Saberes essenciais pósgraduação

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Maria Solange Pereira Ribeiro (Bibliotecária BAE)

SABERES ESSENCIAIS PARA A PESQUISA NA PÓSGRADUAÇÃO

Campinas – SP – 2014 3


Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura Direção Técnica -

Danielle Ferreira Thiago

Revisão -

Cileia F. M. Oliveira

Capa

Fernanda Santos

-

Formatação -

R354s

Rose Meire da Silva

Ribeiro, Maria Solange Pereira. Saberes essenciais para a pesquisa na pósgraduação /Maria Solange Pereira Ribeiro. Campinas, SP: BIBLIOTECA/UNICAMP, 2014. 72 p.

1. Pesquisa. 2. Metodologia cientifica.

I.

Título. 4


SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................... 6 2. CONCEITOS DE PESQUISA ................................................. 8 3. TIPOS DE PESQUISA ........................................................ 11 4. DESENHANDO A PESQUISA ............................................. 15 5. ESTRUTURA DE UMA PESQUISA ...................................... 19 6. INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS........................... 24 7. ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE PESQUISA ..................... 25 8. IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES DE INFORMAÇÃO............... 26 9. LOCALIZAÇÃO DAS FONTES ............................................. 27 10. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO ................................. 30 11. DADOS, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO .................... 33 12. TIPOS DE LEITURA ......................................................... 34 13. FICHAMENTO DE LEITURA ............................................. 38 14. PARA ESCREVER, É NECESSÁRIO “LER” .......................... 40 15. REFLEXÕES SOBRE REDAÇÃO CIENTÍFICA....................... 42 16. PLÁGIO ......................................................................... 47 17.

NÃO COPIE, CITE ........................................................ 51

18.

DICAS PARA INTRODUZIR UMA CITAÇÃO NO TEXTO .. 55

19. A PESQUISA VISLUMBRA O FUTURO ............................. 57 20. REFERÊNCIA.................................................................. 59

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1. INTRODUÇÃO Fazer ciência, em qualquer área do conhecimento, parece ser para o pesquisador uma vivência singular. Escolher o tema, estabelecer os questionamentos de investigação e encontrar o modelo teórico que mais se adeque à especificidade da tese que se quer discutir incorporam as dificuldades da busca do saber cientifico. O excesso de informação é hoje um complicador na hora de buscar as fontes de informação mais eficazes para o trabalho a ser desenvolvido e exige um critério seletivo baseado nas necessidades pessoais de informação. Como não se pode nunca acabar de ler todos os livros, artigos, teses e assistir todas as palestras, precisamos ser seletivos. Não adianta ler um artigo sobre máquinas agrícolas se você estuda mitocôndria, pois dificilmente haverá algo lá que lhe acrescente conhecimento utilizável. Contudo, esta seletividade necessita ampliar seus horizontes com outros tipos de textos da cultura em geral. O uso de textos literários, filmes e de documentários permite ampliar a visão do debate acadêmico já que somos 6


inseridos em uma sociedade complexa e de difícil entendimento a respeito de valores e de ética. O esforço neste momento deve ser dirigido para a área onde haverá maior probabilidade de encontrar informações pertinentes a seu trabalho, mas a super especialização talvez não seja o caminho. Chegado o momento de desenvolver um projeto de pesquisa é necessário buscar o conhecimento existente na área, formular o problema e o modo de enfrentá-lo, coletar e analisar dados e tirar conclusões. Nesta fase aprende-se a lidar com o desconhecido e a encontrar novos conhecimentos. A partir do momento que você definir o que vai pesquisar, vá à biblioteca e procure por um bibliotecário de referência. Ele lhe dará a ajuda e orientação de como ter acesso aos documentos.

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2. CONCEITOS DE PESQUISA Meio pelo qual se busca respostas às indagações sobre diversos e diferentes problemas sociais, técnicos, culturais, educacionais, etc. Oferecer condições adequadas para

que

se

atividades

desenvolvam

através

da

certas

indagação

minuciosa da realidade ou princípios relativos a um campo qualquer de conhecimentos. É

a

atividade

que

objetiva

indagar, informar-se acerca de; investigar com a finalidade de acrescentar algo novo no conhecimento. É

a

utilização

de

métodos

sistemáticos para avaliar ideias ou descobrir novos conhecimentos.

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Questionamentos necessários em qualquer pesquisa:

Que fazer?

Por que fazer?

Definição do tema

Justificativa da escolha

ou problema

do problema

Quando fazer?

Onde fazer?

Proposta do

Qual universo, ou seja,

estudo-objetivo

Como fazer? Metodologia,

o espaço geográfico

Quem vai fazer? Pesquisador-estudante

trajetória para a construção do trabalho

Quanto custa? Gastos que envolvem a pesquisa (material, pessoal) 9


A pesquisa científica consiste em um processo metódico de investigação, com procedimentos científicos rigorosos para encontrar respostas a um problema. Para empreender uma pesquisa é importante avaliar se o problema

apresenta

interesse

para

a

comunidade

científica e se constitui um trabalho que irá produzir resultados novos e relevantes para o interesse social. Pesquisa é, portanto, a investigação de um problema (teórico ou empírico) realizado a partir de uma metodologia (que envolve tanto formas de abordagem do problema quanto os procedimentos de coleta de dados) cujos

resultados

devem

ser

válidos,

embora

a

provisoriedade seja uma característica do conhecimento científico. (SALOMON, 2001, p. 152).

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3. TIPOS DE PESQUISA “O desafio essencial da universidade e também da educação moderna é a pesquisa, definida como princípio científico e educativo” (DEMO, p.33, 1996).

A pesquisa desempenha papel relevante em todos os aspectos do fazer humano, melhor dizendo, somos pesquisadores por natureza devido à necessidade que temos de conhecer, investigar fatos que não são claros ou aqueles que precisam de melhor entendimento, e ainda, encontrar soluções para os mais diferentes tipos de problemas (na indústria, na administração, nas ciências, na educação, dentre outros). No dia a dia das pessoas a pesquisa significa, enquanto expressão educativa, a capacidade de ler criticamente a realidade e reconstruir as condições de participação histórica e cultural. Significa ainda, informarse adequadamente e saber fazer uso desta informação. Deste modo, a pesquisa possibilita ao homem modificar a si mesmo, seu contexto e o mundo. Na vida acadêmica, a pesquisa aprofunda-se na medida da instrumentação científica, sem perder sua conotação educativa, que inclui 11


necessariamente elaboração própria, teorização das práticas e atualização constante. Quando nos referimos à pesquisa não devemos tomá-la em um sentido restrito, pois existem diferentes tipos

de

pesquisa

e,

por

conseguinte,

diferentes

metodologias para realizá-la. Quanto à abordagem do problema, a metodologia da pesquisa pode ser:  Quantitativa: método de pesquisa que recorre a

diferentes

técnicas

estatísticas

para

quantificar opiniões e informações.  Qualitativa: é uma pesquisa descritiva que explora

as

particularidades

e

os

traços

subjetivos considerando a experiência pessoal do entrevistado. Quanto aos objetivos pretendidos, a pesquisa se classifica em:  Exploratória: envolve uma maior proximidade com tudo o que está relacionado ao objeto de pesquisa. São exemplos os Estudos de Caso 12


(estudo exaustivo e detalhado) e as Pesquisas Bibliográficas (consulta a livros e outros materiais já publicados).  Descritiva: levantamento de dados recorrendo a técnicas padronizadas de coleta como o questionário ou a observação sistemática.  Explicativa: procura explicar os fatores que ocasionam os fenômenos. Nas ciências naturais é usado o método experimental, enquanto nas ciências

sociais

recorre-se

ao

método

observacional. http://www.significados.com.br/pesquisa/

Tentando descomplicar prefiro definir os tipos de pesquisa desta forma: 3.1. Pesquisa Experimental É toda pesquisa que envolve algum tipo de experimento. Ex.: Pingar uma gota de ácido numa placa de metal para observar o resultado. 13


3.2. Pesquisa Exploratória É toda pesquisa que busca constatar algo num organismo ou num fenômeno. Ex.: Observar como os peixes respiram. 3.3. Pesquisa Social É toda pesquisa que busca respostas de um grupo social. Ex.: Estudar quais os hábitos alimentares de uma comunidade específica. 3.4. Pesquisa Histórica É toda pesquisa que estuda o passado. Ex.: Procurar saber de que forma se deu a Proclamação da República brasileira. 3.5. Pesquisa Teórica É toda pesquisa que analisa uma determinada teoria. Ex.: Entender o que é a Neutralidade Científica. 14


3.6. Estudos de caso É caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento. Ex.: Verificar com o RH por que os funcionários faltam muito ao trabalho. 3.7. Pesquisa Bibliográfica É toda pesquisa que busca analisar todo conhecimento sobre determinado assunto. É a base para qualquer investigação, pois, através dela, podemos conhecer e analisar o que foi produzido a respeito de determinado assunto, evitando redundância ao tema a ser estudado. Ex.: Buscar o que foi publicado sobre nano tecnologia 3.8. Pesquisa Documental É toda pesquisa realizada em documentos contemporâneos

ou

retrospectivos

considerados

cientificamente autênticos.Ex.: Saber se o Santo Sudário é mesmo o rosto de Cristo.

4. DESENHANDO A PESQUISA 15


Para a realização de toda e qualquer pesquisa é imprescindível

obedecer

a

seguinte

ordem

de

procedimentos: escolha do assunto, conceituação do tema e delimitação do tema. 4.1. Escolha do Assunto O

aluno/pesquisador

escolhe

o

tema que

abordará em seu trabalho ou poderá seguir sugestões e/ou

indicações

do

professor/orientador,

não

necessitando passar por esta fase inicial que é a escolha do assunto ou tema. No entanto, professor e aluno devem escolher assuntos interessantes, inquietadores e, se possível, que atendam às necessidades investigativas do aluno/pesquisador. Alguns critérios para escolha do assunto: . Ser de interesse do aluno/pesquisador; . Verificar se há material disponível para realização do estudo; . Ser um assunto oportuno e importante; . Evitar amplitude demasiada e generalizada para que o estudo não se torne superficial; 16


. Fazer da pesquisa um desafio para não superestimar e nem subestimar a capacidade do pesquisador, isto é, o assunto não deve ser fácil a ponto de não desafiá-lo e nem difícil a ponto de desanimá-lo. 4.2. Conceituação do Tema Para a conceituação do tema deve-se recorrer a dicionários especializados. Isto é necessário na medida em que um termo pode ter significados diferentes nas diversas áreas do saber. Também recorrer a professores, especialistas, pesquisadores e outras pessoas que possam contribuir para esclarecer o tema. 4.3. Delimitação do Tema Não se pode delimitar um assunto antes de conhecê-lo. Portanto, comece a revisão bibliográfica sobre o assunto que deseja investigar e só depois, com conhecimento prévio do tema, delimite-o. Por exemplo, ENGENHARIA. Este tema é muito vasto e envolve um campo de conhecimento complexo e

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de diferentes facetas das engenharias. Podemos delimitar este tema da seguinte forma: . Engenharia Civil . Construção de edifícios . Entre 05 a 10 andares . Usando material de baixo custo . Moradia popular para famílias de São Paulo com renda de até dois salários mínimos

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5. ESTRUTURA DE UMA PESQUISA O desenvolvimento de uma pesquisa varia em função de seus objetivos. Convém, portanto, que estes objetivos sejam claramente estabelecidos a fim de que as fases posteriores da pesquisa se processem de maneira satisfatória. 5.1. Problema O problema é a mola propulsora de todo o trabalho de pesquisa. Depois de definido o tema, levanta-se uma questão para ser respondida através de uma hipótese, que será confirmada ou negada através do trabalho de pesquisa. 5.2. Hipótese Hipótese é sinônimo de suposição. Neste sentido, hipótese é uma afirmação categórica (uma suposição) que tenta responder ao problema levantado no tema escolhido para pesquisa. O trabalho de pesquisa então irá confirmar ou negar a hipótese (ou suposição) levantada.

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5.3. Justificativa A justificativa num projeto de pesquisa, como o próprio nome indica, é o convencimento de que o trabalho de pesquisa é fundamental de ser efetivado. O tema escolhido pelo pesquisador e a hipótese levantada e a ser comprovada são de suma importância para a sociedade ou para alguns indivíduos. Na elaboração da justificativa deve-se tomar o cuidado de não tentar justificar a hipótese levantada, ou seja, tentar responder ou concluir o que vai ser buscado no trabalho de pesquisa. A justificativa exalta a importância do tema a ser estudado ou justifica a necessidade

imperiosa

de

se

levar

a

efeito

tal

empreendimento. 5.4. Objetivos A definição dos objetivos determina o que o pesquisador quer atingir com a realização do trabalho de pesquisa. Objetivo é sinônimo de meta, fim. Os objetivos podem ser separados em Objetivos Gerais e Objetivos Específicos.

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5.5. Metodologia A

metodologia

é

a

explicação

minuciosa,

detalhada, rigorosa e exata de toda ação desenvolvida no método (caminho) do trabalho de pesquisa. É a explicação do

tipo

de

pesquisa,

do

instrumental

utilizado

(questionário, entrevista, observação, etc.), do tempo previsto, do trabalho, das formas de tabulação e tratamento dos dados, enfim, de tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa. 5.6. Coleta de Dados A coleta de dados pode ser feita por meio de observações, entrevistas, história de vida, pesquisa bibliográfica, questionários, observação empírica, entre outros. É importante ressaltar que existem diversos procedimentos utilizados para este fim, no entanto, cabe ao pesquisador decidir qual o procedimento que mais se adequa ao tipo de pesquisa realizada.

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5.7. Análise de dados É o processo de formação de sentido além dos dados. Esta formação se dá consolidando, limitando e interpretando o que as pessoas disseram e o que o pesquisador viu e leu, isto é, o processo de formação de significado. 5.8. Resultados Parte designada a apresentar os resultados alcançados após a aplicação do método de forma direta, objetiva, sucinta e clara, apontando sua significância e sua relevância. Normalmente são utilizadas tabelas e figuras nesta parte do artigo. 5.9. Discussão Tem a finalidade de mostrar as relações existentes entre os dados coletados na pesquisa. Aqui se interpreta, critica,

justifica,

enfatiza

e

discute

os

resultados

encontrados na pesquisa realizada e os compara com os resultados de pesquisas anteriores (caso se tenha realizado revisão de literatura).

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5.10. Conclusão É a parte final do artigo. Contém a resposta para o problema proposto na introdução. Não é uma ideia nova, é uma síntese do que foi apresentado anteriormente. É o fecho do estudo, mas deve abrir perspectivas para novas pesquisas. Uma boa conclusão possui: . Essencialidade - síntese marcante e interpretativa dos principais argumentos do estudo; . Brevidade - arremata o que se descreveu de forma concisa, enérgica, exata, firme e convincente; . Personalidade - define o ponto de vista do autor. 5.11. Referências Bibliográficas Entende-se por bibliografia a relação de todas as fontes utilizadas pelo autor no trabalho, elaboradas segundo a NBR 6023/2002.

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6. INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS As técnicas de coleta de dados para os tipos de pesquisas mencionadas podem ser: 6.1. Entrevista É uma conversação entre duas ou mais pessoas em que perguntas são feitas pelo entrevistador para obter informação do entrevistado. 6.2. Questionário Instrumento composto por um número de questões apresentadas por escrito, com o objetivo de coletar a informação e propiciar determinado conhecimento ao pesquisador. 6.3. Laboratório Ocorre em situações controladas, valendo-se de instrumental específico e preciso. 6.4. Observação Não consiste em apenas ver ou ouvir, mas em examinar fatos ou fenômenos que se deseja estudar. 6.5. Revisão de Literatura É a análise crítica, meticulosa e ampla das publicações correntes em uma determinada área do conhecimento.

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7. ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE PESQUISA O plano de pesquisa é, muitas vezes, provisório e passa por constantes reformulações. Geralmente o plano de trabalho é apresentado sob a forma de coleção de itens correspondentes ao desenvolvimento que se pretende dar à pesquisa. Por exemplo, uma pesquisa que tenha por objetivo verificar como se desenvolveu a História do Petróleo no Brasil poderá ser norteada pelo seguinte plano.

1. Introdução 2. Conselho Nacional do Petróleo 2.1. Primeiros poços 2.1.1. Petróleo em terra da Bahia 2.2. Monopólio 2.2.1. A flexibilidade do monopólio 3. Águas profundas 3.1. Autossuficiência 3.1.1. Autossuficiência sustentável do Brasil 4. Conclusão 5. Referências bibliográficas 25


8. IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES DE INFORMAÇÃO Fonte

de

informação

é

qualquer

recurso

informacional, ou seja, tudo que veicula informação (pessoas, livros, periódicos, etc.) e podem ser: 8.1. Fontes primárias São informações elaboradas pelo próprio autor. Ou seja, são fontes originais como, por exemplo, teses defendidas na universidade, relatórios técnicos, artigos científicos, etc. 8.2. Fontes secundárias São informações produzidas pelo segundo autor a partir

das

fontes

primárias.

Exemplo:

livros,

enciclopédias, jornais, etc. 8.3. Fontes terciárias São as informações que contém índices tanto de fontes primárias quanto de fontes secundárias. Exemplo: bibliografias de bibliografias, catálogo de catálogo de bibliotecas, etc. 26


9. LOCALIZAÇÃO DAS FONTES Após a elaboração do plano de pesquisa deve-se identificar as fontes capazes de fornecer as respostas adequadas à solução do problema proposto. 9.1. Periódicos eletrônicos O Portal de Periódicos da Capes foi lançado em novembro de 2000 e é uma das maiores bibliotecas virtuais do mundo. Reúne conteúdo científico de alto nível e está disponível à comunidade acadêmico-científica brasileira. 9.2. Bases de dados Banco de dados é um conjunto de registros dispostos em estrutura regular, que possibilita a reorganização dos mesmos e a produção de informação. Um banco de dados normalmente agrupa registros utilizáveis para um mesmo fim. (Definições da web). 9.3. E-Book É uma abreviação de “electronic book”, ou livro eletrônico. Trata-se de uma obra com o mesmo conteúdo 27


da versão impressa, com a exceção de ser, por óbvio, uma mídia digital. 9.4. Biblioteca Digital É a biblioteca constituída por documentos primários que são digitalizados, quer sob a forma material (disquetes, CD-ROM, DVD) quer em linha através da Internet, permitindo o acesso à distância. Este

conceito

inclui

também

a

ideia

de

organização composta por serviços e recursos cujo objetivo é selecionar, organizar e distribuir a informação, conservando a integridade dos documentos digitalizados. 9.5. Catálogo online (Base Acervus) É o catálogo que está disponível para consulta na Internet. Possui informações sobre a disponibilidade de empréstimos,

reservas,

renovações,

número

de

exemplares e localização dos materiais. Um dos procedimentos mais recomendados para o acesso à informação, dentre outros, é a procura em

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catálogos de bibliotecas e conversas com professores que possam fornecer informações sobre a literatura existente. Após a localização e obtenção dos documentos inicia-se a sua leitura. Esta leitura tem fins específicos que são: . Identificar as informações e os dados constantes do material impresso; . Estabelecer relações entre as informações e os dados obtidos com o problema proposto; . Analisar a consistência das informações e dados apresentados pelos autores.

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10. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO É necessário fazer a revisão bibliográfica do assunto na fase inicial da elaboração de um protocolo de investigação. 10.1. Porque fazer levantamento bibliográfico . Para saber se alguém já publicou as respostas às nossas questões; . Para decidir a pertinência de repetir uma investigação com objetivos idênticos; .

Saber

quais

os

métodos

utilizados

em

investigações similares para decidir sobre o melhor método a utilizar. 10.2. Como fazer o levantamento bibliográfico O levantamento bibliográfico, em primeiro lugar, deverá ser efetuado nos livros de textos e tratados, de forma a enquadrar o melhor possível o problema a investigar.

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No entanto, quando queremos fazer investigação, é também obrigatório ler aquilo que há de mais atual sobre o assunto. Isto só se encontra em revistas periódicas ou através da consulta de teses e/ou dissertações. A questão é saber onde estão os artigos que nos interessam no meio de dezenas de milhares que são publicados anualmente. Para identificar estes artigos é necessário fazer a pesquisa nas fontes secundárias: publicações que indexam a informação bibliográfica de milhares de artigos por assunto, palavras chave, autores, revistas, etc. (hoje nas bases de dados). Estas pesquisas podem ser feitas nas bibliotecas. Neste caso com a vantagem de ser ajudado por um bibliotecário de referência e podendo pedir os artigos imediatamente. No caso das bibliotecas não possuírem estes artigos elas podem, frequentemente, fornecer os mesmos através de convênios com outras bibliotecas. . Idade das referências bibliográficas 75% das referências devem ser dos últimos cinco anos . Tipos de materiais bibliográficos 31


25% de livros e 75% de relatórios, teses, resumos de congressos, artigos de periódicos e patentes. 10.3. Como construir a revisão bibliográfica A exposição deve ressaltar os principais aspectos, problemas e questões tratados pelos pesquisadores, mostrando em que sentido um autor ou trabalho se diferencia do outro; que conhecimento um acrescentou em relação ao outro. Esta elaboração deve indicar as lacunas ainda existentes a respeito do tema, discutindo as questões que não foram postas ou percebidas pelos investigadores. Deve também analisar as abordagens por eles utilizadas. Não se deve restringir a repetir as ideias da literatura,

mas

avaliar,

comentar

e

criticá-las

construtivamente. Transcrições devem ser evitadas. Erro cometido em referência expõe desleixo.

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11. DADOS, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO 11.1. Dados São itens referentes a uma descrição primária de objetos, eventos, atividades e transações que são gravados, classificados e armazenados, mas não chegam a ser organizados de forma a transmitir algum significado específico. Quando um conjunto de dados possui significado, temos uma informação. 11.2- Informação É todo conjunto de dados obtidos através de qualquer instrumento de pesquisa e organizados de forma a ter sentido e valor para seu destinatário. 11.3- Conhecimento Consiste de dados e informações organizados e processados

para

transmitir

compreensão,

experiência,

aprendizado acumulado e técnica, quando se aplicam a determinado problema ou atividade. É criado pelo fluxo de informação acordado nas crenças e compromissos de um detentor. Isto é, trata-se da prática de agregar valor à informação para disponibilizá-la para uso.

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Em resumo: . Dados são quantificáveis . Informação está associada a significado . Conhecimento está associado à interpretação 12. TIPOS DE LEITURA A classificação dos tipos de leitura aqui proposto é a que considera cinco tipos e cuja ocorrência se dá em função do avanço do processo da pesquisa bibliográfica. 12.1. Leitura exploratória Consiste na leitura rápida do material levantado com a finalidade de verificar a consistência, validade e interesse da obra em relação ao estudo a ser realizado. Nesta fase, sugerimos a leitura da introdução, prefácio, orelha, folha de rosto do livro e o resumo quando se tratar de artigo de periódico. E ainda uma análise da bibliografia citada pelo autor. 12.2. Leitura Seletiva Após a fase anterior, inicia-se o processo seletivo do material, isto é, os livros e textos que realmente interessam ao

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estudo. Portanto, o pesquisador deve ter em mente os objetivos do estudo para evitar a leitura de materiais que não interessam diretamente ao mesmo. Não significa que materiais que tenham relação com a pesquisa sejam descartados, mas colocados em reserva como leitura complementar. 12.3. Leitura analítica Esta fase de leitura é realizada após a seleção dos textos. A sua finalidade é ordenar e resumir as informações existentes nos documentos de forma a possibilitar a obtenção de respostas aos problemas da pesquisa. A leitura analítica deve ser feita com atenção para identificar os pontos de vista do autor, suas intenções e os aspectos que deixaram de ser tratados. A leitura analítica obedece as seguintes etapas: 12.3.1. Leitura integral do texto A leitura do texto no seu todo possibilita uma visão geral do assunto tratado pelo autor. Nesta fase, sugerimos a utilização de um dicionário geral ou especializado. O significado das palavras pode ser colocado nas margens do texto, folhas separadas, cadernos de anotação ou outro meio adotado pelo leitor. Estas anotações devem ser uniformes em

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todo o processo de leitura para evitar desperdício de informação e perda de tempo. 12.3.2. Identificação das ideias principais Este procedimento possibilita que ao longo do texto o leitor identifique os parágrafos mais significativos e as ideias mais importantes. Cada frase contém uma palavra que a identifica e cada parágrafo uma frase que o resume, isto é, que marca a ideia do autor. 12.3.3. Hierarquização das ideias Consiste na organização das ideias segundo a ordem de importância. Isto implica em distinguir as ideias principais das secundárias e estabelecer tantas categorias de ideias quantas forem necessárias para a análise do texto. 12.3.4. Sintetização das ideias Consiste

na

recomposição

do

texto

analisado,

eliminando o que é secundário e fixando-se no essencial para a solução do problema proposto. 12.4. Leitura Interpretativa É a última etapa do processo de leitura das fontes bibliográficas. Esta fase tem por objetivo relacionar o que o autor afirma com o problema para o qual propõe uma solução.

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Na leitura interpretativa procura-se conferir significado mais amplo aos resultados obtidos com a leitura analítica. Na leitura analítica, por melhor elaborada que seja o pesquisador fixa-se nos dados; na interpretativa, ele vai além dos dados na medida em que faz ligação com outros conhecimentos já adquiridos.

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13. FICHAMENTO DE LEITURA Depois da leitura do material bibliográfico é o momento de recolher os dados, informações ou afirmações que as fontes fornecem. Para tanto, deve-se fazer uso de fichas, cadernos, folhas soltas ou outra sistemática que o pesquisador julgar mais conveniente. Alguns tipos de apontamentos: 13.1. Citação É a transcrição literal do pensamento de um autor com os próprios termos que expressam seu pensamento. A citação deve ser sempre entre aspas. 13.2. Esboço É um apanhado da estrutura da obra lida seguindo os mesmos títulos e subtítulos. 13.3. Observações Pessoais Compreende ideias e comentários próprios sugeridos pela leitura ou frutos de reflexão pessoal.

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13.4. Resumo É a expressão abreviada do pensamento do autor; . Deve recapitular sucintamente as informações contidas na obra e nas conclusões; . Deve chamar a atenção para as novas contribuições que o autor oferece para o problema; . Deve ser inteligível por si mesmo; . Deve evitar abreviaturas; . Deve respeitar a estrutura da exposição e o equilíbrio das partes do trabalho. Os resumos podem ser: 13.4.1. Analítico Estuda o conteúdo do documento e o relaciona com outro material do mesmo campo. 13.4.2. Crítico Leva a análise a um passo mais adiante, avaliando o material quanto à sua validade, pertinência e significado. 13.4.3. Descritivo Registra o título e uma simples informação que ajudará o leitor a determinar se deve solicitar o documento completo ou não.

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13.4.4. Informativo É tão complexo dentro de sua brevidade e concisão que muito raramente o leitor necessita consultar o original para obter a informação desejada. Toda e qualquer anotação referente a uma obra deve ser identificada a fonte, isto é, deve-se colocar a referência bibliográfica de acordo com a NBR 6023/2002 (neste caso, consultar apostila que trata do assunto). 14. PARA ESCREVER, É NECESSÁRIO “LER” 14.1. Compreensão É a capacidade de entender a mensagem literal contida em uma comunicação. 14.2. Análise É a capacidade de desdobrar o material em suas partes constitutivas, observando as inter-relações e os modos de organização do mesmo. 14.3- Síntese É a capacidade de colocar em ordem os pensamentos essenciais do autor.

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14.4- Avaliação É a capacidade de emitir um juízo de valor e de verdade a respeito das ideias essenciais de um texto. 14.5- Aplicação É a capacidade de resolver situações semelhantes à situação explicitada no texto. É o que nos garante ter entendido o assunto e nos permite projetar novas ideias a partir dos conhecimentos adquiridos, por meio da criatividade a qual se manifesta pela elaboração de um plano e, em seguida, pela redação de um tema. (Faulstich: 2000).

CIENTISTA NÃO LÊ ORIGINAIS ANTES DE CITÁ-LOS Um estudo estatístico revelador flagrou os cientistas numa atitude de repórteres desleixados. Quando escrevem seus trabalhos e citam artigos de outros pesquisadores, a maioria deles não se preocupa em ler os originais. A descoberta foi feita por Mikhail Simkin e Vwani Roychowdhury, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, que estudam a maneira como a informação se espalha ao longo de diferentes tipos de rede. Eles perceberam, numa base de dados de citações, que erros nas referências (como no título de um artigo alheio, por exemplo) são bastante comuns e que vários desses erros são idênticos. Isso sugere que muitos cientistas simplesmente economizam tempo, copiando a referência de um artigo de outrem em vez de ler o original. Para descobrir o quão comum

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é essa atitude, eles olharam os dados de citações de um estudo famoso de 1973 sobre a estrutura de cristais bidimensionais. Descobriu que o artigo havia sido citado 4.300 vezes, 196 delas contendo referência errada a volume, página ou ano de publicação. Apesar do fato de que centenas de variações nos tipos de erro são possíveis, eles contaram apenas 45. O erro mais popular apareceu 78 vezes. O que sugere que 45 cientistas, que bem poderiam ter lido o original, erraram ao citá-lo. Então, 151 outros -77% do total- copiaram os enganos sem se dar ao trabalho de ler o original. Para os autores, o cientista confia demais em outros para repetir a mensagem central de um artigo. FOLHA DE S. PAULO, CIÊNCIA, SEGUNDA-FEIRA, 16 DE DEZEMBRO DE 2002..

15. REFLEXÕES SOBRE REDAÇÃO CIENTÍFICA [...] Todo pesquisador deve escrever de acordo com os padrões exigidos pela ciência, no entanto, muitos não dominam a linguagem científica. Alguns editores apontam a falta de estilo como principal defeito dos artigos enviados para publicação por cientistas dos países em desenvolvimento. Isto indica que há

uma

deficiência

importante

na

formação

destes

investigadores. O ensino médio (de primeiro e segundo graus) enfoca a forma literária de escrever. Esta admite frases longas,

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complexas e retóricas, para passar imagens e sensações ao leitor. Ao contrário, a linguagem científica deve ser clara, objetiva, escrita em ordem direta e com frases curtas. Portanto, os indivíduos precisarão adequar sua redação quando se iniciam na carreira científica. Esse assunto tem sido negligenciado pelos cursos de Pós-Graduação no Brasil, originando a formação de Mestres e Doutores inabilitados para escrever artigos científicos. Geralmente esses jovens pesquisadores não têm consciência disso e passarão suas deficiências aos futuros orientados. Para corrigir esta falha na formação é necessário muito esforço, paciência e disposição para ocupar quanto tempo for necessário. Acima de tudo, é preciso ter humildade para reconhecer as próprias limitações e trabalhar continuamente para eliminá-las. Produzir um texto adequado é tarefa árdua e demorada mesmo para aqueles que dominam a linguagem científica. (Valenti, 1996). A seguir, serão apresentadas algumas regras práticas sugeridas pelo professor Valenti, adaptadas para este artigo. Evidentemente, elas são de mero caráter típicoindicativo e admitem exceções, mas podem auxiliar na hora de escrever ou revisar um texto acadêmico. 1. Antes de iniciar, organize um roteiro com as ideias e a ordem em que elas serão apresentadas. Estabeleça um plano

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lógico para o texto. Só escreve com clareza quem tem as ideias claras na mente. 2. Trabalhe com um dicionário e uma gramática ao seu lado e não hesite em consultá-los sempre que surgirem dúvidas. 3. Escreva sempre na ordem direta: sujeito + verbo + complemento. 4. Escreva sempre frases curtas e simples. Abuse dos pontos. 5. Prefira colocar ponto e iniciar nova frase a usar vírgulas. Uma frase repleta de vírgulas está pedindo pontos. Na dúvida, use o ponto. Se a informação não merece nova frase não é importante e pode ser eliminada. 6. Evite orações intercaladas, parêntesis e travessões. Algumas revistas internacionais aceitam o uso de parêntesis para reduzir o período. 7. Corte todas as palavras inúteis ou que acrescentam pouco ao conteúdo. 8. Evite as partículas de subordinação, tais como que, embora, onde, quando. Estas palavras alongam as frases de forma confusa e cansativa. Use uma por frase, no máximo. 9. Use apenas os adjetivos e advérbios extremamente necessários.

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10. Só use palavras precisas e específicas. Dentre elas, prefira as mais simples, usuais e curtas. 11. Evite repetições. Procure não usar verbos, substantivos aumentativos, diminutivos e superlativos mais de uma vez num mesmo parágrafo. 12. Evite ecos (e.g. "avaliação da produção") e cacófatos (e.g. "...uma por cada tratamento" ... uma porcada...) 13. Prefira frases afirmativas. 14. Frases escritas em voz passiva são muito utilizadas em relatórios e trabalhos científicos, mas devem ser evitadas. 15. Evite: regionalismos, jargões, modismos, lugar comum, abreviaturas sem a devida explicação, palavras e frases longas. 16. Um parágrafo é uma unidade de pensamento. Sua primeira frase deve ser curta, enfática e, preferencialmente, conter a informação principal. As demais devem corroborar o conteúdo apresentado na primeira. A última frase deve seguir de ligação com o parágrafo seguinte. Pode conter a ideia principal se esta for uma conclusão das informações apresentadas nos períodos anteriores. 17. Os parágrafos devem interligar-se de forma lógica.

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18. Um parágrafo só ficará bom após cinco leituras e correções: a) na primeira, cheque se está tudo em forma direta e modifique se necessário; b) na segunda, procure repetições, ecos, cacófatos, orações intercaladas e partículas de subordinação; elimine-os; c) na terceira, corte todas as palavras desnecessárias; elimine todos os adjetivos e advérbios que puder; d) na quarta, procure erros de grafia, digitação e erros gramaticais, tais como de regência e concordância; e) na quinta, cheque se as informações estão corretas e se realmente está escrito o que você pretendia escrever. Veja se você não está adivinhando, pelo contexto, o sentido de uma frase mal redigida. Após a correção de cada parágrafo, em separado, leia todo o texto três vezes e faça as correções necessárias. Na primeira leitura, observe se o texto está organizado segundo um plano lógico de apresentação do conteúdo. Veja se a divisão em itens e subitens está bem estruturada; se os intetítulos (título de cada tópico) são concisos e refletem o conteúdo das informações que os seguem. Se for necessário, faça nova divisão do texto ou troque parágrafos entre os itens. Analise se

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a mensagem principal que você desejava transmitir está de forma clara a ser entendida pelo leitor. Na segunda, observe se os parágrafos se interligam entre si. Veja se não há repetições da mesma informação em pontos diferentes do texto, em períodos escritos de forma diversa, mas com significado semelhante. Elimine todos os parágrafos que contenham informações irrelevantes ou fora do assunto do texto. Na terceira leitura, cheque todas as informações, sobretudo valores numéricos, datas, equações, símbolos, citações de tabelas e figuras, e as referências bibliográficas. Lembre-se que textos longos e complexos, com frases retóricas e palavras incomuns não demonstram erudição. Ao contrário, indicam que o autor precisa melhorar seu modo de escrever. (Rogério Lacaz-Ruiz, Professor de Metodologia Científica FZEA /USP)

16. PLÁGIO O plágio na academia é um problema grave. É a confiança que cimenta as bases do conhecimento científico. Se um pesquisador omite até a real autoria de um trabalho citado,

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como acreditar nos dados que ele reporta? A teoria, porém, funciona melhor no papel do que no mundo real. Apesar de a desonestidade intelectual em princípio solapar as bases da ciência, ela corre solta nas escolas e universidades. Pesquisa feita nos EUA pela revista "Education Week" revela que 54% dos estudantes reconhecem ter plagiado textos da internet. Outra sondagem, da "Psychological Record", mostra que 36% dos alunos de graduação admitem a prática. Como muitos preferem esconder as coisas erradas, os números reais devem ser ainda maiores. Como conciliar a forte carga moral contra o plágio e sua alta prevalência? Como diversas outras modalidades de mentira, o plágio faz escola porque compensa. Apenas pequena parte das ocorrências são detectadas, das quais só uma fração gera punições. Para 47% dos alunos entrevistados pela "Education Week", os professores preferem ignorar os casos de trapaça que descobrem. Outra possível explicação é que o plágio entrou há pouco tempo para o rol das práticas condenáveis. Como ensina Jack Lynch, da Universidade Rutgers, até os séculos 17 e 18, a ordem era copiar os mestres tão fielmente quanto possível. A originalidade era vista como presunção, e dar nome à fonte não era absolutamente necessário. Hoje, autores do calibre de

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Benjamin Franklin e Lawrence Sterne seriam considerados plagiadores seriais. A situação só começou a mudar depois da querela dos antigos e dos modernos (século 17) e da explosão da indústria editorial (século 16). Com a ascensão da burguesia, a originalidade e a invenção passam a ter valor. O primeiro direito estabelecido na Constituição dos EUA é o autoral e de patente. A

ideia

é

que

o

progresso

dependeria

do

reconhecimento dessas virtudes burguesas. (Hélio Schwartsman, Articulista da Folha. São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 2011. Folha de S. Paulo.).

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O que é, e o que não é plágio TEXTO ORIGINAL

CITAÇÃO INDIRETA COM PLÁGIO

Como toda atividade Conforme explica Gil racional e sistemática, a (2007), a pesquisa exige pesquisa exige que as planejamento das ações ações desenvolvidas ao desenvolvidas durante longo de seu processo seu processo. Planejar é o sejam efetivamente ponto de partida da planejadas. De modo pesquisa, que parte da formulação do problema geral, concebe-se o planejamento como a passa pela construção de hipóteses etc. primeira fase da pesquisa, que envolve a Referência: formulação do problema, a GIL, Antônio Carlos. especificação de seus Como elaborar projetos objetivos, a construção de pesquisa. 4. ed. São de hipóteses, a Paulo: Atlas, 2007. p. 19. operacionalização de conceitos etc. Por que isto é plágio?

CITAÇÃO INDIRETA CORRETA De acordo com Gil (2007) o processo de pesquisa deve ser iniciado com o planejamento e o primeiro passo a ser dado é a formulação do problema. Referência: GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 19. Por que isto não é plágio?

O redator conservou palavras essenciais do texto original (pesquisa, planejamento) e usou Referência: O redator manteve a sinônimos para outras, mas mesma estrutura do texto mudou a estrutura da GIL, Antônio Carlos. original e reproduziu sentença, utilizou a voz Como elaborar projetos trechos literais, apenas passiva e reduziu o texto de pesquisa. 4. ed. São substituiu alguns para um período. Paulo: Atlas, 2007. p. 19. sinônimos.

http://www.plagio.net.br/capacitacao_metodologica.html

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17. NÃO COPIE, CITE 17.1. Citações Citações. Segundo França (1996) "as citações são trechos transcritos ou informações retiradas das publicações consultadas para a realização do trabalho." As citações são mencionadas no texto com a finalidade de esclarecer ou completar as ideias do autor, ilustrando e sustentando afirmações.

Toda

documentação

consultada

deve

ser

obrigatoriamente citada em decorrência aos direitos autorais As citações podem ser: 17.1.1. Citação direta Transcrição textual de parte da obra do autor consultado. Indicar a data e a página. Ex.: "Deve-se indicar sempre, com método e precisão, toda documentação que serve de base para a pesquisa, assim como ideias e sugestões alheias inseridas no trabalho." (CERVO; BERVIAN, 1978) 17.1.2. Citação indireta Texto

baseado

na

obra

do

autor

consultado,

consistindo em transcrição não textual da(s) ideia(s) do autor consultado. Indicar apenas a data, não havendo necessidade de indicação da página.

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Ex.: Barras (1979) ressalta que, apesar da importância da arte de escrever para a ciência, inúmeros cientistas não têm recebido treinamento neste sentido. 17.1.3. Citação de citação Transcrição direta ou indireta de um texto em que não se teve acesso ao original, ou seja, retirada de fonte citada pelo autor da obra consultada. Indicar o autor da citação, seguido da data da obra original, a expressão latina "apud", o nome do autor consultado, a data da obra consultada e a página onde consta a citação. Ex.: "O homem é precisamente o que ainda não é. O homem não se define pelo que é, mas pelo que deseja ser." (ORTEGA Y GASSET, 1963, apud SALVADOR, 1977, p. 160). 17.1.4. Citação com um autor Citar o sobrenome e o ano. Ex.: De acordo com Polke (1972), é função do pesquisador

conhecer

o

que

os

outros

realizaram

anteriormente, a fim de evitar duplicações, redescobertas ou acusações de plágio. 17.1.5. Citação com dois a três autores Citar os respectivos sobrenomes separados por ponto e vírgula, data da obra e página da citação.

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Ex.: "Documento é toda base de conhecimento fixado materialmente e suscetível de ser atualizado para consulta, estudo ou prova." (CERVO; BERVIAN, 1978, p. 52). 17.1.6. Citação com mais de três autores Citar o sobrenome do primeiro autor seguido pela expressão “et al.” e o ano. Ex.: Quanto ao uso de maiúsculas ao longo do texto, segundo Bastos et al. (1979) é recomendável a adoção das normas provenientes da Academia Brasileira de Letras. 17.1.7. Citação sem autoria conhecida Citar o título e o ano. Ex.1: Conforme análise feita em Conservacionistas... (1980)

os

ecologistas

nacionais

estão

empenhados

no

tombamento da referida montanha. Ex.2: No diagnóstico das neoplasias utilizou-se a classificação histológica internacional de tumores dos animais domésticos, segundo o Bulletin ... (1974). 17.2. Paráfrase Numa paráfrase, você reformula com suas próprias palavras algo que sua fonte disse. Muitas redações são quase integralmente paráfrases. Um propósito de se parafrasear, ao invés de citar, é colocar algo em palavras que sua audiência irá compreender.

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Artigos

em

revistas

populares

de

ciência

freqüentemente

parafraseiam artigos mais difíceis de periódicos científicos. Dizer algo com suas próprias palavras é, em si, uma atividade intelectual importante: ela demonstra que você compreende e é capaz de trabalhar com o material. Uma paráfrase tem que ser referenciada; caso contrário, ela será um caso de plágio tanto quanto uma cópia palavra por palavra sem referência à fonte. Dizer algo com suas próprias palavras não torna esse algo seu.

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18. DICAS PARA INTRODUZIR UMA CITAÇÃO NO TEXTO Uma pequena amostra das opções feitas por autores acadêmicos. São expressões recolhidas nas observações de leitura de dissertações e teses. ... observa com razão ... Quem diz é o próprio ... Como bem enfatiza ... Conforme expõe... O trabalho de ... aborda ... É ... que afirma ... A autora/o observou que ... Como no estudo de ... Segundo as palavras de ... ... defendia que ... Para confirmar essas reflexões ... De acordo com ... Nesse sentido ... afirma ... Ainda segundo ... O autor acima nos diz ... ... nos alerta para ... ... defendia que a ... ... argumenta que ...

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Nos dizeres de ... Diz ... Como afirma ... Como nos informa ... ... ilustra bem esta questão ... Como bem lembrou ... Sobre tal questão ... ... reafirma dizendo que ... Fazemos nossas as palavras de ... que ... Consideramos como ... Afirma ... que Conforme ... adverte ... Disse-o muito bem ... Assim também pensa ... Da mesma opinião é ... para quem ... A essa consideração, acrescenta ... os seguintes ... Ainda uma vez ... ... parafraseamos ... ... ensina que ... Na lição do mestre ... Vale a pena transcrever o texto de ... expresso nos seguintes termos ...

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19. A PESQUISA VISLUMBRA O FUTURO O presente trabalho pretendeu apresentar alguns passos que são essenciais na prática da pesquisa científica. Como deve ser a produção científica na vida universitária, passando por uma breve descrição dos tipos de pesquisa acadêmica, os agentes fomentadores da pesquisa e noções dos benefícios que o estudante-pesquisador terá com esta atividade. Como fator resultante de uma pesquisa, temos um rico processo de aprendizagem que ocorre numa via de mão dupla: traz benefícios tanto para quem desenvolve e aplica a pesquisa quanto para a sociedade/grupo. Pela pesquisa, o estudante/pesquisador tem a possibilidade de superar o conhecimento já adquirido e mergulhar num universo marcado pela busca permanente de novas ou aprofundadas respostas para suas inquietações e interrogações. Isto serve para gerar novos conhecimentos, bem como para confirmar ou desconstruir um conceito já existente. Quando se faz referência ao compromisso da Universidade com uma formação sólida e crítica, seja na sua dimensão humanística ou técnica, invariavelmente acredita-se na importância da pesquisa para o cumprimento desta prerrogativa.

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A pesquisa precisa ser internalizada como atitude cotidiana. Não apenas como atividade especial, de gente especial, mas para todos aqueles que têm duvida, pois o distintivo mais próprio da pesquisa é o questionamento reconstrutivo. Este é o espírito que perpassa a pesquisa, realizando-se de maneiras diversas conforme o estágio de desenvolvimento dos pesquisadores. Significa que é necessário exercê-la em condições apropriadas e o seu realizador deve estar devidamente consciente da atividade que desenvolve. É nesse momento que se passa a compreender e admitir distintas formas e condições para o ato de pesquisar.

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20. REFERÊNCIA ALMEIDA, Maria Olivia de, Vidna, Maria Cecília M. Pesquisa escolar: uso do livro e da biblioteca. São Paulo: [s.n], 1993. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Informação e documentação – citações - apresentação: NBR 10520/ ago. 2002. Rio de Janeiro: ABNT, 2002. BAGNO, Marcos. Pesquisa na escola: o que é, como se faz. 21. ed.. São Paulo: Ed. Loyola, 1998. CALDAS, Maria Aparecida E., Silva, Sinéjia C. de A. , Ramires Gilka F. G. Pesquisa escolar: conhecimento e utilização das fontes bibliográficas. [s.l.]: Bagaço, [19?]. COSTA, Sulamita. Como estudar. Amar Educando, v.3, n.7, p.2739, 1988. DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas, SP: Autores Associados, 1996. ECO, U. Como se faz uma tese. 14. ed. São Paulo: Perspectiva, 1996, p.170. FAULSTICH, E. Como ler, entender e redigir um texto. 12 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2000. FRANÇA, Júnia Lessa et al. Normas para normalização de publicações técnico-científicas. 3. ed. rev. e aum. Belo Horizonte : UFMG, 1996. 231p. (Aprender). GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1988. LAKATS, Ana Maria, Marconi, Marina de A. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1984.

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