"A Voz de Ermesinde" n. 890, de 29 de fevereiro de 2012

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29 de fevereiro de 2012 • A Voz

de Ermesinde

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VOZDE DE AAVOZ

ERMESINDE

MAIS DE 50 ANOS – QUASE 900 NÚMEROS

N.º 890 • ANO LII/LIV

29 de fevereiro de 2012

DIRETORA: Fernanda Lage

PREÇO: 1,00 Euros (IVA incluído)

• Tel.s: 229757611 / 229758526 / 938770762 • Fax: 229759006 • Redação: Largo António da Silva Moreira, Casa 2, 4445-280 Ermesinde • E-mail: avozdeermesinde@gmail.com

“A Voz de Ermesinde” na Internet: http://www.avozdeermesinde.com/

Enterro do João revive

FOTO URSULA ZANGGER

M E N S Á R I O TAXA PAGA PORTUGAL 4440 VALONGO

DESTAQUE CÂMARA MUNICIPAL DE VALONGO

Aprovada com apoio socialista a alteração pontual polémica ao Plano Diretor do concelho de Valongo

Pág. 3

Fósseis com 300 milhões de anos em risco de se perderem (ÚLTIMA HORA: Assembleia Municipal de Valongo aprova recomendação unânime)

Pág. 8

INQUÉRITO DE RUA

Ermesindenses falam sobre os transportes públicos

Pág. 9

MOSTRA DE TEATRO AMADOR

UDRC Bela e Cabeças no Ar... entre as propostas de abertura da Mostra 2012

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ENTREVISTA

Paródia carnavalesca enraizada no gosto popular das gentes de Ermesinde, após vários anos de interrego, e devido à iniciativa da Junta de Freguesia, volta a animar o período de Carnaval.

História, atividades, atualidade e projetos do Clube Zupper Pág. III


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Destaque

FERNANDA LAGE DIRETORA

EDITORIAL

Ser mulher em Portugal e no Mundo No dia 8 de março comemora-se novamente o Dia Interna- mulheres e crianças do sexo feminino, é um direito fundamencional da Mulher, motivo mais que suficiente para refletir um tal e sem o qual elas não podem ter uma vida produtiva. Entre pouco sobre a condição das mulheres em Portugal no Mundo. esses objetivos, a igualdade dos sexos, a educação, a saú«Certos princípios universais devem ser defendidos, procla- de, a diminuição da mortalidade materno-infantil, a luta contra mados e promovidos, acima das culturas e das crenças. Entre a sida, são outros tantos domínios onde a localização e o papel estes, a Carta dos Direitos do Homem é um texto fundador das mulheres são agora determinantes». (2) Mas voltemos ao ocidente, à nossa terra, muito foi feito, é verpara a humanidade inteira. E a humanidade inclui as mulheres (1) dade! Alguns até pensam que já não faz sentido comemorar o – ou, melhor, depende delas». Em Portugal, como nas sociedades ocidentais, a situa- Dia Internacional da Mulher, como se enganam!... Senão vejamos: ção das mulheres na comunidade alterou-se profundamenA violência doméstica em Portugal continua a vitimizar um te. As mulheres conquistaram o seu espaço, mas muito ainnúmero muito significativo de mulheres. da está por fazer. Durante o ano de 2011, até 11 de novembro registaram-se 23 «Promover as mulheres não é uma forma de diminuir os homicídios, 39 tentativas de homicídio e 62 homens; é, para as nossas sociedades, vítimas associadas. a melhor garantia de equilíbrio e pro(2) IMAGEM PORTAL SOCIEDADE CIVIL MAGREB Apesar de possuírem um nível médio de gresso». escolaridade superior ao dos homens, em Mas todo este progresso não se aplica muitas profissões continuam a ser as mais ao mundo inteiro. Mais de metade da huatingidas pelo desemprego. manidade, homens e mulheres vivem no «A discriminação remuneratória com sofrimento. Porque são pobres, porque base no sexo é tanto maior quanto mais eleestão mal alimentados, porque são doenvado é o nível de qualificação da mulher. tes, porque são iletrados, porque são exA pensão média de velhice da mulher plorados. Ou sofrem, pura e simplesmencorresponde apenas a 59% da do homem te, porque nasceram mulheres. e a pensão média de invalidez é somente «Nenhuma tradição, cultura ou religião 294 euros/mês». (3) justifica que meninas sejam mutiladas, A precariedade no emprego atinge de vendidas e prostituídas. Nem que mulheforma significativa as mulheres. E apesar res sejam escravizadas, humilhadas, pride constituírem a maioria da população, vadas dos direitos mais fundamentais do continuam a estar em minoria no poder. ser humano. Trata-se de situações que Estas são algumas das muitas razões dizem respeito a todos nós, e ocorrem que justificam a luta das mulheres. também no seio das nossas comunidaQuanto às comemorações do Dia Indes, muitas vezes sem que disso tenha(2) ternacional da Mulher, ele continua e conmos consciência». tinuará a fazer sentido, quer como forma Os maus tratos infligidos às mulheres são universais e permanentes. A ONU reconheceu-o de luta, quer como comemoração das vitórias que, ao longo em Dezembro de 1993, com a Declaração sobre a Elimi- dos tempos, as mulheres têm alcançado. (1) nação da Violência contra as Mulheres. Christine Ockrent, Prefácio do “Livro Negro da Condição das Mulheres”. (2) “Livro Negro da Condição das Mulheres”, organização de Christine Ockrent, Em Janeiro de 2005 as Nações Unidas, ao definirem os Temas & Debates, 2007. Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, afirmam que «o (3) Eugénio Rosa, “A Situação da Mulher em Portugal”, no Dia Internacional da direito de estar ao abrigo da violência, sobretudo para as Mulher de 2011.


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• CÂMARA MUNICIPAL DE VALONGO •

Câmara de Valongo aprova alteração pontual ao PDM viabilizando para já o empreendimento da Novimovest Com o voto contrário da Coragem de Mudar, a Câmara Municipal de Valongo (CMV), aprovou dia 16 de fevereiro, a alteração pontual ao PDM que irá permitir, no futuro, a viabilização de um empreendimento da Jerónimo Martins, que segundo o entendimento dos vereadores do PS e PSD trará muitas vantagens ao concelho, nomeadamente no domínio do emprego. Tal empreendimento, uma plataforma logística, será acompanhada de alguns equipamentos sociais para os trabalhadores, assegurou aquela empresa, tais como uma creche e um refeitório.

LC

Com o voto contrário da Coragem de Mudar, a Câmara Municipal de Valongo (CMV), aprovou dia 16 de fevereiro, a alteração pontual ao PDM, que irá permitir no futuro a viabilização de um empreendimento da Jerónimo Martins, que segundo o entendimento dos vereadores do PS e PSD trará muitas vantagens ao concelho, nomeadamente no domínio do emprego. Tal empreendimento, uma plataforma logística, será acompanhada de alguns equipamentos sociais para os trabalhadores, assegurou aquela empresa, tais como uma creche e um refeitório. A proposta de alteração pontual ao PDM do concelho de Valongo na freguesia de Alfena, aprovada pela Câmara, não foi considerada de interesse público pelos vereadores da Coragem de Mudar para quem, primeiro, não está assegurada a vinda da Jerónimo Martins, segundo, não foram dissipadas as dúvidas sobre comportamentos especulativos quanto à venda dos terrenos, e terceiro, esta última decisão da Câmara é feita ao arrepio de anterior decisão em sentido contrário, sem nenhum facto ou situação que justificasse uma nova votação sobre o mesmo assunto, encontrando-se assim ferida de irregularidade. A Coragem de Mudar deixou no ar acusações de falta de coerência ao Partido Socialista que, pelo contrário, manifestou ser esta uma posição unânime no seio do partido, sensibilizado pela questão social que decorre de um empreendimento que permitirá criar centenas de postos de trabalho direto. A aprovação de um parecer positivo da Câmara à alteração pontual do PDM foi saudada por Arnaldo Soares que considerou que aquele investimento seria uma âncora para muitos outros.

José Luís Catarino, do PS, por sua vez, considerou teremse dissipado as dúvidas anteriormente colocadas pelo partido, considerando agora este ter elementos para entender ser esta uma mais-valia para o concelho. Já para Maria José Azevedo, da Coragem de Mudar, o prazo para o esclarecimento das dúvidas tinha passado, não havendo nada de novo a apresentar. Segundo a vereadora o processo ainda estaria a montante de uma eventual concretização do possível investimento da Jerónimo Martins, sendo apenas certo que com esta decisão se abria o caminho para o fundo de investimento Novimovest no que respeita à questão controversa da aquisição dos terrenos. O vicepresidente da Câmara, João Paulo Baltazar, referiu estar a Câmara consciente da importância deste investimento e ter, por isso mesmo, esta desenvolvido esforços no sentido de que ficasse claro o interesse real da Jerónimo Martins no processo. Às críticas de que todo o processo tinha andado a reboque dos privados, a Coragem de Mudar juntou várias questões processuais, apresentadas por Pedro Panzina, com base na legislação em vigor, incluindo o Código Administrativo. O vereador da Coragem de Mudar fez questão em que ficasse esclarecido que um encontro proposto pela Jerónimo Martins e apontado como tendo sido efetuado com a Câmara, ficasse bem esclarecido em ata, que não foi com a Câmara, mas apenas com forças políticas do concelho. No final, a proposta da Câmara seria aprovada com os votos favoráveis do PSD e PS e os votos contrários da Coragem de Mudar que, em declaração de voto, considerou que «as opções relativamente ao ordenamento do território» deveriam «ser da

iniciativa da Câmara, ao abrigo de um Plano Estratégico que Valongo continua a não ter», era completamente contra «quaisquer alterações do uso do solo» que decorressem «da exclusiva iniciativa de particulares e ao abrigo de interesses próprios, por legítimos que sejam», e que se recusava a «ratificar negócios imobiliários especulativos entretanto tornados públicos» e que estariam «aliás, sob investigação». A declaração política da Coragem de Mudar

ver pré-conversações com o atual presidente da Concelhia socialista. A vereadora frisou ainda que a Coragem de Mudar não tem disciplina partidária e que os seus autarcas só têm vínculo políticos aos eleitores. Maria José Azevedo acusou ainda o líder da Concelhia socialista de, com isto, se pretender criar um condicionamento dos eleitos da Coragem de Mudar [ver texto à parte na edição net em http://www.avozdeermesinde.com/noticia.asp?idEdicao=233&id=7673&idSeccao=2474&Action=noticia]. Outros pontos da Ordem do Dia

Do ponto de vista político, outra intervenção importante nesta sessão camarária foi a proferida por Maria José Azevedo em nome da Coragem de

Algumas questões relativas ao condicionamento de trânsi-

Mudar. Refutando algumas afirmações contidas nas páginas do “Jornal de Notícias” em que José Manuel Ribeiro teria invocado o nome da Coragem de Mudar, a vereadora desta força independente afirmou não ha-

to devido a vários cortejos carnavalescos preenchiam a Ordem de Trabalhos da reunião para além do ponto já atrás focado do Relatório de Ponderação sobre uma proposta de alteração pontual ao PDM de Valongo.

Mas a vereação socialista propôs entretanto a entrada na Ordem de Trabalhos desta reunião de uma Recomendação sobre estratégias de investimento no concelho, no qual se defendia a rejeição das alterações pontuais ao PDM, definindose uma política estratégica de desenvolvimento industrial, a criação de uma área empresarial local, a qual aproveitando a zona adjacente aos terrenos que têm estado em discussão para efeitos de alteração da definição de solo, de zona ecológica para industrial, deveria ser mais estendida, prestar atenção à situação da Zona Industrial de Campo, que beneficia de excelentes acessibilidades, mas para a qual a Câmara não tem conseguido atrair investimento.

preparada entre todos, e na sequência de uma proposta nesse sentido apresentada pela Coragem de Mudar e aprovada entretanto na Câmara. Pontos antes da Ordem do Dia

Nos pontos antes da Ordem do Dia o vereador Afonso Lobão pretendeu saber o que havia de verdade nas notícias acerca do possível encerramento da Urgência do Hospital de Valongo, tendo Fernando Melo e João Paulo Baltazar contraposto que, pelo contrário, aquilo de que se tem falado é na expansão deste hospital, estando até prevista a instalação de uma unidade de hemodiálise naquele hospital, estando tal dependente da resolução de quesFOTOS URSULA ZANGGER tões relacionadas com a acessibilidade. O mesmo vereador também questionou um possível aumento das rendas da habitação social. Pedro Panzina questionou a maioria do Executivo sobre a representação do concelho nos órgãos em que este tem assento, perguntando se a CMV não tem sido chamada a pronunciar-se sobre várias matérias de interesse regional. Desejava por isso saber que é que, nominalmente, representava geralmente o concelho nesses órgãos, e finalmente, após a resposta de Fernando Melo de que ia às vezes um às vezes outro entre os vereadores, que não queria concluir que a posição da CMV era a posição do PSD. As A recomendação do PS seria matérias em discussão nesses aprovada por unanimidade, ten- órgãos deveriam ser dadas a do Pedro Panzina considerado cponhecer a todos os vereadoque ela dava um novo contri- res para que estes se pudessem buto, parcial, para a definição pronunciar sobre esses assunpolítica estratégica que a Câmara tos e se poder formar, só aí, a deveria aprovar após discussão posição da CMV.


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Enterro do João URSULA ZANGGER

MANUEL VALDREZ

Tradição carnavalesca do Enterro do João voltou a animar povo de Ermesinde LC

Uma multidão que se espalhava pelas margens do Leça, pela ponte da Travagem e pela Rua da Bela, junto à ponte ferroviária da Linha do Minho sobre o rio, marcou na passada terça-feira, dia 21 de fevereiro, a noite de Carnaval em Ermesinde, com um grande e inesperado sucesso deste reviver de uma das mais interessantes manifestações da cultura popular local. Foi este o epílogo de uma realização, este ano de responsabilidade da Junta de Freguesia de Ermesinde, que teve o seu primeiro ato no domingo, junto

à estação ferroviária de Ermesinde, com a chegada, à tarde, do corpo do João à cidade – depois acompanhado de cortejo “fúnebre” até ao largo da feira velha para um primeiro velório – e que, na noite de segunda feira, teve ainda ali a continuação do velório da véspera. Após cerca de uma década de interregno – o jornal “A Voz de Ermesinde” retratou, em reportagem, textual e fotográfica, o evento realizado nos anos de 2001 e 2002 –, não se esperava uma tão grande adesão popular ao relançamento da festa. Este sucesso em muito se deve à

forma como a autarquia local se rodeou de várias das coletividades locais para levar a festa avante, entre elas a Associação Académica e Cultural de Ermesinde (AACE), a União Desportiva da Bela, a União Desportiva e Recreativa da Formiga (UDRF), a Casa do Povo de Ermesinde e a Associação para o Desenvolvimento Integrado da Cidade de ErmesindeADICE) e os Bombeiros Voluntários de Ermesinde, e que nos desculpem todos os esquecidos, seja por nós seja pela organização. Estas coletividades não só ajudaram a realizar o evento com as suas compe-

tências humanas, apoiando as várias fases da festa, dando massa e colorido ao cortejo de mascarados, trazendo os cabeçudos, dando corpo ao João, como ainda, e talvez principalmente, ajudando a multiplicar a notícia da festa, que correu veloz nas veias do corpo vivo da cidade de Ermesinde. Agradecimentos maiores ao senhor Magalhães e a Maria Teles (Rambóia), detentores da memória desta dramaturgia popular, ameaçada de desaparecimento e, tal como as deixas o tornavam bem explícito, ao já desaparecido Abílio Teles (Rambóia), oficiante princi-

pal de toda esta celebração anual durante muitos e muitos anos e que deixou nas mãos da sua irmã Maria a mesma paixão de não deixar morrer esta representação tão genuína e interessante da criatividade popular. Luís Ramalho, presidente da Junta de Freguesia de Ermesinde estava, ele próprio surpreendido pela grande adesão popular que o evento registou e, nesse sentido, não lamentava os quatro mil euros de orçamento que este ano a festa consumiu, tal o potencial evidenciado e que o levou, inclusive, a prometer, de antemão, que o Enterro do João

do próximo ano será ainda mais memorável. Por outro lado é necessário refletir sobre as vantagens e desvantagens da realização dos vários atos da festa nas margens do Leça, num enquadramento apertado entre as pontes rodoviária e ferroviária sobre o Leça, a primeira transformada num dos palcos, local tradicional do festejo, e as possibilidades abertas pela proximidade do amplo largo da feira velha de Ermesinde, mas também ele limitado pela proximidade do Lar da 3ª idade de S. Lourenço, do Centro Social de Ermesinde.

FOTOS MANUEL VALDREZ

Primeiro dia das exéquias fúnebres do Enterro do João: chegada à estação ferroviária de Ermesinde. Em cima, momentos do terceiro e segundo dia (velório no largo da feira).


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Enterro do João FOTOS URSULA ZANGGER

Reparos Se o impulso da Junta de Freguesia de Ermesinde se revelou crucial para a ressurreição da festa, e nesse sentido a Junta merece todo o nosso apoio, já temos dúvidas acerca do facto de que, além do principal impulsionador e até mentor, se ter tornado também protagonista, criando-se aqui uma atmosfera favorável ao crescimento de algumas tentações promíscuas no que respeita à notoriedade da festa e dos seus personagens, reais ou fictícios, e a notoriedade dos atores que intervêm no campo político. Tal poderia ser uma tentação populista tendente a traduzir-se em bons resultados junto do eleitorado, mas que deverá ser afastada pelos mais elementares motivos éticos, e estamos em crer que tal será compreendido e evitado em próximas edições. Uma outra questão que queríamos abordar era precisamente a da criatividade e espírito crítico popular e, sobretudo, a questão dos limites da tensão lúdica carnavalesca desta folia. Manifestação popular oriunda da criatividade da gente mais pobre de Ermesinde, moradora no lugar da Bela, a tradição assentava em grande parte numa sátira picaresca e brejeira, contendo excessos de linguagem vernácula que representam uma espécie de catarse do próprio sentimento popular de marginalidade em relação ao sucesso de outros, e tentar adoçar ou tornar rombo este palavreado afiado é destruir, em grande parte, o seu carácter genuíno e tentar domesticar o que até aqui era livre e, por isso mesmo, interessante. Essa é outra das tentações a que se deve resistir. Sem deixar, todavia, de referir que essa expressão da mentalidade popular também pode parir expressões da mais infeliz xenofobia... mas isso só poderá ser contrariado a um nível mais profundo e demorado, que envolva uma preocupação de educação para a cidadania. Aliada à primeira das tentações que referimos, e dela derivando, surge uma outra brecha por onde se pode escoar esta criatividade popular, é que dada a proximidade dos elementos ligados ao poder (autárquico, neste caso), pode criar-se uma espécie de barreira (psicológica ou outra) que torne muito mais difícil o exercício da crítica livre a estas mesmas entidades, branqueando convenientemente o exercício do poder e cerceando a crítica que, mesmo injusta, deve ter todo o livre curso para se exprimir. Finalmente, e num último reparo: partindo daquilo que já era uma prática antiga do Enterro do João, cujas deixas gratificavam aqueles comércios que tinham permitido levar a celebração a cabo, também este ano as deixas mencionam várias empresas e negócios que, presume-se, terão contribuído para a sua realização. Mas esta forma de agradecimento, se antes, pela sua pequena esfera, quase passava despercebida, hoje, pela sua dimensão, ameaçam tornar as deixas numa mixórdia de criatividade popular com publicidade pouco encapotada, destruindo por completo o que de mais interessante podia ter a festa. Não haverá maneira de evitar esta contaminação, encaminhando a gratidão aos patrocinadores para outro espaço e formas de expressão? LC

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Enterro do João

As deixas de Ermesinde Nas deixas do João do ano de 2001, a quadra inicial rezava assim: «Se há funeral cá em Ermesinde Do nosso amigo João Podem agradecer ao Sr. Abílio Porque ele não ganha tostão». E este era um agradecimento inteiramente merecido, que as deixas deste ano vieram aliás, corroborar: «Se há funeral cá em Ermesinde Do nosso amigo João Agradecemos ao sr. Abílio Que os fez sem um tostão». O lugar da Bela tinha, nessas deixas, um lugar privilegiado, sendo o único lugar de Ermesinde citado no evento: «Para o lugar da Bela É um sítio que enriqueceu Deixou 5 mil contos para fazer um tanque Porque a Junta já se esqueceu». Se é verdade que esta quadra se mantém, este ano a referência aos vários lugares de Ermesinde surge muito mais ampliada, como pode apreciar-se nas várias quadras a tal dedicadas, grande parte delas, com o tal sentido brejeiro próprio deste tipo de celebrações carnavalescas:

Deixo às moças da Palmilheira Por serem das mais modernas 7 mil pacotes de Tide Para lavarem as pernas. E não me esqueci Das moças da Formiga Deixo-lhes 500 camisas sem mangas Para não inchar a barriga. Deixo às raparigas de S. Paio Por estarem perto de Ardegães Para passearem ao domingo 300 trelas de cães.

E para alguns ex-combatentes Que andam cheios de saudade Deixo-lhes a matumbina Para usarem à vontade.

Deixo às moças da Costa Isso é que acho lindo A minha caixa de graxa Para engraxar ao domingo».

(...)

E mantêm-se as tradicionais quadras com as deixas ao padre e à igreja, à polícia, aos bombeiros, ao lar de idosos e à tradicional rivalidade de Ermesinde e Valongo, mas também agora a algumas reivindicações: «Para a nossa igreja Também quero deixar Deixo 500 mil euros Para o telhado arranjar.

Deixo 2 milhões de euros à Junta Por ser gente de valia Para arranjar e limpar as ruas da cidade Que à Câmara competia Deixo para alguns vereadores Do bom senso a semente Porque pensam que só é Câmara Quando está toda a gente E todos os objetos que deixei De arte e é tudo meu Só virão para Ermesinde Quando a cidade tiver museu

«Deixo às moças da Bela O que penso de repente As minhas tesouras de poda Para fazerem a permanente.

Deixo para o rio Leça Peixes e mais vantagens Que são 100 mil euros Para limpar as margens?

Deixo às moças da Travagem Por estarem em segundo lugar Sete arrobas de sabão Para se poderem lavar.

Para os mais barbudos E em vez de beberem Deixo-lhes a máquina de cortar mato Para a barba desfazerem.

Deixo às moças de Vilar Por morarem lá no altinho Deixo todas as minhas calças Para ninguém lhes ver o ninho.

E para a nossa polícia Por estarmos em liberdade Podem continuar de férias Para os ladrões roubarem à vontade.

Deixo às moças das Malvinas Por terem línguas de prata Deixo mil cabos de sacholas Para ajudar na zaragata.

Ao abrir estes responsos Pois o juiz não erra Deixo 1 milhão de euros Aos bombeiros da nossa terra.

Deixo às moças da Feira Por ficarem perto da Maia Deixo-lhes cuecas de linho Para usarem mini-saia.

E nesta época de crise Deixo medicamentos para as demências Tirem o gasóleo da limusina E ponham-no nas ambulâncias.

Deixo às moças sozinhas Por serem das últimas a falar 200 salpicões bem grossos Para se poderem consolar.

Por ser lar dos idosos Desses não me esqueceria Deixo mais 2 milhões de euros Para dar ao centro de dia.

Para as moças do lugar dos Moinhos Por morarem junto à antiga feira Deixo as minhas canastras Para irem vender peixe para a feira.

Para a Câmara Municipal Deixo o pedido ao Sr. Presidente Que não gaste o dinheiro só em Valongo Porque em Ermesinde é que há gente.

«E agora prestem todos atenção Não vale a pena a chorar Pois queiram ou não queiram O João vai acabar.

Deixo à moças da Ermida Porque vem mesmo a calhar Deixo o meu quarto de banho Para se poderem lavar.

Para o lugar da Bela Que é um sitio que enriqueceu Deixo 50 mil euros para fazer um tanque Porque a Junta já se esqueceu.

Agora ninguém arrede pé Isto não é nenhum engano Só peço a Deus que estejamos Aqui todos para o ano.

Deixo às moças da Santa Rita Porque isso é bom saber Deixo-lhes a minha potente mangueira Para quando estiverem a arder.

Deixo ao padre de Ermesinde Por ser dele que a gente gosta Fica com o meu trator Para acompanhar os funerais à Costa.

E para não haver confusão Em vez de ser enterrado Porque não quero estar frio A minha vontade é ser cremado».

Deixo a decisão ao povo Que Valongo não leve a mal Mas só com Câmara em Ermesinde Haverá iluminação no Natal Por isso ao comércio da terra Deixo um pedido sentido Ajudem o enterro do João E o povo será vosso amigo E para alguma oposição Uma oferta de esperar Deixo indicações secretas De onde as árvores plantar Não queremos Santa Engrácia Aqui manda S. Lourenço Pode até não ser verdade Mas é assim que eu penso Por isso meus senhores Deixem só de pensar Obras no mercado e na feira velha Já deviam começar». O final, apoteótico, foi assim este ano:


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Enterro do João A “Vida do João” Nas quadras relativas à vida do João surgem alguns elementos muito curiosos, que ajudam a situar a origem da tradição ou da cultura subjacente a esta: «Boas noites meus senhores Voltamos à tradição De fazermos o funeral Ao nosso amigo João. Meus senhores e minhas senhoras Aqui vos vou dizer A vida que o João passou Enquanto andou a viver. Em Lisboa foi nascido No Porto foi baptizado A sua mãe deixou-o à roda Com o nome de João Bastardo. Em Bragança foi criado Em Foz Coa funileiro Em Coimbra tirou um curso Veio para o Porto para caixeiro. Foi trabalhar para o Pinhão Não lhe agradou a oficina Concorreu para escrivão E foi engenheiro em Albina. (as deixas oficiais deste ano registam Albina, mas será, mais provavelmente, Alfena?) Delegado em Vila Flor Juiz de direito em Aveiro Em Viana foi ferrador E em Chaves serralheiro. Em Guimarães foi padeiro Em Moncorvo maquinista Na Régua foi pedreiro E em Setúbal foi dentista. Capitão em Badajoz Em Vila Real ajudante Em Lamego foi tenente E em Braga comandante. A Angola foi parar E em Luanda viveu Foi por lá que ficou rico Mas foi cá que morreu. Tantas artes que ele teve E viveu de tantos modos Para que tanta riqueza Pois morreu como todos. Gozou mulheres a mais E sem criar um filho Agora nas suas finais Foi metido num sarilho».

Há uma evidente sobrecarga dos topónimos do Norte e, em particular, de Trás-os-Montes. Num exercício de mera especulação, poderá apontar-se como transmontana a origem de alguns dos oficiantes mais destacados deste Enterro do João, que provavelmente terão estado na guerra colonial (em Angola?), ou sido colonos em África. Não nos atrevemos é a apontar uma tradição do Enterro do João, Queima do Judas ou festas semelhantes, como transmontanas, embora seja possível que, dado algum isolamento das terras para além do Marão, por lá subsistam mais duradouramente algumas destas festas pagãs. Sabe-se que prantos fúnebres carnavalescos vêm já de tempos medievais, sabe-se que muitos deles são celebrações de quaresma, muitas vezes pontuadas pela apoteose do fogo, sabe-se que não se trata de uma celebração unicamente portuguesa, encontrando-se espalhadas por toda a Europa celebrações carnavalescas semelhantes. O caso de Ermesinde Mas a configuração particular do Enterro do João em Ermesinde parece apontar noutro sentido mais específico. No seu livro “Ermesinde: Memórias da Nossa Gente”, Jacinto Soares, referindo-se ao enterro do João, desenvolve uma tese muito interessante. Entre outras coisas, cita o estudo de Ernesto Veiga de Oliveira, que a este assunto dedicou um trabalho: «Sobre a realização da festa nos lugares da Triana, Carreiros e Forno (Rio Tinto), [Ernesto Veiga de Oliveira] aproveita para referir que a mesma tem igual dimensão e sentidos nos seus arredores (Vale Ferreiros, Venda Nova e Baguim), também do concelho de Gondomar; nos lugares de Granja, Giesta – S. Gemil, Brás Oleiro e Pedrouços, ligados a Águas Santas e na nossa terra é referido Vilar, Palmilheira, Travagem e lugar de Ermesinde. Na sua opinião “tratar-se-ia de uma faixa entre a vertente sul dos contrafortes ocidentais da serra de Valongo e os limites administrativos do Porto, correspondendo aproximadamente ao extremo sudeste das Terras da Maia, com um carácter

acentuado de subúrbio do Porto e muito visivelmente compreendida na sua esfera de influência” (...). Manuel Pinto para quem “no desenrolar dos passos desta estranha liturgia é perfeitamente notória a intenção de parodiar o sagrado”, adianta, seguindo este mesmo estudo, três interpretações para esta manifestação da cultura popular: “A criação de um bode expiatório da comunidade; a manifestação do espírito lúdico e do poder imaginativo do homem e corporização do seu sentido parodial e, por último, um rito de passagem que introduz o jejum quaresmal”». Jacinto Soares, rejeitando esta última linha de interpretação aponta, a seguir, para o caso de Ermesinde, que conhece melhor: «Podemos afirmar que estamos perante questões de rutura social, de contestação ao “status quo”, de criação de um bode expiatório, sobre o qual é preciso zurzir de uma forma disfarçada. Este “bombo da festa” representa o grupo social a quem eles e mesmo os seus progenitores, estiveram ligados no passado, mas que por razões de vária ordem, entre as quais afetivas, não podem criticar diretamente. Resquícios inconscientes de tudo o que havia de bom nesse passado, ainda não muito longínquo, sobretudo a mesa, são geradores de sentimentos negativos ligados à inveja, a um saudosismo não assumido e mesmo a um compreensível complexo de afirmação social. Não nos podemos esquecer que essas zonas, onde a paródia acontecia, circundavam as “aldeias dos lavradores”, casas fartas, onde eles ou os seus familiares trabalharam, antes de abalarem para outro rumo, neste caso, o mundo ligado á indústria. Muitos destes “críticos” eram descendentes dos criados de servir (moços de servir), a quem votavam agora um certo desdém que se manifestava, exteriormente, por esta via da festa (…). Não é por acaso que são os lavradores ricos, ingénuos, gananciosos ou liberais em demasia, os protagonistas dos versos do testamento do João. Em Ermesinde, esta tradição, nos moldes em que a entendemos hoje, remonta aos fins do século XIX, e está ligada à passagem primeiro dos homens e das mulheres depois, para as fábricas que a Revolução Industrial acabava de trazer para a nossa terra». LC

FOTOS URSULA ZANGGER


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PONTO DA SITUAÇÃO DA DESCOBERTA DE FÓSSEIS EM ERMESINDE

Fósseis com 300 milhões de anos deparam «com inércia da Câmara de Valongo» Não obstante o Centro de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto) ter sido informado no passado dia 18 de janeiro sobre a descoberta da jazida fossilífera noticiada na última edição [em papel] do jornal “A Voz de Ermesinde” e o mesmo se ter verificado com a Câmara Municipal de Valongo na manhã do dia 2 de fevereiro, até à presente data, pouco ou nada foi feito para evitar o acesso e consequente destruição dos milhares de fósseis de flora e fauna. JOSÉ MANUEL PEREIRA

Os últimos dias têm registado a visita de inúmeros curiosos e forasteiros que, em viaturas próprias se divertem delapidando este património geológico, efetuando verdadeiros carregamentos de pedras, blocos e placas fossilíferas, muito contribuindo para a impossibilidade da recuperação de espécimes fossilizadas, muitas delas ainda não identificadas. Face ao exposto e na tentativa de poder/dever preservar alguns dos muitos fósseis existentes, eu próprio, nas muitas incursões efetuadas ao local, recolhi já mais de 500 fósseis para posterior estudo. Confrontada com o atual cenário, a Câmara Municipal de Valongo apenas acrescenta que o seu parceiro científico foi já contactado, aguardando

conclusões sobre a eventual importância desta recente descoberta. Nesta medida, estranha-se a inércia e inoperância dos serviços da Autarquia de Valongo em, independentemente de aguardar pelos eventuais estudos do Centro de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, não tomaram a iniciativa de delimitar e cercar a área já identificada, sabendo e reconhecendo a importância destes testemunhos geológicos do Paleozóico. Este incompreensível desinteresse, quando supostamente a edilidade terá técnicos superiores e dirigentes com conhecimento bastante para que sejam tomadas desde já as medidas adequadas, conhecedores que são deste património pelo recente trabalho efetuado aquando do Parque Paleozóico de Valongo, é totalmente injustificado. FOTO JOSÉ MANUEL PEREIRA

Por outro lado, mês e meio após o conhecimento do Centro de Geologia da FCUP – tempo suficiente para colocar uma equipa no terreno – apenas, e por iniciativa própria, Pedro Correia, paleobotânico do Centro de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, se fez deslocar ao local, no passado dia 16 de fevereiro, não mais deixando, na companhia de alunos universitários, de efetuar as intervenções necessárias de prospeção e recolha de fósseis, transportando já muitos espécimes para análise laboratorial e posterior identificação. Surpreendido com a dimensão da jazida e com a riquíssima diversidade que a mesma regista, Pedro Correia refere que esta nova jazida de plantas fósseis do Gzheliano inferior (Pensilvaniano superior) descoberta em Ermesinde, constitui uma nova janela para o conhecimento da Paleobotânica do Paleozóico português. Património paleontológico raro aguarda proteção das entidades competentes Em fase de conclusão da dissertação de Doutoramento, o investigador Pedro Correia acrescenta que as novas plantas fósseis de idade do Pensilvaniano superior (Carbonífero Superior, 300 milhões de anos) de origem continental, que foram descobertas na cidade de Ermesinde, correspondem a uma nova jazida fossilífera representada por uma flora autóctone, rara, bastante diversificada e

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igualmente bem preservada em xistos argilosos, finos e compactos. As camadas fossilíferas encontram-se estratigraficamente intercaladas com níveis de fácies arenítica de origem fluvial e conglomerados (estes últimos estão no topo da bacia sedimentar). Todo o conjunto estratigráfico está materializado numa grande complexidade geológico-estrutural. Flora rara, diversificada e de grande porte Embora longe de saber qual a verdadeira dimensão do número de espécies existentes, Pedro Correia refere que neste primeiro estudo paleobotânico foi possível elencar um conjunto de espécies florísticas do tipo Pteridófita, identificadas no campo. Assim, nas Calamitales regista-se grande número de espécimes colhidos/encontrados dos géneros Calamites, Annularia, Asterophyllites, Calamostachys, Sphenophyllum, entre outras. Sobre os Fetos arborescentes, identificam-se várias espécies dos géneros Pecopteris, Callipteridium, Alethopteris, Neuropteris, Odontopteris, Sphenopteris, Pseudomariopteris, Nemejcopteris, Polymophopteris, (mais raros) Eusphenopteris, Oligocarpia, Lobatopteris, Dicksonites, Gondomaria, entre outros. De realçar ainda nas Coníferas Cordaitales, a existência de grande número de espécimes Cordaites. Fauna: novos invertebrados (artrópodes) para a ciência Podendo desde já afirmar que, dos espécimes recolhidos, a sua esmagadora maioria corresponde a Pteridófitas (fetos), o trabalho de campo efetuado possibilitou já a identificação de novos insetos. A descoberta de um fóssil com a asa de inseto da Ordem Paleodictyoptera (grupo ancestral/primitivo das libélulas atuais) de grande porte, com 10 a 12 cm de comprimento, mais que uma surpreendente revelação, representa um novo táxon para a ciência.

Paleoambiente, paleoclima e paleogeografia

De acordo com o paleobotânico do Centro de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, a presente área em estudo mostra-nos um Paleoambiente constituído por uma flora rica e de grande porte (muitas das espécies tais como as Calamites e Cordaites atingiram os 30 metros de altura), evidenciando um clima húmido-tropical. No Período Carbonífero, a Península Ibérica encontrava-se em latitudes baixas perto do equador, durante o qual coincidiu com a amalgamação final do Pangeia. Desta forma e na qualidade de deputado à Assembleia Municipal de Valongo, na sessão de 28 de fevereiro apresentei à Assembleia a aprovação de uma Recomendação (*) para a imediata sinalização, delimitação e guarda de toda a área em estudo, possibilitando assim que em tempo útil, este inegável património paleontológico possa ser defendido, estudado e valorizado. (*) [Nota de Última Hora de “A Voz de Ermesinde”]: A Recomendação referida foi aprovada por unanimidade na sessão de ontem da Assembleia Municipal de Valongo. Nesta sessão José Manuel Pereira fez referência a outro investigador – Artur Sá, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) – que terá manifestado igualmente a preocupação por que não fosse delapidado este rico património natural da cidade de Ermesinde e concelho de Valongo. Finalmente, uma última palavra ainda da responsabilidade da Redação de “A Voz de Ermesinde” para esclarecer que não se revê em qualquer ato de recolha dos fósseis depositados na referida jazida, ainda que com o sentido de os preservar, fazendo votos para que a decisão tomada na sessão de ontem da Assembleia Municipal de Valongo, realizada em Campo, efetivamente permita, de imediato, a salvaguarda deste património.

CÂMARA MUNICIPAL DE VALONGO PRÉMIO NACIONAL DE BOAS PRÁTICAS LOCAIS – CATEGORIA AMBIENTE AVISO

DR. JOÃO PAULO BALTAZAR, Vereador com delegação de competência conferida por despacho do Exmo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Valongo, faz público que: Em cumprimento da deliberação tomada em reunião de Câmara do dia 16 de fevereiro de 2012, na qual foi aprovado por maioria o “Relatório de Ponderação das participações apresentadas em sede de Discussão Pública da Proposta de Alteração ao Plano Diretor Municipal de Valongo, para o lugar de 5 Caminhos, em Alfena”, vem, nos termos do n.º 8 do artigo 77º do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de setembro, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de fevereiro, dar conhecimento público do dito Relatório, que se encontra disponível para consulta na página da internet do município, com o endereço eletrónico www.cm-valongo/pelouros/urbanismo, bem como nos serviços administrativos de apoio ao Departamento de Planeamento e Gestão Urbanística. Valongo e Paços do Concelho, 17 de fevereiro de 2012 O Vereador, Dr. João Paulo Baltazar


29 de fevereiro de 2012 • A Voz

de Ermesinde

Local

A situação dos transportes vista pelos ermesindenses AVE

Embora uma amostragem de cinco ou seis pessoas seja pouco relevante para se poder concluir em definitivo dos problemas trazidos pelo recente aumento dos transportes, e somente por aí avaliar da insatisfação dos utentes, quer quanto aos preços, quer quanto à qualidade dos serviços, o inquérito de rua levado a cabo pela reportagem do jornal “A Voz de Ermesinde” na passada quarta-feira, dia 22 de fevereiro, junto à Praça da Estação de Ermesinde, permite identificar, contudo, com pouca margem de erro, algumas situações de alteração de comportamento dos utentes dos transportes públicos. Cerca de metade dos nossos inquiridos revelou, por exemplo, que tinha alterado os seus hábitos de transporte, quer renunciando ao passe, quer andando mais a pé (as pessoas mais jovens, claro), quer restringindo as suas viagens ou mesmo, recorrendo, aqui e ali ao automóvel, pelas alterações introzidas na oferta de transportes.

As críticas dos utentes que ouvimos incidiram mais sobre os autocarros (sobretudo o serviço da STCP). Por outro lado só o comboio recebeu elogios (de um utente), no que será um elogio mais devido à CP do que à Refer, entendemos. A estação ferroviária de Ermesinde foi, de facto, por várias vezes, objeto de reclamações dos utentes de Ermesinde, tendo vindo sucessivamente a receber várias melhorias e permitindo, pelo menos, ter um serviço de informações adequado quanto aos horários. Já o problema de ser extremamente desconfortável, por causa do vento que a varre, vindo de norte, é uma questão que parece estar para durar, sem solução à vista. E já que falamos de informação aos utentes, cabe aqui dizer do agrado com que estes viram ser também colocado um quadro eletrónico com a informação horária da circulação da STCP, permitindo saber dali a quantos minutos há um autocarro e para onde. O único senão, porque o serviço prestado é excelente, é o facto do referido quadro ele-

trónico estar muitas vezes avariado ou desligado, não dando informação nenhuma. Ainda relativamente ao desconforto dos utentes, refira-se que o abrigo da STCP, se do ponto de vista do design parece casar-se muito bem com a arquitetura moderna da estação ferroviária ali por perto, do ponto de vista do conforto, talvez aquilo que os utentes mais quereriam, estes não são bem servidos. Mas tudo isto serão coisas menores comparadas com as dificuldades trazidas pelas alterações de horários e pelos preços. Por exemplo, à noite, os moradores de Alfena deixaram de ter transporte público a partir da 01h00, não lhes restando outra alternativa do que recorrer a transporte próprio, se o tiverem, a recorrer ao táxi ou a ir a pé, qualquer destas uma muito má solução. Pior que tudo será todavia o aumento brutal dos preços, que faz com que alguns utentes necessitados do serviço público dele se privem, com prejuízo claro da sua qualidade de vida.

Questões CONDUÇÃO DO INQUÉRITO: MARTA FERREIRA; FOTOS: URSULA ZANGGER

1- Costuma usar algum meio de transporte público? 2- Tem queixas ou elogios ao serviço? 3- Devido ao aumento dos preços fez alguma restrição nas suas viagens ou títulos de transporte?

SERAFIM RIBEIRO, 53 anos, funcionário público

SUSANA ALMEIDA, 16 anos, estudante

LAURA ALVES, 73 anos, reformada

CARLOS RIBEIRO, 24 anos, desempregado

LURDES CANDEIAS, 38 anos, desempregada

Uso sempre transportes públicos. Por vezes os atrasos dos transportes afetam os horários dos trabalhadores, principalmente dos que têm turnos para cumprir. Devido ao aumento dos preços, somos obrigados a usar o automóvel de vez em quando, mesmo que não queiramos.

Uso sempre o autocarro, especialmente para ir para a escola. Eu não tenho queixas ao serviço em si, mas agora com o aumento do preço do passe de estudante, tive de fazer restrições e tentar ao máximo equilibrar as contas.

Uso o autocarro, e raramente o comboio. Pagava 22,60 euros pelo passe, e acabei de saber que vou passar a pagar 34,75. Tenho de andar sempre a ir para o hospital pois tenho problemas cardíacos e com a minha reforma torna-se difícil. Este mês já nem vou comprar o passe.

Costumo usar meios de transporte públicos. Tenho elogios só à CP e queixas ao metro e aos autocarros da STCP. O metro não está bem sinalizado, tal como os percursos dos autocarros. Não fiz restrições nas viagens, o aumento dos preços custa-nos, mas é necessário.

Sim, uso o autocarro. Quando já se encontra um carrinho de bebé dentro do autocarro, não autorizam a entrada de mais nenhum. Uma vez o autocarro arrancou com os meus outros filhos e eu fiquei com o meu filho no carrinho, na paragem. Tento andar cada vez mais a pé.

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A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012

Local

• NOTÍCIAS DO CENTRO SOCIAL DE ERMESINDE •

Almoço de angariação de fundos a favor do Centro Social de Ermesinde AVE

Decorreu no passado sábado, dia 25 de fevereiro, no salão nobre do Centro Social de Ermesinde, mais uma iniciativa de solidariedade a favor da instituição, neste caso um almoço de angariação de fundos destinado a suportar obras urgentes numa das valências da prestigiada IPSS. Com a sala cheia como um ovo de convidados que, desta maneira quiseram contribuir com a sua presença para o bom êxito desta iniciativa, criou-se um bom clima entre todos, para o que em muito contribuiu a excelência gastronómica que – como muitos bem sabem – distingue e enobrece a cozinha desta instituição. A Direção do Centro Social de Ermesinde, muito reconhecida pelo apoio prestado por todos, agradece publicamente a todos os amigos que, mais uma vez estiveram disponíveis, numa grande manifestação de solidariedade e confiança, manifesta a

FOTO MANUEL VALDREZ

sua alegria por poder contar com eles em todas as circunstâncias em que o seu apoio se venha a tornar necessário. A Direção do Centro Social de Ermesinde agradece também, muito penhoradamente, a todos aqueles que, com o seu generoso patrocínio, ajudaram a viabilizar este almoço de solidariedade – nomeadamente à Agripesca, Alberto Fontes, Américo (Batateiro), Anabela Paiva (vinhos), Padaria do Barreiro, Padaria Lino, Padaria Neta, Salpicarne e Talho Central. E, muito em especial, a Direção do Centro Social de Ermesinde agradece ainda a disponibilidade dos seus funcionários que, com a sua boa vontade, empenho e profissionalismo contribuíram para que este almoço fosse um êxito. Não só todos puderam apreciar a qualidade da cozinha como a decoração das mesas primava pelo esmero e o bom gosto. A todos, bem hajam!

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29 de fevereiro de 2012 • A Voz

de Ermesinde

Cultura

Como um bando de pardais... LC

Espetáculo com recurso cenográfico muito feliz ao video de animação, “As Aventuras de João sem Medo” – o terceiro dos espetáculos da Mostra de Teatro Amador – é um belo exercício de teatro em que casam da forma mais harmoniosa artes de palco como a representação e a coreografia, com os recursos multimédia, sabiamente utilizados. São 12 crianças em palco (dos 4 aos 15, mas a maioria muito novinhos), que representam, interpretam vários trechos musicais – embora o calcanhar de Aquiles deste espetáculo, em nossa opinião, acabe por ser a música –, dançam e tornam feliz esta hora movimentada, pedagógica e cheia de humor. Entre os pontos fortes da peça dos Batatas com Salsichas salienta-se o trabalho de video, excelente, de Ricardo Silva, a cenografia, adereços e máscaras de Sandra Silva e os Cabeças no Ar e a coreografia de Diana Barnabé. Muito interessante é que a personagem principal – João sem Medo – possa ser representada por vários atores, em momentos sucessivos da peça. Segundo a sinopse, “As Aventuras de João sem Medo” é uma peça que «questiona a felicidade e o caminho a seguir para a atingir, questiona as contradições humanas e tenta explicar como a nossa determinação e força de vontade pode mudar o mundo. Um texto para adultos representado por crianças». Na realidade, a peça envolve-se numa atmosfera mágica e irreal, própria das histórias para

crianças, e a tensão entre o bem e o mal, a coragem e o medo, e outros valores que ali são invocados, vai sendo maravilhosamente destilada com o recurso a algumas figuras muito bem apanhadas, como a árvore ou o “lenhador” sem cabeça que tenta, por sua vez, várias vezes, decapitar, sem sucesso, a cabeça do João.

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FICHA TÉCNICA CABEÇAS NO AR E PÉS NA TERRA (BATATAS COM SALSICHAS) Título: “As Aventuras de João sem Medo” Encenação e adaptação: Hugo Sousa Coreografia: Diana Barnabé Cenografia e adereços: Sandra Silva Máscaras: Cabeças no ar Animação e video: Ricardo Silva Design gráfico: André Santos Interpretação: Ana Isabel Leitão, Camila Lima, Catarina Benido, Catarina Pereira, Daniel Zuyderduyn, João Ferreira Baltazar, Maria Inês Ferraz, Mariana Marques, Núria Melo e Tiago Pinto Furtado. FOTOS URSULA ZANGGER

FOTOS ANDRÉ CARVALHO

Um ovo e uma galinha cozinhados em lume brando MIGUEL BARROS

“Ovo ou Galinha” foi a proposta apresentada pelo grupo de teatro da União Desportiva Recreativa e Cultural da Bela para a segunda noite (25 de fevereiro) da edição de 2012 da Mostra de Teatro Amador do Concelho de Valongo. Diante de uma casa de espetáculos do Fórum Cultural de Ermesinde despida de público – não se vislumbravam na sala mais do que quatro dezenas de cadeiras preenchidas (!) – a jovem dupla de atores que deu corpo à peça demonstrou – em nosso entender, há que sublinhá-lo – algumas dificuldades em interpretar uma história na qual era exigido um bom doseamento de uma mistura composta por alma e técnica. E se em relação ao primeiro ingrediente os protagonistas tenuamente o foram mostrando ao longo da noite, no que toca ao segundo quase não sentimos o seu sabor. Claro que temos de ter a noção de que estavámos

diante de uma mostra de teatro amador – sim, sabemos disso –, onde qualquer deslize técnico é facilmente perdoado e de imediato substituído pela simples paixão de representar comum a qualquer “espécie” de ator, seja ele profissional ou amador, facto que só por si faz com os aplausos finais sejam merecidos pelo duo de atores. Paixão e coragem, há que lembrá-lo, pois só com coragem se é capaz de levar à cena numa mostra de teatro amador uma peça com um certo de grau de complexidade como foi o caso de “Ovo ou Galinha”. Nela pudemos contemplar a evolução do Homem e consequentemente da própria Humanidade, uma viagem que percorreu os caminhos do primitivo ao moderno tendo como base elementos da Natureza. Um enredo desenvolvido sob os caminhos da linguagem visual, uma técnica de representação sempre difícil no mundo do teatro, onde as palavras são substituídas pelos gestos que dão vida à história. Não fosse este pormenor técnico fundamental para o su-

cesso de uma peça deste calibre não teriamos dúvidas em rotular de bom o desempenho dos dois jovens atores, não sendo assim diríamos que este ovo e esta galinha foram cozinhados em lume brando.

FICHA TÉCNICA UNIÃO DESPORTIVA, CULTURAL E RECREATIVA DA BELA Título da obra original: “Ovo ou Galinha” Autor do texto original: Coletiva Dramaturgia/Encenação/Coreografia/Cenografia/Figurinos: Gato Escaldado e Peúga Rota Encenação: Coletiva Interpretação: Nélson Moura, Ricardo Mesquita.

Carlos Tê no Fórum Cultural de Ermesinde FOTO MANUEL VALDREZ

LC

O letrista, poeta, escritor e melómano Carlos Tê esteve na passada quinta-feira, dia 23 de fevereiro, no Fórum Cultural de Ermesinde, inaugurando com a sua presença, uma nova iniciativa da Biblioteca Municipal de Valongo – Café com Letras. O autor, celebrizado pelas letras de inúmeras canções musicadas e interpretadas por Rui Veloso, foi apresentado por Isaura Marinho, responsável da Biblioteca Municipal de Valongo, que o entrevistou, e bem, passando depois a palavra ao público para, também ele, dialogar com Carlos Tê. Entre a assistência encontravam-se Fernando Melo e João Paulo Baltazar, presidente e vicepresidente da Câmara Municipal de Valongo, que não quiseram perder o lançamento desta nova iniciativa da Biblioteca Municipal, que se saúda. A sessão teve a abrilhantá-la a execução de algumas canções de Rui Veloso e Carlos Tê, mas que não se livrou de uma gaffe inicial, quando a primeira canção escolhida, de Rui Veloso, não tinha afinal sido da autoria de Carlos Tê.

Também Maria de Lourdes dos Anjos ajudou à festa, declamando versos escritos por Carlos Tê. Durante o encontro, o célebre letrista foi revelando a sua enorme paixão pela música, vinda desde a adolescência, a sua cumplicidade com Rui Veloso («uma joint venture que funcionou, apontou gracejando»), a sua proximidade com a cultura musical anglófona e a importância que teve, para ele, visitar os lugares do mito na Inglaterra, depois do 25 de Abril. Carlos Tê revelou também a sua incomodidade para com o poder – daí o grande valor da liberdade trazida por Abril, que entre outras coisas o livrou de dar com os ossos em África como aconteceu com alguns dos seus amigos. Lembrou como foram construídas algumas canções, o “Chico Fininho”, “A Rapariguinha do Shopping” e como essa estranheza de escrever em Português acabou por revelar-se um inesperado e incrível sucesso, ao retratar com tanta fidelidade o mundo em convulsão que começava a povoar o nosso quotidiano. E comentou como os programas de caça de talentos provavelmente apenas darão, na maior parte, para lançar fogachos de pouca duração.


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A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012

História

Há meio século atrás Portugal estava em guerra No dia 4 de fevereiro de 1961 – há 51 anos atrás – na mais importante colónia portuguesa, tinham início as hostilidades contra o domínio português em território africano. Era o início da Guerra Colonial, que haveria de se prolongar ao longo de 13 trágicos anos, até ao triunfo da última Revolução portuguesa, no dia 25 de Abril de 1974. Milhares de portugueses, de norte a sul do país, seriam mobilizados para uma guerra que só admitia uma paz política.

MANUEL AUGUSTO DIAS

pós a 2ª Guerra Mundial, e diretamente relacionada com o seu desenlace, que representou a vitória das democracias contra os regimes ditatoriais (na Alemanha, Itália e Japão) desencadeou-se uma nova vaga de descolonizações a que Portugal ficou alheio. A recém-formada ONU reconheceu, entretanto, o direito à autodeterminação dos povos. Mas Portugal declarava que não tinha colónias, apenas “províncias ultramarinas”. O governo salazarista afirmava que o nosso país era um «Estado unitário, formado de províncias dispersas e constituídos de raças diferentes». Por isso, acabaria por não surpreender os mais esclarecidos o facto de no início da década de 1960, Portugal ter de enfrentar uma guerra contra movimentos armados que se organizaram nas principais colónias portuguesas: Angola, Moçambique e Guiné. As hostilidades contra a presença portuguesa começaram em Angola, a 4 de fevereiro de 1961, com o ataque a esquadras e prisões de Luanda, provocando a morte de seis polícias e de um cabo do exército português. Foi a Guerra declarada, iniciada pelos militantes do MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola) em Luanda, e a 15 de

março, a UPA (União das Populações de Angola), posteriormente denominada FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola) ataca centenas de fazendas no norte de Angola, massacrando centenas de fazendeiros e provocando a generalização do medo à população portuguesa. É o princípio de um conjunto generalizado de violentos ataques nesta colónia. Anos mais tarde, já com a presença da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), começa uma luta de guerrilha. Na reação ao desenrolar do conflito, em 1961, Salazar irá proferir a máxima legitimadora da sua posição relativamente à guerra que se desencadeava naquela colónia: "Para Angola, já e em força". Milhares de soldados portugueses, recrutados entre os homens de quase todas as famílias portuguesas, foram enviados, sucessivamente, para Angola e, mais tarde, para as outras colónias onde a guerra também haveria de surgir. Muitos dos soldados portugueses mobilizados para esta guerra profundamente injusta viram a sua vida académica, familiar e/ou profissional subitamente interrompida. Em 1963 iniciou-se a guerra na Guiné (provocada pelos militares do PAIGC – Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Vede); e, em 1964, em Moçambique, com as hostilidades desencadeadas por parte da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique). Entretanto, o colonialismo português era veemente criticado nas instâncias internacionais.

Embora externamente a manutenção do colonialismo português fosse objeto de intensas críticas até por parte dos nossos aliados, a nível interno, a presença portuguesa em África quase não sofreu contestação até ao início da guerra colonial. O agravamento da situação militar, o livro de Spínola (“Portugal e o futuro”) e as vozes da oposição foram contribuindo para o aumento da contestação da sociedade civil e, sobretudo, entre os militares. O conflito na Guiné-Bissau foi particularmente doloroso para as forças portuguesas, levando o PAIGC a dominar grande parte do território, o que esteve na base da declaração unilateral da sua independência ainda antes do 25 de Abril (em 24 de setembro de 1973), reconhecida por vários países, sobretudo africanos. Também para esta colónia o governo salazarista mobilizou milhares de jovens portugueses. Apesar de Moçambique ficar a mais de 13 mil quilómetros de Portugal, também para lá seguiram milhares de combatentes portugueses. As três frentes de guerra provocaram fortes abalos nas finanças do Estado (houve anos em que mais de 40% do Orçamento de Estado eram despendidos com a Guerra), desgastando simultaneamente as Forças Armadas, ao mesmo tempo que colocava Portugal cada vez

mais isolado no panorama político mundial. A nível humano, as consequências foram trágicas: um milhão e quatrocentos mil homens mobilizados, nove mil mortos e cerca de trinta mil feridos, além de cento e quarenta mil ex-combatentes sofrendo distúrbios pós-guerra. A guerra colonial portuguesa para além de dar uma imagem negativa de Portugal; significou um enorme esforço financeiro e humano. A igreja católica dividiu-se: se, por um lado, a hierarquia se mostrava neutral, muitas figuras da Igreja a título individual manifestavam-se, publicamente, contra a continuação desta guerra, reco-

nhecendo o direito à autodeterminação dos povos. Felizmente surgiria o 25 de Abril de 1974, para instaurar o actual regime democrático e assinar a paz com os movimentos de libertação das colónias portuguesas, criando-se, assim, as mínimas condições para negociar a sua independência. Mais de meio milhão de pessoas chegou, de repente, a Portugal. Pessoas que ficaram sem nada, algumas após vidas cheias de trabalho, de preocupações, empreendedorismo e entrega. A descolonização foi profundamente injusta para elas. E também o foi, para aqueles que cá esperavam a possibilidade de um emprego nos serviços (públicos, bancários, segurança) e que os viram ocupados por aqueles que regressavam de África e que tinham direito a ser integrados no mesmo tipo de serviços em que se empregavam nas colónias. Do número de retornados recenseados pelo INE em 1981, 61% eram oriundos de Angola, 34% de Moçambique e apenas 5% das restantes colónias. Quase dois terços desses retornados nasceram em Portugal (63%), embora esta proporção se inverta nas camadas mais jovens, 75% dos menores de 20 anos eram naturais das colónias. Os “retornados”, como ficaram conhecidas essas pessoas, conseguiram, apesar de todas as contrariedades, integrar-se na sociedade portuguesa de uma forma verdadeiramente notável e sem conflitos de maior. Haverá casos semelhantes noutros países?

EFEMÉRIDES FEVEREIRO Recordo que foi no dia 6 de fevereiro de 1911, há 101 anos que o Governo Provisório da República, após consulta do Supremo Tribunal Administrativo, resolveu deferir o pedido da 1.ª Junta Republicana de S. Lourenço de Asmes, de mudar o nome desta freguesia para o que hoje ostenta: Ermesinde. S. LOURENÇO DE ASMES PASSAA DENOMINAR-SE ERMESINDE Diário do Governo, n.º 30, de 7 de Fevereiro de 1911

«Attendendo ao que me representou a Junta de Parochia da freguesia de S. Lourenço de Asmes; e Conformando-me com a consulta do Supremo Tribunal Administrativo: Hei por bem determinar, nos termos do Codigo Administrativo, que a referida freguesia de S. Lourenço de Asmes, do concelho de Vallongo, districto do Porto, passe a denominar-se freguesia de Ermezinde. Paços do Governo da Republica, em 6 de fevereiro de 1911. = O Ministro do Interior, Antonio José de Almeida».


29 de fevereiro de 2012 • A Voz

de Ermesinde

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Suplemento de "A Voz de Ermesinde" N.º 890 • 29 de fevereiro de 2012 • Coordenação: Miguel Barros

Clube Zupper Zupper ambiciona ambiciona tornar-se tornar-se Clube numa referência referência local... local... ee nacional nacional numa

FOTO MANUEL VALDREZ

São ainda muito jovens mas não se inibem de colocar bem alta a fasquia da ambição quando olham para o futuro imediato. Eles são o Clube Zupper, coletividade ermesindense que o nosso jornal foi conhecer de perto neste mês de fevereiro.

Ermesinde volta a entrar na luta pela subida! Um mês 100 por cento vitorioso (quatro vitórias noutros tantos jogos realizados) fez com que a principal equipa do Ermesinde Sport Clube voltasse a vislumbrar bem de perto a porta de acesso à Divisão de Honra da Associação de Futebol do Porto da próxima temporada. A turma dos Sonhos agarrou o Castêlo da Maia no 2º lugar da tabela classificativa, clube com quem irá medir forças já no próximo fim de semana num duelo que se prevê de “vida ou de morte”!


A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012

Desporto

II

BILHAR

Paparugui ergueu a “primeira” Taça Bilharsinde que teve no Café Novo Espaço a equipa sensação! MIGUEL BARROS

Terminou na noite do passado dia 26 de fevereiro a 1ª Edição da Taça Bilharsinde, competição de pool português idealizada e organizada pelo sempre ativo – bilharisticamente falando – Voxx Caffé de Ermesinde, cuja fase final teve como anfiteatro o piso inferior do centro comercial Parque Nascente (em Gondomar). Num certame onde participaram alguns dos melhores bilharistas nacionais da atualidade o desejado título foi ganho pelos ermesindenses do Paparugui que assim inau-

FOTO VOXX CAFFÉ

guraram a lista de campeões de uma competição que, pelo que vimos, tem tudo para imitar – no que toca a sucesso – a rainha das competições do Voxx, a Superliga Bilharsinde. Taça Bilharsinde que decorreu no citado espaço comercial durante uma semana – de 20 a 26 – e que atraiu os olhares de um elevado número de público que ali transitava e que não ficou indiferente às tacadas dos mais de 400 bilharistas participantes. No plano desportivo, e como já vimos, o poderoso conjunto do Paparugui levou a melhor na grande final sobre a grande surpresa da competição, a equipa do Café Novo Espaço, curi-

marcarem presença no jogo mais apetecido da competição deixaram pelo caminho – nas meias finais – outro gigante do bilhar português, a Academia Pedro Grilo, combinado este que se fez representar pelos seus melhores jogadores, casos de Bruno Fumega, João Sousa e do próprio Pedro Grilo. Outras competições...

osamente também de Ermesinde, por 9-5. É caso para dizer que o Paparugui ficou com a taça mas

Paralelamente a esta nova competição decorreram quatro outros eventos bilharisticos oras luzes da ribalta foram todas ganizados pelo Voxx Caffé, nodirecionadas para os bilharistas meadamente a prova de 128 KO do Novo Espaço, os quais para direto, ganha por Salvador Gon-

çalves (da equipa Café Novo Espaço), a prova de 8 KO direto destinada às camadas jovens, cujo vencedor foi o conjunto do Dani Bar de Paços de Ferreira, e ainda os certames de 16 KO direto de pares, ganho pela dupla do Café S. Brás composta por Fernando Novais e Ricardo Gonçalves, e 16 KO direto apenas disputado por jogadores do Voxx Caffé, que teve em Miguel Sampaio o grande vencedor. A cerimónia da entrega de prémios foi abrilhantada pela presença do vicepresidente da Federação Portuguesa de Bilhar, Adão Morais.

HÓQUEI SUBAQUÁTICO

Equipas do Clube Zupper ficaram na cauda da tabela na 1ª etapa do Campeonato Nacional A Piscina Municipal de Porto de Mós foi mais uma vez o palco escolhido pela Federação Portuguesa de Atividades Subaquáticas para acolher a 1ª etapa do Campeonato Nacional de hóquei subaquático de 2012. Certame que decorreu no passado fim de semana de 25 e 26 de fevereiro, tendo contado com a presença de 10 equipas. Entre estas o Clube Zup-

per de Ermesinde, que este ano se apresenta no Nacional com duas equipas. A dezena de conjuntos foi dividido em dois grupos de cinco, sendo que no Grupo A ficaram os Sharks, as equipas A e B do Clube de Natação da Amadora, o Aquacarca “B”, e o Clube Zupper “B”, ao passo que a “chave” B foi composta pelos Aquacarca “A”, Gaia Sub, NS Coimbra,

Clube de Natação da Amadora “B” e o Clube Zupper “A”. Em relação ao filme dos dois dias de competição as boas atuações dos dois conjuntos zuppers não se refletiu na classificação final, uma vez que ambos encerraram a tabela classificativa, os “A” no 9º lugar, e os estreantes “B” no 10º. Na 1ª fase desta etapa inaugural o Clube Zupper “A” somou

KICKBOXING

FOTO CD PALMILHEIRA

A cidade de Ermesinde foi durante um dia (11 de fevereiro passado) a capital do kickboxing regional ,na sequência do acolhimento do Campeonato Regional desta modalidade (nas variantes de light-kick, semi-contact, aerokick e formas musicais).

tivos grupos as duas equipas do Clube Zupper discutiram entre si (no dia 26) quem escapava ao 10º e último lugar da classificação final, sendo que na água os “A” levaram a melhor sobre os “B” com um resultado de 8-1. Esta 1ª etapa do Campeonato Nacional foi ganha de forma surpreendente pela equipa “B” do Clube de Natação da Amadora

(CNA). No 2º posto ficaram os Aquacarca “A” (equipa oriunda de Carcavelos), ao passo que a encerrar o pódio ficaram os atuais campeões nacionais, o CNA “A”. A restante classificação ficou ordenada da seguinte forma: 4º – Aquacarca “B”; 5º – NH Coimbra; 6º – Sharks; 7º – CNA “C”; 8º – Gaia Sub; 9º – Clube Zupper “A”; e 10º – Clube Zupper “B”.

HÓQUEI EM PATINS

Palmilheira arrecadou três títulos regionais diante do seu público

MB

um empate (ante os Gaia Sub) e averbou 3 derrotas, ao passo que os jovens zuppers “B” perderam os quatro encontros disputados do seu grupo, embora, voltamos a frisar, dando boa réplica aos seus adversários numa demonstração clara de que o futuro poderá ser risonho para o clube de Ermesinde. Pelo facto de terem ficado no último posto dos seus respe-

Organizado conjuntamente pela Associação de Kickboxing e Full-contact da Região Norte e pelo Clube Desportivo da Palmilheira, a competição teve lugar no Pavilhão Gimnodesportivo de Ermesinde, recinto que registou uma boa afluência de público ao longo de toda a jornada. Presentes estiveram cerca de uma centena de atletas em repre-

sentação de 40 clubes filiados na citada associação. E um dos clubes com mais razões para sorrir no rescaldo deste evento foi precisamente o emblema da casa, o Clube Desportivo da Palmilheira, que se fez representar com seis atletas, tendo três deles obtido outros tantos títulos distritais. Foram eles Bruno Andrade, no escalão de – 63 kg, Cristiano Coelho, no escalão de – 74 kg, e Maria Correia, no escalão de + 65 kg. Satisfeito com estes resultados estava o mestre Joaquim Ferreira, o treinador do clube ermesindense, o qual confidenciaria ao nosso jornal que estes títulos tiveram um sabor muito especial atendendo ao facto de esta ter sido a primeira vez que muitos dos seus atletas apareceram numa competição deste calibre.

A.D. Valongo de olhos postos no topo da classificação Fevereiro trouxe a melhor série de resultados obtida pela Associação Desportiva de Valongo no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de hóquei em patins, época 2011/12. Em quatro jogos realizados o combinado às ordens de Paulo Pereira triunfou por três ocasiões e consentiu apenas um empate, resultados que deixam os valonguenses com uma vista privilegiada ante os lugares de topo da classificação. Panorâmica que até podia ser melhor caso a sequência de três vitórias consecutivas obtidas nos três primeiros fins de semana do mês que agora finda (cronologicamente ante a Académica de Espinho, por 7-2, do Infante de Sagres, por 7-3, e do Juventude de Viana por 4-3) não tivesse sido interrompida pelo empate caseiro (3-3) diante da Física de Torres Vedras a 25 de fevereiro último, dia em que foi disputada a 16ª jornada do escalão máximo do hóquei patinado lusitano. E bem podemos dizer que foi um empate arrancado a ferros, alcançado pela equipa da casa nos últimos segundos de uma partida intensa, disputada ao milímetro por duas equipas que lutaram até à exaustão pela conquista dos três pontos. Galvanizado pelo seu frenético público o Valongo inaugurou o marcador por intermédio de João Marques na cobrança de uma grande penalidade. Vantagem que no entanto duraria pouco, já que o irrequieto Física rapidamente daria a volta aos acontecimentos por intermédio do endiabrado Ricardo Pereira, jogador que num ápice apontou três golos! O Valongo não baixou os braços e continuou a lutar com todas as suas armas. Esforço que seria então compensado por duas ocasiões, uma por João Souto e outra já a escassos segundos do fim por Nuno Rodrigues, que selou o resultado do encontro em 3-3. Na classificação os valonguenses ocupam um confortável 6º lugar, com 26 pontos, muito perto da zona de acesso à Liga Europeia da próxima temporada! Na frente continua o FC Porto, com 48 pontos somados. Nota: Todos os resultados e classificações desta competição podem ser consultados na nossa edição online.


29 de fevereiro de 2012 • A Voz

de Ermesinde

Desporto

III

ENTREVISTA COM O PRESIDENTE E O TREINADOR DE HÓQUEI SUBAQUÁTICO DO CLUBE ZUPPER

Zuppers querem voar bem alto nos céus do desporto nacional FOTO MANUEL VALDREZ

O curto tempo de vida está longe de ser um facto suficientemente forte para impedir que a jovem família “zupper” sonhe em calcarrear, num futuro muito próximo, os patamares mais altos do desporto nacional. Nesse trajeto vislumbram-se algumas dificuldades – ou não fôssemos todos nós vítimas desta crise que teima em deixar-nos em paz e sossego – que no entanto não se afiguram mais do que meros obstáculos capazes de serem superados pela desmedida paixão pelo desporto ostentada por estes homens e por estas mulheres, na realidade a mesma paixão que esteve na origem do nascimento do Clube Zupper. Um emblema que o nosso jornal ficou a conhecer este mês bem de perto, na sequência de uma conversa com Nuno Ribeiro e António Silva, os dois sonhadores de um projeto que, ao fim de apenas um ano e meio de vida, já se tornou num caso sério no universo do hóquei subaquático nacional. MIGUEL BARROS

Em comum têm ambos a enorme paixão pelo desporto em geral. Confessam-se mesmo viciados no fenómeno desportivo, na verdade a razão prinicipal para que em setembro de 2010 tivessem dado vida ao sonho de fundar um clube onde pudessem simplesmente colocar em prática o sentimento que ambos carregavam. Nuno Ribeiro e António Silva, o nome dos dois homens que idealizaram e colocaram em prática o projeto batizado de Clube Zupper, que com escasso tempo de vida é já um veículo destacado na tarefa de levar pelos quatro cantos do país o nome de Ermesinde e do próprio Concelho de Valongo. Mas não só os nomes da cidade e do concelho que lhes serviu de berço têm sido elevados pelos “zupers”, já que a própria modalidade na qual se deram a conhecer ao Mundo, o hóquei subaquático, muito lhes tem ficado a dever. Hóquei que aliado à referida paixão pelo desporto foi o pretexto, digamos assim, para a fundação do Clube Zupper. Nuno Ribeiro, que agrega em si as funções de presidente da Direção e intérprete desta modalidade, faz uma curta viagem no tempo para recordar o momento em que o seu amigo e ex-professor de natação António Silva o desafiou para experimentar o recém-chegado a Portugal hóquei subaquático. Deslocaram-se então ao Fluvial Portuense, onde travaram conhecimento com a modalidade e desde logo se pode dizer que foi amor à primeira vista. Entusiasmados com a experiência, não demorou muito tempo a que pusessem em prática o sonho comum que ambos transportavam: fundar um clube.

«Tínhamos os dois clubes fictícios, isto é, grupos de amigos com quem praticavámos desporto, pelo que decidimos juntarnos e criar um clube a sério», relembram. Fundado o Clube Zupper, foi de imediato colocado em prática o projeto de desenvolver o hóquei subaquático na nossa cidade, contribuindo e muito para alcançar essa meta os conhecimentos e a experiência de António Silva, um homem fascinado pela água e por todas as atividades desportivas que nela se desenvolvem, como o próprio faz questão de deixar bem claro. Monitor de natação há 16 anos e atualmente coordenador da Piscina Municipal de Valongo, António Silva desde logo tentou cativar alguns ex-alunos seus da natação para experimentarem uma modalidade que “aterrou” em Portugal há apenas meia dúzia de anos. Ex-alunos que acederam de pronto ao convite do “mestre”, experimentaram, gostaram e integraram posteriormente a primeira equipa de hóquei subaquático do recém-nascido Clube Zupper. Com algum orgulho António Silva, que desde logo ficou com o cargo de treinador da equipa, refere que grande parte dos primeiros hoquistas zuppers foram seus alunos de natação quando tinham idades a rondar os 4 ou 5 anos, como é o exemplo do próprio Nuno Ribeiro. O início oficial da aventura 2011 marca pois o início oficial da aventura zupper no hóquei subaquático, com a participação no Campeonato Nacional. Uma presença que valeu acima de tudo pelos ensinamentos adquiridos pela “convivência” com as gran-

des equipas da modalidade em Portugal, o mesmo é dizer o Clube de Natação da Amadora e os Aquacarca (de Carcavelos). Nem mesmo o último lugar obtido pelos zuppers no final da competição parece ter arrefecido o entusiasmo de fazer mais e melhor numa modalidade onde a curto prazo querem ser grandes. Aliás, bem se poderá classificar o ano de estreia do Clube Zupper na alta roda do hóquei subaquático nacional como muito positivo, pois o interesse e curiosidade pela modalidade cresceu a olhos vistos em Ermesinde. «A modalidade está a crescer imenso no seio de clube. Em apenas um ano conseguimos fazer algo inacreditável, que foi captar míudos e graúdos para a modalidade, de maneira que atualmente temos já cerca de 30 atletas federados com idades compreendidas entre os 16 e os 40 anos. As pessoas vieram ter connosco para experimentar a modalidade, gostaram e ficaram». Aumento de atletas que obrigou a que o Clube Zupper tivesse inscrito na edição de 2012 do Campeonato Nacional não uma mas duas equipas! «Esse foi o nosso principal objetivo para esta nova época, ter duas equipas a competir ao mais alto nível numa modalidade que, tal como nós, está a crescer em Portugal. Aliás, quero dar os parabéns aos novos jogadores que, apenas com 2 ou 3 meses de atividade estiveram num bom plano na 1ª etapa do Campeonato Nacional de 2012 [ver desenvolvimentos sobre esta prova na página ao lado]. Se compararmos a prestação da nossa equipa B com o desempenho da estreia da equipa A na época passada constatamos que os B estiveram bem melhor, mesmo não tendo ido além do último lugar da etapa. Isso

demonstra claramente que estamos a evoluir e que temos potencial (atletas) para chegar longe na modalidade», refere António Silva. Ambos os interlocutores não têm dúvidas que o futuro dos zuppers está assegurado com a entrada de novos e promissores atletas que poderão vir a dar muitas alegrias a este jovem clube, isto é, títulos nacionais, pese embora a filosofia zupper passe sobretudo por que todos os seus atletas se continuem a divertir praticando desporto no seio de uma grande família, a designação pela qual tanto Nuno Ribeiro como António Silva definem o Clube Zupper. O que é certo é que meio a brincar meio a sério esta família cada vez mais numerosa está aos poucos a enraizar a modalidade em Ermesinde, e prova disso foi o sucesso da 1ª edição do Torneio de Natal que o Clube Zupper realizou em dezembro passado nas piscinas do CPN. «Aquilo o que inicialmente havíamos pensado como um simples torneio quadrangulgar amigável tornou-se num verdadeiro sucesso. Foi um grande momento de hóquei, dito por todos os que aqui estiveram, de tal maneira que vamos querer repeti-lo no próximo ano ainda com mais força, e quem sabe esta não seja a rampa de lançamento para num futuro próximo termos aqui uma etapa do Campeonato Nacional. Seria espetacular», diz Nuno Ribeiro. Outras modalidades na forja Mas nem só de hóquei subaquático vivem os zuppers. Como confessos viciados pelo desporto que são, têm em mente elencar no clube novas modalidades. O paintball é uma delas, uma modalidade radical, por assim dizer, que aliás já faz parte do “ADN” zupper, sendo que de 15

em 15 dias os hoquistas subaquáticos juntam-se no “campo de batalha” para dar uns tiros. «Nos nossos horizontes está claro levar o nome Zupper bem longe também no paintball em provas oficiais, mas para já está tudo muito cru». O atletismo, o surf, o bobyboard, o BTT, o triatlo ou futsal são modalidades que foram igualmente equacionadas para o planeta zupper, sendo que alguns dos atuais membros do clube vão a espaços praticando algumas delas, ainda que por brincadeira, «mas o que pretendemos é cativar atletas que gostem dessas modalidades e que as queiram desenvolver no seio do nosso clube, e que possam até mesmo ficar no futuro responsáveis por essas mesmas secções. Ermesinde é uma cidade enorme, com muita gente que gosta de desporto e que neste momento está parada em casa, e o que nós queremos é trazê-los para aqui para desenvolver essas e outras modalidades que possam surgir. Para já podemos dizer que o futsal está muito próximo de ser a próxima modalidade (oficial) do clube, uma vez que espaços para a colocar em prática até não faltam em Ermesinde, como é o caso do rinque do Complexo Desportivo dos Montes da Costa que, ao que parece, se encontra inutilizado, o que é uma pena. Aliás, já falámos com a Câmara de Valongo para vir a poder utilizar aquele espaço e eles mostraram alguma abertura para isso poder vir a acontecer. A ver vamos», sublinha Nuno Ribeiro. Estes são alguns dos sonhos que por agora vão sendo idealizados pelos zuppers, que passo a passo vão levando a água ao seu moinho,

sendo o hóquei subaquático um bom exemplo disso. Sonhos esses que vão sendo projetados e concretizados sem apoios, conforme sublinham, ou não estivéssemos nós a atravessar uma crise que parece não ter fim. O clube vive apenas da carolice dos seus integrantes, carolice essa que vai chegando para pagar o aluguer da piscina do CPN – local onde os zuppers treinam semanalmente às 2ªs e 4ªs feiras – e as inscrições dos jogadores no Campeonato Nacional de hóquei subaquático. «É complicado angariar apoios nos dias de hoje, pois o mais certo era darmos com o nariz na porta (risos). E como iríamos ter tantas respostas negativas isso iria acabar por desmotivar o grupo. Por isso grão a grão vamos pagando as despesas que temos, através das verbas arrecadadas das mensalidades pagas pelos atletas (25 euros para atletas trabalhadores e 20 para estudantes)». Claro que carolice é uma palavra que no futuro os zuppers vão querer apagar do seu dicionário, «queremos ser um clube a sério». Ideias e determinação não lhes falta para atingir esse patamar, e não têm dúvidas de que o nome Zupper ainda vai dar muito que falar. «Este nome vai concerteza ficar na cabeça de muita gente, e vamos tentar ser uma marca no concelho. Sem apoios mas com a dedicação e amor ao desporto vamos tentar que o nome de Ermesinde seja falado no país», projetam. Conforme fazem questão de frisar, querem continuar a fazer jus ao nome de batismo do clube – Zupper –, que advém da palavra “super”: «Queremos ser zuppers (supers) em muita coisa ainda.

Suplemento de “A Voz de Ermesinde” (este suplemento não pode ser comercializado separadamente). Coordenação: Miguel Barros; Fotografia: Manuel Valdrez. Colaboradores: Agostinho Pinto, João Queirós e Luís Dias.


A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012

Desporto FUTEBOL

Fevereiro pleno de vitórias recoloca Ermesinde SC no trilho da subida! FOTO MÁRCIO CASTRO

MÁRCIO CASTRO*

Fazer melhor era impossível e nem mesmo o adepto mais ferveroso acreditava que o mês de fevereiro pudesse decorrer da forma como decorreu para a equipa principal do Ermesinde, a qual em quatro partidas disputadas somou outras tantas vitórias! E mais do que isso voltou a vislumbrar com maior nitidez a porta de acesso à subida ao

escalão máximo da Associação de Futebol do Porto da próxima época, ocupando agora, ao fim de 24 jornadas, o 2º lugar em parceria com o Castêlo da Maia. Um braço de ferro que poderá ser desfeito já no próximo domingo (4 de março), altura em que as duas equipas irão medir forças no Estádio de Sonhos, num duelo por certo escaldante e decisivo para o futuro das duas nesta competição. Bom, mas para já registamos nestas páginas as ocorrências da

última vitória do Ermesinde, obtida no passado dia 26 no reduto do Bougadense em jogo a contar para a 24ª ronda. 2-0 foi a prenda de aniversário que os jogadores ermesindistas deram ao treinador Vítor Leal, um score que pelo que se passou no terreno até poderia ter contornos bem mais dilatados. Num jogo (na imagem) de sentido único, o guarda-redes da equipa da Trofa foi o primeiro herói da tarde após defender uma grande penalidade apontada por

Artur Alexandre. Antes desse lance ficaram por assinalar mais duas grandes penalidades contra os visitados, a castigar faltas claras sobre Nando e Paulo. Até ao intervalo ainda houve tempo para ver o Bougadense fazer o seu primeiro remate do encontro, quando estavam decorridos 37 minutos, e para um fora de jogo mal tirado ao atacante ermesindista Paulo. Na segunda parte Armando entrou para o lugar do capitão Paulo e a equipa da casa tenta fazer mossa na defesa contrária, criando dois lances de perigo seguidos (aos minutos 53 e 54). O treinador do Ermesinde mexe na equipa mais uma vez, com a entrada de Flávio por troca com Serginho, alteração que fez com que o combinado da nossa freguesia imprimisse uma maior velocidade ao jogo, já que dali em diante Flávio e Nando fizeram a cabeça em água aos defesas da casa. E seria precisamente destes dois jogadores que sairia o primeiro golo da tarde, numa altura em toda a equipa do

Bougadense já defendia. Nando “abriu o livro” e entregou a Flávio que, com muita calma e classe, fez aos 65 minutos um golo de belo efeito. Com um domínio dos acontecimentos cada vez mais acentuado adivinhava-se o segundo tento para os forasteiros. Tento que viria a surgir ao minuto 75, tendo como protagonistas Flávio e Armando, com o primeiro a assistir magistralmente o segundo que, num remate de primeira, não deu hipóteses ao inspirado guardião local. 2-0, um desfecho justo para um Ermesinde nitidiamente superior a um Bougadense que luta por estas alturas – de forma desesperada – pela permanência no segundo escalão distrital. Neste encontro o Ermesinde alinhou com: Rui Manuel, César, Hélder Borges, Cláudio, Joca, Marco, Medeiros (Ricardo Leça, aos 85m), Artur Alexandre, Sérgio (Flávio, aos 60m), Nando e Paulo (Armando, aos 45m). Este foi como já vimos o quarto triunfo consecutivo dos pupilos de Vítor Leal em fe-

vereiro, mês que teve início (no dia 5) com uma magra mas importante vitória caseira sobre o Balasar, por 1-0. Uma semana mais tarde (dia 12) surgiu a quinta vitória forasteira da presente temporada, alcançada em Vila Caiz, por 3-1, ao passo que a 19 de fevereiro, e num jogo impróprio para cardíacos, os verde e brancos bateram em casa o Caíde Rei por 3-2. A combinação destes resultados a juntar às escorregadelas do Castêlo da Maia (contabilizou duas vitórias, um empate e uma derrota ao longo do mês) faz com que estas duas equipas repartam agora o 2º lugar, com 50 pontos, menos seis que o lider Perafita. Nota: Todos os resultados e classificações desta competição podem ser consultados na nossa edição online. *com MB

FUTEBOL

DAMAS

Partida (de mau gosto) de Carnaval deu origem à primeira derrota caseira do Formiga

Sérgio Bonifácio e Café Avenida (Ermesinde) são 4ºs na primeira prova da nova temporada

MB Bem se podia dizer que de uma partida de Carnaval se tinha tratado, uma partida de mau gosto para sermos mais precisos, em relação aos factos passados no passado dia 21 (precisamente dia de Carnaval) no Complexo Desportivo dos Montes da Costa, data em que o Formiga conheceu pela primeira vez na presente temporada a derrota diante do seu fiél público. Tal aconteceu ante o conjunto dos Lusitanos, o qual saiu de Ermesinde com um precioso triunfo por 1-0 quase sem saber “ler nem escrever” tamanha foi a falta de inspiração em fazer pela vida ao longo de toda a contenda. Aliás, desinspiração que nesta partida da 24ª jornada da Série 1 do Campeonato Distrital da 2ª Divisão foi mesmo uma característica comum às duas equipas, a quem o nulo no marcador, pelo andar da carruagem, parecia interessar. Porém, um golpe de sorte quase ao cair do pano (87 minutos) deu aos Lusitanos os três pontos em disputa, assinalando assim a primeira queda formiguense em sua casa. Alguns dias mais tarde (a 26 de fevereiro) os pupilos de Nuno Melo viajaram até ao terreno do Inter de Milheirós numa partida inserida na 25ª ronda. Com a intenção de apagar as más recordações da jornada anterior o Formiga começou por dar luta à equipa maiata que, como era previsível, até entrou mais atrevida no terreno de jogo. Porém, ao intervalo o empate aceitava-se perfeitamente, embora por aquilo que as equipas vinham fazendo esta igualdade pecava apenas pela falta de golos. No reatamento o Formiga ficou sem baterias! Fisicamente a equipa ermesindense foi completamente abaixo, conseguindo apenas suster a igualdade a zero no marcador até final, já que ofensivamente mostrou-se completamente inofensiva.

Clube precisa de mais horas de treino Na voz dos responsáveis do emblema de Ermesinde este decréscimo exibicional – que se tem refletido nos resultados, tendo em cinco jogos disputados no mês de fevereiro o Formiga somado apenas uma vitória, diante do Salvadorense (no dia 12) por 3-0, e averbado três derrotas, ante Vila Boa de Quires (dia 5), por 2-3, Cristelo (dia 19), também por 2-3, e mais recentemente diante dos Lusitanos, como já vimos – prende-se sobretudo com a deficiente condição física que os seus atletas ostentam atualmente, muito por culpa do pouco tempo de treino que o clube tem disponível ao longo da semana. De acordo com o que nos foi dito o plantel formiguense apenas dispõe de dois dias por semana para apurar o físico no pelado do Complexo Desportivo dos Montes da Costa, sendo que o período de utilização das citadas instalações não ultrapassa o tempo de 1h15 em cada um desses dias! Tudo somado os formiguenses treinam apenas 2h30 por semana! Muito pouco para um escalão tão exigente como este, onde existem equipas que se preparam para os jogos com quatro e cinco treinos semanais, conforme nos foi dito pelos dirigentes formiguenses, os quais esperam que na próxima época a Câmara de Valongo – a responsável pelo recinto dos Montes da Costa – possa dar mais horas de treino ao clube. Voltemos a factos desportivos para referir que em termos posicionais o Formiga ocupa o 7º lugar, com 33 pontos, de um campeonato cujo título muito dificilmente irá fugir do Mocidade Sangemil, clube que lidera isolado, com 54 pontos. Nota: Todos os resultados e classificações desta competição podem ser consultados na nossa edição online.

MB

Arrancou no passado dia 25 de fevereiro a temporada damista de 2012. No Centro Norton de Matos, em Coimbra, realizou-se então o II Torneio Abertura da Federação Portuguesa de Damas, prova que contou com a presença de 34 damistas em representação de oito equipas nacionais. Entre estas encontrava-se o Café Avenida de Ermesinde, combinado que se fez representar por quatro atletas, nomeadamente Manuel Silva, José Rocha, Nélson Monteiro e Sérgio Bonifácio. Este último jogador conseguiu mesmo obter a melhor classificação no plano individual para o combinado ermesindense, o 4º lugar. Curiosamente o 4º posto foi igualmente a classificação obtida pelo Café Avenida na vertente coletiva, cujo título ficou na posse do Ginásio Vilacondense. Individualmente o mais forte voltou a ser o jogador mais titulado das damas nacionais (e atual campeão nacional), Manuel Vaz Vieira, da equipa ACM-Coimbra.


29 de fevereiro de 2012 • A Voz

de Ermesinde

Música

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FOTO ARQUIVO FC

Entrevista com Anabela Freire Nesta edição continuamos a apresentar entrevistas feitas a ermesindenses que tenham algum tipo de atividade relacionada com a música. O propósito é o de dar voz a quem tem algo de importante e interessante a dizer sobre música, seja ela de que estilo for. São pessoas que vivem em Ermesinde e que nos dão a sua visão sobre a sua cidade como cidadãos atentos. Mensalmente, tentaremos demonstrar que em Ermesinde vivem, estudam e trabalham pessoas com presente e futuro na música. Este mês, Anabela Freire, licenciada em Flauta Transversal pela Escola Superior de Música Artes do Espectáculo. Estudou também no Conservatório de Música da Cidade Invicta, frequentando atualmente o Mestrado em Música da Universidade de Aveiro. Participou em cursos de Pedagogia Musical e de Musicoterapia. Gravou para a RDP – Antena 2. a prática da Música? AF - Inicialmente, os meus pais. Depois, foi o puro prazer de fazer música.

FILIPE CERQUEIRA

“A Voz de Ermesinde” (AVE) Comecemos pelo presente; neste momento estás envolvida em que trabalhos? Anabela Freire (AF) - No presente ano letivo estou a lecionar no Conservatório do Vale do Sousa – Lousada, e no Conservatório de Música de Felgueiras, onde integro a Direção Pedagógica. Ao mesmo tempo estou a terminar o Mestrado em Ensino Vocacional de Música, na Universidade de Aveiro. AVE - Sentes-te mais realizada como professora? AF - Sinto-me muito realizada, todos os dias. Tenho o privilégio de fazer o que realmente gosto. AVE - Enquanto flautista, sentes-te mais à vontade como solista ou inserida numa orquestra ou grupo de música de câmara? AF - Gosto muito de ambos. Neste momento, sinto-me mais à vontade em música de câmara. AVE - O meio musical é algo que te é familiar de há muito tempo? AF - Desde a infância. AVE - Qual foi a motivação para

AVE - Que tipo de experiências já tiveste enquanto fazias música? AF - Felizmente muitas experiências boas, como tocar para um grande público, em auditórios cheios, em música de Câmara, a solo com Orquestra, ou inserida numa Orquestra. Lembrome por exemplo de tocar a “Carmina Burana” com a Orquestra do Norte, na cerca do Castelo de Óbidos, com lua cheia e um ambiente mágico. Outra experiência que recordo muito foi ter dirigido um Coro com músicos holandeses, suecos, portugueses e lituanos, durante uma semana, em que aprendi muito, em Malmö, na Suécia. Tive também experiências engraçadas, como concertos de Carnaval, ou na Banda, em coretos a abanar. AVE - Que planos tens para o futuro? AF - Acabar o Mestrado, continuar a dar aulas, porque gosto muito, ter um grupo de Música de Câmara e experimentar algo que ainda não tenha feito. AVE - Que sonhos tens para esta atividade? AF - Que haja mais desenvolvimento cultural do País, porque é na Educação e na Cultura que um país se demarca perante os outros (pelo melhor e pelo pior). AVE - Por falar em futuro, que modelo de divulgação prevês para a música? AF - A música é das atividades mais

NOTA: Na última entrevista ficou por apresentar a nota biográfica devida ao entrevistado Jorge Simões. Com as nossas desculpas, aqui fica: Jorge Miguel Soares Simões, nascido em 1989, morador em

divulgadas. Infelizmente limita-se muito ao estilos comerciais (pop, rock,...), que são uma pequena fração do que devia ser o âmbito de escolha do público. O público português é muito díspar: ou é culto, conhece vários géneros musicais e procura conhecer mais, para poder escolher; ou só conhece um ou dois géneros , e “escolhe” ouvir sempre o mesmo, porque nunca conheceu, nem quer conhecer, outro. Digo isto sem preconceitos, porque para mim, a Música é só uma: apenas creio que se deve conhecer, para não se ficar limitado, e sempre à parte de experiências diferentes. Existem estudos que demonstram que a audição e execução musical têm diferentes efeitos no cérebro, conforme o género musical. Afetamos o nosso cérebro com a música que ouvimos, por isso, talvez seja melhor escolher a que tem efeitos mais benéficos (já agora, os compositores clássicos estão entre os mais benéficos, a nível do desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso). AVE - O que é possível fazer no meio musical para sobreviver? Ou essa ideia está errada, a de que não é possível viver de forma normal pela música e da música? AF - Pode viver-se confortavelmente da Música, desde que se conheça o mercado, se procure formação para o que se quer fazer, e se seja Bom no que se faz. No fundo, a mesma receita que para qualquer profissão, creio. Só não podemos ficar parados, em casa, à espera que as coisas aconteçam por si, ou insistir numa atividade que já esteja repleta de profissionais desempregados, onde não há perspetiva de emprego. Não basta ter formação, é preciso ter perspetiva da utilidade da formação no mercado de trabalho.

O meio musical é imenso: desde maestro, compositor, instrumentista/ cantor, professor do ensino especializado ou do genérico (desde o infantário à universidade sénior), investigador, musicoterapeuta, vendedor ou “luthier” de instrumentos, produtor musical, técnico de som, programador cultural/musical, afinador de pianos, etc... AVE - Mudando de assunto, passemos ao meio que te rodeia, à cidade onde vives e que te acolhe nos teus projetos. Vives em Ermesinde há quanto tempo? AF - Vivo cá há 30 anos. AVE - Na generalidade, que te parece Ermesinde? AF - É um subúrbio. Tem alguma atividade cultural, por exemplo no Fórum Cultural de Ermesinde. Por outro lado está muito perto da oferta cultural do Porto, e por isso há um misto de desejo e apatia cultural local. AVE - Que achas da cidade em termos ambientais e culturais? Havia algo que gostasses que fosse mudado? AF - A nível ambiental, o básico: era bom haver mais caixotes do lixo nas ruas e que as pessoas os usassem, e que pudéssemos andar pelos passeios, sem termos de estar constantemente atentos à porcaria canina, espalhada pelo chão. Culturalmente: Não apenas na cidade, mas no País, duas coisas: a conceção de som – ainda se sente muito enraizado o “quanto mais alto me-

Ermesinde, frequentou o Colégio de Santa Joana e a Escola Secundária de Ermesinde. Atualmente estuda Engenharia Informática na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

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Estudou Piano e Teoria Musical durante a infância, tal como línguas no Instituto Bristol School em Ermesinde, completando o grau CPE da Universidade de Cambridge em Língua Inglesa.

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lhor!” É assim que ouço muitas apresentações que deviam ser musicais, em vez de devastadoras para a saúde pública. Desrespeita-se frequentemente os limites de intensidade do som nos espetáculos, inclusive os que têm crianças no público! Isto é grave. Por outro lado, já era hora dos agentes culturais do concelho serem mais profissionais na apresentação de espetáculos. Desde o cumprimento de horários (quer de ensaios, quer do início dos espetáculos), ao respeito pelo público, principalmente os níveis de audibilidade, mas também as apresentações em si serem mais cuidadas, menos relaxadas (para não dizer desleixadas). A título de exemplo, no verão passado, durante a Expoval, houve um convite para uma participação musical de crianças e jovens no Parque da Cidade de Ermesinde, que nunca mais começava, porque o grupo musical que ia atuar à noite se atrasou a começar o ensaio; então estiveram a testar arrogante e interminavelmente o som, e a pessoa encarregue de gerir as apresentações não tomava nenhuma atitude, dizendo que não podia fazer nada. Que é isto?? Acham que não sabemos o que é organizar e realizar espetáculos? Ou pior: que nunca vamos a espetáculos devidamente organizados, fora da cidade, ou do país? As crianças, jovens e pais esperaram educada e incredulamente, e a apresentação começou uma hora depois do previsto! Espero que melhorem, profissionalizando-se. Quanto aos pais, deviam exigir respeito, e reclamar o direito à qualidade dos espetáculos, como um todo.

Telefone 229 710 101 Rua Rodrigues de Freitas, 1442

4445-482 ERMESINDE

Direcção Técnica: Dr.a Cláudia Raquel Fernandes Freitas

Confiança 4445 ERMESINDE


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A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012

Gestão

Crescimento é a palavra chave Finalmente temos as questões relacionadas com a concorrência internacional, de onde se destaca o país continental chinês e os novos países emergentes (Índia, Brasil e Rússia). Portugal encontra-se neste enclave sem

de 1%, e estes emprestam às empresas (a alavanca do crescimento) a taxas 5 e 6 vezes maiores, muitas vezes com o aval do próprio Estado, como é o caso da linha PME Crescimento cuja taxa ronda os 5%. Quem FOTO ARQUIVO

JOSÉ QUINTANILHA

uando se fala em crescimento para a resolução dos problemas da crise que atravessamos, inevitavelmente teremos que falar das empresas. As empresas são o motor do crescimento económico, sendo necessárias as condições para que sobrevivam, criem o tal emprego de que tanto se fala, e promovam o referido crescimento. Entre as diversas condições necessárias à sua laboração encontram-se em primeira linha as vias de financiamento, para alavancar o investimento e consequentemente a produção; também as questões energéticas se colocam numa posição fundamental para que as empresas possam funcionar. Estamos a atravessar uma fase em que a ditadura das energias fósseis continuam a impor e condicionar as condições das regiões que delas necessitam.

grandes possibilidades de se libertar a curto prazo destes constrangimentos. Em primeiro lugar estamos definitivamente amarrados a uma zona euro que gere toda a política financeira e alimenta interesses instalados, vejase o facto de o Banco Central Europeu emprestar aos bancos da zona euro a uma taxa

ganha com isto?… Sempre os mesmos. Também em relação às questões energéticas verifica-se uma tentativa de esquiva para as renováveis, só que tanto num caso como no outro se mantém um monopólio das empresas do sistema, como as petrolíferas por um lado, e EDP, REN, e outras pseu-

doconcorrentes, que se mantêm na linha de aumento dos preços deste bem fundamental, incrementado pelo aumento da taxa do IVA, o que agrava ainda mais o custo da energia, tão fundamental para o tal crescimento económico. Quem ganha com isto?… Sempre os mesmos. Finalmente a concorrência dos países que praticam declaradamente o dumping social com condições de trabalho por vezes inumanas, de onde se destaca o trabalho infantil e os horários escravos, que provocam nas economias ocidentais e designadamente em Portugal, uma pressão imoral sobre as condições de trabalho; veja-se a redução de salários e apoios sociais aos nossos compatriotas mais necessitados (velhos, criança e doentes), agravando a situação de precaridade em que nos encontramos, com níveis de pobreza e desemprego crescentes, num ciclo degenerativo de austeridade. E quem perde com isto?… Sempre os mesmos. Têm que se ultrapassar os pontos estratégicos de ação para o desbloqueio de um povo que inclusivamente não preveem a sua regeneração, o que passará pela reflexão destas condições de crescimento em que as empresas estarão sempre numa posição central como forma de revitalizar e até promover o rejuvenescimento dos portugueses.

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Rua Rodrigues de Freitas, 1572 – 4445 ERMESINDE – Tel. 229 735 571

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Direcção Técnica - Drª Maria Helena Santos Pires Rua da Bouça, 58 ou Rua Dr. Nogueira dos Santos, 32 Lugar de Sampaio • Ermesinde Telf.: 229 741 060 • Fax: 229 741 062

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o n Si

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R. Padre Avelino Assunção, 59-63 Telefone 229 718 406

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29 de fevereiro de 2012 • A Voz

de Ermesinde

Crónicas

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Crenças ou crendices – castigo quiridos nos contactos com autóctones um tanto excluídos, emigrantes portugueses e de várias outras nacionalidades mas, por baixo desse verniz engorgulhotado, conservavam, muitas vezes, a fraqueza de espírito, a ausência de princípios de sã convivência, mal-

do. Ninguém testemunhou a cena porque ele fora com a mulher para “à Quinta” e, quando lhe pareceram horas, mandou-a para casa que ele ia “dar uns tiros”, matar um coelho para o jantar. Chamou o cão, pôs a caçadeira ao ombro e seguiu o seu instinto pouco afi-

NUNO AFONSO

ode o bom senso admitir que alguém seja responsabilizado pela morte de outra pessoa, a quilómetros de distância entre si e sem outra arma que não fosse a desafeição que reciprocamente mantinham? O mesmo bom senso pode admitir que o ódio que alguém manifesta por um vizinho, na hora em que o vê morrer, venha ter consequências fatais para aquele, um quarto de século mais tarde, no mesmo local em que presenciou o infausto acontecimento e em circunstâncias muito idênticas? E também que… Ele há coisas! – diz o povo com toda a razão. E tornou-se moda afirmar que não há coincidências. Em certo sentido, talvez possamos aceitar tal posição, considerando que, por mais semelhanças que encontremos entre dois factos ou situações, eles nunca serão rigorosamente iguais; olhando de outro prisma, alguns acontecimentos deixam-nos perplexos, incrédulos, temerosos, porque parece ter havido entre eles uma relação de causa e consequência ou de interferência transcendental. Comecemos pelo caso do tio Sincelho, trabalhador de mão cheia, bom reprodutor e um tanto imprudente nos seus juízos. Enquanto viveu a tia Petronilha, sua mãe, que dispunha do usufruto de terras e lameiros à morte do marido do qual não teve filhos, foi ele que assumiu o seu manejamento, garantindo assim melhor sustento ao seu núcleo familiar, ele, a mulher e uma catrefada de filhas e filhos à maneira antiga que, uma vez criados, tomaram seu rumo, uns para a emigração, outros na própria aldeia. Os primeiros, como a grande maioria dos estrangeirados, vinham à terra passar as vacanças, no mês de Agosto, e impunham aos residentes um cequidiz ainda menos cuidado do que o original, uns tiques de gente urbanizada e finória ad-

ponsabilidade pela morte do pai. Elas sabiam muito bem que a sua vítima, provavelmente, nunca tinha pegado numa arma, ninguém a vira para aqueles lados onde o homem fora encontrado sem vida, os seus trabalhos fazia-os ali bem perto de casa e tinha o marido FOTO ARQUIVO

querenças transmitidas pelos progenitores, em especial o elemento feminino, diferenças antigas com outras mulheres da aldeia, palha seca prestes a originar incêndio à menor faúlha que as tocasse. As filhas que por ali se mantiveram não esqueceram a tendência genética para a quesília, língua bem afiada e disponibilidade para a zaragata. A morte do tio Sincelho, no alto da serra, devida a um disparo da própria caçadeira considerado acidental pelas autoridades competentes, não teria ido mais além na demanda de responsabilidades se não houvesse contas velhas para acertar com a tia Mércia, vizinha e da mesma geração do falecido e da Cândida sua viúva. Não se sabe ao certo onde terão começado os desentendimentos entre as duas mulheres, conhecido era o hábito de discutirem a cada passo por motivos de “lana caprina”, fazendo barrela à roupa suja de incontáveis dias em que ferviam insultos e palavrões do mais sórdido menu conheci-

nado de caçador ocasional. A mulher cumpriu a ordem recebida e recolheuse a descascar as batatas, a lavar e cortar as couves, a pôr a panela no fogão que só acenderia mais tarde. Entretanto, arrumou a casa e, como se aproximava a noite e o homem não chegava, deu conta da sua inquietação às filhas já casadas que, de pronto, a acompanharam à sua procura. Com o instinto a guiá-las e depois de algumas buscas, foram encontrá-lo morto, trespassado por uma bala que, mais tarde, os peritos asseguraram ter partido da própria espingarda, considerando também que o tio Sincelho, já com mais de oitenta anos, devia ter escorregado ou tropeçado e, ao tentar apoiar-se na arma, esta disparou atingindo-o no abdómen. Todavia, o parecer dos entendidos não evitou que as dores do luto se misturassem às da inimizade com a tia Mércia e, dias após o funeral, duas filhas do defunto saíram-lhe ao caminho e agrediram-na, assacando-lhe a res-

TASCA DO ZÉ

muito doente a requerer toda a sua atenção, razões de sobra para ficar livre de suspeitas. Tê-la-ão elas acusado de assassínio moral, não por estas palavras, talvez algo como coisas de bruxaria, correspondendo a “trabalho” de macumba noutras paragens, ou similares. O caso foi parar a tribunal e promete ter novos capítulos em tempos mais ou menos próximos. Ninguém diria que, num país e numa região em que o catolicismo sempre impregnou a vida individual e coletiva, fosse tão frequente o recurso a práticas e justificações baseadas num substrato pagão ou animista, frequentemente mais crível do que os ensinamentos religiosos contrários a superstições e quejandas. Vinha caindo a tarde de um dia frio de novembro e os moradores da aldeia davam por terminado o “concelho”, assim chamado o dia de trabalho em prol da comunidade em que cada família contribuía com, pelo menos um homem ou outro fator de trabalho. Alguns já re-

gressavam dos lados da serra com a ferramenta ao ombro, conversando, divertidos, mau grado o cansaço. O senhor Morais conduzia o seu trator, caminho abaixo, com um atrelado carregado de terra onde dois ou três jovens tinham aproveitado boleia para voltar a casa. A pressão do atrelado sobre a máquina agrícola, potenciada pela inclinação da vereda, era muito forte e o travão mostrou-se incapaz de suster tão grande peso. Ao descrever uma curva à direita, o condutor não conseguiu governar a máquina mas teve ainda lucidez para gritar aos ocupantes do atrelado que saltassem, evitando males maiores. Ele é que não pôde escapar à tragédia: foi projetado e, na queda, encontrou a morte, enquanto o trator tombava para a ribeira que corria ao fundo. Alguns homens que se encontravam nas proximidades correram para o local da queda no intento de prestar auxílio às presumíveis vítimas. Infelizmente, não puderam ajudar o condutor mas transportaram o corpo para casa e disponibilizaram-se para o que fosse preciso. Na vertente oposta, ao alto do chamado “caminho novo”, assomava o senhor José Lopes que presenciou o acidente prosseguindo, tranquilamente, em direção à aldeia. Ainda teve ocasião de expressar o seu contentamento por ter presenciado “ a morte do seu maior inimigo”, como ele se referiu ao falecido com quem tivera desentendimentos tempos atrás. Um quarto de século depois, tragédia muito semelhante aconteceu. O homem que mostrara tanta crueza de alma perante a infelicidade alheia, sofreu morte idêntica: o trator que dirigia e que tantas vezes por ali transitara precipitou-se, ladeira abaixo, provocando a morte do seu condutor. O acidente ocorreu no lugar donde presenciara a morte do senhor Morais. Coincidência que não deixou indiferentes os moradores da aldeia. «Ele há cada ca(t)cho de cousa!», diria o meu tio João de Deus se ainda vivesse. Muitos registaram o que lhes pareceu castigo divino, que exclui sentimentos de ódio ao nosso próximo. O cerne da doutrina cristã é o amor entre os homens, a reconciliação entre os que, ocasionalmente, podem ter ressentimentos.

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A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012

Crónicas

A cortiça

GIL MONTEIRO (*)

reio, sempre o pensei, que temos uma forte idiossincrasia, e grande capacidade de trabalho e inovação. Somos um povo, sem qualquer prosápia, de indivíduos espertos, e desembaraçados, para não dizer desenrascados, dos melhores do Mundo, ainda que pela matreirice! Porquê o nosso atraso ancestral?! O que têm a mais os povos mais evoluídos? É devido ao fraco índice de escolaridade. Desde as lutas liberais, passando por cinquenta anos de obscurantismo quando, para reduzir o crónico défice financeiro, foram mandadas encerrar escolas do Magistério Primário! O analfabetismo permanente e as estruturas obsoletas não deixaram seguir o progresso. Os emigrantes forçados (para Angola era preciso uma carta de chamada!) serviram como mão de obra barata no Brasil e, mais tarde, em França e na Alemanha, onde “abriram os olhos” e criaram fortunas, hoje publicitadas. Quando, na Europa dos anos sessenta, a Inglaterra tinha uma cobertura de mais de 50%

FOTO OCTÁVIO BOBONE

de crianças no ensino infantil, em Portugal, o Estado nem educadoras ainda formava. Era graças às ações religiosas e ao ensino particular que eram dados os primeiros passos, competindo às professoras do Primário a inspeção das poucas educadoras dessas instituições. Só agora temos pleno ensino e licenciados empurrados para emigração! Soube ontem, que uma engenheira florestal, licenciada na UTAD, e desempregada, foi escolhida para um posto de trabalho na Suécia. O marido, fator dos tempos (!), pediu o divórcio, sem o mais pequeno drama ou problema. O Douro vinhateiro ainda tem manchas de sobreiros e azinheiras. Foi graças a uma prancha de cortiça duriense que aprendi a nadar, na represa do rio Corgo da Timpeira, enquanto aluno do liceu de Vila Real. Dá para acreditar?! Fiquei cheio de vaidade ao assistir pela TV às primeiras reportagens sobre as novas utilizações da cortiça: grande criatividade, inovação; êxitos na exportação; desde guarda-chuvas ou malas chiques de senhora! Agora, vi mais: transformada para complementos de jóias e objetos de arte. Os famosos designers lusos descobriram na cortiça o eldorado da criatividade. Quando da utilização para rolhas, tarros, pavimentos e isolamentos, estava longe o poder ser material das naves espaciais! Na Instrução primária, ficava ancho quando o professor Matos, em Provesende, falava das

CONDURIL -

produções agrícolas, e afirmava: – Portugal é o 4º produtor mundial de azeite e o 1º na cortiça. Tenho reparado na moda dos sapatos de senhora serem cada vez mais altos, graças à cortiça na planta do pé. Será que a moda pega? Foi com Amália que decorei o fado “Ai Mouraria”, cantado por um ceguinho e a letra lida em folheto (ainda soletrava!). Em Roalde, não havia um rádio, tinha apenas uma grafonola de agulhas de aço e sete discos, um meio partido, mas aproveitado nas espiras centrais!

Quando vi no cinema D. Dinis, de Vila Real, a fadista Amália Rodrigues, na fita “Capas Negras”, fiquei deslumbrado com a sua “boca de sapo” e a estatura alta. Era uma Diva. Mas, ao saber, mais tarde, que o uso dos vestidos compridos era para encobrir os sapatos com palmilhas de cortiça que a tornavam mais alta, ficou perdoada e mais venerada como cantora e compositora de bonitos e vibrantes fados que deu “cartas ao Mundo”. (*) jose.gcmonteiro@gmail.com

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de Ermesinde

Opinião

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Crise e renovação de mandatos

A. ÁLVARO SOUSA (*)

s tempos que vivemos são diariamente ensombrados com noticiários relacionados com o que se convencionou chamar de crise: crise financeira que afeta a maioria dos países europeus pela via das dívidas soberanas; crise económica muito consequência da primeira, com reflexos no desemprego que sobe todos os dias, computado em finais de 2011 em mais de um milhão de portugueses, com tendência para subir; crise no rendimento disponível das famílias, mesmo daquelas não afetadas pela falta de emprego, que mês após mês se veem confrontadas com mais impostos, bens de primeira necessidade mais caros e serviços públicos com subidas de tarifas muito acima de qualquer taxa de inflação que se conheça. Numa palavra, vivendo num autêntico inferno social, não vislumbrando qualquer luz ao fundo do túnel, procurando nos recursos clínicos respostas para preocupantes estados de depressão. Na abordagem da crise económico/ financeira, os gregos vão sendo os primeiros a sofrer as consequências de governos que, ou foram incompetentes ou politicamente irresponsáveis, ou as duas coisas, sujeitando com as suas decisões “criminosas” milhões de cidadãos a viverem sob o “jugo” de governos externos que a troco de euros lhes impõem as mais humilhantes decisões, traduzidas em governos não eleitos e exigências de venderem o seu património que os “patrões” identificam, calendarizando as vendas e, qualquer

dia, impondo o comprador e fixando as condições da transação. Os portugueses seguem atentamente os acontecimentos na Grécia e será bom que aprendam rapidamente com os erros que lá se estão a cometer. É certo que já se vão ouvindo vozes a dizer o óbvio: se os problemas decorrem de baixas taxas de rendimento não será com políticas recessivas que a situação se inverterá, donde o documento elaborado pelos doze líderes de Estadosmembros europeus poder ser a primeira pedra de um novo edifício de decisões que efetivamente concorram para se deixar de falar de crise para se passar a falar de cresci-

mento económico. Nesta questão sempre será avisado perguntar por que razão os portugueses não foram convidados a subscrever o documento. É que, se o afastamento foi ditado pela circunstância de estarmos demasiado “colados” ao Merkozy, não teremos razões para admitir estarmos do melhor lado. Pela nossa parte, continuamos a pensar que a solução não está em exigir dos devedores que paguem as suas dívidas em curto período de meia dúzia de anos com taxas proibitivas, o que jamais acontecerá. Certo será a inevitável bancarrota em cascata dos países com níveis de dívida exagerados. Ca-

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minho acertado será o de reescalonar as dívidas com pagamento ao longo de trinta, cinquenta ou mais anos, com taxas de juro reduzidas e com um período de carência não inferior a dez anos, tempo necessários para que as economias se refaçam da crise profunda e já duradoura em que estão mergulhadas. No interesse dos superiores interesses dos europeus e dos próprios alemães, será inteligente que os governantes da maior economia europeia abandonem o projeto de dominarem o continente europeu pela via do capital, a fim de evitarem uma terceira guerra e plausível derrota ditada pelos valores democráticos do mundo ocidental.

ções uma forte probabilidade de ganhar eleições, tendo-se assistido no início do “processo” a alguma agitação nos presidentes de câmara que, argumentando que a limitação de mandatos deveria ser extensiva a outros políticos, tudo terão feito para se manter no poder. Mas se houvesse dúvidas quanto ao acerto da medida, o presidente da Câmara de Valongo dissipou-as quando em entrevista concedida ao “Jornal de Notícias” de 20-02-2012, declarou: «Já não gosto de ser presidente”. E, tendo presente as dificuldades financeiras do município, a impossibilidade prática de fazer obra que “encha o olho”, a exigência de reduzir o número de chefias e outras limitaFOTO URSULA ZANGGER ções gestionárias, compreende-se o desencanto e cansaço de um autarca que leva dezoito anos de presidência. Se a limitação de mandatos já estivesse em vigor há mais anos, pelo menos teria o mérito de evitar o desencanto e sacrifício do Dr. Fernando Melo. Com efeito, demasiado tempo em determinado lugar ou função gera enfado, falta de iniciativa, acomodação, práticas rotineiras e outras inconveniências que a limitação de mandatos bem poderá colmatar a bem do prestígio e bom funcionamento da democracia e, no caso concreto, do Poder Autárquico. Naturalmente que medidas “cegas” são suscetíveis de provocar resultados indesejáveis, na medida em que possam afetar servidores da “res publica” de elevado gabarito, impolutos e queridos dos eleitores. Mas o que nos deverá preocupar é o saldo final, entre Um outro assunto político que vem to- as vantagens e as desvantagens de evitar mando espaço nos “media” são as próximas a perpetuação de pessoas em determinaeleições autárquicas e o impedimento de dos lugares onde se joga o bem estar das cerca de metade dos atuais presidentes de populações, a gestão dos dinheiros púcâmara poderem recandidatar-se nos mes- blicos, a tentação de privilegiar clientelas mos concelhos. Ao contrário do que admiti- partidárias e a dificuldade de se tornarem mos na altura em que a lei foi aprovada, pa- imunes aos lobbies que os perseguem. E, rece que o impedimento vai mesmo aconte- nesta medida, a prudência aconselha que cer, restando, apenas, a dúvida sobre se os o impedimento seja estendido à hipótese atingidos pela medida legislativa podem ou de presidentes impedidos de se renão candidatar-se em outra autarquia. candidatarem no seu conselho o possam Esta restrição desde sempre provocou fazer num outro qualquer. algum desconforto nas máquinas partidári(*) alvarodesousa@sapo.pt as que têm nos autarcas em exercício de fun-

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A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012

Lazer

Efemérides

Coisas Boas

5 MARÇO 1512 – Nascimento de Gerardo Mercator, grande cartógrafo flamengo (morreu em 1594).

• 500g de grão-de-bico cozido; • 2 tomates pelados; • 1 cebola; • 2 dentes de alho; • 1 pimento; • 2 batatas médias; • 2 batatas-doces; • 400g de abóbora amarela; • 1/2 repolho; • 100g de milho cozido; • 1 folha de louro; • sal e pimenta; • azeite.

Palavras cruzadas HORIZONTAIS 1. Ponta; tarar. 2. Ofereço; licor medicamentoso. 3. Cidade do Canadá. 4. Piedosa; curo. 5. Camareira; tranquilidade. 6. Partir; desfiz a costura. 7. Aqui; Sua Santidade (abrev.). 8. Canta; pedra de moinho. 9. Mancha; rato. 10. Expetativas.

SOLUÇÕES: HORIZONTAIS VERTICAIS 1. CDUP; icone. 2. Ao; Iara; os. 3. Buwai; EDP. 4. AD; Noe. 5. Xnk; estar. 6. Pan; osso. 7. Eris; Arn. 8. Sopapos; oc. 9. Apenas; moa. 10. Regozijo.

1. Cabo; pesar. 2. Dou; xarope. 3. Winnipeg. 4. Pia; sano. 5. Aia; paz. 6. Ir; descosi. 7. Ca; SS. 8. Entoa; mo. 9. Nodoa; roo. 10. Esperancas.

Anagrama Descubra que rua de Ermesinde se esconde dentro destas palavras com as letras desordenadas: ABUÇO. Rua da Bouça.

SOLUÇÕES:

Veja se sabe 01 - Sul-africano (presidente do ANC), Prémio Nobel da Paz em 1960. SOLUÇÕES: 02 - Habitaram a zona sudeste da Península Ibérica (séc. VI a.C.). 03 - Cineasta finlandês, autor de “Le Havre” (2011). 04 - Afluente do Tejo, nasce na Póvoa da Galega (Mafra). 05 - A que classe de animais pertence o panda gigante? 06 - Em que continente fica Taiwan? 07 - Em que país fica a cidade de Salvador da Baía? 08 - Qual é a capital da Transnístria? 09 - A abreviatura Cep corresponde a qual constelação? 10 - Elemento químico metálico, duro e prateado, n.º 42 da Tabela Periódica (Mo).

Alberto Lutuli. 02 – Iberos. 03 – Ari Kaurismaki. 04 – Rio Trancão. 05 – Mamíferos. 06 – Ásia. 07 – Brasil. 08 – Tiraspol. 09 – Cefeu. 10 – Molibdénio.

Provérbio Bodas em março é ser madraço. (Provérbio português)

Diferenças

SOLUÇÕES:

ILUSTRAÇÃO HTTP://WWW.PDCLIPART.ORG/

Nota: Prato para quatro pessoas. “A Voz de Ermesinde” prossegue neste número uma série de receitas vegetarianas de grau de dificuldade “muito fácil” ou “média”. A reprodução é permitida por http://www.centrovegetariano.org/receitas/, de acordo com os princípios do copyleft.

Sudoku

148 Em cada linha, horizontal ou vertical, têm que ficar todos os algarismos, de 1 a 9, sem nenhuma repetição. O mesmo para cada um dos nove pequenos quadrados em que se subdivide o quadrado grande. Alguns algarismos já estão colocados no local correcto.

Sudoku (soluções)

148

Descubra as 10 diferenças existentes nos desenhos

FOTO ARQUIVO

Numa panela com um pouco de azeite refoga-se a cebola e os alhos. Juntam-se o tomate aos quartos e o pimento. Acrescenta-se água temperada com sal, pimenta e louro. Adicionam-se as duas qualidades de batata, a abóbora em cubos e o repolho em tiras. Quando os ingredientes estiverem cozidos juntam-se o grão-de-bico e o milho. Deixa-se ferver apenas uns minutos e serve-se bem quente. Sugestão: pode-se adicionar também um copo de cubos de soja demolhados e hidratados.

VERTICAIS 1. Clube desportivo universitário do Porto; pequena imagem representativa. 2. Contração de preposição e artigo; nome feminino; artigo (pl.). 3. Fica na Papuásia; traznos a luz. 4. Antiga coligação política de direita; escapou ao dilúvio. 5. Tipo de ficheiro de correio digital; encontrar-se. 6. Deus dos pastores; junto com outros, arma o corpo dos vertebrados. 7. Planeta anão; filho do Príncipe Valente. 8. Murros; língua provençal. 9. Somente; triture. 10. Alegria.

Grão à algarvia

01. Boa de sabão. 02. Bolso. 03. Gota. 04. Palhunha. 05. Janela. 06. Cabelo. 07. Colarinho. 08. Mão. 09. Punho. 10. Mesa.


29 de fevereiro de 2012 • A Voz

de Ermesinde

Lançamento da versão DreamStudio 11.10 Dick MacInnis anunciou o lançamento do Dream Studio 11.10, uma distribuição Linux baseada em Ubuntu, com o foco no trabalho criativo e em multimédia. Esta versão do Dreanm Studio vem com o editor de video Cinelerra, uma suite completa para trabalho gráfico e web design, ferramentas de fotografia, fontes e várias utilidades de audio, com centenas de efeitos disponíveis. A presente versão fez ainda a correção de numerosos bugs. Fonte: http://www.distrowatch.com

Mozilla vai ter loja para apps web abertas A Fundação Mozilla está a planear o lançamento da sua própria loja de apps onde desenvolvedores poderão comercializar as suas apps web baseadas em HTML5. A Mozilla entende que outras lojas são muito restritivas, o que, acredita, tem o efeito de limitar a liberdade dos utilizadores e desenvolvedores e inibir a inovação. A loja deve ser lançada no Mobile World Congress em Barcelona, que acontece desde 27 de fevereiro e até amanhã, dia1 de março. Fonte: http://www.h-online.com/open/news/ item/Mozilla-announces-marketplace-foropen-web-apps-1440881.html

Nick Tait – da equipa de design da Canonical – apela à colaboração no Unity Em entrevista prestada ao Ubuntu-BRSC, Nick Tait, da equipa de desenvolvedores de design da Canonical, além de afirmar as suas expetativas no sucesso da próxima versão LTS do Ubuntu (Precise Pangolin), deu umas dicas relativas ao processo de colaboração com os desenvolvedores do Unity, no sentido de resolver algumas das debilidades de que ainda sofre. As áreas mais sensíveis, segundo o gerente de projetos do Unity (ambiente de desktop desenvolvido pela Canonical) são o trabalho em um ou dois bugs oriundos das “Alterações de design assinadas mas ainda não entregues”, disponíveis em http://people.canonical.com/~platform/design/, ou ainda nos “Projetos de upstream que podem ser trabalhados”, disponíveis em http://people.canonical.com/~platform/design/upstream.html. Fonte: http://www.noticiaslinux.com.br

Yahoo abre o código da ferramenta YSlow O Yahoo mudou recentemente a licença da ferramenta de análise de performance YSlow para uma licença BSD e publicou o código completo no Github. O YSlow permite que desenvolvedores web verifiquem as suas páginas relativamente às melhores práticas projetadas, para garantir que um site web opere em velocidade otimizada. Fonte: http://www.noticiaslinux.com.br

Kotlin – alternativa ao Java agora com código aberto A linguagem alternativa da JetBrains para a plataforma Java, o Kotlin, foi agora lançada como software livre sob licença Apache 2. As ferramentas lançadas incluem o compilador Kotlin, o "Kompiler", um conjunto de melhorias para bibliotecas Java padrão, tais como utilitários de conveniência para coleções de JDK, ferramentas de build (para Ant, Maven e Gradle), e um plugin para o IntelliJ IDEA para que funcione com o IDE do JetBrains. Fonte: http://www.h-online.com/open/ news/item/Java-alternative-Kotlin-nowavailable-as-open-source-1434434.html

Tecnologias

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Richard Stallman contra o ACTA na Universidade do Minho e na Semana Informática do Técnico Richard Stallman, o criador do movimento de Software Livre, esteve este fim do mês em Portugal, onde participou em dois importantes eventos, proferindo palestras sobre questões de liberdades e direitos. AVE

Fundador do Projeto GNU e da Fundação para o Software Livre, Richard Stallman lançou o movimento do software livre em 1983 e começou o desenvolvimento do sistema operativo GNU (ver www.gnu.org) em 1984. GNU é software livre: todos têm a liberdade de o copiar e redistribuir, bem como de fazer mudanças, grandes ou pequenas. O sistema GNU/Linux, basicamente o sistema operativo GNU com o Linux adicionado, é usado em dezenas de milhões de computadores hoje em dia. Ora na tarde do dia 28 de fevereiro Stallman esteve em Braga, mais precisamente no Auditório A1 do Complexo Pedagógico 1 do Polo de Gualtar da Universidade do Minho, numa iniciativa organizada pelo CeSIUM, Centro de Estudantes de Engenharia Informática da Universidade do Minho, onde discursou sobre o tema da liberdade do utilizador da internet, apresentando o tema “Copyright vs Community”. Stallman abordou as polémicas questões das propostas legislativas em curso, tais como o SOPA, ACTA, PIPA e outras leis ou projetos-lei que podem pôr em risco a liberdade na internet. Stallman no SINFO No dia seguinte, e no decurso de uma iniciativa levada a cabo pelos alunos de Engenharia Informática do instituto Superior Técnico, em Lisboa, o SINFO (Semana INFOrmática), Stallman esteve no Pavilhão de Engenharia Civil do campus Alameda, onde abordou o tema “O Software Livre e a tua Li-

berdade”. Stallman falou acerca dos objetivos e filosofia do Movimento do Software Livre, e o estado e história do sistema operativo GNU que, em combinação com o núcleo Linux, é atualmente usado por dezenas de milhões de utilizadores em todo o mundo. O SINFO, que decorre desde o dia 27 de fevereiro e se prolonga até ao dia 2 de março, conta com a presença, para além de Richard Stallman, de um conjunto de personalidades mundialmente reconhecidas, como João Damas (um dos 14 guardiões do DNS), Paulo Taylor (fundador do eBuddy), Mirko Gozzo (European General Manager da Riot Games, empresa conhecida pelo jogo League of Legends), James Portnow (CEO da Rainmaker Games e escritor da Webseries Extra-Credits), Miguel Sales Dias (Director do MLDC da Microsoft), Zeinal Bava (CEO da Portugal Telecom) e Miguel Gonçalves (Idea Starter @ Spark Agency) – entre outros. Multimédia, Inteligência Artifical e Robótica, O Futuro da Web e Inovação e Empreendedorismo são os temas dedicados a cada dia do evento, no qual se realizam conferências, painéis de discussão, workshops e ainda uma exposição tecnológica, promovendo o contacto direto entre as empresas e os visitantes. Em qualquer das atividades, os participantes habilitam-se a ganhar prémios – consolas, smartphone, tablets e muitos outros. Este evento tem como objetivos a divulgação e debate do mercado das tecnologias de informação que marcam a atualidade nacional e internacional e a informática no geral, algo cada vez mais presente no quotidiano dos portugueses. O é aberto a todo o público interessado. Sobre o tema do software livre também a ANSOL (Associação Nacional de Sofware Livre) teve uma intervenção no dia 29, ainda dentro do grande tema, “Software na Sociedade”, um dos vários abordados durante o evento. Os outros eram “Jogos & Multimédia”, Inteligência Artificial & Robótica”, “Futuro da Web” e “LEIC++: Empreendedorismo”. A série de painéis de debate Painéis de Debate teve lugar no Grande Anfiteatro (onde conferenciou Stallman) e abordou os seguintes temas: “Então queres desenvolver jogos?” (segunda, 27 fevereiro, com a participação de James Portnow, Mirkko Gozzo e Eduardo Barandas) – onde cada orador falou da sua experiência e percurso na indústria de modo a poder aconselhar a audiência em como entrar no mundo dos videojogos ; “Inteligência Artificial em Portugal” (terça, 28 fevereiro, com a participação de Miguel Sales Dias, Carlos Amaral, Marco

Barbosa e João Graça), onde os convidados falaram acerca do seu percurso na área de Inteligência Artificial e de que forma pretendiam mudar o panorama nacional nesta área. O objetivo deste debate foi o de responder a algumas questões como: Quais as potencialidades da IA no mercado português? Quais as áreas de Inteligência Artificial mais viáveis no nosso mercado? Vale a pena criar empresas e investir nesta área?; “Segurança na Web - Um Desafio Multi-Facetado” (quinta, 1 março, com Paulo Veríssimo, João Damas, Pedro Veiga e Paulo Sousa), onde cada orador falará sobre a segurança na web a partir de diferentes pontos de vista (social, empresarial, aplicacional e tecnológico); “IST(o) é Empreendedorismo” (sexta, 2 Março, com Joaquim Sérvulo Rodrigues, António Murta, Miguel Gonçalves e Marco de Abreu), onde os convidados falarão um pouco do seu percurso até ao topo e da experiência de empreendedorismo que tiveram/ têm. Outros debates sobre o ACTA Entretanto, e ainda para debater o ACTA (Anti-Counterfeiting Trade Agreement, Acordo Comercial Anticontrafação), realizou-se na noite do passado dia 25 de fevereiro, na Academia Contemporânea do Espectáculo, no Porto, um debate organizado pelo Bloco de Esquerda, com o título “O que esconde o ACTA” e que contou com a participação das deputadas bloquistas Catarina Martins (Assembleia da república) e Marisa Matias (Parlamento Europeu) e com o presidente da ANSOL (Associação Nacional de Software Livre), Rui Seabra. Tal como o descreve a Wikipedia, o ACTA é um tratado comercial internacional que está a ser negociado com o objetivo de estabelecer padrões internacionais para o cumprimento da legislação de propriedade inteletual entre os países participantes. De acordo com seus proponentes, como resposta «ao aumento da circulação global de bens falsificados e da pirataria de obras protegidas por direitos autorais». Aparentando ser um complemento do tratado anterior sobre propriedade intelectual, Acordo TRIPs, que foi severamente criticado por "defender" o domínio cultural e tecnológico dos países desenvolvidos sobre os subdesenvolvidos, o ACTA teve as suas primeiras negociações a decorrer desde em outubro de 2007 entre os Estados Unidos, o Japão, a Suíça e a União Europeia, tendo sido depois integradas por Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Emiratos Árabes Unidos, Jordânia, Marrocos, México, Nova Zelândia e Singapura. O tratado é bastante criticado pelo facto das negociações ocorrerem entre uma minoria e de forma sigilosa. E também pela existência de indícios, como os documentos vazados para o Wikileaks, de que o acordo planeia beneficiar as grandes empresas com o prejuízo dos direitos civis de privacidade e liberdade de expressão do resto da sociedade.


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A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012

Arte Nona

Fernando Pessoa na Banda Desenhada “Ónima - Heterónimos Pessoanos” é o título da edição em livro no formato invulgar de 34x14cm - de um projeto levado a efeito por alunos da turma do 2º Ano de Comunicação da Escola Profissional Profitecla do Porto, sob orientação do arquiteto Pedro Castro. Nesta obra coletiva - realizada em contexto de trabalho pedagógico da Profitecla -, surge um artigo dedicado à BD intitulado “Fernando Pessoa na Banda Desenhada”, da autoria de Geraldes Lino, o qual foi convidado por Pedro Castro – que, além de arquitecto e professor naquela escola, também tem feito banda desenhada esporadicamente. Esse artigo, que ocupa três páginas da invulgar edição (...), embora com lacunas respeitantes a obras surgidas posteriormente, uma brasileira e outra espanhola, faz um levantamento de bandas desenhadas surgidas em álbuns, revistas, fanzines e também na blogosfera, debruçadas sobre o poeta Fernando Pessoa. GERALDES LINO

Embora este livro tenha sido editado em 2008, só agora decidi divulgá-lo no meu blog (http:// divulgandobd.blogspot.com), considerando o facto de estar patente ao público uma excecional exposição intitulada “Fernando Pessoa: Plural como o Universo”, que foi organizada pelo Museu de Língua Portuguesa em São Paulo, Brasil, tendo vindo para Portugal para ser exposta na Fundação Calouste Gulbenkian, a partir do dia 9 de fevereiro, e onde se manterá até 30 de abril. Note-se que a exposição brasileira foi valorizada com peças do espólio do poeta que estavam dentro duma muito falada "arca de Pessoa". Pedro Castro, responsável pelo projeto e pela edição, acrescentou ao meu nome a indicação "Presidente do Clube Português de Banda Desenhada". Acontece que Pedro Castro me conheceu nos anos 1980, quando eu era membro da Direção daquela coletividade, de que fui vicepresidente várias vezes, alternando com Carlos Gonçalves. Por mútuo consenso, ambos decidimos nunca concorrer ao lugar de presidente, deixando esse cargo para desenhadores, como foi o caso de Eugénio Roque, José Garcês e Pedro Massano. Obviamente, Pedro Castro desconhecia esses pormenores, e "elegeu-me" como presidente do CPBD para me identificar. “Fernando Pessoa na Banda Desenhada” Biografar figuras históricas, transformar em figuração narrativa factos da História de Portugal, ou adaptar romances dos nossos maiores romancistas, tem sido recorrente na Banda Desenhada Portuguesa. Outro tanto não acontece no que concerne a poetas ou à própria Poesia, exceção feita a Luís de Camões e também aos Lusíadas, autor e obra bastante divulgados em publicações várias - álbuns e revistas - tanto em Portugal como no Brasil. Fernando Pessoa, depreende-se da premissa, fica em plano secundário na comparação, pese embora o seu enorme prestígio em ambos os países. Apesar disso, tendo em conta a efeméride dos cento e vinte anos após a data do nascimento do poeta em Lisboa, a 13 de junho de 1888, faz todo o sentido tentar historiar quantas e quais as obras desta forma de arte em que ele, ou os seus heterónimos, e respectivas poesias, tenham servido de tema. Em primeiro lugar, surge uma curtíssima referência em duas vinhetas apenas, no episódio caricatural "Manifesto Anti-Mantas", desenhado a preto e branco por Jorge Mateus, sob argumento de Carlos Martins, na revista “Selecções BD” - I Série – n.º 3 - Julho 1988, cem anos (e um mês) após o nascimento de Pessoa. Apesar do centenário ser seu, o principal protagonista desta bd é, afinal, o seu amigo Almada Negreiros (e como figurante, um tal Ritinha, o comum amigo Santa-Rita Pintor) aparecendo o poeta como figura secundária e de forma insólita. Tal acontece quando, a certa altura, surge a imagem de um locutor negro da RTP (na BD, tudo é

possível, e no que se refere a anacronismos humorísticos, são frequentes) a dizer, entre outras coisas, «já vejo ali os famosos Pessoas». E, de facto, sentados à mesa do café, com um exemplar do n.º 2 da revista “Orpheu” (em que Pessoa colaborou e de cuja geração fez parte) em cima do tampo, veem-se dois esqueletos, ambos com os infalíveis pormenores identificativos da figura do poeta, chapéu, óculos, bigode e lacinho, que pedem ao locutor: «Posso recitar um poema, posso?». Admitindo a possibilidade de erro, estabelece-se esta aparição da figura de Fernando Pessoa como sendo a primeira na BD portuguesa. Com bem maior espessura ficcional surge uma outra, três anos depois, onde ele se apresenta como personagem principal, "Tião e Maria: Pessoa em Apuros", publicada igualmente na primeira série da revista “Selecções BD” - n.º 40, agosto de 1991. Criada totalmente por José Abrantes, a trama, de claro sentido crítico, desenvolve-se em quatro pranchas, a preto e branco, num "gag" onde Fernando Pessoa tenta fugir por todos os meios a uma praga de pessoanos que querem saber tudo a seu respeito, para sobre ele escreverem, e à conta dele ganharem fama e dinheiro, e por isso o perseguem obsessivamente para onde quer que vá. De referir que a capa, a cores, desse número da revista, serve de apresentação ao episódio, com a figura do poeta em destaque. Desopilante em absoluto é a obra que se segue cronologicamente, publicada em Outubro de 2000 no n.º 1 da revista brasileira “Chiclete com Banana”, mas em versão editada em Portugal. Da autoria de Laerte, o episódio tem por antetítulo "Piratas do Tietê", o mesmo da série, seguido de "O Poeta" como título, completado pelo subtítulo "Com a participação especial de Fernando (em) Pessoa". São doze pranchas em que aparece alguém, de chapéu, óculos e bigode, a falar sozinho: «Eu não sou nada, nunca serei nada, não posso querer ser nada». Dominado pelo espírito do heterónimo Álvaro de Campos em fase de profunda depressão, resolve suicidar-se, lançando-se de uma ponte, mas caindo dentro de uma canoa que o leva até próximo de um barco de piratas (do Tietê, claro) que o ouvem declamar «chamam por mim as águas, chamam por mim os mares» e sobre ele disparam, afundando-lhe a canoa. Insolitamente, o poeta emerge, dentro dum escafandro surgido sabe-se lá donde (da caneta do artista brasileiro, por hipótese...), e continuamente a dizer os versos de qualquer um dos seus heterónimos. Volta a ser alvo de tentativas de destruição, às quais sempre sobrevive incólume, sem sequer se dar conta dos ataques, absorto na sua poesia, enquanto os piratas desesperam, com o barco quase a afundar-se, e o furibundo e frustrado capitão a berrar no fim: «Malditos poetas!!». Em 2002, sob chancela das Íman Edições, surge o livro “Heróis da Literatura Portuguesa”, afinal escritores, ficcionistas e poetas, todos biografados pela banda desenhada. Na apresentação da extensa peça de dezoito pranchas, a preto e bran-

co, dedicada a Fernando Pessoa, lê-se: «No equinócio do outono de 1930 vamos entrevê-lo na Quinta da Regaleira, numa inconfessável descida aos túneis onde cresce a árvore dos Sefirotes, com saída para o mar, na Boca do Inferno. Por lá passam também o Mago Crowley (...)». É sobre este acontecimento que Pedro Pestana Soares tece o argumento do episódio eivado de esoterismo, desenhado com garra e imaginação por João Chambel. Em Cádiz, Espanha, edita-se o fanzine “Radio Ethiopia”. No seu n.º 14, com data de “OutonoInverno 2005”, foi reproduzida a banda desenhada "Pessoa Revisited", sob a assinatura de Rafa Infantes, no desenho a preto e branco, e no texto que complementa o excerto dum poema de Álvaro de Campos, escrito em português. A apresentação aparece na vinheta inicial: «El joven Campos ya no siente ningún apego a este mundo. Él podria hablarnos de las conquistas de la Ciencia moderna, del arte y la metafísica. Podria, si acaso os interesara una solo de sus palabras. Pero las palabras que sus labios pronuncian poco tienen que ver con vosotros». «Não sou nada». Os versos do poema irão aparecendo nas vinhetas seguintes. «Nunca serei nada». «Não posso querer ser nada». «À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo». E na última vinheta vê-se o poeta deitar fora o caderno onde estivera a escrever, sob a legenda: «Já disse que não quero nada». IMAGEM BLOG DIVULGANDO BD

Os novos tempos trouxeram diferentes tecnologias. Em vez de impressas em papel, há já muitas bandas desenhadas que começaram, de raiz, no espaço virtual da internet. E Fernando Pessoa, com o fascínio da sua poesia e da sua personalidade, não podia deixar de inspirar algum internauta autor de BD. Miguel Moreira tinha imaginado há muitos anos um projeto desse género, e em abril de 2004 fez os primeiros esboços. Mas só em 29 de outubro de 2007 surge no endereço http:// lmigueldsm.blogspot.com o blogue "As Aventuras de Fernando Pessoa, Escritor Universal" a mostrar as vinhetas iniciais da homónima banda desenhada. Colorida por Catarina Verdier, a figura bem reconhecível do poeta aparece em "post" de 13 de junho de 2008, cento e vinte anos após o seu nascimento, num episódio em que, numa das vinhetas, ele está na cama, de tronco nu, mas de óculos e chapéu, ao lado de alguém - de que só se vê um braço - e que num balão de fala, emite a onomatopeia trocista "Blá blá blá". Assim se começa a transformar em banda desenhada o poema "Gostava de gostar de gostar", de Álvaro de Cam-

pos, uma entre numerosas meias pranchas que vão compondo sequências com intervalos de dias entre elas, que quase fazem subentender a tradicional frase das antigas histórias aos quadradinhos, "continua no próximo número". Algo diferente na sua origem, mas com resultados finais semelhantes, é como se pode classificar a banda desenhada "A Anunciação". Concebida por André Oliveira, que após escrever o argumento (um sonho de Fernando Pessoa em que o poeta sente um chamamento divino), teve a ideia de pedir a vários colaboradores - Nuno Frias, Ricardo Reis, Miguel Cabral, João Vasco Leal, para desenharem, e Cristiano Baptista para colorir - que concretizassem o respectivo guião em cinco pranchas, com a finalidade de que a bedê fosse reproduzida no “BDJornal”. Porém, estando este com a publicação suspensa, isso possibilitou, após acordo com o seu editor e respetivos autores, que editasse no meu blogue "Divulgando Banda Desenhada", no endereço http://divulgandobd.blogspot.com aquela banda desenhada original e inédita a qual, assim, diferentemente, teve a sua estreia na blogosfera. Continuando a navegar na internet, deparase-nos o título "Descobrir Portugal em Língua Gestual Portuguesa (LGP), com o subtítulo "A História Animada/Desenhada Descobrir Portugal em Língua Gestual Portuguesa (LGP) para Crianças Surdas, criada, escrita, ilustrada, desenhada e realizada pelo Prof. Francisco Goulão (surdo/ /deaf) - Portugal". Não há qualquer data que indique quando se deu o início deste site localizável no endereço http:// profsurdogoulao9.no.sapo.pt todo feito à base de imagens desenhadas, apresentando alguma sequencialidade, com os diálogos transmitidos pela linguagem gestual. A intenção é a de falar de Portugal por aquela forma, dando claramente ênfase às cidades do Porto e de Lisboa, visitadas de forma quase exaustiva. No que concerne à capital, uma das imagens que a representam é exatamente a figura do lisboeta Fernando Pessoa, através do famoso retrato que dele fez o seu amigo Almada Negreiros. Na revista “Cais” n.º 131 - junho 2008, aparecem umas tantas bandas desenhadas feitas por alunos e alunas do AR.CO - Centro de Arte e Comunicação Visual. Uma dessas bedês, em duas pranchas matizadas a sépia, é assinada por Ana Filomena Pacheco, e tem o título de "O Banqueiro Anarquista". Trata-se do conto escrito por Fernando Pessoa em janeiro de 1922, publicado no n.º 1 da revista “Contemporânea” em maio desse ano, cujos invulgares diálogos entre o banqueiro, que assume uma atitude política nada consentânea com a função que exerce, e um seu amigo, a novel autora parcialmente aproveitou, para realizar singular obra de figuração sequencial. Por fim, é sabido, disse-o Fernando Pessoa, «Deus quer, o homem sonha, a obra nasce», verso pertencente ao poema "O Infante", do "Mar Português", tantas vezes usado como lema ou justificação, serviu de mote para a prancha inicial da bd "FP vs Bubas". Este antagonista do poeta, de nome tão estranho, é o anti-herói de estimação de Derradé (aliás, Dário Rui Duarte), que continua o episódio inicial e o conclui, numa segunda prancha, com o próprio Bubas a recitar «Ai que prazer/Ter um livro para ler e não o fazer», na presença do tal FP. Inédita até agora, esta banda desenhada destinava-se ao n.º 3 da revista de BD “HL” (Herpes Labial), cuja edição esteve prevista para outubro de 2006. Com essa data protelada “sine die”, surgiu a hipótese de ser editada no meu blogue já anteriormente citado, o que acaba de acontecer, constituindo assim a mais recente homenagem a Fernando Pessoa pela banda desenhada,outra vez em suporte eletrónico. (*) Autor do blog http://divulgandobd.blogspot.com


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Arte Nona

O ajudante de cangalheiro (1/2) autor: PAULO PINTO


A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012

Serviços

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Farmácias de Serviço Permanente

Telefones CENTRO SOCIAL DE ERMESINDE

De 01/03/12 a 02/04/12

• Educação Pré-Escolar (Teresa Braga Lino) (Creche, Creche Familiar, Jardim de Infância)

• População Idosa (Anabela Sousa) (Lar de Idosos, Apoio Domiciliário) • Serviços de Administração (Júlia Almeida) Tel.s 22 974 7194; 22 975 1464; 22 975 7615; 22 973 1118; Fax 22 973 3854 Rua Rodrigues de Freitas, 2200 4445-637 Ermesinde • Formação Profissional e Emprego (Albertina Alves) (Centro de Formação, Centro Novas Oportunidades, Empresas de Inserção, Gabinete de Inserção Profissional) • Gestão da Qualidade (Sérgio Garcia) Tel. 22 975 8774 Largo António Silva Moreira, 921 4445-280 Ermesinde • Jornal “A Voz de Ermesinde” (Fernanda Lage) Tel.s 22 975 7611; 22 975 8526; Fax. 22 975 9006 Largo António da Silva Moreira Canório, Casa 2 4445-208 Ermesinde

Telefones

ECA

Telefones de Utilidade Pública

ERMESINDE CIDADE ABERTA

• Sede Tel. 22 974 7194 Largo António Silva Moreira, 921 4445-280 Ermesinde • Centro de Animação Saibreiras (Manuela Martins) Tel. 22 973 4943; 22 975 9945; Fax. 22 975 9944 Travessa João de Deus, s/n 4445-475 Ermesinde • Centro de Ocupação Juvenil (Manuela Martins) Tel. 22 978 9923; 22 978 9924; Fax. 22 978 9925 Rua José Joaquim Ribeiro Teles, 201 4445-485 Ermesinde

Auxílio e Emergência

Saúde

Avarias - Água - Eletricidade de Ermesinde ......... 22 974 0779 Avarias - Água - Eletricidade de Valongo ............. 22 422 2423 B. Voluntários de Ermesinde ...................................... 22 978 3040 B.Voluntários de Valongo .......................................... 22 422 0002 Polícia de Segurança Pública de Ermesinde ................... 22 977 4340 Polícia de Segurança Pública de Valongo ............... 22 422 1795 Polícia Judiciária - Piquete ...................................... 22 203 9146 Guarda Nacional Republicana - Alfena .................... 22 968 6211 Guarda Nacional Republicana - Campo .................. 22 411 0530 Número Nacional de Socorro (grátis) ...................................... 112 SOS Criança (9.30-18.30h) .................................... 800 202 651 Linha Vida ............................................................. 800 255 255 SOS Grávida ............................................................. 21 395 2143 Criança Maltratada (13-20h) ................................... 21 343 3333

Centro Saúde de Ermesinde ................................. 22 973 2057 Centro de Saúde de Alfena .......................................... 22 967 3349 Centro de Saúde de Ermesinde (Bela).................... 22 969 8520 Centro de Saúde de Valongo ....................................... 22 422 3571 Clínica Médica LC ................................................... 22 974 8887 Clínica Médica Central de Ermesinde ....................... 22 975 2420 Clínica de Alfena ...................................................... 22 967 0896 Clínica Médica da Bela ............................................. 22 968 9338 Clínica da Palmilheira ................................................ 22 972 0600 CERMA.......................................................................... 22 972 5481 Clinigandra .......................................... 22 978 9169 / 22 978 9170 Delegação de Saúde de Valongo .............................. 22 973 2057 Diagnóstico Completo .................................................. 22 971 2928 Farmácia de Alfena ...................................................... 22 967 0041 Farmácia Nova de Alfena .......................................... 22 967 0705 Farmácia Ascensão (Gandra) ....................................... 22 978 3550 Farmácia Confiança ......................................................... 22 971 0101 Farmácia Garcês (Cabeda) ............................................. 22 967 0593 Farmácia MAG ................................................................. 22 971 0228 Farmácia de Sampaio ...................................................... 22 974 1060 Farmácia Santa Joana ..................................................... 22 977 3430 Farmácia Sousa Torres .................................................. 22 972 2122 Farmácia da Palmilheira ............................................... 22 972 2617 Farmácia da Travagem ................................................... 22 974 0328 Farmácia da Formiga ...................................................... 22 975 9750 Hospital Valongo .......... 22 422 0019 / 22 422 2804 / 22 422 2812 Ortopedia (Nortopédica) ................................................ 22 971 7785 Hospital de S. João ......................................................... 22 551 2100 Hospital de S. António .................................................. 22 207 7500 Hospital Maria Pia – crianças ..................................... 22 608 9900

Serviços Locais de venda de "A Voz de Ermesinde" • Papelaria Central da Cancela - R. Elias Garcia; • Papelaria Cruzeiro 2 - R. D. António Castro Meireles; • Papelaria Troufas - R. D. Afonso Henriques - Gandra; • Café Campelo - Sampaio; • A Nossa Papelaria - Gandra; • Quiosque Flor de Ermesinde - Praça 1º de Maio; • Papelaria Monteiro - R. 5 de Outubro.

Fases da Lua Mar 20 20112

Lua Cheia: 8 ; Q. Minguante: 15 15;; Lua Nova: 22 22;; Q. Crescente: 1, 30 30..

Abr 201 20122

Lua Cheia: 6 ; Q. Minguante: 13 13;; Lua Nova: 2211 ; Q. Crescente: 29 29..

Cartório Notarial de Ermesinde ..................................... 22 971 9700 Centro de Dia da Casa do Povo .................................. 22 971 1647 Centro de Exposições .................................................... 22 972 0382 Clube de Emprego ......................................................... 22 972 5312 Mercado Municipal de Ermesinde ............................ 22 975 0188 Mercado Municipal de Valongo ................................. 22 422 2374 Registo Civil de Ermesinde ........................................ 22 972 2719 Repartição de Finanças de Ermesinde...................... 22 978 5060 Segurança Social Ermesinde .................................. 22 973 7709 Posto de Turismo/Biblioteca Municipal................. 22 422 0903 Vallis Habita ............................................................... 22 422 9138 Edifício Faria Sampaio ........................................... 22 977 4590

Bancos Banco BPI ............................................................ 808 200 510 Banco Português Negócios .................................. 22 973 3740 Millenium BCP ............................................................. 22 003 7320 Banco Espírito Santo .................................................... 22 973 4787 Banco Internacional de Crédito ................................. 22 977 3100 Banco Internacional do Funchal ................................ 22 978 3480 Banco Santander Totta ....................................................... 22 978 3500 Caixa Geral de Depósitos ............................................ 22 978 3440 Crédito Predial Português ............................................ 22 978 3460 Montepio Geral .................................................................. 22 001 7870 Banco Nacional de Crédito ........................................... 22 600 2815

Transportes Central de Táxis de Ermesinde .......... 22 971 0483 – 22 971 3746 Táxis Unidos de Ermesinde ........... 22 971 5647 – 22 971 2435 Estação da CP Ermesinde ............................................ 22 971 2811 Evaristo Marques de Ascenção e Marques, Lda ............ 22 973 6384 Praça de Automóveis de Ermesinde .......................... 22 971 0139

Desporto Ficha de Assinante A VOZ DE

ERMESINDE Nome ______________________________ _________________________________ Morada _________________________________ __________________________________________________________________________________ Código Postal ____ - __ __________ ___________________________________ Nº. Contribuinte _________________ Telefone/Telemóvel______________ E-mail ______________________________ Ermesinde, ___/___/____ (Assinatura) ___________________ Assinatura Anual 12 núm./ 9 euros R. Rodrigues Freitas, 2200 • 4445-637 Ermesinde Tel.: 229 747 194 • Fax: 229 733 854

Farmácias de Serviço

Dias

• Infância e Juventude (Fátima Brochado) (ATL, Actividades Extra-Curriculares)

Águias dos Montes da Costa ...................................... 22 975 2018 Centro de Atletismo de Ermesinde ........................... 22 974 6292 Clube Desportivo da Palmilheira .............................. 22 973 5352 Clube Propaganda de Natação (CPN) ....................... 22 978 3670 Ermesinde Sport Clube ................................................. 22 971 0677 Pavilhão Paroquial de Alfena ..................................... 22 967 1284 Pavilhão Municipal de Campo ................................... 22 242 5957 Pavilhão Municipal de Ermesinde ................................ 22 242 5956 Pavilhão Municipal de Sobrado ............................... 22 242 5958 Pavilhão Municipal de Valongo ................................. 22 242 5959 Piscina Municipal de Alfena ........................................ 22 242 5950 Piscina Municipal de Campo .................................... 22 242 5951 Piscina Municipal de Ermesinde ............................... 22 242 5952 Piscina Municipal de Sobrado ................................... 22 242 5953 Piscina Municipal de Valongo .................................... 22 242 5955 Campo Minigolfe Ermesinde ..................................... 91 619 1859 Campo Minigolfe Valongo .......................................... 91 750 8474

Cultura Arq. Hist./Museu Munic. Valongo/Posto Turismo ...... 22 242 6490 Biblioteca Municipal de Valongo ........................................ 22 421 9270 Centro Cultural de Alfena ................................................ 22 968 4545 Centro Cultural de Campo ............................................... 22 421 0431 Centro Cultural de Sobrado ............................................. 22 415 2070 Fórum Cultural de Ermesinde ........................................ 22 978 3320 Fórum Vallis Longus ................................................................ 22 240 2033 Nova Vila Beatriz (Biblioteca/CMIA) ............................ 22 977 4440 Museu da Lousa ............................................................... 22 421 1565

Comunicações Posto Público dos CTT Ermesinde ........................... 22 978 3250 Posto Público CTT Valongo ........................................ 22 422 7310 Posto Público CTT Macieiras Ermesinde ................... 22 977 3943 Posto Público CCT Alfena ........................................... 22 969 8470

Administração Agência para a Vida Local ............................................. 22 973 1585 Câmara Municipal Valongo ........................................22 422 7900 Centro de Interpretação Ambiental ................................. 93 229 2306 Centro Monit. e Interpret. Ambiental. (VilaBeatriz) ...... 22 977 4440 Secção da CMV (Ermesinde) ....................................... 22 977 4590 Serviço do Cidadão e do Consumidor .......................... 22 972 5016 Gabinete do Munícipe (Linha Verde) ........................... 800 23 2 001 Depart. Educ., Ação Social, Juventude e Desporto ...... 22 421 9210 Casa Juventude Alfena ................................................. 22 240 1119 Espaço Internet ............................................................ 22 978 3320 Gabinete do Empresário .................................................... 22 973 0422 Serviço de Higiene Urbana.................................................... 22 422 66 95 Ecocentro de Valongo ................................................... 22 422 1805 Ecocentro de Ermesinde ............................................... 22 975 1109 Junta de Freguesia de Alfena ............................................ 22 967 2650 Junta de Freguesia de Sobrado ........................................ 22 411 1223 Junta de Freguesia do Campo ............................................ 22 411 0471 Junta de Freguesia de Ermesinde ................................. 22 973 7973 Junta de Freguesia de Valongo ......................................... 22 422 0271 Serviços Municipalizados de Valongo ......................... 22 977 4590 Centro Veterinário Municipal .................................. 22 422 3040 Edifício Polivalente Serviços Tecn. Municipais .... 22 421 9459

Ensino e Formação Cenfim ......................................................................................... 22 978 3170 Centro de Explicações de Ermesinde ...................................... 22 971 5108 Colégio de Ermesinde ........................................................... 22 977 3690 Ensino Recorrente Orient. Concelhia Valongo .............. 22 422 0044 Escola EB 2/3 D. António Ferreira Gomes .................. 22 973 3703/4 Escola EB2/3 de S. Lourenço ............................ 22 971 0035/22 972 1494 Escola Básica da Bela .......................................................... 22 967 0491 Escola Básica do Carvalhal ................................................. 22 971 6356 Escola Básica da Costa ........................................................ 22 972 2884 Escola Básica da Gandra .................................................... 22 971 8719 Escola Básica Montes da Costa ....................................... 22 975 1757 Escola Básica das Saibreiras .............................................. 22 972 0791 Escola Básica de Sampaio ................................................... 22 975 0110 Escola Secundária Alfena ............................................. 22 969 8860 Escola Secundária Ermesinde ........................................ 22 978 3710 Escola Secundária Valongo .................................. 22 422 1401/7 Estem – Escola de Tecnologia Mecânica .............................. 22 973 7436 Externato Maria Droste ........................................................... 22 971 0004 Externato de Santa Joana ........................................................ 22 973 2043 Instituto Bom Pastor ........................................................... 22 971 0558 Academia de Ensino Particular Lda ............................. 22 971 7666 Academia APPAM .......... 22 092 4475/91 896 3100/91 8963393

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 01 02

Quinta Sexta Sábado Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Segunda

Alfena Ascensão Confiança• Formiga Garcês MAG Nova Alfena Palmilheira Sampaio Santa Joana Travagem Alfena Ascensão Confiança• Formiga Garcês MAG Nova Alfena Palmilheira Sampaio Santa Joana Travagem Alfena Ascensão Confiança• Formiga Garcês MAG Nova Alfena Palmilheira Sampaio Santa Joana Travagem

Marques Santos Vilardell Outeiro Linho Sobrado Bessa Central Marques Santos Vilardell Marques Cunha Sobrado Bessa Central Marques Santos Vilardell Marques Cunha Outeiro Linho Bessa Central Marques Santos Vilardell Marques Cunha Outeiro Linho Sobrado Central Marques Santos Vilardell Marques Cunha Outeiro Linho Sobrado Bessa Marques Santos Vilardell Marques Cunha

FICHA TÉCNICA A VOZ DE

ERMESINDE JORNAL MENSAL • N.º ERC 101423 • N.º ISSN 1645-9393 Diretora: Fernanda Lage. Redação: Luís Chambel (CPJ 1467), Miguel Barros (CPJ 8455). Fotografia: Editor – Manuel Valdrez (CPJ 8936), Ursula Zangger (CPJ 1859). Maquetagem e Grafismo: LC, MB. Publicidade e Asssinaturas: Aurélio Lage, Lurdes Magalhães. Colaboradores: Afonso Lobão, A. Álvaro Sousa, Armando Soares, Cândida Bessa, Chelo Meneses, Diana Silva, Faria de Almeida, Filipe Cerqueira, Gil Monteiro, Glória Leitão, Gui Laginha, Jacinto Soares, Joana Gonçalves, João Dias Carrilho, Sara Teixeira, Joana Viterbo, José Quintanilha, Luís Dias, Luísa Gonçalves, Lurdes Figueiral, Manuel Augusto Dias, Manuel Conceição Pereira, Marta Ferreira, Nuno Afonso, Paulo Pinto, Reinaldo Beça, Rui Laiginha, Rui Sousa, Sara Amaral, Sara Vieira. Propriedade, Administração, Edição, Publicidade e Assinaturas: CENTRO SOCIAL DE ERMESINDE • Rua Rodrigues de Freitas, N.º 2200 • 4445-637 ERMESINDE • Pessoa Coletiva N.º 501 412 123 • Serviços de registos de imprensa e publicidade N.º 101 423. Telef. 229 747 194 - Fax: 229733854 Redação: Largo António da Silva Moreira, Casa 2, 4445-280 Ermesinde. Tels. 229 757 611, 229 758 526, Tlm. 93 877 0762. Fax 229 759 006. E-mail: avozdeermesinde@gmail.com Site:www.avozdeermesinde.com Impressão: DIÁRIO DO MINHO, Rua Cidade do Porto – Parque Industrial Grundig, Lote 5, Fração A, 4700-087 Braga. Telefone: 253 303 170. Fax: 253 303 171. Os artigos deste jornal podem ou não estar em sintonia com o pensamento da Direção; no entanto, são sempre da responsabilidade de quem os assina.

Emprego Centro de Emprego de Valongo .............................. 22 421 9230 Gabin. Inserção Prof. do Centro Social Ermesinde .. 22 975 8774 Gabin. Inserção Prof. Ermesinde Cidade Aberta ... 22 977 3943 Gabin. Inserção Prof. Junta Freguesia de Alfena ... 22 967 2650 Gabin. Inserção Prof. Fab. Igreja Paroq. Sobrado ... 91 676 6353 Gabin. Inserção Prof. CSParoq. S. Martinho Campo ... 22 411 0139 UNIVA ............................................................................. 22 421 9570

Tiragem Média do Mês Anterior: 1100


29 de fevereiro de 2012 • A Voz

de Ermesinde

Serviços

Agenda Desporto 4 DE MARÇO, 15H00 Estádio de Sonhos – Ermesinde - Castêlo da Maia Jogo a contar para a 25ª jornada do Campeonato da 1ª Divisão, Série 1, da Associação de Futebol do Porto. 11 DE MARÇO, 15H00 Campo de Jogos Municipal de S. Pedro de Fins – Mocidade Sangemil - Formiga Jogo a contar para a 26ª jornada do Campeonato da 2ª Divisão, Série 1, da Associação de Futebol do Porto. 18 DE MARÇO, 15H00 Estádio de Sonhos – Ermesinde - Alfenense Jogo a contar para a 27ª jornada do Campeonato da 1ª Divisão, Série 1, da Associação de Futebol do Porto. 18 DE MARÇO, 15H00 Complexo Desportivo Montes da Costa – Formiga - Amarante Jogo a contar para a 27ª jornada do Campeonato da 2ª Divisão, Série 1, da Associação de Futebol do Porto. (Calendário AFP)

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01 Mar - 31 Mar Espetáculos ATÉ 27 DE MARÇO um Cultur al de Er mesinde Fórum Fórum Cultural Ermesinde Fór um Vallis Longus e Fór – MOSTRA DE TEATRO AMADOR Mostra de teatro envolvendo catorze companhias amadoras do concelho, das várias freguesias, com espetáculos a ter lugar, de 24 de fevereiro (com três já realizados) a 27 de março , em Valongo (Fórum Vallis Longus) e Ermesinde (Fórum Cultural). O certame encerra com uma representação do ENTREtanto Teatro (“A Bailarina Vai às Compras”), no Fórum Cultural de Ermesinde a 27 de março (Dia Mundial do Teatro). (Agenda CMV)

Exposições

EXPOSIÇÃO PERMANENTE Museu da Lousa, Campo – Centro Cultural de Campo Museu de história das indústrias locais de extração e transformação da lousa, com núcleos de exposição permanente e outros temporários. Casa do mineiro, com recriação do interior de uma habitação, com zona de trabalho, repouso e cozinha. Exposição de trabalhos de lousa executados por alunos de escolas do concelho. (Agenda Área Metropolitana do Porto).


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A Voz de Ermesinde • 29 de fevereiro de 2012

Última

O João quis ser “cromado”... Boas noites meus senhores Voltamos à tradição De fazermos o funeral Ao nosso amigo João TRADIÇÃO POPULAR DE ERMESINDE FOTOS: MANUEL VALDREZ E URSULA ZANGGER UZ

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