negociar de forma segura com os credores. E aprenda a não gastar mais do que se ganha”, orienta. Para se organizar, limite-se a ter no máximo dois cartões de crédito, aconselha o educador. “Caso tenha mais REVISTA ALCANCE 13


REPORTAGEM

REPORTAGEM

A melhor data para o vencimento da fatura é a mais perto possível do dia do pagamento

Nunca aceite negociações eletrônicas. O juros te levará para o buraco

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de dois cartões e não possa cancelá-los de imediato, negocie com o banco e abaixe o limite de todos até você saldar as compras parceladas”. O dia do vencimento da fatura também faz a diferença e é importante para a administração dos pagamentos. O consultor alerta sobre isso. “A data adequada para o vencimento da fatura é a mais próxima possível do pagamento do salário. Com isso, evita-se de gastar com outras coisas ‘esquecendo’ de pagar a fatura”. Fernandes ensina que anotar as despesas é a melhor forma para continuar ou voltar ao azul. “Quando você comparar o que está sendo gasto com o que você planejou, terá um termômetro da situação financeira. O objetivo é identificar um possível buraco antes de cair nele. Depois de cair, o problema já estará instalado e vai doer mais no bolso para sair dele”. USO CONSCIENTE Ednólia Sales é psicóloga e conta que nunca teve problemas com cartão de crédito. “Estou desempregada desde 2004 e nessa época meu filho havia iniciado a faculdade e ainda não trabalhava”, conta. Foi então que a psicóloga precisou controlar o que tinha no banco. “Criei uma planilha para ajudar na visualização das despesas fixas e variáveis e controlar melhor o orçamento”, diz. O educador financeiro Jusivaldo Almeida diz que o uso consciente evita que a pessoa se enrole, e para isso é necessário fazer um balanço da saúde financeira. A planilha elaborada por Ednólia, segundo ele, serve como diagnóstico. “Fico sempre atenta ao limite do cartão. Faço isso consultando a planilha de custos, que serve como termômetro”, explica. Ednólia também aprendeu a pensar duas vezes antes de abrir a carteira. “Faço perguntas como: ‘Eu posso comprar? Não basta só querer! Se for possível, não gasto com coisas desnecessárias”. De acordo com Almeida, visualizar os gastos e ter noção do que entra e sai da conta bancária é uma forma de manter a consciência. O total de saída não pode ser maior que 30% do que entrou. “Se suas dívidas ultrapassam 30% da sua renda líquida, sinal vermelho. Ou seja, se você

ganha 1.000 reais e gasta 300!” O consultor afirma que, nestes casos, o correntista perde o direito de andar com os cartões de crédito. “Saldar dívidas é mais importante do que gerar gastos extras”, enfatiza. À VISTA OU A PRAZO? Outro ponto importante para não se endividar é pesquisar preços e tentar pagar sempre no ato da compra. “Seu poder para negociar desconto é maior em compras à vista”, recomenda o consultor. Segundo ele, o ideal em compras parceladas é ver o produto em mais de uma loja, conferindo descontos oferecidos pelos vendedores. “Parcele em até três meses e lembre-se de que muita coisa pode acontecer nesse período”, aconselha. Planejar os gastos é essencial para fugir do crédito, diz o consultor Edson Fernandes. “Deve-se evitar comprometer a renda com crédito. Se for necessário comprar algo, é melhor planejar adiantado e guardar o dinheiro para comprar à vista e com desconto”. O educador financeiro Almeida afirma que é possível sair de situações ruins: “Não importa quão complicada esteja sua conta, você pode virar o jogo!”. COMPRAR, COMPRAR E COMPRAR O estado emocional também pode ser um dos vilões no endividamento. Segundo a psicóloga Chiara Fustinoni, quando uma pessoa está triste, muitas vezes tenta, de forma inconsciente, preencher esse espaço com compras, adquirindo coisas que não precisa e muitas vezes nem utiliza. Chiara conta que em casos extremos pode-se detectar o consumismo compulsivo, que é uma doença psicológica. “Isso ocorre quando uma pessoa tem tudo o que deseja e passa certo tempo pensando no que poderia comprar”, afrima. De acordo com a psicóloga, à medida que esse sintoma avança, a situação foge do controle e a pessoa passa a se desesperar com tantas dívidas adquiridas. “Nesta fase é natural que a pessoa fique com depressão”, explica. Estamos inseridos numa sociedade de consumo, na era do “ter”, onde o “ser” deixou de ser tão valorizado, diz Chiara, que aconselha sobre a importância de se controlar e não entrar em roubadas. u

Mantenha o controle e não perca dinheiro 1C

artão de crédito não

é dinheiro, portanto, não o

inclua como complemento de renda.

2U

se de forma consciente,

4F

não se enrole.

3P

refira fazer compras

à vista e negocie desconto.

Não se intimide

aça um balanço dos

gastos feitos e veja se re-

5P

almente foram necessários.

ague a fatura no dia

certo e jamais pague o valor mínimo.

6E

fetue o pagamento da

fatura logo após receber o salário, evite imprevistos.

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Suas dívidas não podem ultrapassar 30% do valor do seu saláro. Fique atento!

7N

9N

ão estenda prazos, par-

cele as compras em até três

ão renegocie dívidas,

o juros são ainda maiores.

vezes.

10 F

uja das dívidas, plane-

je os gastos e anote todas as despesas REVISTA ALCANCE 15


ENTREVISTA

CARREIRA

Maísa Correia

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O mundo está cada vez mais conectado e muitos usam as redes sociais para se expressar. Segundo pesquisa da empresa de recursos humanos Boucinhas & Campos, 49% das pessoas usam ferramentas como o LinkedIn e o Facebook para procurar emprego. No entanto, a especialista em gestão de pessoas e professora da Universidade de Sâo Paulo Elza Veloso fala sobre os cuidados necessários ao usá-las. Os recrutadores estão de olho no que você posta na internet.

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PEGA MAL

PEGA BEM

CONQUISTAS Compartilhar suas realizações no trabalho e nos estudos pode mostrar que você é esforçado e dedicado.

AFETO Demonstrar consideração pela família e pelos amigos também é algo bem visto pelos recrutadores.

A preparação para uma entrevista de emprego é um momento de muita ansiedade para alguns. O especialista em gestão de pessoas da Universidade de São Paulo Joel Dutra afirma que espontaneidade e segurança são fundamentais para um bom desempenho em processos seletivos.

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“REI DO CAMAROTE” Fotos bebendo álcool, postadas frequentemente, revelam um hábito que para alguns pode parecer um problema.

Sangudo/Flickr

Ter boas ideias é o pontapé inicial para abrir o próprio negócio. Mas, além do grande desafio de tirá-las do papel, a falta de dinheiro torna-se o principal vilão dos que desejam empreender e, principalmente, se tornar os próprios chefes. Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mais da metade dos pequenos negócios no Brasil são criados por microempreendedores com renda familiar de R$ 291 a R$ 1.019 por pessoa, nas áreas de beleza, alimentos, automóveis entre outras. O segredo para o consultor de negócio do Sebrae, Caio César Massao Ito, é conhecer detalhes sobre o ramo de atividade que está disposto a abrir. O consultor de empresas conta como você pode Segundo o consultor, administrar o dia a dia do futuro negócio é um grande desafio, por isso os empreendedores devem elaborar um plano de investimento. investir seu pé de meia para abrir uma pequena empresa e transformá-la em um grande negócio. Alcance: Mesmo com uma renda reduzida é possível Massao: A falta de um planejamento antes da abertura abrir um pequeno negócio? do negócio pode criar muitos transtornos, já que as posMassao: O mercado oferece diversas oportunidades síveis dificuldades não foram devidamente identificadas. para quem tem pouco dinheiro para abrir um negócio própAlcance: Qual costuma ser o faturamento dessas emrio. Ter um empreendimento requer disciplina e compropresas? metimento. Massao: O Sebrae se baseia nos critérios da Lei ComAlcance: Quais os principais motivos para se montar plementar 123/2006 que define: o negócio próprio ou se associar a um pequeno negócio? Microempreendedor Individual com faturamento de Massao: Perda de emprego, realização de um sonho e até R$ 60 mil; Microempresa até R$ 360 mil; Empresa de oportunidade de investimento em sociedade são os princiPequeno Porte entre R$ 360 mil e R$ 3,6 milhões e Pequepais motivos que levam as pessoas a empreenderem. no Produtor Rural com faturamento de até R$ 3,6 milhões. Alcance: Qual o primeiro passo? *valores anuais de faturamento. Massao: Organizar todas as informações em um plano Alcance: O que pode dar errado e até levar o negócio de negócios. Mapear áreas de mercado, clientes e gastos, à falência? por exemplo. Ele será o passo a passo para colocar o negóMassao: O comportamento empreendedor pouco decio em operação. Uma forma de diminuir o risco e as insenvolvido; a falta de planejamento prévio, comando deficertezas é ter cada passo devidamente planejado. ciente do negócio e problemas pessoais dos proprietários. Alcance: Vale a pena pegar empréstimo para investir Alcance: Qual a influência para a economia no Brasil? no projeto? Massao: Se tratando de pequenos negócios, esse tipo Massao: Tudo irá depender do planejamento do emde empresa representa na economia 99,1% do total das preendedor. Se ele souber que seu produto final trará empresas formais no Brasil respondendo a 20% do Produto rendimento suficiente para pagar a dívida, sim. Interno Bruto (PIB) e ainda, gerando para o País uma maior Alcance: Quais as maiores dificuldades para começar? oferta de postos de trabalho. u

Marcelo Druck/Flickr

MAÍSA CORREIA

FUXICO Evite fofocas. Comentários negativos sobre o trabalho podem prejudicar muito a imagem do profissional e sua carreira.

Wikimedia Commons

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Como se comportar nas REDES SOCIAIS

Neal Jeannings/Flickr

Um grande negócio

AGARRE ESSA VAGA! INFORME-SE Reúna informações sobre a empresa e a posição que pretende ocupar. Você pode usar a internet ou perguntar a pessoas que trabalham no local.

REFLITA É importante pensar sobre si mesmo e suas caractéristicas antes da entrevista. Na hora de responder as perguntas, seja espontâneo e saiba o que vai falar.

DISCURSO Mais do que relatar suas experiências, fale sobre o aprendizado que veio com elas. No caso de cursos de qualificação, destaque o que isso te agregou. REVISTA ALCANCE 17


SERVIÇOS

CRÔNICA

NA PALMA DA MÃO Cinco aplicativos gratuitos que ajudam na hora de organizar as contas do cotidiano

O aplicativo permite uma fácil e precisa organização das suas finanças. É possível nomear cada um dos seus gastos e saber quanto vai sobrar (ou não) no fim do mês.

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CALCULADORA DE FINANCIAMENTO

Ideal para aqueles que precisam simular financiamentos de veículos e imóveis, o aplicativo permite calcular o valor do financiamento, taxa de juros, quantidade de meses e valor das parcelas.

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YUPEE

O Yupee é o aplicativo mais simples para organizar as finanças. Ele pode ser acessado também pela web. Outro ponto positivo é a seção “sonhos”, onde é possível calcular a quantia mensal que você precisa guardar para realizar aquela viagem ou comprar seu carro zero, por exemplo.

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CARTÃO FÁCIL

Mesmo que as operadoras de cartão de crédito disponibilizem faturas online, essa ferramenta mantém uma organização mais simples.

Registra seu limite de crédito, data de vencimento e melhor data de compra. E indica os gastos e o limite disponível para o mês. Além, é claro, de você poder simular aquela comprinha que você não sabe se faz ou não.

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MINHA POUPANÇA FREE

Ideal para quem tem uma meta para a poupança, o aplicativo permite adicionar diversas contas e os depósitos em cada uma delas com os juros. Ótimo para evitar a emissão de extratos e também para simular investimentos.

ECONOMIA DENTRO DAS QUATRO LINHAS A Visa criou o jogo educacional Bate-Bola Financeiro como parte do projeto da empresa para a Copa do Mundo de 2010, mas o sucesso foi tão grande que a ferramenta foi renovada para a campanha do Mundial de 2014, no Brasil. O jogo é uma iniciativa para ensinar os apaixonados por futebol a controlarem as despesas e entender melhor os conceitos das finanças pessoais por meio de um jogo desenvolvido em parceria com a FIFA. O internauta pode escolher entre jogar sozinho ou contra um amigo, além de optar entre os níveis de dificuldade “Mirim”, “Juvenil” ou “Profissional”, e a seleção contra qual deseja jogar. Na partida, o internauta 18 www.revistaalcance.com.br

tem opções de jogadas com diferentes níveis de dificuldade e deve responder perguntas para conseguir executá-las. Os gols acontecem caso o jogador escolha as jogadas corretas e acerte as respostas. Para saber mais, é possível também fazer o download de aulas explicando os temas e conceitos abordados nas perguntas durante a partida. A Revista Alcance testou o jogo em uma partida entre Brasil e Holanda (jogamos com o Brasil), no nível “Juvenil” e acabamos vencendo a partida nos pênaltis após um 0 a 0. A diversão é garantida! Acesse o Bate-Bola Financeiro em: http://www.batebolafinanceiro.com.br/.

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A celebridade do MOMENTO

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FINANÇAS PESSOAIS

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FERNANDA FERREIRA

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CURSOS GRATUITOS O Portal do Investidor, mantido pela Comissão de Valores Mobiliários, do Ministério da Fazenda, oferece quatro cursos virtuais gratuitos. Há aulas de Educação Financeira, Investimentos em Valores Mobiliários, Principais Direitos e Deveres dos Acionistas e Matemática Financeira Básica. Os cursos são feitos pela internet com duração de 16 horas de estudo virtual, sendo que o estudante tem até 30 dias para realizar as aulas, prazo contado a partir da data de inscrição no site. São realizadas avaliações durante os módulos de cada curso. O ponto negativo é que o site não emite certificado para os alunos. Confira em http://www. portaldoinvestidor.gov.br/.

classe C possui renda entre R$ 291 a R$ 1.019, representa a maior classe socioeconômica do Brasil (105 milhões de pessoas) e atualmente é o público alvo de muitas empresas do país. Além disso, corresponde a 95% dos novos assinantes de TV a cabo e 55,2% dos empreendedores brasileiros, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Essa nova classe também investiu R$ 16,6 bilhões em viagens apenas no primeiro semestre de 2012, de acordo com o Instituto Data Popular. Nos últimos cinco anos, fenômenos econômicos como estes têm acontecido no Brasil. Bolsa antifome e de aluguel, redução e até suspensão de impostos, crescimento de empregos formais, além dos pacs, pics e repacs, têm ajudado o país a distribuir renda e as pessoas a terem uma ascensão social. Muitas famílias que pertenciam à classe D/E agora fazem parte da classe C, a celebridade do momento. Digo celebridade porque o mercado está de olho nelas. As marcas tradicionais querem conquistá-las e para isso até a publicidade tem se transformado. A linguagem foi adaptada e as embalagens dos produtos foram reduzidas. Menos grama, preço menor, dá pra comprar. Todos os dias, eles são bombardeados com promoções para comprar geladeiras de inox, fritadeira elétrica, carro com juros reduzido, tablet, smartphone, câmera que tira foto panorâmica, viagem para Recife em 20 vezes, roupas de marca, TV por assinatura com cem canais,

internet banda larga e plano de saúde. Esses produtos e serviços, que antes eram destinadas a pessoas mais abastadas, foram remodeladas. O ex-pobre pode ter um combo com centenas de canais de televisão, internet rápida e telefone fixo pela bagatela de R$ 59,90. Além de um seguro saúde por R$ 70 mensais, que dá direito a consulta, exame e internação. Parece o grito de independência, mas não é bem assim. Apesar do poder econômico que tem nas mãos, a classe C passa por problemas do século passado. O transporte público é um exemplo, as pessoas são esmagadas nos vagões do trem e metrô e amassados nos corredores de ônibus. Demoram horas para chegar em casa e quando chegam, não querem saber das centenas de canais de televisão que compraram, não sobra tempo para isso. Param apenas para assistir a novela das nove e aos comerciais desenvolvidos especialmente para elas. Quando ficam doentes, o plano de saúde não cobre o problema no estômago. Quando chove demais, o bairro é visitado por enchentes, e as geladeiras, fritadeiras e tablets vão embora com a inundação. Fora a violência, o saneamento e a educação. São mais de 30 milhões de ex-pobres, mas que ainda convivem com problemas de classe G/H/I. A classe C ganhou o status de consumidor, mas será que realmente tem o que comemorar? Afinal, os problemas não foram embora junto com o novo status de consumidor. u REVISTA ALCANCE 19



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