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30 de julho de 2012

• A Voz de Ermesinde

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VOZDE DE AAVOZ

ERMESINDE

MAIS DE 50 ANOS – QUASE 900 NÚMEROS

N.º 895 • ANO LII/LIV

30 de julho de 2012

DIRETORA: Fernanda Lage

M E N S Á R I O

PREÇO: 1,00 Euros (IVA incluído)

TAXA PAGA PORTUGAL 4440 VALONGO

• Tel.s: 229757611 / 229758526 / 938770762 • Fax: 229759006 • Redação: Largo António da Silva Moreira, Casa 2, 4445-280 Ermesinde • E-mail: avozdeermesinde@gmail.com

“A Voz de Ermesinde” - página web: http://www.avozdeermesinde.com/

Ler... e repensar o mundo em que vivemos

FOTO URSULA ZANGGER

DESTAQUE Iniciativa pioneira de vigilância da floresta no concelho de Valongo

Pág. 3

Problema da urgência do Hospital de Valongo desencadeia manobras políticas

Pág. 11

CENTRO SOCIAL DE ERMESINDE

Nova esplanada do Lar de S. Lourenço inaugurada com recital de poesia

Pág. 12

TEMAS ALFENENSES

A gafaria de Alfena, hospital de leprosos

Pág. 13

Recordando a republicana Ana de Castro Osório

Pág. 14

O jornal “A Voz de Ermesinde” publica neste número uma reportagem extensa sobre a XIX edição da Feira do Livro (do concelho) de Valongo. DESTAQUE

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CPN Entrevista com Carmindo Paiva, líder da Secção de Karaté DESPORTO


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FERNANDA LAGE DIRETORA

Finalmente... agosto!

EDITORIAL

O

mês de agosto é, sem dúvida, um dos meses mais desejados para a maioria dos portugueses, uns porque vão de férias, outros porque gostam de ficar a trabalhar num ambiente mais calmo, outros porque gostam do tempo quente, porque podem ir à praia, regressar às terras da sua infância, ou caminhar ao ar livre. É um mês de aparente acalmia, corresponde a um interregno em que muitos de nós vão fazer de conta que está tudo bem, aguardando setembro com alguma expectativa. É assim com o Governo, com os professores, com algumas empresas, com os trabalhos da Assembleia da República, com a crise financeira, com as propostas económicas nos diferentes setores. Todos aguardamos que setembro nos traga algo de novo, se possível melhor, mas lá no fundo todos queremos agosto, nem que seja só para esquecer por algum tempo o que nos espera. Guardamos uma série de tarefas para as férias, mas o tempo passa, e lá fica tudo para setembro. Agosto é esse mês que se espera, que se sonha, que se vai… A seca continua, as culturas vão mirrando e o País também, não só pela falta de água mas também pela falta de ideias, de perspetivas que nos ajudem a acreditar que é possível sair desta encruzilhada em que nos encontramos. Setembro vai ser um mês marcante nas nossas vidas,

de portugueses e europeus, entretanto vamos aproveitando o agosto para ganhar fôlego, porque o que aí vem não deve ser nada fácil. Também nós, “A Voz de Ermesinde”, vamos fazer um pequeno interregno até setembro. Terminamos o mês de julho da melhor forma, proporcionando aos nossos leitores, para além de uma informação atenta sobre a nossa terra, uma reflexão em torno da Feira do Livro e das propostas apresentadas, através dos livros que apresentamos e da qualidade dos seus autores e convidados. “A Voz de Ermesinde” continua atenta e aberta a novas propostas, e dentro desse espírito já está a preparar um regresso que nos leve a refletir sobre diferentes áreas do conhecimento, de modo a envolver um maior número de pessoas em torno do projeto deste jornal. FOTO ARQUIVO O mês de agosto é também o mês das festas populares, como o S. Lourenço em Ermesinde, padroeiro da nossa terra. Festa que continua a ser marcante para muitas famílias de Ermesinde, embora não tenha nos nossos dias a importância e o sentido que lhe eram atribuídos no início da publicação deste jornal. Lugar de culto e veneração ao santo padroeiro, ponto de encontro e de lazer da gente jovem da terra, local de compra e venda de sementes para a agricultura. Desse tempo e dessa gente encontrei uma fotografia, dessa rapaziada olhando a festa, e certamente as raparigas que exibiam os seus vestidos novos!...


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FOTOS URSULA ZANGGER

A aldeia de Couce, na freguesia de Campo, foi alvo, no passado dia 26 de julho, do anúncio, pela Câmara Municipal de Valongo, de uma iniciativa de vigilância da floresta mobilizando jovens voluntários do Centro Hípico de Valongo e do Clube BBT de Valongo. O anúncio contou com a presença do presidente da edilidade, João Paulo Baltazar, de voluntários (a cavalo e de bicicleta) das referidas entidades, e ainda das forças de segurança e da proteção civil envolvidas neste projeto A reportagem de “A Voz de Ermesinde” esteve à conversa com alguns destes participantes na iniciativa.

Vigilantes da floresta a postos! LC

O Pedro Rafael tem 12 anos. Estava a cavalo no Vistoso, na manhã do passado dia 26, em Couce, quando se apresentou este projeto de voluntariado na defesa da floresta. Ele, e certamente todos os seus jovens colegas – meninos e meninas – que irão tomar parte na iniciativa, tem a lição estudada na ponta da língua. E se vires fogo? Ligo logo a avisar. E como indicas o local? Digo que estava no sítio tal, e que o fogo era na direção tal, entre este ponto e aquele. Os pontos que o Rafael indica são duas das várias referências de locais que foram estabelecidas para muito fácil identificação, mesmo pelos mais jovens. Miguel Brandão, instrutor do Clube Hípico de Valongo, explica-nos que se alia a participação cívica à vantagem que há para os passeios a cavalo, quer na instrução dos miúdos, quer para benefício dos próprios animais. O Centro Hípico de Valongo conta com cerca de 60 praticantes, embora neste projeto de vigilância devam participar entre 20 a 30. Quem também está presente nesta apresentação em Couce é o responsável pelo Clube

BTT de Valongo, Nuno Neves. Entre 10 a 12 praticantes da modalidade vão participar na iniciativa de vigilância, cumprindo também os percursos assinalados, nas horas mais ou menos combinadas (os horários são flexíveis), embora estejam definidos para não se sobreporem aos outros vigilantes, profissionais, da floresta – caso dos sapadores ou da GNR a título de exemplo. Todos, alunos do Clube Hípico de Valongo, nos seus cavalos, e praticantes de BTT, nas suas bicicletas, tiveram a formação adequada para exercer a função que agora os vai mobilizar, até finais de setembro, havendo a possibilidade, caso a estação seca e propícia aos incêndios se estenda, de prolongar a duração do projeto.

Muito orgulhosos, uns e outros, exibem as camisolsas com a referência à defesa da floresta, uma cortesia da Portucel, empresa esta que será uma da principais beneficiárias da iniciativa de vigilância. Aliás, a propósito da eventual diferença entre o interesse público de conservação da floresta preservada e o interesse comercial da empresa, com os seus eucaliptais mais propícios à propagação do fogo, o presidente da Câmara, João Paulo Baltazar, anuncia a celebração de um entendimento, que se concretiza no facto de a Câmara ir proceder à reflorestação, nos terrenos da empresa, numa orla junto às estradas com espécies de árvores autóctones (de 12 a 16 metros), o que, ao mes-

mo tempo que proporciona uma paisagem visual mais agradável ao visitante, cria uma zona de barreira à propagação do fogo. Não foi, aliás, o único anúncio de João Paulo Baltazar nesta manhã. Realizando-se o anúncio da iniciativa de vigilância florestal em Couce, o autarca aproveitou ainda para anunciar a aprovação da candidatura de Couce às “Aldeias de Portugal”. E fundamentando a preocupação da autarquia, anuncia ainda que, neste momento, se encontram saldadas as dívidas às corporações de bombeiros e que se tornou também possível fornecer a estes refeições gratuitas servidas no quartel, o que vem aumentar significativamente a disponibilidade das forças

de vigilância e combate ao fogo, numa emergência. Finalmente, um último anúncio do autarca, o da diminuição de ignições verificadas o ano passado nas zonas vigiadas. Mas precisemos melhor o âmbito desta iniciativa de vigilância florestal. Pretende-se intervir nas serras de Santa Justa e Pias – pulmões da Área Metropolitana do Porto, o que só por si, já justifica a presença do comandante distrital da Proteção Civil. Esta vigilância vem somar-se ao trabalho dos já referidos Sapadores Florestais, mas também ao Sistema de Videovigilância, ligado ao Centro Distrital de Proteção Civil. Constitui, ao mesmo tempo, e além do valor direto em si, da vigilância (e da persuasão

através de uma presença mais permanente no terreno), uma alavanca na sensibilização ambiental da defesa da floresta, mas também da sua preservação. O comandante operacional municipal da Proteção Civil, Delfim Cruz, falou também ao jornal “A Voz de Ermesinde”. Referiu que todas as atividades que foram planeadas o foram de forma a que não houvesse duplicação (e desperdício) de forças no terreno. Foi ele também quem explicou a possibilidade de fazer prolongar as atividades de vigilância dos voluntários para além do final de setembro, caso viesse a revelar-se necessário. E referiu-nos ainda a distribuição de um telemóvel às equipas no terreno, para que pudessem comunicar em tempo útil, qualquer ignição detetadas. Por fim precisou que o âmbito da iniciativa era municipal, não sendo a réplica de qualquer outro projeto semelhante a nível distrital. No final, e já de regresso, a reportagem de “A Voz de Ermesinde” ainda testemunhou o trabalho de mais uns preciosos aliados no combate ao fogo: rebanhos, de cabras e ovelhas, que se entretinham prazenteiramente, a pastar ao longo da estrada.


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• XIX FEIRA DO LIVRO DO CONCELHO DE VALONGO • FOTOS URSULA ZANGGER

O triunfo de David Sob o risco de não se realizar até muito próximo da data da sua confirmação, remetida a um formato reduzido se comparada com edições anteriores no que toca ao número de stands e aos livreiros presentes, desprovida de nomes sonantes na animação dos eventos, tudo isto a um observador menos atento daria indícios de uma feira do livro de menor qualidade. Nada mais errado! Pelo contrário, e dando razão a muitas das críticas que apontáramos na edição anterior, a Feira do Livro de Valongo deste ano realizou-se – e aqui há que elogiar a persistência da Câmara Municipal de Valongo em viabilizá-la –, cresceu de interesse, e fez das fraquezas forças para, finalmente, poder ser considerada uma das melhores já realizadas, naquilo que estava nas suas mãos fazer – isto é, mais uma vez, como no ano anterior, não pode culpar-se a Câmara pelo clima – a falta de calor que acompanhou praticamente todos os 10 dias (e noites) da feira –, nem pela atmosfera de intranquilidade e preocupação dos portugueses, que tornam mais difícil obter o sucesso nos negócios, e ainda mais se o negócio são os livros. Apenas um reparo, mas este de difícil correção nas atuais condições, é que todos os livros são de papel, mas... alguns são mais alguma coisa do que apenas papel e nem sempre isso foi claro. LC

Foi este ano a área da feira do livro reduzida à zona baixa do Parque Urbano de Ermesinde, com a presença de muito menos livreiros, e com a eliminação dos espetáculos no auditório ao ar livre. Em sua substituição foi criado um pequeno palco junto ao acesso à esplanada do parque, palco esse onde simultaneamente decorreram os eventos à volta do lançamento de livros e conversas com os autores e editores e os eventos artísticos de animação da feira. O facto de estarem os stands concentrados e com o palco dos eventos e da animação próximos fez com que as pessoas se concentrassem então no recinto da feira, não se dispersando e atraindo o possível – fora o frio, fora a falta de gosto pelo livro, fora a falta de dinheiro – para a área de exposição dos livreiros. Os eventos, musicais, poéticos e teatrais, foram protagonizados sobretudo pela prata da casa, associações e bandas do concelho, ou grupos próximos dos editores e livreiros que atuaram aqui graciosa-

mente. Em nossa opinião, pouco ou nada se perdeu em termos de qualidade artística. Que esta lição possa servir para outros eventos, como a Expoval! Expurgada da música pimba de muito mau gosto de anos anteriores em termos de ambiente, empenhada – à sua maneira – na promoção de autores locais, dinamizando ainda alguns ateliers para a infância, houve, quanto aos eventos mais ligados ao livro, muitos que merecem a nossa atenção e o nosso mais rasgado elogio, embora, ao mesmo tempo, outros houvesse, de qualidade discutível e absolutamente dispensáveis, e se reconheça continuar a haver uma grande debilidade no que respeita a separar o trigo do joio. Editar hoje um livro tornou-se uma tarefa demasiado fácil para alguns, o que, ao invés de constituir prova de generalização da cultura e do gosto por esta é, pelo contrário, apenas prova de um mundo em que muitos se extasiam ouvindo a sua própria voz como se esta fosse única e original, regateando mais tempo para si própria, e fazendo lembrar a piada do

grande escritor que recebendo um manuscrito de alguém que queria saber a opinião do mestre sobre a obra, recebeu a seguinte resposta: «Há certamente muitas coisas boas e muitas coisas novas no seu livro. Pena é que as boas não sejam novas e as novas não sejam boas». Eventos em destaque Logo no dia 7 de julho – segundo dia da feira – ocorreu um dos seus momentos mais interessantes – a VI Edição das Conferências de Ermesinde, da associação cultural Ágorarte, este ano dedicadas a José Régio. Tivemos então ocasião de assistir a duas belíssimas lições, de Isabel Ponce de Leão e António Ventura Pinto, que discorreram sobre a obra e a personalidade do autor, Ponce de Leão invocando o conflito latente em Régio – religioso, existencial e amoroso –, e Ventura Pinto sublinhando precisamente este conflito religioso sempre presente na vida e obra de Régio. Do ponto de vista da animação estes dois primeiros dias

foram marcados pela Etnografia (no primeiro dia), com exibições curiosas e interessantes do Grupo de Percussões Dente de Leão, do Grupo de Tradições da Universidade Sénior do Rotary Club de Valongo, e do Grupo de Música Tradicional da Associação Académica e Cultural de Ermesinde. No seguinte dia destaque para a performance poética do grupo Sabor a Teatro, da Ágorarte, que ao dizer poemas de Régio, legendou assim ainda mais vivamente a conferência. No dia seguinte este grupo repetiu a performance e deu ainda uma «aula aberta», a nosso ver dificilmente adequada ao tempo e lugar, apesar da generosidade da ideia. Também o grupo Fado do Avesso acabou por legendar a poesia de Jorge Braga que lançou no dia 9 o livro “Plectro Inato”. José Vaz e a sua obra para a infância e juventude, foram trazidos à feira pela Ágorarte na tarde do dia 10. À noite atuou o grupo Sons d'Outrora, de Mafamude, numa muito rica visita à música popular portuguesa. No dia 11, à noite, destacamos o concerto da jovem banda

ermesindense “Stripped Gipsy and the Majesty”. A tarde do dia 12 envolveu o jornal “A Voz de Ermesinde”, responsável pela apresentação do livro “O Caracol”, de Renato Roque, no que foi um sucesso de participação infantil. À noite tivemos uma situação que merece reparo. O editor e autor António Sá Gué, da Lema d'Origem, apresentou um dos livros que mereceria maior atenção na feira, o romance “Fermentos da Liberdade”, até pelo facto de o seu enredo atravessar Ermesinde e ser um livro nada “gratuito” como outros apresentados nesta feira. Mas ao mesmo tempo apresentou outro livro seu muito interessante, “Quadros da Transmontaneidade”. Mas a generosidade do editor fê-lo também acolher outros dois livros, já não seus, reduzindo a sua própria presença na feira, que acabou por se tornar residual e idêntica à de outros eventos menores quando, claramente, merecia muito mais. O concerto da noite pertenceu a outra jovem banda do concelho, desta vez de Valongo, “Pedra, Papel e Tesoura”, tal como a banda do dia anterior, grupo a seguir com alguma atenção. No dia 13 – propício ao azar – a chuva obrigou a adiar um dos eventos e transferiu o concerto de comemoração dos 22 anos da cidade de Ermesinde “1 Guitarra e 10 Canções de Amor”, para a sala de espetáculos do Fórum Cultural de Ermesinde. Espetáculo muito cuidado de António Côrte-Real (que selecionou as canções e fez os arranjos musicais), Vânia Fernandes (que interpretou e revelou talento e empatia com o público), e Pedro Giestas (que disse poesia de forma irrepreensível, com uma voz soberba ao serviço do texto) e ainda a participação do coro juvenil Arco-Íris da Associação Académica e Cultural de Ermesinde. Foi um belo momento comemorativo e digno, a que se juntou a intervenção cívica dos autarcas do concelho e freguesia. No dia 14 como que se prolongou esta comemoração de

Ermesinde, com a apresentação do livro de Manuel Augusto Dias “Ermesinde” e a I República”, evento em que o nosso jornal esteve envolvido. Lição de História preciosa e muito contida com cada palavra a valer ouro na boca do autor, desvendando a realidade desses tempos, e ajudando a esclarecer muitas das circunstâncias da chamada “questão religiosa”. No último dia, para o qual foi transferido o Encontro com os Autores de Ermesinde, destacamos brevemente Carla Marques “In-Finitos Sentires”, muito contida, e Manuel Rodrigues, um autor popular, em que a questão de classe está muito presente; também Eugénia Martins, que tentou fundamentar uma perspetiva para a literatura infantojuvenil; depois a imaginação desvairada desse “monstro” da cultura pop que é Tino de Rans, que ali foi apresentar o jornal que é o seu livro “Há Pressa...”, «um jornal que sai de 10 em 10 anos», e que foi também motivo de apresentação do guião do seu futuro filme, já com produtor assegurado, “Santo António à Deriva” – uma autêntica performance de comunicação com ingredientes como o Titanic, a crise bolsista de 1929, pescadores do bacalhau, uma praia da Foz, etc., e o seu amor próprio que não se descarta da profissão de calceteiro e dos colegas de trabalho – todo um truculento argumento desvairado (num estilo BD) de que ficamos à espera... … E naturalmente, o evento final desta feira, também da responsabilidade de “A Voz de Ermesinde”, a apresentação do livro “Grandeza de Marx”, de Sousa Dias, em que o autor dessacralizou Marx e o resgatou à estatuária marxista, apresentando-o vivo e atual, plenamente capaz de interrogar a sociedade em que vivemos hoje e nos dar ferramentas com que melhor a entendamos. Mas também sem fatalismos históricos. Mas, pelo contrário, com a urgência e a pertinência do impossível, quem sabe?, tornado acontecer.


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• XIX FEIRA DO LIVRO DO CONCELHO DE VALONGO •

VI Conferências de Ermesinde – José Régio LC

A noite de sábado, dia 7 de julho, teve como motivo de maior interesse, a realização das VI Conferências de Ermesinde, organizadas pela associação cultural Ágorarte que, ao contrário de anos anteriores, ao invés de realizadas no interior do Fórum Cultural de Ermesinde, tiveram lugar no palco da Feira do Livro instalado no Parque Urbano de Ermesinde. Estiveram na mesa Carlos José Faria, presidente da Ágorarte, que abriu o evento e saudou particularmente os conferencistas Isabel Ponce de Leão, e António Ventura Pinto/Maria Manuel Pinto e, além deles o Rotary Clube de Valongo, cujo presidente se achava presente.

Presente à conferência esteve também o presidente da Junta de Freguesia de Ermesinde, Luís Ramalho, que participou, no final, numa entrega de lembranças aos participantes da conferência. No final o poeta e diseur Aurelino Costa disse poesia de Régio. Isabel Ponce de Leão Isabel Ponce de Leão começou por apresentar Régio como um «ser conflituoso», no sentido em que as suas facetas abrangiam uma grande conflitualidade interna, bem patente nas questões religiosa, existencial e amorosa, seguindo na esteira de Luiz Piva, investigador brasileiro, autor de “José Régio – O Ser Conflituoso”,

livro editado pelo Clube de Poesia de Brasília, em 1975. Recorrendo a muitos exemplos da obra escrita e aos desenhos de Régio, muito ilustrativos do seu pensamento e das suas angústias, Ponce de Leão foi apontando binómios, entre outros, como divino e demoníaco, céu e inferno, ascese e queda, para mostrar essa mesma tragicidade de Régio. Esta atitude conflitual irresolúvel estaria bem patente, apontou a conferencista, por exemplo no livro “Sarça Ardente”. A sua atitude em relação à mulher, ao ato sexual («animalesco e dececionante, repugnante...»), a repugnância por uma vida a dois, a confissão do seu (des)amor – «só a mim amo» –,

tudo isto mostra a dilaceração do pensar e do sentir de Régio. António Ventura Pinto António Ventura Pinto, o segundo conferencista da noite, pegou precisamente na questão religiosa em Régio apontando o problema de Deus como o tema central da sua obra. Explicando muita da sua reação e evolução mental pela origem na burguesia católica minhota (numa família que diariamente rezava o terço), Ventura Pinto apontou uma inicial aceitação resignada de Régio do mundo que lhe foi dado viver, para passar depois a uma fase racional, arrastado pela dúvida,

período mais crítico da religiosidade de Régio que, contudo, nunca chega a ser ateu, pois não entende a Humanidade sem a presença de Deus, ainda que se afaste da ritualidade católica, acusada por vezes de «grosseira religião». A religiosidade de Régio é mais voltada para o seu íntimo. Por exemplo, em “Relógio” assume a necessidade de um Tudo, para não se cair no nada nada. Ao valorizar o Além, Régio desvaloriza então a vida, como passagem, assumindo que é estranho a esta. Aurelino Costa No final, o poeta Aurelino Costa disse poemas de Régio,

ancorado num fundo musical que deu mais tensão à poesia já de si procelosa do autor do “Cântico Negro”. Também o grupo Sabor a Teatro, da Ágorarte, mas durante a tarde, e antecedendo a Conferência, realizou uma performance artística à volta da poesia de José Régio. Performance esta que foi reposta na tarde do dia seguinte, antecedendo uma “aula aberta” de representação teatral do grupo. De salientar que a VI Conferência de Ermesinde foi ainda acompanhada de uma exposição sobre a vida e obra de José Régio, a qual esteve patente durante a Feira do Livro, no corredor do 1º andar do Fórum Cultural de Ermesinde.

FOTOS MANUEL VALDREZ

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• XIX FEIRA DO LIVRO DO CONCELHO DE VALONGO • FOTOS URSULA ZANGGER

A questão religiosa em lugar de honra na apresentação de “Ermesinde e a I República” LC

O jornal “A Voz de Ermesinde” promoveu na Feira do Livro de Valongo de 2012 a apresentação do livro “Ermesinde e a I República”, de Manuel Augusto Dias, que o autor lançara quase um ano antes – já depois da Feira do Livro 2011 – em evento comemorativo da cidade, realizado então no auditório da Junta de Freguesia de Ermesinde, editora do livro. Para este evento na noite de 14 de julho, no Parque Urbano de Ermesinde, estiveram na mesa o autor, Manuel Augusto Dias, o editor, presidente da Junta de Freguesia, Luís Ramalho, e a diretora do jornal “A Voz de Ermesinde”, Fernanda Lage. Abriu o sessão o presidente da Junta, que assumiu com muita honra estar presente neste evento proposto pelo jornal “A Voz de Ermesinde”, seguindo-se-lhe Fernanda Lage, que agradecendo a presença ao editor e ao autor do livro, salientou também a importância de certames como esta Feira do Livro, lugar de saberes. Destacou depois a importância da obra de Manuel Augusto Dias, ao trazer para a luz do dia quem eram, o que fizeram, e porque o fizeram as figuras de muitos

destes homens que se destacaram localmente na luta pela República, e os laços que tinham, ajudando assim a tornar mais compreensível o mundo próximo que habitamos. Destacou a importância que deram à educação e a extensão que deram ao direito ao voto. A redação do jornal “A Voz de Ermesinde” saudou também a investigação de Manuel Augusto Dias e demonstrou o seu agradecimento por ter sido nas páginas deste jornal que se fez a pré-publicação da obra aqui abordada, cuja investigação vinha assim trazer para a luz muitas figuras esquecidas pelo Estado Novo e mesmo pela urgência do que havia a fazer na Revolução dos Cravos. Havendo ainda, apontou-se, figuras a quem a cidade deve um maior reconhecimento, por nem sequer uma ruela ou praceta da cidade terem o seu nome, como é o caso de Luís Marques de Sousa, membro da primeira Comissão Republicana Municipal, que foi muitos anos presidente do Centro Comercial do Porto, situação ainda mais notória quando a Feira do Livro foi inaugurada este ano com a presença de Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto!

Seguiu-se uma preciosa lição de História. Manuel Augusto Dias começou por destacar a importância que os republicanos deram à questão de melhorar a vida das populações e fez notar o tempo escasso desta I República, que não chegou a durar nem 16 anos completos [desde o 25 de Abril já vão quase 40 anos]. De S. Lourenço de Asmes a Ermesinde Referiu a mudança do nome da localidade, de S. Lourenço de Asmes para Ermesinde (que seria derivada do nome do ribeiro de Asmes, também conhecido como Sonhos), e declarou «muito errada» a queda do feriado do 5 de outubro, comemorativo da implantação da República, mas também, para os monárquicos, coincidentemente, dia de celebração da nacionalidade, com o Tratado de Zamora, nesse dia estabelecido, em 1143. Ainda antes da instauração da República havia já em Ermesinde uma atividade republicana, através do Centro Republicano de Ermesinde, de que Manuel Augusto Dias destacou as figuras de Maia Aguiar e Amadeu Vilar.

O conferencista lembrou que a República só foi proclamada no concelho a 10 de outubro e o facto de muita gente a ela ter aderido (como sempre) só para não perder o poder. Apontou depois a transferência de poderes na Junta de Paróquia de S. Lourenço de Asmes, que teve de enfrentar a hostilidade de Monsenhor Paulo Antunes, o pároco local de então que, sendo monárquico, viria até a envolverse na incursão monárquica de Paiva Couceiro, em 1911, exilando-se depois no Brasil. Não era esta contudo a posição de todos os religiosos, como é o caso de D. António Castro Meireles, que esteve ligado ao Colégio de Ermesinde e foi deputado eleito pelo Círculo Católico. Manuel Augusto Dias referiu depois o nome de algumas ruas de Ermesinde que consagram a memória de republicanos ilustres, entre elas as que recorda Miguel Bombarda, médico num hospital psiquiátrico, que não chegou a viver o suficiente para ver a República, morto por um doente, dois dias antes do 5 de Outubro, ou de outras ruas em Ermesinde, como Elias Garcia ou Rodrigues de Freitas. Por alturas da implantação da República era Ermesinde a segunda freguesia mais populo-

sa do concelho, suplantada então por Valongo, mas em 1920, era já então a maior freguesia em termos de habitantes. O conferencista salientou também a grande ambição dos republicanos em tornar o ensino universal, tendo criado um sistema de Educação com três níveis de ensino primário – elementar, complementar e superior, equivalendo este último, mais ou menos, ao nosso atual 12º Ano de escolaridade. Falou ainda da imprensa de então, das associações, da instalação da Guarda Nacional Republicana. E também da modernidade que então chegava a Ermesinde – os telefones, o elétrico. O projeto de eletrificação de Ermesinde é ainda delineado na I República.

Passou então o conferencista a abordar a controversa questão religiosa, que então opôs o Estado à Igreja Católica. Manuel Augusto Dias explicou que, até então, todos os paroquianos pagavam a dízima, imposto arrecadado pela Igreja, sendo pois natural o surgimento de uma lei de separação da Igreja e do Estado. Para assegurar então o culto religiosos criaramse as associações cultuais. Explicou também, como antes, eram os não católicos discriminados no cemitério, e procurou assim fazer compreender as motivações contra a Igreja Católica, cujos bens foram então alvo de uma extensa inventariação. Luís Ramalho fez o agradecimento e a saudação final.


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• XIX FEIRA DO LIVRO DO CONCELHO DE VALONGO • FOTOS URSULA ZANGGER

Por uma política do impossível!... LC

Última dia e último evento da Feira do Livro (do concelho) de Valongo de 2012 foi a apresentação do livro de Sousa Dias “Grandeza de Marx – por uma política do impossível”, evento que em termos de ideias, foi uma centelha no panorama deste certame. Tratava-se aqui, fundamentalmente, de Filosofia. Ou parafraseando de outra ciência (?), a Economia, de Filosofia Política. Patrocinada pelo jornal “A Voz de Ermesinde”, a apresentação do livro “Grandeza de Marx” teve na mesa, além do autor, a diretora do jornal “A Voz de Ermesinde”, Fernanda Lage, e ainda o também professor de Filosofia (como Sousa Dias) José Melo, tendo ambos, enquanto professores, sido colegas do autor de “Grandeza de Marx” na Escola Artística Soares dos Reis. Deu início a esta apresentação final Fernanda Lage, que destacou como muito positivo que se tivesse viabilizado a realização da Feira do Livro, apesar das dificuldades, apresentando depois Sousa Dias, cuja primeira referência lhe fora trazida por alunos comuns. Citou depois o autor quando, numa entrevista à revista “Nada”, este apontava que o livro “Grandeza de Marx” fora escrito em estado de urgência. Seguiu-se a intervenção de José Melo que, para introduzir a obra de Sousa Dias recordou

uma visita a Berlim, em particular ao Museu da DDR (a antiga República Democrática Alemã, governada por um Partido Comunista e alinhada com a União Soviética), onde para além de Trabants e outros objetos tornados kitsch, se podiam admirar estátuas de Marx e Engels. Uma espécie de feira da ladra, pondo em confronto o “homem novo” como o marxismo o via, e o “homem velho”, aprisionado pelo capitalismo. Assim, José Melo perguntava – ao público – se não estaria Sousa Dias a apanhar [os cacos dos] conceitos esfarelados como as relíquias kitsch do museu de Berlim. Mas adiantava então que para o autor, numa tarefa «urgente e ingente», pensar Marx hoje é pensá-lo sem a pressão do “take away” marxista. Isto é, citando Derrida, uma problemática da análise de Marx sem a sua contaminação “marxista”. Sousa Dias colocava como exigência o retorno à produção de Marx, implicando isto ser fiel a Marx contra o marxismo. Mas também trazer à luz o conflito entre os vários espíritos de Marx. Ao contrário de Derrida e de Negri, em Sousa Dias ressaltaria a importância de conceitos como classe social e luta de classes. Em Sousa Dias compreendia-se que a reorganização do capitalismo tinha gerado, apenas na aparência, uma nova forma de proletariado, com a

deslocalização das indústrias para as periferias, nas economias emergentes. Assim, o que na verdade se verificava, era uma proletarização inteira da sociedade e não o seu contrário. Em Sousa Dias verificavase também uma recusa na eventual rutura entre o Marx jovem e o Marx posterior. Conceitos como materialismo histórico e materialismo dialético viriam depois pela mão do marxismo e seriam pois estranhos a Marx. Para Sousa Dias em Lenine, Estaline e Mao, o que havia era uma terraplanagem do espírito crítico de Marx. A ideia de comunismo em Marx era uma proposta de regime de propriedade comum e não de propriedade do Estado. Mas porquê insistir na grandeza e atualidade de Marx?, deixou finalmente José Melo, para Sousa Dias responder. A pós-democracia O autor agradeceu a sua presença a Fernanda Lage, e a José Melo, colega de mais de 30 anos, a sua introdução. E explicou que foi com indignação e necessidade que escreveu “A Grandeza de Marx” – necessidade de repor Marx em circulação. Assumindo-se como vindo de tempos de militância política e filosófica, apontou que, se nos anos 60 toda a gente se dizia marxista, hoje Marx tinha-se tornado o inominável, sobretudo após a queda do muro de Berlim. Atravessavam-se agora tempos de nevoeiro teórico e ideológico. Mas não falar de Marx – considerou o professor de Filosofia – faz tanto sentido como não falar de Platão, Aristóteles ou Kant. Só que este silêncio à volta de Marx não era inocente. Diz-se agora que não há alternativa política ao mundo em que vivemos, criando-se assim uma identidade entre realidade e possibilidade. Mas esta é uma realidade constritiva e planea-

da, a situação atual é tudo menos uma inevitabilidade, a crise é real mas é também um pretexto para a destruição de uma certa redistribuição da riqueza feita na Europa do pós-guerra.. Assim a questão, hoje, não é avaliar o legado de Marx, mas avaliar-nos a nós a partir das questões críticas de Marx. Hoje quando votamos só elegemos quem representa os que mandam – os mercados. Estamos já a viver num regime pós-democrático, a caminhar para uma forma esvaziada de democracia e nenhuns direitos nos são garantidos. Hoje já não há desemprego – estar desempregado é a condição normal das pessoas. Questões do público Seguiram-se então questões colocadas pelo público. Não será o capitalismo, com as suas próprias contradições o motor da mudança? Sousa Dias responde. O capitalismo funciona por transformação da sua axiomática. Quando falamos hoje de capitalismo não estamos a falar do capitalismo do tempo de Marx. Se, por exemplo, em Portugal, em pouco tempo, passamos de uma sociedade rural para uma sociedade de serviços, há hoje mais proletários à escala global do que no tempo de Marx, proletarização essa que é condição da nossa “desproletarização”. Mas criou-se também uma nova classe transversal proletarizada, um proletariado muito mais precarizado. Porque é que continua a ser atual – nova pergunta – o ideal de Marx? Porque é que não passa de um ideal? Sousa Dias: De um ponto de vista marxista foi ótimo verificar o fim dos Estados marxistas – autênticas perversões do ideal de Marx. Disse Marx: «Eu não sou cozinheiro, não faço receitas para os restaurantes do futuro». O marxismo-leninismo, ainda que em nome de Marx, é já a perversão absoluta do pensamento de

Marx, para quem uma democracia efetiva seria a auto-organização do comum. Talvez isto seja uma utopia. A fé nos homens é a mais difícil das fés, mais do que a fé em Deus. Vivemos uma realidade tão insuportável que temos de acreditar numa sociedade diferente desta. A sociedade de hoje [também] era inimaginável, [por isso] acreditamos que depois de nós poderá haver uma nova organização social. O capitalista não pode parar, pela sua própria lógica, assim somos todos atingidos pela única lógica possível, fazer sempre mais dinheiro e este multiplicar-se a si próprio. Pergunta do público sobre o papel da universidade, e a esperança de que esta caminhada pare de nos levar para o abismo... Sousa Dias incentiva esse desejo de utopia, uma rebeldia laten-

te. Não é à toa que subintitulou “A Grandeza de Marx” «– por uma política do impossível». E ainda uma última pergunta, sobre o facto de Sousa Dias, embora consciente da existência dos vários espíritos de Marx e mesmo da presença em embrião da sua perversão “marxista”, ter evitado no seu livro uma palavra sobre os contemporâneos de Marx que já o apontavam, por exemplo na Associação Internacional de Trabalhadores (AIT). Sousa Dias responde que o seu livro queria concentrar-se na figura de Marx e no seu resgate, mas reconhece que o espírito sectário está já presente em certos textos do filósofo alemão. O modo como Marx atua, no seio da AIT, contra Bakunine, mostra que não há “um” Marx. E também não faz sentido voltar à “pureza” de Marx, há já nele textos dogmatizantes, petrificados e “marxistas”.


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• XIX FEIRA DO LIVRO DO CONCELHO DE VALONGO •

Uma imaginação... à deriva LC

Logo a seguir ao Encontro de Autores de Ermesinde, na Feira do Livro deu-se um acontecimento... uma verdadeira performance que deixou a plateia presa ao lugar, fascinada com o arrojo desta figura já mediática e famosa que é Tino de Rans, e na qual ingenuidade, engenho e sagacidade se combinam de uma forma explosiva. O autor lançava ali “Há pressa...”, obra em formato de livro, mas que não é um livro, mas antes... um jornal! Um jornal, a sair de 10 em 10 anos, e para ser lido sem pressa, rompendo o vicioso círculo do imperativo ritmo noticioso que, ao ser tão imperativo, acaba por destruir a pertinência da notícia – crítica pertinaz do autor. “Há pressa...” tem a ver com “press” (imprensa) e comporta 52 textos, tantos como as semanas que o ano tem. E a cada uma deles corresponde

mais ou menos uma obra de arte, questão que é afirmada de um ponto de vista conceptual muito particular pelo autor. As peripécias da conceção da obra, da impressão do livro, da sua promoção, da sua identidade, fizeram o regozijo daqueles que ali ficaram, a ouvir Tino de Rans, explicando, por exemplo, porque razão tinha ali à sua frente na mesa... uma panela. Álvaro Cairrão, doutor em Comunicação Audiovisual e Publicidade, apresentou o autor e o seu horizonte sem limites e Nuno Pedreiro, artista plástico e cúmplice, falou também de como é trabalhar com o Tino, que num momento tem uma ideia e logo a seguir já vem com outra... Quando chega a vez do Tino... começa o suspense, à volta do guião do filme que já tem apalavrado com o produtor, Tiago Coelho, “Santo António à Deriva”, cuja personagem central é a figura de um Santo António achado numa

praia, figura esta que ilustra o seu jornal “Há pressa...”. Um argumento de se lhe tirar... a cabeça Descolorida, sem o menino e sem cabeça, esta pequena eventual imagem do santo, do tamanho de uma mão, é a grande inspiradora do projeto que Tino de Rans agora acalenta e com o qual fascina a audiência do Parque Urbano de Ermesinde que ali foi escutá-lo ou que, por acaso o ouviu e acabou por ficar ali rendido a tamanha verve. Depois de explicar como lhe surgiu a ideia de “Há pressa...” ao ver jornalistas a serem entrevistados por jornalistas, depois de contar como foi aventurosa a tarefa de conseguir a impressão do livro no tempo certo, de como encontrou a sua panela, de como vende o livro (à mesa...) e depois de explicar que não há ninguém melhor para

falar sobre a obra que os próprios artistas, Tino de Rans fala do seu colega calceteiro como ele, o Gualdino e, começa então a contar a história do seu filme, a começar pela primeira coisa que fez, o discurso na altura de receber o Oscar (que o Tino crisma antes de Egas). Conta depois como encontrou a estátua e como deu a oportunidade ao Atlântico de expor no seu jornal, onde também se encontra a abóbora do seu quintal. Define depois o horizonte da sua obra – para o mundo, não para a sua rua. O filme começa em 2012 e recua até 1912. Depois de uma breve visita ao seu próprio mundo pessoal, avança então pela pesca do bacalhau, pelo naufrágio do Titanic que com aquela se cruza e pela salvação de um dos pescadores («o peso do bacalhau afundou o barco... mas os pescadores salvaram-se; às vezes também é difícil desistir!, filosofa».

URSULA ZANGGER

A desbunda prossegue. Quando vier o genérico, por fim, vai aparecer a palavra... intervalo. E a história do pai, que era cordoeiro e de como a corda serviu mais tarde para...

Vejam mas é o filme! (O Tino, entretanto, continua a falar, nunca falou tanto sem que o interrompessem, diz ele feliz, como aliás toda a plateia que o bebe sequiosa)..

Mosaico... de letras Encontro de autores e de sons de Ermesinde LC

O dia 8 de julho foi um dia em cheio para a Mosaico de Palavras que, durante a tarde promoveu o evento Uma de Prosa Outra de Poesia e à noite lançou o romance “Os Beijos das Fadas Ancestrais” de Emília Lemos. O pianista Manuel Moura animou a tarde, que conduzida pelos editores Victor da Rocha e Elvira Santos, viu desfilar a presença e os textos de vários autores – Jorge Vieira, Maria Antónia Ribeiro, Maria Augusta Neves, Maria Ramajal Jorge, Manuela Matos, Goreti Dias, Dionísio Dinis, José F., José Malhente, Manuel Bastos... Numa janelinha de oportunidade a espontânea Dina Magalhães disse o que pensava... dos políticos e a própria diretora da Biblioteca, Isaura Marinho, disse um poema de José Pacheco de Andrade, outro autor publicado nesta casa. A Mosaico de Palavras voltou à noite, e de par com a presença de Emília Lemos, esteve Deolinda Dias, que apresentou a obra daquela («entrelaça personagens históricas e ficcionadas (…). Muitas analepses [flashbacks]»), e o virtuoso Nicola Vasiliev, da Orquestra Nacional do Porto, que com o seu violino, interpretou, entre outros, um minueto de Luigi Boccherini, uma Dança Húngara, de Johannes Brahms e um trecho de “Nabucco”, de Giuseppe Verdi. Foi um grande momento da noite no Parque Urbano de Ermesinde.

FOTOS URSULA ZANGGER

LC

Não há fome que não dê em fartura. Se o ano passado não esteve um único presente, desta vez eram nove (!) os autores que a Biblioteca Municipal apresentava de uma vez só no quadro da Feira do Livro de Valongo e que, por causa do mau tempo verificado na sexta-feira, dia 13 de julho, compareceram ao Encontro de Autores de Ermesinde no domingo, dia 15. Conforme explicou a diretora da Biblioteca, Isaura Marinho, trata-se de autores nascidos, a viver, ou que estivessem ligados a Ermesinde, que solicitaram o lançamento de obras no quadro do trabalho de promoção de autores locais por parte deste organismo municipal.

Como eram demasiados para tão pouco tempo, este não sobejou para todos, sendo alguns destes autores apresentados muito sumariamente, e sendo também um pouco desigual a sua produção literária. Estiveram então presentes Maria Cristina Quartas, autora de “A Caminho de Santa Bárbara”, de que leu um trecho, Carla Marques, autora de “In-Finitos Sentires” (poesia) e “Terra de Ontem” (literatura para a infância), do qual leu também um pequeno extrato, e cuja presença foi marcada por um registo sereno e convincente, João Chaves, autor de “A Gata Pataniscas e outros contos” («histórias para adultos e crianças»), Leonel Olhero (“Magnífico” e “Ultrajes na Guerra Colonial”), do primeiro dos quais leu um relato curtido do seu próprio nascimen-

to, Maria Helena Esteves, autora de “O Melhor de Mim”, Maria Teresa Vaz (“Memórias da Escuridão”), Eugénia Martins, autora da série “Aventuras do Dragão Napoleão”, autora esta que, num dos poucos momentos justificativos desta conversa demasiado avulsa e sortida, traçou um esboço de teoria do que é (deveria ser?) a literatura para a infância. Eugénia Martins destacou ainda alguns dos mais importantes autores portugueses desta área. Presentes ainda estiveram Adélia Pires Gamboa, entre outras obras autora de vários manuais escolares, que foi um pouco excessiva no autoelogio, e Manuel Bastos Rodrigues, poeta do povo, cujos textos em que se afirma a sua posição de classe foram bem recebidos pelo gosto popular. URSULA ZANGGER


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• XIX FEIRA DO LIVRO DO CONCELHO DE VALONGO • FOTOS URSULA ZANGGER

Baba... e ranho LC

Na tarde do dia 12, o jornal “A Voz de Ermesinde” esteve envolvido no lançamento de “O Caracol”, uma obra mais destinada ao público infantil. Na mesa estiveram Fernanda Lage, diretora de “A Voz de Ermesinde”, e Renato Roque, o autor do livro. O evento teve lugar com uma brevíssima apresentação da obra, a que se

seguiu a leitura de um texto do autor de “O Caracol” por outras duas pessoas ligadas ao jornal. Texto este cuja virtualidade é precisamente a de fazer a aproximação ao livro. Nesse texto Renato Roque colocou duas personagens, um professor, de origem alemã (muito provavelmente nascido de uma família de judeus), e... o caracol. O diálogo que ambos travam abre um pouco a história de “O Caracol”, des-

pertando a curiosidade. Após essa leitura foram as crianças presentes, a maioria das quais provenientes do ATL do Centro Social de Ermesinde e do COJ da mesma instituição, convidadas, se o assim o quisessem, a fazer perguntas ao autor. E não se fazendo rogadas, as perguntas começaram então a desfilar. «Se os deixassem, nunca mais saíam daqui», comentou uma das cuidadoras das crianças.

A generosidade de um editor MANUEL VALDREZ

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Renato Roque ia mantendo o diálogo em aberto, explicando como começou a ideia do livro, que este é o seu primeiro livro do género, ele que já tem uma significativa obra de livros dedicados à Fotografia. No final Fernanda Lage, que deu relevo à baba do caracol, como um testemunho que vai ficando dos lugares por onde passamos e das coisas que fazemos, anunciou que seria aberto um concurso para premiar os que fossem con-

O ideal Mundo irreal visto pelos olhos do poeta Jorge Braga MB

A noite do dia 12 de julho acolheu o editor da Lema d'Origem, António Lopes, que apresentou na feira “Fermento de Liberdade”, de António Sá Gué (nome literário do editor), um romance cujo palco é o Grande Porto, e que entre outros locais, atravessa a cidade de Ermesinde. A personagem central do livro, explicou Sá Gué, é Sofia, filha de um coronel, que se vê envolvida nas lutas juvenis nos anos 60, que contacta com a Resistência antifascista e que, de regresso a Portugal, é presa. Mas no fundo, explicou também o autor, a personagem central é mesmo o coronel Fontelo e a transformação que vai sofrendo no confronto como mundo e os factos que se vão desenrolando à sua frente. A luta social numa fábrica, a caracterização de outras personagens (militares, trabalhadores, pides, bufos) dá ao livro uma atmosfera realista densa e muito interessante e foi pena não haver mais tempo para conversar sobre este livro, o tempo a que se refere e a questão central da transformação do pensamento de um ho-

siderados os melhores trabalhos, de desenho ou de texto, sobre o livro. E nesse sentido foram alguns livros distribuídos para que as educadoras presentes pudesse promover a leitura do livro e a realização dos trabalhos. O prazo dado foi de um mês. Mas atendendo a que vêm aí as férias, o jornal decidiu ser mais benevolente e alargar o prazo de receção dos trabalhos até final do mês de setembro.

O poeta Jorge Braga foi a figura em destaque da Feira do Livro na noite de 9 de julho. Natural de Esposende, esta figura ligada profissionalmente às “engenharias”, mostrou em Ermesinde a faceta de sonhador de um Mundo diferente daquele em que vivemos na presente realidade. Esta revelação foi desvendada diante da assistência por intermédio de José Carlos Silva, o amigo do poeta que começaria por o descrever como um homem sensível, característica esta que se tem vindo a refletir de um modo muito vincado na obra do autor.

E o mais recente “capítulo” dessa obra dá pelo nome de Plectro Inato, um livro que reúne um conjunto de poemas que tocam a essência de dois mundos distintos: o utópico e perfeito mundo em que o autor sonhava habitar, que a pouco e pouco vai sendo desmoronado pelo real e desagradável mundo em que na realidade habita(mos). Depois de ler alguns trechos de Plectro Inato, Jorge Braga teve a oportunidade de ver diversos poemas da sua autoria serem “transportados” para o fado pela mão do grupo Fado do Avesso, atuação esta que encerrou esta noite dedicada à poesia. MANUEL VALDREZ

mem (questões que, suspeitamos, deverão também bastante ao conhecimento e vivência do autor relativamente aos mundos que descreve). Um outro livro de Sá Gué foi também apresentado na mesma sessão, “Quadros da Transmontaneidade”, uma espécie de livro de memórias – referiu –, que pretende ser uma espécie de passagem de testemunho de alguma coisa que ele conheceu sobre terras onde já não se vive assim. Mas a generosidade do editor fêlo dispor do seu pouco tempo para compartilhar ainda a apresentação de dois livros, um da autoria de um autor

muito jovem, ainda criança, “Histórias do Tomás”, que reúne alguns dos seus contos sobre mundos que imagina (Rembra), e outro de Carlos Silvestre (pai de Tomás) refletindo sobre a experiência de educação de adultos, e em particular a experiência dos cursos Novas Oportunidades, que o autor reputa muito positiva. Achamos, contudo, que a generosidade do editor o penalizou. Os seus dois livros destacaram-se do panorama geral ainda muito frágil da feira, e merecem por isso aqui uma referência especial.


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• XIX FEIRA DO LIVRO DO CONCELHO DE VALONGO •

Dia da Cidade de Ermesinde LC

13 de julho foi dia de comemoração do aniversário da Cidade de Ermesinde. Luís Ramalho, o presidente da Junta começou pois por fazer essa saudação aos 22 anos de cidade, por salientar o tanto que Ermesinde tinha mudado, incluindo o local deste Fórum Cultural de Ermesinde, onde naquele momento tomava a palavra – um lugar onde até «tínhamos medo de passar» –, e por agradecer a presença do presidente da Câmara, João Paulo Baltazar. Por sua vez este salientou a presença massiva no fórum, demonstrativa do amor que os ermesindenses têm pela sua terra. Destacou de-

pois a grande evolução no património desta, acabando finalmente por enaltecer os esforços da Junta de Freguesia, que agora se viram para as pessoas. Seguiu-se depois o belíssimo espetáculo “Uma Guitarra e 10 Canções de Amor”, com António Côrte-Real (músico dos UHF e Revolta), que o concebeu e realizou os arranjos dos temas musicais escolhidos por si, o ator Pedro Giestas, que disse poesia (senhor de uma excelente voz e dicção ao serviço desta) e Vânia Fernandes que cantou (e encantou) e estabeleceu a ponte com o público e o coro infantil Arco Íris, que foi também vedeta deste espetáculo ao acompanhar Vânia Fernandes nos temas finais do

FOTOS URSULA ZANGGER

concerto escolhidos por CôrteReal.“Entre as canções interpretadas, para referir a maioria, estavam temas do próprio António Côrte-Real, de António Variações (“Canção do Engate”), Delfins (“Aquele Inverno”), Lena d'Água (“Sempre que o Amor me Quiser”, de Luís Pedro Fonseca), Xutos e Pontapés (“Tonto”, de Tim), Rui Veloso (“Todo o Tempo do Mundo”), Paulo Gonzo (“Leve Beijo Triste”), Quinta do Bill (“Se te Amo”), Trovante (“Perdidamente”, de Florbela Espanca/João Gil) e entre os poemas ditos por Giesta, autores como Camões, Botto, Florbela, Vinícius... Pedro Barros foi o produtor do espetáculo.

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Problema (ou falta dele) nas Urgências em Valongo ou luta política à pala da preocupação das pessoas? LC

Um episódio de luta política agitou estes dias o município e a cidade de Valongo, à custa de um problema real sentido pelas pessoas, o provável (e iminente) encerramento da urgência (ou apenas da urgência noturna) do Hospital de Valongo. Preocupação real da população valonguense, a situação acabou por se tornar alvo do pinguepongue das principais forças políticas do concelho, PS e PSD. A situação tinha começado a preocupar os valonguenses quando, há algum tempo atrás a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte) anunciou a intenção de fechar o serviço de urgência noturno do Hospital de Valongo, a partir das 22h00. Tal encerramento estava inicialmente previsto para o dia 18 de junho. A verificar-se este encerramento noturno, tal obrigaria os utentes provenientes de Valongo a ter de se dirigir (ou ser encaminhados) para o Hospital de São João, e provavelmente utentes provenientes de Gondomar a terem de se dirigir para o Hospital de Santo António, e ainda os utentes provenientes de Paredes a ter de se dirigir ao ao Hospital de Penafiel, já que aquele hospital serve utentes destes três concelhos. Tal situação de encerramento noturno, que compreensivelmente não é bem aceite pela população valonguense, mereceu uma intervenção por parte do presidente da autarquia, o social-democrata João Paulo Baltazar, considerando precipitado o encerramento desta ur-

gência noturna e pretendendo ser ouvido pela tutela e, além do mais, criticando a falta de diálogo da ARS-Norte, já que tendo sabido antes, em reunião com a ARS-Norte sobre outras questões de saúde (nomeadamente centros de saúde de Alfena e Campo e agrupamento de centros de saúde) dos planos de encerramento da urgência noturna, comprometeu-se esta ARS a apresentar os estudos realizados à autarquia valonguense, o que nunca veio a fazer, tendo pelo contrário anunciado o referido encerramento noturno a partir da data atrás referida. Após diligências por parte da autarquia junto do Governo e do Ministério da Saúde, suspendeu a ARS-Norte o encerramento com efeitos imediatos da urgência noturna, comprometendo-se entretanto a apresentar à autarquia os planos definitivos quanto a esta urgência e a fundamentar os ganhos de qualidade da população valonguense na solução finalmente a adotar. Todavia, o conhecimento de um estudo entretanto divulgado de responsabilidade da Comissão de Reavaliação da Rede Nacional de Emergência e Urgência (CRRNEU) – um grupo de peritos que tem vindo a avaliar a prestação de cuidados de saúde urgentes –, e no qual se previa o encerramento das urgências em diversos hospitais, entre eles o de Valongo (juntamente com Agualva-Cacém, Estremoz, Fafe, Idanha-a-Nova, Lagos, Loulé, Macedo de Cavaleiros, Montemor-o-Novo, Montijo, Oliveira de Azeméis, Peniche, Santo Tirso, Serpa, Tomar, além do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, entre-

tanto já encerrada), veio relançar a questão ainda com maior acuidade. A Câmara Municipal de Valongo protestou de imediato a divulgação deste estudo, exigindo à ARS-Norte que o desmentisse, uma vez que tal questão – do encerramento da urgência do

do em defender o Governo. Por sua vez, o executivo laranja da Câmara Municipal de Valongo, apressou-se a convocar, para a manhã do próprio dia da manifestação, uma conferência de imprensa na qual garantiu que nada estava ainda decidido, e FOTO ARQUIVO/AVE

Hospital de Valongo – nunca tinha estado em cima da mesa para discussão, sendo por isso uma solução estranha àquelas que a ARS-Norte vinha ponderando nas reuniões havidas com a autarquia valonguense, incluindo o encerramento noturno. Reagindo à divulgação deste estudo, convocou o PS de Valongo, no mesmo dia, uma manifestação «preventiva» para a tarde do dia 20 de julho, em frente ao hospital, contra o encerramento do serviço de urgência, na qual vieram a participar dezenas de munícipes valonguenses, que exibiam vários cartazes e slogans antigovernamentais e exigindo a urgência de 24 horas no Hospital de Valongo. O líder socialista José Manuel Ribeiro criticou então João Paulo Baltazar de não estar também na primeira linha da frente a defender o serviço de urgência do Hospital de Valongo, mas mais preocupa-

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apontando até uma carta do presidente do Conselho de Administração do Hospital, António Ferreira, ao corpo clínico e funcionários, na qual se comprometia a avisar «atempadamente qualquer alteração». Nessa conferência de imprensa João Paulo Baltazar corrigiu também os dados do estudo, apontando que o Hospital de Valongo servia 200 mil utentes e não 90 mil, como aquele referia. O assunto irá estar em discussão, entretanto, em vários órgãos, como na Junta Metropolitana do Porto, na próxima sexta-feira, dia 27 de julho. Questões pertinentes A questão do encerramento de urgências é pertinente, tendo que que se avaliar sempre o prejuízo causado às populações com o encerramento de um serviço mais

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do; segundo – e também simples coincidência –, é que a questão do encerramento total ou parcial das urgências no Hospital de Valongo só é assunto após o estabelecimento no concelho de uma unidade de saúde privada, com urgências de 24 horas. Ora que se saiba, os principais envolvidos nesta luta política sobre as urgências em Valongo pouco diferem na avaliação da questão de fundo que é a mercantilização do mercado de saúde, forçosamente implicando uma pressão para a prestação de cuidados de saúde fora do sistema nacional de saúde, uma das principais conquistas de abril, cada vez mais em cheque, e tudo afinal – como se trata de uma questão de urgências – manifestações de urgência e conferências de imprensa de urgência – parece não serem mais do que armas políticas de arremesso no sentido de ganhar ou de conservar a maioria na Câmara. A saúde deve ser mercantilizada ou não? É isso que depois, mais grau menos grau, define as maternidades que fecham no Governo PS ou as urgências que fecham no Governo PSD. A falta de credibilidade da política não é culpa do povo. Ou então, como no poema de Bertold Brecht, “A Solução”, «(...) O povo perdeu [a confiança do governo E só à custa de esforços [redobrados Poderá recuperá-la. [Mas não seria Mais simples para o governo Dissolver o povo E eleger outro?»

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próximo, e a eventual melhoria da prestação do serviço de saúde com a concentração de meios em hospitais mais bem apetrechados. Isto é, teoricamente seria por vezes preferível o encerramento, se o tempo de deslocação dos doentes e a prontidão ou não da sua receção não prejudicasse a prestação do cuidado de saúde. A este propósito, todavia, é de reter, a título de exemplo, o desabafo, em reunião de Câmara, do próprio presidente, ao dizer que era mais rápido o atendimento a um utente classificado como “de gravidade verde” [pelas regras do sistema de Manchester – sistema hospitalar de triagem das urgências], no Hospital de Valongo, do que a um utente “laranja” no Hospital de S. João, no Porto, o que, na verdade significa que estes hospitais periféricos, embora possam estar menos apetrechados, podem sempre fazer diminuir em muito a pressão sobre o acesso às urgências nos hospitais centrais. Mas por vezes é também verdade serem os utentes confrontados com situações em que os serviços de urgência nestes hospitais periféricos não se mostram competentes para responder aos problemas detetados (ou nem por isso). Sobre o “timing” dos diversos anúncios há que dizer: primeiro, que o anúncio do estudo sobre o encerramento (total) da urgência do Hospital de Valongo caiu no momento exato para quem estivesse a tentar impor o encerramento da urgência noturna. Enfim, urgência diurna sempre seria melhor que nada... não podendo nós afirmar contudo, com os dados que temos, que tal anúncio foi encomenda-

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Local

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• NOTÍCIAS DO CENTRO SOCIAL DE ERMESINDE •

Nova esplanada do Lar de S. Lourenço inaugurada com lanche e recital de poesia

FOTOS URSULA ZANGGER

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Os utentes do Lar de S. Lourenço passaram recentemente a contar com mais um espaço de fruição e lazer, uma esplanada virada para o antigo largo da feira, que goza de acolhedora sombra sobretudo agora, no tempo de verão. Este espaço foi inaugurado na tarde do dia 26 de julho, com a presença de muitos dos utentes, de membros da Direção do Centro Social de Ermesinde (o presidente Henrique Queirós Roderigues, Alcina Meireles e Joaquina Patrício Oliveira), de alguns funcionários, estes sobretudo, além de confraternizar, para ajudar a servir um pequeno lanche que ali teve lugar, marcando festivamente esta inauguração. Mas a parte mais preciosa da tarde estava guardada como surpresa, quando alguns dos utentes do Lar – Virgínia Silva, António Cardoso e Irene Souto –, abrilhantaram o evento ao dizer poemas de Florbela Espanca, Fernando

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Pessoa e Pablo Neruda, no que foi uma escolha partilhada entre os diseurs e uma das pessoas que ajudou a organizar este evento, Cristina Sousa, técnica do Lar de S. Lourenço. Anabela Sousa, a diretora técnica do lar, manifestava também o seu agrado pela novo espaço e pelo desenrolar da festinha de inauguração, que pretendia também comemorar o Dia dos Avós. Quanto aos diseurs, há que dizer que levaram muito a sério a sua função, e que foi com muito desembaraço que defenderam os textos escolhidos, revelando intimidade com a leitura e muita sensibilidade. A forma compenetrada como encararam a sua missão não deixou esconder algum nervosismo compreensível em quem não tem habitualmente tanto público para ouvir. Mas estamos certos de que não será a última vez que se aventuram a dizer poemas, tal foi o talento demonstrado, uns mais à vontade que outros, naturalmente.

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Suplemento de "A Voz de Ermesinde" N.º 895 • 30 de julho de 2012 • Coordenação: Miguel Barros

Karaté do CPN escreve mais uma página dourada da sua gloriosa história Na sequência da obtenção do título mundial de karaté shukokai por intermédio do atleta Diogo Guincho, o nosso jornal esteve neste final de mês de julho à conversa com o timoneiro da Secção de Karaté do CPN, Carmindo Paiva, que para além de comentar este novo feito do seu pupilo traçou o quadro da modalidade quer no seio do seu clube, quer a nível nacional. Contingente de quatro elementos ligados ao basquetebol cepeenista ajudaram a seleção portuguesa de sub-16 femininos a alcançar um brilhante 4º lugar no Campeonato da Europa.


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ENTREVISTA COM O RESPONSÁVEL PELA SECÇÃO DE KARATÉ DO CPN

Karaté do CPN talhado para viver momentos de glória! FOTOS MANUEL VALDREZ

Não são muitos os clubes do nosso país que se poderão orgulhar de ter nos seus quadros atletas cujo currículo ostenta dois títulos de campeão do Mundo, seja em que modalidade for. O CPN tem-nos, e um deles chama-se Diogo Guincho, um atleta que entre os passados dias 8 e 13 de julho subiu ao lugar mais alto do pódio do Campeonato do Mundo de karaté shukokai que decorreu em Atlantic City, nos Estados Unidos da América. Individualmente Diogo Guincho pode até ser o atleta mais titulado a nível nacional e internacional do emblema de Ermesinde, mas não é o único a brilhar na alta roda internacional, surgindo neste patamar nomes como Tiago Guincho (irmão de Diogo) ou Inês Catarina Santos, os quais têm contribuído, e muito, não só para o enriquecimento desportivo do CPN como também do próprio país. E na sombra destes sucessos está Carmindo Paiva, o criador, digamos assim, destes campeões, o homem que em 1998 trouxe o karaté para o CPN e que de lá para cá tem coordenado um trabalho ímpar, guiando os atletas do clube até ao topo das “montanhas mais altas” do karaté shukokai planetário. No sentido de conhecer um pouco melhor um trabalho que muitas das vezes não obtém o merecido reconhecimento da opinião pública – e não só –, o nosso jornal esteve à conversa com o responsável pela Secção de Karaté cepeenista, precisamente o mestre Carmindo Paiva.

MIGUEL BARROS

É com um vincado orgulho que Carmindo Paiva inicia esta pequena conversa ao recordar o mais recente feito internacional do seu pupilo Diogo Guincho. Um título normal para si, atendendo às qualidades ímpares do atleta, qualidades essas descobertas e lapidadas por si há cerca de 22 anos atrás, altura em que travou conhecimento com os irmãos Guincho (Tiago e Diogo). Recorda esse momento como se fosse hoje, «eu dava

aulas de karaté na Escola Secundária de Valongo e um dia o Tiago e o Diogo, que na época eram já dois entusiastas da modalidade, foram assistir a um treino. Gostaram e inscreveram-se de imediato, passando a treinar comigo duas vezes por semana. Lembro-me de que no dia em que os conheci o Diogo estava a poucos dias de completar 7 anos de idade, e tanto nele como no irmão – que é mais velho – vi desde logo que possuíam um dom para a prática da modalidade, tendo percebido de

imediato que poderiam ser bons atletas». A entrega dos irmãos Guincho à modalidade foi total desde o primeiro dia de trabalho com Carmindo Paiva, e para onde o mestre fosse os dois irmãos iam atrás. As duas horas semanais de treino em Valongo passariam a quatro quando Carmindo Paiva passou a acumular o seu trabalho de treinador de karaté no Atlético Clube Águas Santas. E quando foi convidado, em 1993, a assumir o leme de uma escola de karaté em Sever do Vouga os irmãos Gincho não perderam tempo a pedir ao mestre permissão para o acompanhar e aumentar desta forma o número de horas de treino consigo. E seria novamente juntos que em 1998 rumaram ao CPN, onde criariam a Secção de Karaté, numa altura em que o atual complexo desportivo do clube ainda não estava totalmente concluído, conforme recorda o nosso interlocutor. «Recordo-me que começámos por treinar no local onde está edificado o atual pavilhão do clube, que era um espaço precário, ainda em construção, mas o que queríamos era poder continuar a desenvolver o trabalho que vínhamos fazendo desde Valongo. Depois, em março de 1999, quando o CPN inaugurou o seu complexo, passámos a treinar no salão nobre, onde estamos até hoje», o local onde Carmindo Paiva tem lapidado os seus “diamantes”. Entre as “pedras preciosas” estão obviamente os irmãos Guincho, hoje

em dia atletas de alto gabarito no mundo do karaté muito devido aos ensinamentos do mestre Carmindo Paiva, o homem que os moldou desde que eram crianças, que lhes ensinou as técnicas e os truques do karaté shukokai, que nunca é demais elucidar se trata de uma das muitas variantes, por assim dizer, do karaté universal. “Trabalho, dedicação e sacrifício”, eis a fórmula do sucesso Num discurso humilde Carmindo Paiva diz que o sucesso dos atletas fica a dever-se a… eles próprios, «eles é que conquistam as vitórias, eles é que sobem ao pódio, não sou eu». A fórmula mágica deste sucesso é, para o treinador, fruto do trabalho que os atletas desenvolvem, aliás, do trabalho, da dedicação e do sacrifício, uma combinação de “ingredientes” essencial para alcançar o êxito. Esta tem sido a filosofia de trabalho do CPN, a qual tem sido responsável pelo aumento do número de troféus que a secção tem angariado, não só pela mão dos irmãos Guincho como pela de outros tantos atletas, que têm trazido para Ermesinde diversos títulos nacionais e internacionais. Atletas como, por exemplo, Inês Catarina Santos, “lapidada” pelas mãos de Carmindo Paiva nas “oficinas” cepeenistas e que em 2006 atingiu o ponto mais alto da carreira

após vencer o título mundial – a nível individual – de karaté shukokai na vertente feminina. «Temos tido um percurso positivo aqui no CPN, com um outro percalço pelo caminho, mas de modo geral positivo. Não posso esquecer que tivemos uma fase menos boa durante a recente passagem de Augusto Mouta pela Direção do clube. Recordo-me que ele nos colocou alguns entraves, os quais nos causaram algumas dificuldades. Mas eu possuo um espírito guerreiro, e recuso-me sempre a atirar a toalha ao chão, e como tal acabámos por superar essas mesmas dificuldades». O desejado e necessitado tatami que nunca mais chega! Para Carmindo Paiva esta foi uma pedra no sapato durante uma caminhada que nunca é demais repetir tem sido positiva, uma caminhada apoiada pelo clube, apesar das dificuldades pelas quais este passa atualmente. «Neste momento a Secção tem de se autogerir, e com mais ao menos dificuldades vamos tentando movernos», sublinha. E uma das principais necessidades do karaté do CPN, talvez mesmo a principal, era a aquisição de um tatami, que é nada mais nada menos do que um tapete específico onde os atletas treinam e competem em pé descalço, como mandam as leis. E como

quem não tem cão caça com gato os karatecas cepeenistas na ausência do dito tatami são obrigados a treinar de sapatilhas no frio – em especial no inverno chão do salão nobre do clube, o que nem sempre é benéfico em termos de competição. «O atleta que não treina num tatami vai sentir dificuldades quando compete com outro que está habituado a treinar de pé descalço nesta estrutura. É natural que aquele que treina durante todo o ano de pé descaço parte em vantagem diante daquele que treina de sapatilhas e que numa competição se vê obrigado a combater descalço. Este último atleta vai sentir uma enorme diferença, como é óbvio. E é por isso que com o tatami iriamos melhorar e muito as nossas condições de trabalho, sem dúvida alguma», explica. Objeto importante de trabalho que até já podia fazer parte do dia a dia da secção de karaté do CPN, conforme Carmindo Paiva faz questão de dizer, pois não há muito tempo atrás o clube estabeleceu uma parceria com a Câmara de Valongo no sentido de receber nas suas instalações crianças de vários pontos do concelho para que estas pudessem praticar desporto, inclusive karaté. Em contrapartida a secção, pela voz do clube, solicitou à autarquia a doação de um tatami, que ao que parece – e segundo a memória do nosso entrevistado – acedeu ao pedido cepeenista. Só que até hoje o tão desejado tatami nunca mais chegou!


30 de julho de 2012

• A Voz de Ermesinde

Necessidades à parte o que é certo é que o karaté do CPN tem colecionado êxitos atrás de êxitos, com Diogo Guincho à cabeça deste pelotão de campeões, claro está. Carmindo Paiva recorda com orgulho e emoção o primeiro título mundial individual conquistado pelo mais novo dos irmãos Guincho, em 2004, na Cidade do Cabo, em África do Sul (Nota: Recordamos aos nossos leitores que na sequência do primeiro título mundial de Diogo Guincho o nosso jornal fez uma entrevista de fundo ao atleta, onde ficámos a conhecer toda a sua história desportiva). Nessa altura o mestre fazia parte dos quadros técnicos da seleção nacional de karaté shukokai, pelo que acompanhou o seu pupilo na primeira grande vitória internacional deste. «Quando ele acabou o combate da final a primeira coisa que fez foi correr em direção a mim para abraçar-me, e nunca mais me esqueço do momento em que ele subiu ao pódio, do içar da bandeira de Portugal ao mesmo tempo que tocava o hino nacional. Nesse momento vieram-me as lágrimas aos olhos. Foi um momento único». Neste segundo ceptro mundial individual do karateca do CPN (cujos desenvolvimentos podemos ver ao lado) Carmindo Paiva não esteve presente, até porque foi precisamente em 2004 que deixou o cargo de técnico da seleção nacional de karaté shukokai, lugar que ocupava desde 1998, mas que por desgaste (viagens constantes por todo o país de 15 em 15 dias) acabou por deixar. Modalidade tem evoluído aos poucos em Portugal, mas… E seria ainda com Diogo Guincho como tema de conver-

sa que o responsável pela Secção de Karaté do CPN afirmaria convictamente de que caso o seu pupilo tivesse outras condições de trabalho seria ainda muito melhor do que aquilo que é. «Se ele tivesse as condições para treinar que outros atletas têm não tenho dúvida de que ele seria um atleta profissional, viveria apenas disto, como acontece por exemplo em Espanha, onde a grande maioria dos atletas da seleção são profissionais, dedicam-se única exclusivamente à modalidade. Por exemplo, lá, eles têm patrocínios, que lhes permite fazer estágios várias vezes por ano, com tudo pago! Aqui, em Portugal, o Diogo tem o seu trabalho (é professor de Educação Física) e só ao fim do dia dedica um bocado do seu tempo para o treino». No entanto, e olhando para o passado, admite que aos poucos a modalidade tem sofrido alguma evolução no nosso país quando comparada com o seu tempo de atleta, por exemplo. «Na altura combatíamos em cima de chão de cimento, sem qualquer tipo de proteções, e hoje em dia isso já não acontece. Agora, em termos de infraestruturas e apoios estamos ainda um pouco atrasados em relação a muitos países, como a Espanha, por exemplo. Além de profissionais os atletas têm o seu próprio dojo (espécie de ginásio) para treinar, patrocínios que como já disse pagam todas as suas despesas de deslocações a estágios e competições, e aqui nesse aspeto a única coisa que os nossos atletas usufruem é do pagamento – neste caso por parte da Associação Portuguesa de Karaté Shukokai – de todas as despesas de deslocação e estadia quando vão ao estrangeiro representar o país em competições, como aconteceu agora com o Diogo Guincho e restan-

Desporto

III

KARATÉ SHUKOKAI

Cepeenista Diogo Guincho é campeão do Mundo de karaté shukokai FOTO APKS

tes karatecas que estiveram presentes em Atlantic City». Feitos de Diogo Guincho poderão cativar mais atletas Mas apesar de todas as dificuldades que ainda circundam a modalidade Carmindo Paiva acredita que este novo feito alcançado por Diogo Guincho poderá ser benéfico para a modalidade, no sentido em que novos atletas poderão ser cativados a praticá-la. Tal como aconteceu em 2004, ano da conquista do primeiro título mundial, um feito que ao CPN trouxe aspirantes a seguir as pisadas não só de Diogo Guincho como também do seu irmão Tiago, que na altura se sagrou campeão do mundo por equipas. Atualmente a Secção de Karaté do clube de Ermesinde é composta por cerca de 30 elementos, com idades compreendidas entre os 7 e os 60 anos! «É verdade, temos atletas mais velhos, que andam aqui apenas pela vertente marcial, ou seja, nem todos estão virados para a competição, frequentam o clube apenas porque gostam de praticar karaté». Já outros aspiram seguir as pisadas do mestre Diogo Guincho, sim, mestre, até porque

o atleta de 28 anos tem a seu cargo a tarefa de dar aulas aos elementos mais novos do grupo, enquanto que Carmindo Paiva fica com os mais velhos. «A competir temos atualmente uns 15 atletas, os quais têm trazido inúmeros títulos regionais e nacionais para o clube, e posso dizer que cinco ou seis deles ainda vão dar muito que falar», assegura. Prosseguir o trabalho que vem sendo feito é pois o objetivo imediato da Secção de Karaté cepeenista, um objetivo que traz entusiasmo ao nosso interlocutor, ou não se fizesse ele rodear de um grupo possuidor de características que ele tanto aprecia num atleta de karaté, por outras palavras, dedicação, espírito de vencedor e força, como faz questão de vincar. A terminar esta pequena conversa deixou um pequeno desabafo, «gostava que tanto o poder autárquico como a própria comunidade, mas em particular a nossa autarquia, dessem o devido reconhecimento ao trabalho que a secção tem vindo a fazer, com destaque para os títulos que o Diogo Guincho tem conquistado. Este novo título mundial foi bom não só para ele, como para o próprio clube, para a cidade, para o concelho, e para o país, e é com alguma mágoa que eu constato que somos um pouco esquecidos apesar de todos os êxitos que temos conquistado».

Diogo Guincho (na imagem), atleta do CPN, enriqueceu, nesta segunda semana de julho, o seu vasto e valioso currículo desportivo com o título mundial – individual – de karaté shukokai na categoria kumite masculinos “pesos médios”. Um título conquistado ao serviço da Seleção Nacional portuguesa, que entre os dias 8 e 13 de julho esteve presente no Campeonato do Mundo da modalidade, que decorreu na cidade norte-americana de Atlantic City. Recorde-se que esta foi o segundo ceptro mundial individual alcançado nesta categoria por Guincho, tendo o primeiro ocorrido em 2004 na Cidade do Cabo, em África do Sul. Às portas de um título ficou o irmão de Diogo Guincho, Tiago, também atleta do CPN; que na categoria kumite masculinos “pesos leves” ficou no 2º lugar. Coletivamente a seleção portuguesa ficou com o 2º lugar, atrás do combinado de África do Sul. A performance do contingente português (composto por 23 elementos) na prova pode ser considerada como muito positiva, já que para o nosso país viajaram – no total – 7 medalhas de ouro, 3 de prata, e 6 de bronze! De referir ainda que da comitiva portuguesa que esteve no “Mundial” de Atlantic City fez parte um terceiro elemento ligado ao CPN, mais precisamente o árbitro Carlos Rodrigues.

BASQUETEBOL

Contingente propagandista ajuda Portugal a alcançar o 4º lugar no Campeonato da Europa de Sub-16 FOTO CPN/BASQUETEBOL

A Seleção Portuguesa Feminina de Sub-16 alcançou um brilhante 4º lugar no Campeonato da Europa “B” da referida categoria, cuja fase final decorreu na capital da Estónia, Tallinn, entre os passados 12 e 22 de julho. E a contribuir para esta boa performance da equipa lusitana estiveram quatro elementos ligados ao basket do CPN, nomeadamente as jogadoras Ana Moniz, Sofia Almeida, e Francisca Meinedo, às quais se juntou o treinador Agostinho Pinto. Com o intuito de apoiar o contingente cepeenista viajaram para a Estónia alguns elementos ligados ao basquetebol do emblema de Ermesinde, com destaque para o seccionista Renato Horta, que na imagem pode ser visto entre as três referidas atletas e Agostinho Pinto, que na seleção nacional desempenhou funções de treinador adjunto. Desportivamente há então que destacar a valiosa contribuição das jogadoras do CPN, sendo que todas elas realizaram uma média de atuação superior a 10 minutos por jogo, e se Francisca Meinedo brilhou com o seu tiro exterior e como organizadora do jogo luso já Sofia Almeida e Ana Moniz foram um exemplo de entrega e sacrifício, tendo sido referenciadas pelo seu trabalho defensivo.


A Voz de Ermesinde •

Desporto

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Ermesinde ficou mais pobre com a morte do seu antigo ídolo Petrak FOTO ARQUIVO

MB

Depois do recente desaparecimento de Tone Grilo, a 6 de maio passado, a família ermesindista volta neste final de julho a chorar a morte de um nome lendário da história do seu futebol. Trata-se de Petrak, um ícone do clube da nossa freguesia que faleceu a 23 de julho último aos 90 anos de idade. Talentoso jo-

gador de boa compleição física e detentor de uma garra impressionante, Elmano Augusto – o seu nome de batismo – foi um dos primeiros atletas a vestir a camisola do Ermesinde Sport Clube, corria o ano de 1939. Dali em diante foram várias as tardes em que deslumbrou a massa adepta ermesindista com a arte do seu futebol, talento que lhe valeria os convites de clubes de maior dimensão, casos do

Salgueiros, Boavista, e do Sporting de Braga, convites esses que Petrak sempre recusou com a justificação de que o Ermesinde era o grande amor da sua vida. O funeral do antigo futebolista foi realizado no dia 24, tendo posteriormente rumado ao cemitério de Águas Santas onde foi sepultado. No adeus a Petrak estiveram muitos adeptos e dirigentes ermesindistas, entre os quais o presi-

dente José Araújo, com a particularidade da urna do ex-atleta ter sido coberta com a ban-

deira do clube do seu coração, o Ermesinde Sport Clube. (Nota: Na imagem

Petrak é o terceiro jogador da fila de cima a contar da esquerda para a direita)

DAMAS

CICLOTURISMO

Sérgio Bonifácio foi o melhor do Café Avenida no 19º Torneio Nacional de Damas Clássicas

Palmilheira reúne 70 atletas no seu 2º Convívio de Cicloturismo

Os Plebeus Avintenses acolheram no passado dia 14 de julho o 19º Torneio Nacional de Damas Clássicas, prova pontuável para o ranking da Federação Portuguesa de Damas que teve a participação de seis dezenas de damistas, cinco deles em representação do Café Avenida de Ermesinde, nomeadamente José Rocha, Nélson Monteiro, Ricardo Araújo, Manuel Silva, e Sérgio Bonifácio. É de sublinhar que a 19ª edição deste evento foi dedicada ao popular e dinâmico damista dos Plebeus Avintenses Jorge dos Santos Pereira, recentemente falecido. E no que toca a resultados obtidos pelo combinado de Ermesinde Sérgio Bonifácio voltou uma vez mais a ser o melhor classificado, tendo obtido o 17º lugar. Por seu turno José Rocha foi 21º, ao passo que Nélson Monteiro quedouse duas posições abaixo (23º), enquanto que Manuel Silva e Ricardo Araújo ficaram-se, respetivamente, pelos 26º e 28º lugares. Por equipas o Café Avenida foi 5º. No plano individual o grande vencedor do torneio foi nada mais nada menos do que aquele que é considerado como o melhor jogador de damas português de todos os tempos, Manuel Vaz Vieira, enquanto que no plano coletivo o CCD S. João da Madeira levou o 1º lugar para casa.

FOTO CTE

FOTO ACN

O Clube Desportivo da Palmilheira levou a cabo na manhã do passado domingo (15 de julho) a 2ª edição do seu anual Convívio de Cicloturismo. Realizado

com o apoio da Associação de Cicloturismo do Norte (ACN), Câmara Municipal de Valongo e Junta de Freguesia de Ermesinde, o evento reuniu cerca de 70 atletas oriundos de vários

emblemas filiados na ACN, cicloturistas esses que percorreram um total de 40 km pelas artérias de Ermesinde, Alfena e Valongo. Com início e final junto da sede do Clube Desportivo Palmilheira, a corrida foi procedida da habitual entrega de lembranças por parte da organização e de um pequeno churrasco que ajudou – certamente – a restituir as forças dos participantes deste convívio.

TÉNIS

Veteranos do Clube de Ténis de Ermesinde disputaram a 1ª Masters Cup Para encerrar a época desportiva em beleza o Clube de Ténis de Ermesinde organizou no passado fim de semana (28 e 29 de julho) a 1ª edição do Masters Cup, um torneio interno destinado aos atletas veteranos do clube. Contando com o apoio da autarquia valonguense o certame decorreu nos courts da Vila Beatriz, e foi disputado por um total de 13 tenistas com idades situadas entre os 30 e os 50 anos nas vertentes de singulares e pares. Quanto aos vencedores, Jorge Sequeira levou a melhor sobre a concorrência em singulares, batendo na final – por 9-7 – Carlos Bezelga. Este último tenista teve melhor sorte na competição de pares, já que ao lado de Alexandre Vasconcelos arrecadou o 1º lugar após derrotar na final a dupla composta por Leandro Andrade e Rui Gilsans.

Suplemento de “A Voz de Ermesinde” (este suplemento não pode ser comercializado separadamente). Coordenação: Miguel Barros; Fotografia: Manuel Valdrez. Colaboradores: Agostinho Pinto, João Queirós e Luís Dias.


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Património

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• TEMAS ALFENENSES •

A gafaria de Alfena, hospital de leprosos

ARNALDO MAMEDE (*)

oença crónica e incurável ao longo de alguns séculos, a lepra era também conhecida pelo Mal de Lázaro, permanentemente presente, pelas deformidades físicas que chocavam o homem da Idade Média, que causavam medo e horror nas populações. Introduzida pelas legiões romanas, de relativa pequena expressão e estabilizada na Europa Ocidental até ao Séc. XII, esta terrível doença sofreu um grande e muito rápido aumento da sua incidência durante os Séc. XII e XIII, crê-se que devido às Cruzadas, com a grande mobilização de Europeus para a região do Médio Oriente, com o objetivo de conquistar os lugares santos do cristianismo em poder dos "infiéis", e o consequente contacto com os povos locais e respetivos focos de lepra, onde esta doença era endémica, o que veio provocar naturalmente a sua contaminação. Regressados em massa à Europa Ocidental de onde haviam partido, em consequência da derrota que lhes foi imposta pelos Árabes, os Cruzados portadores da doença, ainda que, na maioria dos casos em fase de incubação – que normalmente vai de três a cinco anos – acabaram por causar a sua disseminação por contágio nas populações dos locais de origem onde se reinstalaram após o seu regresso da Terra Santa. Em alguns países da Europa Ocidental, nomeadamente em França, Inglaterra e na Escócia, a lepra atingiu as populações de uma forma verdadeiramente avassaladora. Em Portugal, a doença ficou bastante longe de atingir as proporções verificadas nos referidos países, mas a verdade é que o número de leprosos chegou a ser relativamente significativo. Pensa-se que esta doença atingiu o seu auge no reinado de D. Dinis, o Rei Lavrador, em finais do Séc. XIII, ou inícios do Séc. XIV, vindo depois a diminuir significativamente, de tal modo, que no Séc. XVI esta doença estava considerada como em vias de erradicação. Para que tal viesse a acontecer foram absolutamente decisivas as medidas tomadas, algumas bastante drásticas, pelos poderes vigentes, os poderes reais e os poderes eclesiásticos. As Gafarias As gafarias, leprosários ou lazaretos foram as instituições criadas pelas autoridades medievais para conter a proliferação da doença da lepra e, na medida do possível, promover a sua erradicação. Consistiam, essencialmente, na total exclusão dos leprosos do convívio social com as populações sadias, na sua segregação e confinamento obrigatório, em locais isolados, por forma a evitar o contágio a todo o custo. Sempre que saíam do perímetro da gafaria, os leprosos ou gafos eram obrigados a tocar um pequeno sino ou uma espécie de pequena matraca para avisar as populações da sua aproximação. Só em França, em pleno Séc. XIII havia duas mil gafarias e cerca de vinte mil em toda a Europa. Na Inglaterra e na Escócia havia cidades com vinte gafarias, tantas como em todo o Reino de Portugal. Na cidade do Porto e seus arredores variada documentação atesta a existência de três gafarias, uma no interior da cidade, na Reboleira, junto ao Douro, mais tarde transferida para Cimo de Vila de Mijavelhas, na zona do atual Jardim de S. Lázaro, outra em Gaia e uma terceira em Alfena. A Gafaria de Alfena São profusas as referências ao Hospital de Leprosos ou Gafaria de Alfena. O documento mais antigo que se conhece, é de 1214, do Arquivo Distrital de Braga, no qual uma tal D. Estefanina se refere aos leprosos de Portugal e de Alfena. Mas conhecem-se vários outros documentos, nomeadamente disposições testamentárias de importantes membros do Clero, concedendo doações à Gafaria de Alfena: do Bispo do Porto D. Julião Fernandes, em 1260; do Chantre do Porto e Coimbra, em 1262; do Cónego da Sé do Porto e Abade de Cedofeita Abril Pires, em 1295; do

Bispo do Porto D. Vicente Mendes, em 1296; do Bispo do Porto D. Sancho Pires, em 1300; do Chantre da Sé do Porto, em 1312. Informação do Pe. António de Carvalho, em 1706, diz que «aqui há um Hospital de Lázaros, em que se sustentam quatro, e a cada um se dá cada semana três quartas de pão, e a cada uma das quatro festas do ano se lhes dá um alqueire de trigo e um almude de vinho, a cada de mais, e mais da ordinária, e um carro de lenha, e campo para hortas». «É administrador deste Hospital João Pinto Coelho, Senhor de Felgueiras, Vieira e Fermedo, e lhe toma conta o Corregedor da Comarca, como Provedor dela». Alguns anos mais tarde, em 1747, o Pe. Luís Cardoso, no seu "Dicionário Geográfico" aponta: « Alfena, Freguesia na Província de Entre Douro e Minho, Bispado, Comarca secular e Termo da Cidade do Porto, Comarca Eclesiástica da Maia... ( ) ... antes de entrar nesta ponte, vindo da Cidade do Porto, há outra ermida de S. Lázaro, e tem esta obrigação de prover um Hospital de Lázaros, cujas casas estão junto da dita Ermida, mas já arruinadas. Tem muita renda a Ermida e Hospital que parte dela se cobra nesta Freguesia e muitas de fora por várias terras». Poucos anos depois, nas "Memórias Paroquiais" de 1758, o Reitor de Alfena, Pe. Simão da Cunha Sotomayor afirma: «... tem um Hospital e este se acha alagado por incúria do Administrador que é o possuidor da casa de Simães, ao qual lhe pagam e tem uma grande renda nesta Freguesia; e por várias vezes se lhes tem admoestado por capítulos de visita que o ponha corrente e juntamente a capela cuja invocação é de S. Lázaro, que tambem necessita de várias cousas; e esta casa (Simães) está obrigada a todo o necessário tanto para o Hospital como para a capela». IMAGENS ARQUIVO

zem-na eles assim». Nas Inquirições de 1258, refere-se que o lugar de Alfena, atual lugar da Rua, Transleça, bem como alguns casais da Ferraria, são dos leprosos, que não pagam foro ao Rei e que aí não entra o Mordomo (cobrador de impostos), referindo, ainda, o legado aos leprosos pelo testamento de D. João Pires da Maia (provavelmente em 1226). Na Inquirição ao lugar da Ferraria, os moradores referem que vários casais preferiram construir as suas casas nas herdades dos leprosos porque aí beneficiavam de melhores condições do que nas terras do Senhor Rei. Tais factos terão provocado um razoável aumento do número de fogos e de habitantes no lugar de Alfena, acentuando a sua importância face aos demais lugares, de modo tal, que Alfena passou a ser o nome da Freguesia, em detrimento da sua antiga designação (Queimadela). A Rua passou a ser a designação do antigo lugar de Alfena, devido ao facto de ser arruado, isto é, possuir casas de ambos os lados da rua, rua essa que mais não era que a Estrada Real do Porto para Guimarães. Já nos apercebemos, pelo que acima se descreve, que os Senhores de Felgueiras, responsáveis pela administração da Gafaria, não cuidavam dela como deviam, o desleixo e o desmazelo foram cavando a sua ruína. Atente-se na Carta Régia emitida no Palácio Real de Mafra, em 3 de Novembro de 1824, dirigida a Ayres Pinto de Sousa, Governador das Justiças da Relação e Casa do Porto: «Amigo, Eu El-Rei vos envio muito saudar. Sendo-Me presente o decadente estado da Casa de Francisco Peixoto Pinto Pereira Coelho da Silva, donatário dos Concelhos de Fermedo, Felgueiras e Vieira e da de sua mulher Dona Maria do Carmo Pinto de Sousa de Mello. E atendendo a representação e distinção das ditas Casas em outro tempo tão consideradas e das pessoas nelas interessadas que as fazem dignas da Minha Real Consideração e providência, para obstar a iminente ruína em que se acham pela má administração e desmazêlo dos respectivos donos, Hey por bem nomear o Desembargador desta Relação e Casa do Porto, Manuel António Vellez Caldeira de Castelo Branco para Juiz Administrador das casas dos sobreditos...». Não só não providenciavam aos gafos o apoio que lhes era devido, como faltavam na manutenção e conservação das casas do Hospital, inclusivamente existem documentos dando conta da falta de cobrança das rendas aos casais enfiteutas, durante dezenas de anos. Conclusão

S. Lázaro

Como se infere pela leitura dos testemunhos atrás referidos, não subsistem quaisquer dúvidas que as casas da Gafaria (Hospital) se situavam na margem esquerda do Rio Leça, alguns (poucos) metros para jusante da ponte românica de S. Lázaro (Ponte de Alfena) e que há mais de duzentos e cinquenta anos, em 1747, estavam "arruinadas" e, em 1758, o Hospital se achava «alagado». Aqui «alagado» tem o significado de desabado, como é óbvio. As rendas da Gafaria Os rendimentos da Gafaria, pelo que atrás fica descrito, eram bastante vultuosos, e iam além das doações, algumas das quais atrás referidas. Provinham, essencialmente, das rendas pagas pelos casais enfiteutas das terras de que era proprietária a Gafaria, que em Alfena se situavam, no lugar do mesmo nome, atual lugar da Rua, no lugar de Transleça, e algumas terras no lugar da Ferraria, terras essas cuja administração competia, desde tempos remotos, aos Senhores de Felgueiras, Fermedo e Vieira, residentes no seu Solar de Sergude, até 1706, e no Paço de Simães, após esta data, ambos no concelho de Felgueiras. A honra de Alfena e o seu Hospital de Leprosos gozavam da isenção do poder real, disposição esta confirmada numa Inquirição de D. Dinis, em 1307: «Freguesia de S. Vicente de Queimadela ou Paço de Alfena, com toda a Vila, dizem as testemunhas que o trazem os gafos por honra, por razão que foi D. João Pires da Maia e deu-lha por sua alma. E porque era honrada no tempo de D. João Pires, tra-

Perante este quadro decadente que terá acontecido aos doentes da Gafaria de Alfena? Em Portugal, desde sempre país de brandos costumes, as restrições impostas aos portadores desta doença nunca foram tão drásticas como em outros países da Europa. Não era obrigatório o seu confinamento em gafarias, podiam viver em locais, desde que isolados, para evitar o contágio, à sua escolha ou de suas famílias, que cuidavam do seu sustento e tratamento. Em Alfena, pressionados pelo aumento da população, foram-se afastando, ou sendo afastados para zonas despovoadas, periféricas, onde, aos poucos, construíram as modestas casas em que se abrigavam. Eram, ainda há bem pouco tempo, os lugares “mal-amados”... Em 04-07-1947, a Junta de Freguesia de Alfena enviou um ofício ao Presidente da Câmara de Valongo e também ao sub-delegado de Saúde, insistindo que sejam, rapidamente, tomadas as providências necessárias para isolar casos de lepra que existem nesta Freguesia... De resto, os Alfenenses mais velhos lembrar-se-ão, com certeza, na década de cinquenta e início da de sessenta do século passado, de visitas regulares de equipas do Hospital Rovisco Pais, da Tocha, a moradores de Alfena, alguns dos quais seguiam para tratamento no referido Hospital. (*) Membro da AL HENNA – Associação para a Defesa do Património de Alfena. Solar de Sergude


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A Voz de Ermesinde •

História

30 de julho de 2012

Recordando a republicana Ana de Castro Osório A República por motivos que se prendem, sobretudo, com a elevada taxa de analfabetismo feminino, não reconheceu o direito de voto às mulheres. No entanto, a emancipação feminina começou precisamente no período da Primeira República, no que diz respeito aos direitos laborais, educacionais e civis, muito pelo dinamismo de algumas mulheres, como é o caso da que recordamos hoje – Ana de Castro Osório, nascida em Mangualde há 140 anos - que, no contexto revolucionário republicano, assumiu a luta pela emancipação da mulher portuguesa.

MANUEL AUGUSTO DIAS

jornal O Seculo de há cento e dois anos atrás (dia 8 de julho de 1910), noticiando a inauguração de um Comité da Liga das Mulheres Republicanas Portuguesas na Praia da Luz, no Algarve, refere que aquela Liga, nascida apenas no ano anterior, é a organização que, em Portugal, mais se destaca na divulgação do ideal feminista. A principal dirigente da Liga era precisamente Ana de Castro Osório, de quem o jornal diz ter feito uma propaganda ativa a favor da educação, da instrução e dos princípios democráticos, envolvendo a criação de instituições sociais e beneméritas tão importantes como a Obra Maternal, que procurava «arrancar à mendicidade os centenares de crianças que por aí vagueiam famintas e rotas». Ana de Castro Osório nasceu em Mangualde (onde o pai era Conservador do respetivo Registo Predial) no dia 18 de junho de 1872. Filha de João Baptista do Castro e de Mariana Osório de Castro Cabral de Albuquerque (pertencente a uma família nobre da Beira; seu pai, Tenente General havia sido Governador de Macau). Ana de Castro Osório foi

professora, ativa republicana e feminista. Escreveu textos sobretudo dedicados às crianças (é mesmo considerada a criadora da literatura infantil em Portugal), mas também romances, novelas e peças de teatro, tendo alguns dos seus escritos sido traduzidos para francês, inglês e espanhol. Com a aquiescência e o apoio dos pais, empenhou-se numa série de atividades políticas e sociais que se manifestaram na publicação de artigos em revistas e no envolvimento em associações feministas. Ana Osório tornou-se membro do Grande Oriente Lusitano e da Ordem Maçónica Mista Internacional “Le Droit Humain”.

Em 1905, aos 33 anos de idade, escreveu aquele que é consi-

derado o primeiro manifesto feminista português – Mulheres Portuguesas. Aí, em pleno regime monárquico, manifesta, de forma bem evidente, o seu pioneirismo na luta pela igualdade de direitos entre a Mulher e o Homem. Foi o seu ativismo político que levou, em 1909, à criação da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, que se envolveu na implantação da República, na defesa da educação e instrução da mulher e da criança e na independência económica e conquista de direitos civis e políticos para a mulher. Após a implantação da República, Ana Osório colaborou com Afonso Costa, por exemplo, na elaboração da Lei do Divórcio. Segundo esta Lei, publicada a 3 de novembro de 1910, o divórcio passa a ser admitido em Portugal e tanto pode ser concedido à mulher como ao marido, dado que a lei lhes consagra o mesmo tratamento, tanto em relação às razões que estão na base do divórcio como em relação aos direitos sobre os filhos. Nesta nova linha de entendimento com base na igualdade de género, nova legislação é produzida para regularizar o casamento e a filiação. A mulher portuguesa deixa de, em termos legais, dever obediência ao marido e o crime de adultério passa a ter o mesmo tratamento legal quer seja cometido pelas mulheres quer seja

praticado pelos homens. Nos seus textos de reivindicação social e política sempre defendeu para as mulheres um papel de maior dignidade que não admitia que elas continuassem a ser tratadas como “meras peças decorativas”. Ao bom sabor do sentir republicano, no masculino e no feminino, e como profissional da instrução, defendeu a educação como o “passo definitivo para a libertação feminina”. Nos finais do século XIX mudou-se para Setúbal, onde escreveu, foi professora e desempenhou o cargo de Subinspetora do Trabalho Feminino. No dia 10 de março de 1898, com 25 anos de idade, casou, nessa cidade do Sado, com Francisco Paulino Gomes de Oliveira que, certamente influenciando pela esposa, também se dedicou às causas políticas e sociais, aderindo desde logo ao movimento republicano. Entre 1911 e 1914 viveu em São Paulo (Brasil), onde seu marido exerceu as funções de Cônsul de Portugal. Nesse período, alguns dos seus livros foram adotados em escolas brasileiras. Em 1914 enviuvou e regressou a Portugal. Durante o decurso da Primeira Guerra Mundial, em que Portugal teve intervenção direta (na África Portuguesa e na Flandres), Ana de Castro Osório abraçou a

propaganda patriótica, fundando a Comissão Feminina Pela Pátria e publicando vários livros alusivos a este importante evento histórico mundial, como é o caso de: Em tempo de Guerra: aos homens e às mulheres do meu pai, A Grande Aliança e De como Portugal foi chamado à Guerra.

Fundou ainda a Cruzada das Mulheres Portuguesas e A liga dos Combatentes. Faleceu no dia 23 de março de 1935, com 62 anos de idade, depois de lhe terem sido atribuídas as condecorações da Ordem de Santiago (recusou) e da Ordem de Mérito Agrícola e Industrial.

Ana de Castro Osório ainda muito jovem

EFEMÉRIDES JULHO de 1867, em Ermesinde Em 1867, surgiu a Lei da Administração Civil que pretendia a criação de Paróquias Civis, juntando mil fogos ou mais, nos meios urbanos e, pelo menos, 500 fogos nos meios rurais. Para incrementar as novas diretrizes daquela Reforma Administrativa, o Governador Civil do Porto enviou um ofício, no dia 15 de julho de 1867, às várias Juntas de Paróquia no sentido de as consultar acerca da forma como cada paróquia pretendia dar cumprimento à nova organização administrativa. Recebido o ofício reuniu, quase de imediato, a Junta da Paróquia de S. Lourenço de Asmes. No dia 24 de julho de 1867, a Junta da Paróquia de S. Lourenço de Asmes, realizou uma sessão com o propósito de dar solução a este problema, e fê-lo propondo a união das paróquias de S. Lourenço de Asmes e de S. Vicente de Alfena, cabendo a sede da nova Paróquia Civil à primeira. A ata respeitante a essa reunião diz, a dada altura, o seguinte: «Discutido este momentoso assumpto, foi a Junta unanimemente de parecer que esta freguesia passe a unificar-se, em parochia civil, com a freguesia de S. Vicente de Alfena, aggregando-se a esta de S. Lourenço. Discutindo-se mais, neste acto, que esta parochia

civil tivesse a sua sede no logar da Egreja desta freguesia de S. Lourenço, e que ficasse com esta denominação, - sendo a

Junta levada a estas indicações pelas seguintes considerações = 1.ª A contiguidade, ou adjacencia da freguesia de S. Vicente d’Alfena a esta de S. Lourenço d’Asmes = 2.ª A communicação constante dos povos d’aquella freguesia, atravessando esta necessariamente em todas as suas rellações commerciaes para o Porto; porque é n’esta freguesia que elles vem, quasi na totalidade, entrar na estrada real, = E 3.ª por isso o contacto dos povos das duas freguesias, proveniente tambem, da posição ou situação topographica, homogeneidade de produção agricula, uniformidade de costumes, e affeição de boa vesinhança, tanto que estas parochias se acham a agrado reciproco constituindo um destricto de Paz = 4.ª finalmente o facto dos povos das duas freguesias attingindo numero superior a quinhentos». A Paróquia Civil de Asmes e Alfena acabou por não se constituir, já que a “Janeirinha” (protesto contra a criação do imposto de consumo e contra a reforma administrativa) inviabilizou a concretização daquela legislação. As Paróquias como núcleos de base da organização civil do território, só existiram efetivamente após 1878, com a entrada em vigor da reforma de António Rodrigues Sampaio, que previa que o Presidente e Vice-Presidente fossem civis, escolhidos entre os vogais eleitos.


30 de julho de 2012

• A Voz de Ermesinde

Economia

Vidromarques – um projeto de inovação e sustentabilidade Criada em 1992 no concelho da Maia, mais precisamente em Santa Cristina, esta empresa do ramo da indústria do vidro, agora com a sua sede na zona industrial de Alfena, é um exemplo de como, mesmo uma empresa de raiz familiar – se alicerçada numa base de bom conhecimento prático e sob a égide de uma forte atração vocacional – pode inovar e conquistar mercados exigentes, e ser hábil na capacidade de bem gerir em situação de crise, evitando os escolhos do grande sucesso imediato mas sem sustentação, antes preferindo uma carteira de clientes aparentemente menos atrativa, mas muito mais fiável. LC

Deolinda Silva tem a seu cargo a administração desta empresa familiar, mas é no filho, Ricardo Marques, que delega a apresentação da empresa e a conversa com a nossa reportagem, e logo descobrimos a justeza deste porquê. Ricardo tem só 28 anos («sou um puto», diz-nos ele), mas muito do que é hoje a Vidromarques passa por si, pelo menos onde se trata da produção («mas na obra o meu pai é insubstituível», reconhece). A empresa foi criada em 1992, quando Deolinda e o marido decidiram aventurar-se por si próprios. Ela vinha já de uma família que trabalhava no setor do vidro e conheceu o seu futuro marido na empresa, onde era funcionário. Por razões de desavença familiar fizeram-se à vida, primeiro numa pequena garagem

em Santa Cristina, na Maia, mas a empresa foi crescendo. Quando decidiram investir em nova maquinaria as dificuldades encontradas na Maia obrigaram--nos a adquirir um armazém na zona industrial de Alfena, onde puderam então instalar-se (armazém na foto de baixo, onde agora o armazenamento de matéria prima e o corte da placa de vidro). Em 1998 a empresa deu um grande salto em frente, com a aquisição de maquinaria nova, no que foi um investimento de sete milhões de euros. Ricardo cresceu também no meio do vidro, como a mãe. Por castigo os pais puseram-no a trabalhar na fábrica, convencidos que iria rapidamente querer continuar os estudos que desdenhava, mas pelo contrário, como peixe na água, isso fê-lo conhecer os problemas do vidro e querer conhecer ainda mais, depois de aprender com os melhores profissionais da

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FOTOS URSULA ZANGGER

Economia

área. Se, como habilitações académicas não tem mais que o 12º Ano, no vidro é um doutor, e... sem diplomas de favor. A distanciação que, entende, então se esbateu, no seu caso, entre entidade patronal e os trabalhadores – o reverso da medalha – «está hoje resolvida». Foi já com ele ao leme, que a Vidromarques se abalançou a modernizar ainda mais a sua produção. Conscientes do interlocutor de qualidade que tinham diante de si, os fabricantes das máquinas mais evoluídas do setor decidiram apostar na empresa e confiar-lhe o último grito da sua produção. Por exemplo, no canto superior direito da foto de cima desta página, as máquinas que aí se veem são mesmo protótipos!, no que representa a par da inovação, condições de aquisição muito favoráveis. A empresa tem hoje por missão, conforme a sua “política de qualidade”, «transformar vidro plano, fabricar vidro duplo [com e sem decalagem, explica Ricardo Marques], laminado, laminado de segurança [com alarme], temperado e termoendurecido, colocar vidros em obra e prestação de serviços de tempera, manufaturas, laminagem de vidro e montagem de vidro duplo (...)».

O seu know how permitiu-lhe participar em obras como o Campus da Justiça de Lisboa, o Marshopping, Tróia Design Hotel e Funchal Design Hotel, e mesmo obras no aeroporto de Santiago de Compostella. Entretanto, e por verificar no trabalho em parceria com muitos construtores, a grande dificuldade na cobrança, a Vidromarques decidiu apostar antes no trabalho em parceria com

os seus próprios concorrentes do setor do vidro, fornecendo-lhes as suas soluções, e embora as margens de lucro sejam inferiores, estes são parceiros mais confiáveis. A Vidromarques recebe agora, aponta Ricardo Marques, a dois/três meses, e não a meio ano. Recorde-se, que provavelmente devido também a tais problemas passados de liquidez se verificaram recentemente problemas laborais na empresa.

A margem é menor, mas a liquidez é muito maior. A Saint-Gobain é uma destas empresas a quem a Vidromarques fornece algumas das suas soluções. Clientes estes que fazem com que os produtos da Vidromarques sejam exportados para variados países. Em baixo, Deolinda Silva e o filho, Ricardo Marques.


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A Voz de Ermesinde •

Crónicas

30 de julho de 2012

No sábado há baile

NUNO AFONSO

homem era alto e bem parecido. A idade fizera nele os seus estragos mas, na apresentação e nas maneiras, conservava aquele ar de quem tinha o hábito de impressionar, um discurso polido embora imperfeito, que sujeitava às inflexões mais adequadas. Não obstante o seu esforço em resistir à tendência natural da idade, acentuava-se-lhe a curvatura dos ombros, as rugas e a palidez do rosto escanhoado aqui e ali inscrito de manchas acastanhadas que recobriam também a pele das mãos compridas apoiadas numa bengala de castão de prata. Os olhos eram ainda expressivos como últimas testemunhas dum tempo fagueiro num corpo que já dobrara a apertada curva dos oitenta. Aos sábados, naquela hora indefinida que é costume identificar como “depois do almoço”, nos autocarros que, da periferia do Porto, demandavam o centro desta cidade

ou que passavam na Praça do Marquês de Pombal, havia desusada animação. Quem entrava inocente depressa reparava na troca de palavras entre os passageiros ainda que distantes: uns em pé a meio da viatura, outros sentados mais à frente ou nos derradeiros bancos; mensagens lineares ou trianguladas, divertidas e até brejeiras umas, outras enigmáticas, tão envolventes como os esquemas desenhados por grandes jogadores sobre um relvado. Conhecido que entrasse era, de pronto, saudado pelos que já ali se encontravam e respondia com idêntico bom humor a que não faltava o indispensável tempero do calão. Havia, sem dúvida, um relacionamento especial e de longa data entre boa parte dos participantes. A entrada do homem bem parecido não mereceu receção entusiástica talvez por não ser reconhecido como membro daquela confraria, sendo embora usuário do mesmo meio de transporte e, admissivelmente, dos lugares onde a maralha costumava encontrar-se. Ocupou um dos bancos voltados de costas para o motorista, lugares destinados a pessoas portadoras de deficiência, senhoras grávidas, adultos com crianças ao colo, homens ou mulheres de reduzida capacidade motora ou de idade avançada. Conquanto viajassem em pé muitas pessoas, o lugar à sua direita permanecia vazio. Uma mulher debruçara-se sobre o espaldar desse banco inocupado mas ficara indiferente ao amável convite do homem para tomar assento, resmungando algo não descodificável. Mantinha conversa com alguém à sua frente num tom de voz bem audível, apesar do barulho no interior do veículo. Mais recatado, o homem bem parecido, sem querer mostrar desa-

grado, antes insistindo no gesto simpático, comentou com a pessoa que viajava à sua frente: – A senhora ia, com certeza, mais confortável neste lugar… – Se calhar, vai descer numa paragem próxima – alvitrou a minha esposa. – Penso que não. É capaz de ir ao baile no Júlio Dinis e ainda está longe. Muitos dos que aí vão seguem p’ra lá. Não reparou que são conhecidos uns dos outros? As mulheres são mais reservadas mas há de ver que homens e mulheres saem todos na mesma paragem. Dantes, o encontro era no Silo-Auto mas fechou há muito. Ainda lá fui uma ou duas vezes só para ver o que se passava. Aquilo era uma confusão p’ra não dizer outra coisa e faltar ao respeito à senhora e ao seu marido. – Uma senhora que, certa vez, viajou ao meu lado falou-me no arrasta-o-pé do Silo-Auto e dizia gostar muito dessas tardes. Além da dança, havia um bar que servia sandes, bolos, refrescos e outras bebidas. Era viúva, tinha dois filhos já licenciados e destes vinham os maiores incentivos para frequentar esse tipo de diversão. Segundo eles, o falecido pai era um boémio, chegava sempre a casa às tantas da madrugada, agora era tempo de a mãe se divertir que eles já eram bem grandinhos para tomarem conta das suas vidas. – Mas nem sempre as coisas são entendidas dessa forma, minha senhora. Noutro tempo, havia os bailaricos das aldeias e de certos bairros animados por sanfonas ou rabecas que faziam delirar os/as jovens e deixavam os pais em sobressalto não fossem elas deixar-se enganar pelos namorados que, depois, raramente se res-

CÂMARA MUNICIPAL DE VALONGO PRÉMIO NACIONAL DE BOAS PRÁTICAS LOCAIS – CATEGORIA AMBIENTE AVISO N.º 68

- ALTERAÇÃO AO ALVARÁ DE LOTEAMENTO N.º 911/98 - ADITAMENTO N.º 20/2012 -

O

no i S

ponsabilizavam pelos seus atos. Nos dias que vão correndo, são os filhos que se preocupam com receio de que “esses velhos irresponsáveis” decidam “juntar os trapinhos” e lá se vão as pensões e as rendas de terrenos, de casas ou bens de outra espécie. É possível que, para alguns, seja conveniente porque, assim, alijam responsabilidades, depois que se aturem uns aos outros… Na paragem mais próxima do antigo cinema Júlio Dinis, os ocupantes do autocarro ficaram drasticamente reduzidos. Era tempo de mudar a agulha do diálogo: – Ia pouco além de cinquenta anos quando a minha esposa morreu. Tínhamos quatro filhos que ficaram à minha responsabilidade com a ajuda dos meus sogros. Entendi que tinha chegado a hora de mudar de vida. Sempre quis possuir um teto meu e achei que a minha vida não tinha horizontes, aqui nunca teria essa possibilidade. Fui para França, um bocado ao calha mas um amigo que já ali vivia há uns anos, deu-me o endereço de alguém que me podia ajudar. A pessoa que me recebeu gostou de mim. Marcámos um encontro num café para o dia seguinte. Conversámos bastante e, três dias depois de ter chegado, comecei a trabalhar. Trabalhei muito mas realizei o meu sonho. Os meus filhos foram muito bem tratados, estudaram mas nenhum foi para a universidade. Arranjaram emprego e, hoje, estão todos bem. A viagem terminou mas guardou para a despedida o que mais lhe aquecia o coração: – Já tenho três netos formados. Estou de bem com a vida.

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Nos termos do Art.º n.º 27º do decreto-lei n.º 555/99 de 16/12, e posteriores alterações, torna-se público que a Câmara Municipal de Valongo emitiu, em 18 de junho de 2012, o aditamento n.º 20/2012, em nome de Delfim Gomes, ao alvará de loteamento n.º 911/98, através do qual é aprovada a alteração ao loteamento sito na Rua D. Júlio Fernandes, na freguesia de Alfena, concelho de Valongo, por despacho de 2011/05/31, anexo ao processo de loteamento n.º 38-L/90, em nome de Delfim Gomes, e consta do seguinte: A alteração incide exclusivamente sobre o lote n.º 17 e consiste: • Eliminação do lote n.º 17, resultando assim a redução da área loteada, do n.º de lotes e da área total de lotes. Não há alteração da área total de construção fixada na operação de loteamento porquanto o lote em apreço não previa edificação. Valongo e Paços do Concelho, 18 de junho de 2012 O Presidente da Câmara Municipal, (Dr. João Paulo Rodrigues Baltazar)

CÂMARA MUNICIPAL DE VALONGO PRÉMIO NACIONAL DE BOAS PRÁTICAS LOCAIS – CATEGORIA AMBIENTE AVISO N.º 27

- ALTERAÇÃO AO ALVARÁ DE LOTEAMENTO N.º 816/91, DE 19.12 - ADITAMENTO N.º 8/2012 Nos termos do Art.º n.º 27º do decreto-lei n.º 555/99 de 16 de dezembro, e posteriores alterações, torna-se público que a Câmara Municipal de Valongo emitiu em 21 de março de 2012, o aditamento n.º 8/ 2012, em nome de Carla Maria dos Santos Oliveira Santos, ao alvará de loteamento n.º 816/91, 19.12, através do qual é aprovada a alteração ao loteamento sito na Rua D. Pedro IV e Rua Antero de Quental, na freguesia de Valongo, concelho de Valongo, por despacho de 27.01.2012, anexo ao processo de loteamento n.º 11-L/1988, em nome de Arménio Martins Dias Taborda, e consta do seguinte: A alteração incide exclusivamente sobre o lote n.º 4 e consiste: • Alteração do uso do piso do r/c, de habitação, para serviços, daí resultando a redução do número de fogos de 2 para 1. Os restantes parâmetros definidos no loteamento mantêm-se inalterados. Valongo e Paços do Concelho, 21 de março de 2012 O presidente da Câmara Municipal, (Dr. Fernando Horácio Moreira Pereira de Melo)

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30 de julho de 2012

• A Voz de Ermesinde

Opinião

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A complexidade da Justiça

A. ÁLVARO SOUSA (*)

s portugueses foram surpreendidos, ou não, com a decisão do Tribunal do Barreiro que no processo conhecido pelo “Freeport” absolveu os dois empresários que restaram da acusação do Ministério Público: crime de tentativa de extorsão para obter licenciamento do projeto também conhecido pelo Outlet de Alcochete. Os arguidos chegaram a ser seis: os empresários Charles Smith e Manuel Pedro, o arquiteto Capinha Lopes, o antigo presidente do Instituto de Conservação da Natureza Carlos Guerra e o então vicepresidente deste organismo, José Manuel Marques, e ainda o ex-autarca de Alcochete, José Dias Inocêncio. Como consequência das investigações levadas a cabo pelo Ministério Público, iniciadas em fevereiro de 2005, o Tribunal do Barreiro acabou por absolver os dois únicos arguidos, Charles Smith e Manuel Pedro, em veredicto proferido em 20-07-2012, depois de nas alegações finais o Ministério Público acabar por declarar não haver provas suficientes para uma condenação. Concluiu-se assim, e para já, que o trabalho de importantes e qualificados ser-

vidores da Justiça e os muitos milhares de euros dispendidos ao longo dos sete anos (2005/2012) com a parafernália de diligências, tiveram as mesmas consequências para o esclarecimento das verdadeiras razões que estiveram na origem do licenciamento do “Freeport”, como se nada tivesse sido feito. Recorda-se que o processo Freeport teve na sua origem suspeitas de corrupção e tráfico de influências na alteração à Zona de Proteção Especial do Estuário do Tejo e licenciamento do espaço comercial em Alcochete quando era ministro do Ambiente o anterior chefe do Governo.

É certo que na decisão do tribunal se ordena a extração de certidão para novas investigações com vista a apurar se houve ou não dentro do Ministério do Ambiente pagamen-

tos ilícitos ou ilegais. Porém, a experiência colhida no referido processo, aconselhará que se oriente os recursos humanos e financeiros afetos ao Ministério Público e Polícia Judiciária para averiguar situações com sólidos prognósticos de desfechos diferentes dos que se conhece em processos ditos de grande complexidade para o esclarecimento da verdade e punição de eventuais arguidos. Uma outra lição que poderíamos tirar do desenrolar e previsível, ou até já consumado desfecho, de processos judiciais onde são indiciados crimes de corrupção passiva, todos eles iniciados com grande mediatização,

so legislador que tem sabido produzir instrumentos que impedem os juízes de criminalizar quem, não se “safando” na fase de inquérito, enfrente os incómodos de um julgamento. Será que inspetores da Judiciária, magistrados do Ministério Público e magistrados Judiciais são todos incompetentes? Não acredito! Com efeito, a quantidade de processos que são arquivados por não ser possível reunir provas de casos que para a opinião pública são autênticos atentados às regras de um Estado de Direito, onde a justiça deve ser igual para todos, somados àqueles que em decisão transitada em julgado absolve os arguidos, só pode levar-nos a concluir ser de grande gabarito a qualidade dos depuFOTO ARQUIVO tados que são capazes de produzir leis que sempre coloca a bom recato os chamados “poderosos” do sistema. Assim sendo, numa altura em que a palavra de ordem é “exportação”, o respetivo ministério poderia aumentar a taxa de sucesso da suas políticas, sensibilizando os parlamentos estrangeiros a recrutarem os nossos legisladores para os ensinarem a como fazer leis que impeçam as prisões que nos Estados Unidos (Madoff), Alemanha e Grécia (Submarinos) e outros países se têm registado em consequência de denúncias de fraudes, corrupção, enriquecimento ilícito, má gestão de negócios bancários, etc.. Estamos certos que o “curriculum vitae” que os nossos emigrantes de “luxo” podem exibir, mesmo não recorrendo a títulos académicos de duvidosa legalidade, são de tal forma convincentes que a procura, mesmo que seja grande, nunca excederá a oferta, que em quaisquer circunstâncias será muito maior e com provas dadas de competência ao mais alto envolvendo gente do chamado colarinho brannível (como repete o outro na novela) em co, com averiguações durando vários anos e razão da matéria. desfecho do tipo “a montanha pariu um rato”, seria concluir pela elevada competência do nos(*) alvarodesousa@sapo.pt

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A Voz de Ermesinde •

Lazer

Efemérides

Coisas Boas

19 AGOSTO 1662 – Falecimento de Blaise Pascal, filósofo, físico e matemático francês (nascido em Clermont-Ferrand, a 19 de junho de 1623).

Palavras cruzadas

HORIZONTAIS

Tritura-se o tofu ou amassa-se à mão. Depois, adiciona-se a cenoura ralada e a curgete e amassa-se mais um pouco até ficar bem misturado. Acrescenta-se a cebola ou a assa-fétida, a farinha e o fermento e mexe-se. De seguida, a bebida vegetal e o óleo de girassol. Finalmente junta-se o molho de soja, o sal e temperos a gosto. Mexe-se muito bem a massa até ficar macia, quase líquida. Coloca-se a mistura numa forma redonda e funda, untada e leva-se ao forno a 160ºC durante 40 minutos, aumentando depois um pouco até o topo ficar ligeiramente tostado. O preparado deverá ficar crocante em cima e fofo na parte de baixo. Serve-se com uma salada de alface, cenoura ralada e cebola, temperada com azeite, sal e limão. Pode-se também juntar beterraba ralada e/ou nabo ralado. Outra sugestão é diminuir a quantidade de soufflé a consumir e acompanhar com um pouco de arroz integral cozinhado na pressão com uma tira de alga kombu durante 40 minutos e salada.

VERTICAIS

SOLUÇÕES: HORIZONTAIS

VERTICAIS 1. Malas. 2. Remetem; ro. 3. Aroma; atum. 4. Cara; Curia. 5. La; Arn. 6. Ai; mi. 7. Lapsos; soe. 8. Usas; ir; ra. 9. Aceito; SAD. 10. Resmungara.

1. Raca; luar. 2. Mera; nasce. 3. Amora; paes. 4. Lema; assim. 5. Ata; lio; tu. 6. Se; ca; Sion. 7. Mau. 8. Trais; Sa. 9. Ruir; orar. 10. Romancead.

Anagrama Descubra que rua de Ermesinde se esconde dentro destas palavras com as letras desordenadas: DR. RAUL GUSTAVO PINA GATISSOLP. Rua Dr. Gaspar Augusto Pinto Silva.

SOLUÇÕES:

Soufflé primaveril de tofu • 400g de tofu; • 1 cenoura grande ralada; • ½ curgete cortada aos cubinhos; • 1 chávena de farinha de trigo branca ou farinha de kamut; • ¾ de chávena de bebida vegetal (soja, arroz, aveia, kamut,…); • ½ chávena de óleo de girassol; • 1 colher de sopa de fermento em pó; • 2 colheres de sopa de molho de soja; • sal q.b.; • 1 colher de chá de assa-fétida ou 1 cebola pequena cortada ao quadradinhos; • temperos a gosto; • margarina vegetal q.b. para untar a forma.

1. Etnia; luz da lua. 2. Simples; germina. 3. Fruto silvestre; alimento (pl.). 4. Divisa; deste modo. 5. Amarra; atilho; pronome pessoal. 6. Catedral; aqui; cidade da Suíça. 7. Ruim. 8. Atraiçoas; lugar de Ermesinde. 9. Desmoronar; rezar. 10. Narrativa embelezada.

1. Porta bagagens (pl.). 2. Enviam; letra grega. 3. Odor; peixe. 4. Rosto; estância termal. 5. Tecido de origem animal; filho do Príncipe Valente. 6. Suspiro; nota musical. 7. Falhas; ecoe. 8. Utilizas; partir; batráquio. 9. Admito; sociedade anónima desportiva. 10. Murmurara.

30 de julho de 2012

Veja se sabe 01 - Norte-americano distinguido com Prémio Nobel da Paz em 1953. 02 - Nórdicos que colonizaram parte da Europa entre os séc.s VIII e XI. 03 - Cineasta britânico, autor de “Prometheus” (2012). 04 - Afluente do Douro, nasce na Galiza, desagua em Entre-os Rios. 05 - A que classe de animais pertence o carneiro? 06 - A que parte do mundo (continente) pertence Cuba? 07 - Em que país fica a cidade de Gotha? 08 - Qual é a capital de S. Vicente e Granadinas? 09 - A abreviatura Men corresponde a qual constelação? 10 - Elemento metálico radioativo, n.º 84 da Tabela Periódica (Po).

“A Voz de Ermesinde” prossegue neste número uma série de receitas vegetarianas de grau de dificuldade “muito fácil” ou “média”. A reprodução é permitida por http://www.centrovegetariano.org/receitas/, de acordo com os princípios do copyleft.

Sudoku

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SOLUÇÕES:

01 – George Marshall. 02 – Vikings. 03 – Ridley Scott. 04 – Rio Tâmega. 05 – Mamíferos. 06 – Américas. 07 – Alemanha. 08 – Kingstown. 09 – Mesa. 10 – Polónio.

Provérbio Em agosto secam os montes e em setembro as fontes.. (Provérbio português)

Diferenças

(Autoria: Ana Patrícia Garção (receita pertencente ao 5º premiado da 1ª edição do Concurso de Menus Vegetarianos, promovido pelo Centro Vegetariano).

Em cada linha, horizontal ou vertical, têm que ficar todos os algarismos, de 1 a 9, sem nenhuma repetição. O mesmo para cada um dos nove pequenos quadrados em que se subdivide o quadrado grande. Alguns algarismos já estão colocados no local correcto.

Sudoku (soluções)

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Descubra as 10 diferenças existentes nos desenhos SOLUÇÕES: 01. Chapéu. 02. Óculos. 03. Rede. 04. Motor. 05. Barco. 06. Cabelo. 07. Braço. 08. Bolso. 09. Mar. 10. Cana. ILUSTRAÇÃO HTTP://WWW.PDCLIPART.ORG


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• A Voz de Ermesinde

distros em linha... Esta semana o site dedicado às distribuições de software livre Distrowatch anunciou o lançamento das seguintes distros: LuninuX OS 12.00, GhostBSD 3.0-BETA1, Ubuntu 12.10 Alpha 3, Bodhi Linux 2.0.0, VortexBox 2.1, antiX 12 RC2, Linux Mint 13 "KDE" e Peppermint OS Three e Frugalware Linux 1.7 RC1. Oito novas distribuições aguardam em lista de espera a entrada na base de dados oficial: AEROS, Airinux, Alien Section OS, Cinnarch, Lpinguy, Mandragora Linux, RayOS e webLinux OS. LUNINUX OS 12.00 Foi lançada a versão 12.00 do LuninuX, uma distribuição baseada em Ubuntu 12.04 LTS, com ambiente desktop GNOME 3 e GNOME Shell. Disponível para arquiteturas 32 e 64-bit. Imagens DVD iso com respetivamente 1 291MB e 1 354MB. GHOSTBSD 3.0-BETA1 Eric Turgeon anunciou a primeira versão beta do GhostBSD 3, uma distribuição para desktop baseada em FreeBSD, com ambiente GNOME 2. Disponível para arquiteturas 32 e 64-bit. Imagens DVD iso com respetivamente 987MB e 1 040MB. UBUNTU 12.10 ALPHA 3 Kate Stewart anunciou a disponibilidade da terceira versão alfa do Ubuntu 12.10. Imagens para 32 e 64-bits respetivamente com 764MB e 771MB. Também disponíveis imagens iso CD e DVD do Kubuntu, Lubuntu, Xubuntu, Edubuntu e Ubuntu Studio. BODHI LINUX 2.0.0 Jeff Hoogland anunciou o lanlçamento do Bodhi Linux 2.0, uma distribuição baeada em Ubuntu com ambiente desktop Enlightenment 17. Vem com o kernel Linux 3.2, em imagens iso CD com respetivamente 449MB e 472MB. VORTEXBOX 2.1 Andrew Gillis anunciou o lançamento do VortexBox 2.1, uma distribuição baseada em Fedora e destinada a tornar um computador sem uso num servidor de música ou jukebox. Imagem CD isso com 698MB. ANTIX 12 RC2 Versão de teste final do antiX, uma distribuição Linux leve, destinada a velhos computadores. Vem com ambiente desktop IceWM (standard), Fluxbox, JWM (todos com ou sem Rox desktop), wmii e dwm. Imagem iso CD com 694MB. LINUX MINT 13 "KDE" Clement Lefebvre anunciou o lançamento da versão "KDE" 4.8 do Linux Mint 13. Imagens iso DVD 32 e 64-bit, respetivamente com 915MB e 892MB. PEPPERMINT OS THREE Kendall Weaver anunciou o lançamento do Peppermint OS Three, distribuição Linux leve para desktop baseada em Lubuntu 12.04, com algumas soluções do Linux Mint. Imagens iso CD 32 e 64-bit, respetivamente com 533MB e 539MB. FRUGALWARE LINUX 1.7 RC1 James Buren anunciou a disponibilidade da primeira versão de teste final do Frugalware Linux 1.7, codinome "Gaia", destinada a utilizadores intermédios e avançados. Vem com kernel Linux 3.4.4 e ambiente desktop KDE 4.8.4. Imagem iso DVD para 64-bit com 4 262MB.

Tecnologias

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A informática no reino de Liliput – a moda dos minicomputadores (2) Aproveitando uma conjugação de fatores muito interessante – a miniaturização eletrónica das boards, o surgimento de processadores de muito baixo consumo de energia, a disponibilidade de pequenos discos muito rápidos SSD, os acessíveis recursos da net e a disponibilidade de sistemas operativos livres e gratuitos –, uma geração de novos minicomputadores tem vindo a fazer o seu aparecimento com uma cada vez maior frequência. Este é o segundo de alguns artigos que apontam exemplos desta nova tendência na informática pessoal. LC (*)

No artigo anterior falámos do Cotton Candy, um computador inteiro no corpo de uma pendrive. Apresentamos agora uma outra proposta, desta vez sob a forma de uma pequena board, lançada inclusivamente sem caixa (mas tendo entretanto terceiros proposto colmatar essa ausência com as suas próprias propostas de caixa)

Para quem o quiser é também possível instalar Android, Debian ou Arch Linux. O MELE A1000 A terceira proposta que apresentamos hoje é a do MELEA1000, um miniPCTV box a 70 dólares, com processador Allwinner A10 de 1 GHz, baseado na arquitetura ARM Cortex-A8, GPU MALI400MP, OpenGL|ES 2.0 e 1 Gb de RAM DDR3. Lançado como TVBox oferece uma porta HDMI, VGA, duas portas USB, uma porta ethernet e uma porta SD; além disso vem com um conetor SATA para juntar um disco rígido ou um leitor blue-ray/dvd. Como sistema operativo, o MELE A1000 vem com o Android 2.3, embora a

Raspberry Pi

– falamos do Raspberry Pi, um minicomputador de 25 dólares, inicialmente lançado com sistema operativo Linux Fedora, devido ao bom desempenho do Fedora em arquiteturas ARM. O Raspberry Pi vem então com um processador ARM11, de 700Mhz e memória SDRAM de 128Mb. Dispõe de uma porta USB 2.0 e de uma HDMI, além de slot Sd/ /Mmc/Sdio, sendo a partir daí que funciona o disco com o Linux Fedora instalado. Outra proposta minimalista muito interessante entretanto aparecida, espanta pela miniaturização – e não estamos aqui a falar de tecnologias fora do alcance comum, mas de propostas já chegadas ao comércio e ao alcance de qualquer bolsa – é o CuBox, um minicomputador de 99 dólares, que se apresenta como um pequeno cubo de 5 cm de altura e cujas dimensões se podem bem apreciar aqui numa das fotografias, quando este é comparado com uma moeda de um euro. O CuBox O CuBox baseia-se num processador ARM PJ4 de 800 Mhz, vem com 1Gb de RAM DDR3 e uma carta gráfica OpenGL|ES 2.0. Vem ainda com uma porta ethernet, uma porta audio SPDIF, eSata 3Gpbs, duas portas USB 2.0, micro-SD, uma micro-USB, porta infravermelhos e porta HDMI. O sistema operativo de origem é o Linux Ubuntu, vindo também pré-instalados Xbmc Media Player e Google Chrome.

MELE A1000

qualquer momento se lhe possa instalar qualquer distribuição Linuz que suporte o processador ARM, como Fedora, Arch Linux, Ubuntu ou Debian. Saltando um pouco fora deste quadro para qualquer coisa mais performante (e dispendiosa), tomando o exemplo do Raspberry Pi, a Intel apresentou também uma proposta, o Intel NUC, com uma motherboard de apenas 10 cm capaz de suportar hardware

CuBox

de nova geração como processador Sandy Bridge Core i3 /i5, e uma GPU Intel GMA HD 3000. No Intel NUC há dois slots para DDR3 SODIMM (4 Gb de RAM), e duas PCI Express, além de duas portas USB 3.0, HDMI, Thunderbolt, módulo para conexão wifi e saída de audio multicanal. Além do mais virá com um disco de 40 Gb SSD. Trata-se pois, aqui, de um projeto muito mais ambicioso e naturalmente mais oneroso do que os mencionados anteriormente. Ainda que a Intel, tanto quanto sabemos, ainda não tenha anunciado um preço, ele deveria andar, apontaram os primeiros analistas, à volta dos 150 dólares, mas este preço foi entretanto corrigido para uns mais viáveis 400 dólares. E além disso desconhece-se que sistema operativo será proposto como standard. O MK802 Voltando aos projetos mais acessíveis, e assemelhando-se muito à proposta apresentada no número anterior de “A Voz de Ermesinde” – o Cotton Candy”, surgiu entretanto o MK802, um miniPC com Android 4.0 instalado e com um preço de 74 dólares.

MK802

Do tamanho (e aspeto) de uma pendrive de 8,8 cm de comprimento, 3,5 de largura e 1,2 de espessura, o MK802 vem com um processador ARM Allwinner A10 de 1,5 GHz, uma GPU MALI400, 512 Mb de RAM DDR3 e 4GB de memória interna. Tem ainda uma conexão wireless 802.11b/g Ralink 8188, uma porta HDMI, uma porta microUSB, uma USB normal, e um slot para microSD, que permite expandir a memória interna até 32 GB. O MK802, lançado pelo team liliputing, foi entretanto sujeito à prova da instalação de alguns sistemas operativos mais poderosos, tendo aceitado bem quer Puppy Linux, quer o próprio Ubuntu 10.04 otimizado para a utilização no sistema MELE A1000 atrás referenciado neste artigo. Oferta com outras características, visando o segmento acima, merece aqui uma palavra a Abaco Computers, que lançou recentemente três propostas de computadores com sistema operativo Linux – Mini, Classic e Pro, estando a base da gama um pouco acima do tipo de propostas que temos vindo a apresentar. Ainda assim, uma palavrinha sobre a proposta mais básica. Os três computadores vêm com sistema operativo Linux Ubuntu 12.04 LTS, o Mini com um processador Atom de baixo consumo e baixo preço, sendo aquele que, para o efeito interessa mais aqui. (*) Com base em informações recolhidas sobretudo no site http://www.lffl.org/ e nos sites dos respetivos fabricantes.


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A Voz de Ermesinde •

Arte Nona

Entretanto

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FOTO BANDA POÉTICA

Fanzine “Efeméride” lançou agora o seu n.º 5: “Corto Maltese no Século XXI” O que se segue são as palavras do próprio editor, Geraldes Lino, sobre esta iniciativa editorial: «O fanzine “Efeméride” foi criado no invulgar formato A3 para homenagear personagens de banda desenhada criadas em tempos idos, e que foram atingindo, após o seu aparecimento – quer nos suplementos dominicais americanos, quer em revistas – um número redondo de anos: Little Nemo in Slumberland, de Winsor McCay, teve início em Outubro de 1905, o que deu azo à comemoração da efeméride dos cem anos, tendo eu [Geraldes Lino] editado o primeiro número do fanzine “Efeméride” em outubro de 2005, com o título “Sonhos de Nemo no Século XXI”, cujas pranchas constituíram uma exposição patente no Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora. O projeto desenvolveu-se com as obras “Príncipe Valente no Século XXI” (N.º 2 - fevereiro 2007), “SuperHomem no Século XXI” (N.º 3 - junho 2008), Tintim no Século XXI (Nº4 - Junho 2009) e, finalizando a existência do fanzine, com o n.º5, dedicado a “Corto Maltese no Século XXI”, no mês de julho de 2012, quarenta e cinco anos depois do início da sua publicação, na revista italiana Sgt. Kirk, em Julho de 1967. Tal como acontecera com as pranchas do n.º 1, também as deste n.º 5 deram azo a uma exposição, desta vez no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, entre 26 de maio e 10 de junho de 2012». Para quem não conheça o fanzine “Efeméride”, nem o venha a conhecer – a tiragem é de 150 exemplares apenas, e já só restam umas seis dezenas – o seu editor, Geraldes Lino, publica no seu blog “Divulgando Banda Desenhada” o editorial deste seu n.º 5, no qual estabelece um paralelismo entre a vida real e a personalidade do autor – Hugo Pratt e a sua personagem Corto Maltese. Fonte: http://divulgandobd.blogspot.pt/

Inês Ramos lança o primeiro fanzine cabo-verdiano de poesia e banda desenhada Foi apresentado por Abraão Vicente, no Palácio da Cultura Ildo Lobo, na cidade da Praia, o fanzine “Banda Poética”, evento que contou com a presença da sua editora, Inês Ramos, dos autores Anilton Levy, Álvaro Cardoso, António Lopes Teixeira, Sai Rodrigues, Flor Porto e Heguinil Mendes, e do artista plástico Bento Oliveira. A sessão de lançamento teve um programa de leitura dos poemas incluídos no fanzine. Contou também com uma exposição dos originais das ilustrações e da Banda Desenhada do fanzine. Inês Ramos e os autores A designer gráfica portuguesa Inês Ramos, fã da banda desenhada, chegou a Cabo Verde há dois anos, para um trabalho na sua área, e acabou por ficar, fascinada com o talento e o mercado cultural do país. Em novembro de 2011 começou a organizar, todos os sábados, no Centro Cultural do Palácio Ildo Lobo, na capital cabo-verdiana, uma feira de poesia e banda desenhada, percebendo, desde logo, «que havia muito talento perdido». «Vários jovens vieram ter comigo para me mostrar desenhos e poemas. Senti que havia muito talento», disse à agência Lusa Inês Ramos, uma "freelancer" natural de Lisboa, onde nasceu há 46 anos. Daí a criar um "fanzine" foi um pulo. Um "fanzine", explicou, «significa uma revista periódica, publicada geralmente por jovens amadores sobre temas como a banda desenhada, cinema, música ou ficção científica». A palavra "fanzine" vem do inglês, sendo a abreviatura de "fanatic magazine", razão pela qual se torna uma publicação editada por um fã. Inês Ramos juntou seis jovens – um desenhador, quatro poetas e um poeta/desenhador

– e, em apenas mês e meio, surgiu o "fanzine" "Banda Poética", no qual se inclui uma banda desenhada e dezenas de poemas que, «caso contrário, iriam acabar nas gavetas». Desta forma, o mercado pode abrir-se para os jovens, acrescentou Inês Ramos, sublinhando que o "fanzine", ora dado à estampa – 500 exemplares de 30 páginas cuja tiragem foi financiada pelo Ministério da Cultura cabo-verdiana –, é "aperiódico", isto é, "sairá quando sair". «Senti que havia uma dificuldade para estes jovens editarem, e que havia muito talento perdido. Achei que um 'fanzine' é fácil de fazer, porque é artesanal – pode ser feito até em fotocópias –, e que era possível reunir esses jovens. Havia apenas uma única exigência: que os desenhos tivessem a ver com poesia e a poesia com desenho ou banda desenhada», explicou. «Fizeram coisas fantásticas – fizeram poemas acrósticos com a palavra banda desenhada, fizeram bandas desenhadas com um poeta, fizeram desenhos com B.Leza [um dos maiores nomes da 'morna'], e com Eugénio Tavares [considerado o maior poeta de Cabo Verde]. Foi muito emocionante e bonito», acrescentou. Cinco homens e uma mulher, entre os 22 e os 29 anos, escreveram poesia, Álvaro Cardoso (23 anos), Anilton Levy (22), Flor Porto (29), António Lopes Teixeira (25), desenharam, e Heguinil Mendes (24), fez as duas coisas, ao apresentar um poema e uma banda desenhada sobre a vida de um poeta. «Tenho contactos em Portugal, no Brasil e noutros países africanos, e convidaram-nos já para participar no Festival Internacional de Banda Desenhada na Argélia. Vamos concorrer ao melhor fanzine. Vamos ver», anunciou à Lusa Inês Ramos que, por razões profissionais, deixa Cabo Verde no final deste mês, prometendo voltar "em breve".

Autora do blogue de poesia "Porosidade Etérea", Inês Ramos foi frequentadora habitual, entre 2007 e 2010 (até à ida para Cabo Verde), da Tertúlia de Banda Desenhada, fundada e organizada por Geraldes Lino e que, há cerca de três décadas, reúne dezenas de participantes num restaurante do Parque Mayer, em Lisboa, nas primeiras terças-feiras de cada mês. E pronto, contamos com a “porosidade etérea” da Inês no próximo Encontro da TBD, em 7 de agosto... Fonte: http://kuentro.blogspot.pt/2012/07/ banda-poetica-ines-ramos-lanca-o.html


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Arte Nona

O ajudante de cangalheiro (11/12) autor: PAULO PINTO


A Voz de Ermesinde •

Serviços

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Farmácias de Serviço Permanente

Telefones CENTRO SOCIAL DE ERMESINDE

De 01/08/12 a 30/09/12

• Educação Pré-Escolar (Teresa Braga Lino) (Creche, Creche Familiar, Jardim de Infância) • Infância e Juventude (Fátima Brochado) (ATL, Actividades Extra-Curriculares)

Farmácias de Serviço

• População Idosa (Anabela Sousa) (Lar de Idosos, Apoio Domiciliário) • Serviços de Administração (Júlia Almeida) Tel.s 22 974 7194; 22 975 1464; 22 975 7615; 22 973 1118; Fax 22 973 3854 Rua Rodrigues de Freitas, 2200 4445-637 Ermesinde • Formação Profissional e Emprego (Albertina Alves) (Centro de Formação, Centro Novas Oportunidades, Empresas de Inserção, Gabinete de Inserção Profissional)

• Jornal “A Voz de Ermesinde” (Fernanda Lage) Tel.s 22 975 7611; 22 975 8526; Fax. 22 975 9006 Largo António da Silva Moreira Canório, Casa 2 4445-208 Ermesinde

• Centro de Animação Saibreiras (Manuela Martins) Tel. 22 973 4943; 22 975 9945; Fax. 22 975 9944 Travessa João de Deus, s/n 4445-475 Ermesinde • Centro de Ocupação Juvenil (Manuela Martins) Tel. 22 978 9923; 22 978 9924; Fax. 22 978 9925 Rua José Joaquim Ribeiro Teles, 201 4445-485 Ermesinde

Telefones de Utilidade Pública Auxílio e Emergência

Saúde

Avarias - Água - Eletricidade de Ermesinde ......... 22 974 0779 Avarias - Água - Eletricidade de Valongo ............. 22 422 2423 B. Voluntários de Ermesinde ...................................... 22 978 3040 B.Voluntários de Valongo .......................................... 22 422 0002 Polícia de Segurança Pública de Ermesinde ................... 22 977 4340 Polícia de Segurança Pública de Valongo ............... 22 422 1795 Polícia Judiciária - Piquete ...................................... 22 203 9146 Guarda Nacional Republicana - Alfena .................... 22 968 6211 Guarda Nacional Republicana - Campo .................. 22 411 0530 Número Nacional de Socorro (grátis) ...................................... 112 SOS Criança (9.30-18.30h) .................................... 800 202 651 Linha Vida ............................................................. 800 255 255 SOS Grávida ............................................................. 21 395 2143 Criança Maltratada (13-20h) ................................... 21 343 3333

Centro Saúde de Ermesinde ................................. 22 973 2057 Centro de Saúde de Alfena .......................................... 22 967 3349 Centro de Saúde de Ermesinde (Bela).................... 22 969 8520 Centro de Saúde de Valongo ....................................... 22 422 3571 Clínica Médica LC ................................................... 22 974 8887 Clínica Médica Central de Ermesinde ....................... 22 975 2420 Clínica de Alfena ...................................................... 22 967 0896 Clínica Médica da Bela ............................................. 22 968 9338 Clínica da Palmilheira ................................................ 22 972 0600 CERMA.......................................................................... 22 972 5481 Clinigandra .......................................... 22 978 9169 / 22 978 9170 Delegação de Saúde de Valongo .............................. 22 973 2057 Diagnóstico Completo .................................................. 22 971 2928 Farmácia de Alfena ...................................................... 22 967 0041 Farmácia Nova de Alfena .......................................... 22 967 0705 Farmácia Ascensão (Gandra) ....................................... 22 978 3550 Farmácia Confiança ......................................................... 22 971 0101 Farmácia Garcês (Cabeda) ............................................. 22 967 0593 Farmácia MAG ................................................................. 22 971 0228 Farmácia de Sampaio ...................................................... 22 974 1060 Farmácia Santa Joana ..................................................... 22 977 3430 Farmácia Sousa Torres .................................................. 22 972 2122 Farmácia da Palmilheira ............................................... 22 972 2617 Farmácia da Travagem ................................................... 22 974 0328 Farmácia da Formiga ...................................................... 22 975 9750 Hospital Valongo .......... 22 422 0019 / 22 422 2804 / 22 422 2812 Ortopedia (Nortopédica) ................................................ 22 971 7785 Hospital de S. João ......................................................... 22 551 2100 Hospital de S. António .................................................. 22 207 7500 Hospital Maria Pia – crianças ..................................... 22 608 9900

Serviços Locais de venda de "A Voz de Ermesinde" • Papelaria Central da Cancela - R. Elias Garcia; • Papelaria Cruzeiro 2 - R. D. António Castro Meireles; • Papelaria Troufas - R. D. Afonso Henriques - Gandra; • Café Campelo - Sampaio; • A Nossa Papelaria - Gandra; • Quiosque Flor de Ermesinde - Praça 1º de Maio; • Papelaria Monteiro - R. 5 de Outubro.

Fases da Lua

Ago 20 20112 Set 201 20122

Lua Cheia: 2 ; Q. Minguante: 9 ; 17;; Q. Crescente: 24 24.. Lua Nova: 17 Lua Cheia: 30 30;; Q. Minguante: 8 ; Lua Nova: 16 16;; Q. Crescente: 22 22..

Ficha de Assinante A VOZ DE

ERMESINDE Nome ______________________________ _________________________________ Morada _________________________________ __________________________________________________________________________________ Código Postal ____ - __ __________ ___________________________________ Nº. Contribuinte _________________ Telefone/Telemóvel______________ E-mail ______________________________ Ermesinde, ___/___/____ (Assinatura) ___________________ Assinatura Anual 12 núm./ 9 euros NIB 0036 0090 99100069476 62 R. Rodrigues Freitas, 2200 • 4445-637 Ermesinde Tel.: 229 747 194 • Fax: 229 733 854

Nova Alfena

4, 17, 23, 29 Ago 4, 10, 16, 22 Set

8, 19, 30 Ago; 10, 21 Set

Central

Palmilheira 9, 20, 31 Ago; 11, 22 Set

6, 12, 18, 31 Ago 6, 12, 18, 24, 30 Set

Sampaio

Marques Santos

10, 21 Ago; 1, 12, 23 Set

1, 7, 13, 19, 25 Ago 7, 13, 19, 25 Set.

11, 22 Ago; 2, 13, 24 Set

Vilardel

Travagem

2, 8, 14, 20, 26 Ago 1, 14, 20, 26 Set

Alfena

Marques Cunha

2, 13, 24 Ago; 4, 15, 26 Set

Ascensão

3, 9, 15, 21, 27 Ago; 2, 8, 21, 27 Set

3, 14, 25 Ago; 5, 16, 27 Set

Outeiro Linho

Confiança

ERMESINDE CIDADE ABERTA

• Sede Tel. 22 974 7194 Largo António Silva Moreira, 921 4445-280 Ermesinde

Sobrado

7, 18, 29 Ago; 9, 20 Set

1, 12, 23 Ago; 3, 14, 25 Set

Tel. 22 975 8774 Largo António Silva Moreira, 921 4445-280 Ermesinde

ECA

MAG

Santa Joana

• Gestão da Qualidade (Sérgio Garcia)

Telefones

30 de julho de 2012

Cartório Notarial de Ermesinde ..................................... 22 971 9700 Centro de Dia da Casa do Povo .................................. 22 971 1647 Centro de Exposições .................................................... 22 972 0382 Clube de Emprego ......................................................... 22 972 5312 Mercado Municipal de Ermesinde ............................ 22 975 0188 Mercado Municipal de Valongo ................................. 22 422 2374 Registo Civil de Ermesinde ........................................ 22 972 2719 Repartição de Finanças de Ermesinde...................... 22 978 5060 Segurança Social Ermesinde .................................. 22 973 7709 Posto de Turismo/Biblioteca Municipal................. 22 422 0903 Vallis Habita ............................................................... 22 422 9138 Edifício Faria Sampaio ........................................... 22 977 4590

Bancos Banco BPI ............................................................ 808 200 510 Banco Português Negócios .................................. 22 973 3740 Millenium BCP ............................................................. 22 003 7320 Banco Espírito Santo .................................................... 22 973 4787 Banco Internacional de Crédito ................................. 22 977 3100 Banco Internacional do Funchal ................................ 22 978 3480 Banco Santander Totta ....................................................... 22 978 3500 Caixa Geral de Depósitos ............................................ 22 978 3440 Crédito Predial Português ............................................ 22 978 3460 Montepio Geral .................................................................. 22 001 7870 Banco Nacional de Crédito ........................................... 22 600 2815

Transportes Central de Táxis de Ermesinde .......... 22 971 0483 – 22 971 3746 Táxis Unidos de Ermesinde ........... 22 971 5647 – 22 971 2435 Estação da CP Ermesinde ............................................ 22 971 2811 Evaristo Marques de Ascenção e Marques, Lda ............ 22 973 6384 Praça de Automóveis de Ermesinde .......................... 22 971 0139

Desporto Águias dos Montes da Costa ...................................... 22 975 2018 Centro de Atletismo de Ermesinde ........................... 22 974 6292 Clube Desportivo da Palmilheira .............................. 22 973 5352 Clube Propaganda de Natação (CPN) ....................... 22 978 3670 Ermesinde Sport Clube ................................................. 22 971 0677 Pavilhão Paroquial de Alfena ..................................... 22 967 1284 Pavilhão Municipal de Campo ................................... 22 242 5957 Pavilhão Municipal de Ermesinde ................................ 22 242 5956 Pavilhão Municipal de Sobrado ............................... 22 242 5958 Pavilhão Municipal de Valongo ................................. 22 242 5959 Piscina Municipal de Alfena ........................................ 22 242 5950 Piscina Municipal de Campo .................................... 22 242 5951 Piscina Municipal de Ermesinde ............................... 22 242 5952 Piscina Municipal de Sobrado ................................... 22 242 5953 Piscina Municipal de Valongo .................................... 22 242 5955 Campo Minigolfe Ermesinde ..................................... 91 619 1859 Campo Minigolfe Valongo .......................................... 91 750 8474

Cultura Arq. Hist./Museu Munic. Valongo/Posto Turismo ...... 22 242 6490 Biblioteca Municipal de Valongo ........................................ 22 421 9270 Centro Cultural de Alfena ................................................ 22 968 4545 Centro Cultural de Campo ............................................... 22 421 0431 Centro Cultural de Sobrado ............................................. 22 415 2070 Fórum Cultural de Ermesinde ........................................ 22 978 3320 Fórum Vallis Longus ................................................................ 22 240 2033 Nova Vila Beatriz (Biblioteca/CMIA) ............................ 22 977 4440 Museu da Lousa ............................................................... 22 421 1565

Comunicações Posto Público dos CTT Ermesinde ........................... 22 978 3250 Posto Público CTT Valongo ........................................ 22 422 7310 Posto Público CTT Macieiras Ermesinde ................... 22 977 3943 Posto Público CCT Alfena ........................................... 22 969 8470

Administração Agência para a Vida Local ............................................. 22 973 1585 Câmara Municipal Valongo ........................................22 422 7900 Centro de Interpretação Ambiental ................................. 93 229 2306 Centro Monit. e Interpret. Ambiental. (VilaBeatriz) ...... 22 977 4440 Secção da CMV (Ermesinde) ....................................... 22 977 4590 Serviço do Cidadão e do Consumidor .......................... 22 972 5016 Gabinete do Munícipe (Linha Verde) ........................... 800 23 2 001 Depart. Educ., Ação Social, Juventude e Desporto ...... 22 421 9210 Casa Juventude Alfena ................................................. 22 240 1119 Espaço Internet ............................................................ 22 978 3320 Gabinete do Empresário .................................................... 22 973 0422 Serviço de Higiene Urbana.................................................... 22 422 66 95 Ecocentro de Valongo ................................................... 22 422 1805 Ecocentro de Ermesinde ............................................... 22 975 1109 Junta de Freguesia de Alfena ............................................ 22 967 2650 Junta de Freguesia de Sobrado ........................................ 22 411 1223 Junta de Freguesia do Campo ............................................ 22 411 0471 Junta de Freguesia de Ermesinde ................................. 22 973 7973 Junta de Freguesia de Valongo ......................................... 22 422 0271 Serviços Municipalizados de Valongo ......................... 22 977 4590 Centro Veterinário Municipal .................................. 22 422 3040 Edifício Polivalente Serviços Tecn. Municipais .... 22 421 9459

Ensino e Formação Cenfim ......................................................................................... 22 978 3170 Centro de Explicações de Ermesinde ...................................... 22 971 5108 Colégio de Ermesinde ........................................................... 22 977 3690 Ensino Recorrente Orient. Concelhia Valongo .............. 22 422 0044 Escola EB 2/3 D. António Ferreira Gomes .................. 22 973 3703/4 Escola EB2/3 de S. Lourenço ............................ 22 971 0035/22 972 1494 Escola Básica da Bela .......................................................... 22 967 0491 Escola Básica do Carvalhal ................................................. 22 971 6356 Escola Básica da Costa ........................................................ 22 972 2884 Escola Básica da Gandra .................................................... 22 971 8719 Escola Básica Montes da Costa ....................................... 22 975 1757 Escola Básica das Saibreiras .............................................. 22 972 0791 Escola Básica de Sampaio ................................................... 22 975 0110 Escola Secundária Alfena ............................................. 22 969 8860 Escola Secundária Ermesinde ........................................ 22 978 3710 Escola Secundária Valongo .................................. 22 422 1401/7 Estem – Escola de Tecnologia Mecânica .............................. 22 973 7436 Externato Maria Droste ........................................................... 22 971 0004 Externato de Santa Joana ........................................................ 22 973 2043 Instituto Bom Pastor ........................................................... 22 971 0558 Academia de Ensino Particular Lda ............................. 22 971 7666 Academia APPAM .......... 22 092 4475/91 896 3100/91 8963393 AACE - Associação Acad. e Cultural de Ermesinde ........... 22 974 8050 Universidade Sénior de Ermesinde .............................................. 93 902 6434

10, 16, 22, 28 Ago 4, 15, 26 Ago; 6, 17, 28 Set 3, 9, 15, 28 Set

Formiga

Bessa

5, 16, 27 Ago; 7, 18, 29 Set 5, 11, 24, 30 Ago Garcês 5, 11, 17, 23, 29 Set 6, 17, 28 Ago; 8, 19, 30 Set

Sousa Torres 15 Ago

Até fim de setembro! Boas férias também para todos os nossos leitores, assinantes e anunciantes!... FICHA TÉCNICA A VOZ DE

ERMESINDE JORNAL MENSAL • N.º ERC 101423 • N.º ISSN 1645-9393 Diretora: Fernanda Lage. Redação: Luís Chambel (CPJ 1467), Miguel Barros (CPJ 8455). Fotografia: Editor – Manuel Valdrez (CPJ 8936), Ursula Zangger (CPJ 1859). Maquetagem e Grafismo: LC, MB. Publicidade e Asssinaturas: Aurélio Lage, Lurdes Magalhães. Colaboradores: Afonso Lobão, A. Álvaro Sousa, Ana Marta Ferreira, Armando Soares, Cândida Bessa, Chelo Meneses, Diana Silva, Faria de Almeida, Filipe Cerqueira, Gil Monteiro, Glória Leitão, Gui Laginha, Jacinto Soares, Joana Gonçalves, João Dias Carrilho, Sara Teixeira, Joana Viterbo, José Quintanilha, Luís Dias, Luísa Gonçalves, Lurdes Figueiral, Manuel Augusto Dias, Manuel Conceição Pereira, Marta Ferreira, Nuno Afonso, Paulo Pinto, Reinaldo Beça, Rui Laiginha, Rui Sousa, Sara Amaral. Propriedade, Administração, Edição, Publicidade e Assinaturas: CENTRO SOCIAL DE ERMESINDE • Rua Rodrigues de Freitas, N.º 2200 • 4445-637 ERMESINDE • Pessoa Coletiva N.º 501 412 123 • Serviços de registos de imprensa e publicidade N.º 101 423. Telef. 229 747 194 - Fax: 229733854 Redação: Largo António da Silva Moreira, Casa 2, 4445-280 Ermesinde. Tels. 229 757 611, 229 758 526, Tlm. 93 877 0762. Fax 229 759 006. E-mail: avozdeermesinde@gmail.com Site:www.avozdeermesinde.com Impressão: DIÁRIO DO MINHO, Rua Cidade do Porto – Parque Industrial Grundig, Lote 5, Fração A, 4700-087 Braga. Telefone: 253 303 170. Fax: 253 303 171. Os artigos deste jornal podem ou não estar em sintonia com o pensamento da Direção; no entanto, são sempre da responsabilidade de quem os assina.

Emprego Centro de Emprego de Valongo .............................. 22 421 9230 Gabin. Inserção Prof. do Centro Social Ermesinde .. 22 975 8774 Gabin. Inserção Prof. Ermesinde Cidade Aberta ... 22 977 3943 Gabin. Inserção Prof. Junta Freguesia de Alfena ... 22 967 2650 Gabin. Inserção Prof. Fab. Igreja Paroq. Sobrado ... 91 676 6353 Gabin. Inserção Prof. CSParoq. S. Martinho Campo ... 22 411 0139 UNIVA ............................................................................. 22 421 9570

Tiragem Média do Mês Anterior: 1100


30 de julho de 2012

• A Voz de Ermesinde

Serviços

Agenda Exposições EXPOSIÇÃO PERMANENTE onte F er a, Campo Ponte Fer errr eir eira, Moinho da P – Núcleo Museológico da Panificação Exposição permanente que alberga instrumentos que retratam uma das indústrias mais importantes de Valongo, a panificação e o fabrico de biscoitos. Possui utensílios, maquinaria, fotografias e esquemas que descrevem o ciclo da panificação, desde o amanho da terra até ao fabrico do pão e do biscoito. Pode igualmente proceder-se à identificação dos principais cereais e descobrir os seus sucedâneos. (Agenda Área Metropolitana do Porto).

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01 ago - 30 set 1 DE JULHO A 31 DE AGOSTO Fórum Cultural de Ermesinde – Afinidades Electivas II Na continuidade da mostra retrospetiva realizada quando o Fórum Cultural de Ermesinde tinha pouco mais de cinco anos, surge agora “Afinidades Electivas”. Onze anos de grandes nomes das Artes Plásticas e de jovens e promissores artistas da Arte Contemporânea integram esta exposição comemorativa de mais um aniversário deste emblemático equipamento cultural, edificado sobre as ruínas da “Fábrica da Telha” (1910).

Espetáculos e Conferências 18 DE AGOSTO, 18H00 Freguesia de Campo Concerto “Entrelousas” Concerto pela Banda Musical de S. Martinho. Terra de tradições defendidas entre vales de verde escuro competindo com o negro das lousas que da terra emergiam... Terra dura de gente trabalhadora... Há histórias que o tempo foi esquecendo pois de gente simples se falava... Homenageamos agora estas pessoas, pois ainda hoje se mantém ativa a exploração da ardósia (...)

A VOZ DE

ERMESINDE Comunica-se aos Senhores Assinantes de “A Voz de Ermesinde” que o pagamento da assinatura (12 números = 9 euros) deve ser feito através de uma das seguintes modalidades, à sua escolha: • Cheque - Centro Social de Ermesinde; • Vale do correio; • Tesouraria do Centro Social de Ermesinde; • Transferência bancária para o Montepio Geral - NIB 0036 0090 99100069476 62; • Depósito bancário - Conta Montepio Geral nº 090-10006947-6.


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A Voz de Ermesinde •

Última

30 de julho de 2012

À volta dos livros Várias atividades de animação decorreram durante esta XIX Feira do Livro (do concelho) de Valongo, para além daquelas diretamente ligadas aos livros ou a eventos mais importantes dentro da feira, a que demos uma maior relevância (caso do Dia da Cidade de Ermesinde). É um pouquinho dessa animação que aqui deixamos aos leitores de “A Voz de Ermesinde”. Podemos aqui referenciar, por ordem, e exceto as duas fotos sobre as atividades com crianças realizadas pela

equipa da Biblioteca Municipal, os seguintes grupos: grupo de música tradicional portuguesa “Sons de Outrora” (Mafamude), Grupo de Música Tradicional Portuguesa da AACE, Núcleo de Etnografia e Folclore da Universidade do Porto, banda “Stripped Gipsy and the Majesty”, grupo “Fado do Avesso”, banda “Pedra, Papel, Tesoura”, teatro de fantoches (Hora do Conto, projeto IEFP/CMP), grupo de dança “Essência do Oriente” e grupo dramático “Sabor a Teatro”. AVE

FOTOS MANUEL VALDREZ e URSULA ZANGGER MV

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