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Suplemento de “A Voz de Ermesinde” N.º 913 - 31 de Janeiro de 2014 - Coordenação: Miguel Barros

Entrevista com a Federação Portuguesa de Matraquilhos Foto: FPM

Futebol

Futebol

Basquetebol

Ermesinde 1936 perde liderança do campeonato mas continua firme na luta pela subida

Paulinho, o melhor marcador das provas distritais promete continuar a dar alegrias aos ermesindistas

CPN étri campeão distrital de juniores femininos

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A Voz de Ermesinde - 31 de janeiro de 2014

FUTEBOL

Ermesinde 1936 perde liderança mas... nada que assuste Dois jogos menos conseguidos na última quinzena de janeiro afastaram o Ermesinde 1936 da liderança da Série 1 do Campeonato Distrital da 2ª Divisão. O último desses resultados menos positivos significou mesmo a segunda derrota da temporada para os pupilos de Jorge Lopes, averbada no passado domingo (26 de janeiro) no reduto do Marechal Gomes da Costa (MGC), por 3-2, em partida (na imagem) alusiva à 16ª ronda da competição, a primeira da segunda volta. Uma semana antes os ermesindistas tinham escorregado em casa do Medense, na sequência de uma igualdade a zero bolas. Perante isto a turma de Sonhos perdeu o primeiro posto da classificação para o Leça do Balio, somando 37 pontos, menos um do que o novo líder, mas ainda com quatro pontos de vantagem sobre o terceiro colocado (Mocidade Sangemil), por isso não há motivos para alarme entre as hostes verde-e-brancas. Em seguida passamos em revista o desempenho do Ermesinde 1936 no primeiro mês de 2014, começando pela derrota ante o MGC. MB

m golo de Rui Alexandre em cima do apito final (aos 90 minutos) ofereceu os três pontos aos portuenses do MGC, que em casa emprestada – Complexo Desportivo do Bougadense, na Trofa – aplicaram a segunda derrota da temporada ao Ermesinde 1936. Fajó, aos 37 minutos, e Paulinho, ao minuto 53, foram os marcadores dos golos ermesindistas, num encontro onde a turma da nossa freguesia alinhou com: Teixeira; Fábio Davide, Folgosa, Pedro Castro, e Faria (Leça, 56); Marco, Fajó (Diogo Loureiro, 56), David, e Andrezinho; Paulinho, e Pinto. Treinador: Jorge Lopes.

Primeiro empate da época Uma semana antes (dia 19) a equipa da nossa freguesia cedeu o primeiro empate da temporada no campeonato. Facto ocorrido no reduto do Medense, em jogo referente à 15ª jornada o qual terminou então com um empate a duas bolas. O inevitável goleador Paulinho foi o herói da turma de Sonhos, sendo dele os dois tentos da equipa, aos 63 e 80 minutos, ambos na

conversão de grandes penalidades. No Campo do Medense, em Gondomar, o Ermesinde 1936 alinhou com: Teixeira; Fábio Davide, Folgosa (Leça, 46), Pedro Castro, e Faria (Andrezinho, 46); Marco, Fajó, Serginho, e David (Amaro, 86); Paulinho, e Pinto (Pedro Assunção, 86). Treinador: Jorge Lopes. Entretanto, no dia 23 foram conhecidos os jogos dos quartos-de-final da Taça Brali da AFP. A sorte – ou azar, isso é o que iremos ver – ditou que o Ermesinde 1936 vai receber o Leça, equipa esta que milita no escalão máximo da Associação de Futebol do Porto, o mesmo é dizer a Divisão de Elite. O jogo será nos Sonhos, no dia 4 de março (terça-feira de Carnaval). MB

Início de ano novo vitorioso O início de 2014 trouxe duas vitórias para a equipa principal do Ermesinde 1936. Nos Sonhos, a 12 de janeiro a equipa de Jorge Lopes vencia por 4-1 o Inter de Milheirós, em partida alusiva à 14ª jornada. O Ermesinde 1936 cumpriu o que lhe competia, ou seja, vencer, mas os visitantes, que até foram a primeira equipa a marcar, dificultaram ao máximo a vitória do combinado da casa, que só na etapa final conseguiu avolumar o resultado, e em jogadas de contra-ataque! Os ermesindistas até podiam ter chegado primeiro ao golo, logo no segundo minuto da partida, quando Luís ao atrasar o esférico para o seu guarda-redes, Tiago fez um passe com tal força que este teve de se esforçar para conseguir defender. O clube da casa esmoreceu e o Inter de Milheirós ia tentando a sua sorte. Aos 15 minutos o técnico do Ermesinde 1936 foi obrigado a fazer a primeira substituição, fazendo entrar Pinto para o lugar de Diogo Loureiro que saiu lesionado. Aos 28 minutos surge o primeiro golo e para a equipa visitante. Numa das primeiras vezes que o clube de Milheirós conseguiu chegar à baliza adversária houve uma ameaça de remate que fez cair o guardião Teixeira, sendo que na sequência deste lance Thiago aproveitaria a falta de eficácia da defesa da casa para colocar a bola no fundo das redes, fazendo assim o primeiro golo do jogo. Os homens vestidos de verde e branco empertigaram-se e o golo da igualdade não tardou. Foi marcado por Fajó, ao minuto 40, dando o melhor seguimento a um livre cobrado do lado esquerdo do seu ataque, cabeceando para golo sem dar qualquer hipótese de defesa ao guarda-redes adversário. No recomeço da partida o Ermesinde 1936 vinha motivado para virar por completo o rumo do marcador e aos 50 minutos, o goleador Paulinho teve uma falha incrível já em plena pequena área. Cinco minutos depois foi a vez de Berto fazer bater a bola, com grande estrondo, na barra da baliza de Teixeira. Mas, depois desse lance, quase todas as oportunidades de golo foram do clube anfitrião que, apesar de tudo, só logrou concretizar mais para o final da par-

Foto: Luís Macedo

tida. O golo da vitória do Ermesinde 1936 foi marcado por Leça aos 83 minutos. Paulinho e Pinto ampliariam a vantagem aos 89 e aos 92 minutos, respetivamente, em jogadas de contra-ataque, aproveitando a tentativa de resposta dos adversários que entretanto davam já sinais de desgaste. Neste encontro o emblema da nossa freguesia alinhou com: Teixeira; Folgosa, Fábio (Morangos, 73), Pedro Castro e Pedro Assunção (Davide, 73); Marco, Fajó (Leça, 60) e Serginho; Faria (André, 60), Diogo Loureiro (Pinto, 15) e Paulinho.

No primeiro encontro do ano o Ermesinde 1936 deslocou-se ao Complexo Desportivo de Campanhã para aí defrontar os portuenses do Sporting de S. Vítor, em jogo referente à 13ª ronda. Partida que seria concluída com um triunfo ermesindista por 2-0, com golos de Faria (46 minutos) e Paulo (aos 73). Neste jogo o Ermesinde 1936 jogou com: Teixeira, Folgosa, Fábio, Marco, e Pedro Assunção; Fajó (André, 45), Morangos (Pedro Castro, 45), Serginho, e Faria (Pinto, 65); Diogo Loureiro (Leça, 77), e Paulinho (Pedrinho, 77). luis Dias

basquetebol CPN é tricampeão distrital de juniores femininos Três dias de competição, três vitórias alcançadas, e como consequência o terceiro título de campeão distrital de juniores femininos alcançado pelo CPN. Facto ocorrido no passado fim-de-semana (24, 25, e 26 de janeiro) na Maia, onde decorreu a fase final do Campeonato Distrital, que para além da equipa da nossa cidade contou ainda com o Académico do Porto, o Coimbrões, e o Núcleo Cultural e Recreativo de Valongo. E foi precisamente esta última equipa a primeira vítima das cepeenistas, já que no primeiro dia de competição seriam derrotadas por 91-52. No segundo dia o CPN somou mais um inquestionável triunfo, desta feita ante o Coimbrões, que na véspera havia sido derrotado pelo Académico, e como tal precisava de vencer as ermesindenses obri-

Foto: CPN

gatoriamente, caso contrário dizia adeus ao título. Assim sendo, este foi um encontro difícil para as ermesindenses, que pela frente encontraram um duro adversário, conforme traduz a curta vitória por 65-61. No outro encontro do dia as academistas derrotavam a equipa de Valongo por 53-44, e como tal o jogo CPN-Académico ganhava contornos de final. Foi uma partida emotiva, como se esperava, com o CPN a ter uma entrada brilhante, tendo equilibrado as academistas nos minutos seguintes. O último período teve emoções ao rubro. O CPN abanou, mas não caiu, acabando por vencer por 51-47, e conquistando assim pela terceira vez consecutiva o título distrital de juniores, e o consequente apuramento para o Campeonato Nacional da categoria.


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31 de janeiro de 2014 - A Voz de Ermesinde

entrevista

Paulinho, o goleador do futebol distrital promete continuar a dar alegrias aos ermesindistas MIGUEL BARROS A Voz de Ermesinde (AVE): No plano individual o Paulinho está a realizar uma temporada soberba, sendo por esta altura o melhor marcador das provas distritais (campeonatos + Taça Brali) com 19 golos apontados (15 para o campeonato e 4 para a taça). Como é que descreve este momento? Paulinho (P): No início da época pensamos sempre fazer melhor que na época anterior, e de facto este ano as coisas estão a correr bem, tanto a nível pessoal como a nível coletivo. Em termos de vivência no novo Ermesinde 1936 julgo que as coisas estão a correr muito melhor que em anos anteriores. O apoio dos ermesindenses e dos ermesindistas faz-se de novo sentir nas bancadas em cada jogo, e julgo que mesmo os elementos da Direção do Ermesinde 1936 tudo procuram fazer para nos proporcionar as melhores condições em face de todas as dificuldades que vivem. AVE: No início da temporada esperava atingir este nível em termos pessoais? P: Como já referi esperamos sempre fazer mais e melhor, e a ambição era grande neste arranque de temporada. Queria ajudar o Ermesinde 1936 a fazer o melhor neste início de vida do clube. AVE: Podemos considerar esta a melhor época do Paulinho? P: Esta época está realmente a correr bem, como já disse. Não sei se será a melhor ou não, julgo que em temporadas passadas já tive bons desempenhos. Uma coisa é certa, o Paulinho vai continuar a dar alegrias aos adeptos do Ermesinde 1936. AVE: Qual o segredo para que a pontaria (às balizas) esteja por esta altura tão afinada, por assim dizer? P: Procuro treinar sempre bem, com qualidade e concentração. Mas o grande segredo dos resultados individuais é sem dúvida nenhuma a força do coletivo. Tenho que agradecer aos meus colegas de equipa todos os passes, todos os cruzamentos, no fundo todas as jogadas que tornam mais fácil o golo. AVE: É um filho da terra, nasceu e cresceu na nossa cidade, e deu os primeiros pontapés na bola no antigo Ermesinde SC. 2013 foi um ano negro para o histórico Ermesinde, com toda a situação já mais do que conhecida por todos. Entretanto, surgiu um novo clube, o Ermesinde SC 1936, e o Paulinho aceitou integrar esse projeto. O que o fez aceitar? P: Sim, levo já 20 anos a vestir as cores de Ermesinde. É verdade que 2013 marcou o fim

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AVE: Tem 27 anos, e ainda muito para dar ao futebol. O seu futuro passa por ficar no clube da nossa cidade, ou ainda tem a ambição de dar um salto na carreira? Até onde pode chegar o Paulinho? P: Sim, ainda tenho muito futebol nas pernas. Neste momento estou concentrado no Ermesinde 1936, sinto-me bem aqui. AVE: Como já foi dito anteriormente, em termos coletivos esta época de estreia do Ermesinde 1936 está correr muito bem. Com o campeonato a meio, quais são os objetivos da equipa até ao final da temporada, os sócios podem esperar a subida? P: Sim, até agora as coisas têm corrido bem, mas não nos desviamos do nosso cami-

nho nem da nossa forma de trabalhar. Pensamos jogo após jogo, é assim que tencionamos fazer até ao fim da época. Quanto aos sócios e adeptos do Ermesinde 1936 o que lhes posso prometer é que a cada jogo tudo faremos para lhes dedicar as vitórias. AVE: A terminar, quer deixar alguma palavra aos adeptos e sócios do clube? P: Que continuem a acreditar em nós, a apoiar esta equipa em cada jogo como só eles sabem fazer. Da nossa parte podem esperar trabalho e dedicação ao Ermesinde 1936 em cada treino e em cada jogo. Não posso deixar de agradecer em particular a duas pessoas muito especiais em todo este percurso: a minha esposa e a minha filha. Efetivamente são muitas as horas que passamos sem elas.

Hóquei em Patins Foto: Luís Macedo

Paulo Jorge Correia Martins, ou simplesmente Paulinho, como gosta de ser chamado nos campos de futebol, é por esta altura um dos nomes em foco do futebol distrital. Para gáudio dos ermesindistas ele tem exibido a sua veia goleadora ao serviço do clube da sua terra, o Ermesinde 1936, o emblema do seu coração e onde se sente bem. Numa curta conversa com o nosso jornal o número 9 de Sonhos explica a fórmula, por assim dizer, do seu momento de forma, ao mesmo tempo que assegura que irá continuar a dar muitas alegrias aos sócios e adeptos do novo Ermesinde. Sem mais demoras passemos a bola a Paulinho. de um projeto desportivo e o início de outro. O projeto desportivo (Ermesinde 1936) que me foi apresentado aquando da preparação da atual época desportiva mostrou ser mais do que um simples projeto de futebol sénior, a Direção quer dotar a cidade de um clube que para além de possuir uma equipa de futebol sénior, tenha uma boa formação e uma academia de excelência. No fundo um projeto virado para o futuro, que desde o primeiro momento me agradou pelo profissionalismo e dedicação dos seus elementos. Não podia virar as costas a este desafio. AVE: Fez a sua formação no Ermesinde SC, o que significa o Ermesinde, ou agora o Ermesinde SC 1936, (a mística é a mesma, no fundo) para si? P: Não vou mentir. Apesar de o clube ser diferente, para mim o amor é o mesmo. Jogo cada fim-de-semana com a mesma dedicação e a sentir o mesmo peso (da camisola) que sentia nas épocas anteriores. Para mim o Ermesinde vai ser sempre o Ermesinde.

Janeiro trouxe as primeiras derrotas da época A fazer uma temporada a todos os níveis extraordinária tanto no plano interno como externo, eis que neste início de ano a Associação Desportiva de Valongo (na imagem) provou pela primeira vez o amargo sabor da derrota. Mas nada que assuste, há que dizê-lo. A última dessas derrotas aconteceu no passado 25 de janeiro, dia em que o Valongo se deslocou ao rinque da Oliveirense para ai disputar um encontro alusivo à 13ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão de hóquei em patins. 9-3 foi o resultado a favor da turma de Oliveira de Azeméis, num encontro onde os valonguenses até inauguraram o marcador à passagem do 12º minuto por intermédio de Nuno Araújo. Só que uma exibição inspirada de Gonçalo Alves fez com que o Valongo caísse pela primeira vez no campeonato, tendo o jogador oliveirense apontado sete dos nove golos da sua equipa. Nuno Araújo, uma vez mais, e Nuno Rodrigues apontaram os restantes tentos dos valonguenses que mesmo assim continuam a liderar o escalão máximo do hóquei patinado nacional, com 36 pontos, agora apenas mais três que o duo de segundos classificados, composto por FC Porto e Oliveirense.

Derrota também na Europa Antes, a 18 de janeiro, a turma do nosso concelho foi até à Corunha defrontar o Liceo

na 4ª jornada do Grupo A da Liga Europeia de hóquei em patins. Aos quatro minutos os portugueses ainda silenciaram os fervorosos adeptos galegos quando Miguel Viterbo fez – na conversão de uma grande penalidade – o primeiro golo do encontro. Em desvantagem no marcador o Liceo da Corunha partiu com tudo para cima do Valongo e cinco minutos volvidos restabelece a igualdade por intermédio de Lucas Ordoñez. Na reta final da primeira parte o “cinco” galego foi verdadeiramente demolidor, ao conseguir apontar três golos no espaço de quatro minutos, sendo que ao intervalo o marcador era de 4-1 a favor dos locais. Reagiu bem o Valongo, e nos minutos iniciais do reatamento encurtou distâncias, graças a duas sticadas plenas de êxito de Hugo Azevedo, aos 6 minutos, e de Nuno Araújo, aos 11. O jogo voltou então a animar, mas tal como nos instantes finais do primeiro tempo os galegos voltaram a carregar no acelerador, e encostando o Valongo às cordas conseguiram bater o guardião luso André Girão em mais quatro ocasiões, selando o resultado em 8-3 a seu favor. Com esta derrota, a primeira da temporada, os valonguenses cederam o primeiro lugar precisamente ao Liceo da Corunha, sendo que agora as duas equipas estão separadas por apenas um ponto (Liceo soma oito, contra os sete do Valongo).

Foto: AD Valongo

Suplemento de “A Voz de Ermesinde” (este suplemento nao pode ser comercializado separadamente). Coordenação: Miguel Barros; Fotografia: Manuel Valdrez. Colaboradores: Agostinho Pinto e Luis Dias. Design: Joel Mata e Marcos Ribeiro (colaboração com o Curso de Técnico de Design Gráfico da Escola Secundária de Ermesinde)


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A Voz de Ermesinde - 31 de janeiro de 2014

Destaque De Valongo para o Mundo, eis a Federação Portuguesa de Matraquilhos MIGUEL BARROS partida o facto de Valongo acolher a sede de um organismo desportivo nacional é merecedor de alguma admiração e curiosidade, que subirá de tom se acrescentarmos que esse dito organismo tutela uma modalidade que tem dado muitas alegrias – o mesmo será dizer títulos, medalhas, entre outras distinções – ao nosso país. Como todas as histórias também esta tem um início, e é aqui que entra o nosso interlocutor, Vítor Bessa, um valonguense de gema, que se notabilizou nos bilhares nacionais e internacionais. As suas tacadas alcançaram títulos europeus para Portugal, e por várias vezes esteve às portas de conquistar o título de campeão do Mundo. E foi precisamente num Campeonato do Mundo de Bilhar, decorrido por volta de 2002 em Las Vegas, que Vítor Bessa tomou conhecimento dos matraquilhos enquanto modalidade de competição. «No local onde decorreu o Campeonato do Mundo havia uma mesa de matraquilhos encostada a um canto para quem quisesse jogar. Soube posteriormente que dali a pouco tempo iria decorrer um campeonato de matraquilhos, e…», porque não criar algo do género em Portugal? «Sim. Amadureci a ideia durante uns anos, inteirei-me sobre a modalidade, foram criados os regulamentos, as regras. Digamos que não quis entrar às cegas neste projeto, ou seja, queria iniciá-lo com bases sólidas, assente no desenvolvimento de uma organização competente, e foi o que foi feito, e o que tem sido feito, e bem, em meu entender, até aqui». A 7 de fevereiro de 2007 nasce pois oficialmente em Valongo a FPM, pela mão de Vítor Bessa e de um punhado de outros amantes de uma modalidade muito querida no nosso país. E de lá para cá o que se tem assistido é um crescimento notável da modalidade sob a batuta de uma federação que até nem requereu, por assim dizer, o estatuto de utilidade pública, como a maior parte das suas congéneres. «Ser utilidade pública tem fatores positivos, mas tem outros que penso serem negativos. Desde logo obriga a que FPM tenha de cobrar taxas altas de filiação, além de que obriga igualmente a que os cafés, que é onde se encontram a maior parte dos jogadores, tenham de se tornar clubes desportivos, o que implica um acrescento financeiro na ordem dos 500 euros, e convenhamos que nem todos os cafés estarão disponíveis financeiramente para investir na criação de clubes. Por isso, preferimos mantermo-nos assim, sem estatuto de utilidade pública, e sem os consequentes apoios estatais». Mas, e verdade seja dita, a ausência dos subsídios estatais está longe de ser um entrave na ascensão meteórica rumo ao sucesso, tanto ao nível organizativo como desportivo, que a FPM tem tido. No primeiro aspeto a federação conta com já com 14 membros distritais espalhados pelo continente e pelos arquipélagos da Madeira e dos Açores. Cada associação agrega já cerca de 20 clubes, e em números redondos os jogadores federados são por esta altura cerca de 600. «Em 7 anos de existência penso que

este foi um crescimento muito bom, mas está ainda longe de ser totalmente satisfatório, até porque temos consciência de que há muito mais praticantes em Portugal. Nesse ponto as associações têm de fazer o seu trabalho de captação, e isso é algo que ainda está um pouco no início». Vítor Bessa sublinha que esta é mesmo uma das metas imediatas da federação, ou seja, ajudar a atrair não só mais atletas mas também mais patrocínios, porque de resto a FPM tem tudo. «Temos uma logística impressionante, temos uma boa imagem já implantada, temos tido muita comunicação social interessada em conhecer o nosso trabalho». O que falta então para atingir o patamar máximo do sucesso? A resposta é simples: «Talvez termos uma Sport tv a fazer a cobertura de uma competição nossa, e posso dizer que esse é o tal passo que queremos dar a seguir, já que vamos apresentar uma proposta à Sport tv para acompanhar os campeonatos nacionais de 2014. Com a presença desta estação de televisão julgo que podemos não só captar a atenção de potenciais novos atletas como também novos patrocinadores, até porque neste momento contamos quase só com o apoio monetário da Scorpion Sport, o nosso principal sponcor».

Longe vão os tempos em que os matraquilhos não passavam de um mero passatempo popular praticado por grupos de amigos que ao fim do dia se juntavam num qualquer café para usufruir de umas horas de convívio. Hoje, os matraquilhos são muito mais do que isso, sobressaindo – cada vez mais – no panorama do desporto português como uma modalidade bem estruturada (sob diversos aspetos) que tem trilhado os caminhos do sucesso desportivo tanto a nível nacional como internacional. Estatuto alcançado sob a égide da Federação Portuguesa de Matraquilhos (FPM), mas… a esta altura perguntar-se-ão os nossos leitores que terá a haver esta história com a nossa realidade local? A resposta é curta e simples: tudo. Pois esta é uma história que foi iniciada há precisamente 7 anos em Valongo. E foi para conhecê-la de perto que o nosso jornal se deslocou à sede do nosso concelho, onde se encontra localizada a casa da FPM.

também no escalão júnior. Aliás, os lusos têm sido nos últimos anos um dos países que maior número de atletas têm levado aos Campeonatos do Mundo (em diversos escalões), residindo aqui uma prova do sucesso que a modalidade tem tido em solo lusitano.

A elite dos matraquilhos no nosso país Com a evidente visibilidade de Portugal no universo dos matraquilhos é impiedoso colocar a seguinte questão: para quando a realização de um grande evento mundial no nosso país? Um desejo difícil mas não impossível de cumprir, segundo o presidente da FPM. Difícil porque em termos financeiros fazer um Mundial em Portugal teria um custo na ordem dos 100 000 euros, «e sem apoios financeiros este é um nú-

Foto: FPM

Portugal é já uma potência mundial No plano desportivo o êxito tem sido um sinónimo deveras repetitivo quando se fala na FPM. Portugal é mesmo tido no plano internacional como uma potência da modalidade, e a provar este facto estão as brilhantes prestações que as diversas seleções nacionais têm tido nos campeonatos do Mundo. Portugal que, diga-se, é uma presença habitual no evento mais importante tutelado pela International Table Soccer Federation (ITSF) desde 2009, ano em que se filiou no organismo máximo da modalidade a nível planetário. Desempenho que tem sido, como já foi referido, brilhante, a julgar pelos muitos títulos mundiais já obtidos desde então, medalhas de prata, de bronze, distinções honrosas, etc.. Os feitos mais recentes foram alcançados no Campeonato do Mundo de 2013, em Nantes (França), onde Portugal foi campeão mundial de doubles (duplas) na categoria de juniores, por intermédio de Filipe Barreira, e Leandro Pires, e vice-campeão por equipas

mero que assusta. No entanto, e volto a repetir, tendo a visibilidade da Sport tv num evento nacional próximo, penso que podermos angariar mais patrocinadores, e dessa forma construir as bases para que no futuro tenhamos aqui o Campeonato do Mundo», aponta como meta o líder da federação. No entanto, e apesar de para já o evento máximo da modalidade ser um sonho difícil de concretizar, o nosso país vai ser este ano palco de alguns acontecimentos internacionais de grande relevo. Um deles é o congresso internacional que a ITSF vai realizar em Lisboa entre os próximos dias 3 e 6 de abril, em que estarão reunidos os membros oficiais das principais federações mundiais para debater aspetos relacionados com o desenvolvimento da modalidade. O outro é o Pro-Tour ITSF, o primeiro evento de cariz internacional a ser realizado em terras lusas, que trará a três distritos nacionais (Setúbal, Lisboa, e Porto) alguns dos melhores jogadores mundiais da modalidade. No Porto a prova vai mesmo ser realizada em Valongo, na Academia Scorpion Sport, a 8 de março.

Mágoa com a Câmara de Valongo E por falar em Valongo a nossa conversa não pôde deixar de saber o ponto da situação da modalidade no seio do nosso concelho, até porque é aqui que se situa, como já vimos, a sede de toda a estrutura da modalidade em Portugal. No que concerne ao plano desportivo Vítor Bessa desvenda que Valongo é um concelho com grande potencial, apontando a existência de cerca de 30 atletas com grande valor, entre eles Ricardo Dias. No entanto, o concelho, ou neste caso quem o gere, é merecedor de uma certa mágoa por parte do presidente da FPM. Como já foi dito, Vítor Bessa é um valonguense de gema, arrecadou títulos de gabarito internacional enquanto jogador de bilhar, edificou a FPM que tem catapultado a modalidade e o país no plano internacional, e até hoje «nunca tive uma palavra de reconhecimento por parte da Câmara Municipal de Valongo (CMV). Nem reconhecimento nem apoios, quer como jogador de bilhar, quer agora como dirigente federativo. Ao contrário da Junta de Freguesia de Valongo, que sempre me apoiou (financeiramente) quando ia aos campeonatos da Europa ou do Mundo, e continua a apoiar mesmo agora na FPM, a Câmara nunca me deu nada. Ainda agora (dezembro) quando a Seleção Nacional chegou de França enviamos um e-mail à Câmara a dar conhecimento da nossa prestação no Campeonato do Mundo, sendo que até hoje nem um elogio tivemos da parte deles! Custa muito». Apoio camarário que é fundamental para que provas de âmbito nacional e internacional tenham lugar no nosso concelho. Aliás, neste aspeto a FPM tem em vista organizar a Liga dos Campeões (prova de cariz nacional) em Valongo, tendo já contactado a Câmara no sentido de obter da parte desta alguma ajuda, mas até agora nenhum feedback chegou da parte da autarquia. E se Valongo não apoia nem reconhece o trabalho que a Federação tem feito ao longo destes 7 anos de vida outras autarquias nacionais fazem-no, como é o caso da Maia. «Posso dizer que já fomos contactados por parte da Câmara da Maia para sairmos daqui. Eles oferecem-nos não só apoios logísticos (instalações) mas também algum apoio financeiro. Vamos ver…». Maia que aliás já mostrou também interesse em apoiar um dos próximos projetos da FPM, agendado para 2015, e que passa pela edificação de um Campeonato Nacional de Escolas, projeto que visa fomentar a formação no seio da modalidade a nível nacional. Uma coisa é certa, com ou sem apoios camarários, a FPM tem levado a “água ao seu moinho”, e com elogios internacionais, o que para Valongo é um orgulho, mesmo a Câmara local fazendo “ouvidos de mercador”!


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