astroPT Jun2011

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Volume 1, Edição 5

Junho 2011

astroPT magazine

APOD/NASA

© Cristóvão Cunha


Junho 2011

ECLIPSES

Capa astrofotógrafo, reconhecido internacionalmente. As suas fotos já apareceram em vários meios de comunicação social, como revistas, jornais, páginas da internet, Cdrom, TV, etc. (saber mais aqui).

A imagem de capa deste mês é do Eclipse Lunar, da autoria de Miguel Claro.

Recentemente inaugurou a sua exposição na Taguspark, que estará exposta até 15 de Novembro (saber mais aqui). José Gonçalves

O Miguel Claro, para além de ser o nosso colaborador, é um exímio

Imagem: Revista portuguesa: "Quero Saber" Revista na área da Divulgação Científica. Um Licenciamento da inglesa "How it Works".

Olhar Global: Entrevista: "Miguel Claro em discurso direto" Saiu em Julho de 2011 10ª Edição - Já à venda nas bancas Página 2

Eclipse Lunar de 15 de Junho de 2011

Foi quarta-feira, dia 15 de Junho de 2011, que poderemos observar mais um Eclipse Lunar. Sendo estes eclipses menos espectaculares que um solar, no entanto estes são visíveis com uma maior frequência.

eclipsado.

Como é sabido, o eclipse lunar ocorre sempre durante a fase da Lua cheia. Como o plano orbital da Lua está inclinado 5° em relação ao plano da órbita da Terra, nem todas as fases de Lua cheia levam a ocorrência do eclipse.

totalidade (na imagem em cima os contactos U2 e U3).

Este apesar de ser um eclipse total, em Portugal, quando a Lua nascer no horizonte o eclipse já estará a decorrer, pelo que será um nascimento já

O eclipse tem inicio às 17:24 TU e termina às 23:00 TU, mas o mais interessante do eclipse, pela sua visibilidade ocorre entre as 19:22 TU e 21:02 TU, que é a parte da

João Clérigo

Foto: Cristóvão Cunha


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LITERACIA CIENTÍFICA

Antimatéria capturada Como diz o Diário Digital: “Cientistas confinam antimatéria durante 16 minutos. (…) Por ora, a novidade é mesmo o aprisionamento de longo período. (…) O grupo já havia confinado anti-hidrogénio antes, no ano passado, mas por apenas pouco mais de um décimo de segundo. O salto para mil segundos (um aumento de 5.000 vezes no tempo de captura) rendeu a publicação na revista Nature Physics. O próximo passo é descobrir mais sobre essas «criaturas ariscas». (…)” E como escreveu o nosso leitor Ricardo André: “CERN – Capturados átomos de antimateria por 16 minutos. O Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Centre Européen pour la Recherche Nucléaire – CERN) conseguiu capturar áto-

mos de anti-hidrogénio ao longo de mil segundos, tempo considerado suficiente pelos cientistas para os começar a estudar. Até agora, as experiências só tinham conseguido capturas por fracções de segundo. Este avanço foi comunicado por Jeffrey Hangst, em nome dos participantes da experiência ALPHA. Um átomo de hidrogénio é formado por um protão com uma carga eléctrica positiva e por um electrão de carga eléctrica negativa. Um átomo de anti-hidrogénio é constituido por um protão negativo e por um electrão positivo. A antimatéria pode ser descrita como o “espelho” da matéria que conhecemos, mas continua a ser difícil de observar, porque todos os átomos de antimatéria se eliminam ao

Descobertas Astronómicas Um livro interessante sobre as 100 descobertas mais importantes na história da astronomia. Leiam sobre o livro, aqui, aqui, e aqui. Carlos Oliveira Página 3

contacto com a matéria. Nesse contacto é produzida uma enorme quantidade de energia. O que os cientistas do CERN agora conseguiram foi estender consideravelmente o tempo de captura de átomos de antimatéria, neste caso anti-hidrogénio. Os primeiros átomos de antihidrogénio foram produzidos pelo CERN desde 1995. Na experiência agora feita no acelerador de partículas, conseguiu-se a captura por 16 minutos de 309 átomos de antihidrogénio.” Leiam mais sobre isto, aqui, aqui, aqui, e aqui. Será que o motor da Enterprise está já à

na imprensa internacional há 1 mês atrás. Como me avisou o José Gonçalves, ele próprio já tinha escrito sobre isto, neste post. Mas só chegou agora à imprensa portuguesa e brasileira… porque 1 mês depois, saiu a notícia na revista Scientific American… Ou seja, pelos vistos andamos 1 mês à frente da imprensa portuguesa e brasileira

espreita?

eheheheheeh

Carlos Oliveira

Por último, refiro que esta notícia já tinha saído

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LITERACIA CIENTÍFICA

Astrónomo Russo diz “Humanos encontram extraterrestres nos próximos 20 anos” ?

Por um lado, fico contente. Fico contente por não só os amigos se lembrarem de mim, mas sobretudo porque as pessoas lêem estas notícias e imediatamente pensam em mim. Em termos de literacia funcional, isto é excelente.

o tipo de jornalismo que estou a ler. É que isto não é jornalismo. Isto são copy-paste e uma total ausência de sentido crítico. O jornalismo deveria ter sempre uma parte cerebral por parte dos jornalistas, em que estes procuram fontes, pesquisam, contactam especialistas, etc… infelizmente também há maus jornalistas, e sobretudo devido à net, o que se vê muito actualmente é simplesmente o uso do copypaste, sem qualquer pensamento racional por trás, sem sequer pensarem naquilo que estão a divulgar.

Por outro lado, começo a ler esta notícia, e começo a “subir as paredes” com

Pela imprensa internacional, está a ser divulgado que o astrónomo Russo

Hoje acordei, passei uns minutos a tentar abrir os olhos, tomei banho, tomei o pequeno-almoço, ainda meio ensonado… ligo o computador para ver se o mundo já acabou, e reparei que tenho uma data de mensagens de pessoas amigas a enviar-me esta notícia.

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Andrei Finkelstein disse que nos próximos 20 anos vamos encontrar extraterrestres, e estes serão como os humanos. Podem ler em inglês, por exemplo aqui eaqui. E como me informaram, os jornais portugueses, como o Expresso, já decidiram fazer copy-paste dessas notícias, traduzidas para português, sem qualquer pensamento crítico por trás. Segundo o Expresso: “Quem o garante é um dos mais conceituados astrónomos russos. Andrei Finkelstein disse ontem que “existe vida noutros planetas e vamos descobri-la nos próximos 20 anos”. (…) Segundo o diretor do Ins-

tituto de Astronomia Aplicada da Academia de Ciências Russa, Andrei Finkelstein, “a génese da vida é tão inevitável como a formação de átomos… Existe vida noutros planetas e vamos descobri-la nos próximos 20 anos”. Segundo a agência noticiosa Interfax, Finkelstein, que falava num fórum internacional dedicado à pesquisa de vida extraterrestre, disse ainda que 10% dos planetas conhecidos da Galáxia, que orbitam à volta de sóis, são semelhantes à Terra. Se é possível encontrar água, também deverá haver novas formas de vida, afirmou o cientista, assegurando que os extraterrestres deverão


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ser muito semelhantes aos humanos, com dois braços, duas pernas e uma cabeça. “A cor da sua pele poderá ser diferente, o que já acontece nos humanos”, acrescentou. Finkelstein gere um programa, lançado nos anos 60, no auge da Guerra Fria e da corrida ao espaço, para analisar os sinais captados por radiotelescópios. (…)” Mas o que realmente se passou? Houve um simpósio do SETI em St. Petersburg chamado “The Search for Extraterrestrial Intelligence”. Ou seja, para ver se percebem: o simpósio tem por objectivo fazer passar a ideia que existe vida inteligente no Universo, e que essa vida inteligente é como nós: com uma cabeça, com 2 braços, com 2 pernas, que pensam como nós, que têm radio-telescópios como nós, etc. E estas são precisamente as características que o

SETI presume nos ETs. Por isso é que andam a tentar ouvi-los há décadas. E há décadas que andam a dizer o mesmo: vamos encontrá-los nos próximos 20 anos. Ou seja, isto não é notícia nenhuma. É o mesmo que andam a dizer há décadas. Não dizem nada de novo, mas denotam uma total falta de imaginação quanto às possibilidades da vida. E curiosamente é o mesmo que SEMPRE se pensou. Quando se pensou em vida na Lua, também era como a nossa. Quando se pensou em vida em Marte no início do século, também era igual a nós. Quando se vê ficção científica (frequentemente má no que toca aos ETs), também normalmente somos nós… etc… É a mesma falta de imaginação de sempre dos autores… e é a mesma falta de sentido crítico de quem publica estas coisas.

ELITERACIA CIENTÍFICA

Tendo em conta a existência dos constituintes da vida tal como a conhecemos por todo o Universo, tendo em conta que na Terra a vida existiu desde sempre (mal o planeta se formou, a vida existiu), e tendo em conta que na Terra existe vida em todos os ambientes (mesmo muito quentes, muito frios, sem oxigénio, dentro de rochas, no cimo das nuvens, etc), então é MUITO PROVÁVEL que a vida exista por todo o Universo. MAS tendo em conta os diferentes tipos de vida existentes na Terra e que os humanos são somente 1 em milhões deles, tendo em conta que os humanos são muito recentes na Terra, tendo em conta que radiotelescópios são ainda mais recentes (50 anos em 4 mil milhões de anos!!!), e tendo em conta que os humanos são muito limitados nos tipos de condições que podem viver, então probabilisti-

camente falando, é basicamente impossível (no sentido de altamente improvável) encontrar outros humanos no espaço. Os humanos é que vêem muita ficção científica e ficam limitados por essas ideias. Mas a realidade é muito mais fantástica e diversificada que a nossa limitada imaginação. Os Humanos têm a mania que estão no centro do Universo, que são muitos especiais, e por isso limitam-se a pensar que só eles podem existir no Universo. Enfim… o geocentrismo psicológico persiste nas mentes de muita gente. Tendo em conta todo o conhecimento que já temos no século XXI, só me lembro de uma palavra para classificar estas mentes limitadas: ridículo. Carlos Oliveira

Manual do Mundo – Canal de experiências no Youtube Encontrei um canal no Youtube dedicado a experiências de ciência, muitas das quais se podem fazer com materiais que temos disponíveis em casa. O canal, chamado “Manual do Mundo”, é mantido pelo jornalista

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brasileiro Iberê Thenório e os vídeos são totalmente em português. Para acederem ao canal podem clicar aqui e para o blog aqui. Marco Filipe


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VIDA

Astronomia ajuda a medicina Novas técnicas e instrumentos desenvolvidos para ajudar medicamente astronautas no espaço, irão ser agora aplicados na Terra, sobretudo para ajuda médica em zonas mais remotas. Exames de ultra-som feitos de forma remota serão assim muito mais fáceis de fazer com humanos na Terra. Leiam aqui, aqui, e aqui. Carlos Oliveira

Astronomia combate o cancro res, com disciplinas-estanque) e que o estudo da astronomia tem imensas aplicações no dia-a-dia, astrónomos da Ohio State University que investigavam como os elementos químicos emitem e absorvem radiação dentro de estrelas e próximo de buracos negros, descobriram que metais pesados, como o ferro, emitem electrões de baixa energia quando são expostos a certas energias de raios-X. Ora, isto é excelente para… combater o cancro! Pode-se assim combater os tumores, sem estragar a parte saudável. Leiam a notícia, em inglês, aqui. Carlos Oliveira Mais uma vez provando que a ciência é multidisciplinar (ao contrário das noções escolaPágina 6


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EDUCAÇÃO

Nuno Crato Nuno Crato é o novo Ministro da Educação, do Ensino Superior, e da Ciência, no novo Governo de Portugal. Parece-me uma excelente escolha, não só pelas suas ideias educativas, mas até pela quantidade de divulgação científica, incluindo astronómica, que tem feito. Pessoalmente, só o conheço diretamente de eu ter co-organizado há uns anos atrás um curso sobre os Descobrimentos Portugueses para profes-

sores Universitários nos EUA, e convidei-o para dar uma palestra. Ele foi super-simpático, aceitou o convite, e deu uma palestra excelente. Fiquei com uma óptima impres-

Novos Elementos

são dele na altura. Claro que como ministro, as tarefas serão diferentes, e por isso não sei se poderá ser “levado pelo sistema”, mas de qualquer modo parece-me

Introdução aos Diagramas de Feynman e à Física de Partículas

uma excelente escolha. E não sou só eu, mas os professores portugueses também aplaudem a escolha. Carlos Oliveira

artigos sobre diagramas de Feynman e a interacção entre partículas. Luís Lopes

Apesar de ter um período de vida muito pequeno, os elementos com os números atómicos 114 e 116 foram oficialmente adicionados à Tabela Periódica. Os átomos com o número atómico 114 desintegram-se em poucos segundos e os

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átomos de número atómico 116 desaparecem numa fracção de segundo, segundo as declarações de Moody (Ken Moody é um Químico do Lawrence Livermore National Laboratory). José Gonçalves

sima sobre física de partículas. Verdadeiramente excepcional e imperdível é este conjunto de

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Vejam este blog com informação interessantís-


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COSMOLOGIA

Investigando uma Colisão Galáctica Uma equipa de cientistas estudou o enxame de galáxias Abell 2744, o chamado enxame de Pandora, e reconstruiu a história violenta e complexa deste enxame utilizando telescópios no espaço e no solo, incluindo o Very Large Telescope do ESO e o Telescópio Espacial Hubble. O enxame Abell 2744 parece ser o resultado de uma junção simultânea de, pelo menos, quatro enxames de galáxias separados. Desta complexa colisão resultaram efeitos estranhos, que nunca antes tinham sido observados em simultâneo. Página 8

Quando grandes enxames de galáxias chocam uns com os outros, o resultado é um tesouro de informação para os astrónomos. Ao investigar um dos mais complexos e invulgares enxames em colisão no céu,

uma equipa internacional de astrónomos reconstruiu a história de uma colisão cósmica que ocorreu durante um período de 350 milhões de anos.

(…) Os enxames de galáxias são as maiores estruturas no cosmos, contendo literalmente biliões de estrelas. O modo como se formam e se desenvolvem através de colisões repetidas tem profundas implicações no nosso conhecimento do Universo. Estão em progresso mais estudos do enxame de Pandora, o objeto em fusão mais complexo e fascinante alguma vez encontrado. Leiam todo o artigo, na página do ESO. Carlos Oliveira


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COSMOLOGIA

O que aconteceu à estrela que explodiu na M51 ? A supernova recentemente detectada na M51 resultou do colapso gravitacional de uma estrela maciça. Neste “post” tento descrever, de forma necessariamente simplificada, em que consiste este mecanismo designado tecnicamente de colapso do núcleo, “core collapse” em inglês. De notar que apesar do mecanismo geral ser bem compreendido e corroborado pelas observações, há inúmeros detalhes que são ainda alvo de intenso debate científico. Durante a sua vida, uma estrela maciça mantém um equilíbrio precário entre a gravidade e a pressão da

radiação libertada pelas reacções de fusão nuclear que ocorrem no seu interior. Para tal a estrela recorre à fusão de vários elementos diferentes no seu núcleo: o hidrogénio, durante a sequência principal, depois o hélio, o carbono, o néon, o oxigénio, o silício, etc. De cada vez que um destes combustíveis nucleares acaba, o núcleo contrai-se, a temperatura aumenta até que eventualmente o

núcleo se reconfigura e inicia a fusão do combustível seguinte. Por outro lado, a fusão dos tipos sucessivos de combustível na zona central do núcleo dura cada vez menos tempo, como se pode ver pelo quadro que se segue (estes valores variam com a massa da estrela).

Crédito: Wikipedia. Esta sequência de reconfigurações continua até que, mesmo antes de iniciar a fusão do silício, a nossa estrela apresenta uma estrutura estratificada em várias camadas. A estratificação resulta da temperatura, densidade e composição do material contido nos vários pontos da estrela e que definem as reacções de fusão que aí podem ocorrer. Assim, da periferia para o centro temos: hidrogénio inerte, fusão do hidrogénio em hélio, fusão do A supernova 2011dh no dia 24 de Junho de 2011. Vizinhança da supernova ampliada em negativo. Crédito: Rafael hélio em carbono, Ferrando. etc. Na zona cenPágina 9


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COSMOLOGIA

O que aconteceu à estrela que explodiu na M51 ? (cont.) tral do núcleo da estrela, a fusão do silício realiza-se em apenas alguns dias. Por comparação a estrela passa vários milhões de anos na sequência principal transformando hidrogénio em hélio. O produto da fusão do silício é o níquel-56, um núcleo radioactivo que depressa decai em cobalto-56, também radioactivo, que finalmente decai no núcleo de ferro-56, muito estável. Rapidamente forma-se uma “cinza” de ferro no núcleo da nossa estrela. Quando a fusão do silício termina, a estrela tenta utilizar o ferro-56 no seu núcleo para desencadear a próxima sequência de reacções nucleares. A fusão do ferro-56 em núcleos mais maciços, no entanto, absorve energia em vez de libertá-la, pelo que a zona mais interior do núcleo da estrela perde sustentação e começa a contrair-se sobre o seu próprio peso.

A determinada altura a temperatura e densidade são tão elevadas que os electrões livres começam a ser capturados pelos protões nos núcleos atómicos, formando neutrões e uma quantidade enorme de neutrinos, uma partícula esquiva que atravessa rapidamente a estrela transportando uma grande quantidade de energia. Por outro lado, a cada vez mais intensa radiação gama começa a dissociar os núcleos atómicos de ferro transformando-os em núcleos de hélio. Ambos estes processos retiram do núcleo uma parte substancial da energia livre aumentando ainda mais o seu desequilíbrio energético e acelerando o colapso. Tudo isto se passa numa fracção de segundo enquanto o resto da estrela continua a realizar a fusão nuclear

Uma estrela maciça no final da sua vida. Note-se a estratificação da estrela em camadas onde ocorrem diferentes reacções nucleares de fusão. Crédito: www.cliffsnotes.com Página 10

de forma sustentada sem suspeitar do fim que se aproxima. A falência energética do núcleo faz com que este se contraia agora violentamente, a uma velocidade que atinge cerca de 70 mil km/s (23% da velocidade da luz)! A contracção é interrompida, se o núcleo não for demasiado maciço, quando o material atinge a densidade de um núcleo atómico. Nestas condições, os neutrões previamente formados, e que constituem agora a maior parte do material no núcleo, exercem uma pressão degenerada (um efeito quântico que deriva do Princípio de Exclusão de Pauli) que impede que o material seja mais comprimido. Forma-se uma estrela de neutrões que liberta uma enorme quantidade de energia enquanto se estabiliza. Simultaneamente, a interrupção do colapso gera uma onda de choque que inicia a sua propagação para o exterior, actuando sobre as camadas adjacentes ao núcleo. Nesta fase, o núcleo atinge temperaturas na ordem dos 100 mil milhões de Kelvin. A energia libertada pela formação da estrela de neutrões é transformada numa quantidade inimaginável de neutrinos e anti-neutrinos que atravessam a estrela com facilidade transportando a maior parte da energia libertada no colapso gravitacional. No entanto, no seu percurso para o exterior, transferem uma pequena fracção da sua energia para a onda de choque gerada pela interrupção do colapso, e que mostrava sinais de esmorecer (perceber como é feita esta transferência é um dos grandes pontos em aberto neste cenário). A onda de choque assim


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COSMOLOGIA

O que aconteceu à estrela que explodiu na M51 ? (cont.) energizada irrompe pela estrela e irá eventualmente destruí-la. O movimento da onda de choque comprime fortemente o material nas camadas exteriores, elevando a sua temperatura. Nestas condições dá-se uma rápida captura de neutrões por parte do núcleos atómicos presentes que, combinada com o decaimento radioactivo, permite a produção de elementos com número atómico superior ao ferro e níquel. Estas reacções têm o nome genérico de “processo R”. O ouro no seu anel, pulseira ou colar foi formado durante esta fase numa supernova. De notar que os neutrinos produzidos através da captura de electrões pelos protões e, depois, durante a

libertação da energia pela recém formada estrela de neutrões, transportam cerca de 99% da energia total de uma supernova de colapso gravitacional. A radiação que observamos de uma supernova e a energia cinética do material ejectado correspondem no total a cerca de 1% da energia libertada no colapso. Dependendo das características da estrela progenitora, a onda de choque só atinge a superfície da mesma algumas horas depois dos neutrinos formados no colapso terem por ela passado. Quando a onda de choque finalmente atinge a superfície, a supernova é visível pela primeira vez como um intenso “flash” de luz ultravioleta, seguido do aumento de

Simulação do fluxo caótico de material a altas temperaturas em torno da estrela de neutrões recém formada, não visível na imagem. Crédito: Don Lamb, ACS/Alliance FLASH Center, University of Chicago. Página 11

brilho no visível a que estamos habituados. Este cenário para o colapso gravitacional de uma estrela, previsto pelos teóricos há décadas, foi confirmado de forma espectacular naquela que foi, sem dúvida, uma das observações mais importantes da ciência no século XX. No dia 23 de Fevereiro de 1987, às 7 horas e 35 minutos, tempo universal, três detectores de neutrinos: o Kamiokande II no Japão, o IMB nos Estados Unidos e o Baksan na ex-União Soviética – detectaram no total 24 anti-neutrinos durante um intervalo ligeiramente inferior a 13 segundos. Tratava-se de um fluxo anormal de anti-neutrinos muito energéticos, num curto intervalo de tempo e originários da mesma posição no céu. Eram provenientes do colapso do núcleo de uma supernova, mas na altura ninguém fez essa associação. No Chile e na Austrália, 3 horas depois, a luz da supernova foi detectada em placas fotográficas que só viriam a ser examinadas posteriormente. A descoberta oficial da supernova 1987A deu-se já no dia 24 de Fevereiro por Ian Shelton e Oscar Duhalde, a partir do Observatório de Las Campanas, no Chile, e por Albert Jones, na Nova Zelândia. Os neutrinos tinham viajado até nós directamente do núcleo da supergigante azul Sanduleak -69° 202a, na Grande Nuvem de Magalhães, no momento em que esta sofria o colapso gravitacional. Foi a primeira, e até agora a única, observação directa dos primeiros segundos do inferno de uma supernova. Luís Lopes


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COSMOLOGIA

Porque brilha a supernova na M51 ? Num “post” anterior descrevi o processo que leva à explosão de uma estrela maciça e à formação de uma supernova como a que vemos actualmente na M51. Nessa altura parei a descrição quando a onda de choque proveniente do núcleo da estrela atingiu a superfície da estrela, tornando a supernova visível pela primeira vez. O que anteriormente era uma estrela é agora uma enorme bolha de plasma formado por núcleos atómicos, electrões livres e outras partículas em rápida expansão. A velocidade de expansão atinge tipicamente os 10 mil km/h. A luminosidade da supernova em expansão é proporcional à temperatura, e à área, da superfície que emite radiação para o espaço — a fotosfera da supernova. Nos primeiros dias da expansão da supernova, a luminosidade no visível aumenta porque a temperatura desce devagar e simultaneamente a área da

A diminuição da temperatura da supernova da periferia para o interior permite a recombinação do hidrogénio, tornando o meio transparente à radiação e permitindo que mais luz escape para o espaço. A fotosfera da supernova regride rapidamente até encontrar uma zona mais central contendo elementos sintetizados, representada pelo círculo laranja. Crédito: Swinburne University of Technology.

fotosfera da supernova aumenta enormemente. Este cenário continua durante vários dias até que a supernova atinge o máximo de luminosidade no visível. A partir deste ponto, a descida da temperatura da fotosfera deixa de ser compensada pelo aumento do seu tamanho e a

A curva de luz das supernovas de tipo “Ia” e de tipo “II”. Neste “post” falo apenas das supernovas de tipo “II” cujas curvas de luz variam bastante dada a grande diversidade de características das estrelas progenitoras. A curva de luz de uma supernova deste tipo pode ser dividida em três fases distintas: “A”, “B” e “C”. Crédito: Pearson Prentice Hall, Inc.

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luminosidade diminui rapidamente. Nesta fase, a supernova é uma enorme bolha de plasma em expansão. O gás encontra-se quase na totalidade ionizado pelo que é opaco à radiação. Dito de outra forma, a única radiação que vemos da supernova é proveniente da camada mais exterior da bolha formada principalmente por hidrogénio ionizado e electrões livres. As camadas interiores da supernova, contendo os elementos sintetizados pelas reacções de fusão nuclear, não são observáveis (fase “A”). Entretanto, quando a temperatura atinge os 5000 Kelvin, os núcleos de hidrogénio recombinam-se com os electrões livres e o gás fica essencialmente transparente à radiação, permitindo que vejamos radiação proveniente de camadas mais e mais profundas à medida que a descida da temperatura se propaga ao interior da supernova. Este movimento da fotosfera para camadas progressivamente mais profundas da supernova sustém temporaria-


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COSMOLOGIA

Porque brilha a supernova na M51 ? (cont.)

Os decaimentos radioactivos que transformam o 56 Ni em 56Co e o 56Co em 56Fe. Note-se que cada decaimento dá origem a raios gama e, em alguns casos, positrões.

mente a diminuição de luminosidade abrupta que se vinha verificando, porque permite que mais radiação saia da supernova para o exterior. Na curva de luz, este efeito aparece como um “planalto” durante o qual a luminosidade da supernova se mantém quase constante (fase “B”). A existência deste “planalto” indica que a estrela progenitora tinha uma quantidade apreciável de hidrogénio nas suas camadas exteriores. De facto, a duração desta fase permite, com informação complementar, inferir parte da estrutura interna da estrela progenitora. Este “planalto” temporário termina quando o gás se torna transparente até às camadas mais interiores da supernova, permitindo que luz proveniente dos elementos pesados sintetizados escape para o espaço. A luminosidade da supernova começa de novo a diminuir e desta feita a supernova parece não ter mais nenhum truque que permita inverter esta situação. Mas eis que somos de novo surpreendidos. Entre os elementos sintetizados há uma enorme quantidade de núcleos atómicos radioactivos. Em particular, a fusão do silício numa supernova de tipo “II” durante a propagação da onda de choque produz uma grande quantidade de 56Ni (um isótopo instável do níquel). [Nota: isótopos são átomos de um mesmo elemento Página 13

que diferem entre si pelo número de neutrões no núcleo.] Este isótopo tem uma vida média de 6.1 dias e decai no 56Co (um isótopo do cobalto). [Nota: não é possível prever o decaimento radioactivo de um núcleo atómico. No entanto, um conjunto de núcleos de um dado isótopo decaem de forma previsível. Dizer que o 56Ni tem vida média de 6.1 dias quer dizer que se tivessemos 1000 núcleos de 56Ni agora, ao fim de 6.1 dias teríamos apenas 500, ao fim de mais 6.1 dias teríamos apenas 250, etc.] O decaimento radioactivo dos núcleos de 56Ni e liberta radiação gama que ioniza e aquece o gás da supernova, contribuindo para a sua luminosidade. Uma vez que a vida média deste isótopo é de apenas 6.1 dias, a maioria dos núcleos de 56Ni decaem antes de terminar a fase do “planalto”, cerca de 100 dias após a explosão. Por outro lado, o 56Co resultante decai com vida média de 77.1 dias em 56Fe (um isótopo estável do ferro). Este decaimento pode acontecer por duas vias distintas, com diferentes probabilidades, e dando origem a produtos ligeiramente distintos. Os raios gama libertados nestes decaimentos são específicos e quando observados com observatórios como o telescópio Fermi, permitem identificar sem ambiguidade estes isótopos em remanescentes de supernova. Esta radiação foi efectivamente detectada para várias supernovas de tipo II nesta fase da sua evolução, corroborando este cenário. De facto, o declive na curva de luz da supernova nesta fase obedece exactamente a uma lei exponencial, diminuindo a lumi-

nosidade quase para metade em cada 77.1 dias (fase “C”). Existem naturalmente outros isótopos radioactivos que contribuem para o brilho da supernova mas que em função da menor quantidade em que são produzidos ou pela sua vida média não assumem uma importância tão grande como este ciclo envolvendo o 56Ni, o 56Co e o 56Fe. O 44Ti (um isótopo do titânio), por exemplo, tem uma vida média de cerca de 60 anos (ainda não foi determinada com precisão) e contribui significativamente para o brilho da supernova várias centenas de anos após a explosão original. Para descobrir novos remanescentes de supernovas os astrónomos tentam detectar novas fontes de raios gama com o comprimento de onda específico associado ao decaimento do 44Ti. Em remanescentes mais antigos os raios gama provenientes do decaimento do 44Ti serão já difíceis de detectar pelo que outros isótopos, e.g. o 26Al (isótopo do Alumínio) com uma vida média de cerca de 700 mil anos, são utilizados. Em resumo, inicialmente uma supernova brilha devido à radiação emitida pelo material a temperaturas muito elevadas e em expansão rápida pelo espaço. Perdido o ímpeto inicial da explosão, a supernova brilha porque é aquecida pela radiação gama libertada no decaimento de isótopos radioactivos produzidos nas reacções nucleares de fusão desencadeadas pela onda de choque que destruiu a estrela. Luí Lopes


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COSMOLOGIA

Descoberto o quasar mais distante conhecido

Crédito: ESO

Uma numerosa equipa de astrónomos europeus anunciou a descoberta do quasar mais distante conhecido. Situado a 12.9 mil milhões de anos-luz, observá-mo-lo tal como era quando o Universo tinha apenas 770 milhões de anos de idade. O seu desvio para o vermelho é de 7.085.

A descoberta foi feita pesquisando pacientemente pelos milhões de objectos na base de dados do UKIDSS (UKIRT Infrared Deep Sky Survey) e identificando candidatos a quasares muito distantes. Os astrónomos utilizaram um “survey” no infravermelho pois, à distância a que se encontram estes quasares, a maioria das linhas espectrais que

servem de diagnóstico da sua natureza encontram-se no infravermelho, devido ao efeito de Doppler provocado pela expansão cósmica. Podem ver a notícia aqui (português) ou o artigo na revista Nature. Luís Lopes

Quasares para o Guinness Book of Records ? As notícias relativamente frequentes que descrevem a descoberta de quasares cada vez mais longínquos (vejam este exemplo) podem fazer passar a ideia de que, por algum motivo insólito, os astrónomos têm algum interesse em ter o seu nome inscrito no Guinness Book of Records. A realidade é bem diferente. Determinar as distâncias exactas, a frequência e as características destes quasares muito distantes é fundamental para percebermos como e quando aconteceu a chamada “era da re-ionização”. Trata-se do Reconstituição artística de um quasar na “era da re-ionização”, num Universo ainda maioritariamente escuro. Crédito: Nature Página 14


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COSMOLOGIA

Quasares para o Guinness Book of Records ? (cont.) As primeiras estrelas, galáxias e quasares formaram-se durante a “era da reionização”. Crédito: NASA/WMAP Science Team.

momento na evolução do Universo em que apareceu a primeira geração de estrelas e em que se formaram as primeiras galáxias e quasares. Aliás, quasares não são mais do que núcleos de galáxias com buracos negros super-maciços activos e muito energéticos. A radiação intensa destes objectos emergentes ionizou o hidrogénio existente no meio interestelar, iluminando um Universo que durante centenas de milhões de anos tinha permanecido escuro. Mas como sabemos se observamos um quasar na era da re-ionização ? O espectro dos quasares é dominado por linhas espectrais de emissão provenientes de gás ionizado a altas temperaturas no núcleo da galáxia. Nos quasares mais distantes, uma característica espectral designada de “floresta Lyman-alfa” torna-se proeminente. Trata-se de um conjunto vasto de linhas espectrais de absorção correspondentes à energia do estado fundamental do átomo de hidrogénio. Esta linha, designada de “Lyman-alfa”, ocorre no ultravioleta, com um comprimento de onda de 121.6 nanometros.

A formação de uma “floresta Lyman-alfa” através da absorção de fotões ultravioletas por nuvens de hidrogénio situadas na linha de visão com a Terra. Crédito: Edward L. Wright.

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No espectro de um quasar com desvio para o vermelho “z”, a linha “Lyman-alfa” de emissão é desviada para o vermelho por um factor de “1+z”. Além disso, na sua viagem até à Terra, a luz ultravioleta do quasar pode encontrar nuvens de hidrogénio que absorvem luz no mesmo comprimento de onda de 121.6 nanometros. Por se encontrarem mais próximas de nós, estas linhas de absorção apresentam um menor

desvio para o vermelho do que a linha “Lyman-alfa” correspondente ao quasar. Em geral, quanto mais distante o quasar, maior a quantidade de nuvens de hidrogénio ao longo da linha de visão com a Terra e portanto maior o número de linhas de absorção por elas provocadas no espectro do quasar formando uma “floresta (de linhas) Lyman-alfa”. Em 1965, James Gunn e Bruce Peterson previram que se observassemos quasares na “era da re-


Junho 2011

COSMOLOGIA

Quasares para o Guinness Book of Records ? (cont.) ção das primeiras estrelas e galáxias e o impacto da primeira geração de estrelas no enriquecimento em metais do Universo. Não se trata portanto de uma corrida fútil ao Guinness. Luís Lopes Na literatura confunde-se muitas vezes o quasar com um pulsar.

Comparação do espectro na região “Lyman-alfa” para o quasar relativamente próximo 3C273 e o quasar longínquo Q1422+2309. Notem a enorme quantidade de linhas de absorção à esquerda (menor comprimento de onda) da linha “Lyman-alfa” de emissão. Crédito: William C. Keel.

ionização”, a quantidade de hidrogénio neutro existente nas suas imediações seria suficiente para provocar uma absorção profunda nos comprimentos de onda adjacentes à linha “Lyman alfa” (e outras do hidrogénio). O resultado é um espectro quase desprovido de emissão, quase liso, nessa região. Por outras palavras, a “floresta Lymanalfa” daria lugar, progressivamente, para os quasares mais distantes e à medida de penetramos na era da reionização, à ausência quase completa de emissão. A detecção do efeito de Gunn-Peterson, como é conhecido, no espectro de um quasar, indica que o observamos na “era da re-

ionização”. Devido à sua luminosidade muito elevada, que os torna visíveis a enormes distâncias, estes quasares são as únicas sondas que temos para estudar as condições do Universo na “era da re -ionização”. A sua observação permitirá determinar, por exemplo, a escala de tempo necessária à forma-

O efeito de Gunn-Peterson é visível nesta imagem que mostra os espectros de vários quasares distantes. À medida que o valor de “z” aumenta, a região adjacente (à esquerda) da linha “Lyman-alfa”, apresenta cada vez menos fluxo devido à absorção dos fotões ultravioletas por uma quantidade crescente de hidrogénio neutro no espaço. Crédito: Fan et al. 2004. (ao lado) Página 16


Volume 1, Edição 5

COSMOLOGIA

Energia Negra confirmada?

Um artigo interessante sobre como a energia negra é publicitada como “provada”, mas na verdade o que se prova é simplesmente o distanciamento crescente entre grupos de galáxias, mas na verdade não é definido o que é a “energia negra” (só se “vê” o efeito). De forma similar, o mesmo se passa para a “matéria negra”. Mas o mais interessante este mês, ainda é este artigo: “O Universo pode não estar em expansão acelerada. Na verdade, a observação das estrelas supernovas indica várias possibi-

lidades para a aceleração cósmica, e não se pode prever de forma precisa o ritmo ou a continuidade da expansão. Esta interpretação está sendo oferecida por Antonio Guimarães e José Ademir Sales de Lima, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP). A partir da análise dos dados das supernovas, os pesquisadores demonstraram que o estado atual do Universo abre um grande número de possíveis variáveis sobre sua expansão ou retração. (…)

As análises mostraram que houve um período de aceleração recente (acontecido há alguns bilhões de anos). Porém, o estado atual de aceleração é mais incerto do que indicado pelos modelos de energia escura. A situação seria indeterminada, a expansão pode ser acelerada, mas estar em diminuição, já que o estado atual do Universo é melhor representado por uma distribuição de probabilidades. (…)” Leiam todo o artigo, aqui. Carlos Oliveira

Recorde de Distância no Universo Existe um novo candidato a objeto mais distante no Universo. A causa é uma gigantesca explosão de Raios Gama, que ocorreu a 13,14 mil milhões (bilhões, no Brasil) de anos-luz de distância da Terra. A explosão foi denominada de GRB 090429B. Esta explosão deu-se quando o Universo era um bebé de apenas 520 milhões de anos de idade – 4% da idade atual – e tinha menos de 10% do tamanho atual. A galáxia que detinha a estrela que deu origem a esta explosão era certamente uma das primeiras galáxias do Universo. Cerca de duas explosões de raios gama – as mais brilhantes explosões conhecidas – são observadas todos os dias. Mas no caso da GRB 090429B, bate todos os recordes de distância! Leiam aqui, aqui, aqui, e aqui. Carlos Oliveira Página 17


Junho 2011

ASTRONÁUTICA

ORS-1 em órbita Após um adiamento de 24 horas devido a más condições atmosféricas, a Orbital Sciences Corporation (OSC) levou a cabo com sucesso o lançamento do satélite Operationally Responsive Space1 (ORS-1) ás 0309:00UTC do dia 30 de Junho de 2011. O lançamento foi levado a cabo desde o MidAtlantic Regional Spaceport (MARS) em Wallops Island, Vírgínia. O lançamento foi levado a cabo por um foguetão Minotaur-I a partir do Complexo de Lançamento LA-0B.

O ORS-1 será operado pelo Department of Defense Operationally Responsive Space Office e

órbita constitui um passo importante para demonstrar a capacidade de se conseguir suportar necessidades imediatas em tempo útil. O satélite tinha uma massa de 434 kg no lançamento, tendo-se separado do último estágio do lançador às 0321UTC. O ORS-1 irá agora completar uma fase de 30 dias de avaliação de desempenho antes de o seu controlo ser formalmente entregue ao 1º Esquadrão de Operações Especiais na Base Aérea de Schriver, Colorado. O satélite transporta um sensor de observação derivado da câmara SYERS-2 que é utilizada nos aviões U-2.

constitui um protótipo. O rápido desenvolvimento e colocação em

Rui Barbosa

SAC-D/Aquarius em órbita O Satelite de Aplicaciones Cientificas -D, que transporta o instrumento Aquarius da NASA, foi lançado às 1420:13UTC do dia 10 de Junho de 2011 por um foguetão Delta-2 732010 (D354) a partir do Complexo de Lançamento SLC-2W da Base Aérea de Vandenberg, Califórnia. Todas as fases do voo, que foi adiado por 24 horas devido a problemas técnicos, decorreram sem qualquer problema. Página 18

O satélite SAC-D/Aquarius foi construído pela agência espacial argentina CONAE e está equipado com vários instrumentos científicos provenientes de vários países. O satélite tem como objectivo procurar as peças que faltam para compreender as alterações climatéricas do nosso planeta. Um dos instrumentos a bordo é o Aquarius, um conjunto de sensores desenhados para levar a cabo medições globais do conteúdo de sal

na superfície oceânica. Rui Barbosa Imagem: ULA (William G. Hartenstein )


Volume 1, Edição 5

ASTRONÁUTICA

ZEHST ZEHST, Zero Emission Hyper Sonic Transport, é um avião supersónico de passageiros projetado pela EADS. É um descendente do Concorde. “O projecto dá pelo nome de ZEHST (Zero Emisssion HyperSonic Transportation) e consiste num avião ultrasónico de fabrico europeu que poderá ligar Paris a Tóquio em menos de duas horas e meia, em vez das 11 actuais. Mas só em 2050. (…) A EADS estima que estes voos poderão ter como clientes habituais donos de grandes multinacionais, adiantando que os preços dos bilhetes rondarão os 6000/8000 euros para um trajecto entre Paris e Nova Iorque – que se fará em hora e

O aparelho voará a uma altitude de 32 quilómetros acima do nível do

velocidade quatro vezes mais rápida

mar. Esta particularidade permitir-

que a velocidade do som.

lhe-á “não contaminar a capa

E a cereja no topo do bolo é que

atmosférica” e alcançar a velocidade

este aparelho promete fazer viagens

de 5000 km/h, indicou ainda Botti.

intercontinentais com baixas emis-

(…)”.

sões de gases contaminantes, graças

Leiam todo o artigo, no Público.

à utilização de combustíveis biológicos. (…) O Concorde levava cerca de 120 pas-

Carlos Oliveira

sageiros a bordo, ao passo que este novo aparelho deverá transportar apenas entre 60 e 100 pessoas.

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meia. (…)

O avião será capaz de alcançar os 5000 quilómetros por hora, uma

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Junho 2011

ARTIGOS

E pur si muove… No passado dia 17 de Junho realizou-se, na Casa da Escrita em Coimbra, o 1º Atelier de Escrita em Comunicação de Ciência. Tive o prazer de ser um dos participantes, e de produzir um dos textos, intitulado O Átomo e o Pêndulo. O pêndulo do título é um pêndulo de Foucault, colocado na entrada da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, que encontrámos estranhamente parado (leiam porquê no fim do texto do atelier). Mas o que é um pêndulo de Foucault, e para que serve? O que nos mostra um pêndulo de Foucault é que, com um pêndulo grande e lento o suficiente, podemos realmente medir a rotação da Terra, que altera lentamente o plano de oscilação do pêndulo devido à força de Coriolis. Desta forma, se o pêndulo começar a oscilar na direcção Norte/Sul, passado algum tempo estará a oscilar Este/Oeste (passando, claro está, por todas as posições intermédias), algo que não vemos nos relógios de pêndulo lá de casa. A grande diferença entre o pêndulo de Foucault e o dos relógios é que a força de Coriolis só começa a ser relevante em movimentos mmmmmmuuuuuuuito lentos, ou então a grandes escalas (esta é a causa, por exemplo, dos furacões terem sentidos de rotação diferentes nos hemisférios Norte e Sul). Se forem a um daqueles restauranPágina 20

te chineses, que tenha uma mesa com uma plataforma giratória no meio, há uma experiência que podem fazer (descrita com mais detalhe pelo novo Ministro da Ciência Nuno Crato, numa crónica do Expresso): Levem um berlinde, molhem-no em molho de soja e ponham a plataforma a rodar. Depois atirem o berlinde (com pouca força) em linha recta para o outro lado e vejam qual a trajectória que desenhou o molho de soja na plataforma (sem querer estragar a surpresa, será uma curva, e não uma recta). No entanto, se estivessem em cima da plataforma a rodar (ou seja, parados em relação à plataforma), observariam um berlinde que “misteriosamente” fez uma curva. A “força” de Coriolis, assim como a “força” centrífuga (a que sentimos num carro a fazer uma curva apertada), são por isso chamadas de pseudo-forças, porque só existem dependendo do referencial do observador. Regra geral, para quem vê “de fora”, elas não existem e explicam-se facilmente pelo movimento do próprio observador em conjunto com o referencial. No entanto o observador, que na sua perspectiva está parado, não consegue “vêr” o seu próprio movimento. Isto é o que vemos no nosso referencial, a Terra. Para nós, o chão não se está a mexer – o nosso planeta está parado e é o Universo que

gira à nossa volta. Da nossa perspectiva, é o Sol que roda de Este para Oeste, e não a Terra que roda sobre si própria. Com o pêndulo de Foucault, temos uma visão diferente. Sendo um pêndulo enorme, com um oscilar bastante lento, é afectado de maneira visível pela rotação da Terra. Por isso, apesar de ser posto a oscilar numa direcção, ao longo do tempo vai lentamente mudando a sua direcção de oscilação. Já a pequena escala ou a grandes velocidades (por exemplo, a água a escoar no ralo do lavatório ou o pêndulo do relógio), o mais pequeno “espirro” é suficientemente forte para se sobrepor à força de Coriolis e alterar os movimentos. No caso da água, a forma do lavatório é muito mais determinante na direcção de rotação da água que a força de Coriolis.

Ricardo Cardoso Reis Núcleo de Divulgação Centro de Astrofísica da Universidade do Porto


Volume 1, Edição 5

FÍSICA

Reciclar água no espaço Água – é essencial para a vida. Quando a aventura dos futuros exploradores do espaço for feita para além da órbita baixa da Terra, o seu abastecimento de água só será obtido a bordo dos seus veículos espaciais. Durante o vôo final do vaivém Atlantis (missão STS – 135), os cientistas da NASA planeiam testar um novo método para reciclagem de água “usada”. A ideia é fazer uma bebida fortificada que proporciona hidratação e nutrientes de todas as fontes disponíveis a bordo de uma nave espacial, como o sistema de águas residuais (esgoto) e até mesmo a urina. O método descrito para o teste usa um processo conhecido como osmose. A osmose é o nome dado ao movimento da águaentre meios com concentrações diferentes de solutos, separados por uma membranasemipermeável. É um processo físico-químico importante na sobrevivência das células.

Six forward osmosis kits will fly aboard space shuttle Atlantis on the STS-135 mission. Credit: NASA/Todd Mortenson

“A membrana funciona como uma barreira que permite que pequenas moléculas, como a água, passem pela mesma, bloqueando moléculas grandes como os sais, açúcares, amidos, proteínas, vírus, bactérias e parasitas,” explicou Michael Flynn, investigador da Ames Research Center da NASA. Ler notícia completa, em inglês, em PhysOrg. José Gonçalves

Fluxo de água a baixas temperaturas A água quando arrefecida, ultrapassando as temperaturas negativas, normalmente cristaliza-se formando o gelo. Ove Andersson, um físico da Universidade de Umea, Suécia, conseguiu produzir um fluxo lento de água a – 130ºC (abaixo de zero) sob alta pressão, 10.000 vezes maior do que a pressão normal. É possível que esse tipo de fluxo de água exista em outros corpos celestes. A água no estado sólido, com as suas moléculas ordenadas, ao ser exposta a uma elevada pressão, à temperatura de -130ºC, a rodem das moléculas colapsa para um gelo amorfo, onde a ordem das moléculas fica aleatória. “A água é como a água no estado líquido, mas com uma densidade 35% superior, e apresenta um movimento relativamente lente, ou seja, a viscosidade é elevada”, disse Ove Andersson. Ler mais sobre isto aqui. José Gonçalves Página 21

Imagem: Estrutura do gelo. Crédito: Schulson


Junho 2011

TERRA

Um recife do outro mundo… Quando Neil Armstrong regressou da Lua, perguntaram-lhe se tinha conseguido ver a Grande Muralha da China. De uma forma um pouco surpreendente, parece ter sido uma das perguntas mais vezes colocadas ao senhor dos saltos gigantes. As enormes dimensões da estrutura, o seu aspecto esmagador e o estatuto conferido pela antiguidade dão-lhe uma aura simbólica grandiosa. Uma coisa tão grande construída pelo génio humano teria de ser vista do espaço… Na realidade, a muralha apenas pode ser observada a partir de órbitas baixas. Aparentemente, pode ser vista a cerca de 150 quilómetros de altitude e sob condições atmosféricas muito particulares. Ainda assim é uma distância muito respeitável! Contudo, outras construções humanas podem ser vistas a uma distância um pouco superior, nomeadamente estruturas largas que se destaquem das tonalidades do solo em redor. As grandes auto-estradas do deserto americano e algumas pistas de aeroportos parecem estar Página 22

neste caso. Nas condições ideais, algumas podem ser vistas a cerca de 200 km de distância. As grandes manchas urbanas são zonas indistintas, e algumas não passam despercebidas a cerca de 300 quilómetros de altitude. Não são estruturas únicas, mas a sua “textura” permite perceber que se trata de uma zona diferenciada do planeta.

distribuída por uma miríade de ilhas e recifes separados. Os recifes são ecossistemas marinhos com uma incrível biodiversidade – talvez das zonas mais exóticas da Terra. Quem já mergulhou na zona jura que nunca irá esquecer o que viu e sentiu… A zona é património da UNESCO e, de acordo com a CNN e outros meios independentes, uma das 7 maravilhas do nosso planeta – uma construção não humana a revelar o esplendor da Terra…

Mas a medalha da maior construção terrestre visível a partir do espaço não vai para a espécie humana! Surpresa!!! É a Grande Barreira de Coral! A Grande Barreira de Coral é um sistema de recifes com uma área aproximada à da Alemanha, mas

Se os extraterrestres realmente existirem e se um dia visitarem o nosso planeta, a primeira construção que irão ver será de origem não humana. Um lugar belíssimo e único em qualquer planeta do universo maravilhoso… Já escolheram o vosso próximo destino no Sistema Solar? Fica aqui uma boa sugestão… Pedro Cotrim


Volume 1, Edição 5

TERRA

Um lago em Grímsvötn

A cratera do vulcão islandês Grímsvötn vista pelo satélite Earth Observing-1 a 11 de Junho de 2011. Crédito: NASA/GSFC.

No final de Maio, o vulcão subglacial Grímsvötn foi protagonista de uma violenta erupção que espalhou cinzas por quase toda a Islândia durante quase uma semana. Com o fim da actividade eruptiva, a caldeira do vulcão encheu-se de água de degelo proveniente do glaciar de Vatnajökull, criando um

lago com quase um quilómetro de comprimento. Como se pode observar na imagem recentemente obtida pelo satélite EO-1, de toda a caldeira de Grímsvötn manteve-se exposta apenas uma estrutura em forma de crescente na margem sul do lago, formada provavelmente

Já publicamos um post sobre como o planeta Terra era bastante diferente no passado e estará irreconhecível no futuro. Vejam aqui. Agora, leiam este artigo que nos diz que daqui por 50 a 100 milhões de anos, o Oceano Atlântico deverá desaparecer. Para ser sincero, não percebi muito bem como o Oceano desaparecerá… Que eu saiba, pelos dados que temos do meio do Atlântico, ele continua a alargar. Carlos Oliveira

Fim do Oceano Atlântico

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porpiroclasto proveniente da erupção. Em redor do vulcão é possível ver ainda uma extensa área do glaciar coberta por cinzas vulcânicas. A erupção de Grímsvötn foi dada como extinta a 28 de Maio, quando se registaram os últimos tremores harmónicos. Sérgio Paulino


SISTEMA SOLAR

Junho 2011

Sondas Voyager encontram espuma magnética nas fronteiras do Sistema Solar

Uma nova visão da heliosfera numa representação artística que inclui as bolhas magnéticas observadas pelas sondas Voyager nas fronteiras do Sistema Solar. Crédito: NASA/Goddard Space Flight Center/CI Lab.

Chegaram notícias inespeespumosa observada pelos radas das regiões mais instrumentos das Voyager. exteriores do Sistema Esta descoberta levanta novas Solar. As duas sonquestões quanto à eficácia das Voyager detectaram desta região na defesa do Sisuma região turbulenta tema Solar dos raios cósmicos preenchida por bolhas galácticos. Aparentemente, magnéticas com cerca de a heliopausa é mais uma 160 milhões de quilómemembrana porosa do que tros de comprimento, pouuma verdadeira barreira. Os co mais que a distância investigadores vão continuar a que separa a Terra do Sol. reunir mais dados, de forma a Comparação da dimensão das bolhas magnéticas com a A descoberta surpreendeu perceberem qual a verdadeira distância Terra-Sol. os investigadores da misinteracção entre estas estrusão. Aparentemente, a turas e o meio interestelar. região de interacção entre a heliosfera e o meio interestelar é muito mais complexa que o previsto nos Sérgio Paulino modelos teóricos. Devido ao movimento de rotação do Sol, o campo magnético solar tende a deformar-se A nova visão das como a saia de uma bailarina. Nas distantes regiões fronteiras do Sistema onde se encontram as duas sondas Voyager, as dobras do campo magnético são comprimidas e reorSolar (à direita) comganizadas. Ao contrário do que os cientistas pensaparada com o modelo vam, esta reorganização não é simples nem graciosa. antigo (à esquerda). Acumuladas contra o espaço interestelar, as linhas de Crédito: NASA/ força magnética entrecruzam-se e reconectam-se, Goddard Space Flight Center/CI Lab. por vezes de forma violenta, gerando a estrutura Página 24


Volume 1, Edição 5

SISTEMA SOLAR

Sol vai descansar O Sol tem ciclos de 11 anos. Neste ciclo atual, o pico de atividade solar será em 2013. Depois começa um novo ciclo que terá a baixa atividade em 2018, e terá novo pico de atividade em 2024. No entanto, 3 estudos diferentes indicam que o Sol vai estar menos ativo no próximo ciclo. Um deles mostra que a frequência de manchas solares, que são causadas por fortes forças magnéticas, tem diminuído. Um outro sinal é que a força magnética dessas manchas também tem diminuído.

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Por fim, os padrões de fluxo de gases na superfície da estrela também parecem indicar que o Sol irá “perder força”. Sendo assim, espera-se que o máximo solar em 2013 seja fraco, e que a partir daí o Sol entre em hibernação. Se isso acontecer, então pode haver uma “pequena era do gelo”, como já houve entre 1645 e 1715, no chamadoMínimo de Maunder, em que a fraca atividade solar levou a um decréscimo da temperatura na Terra. A única boa notícia será que as notícias sobre o aquecimento global desaparecerão… Leiam sobre isto, aqui, aqui, e aqui. Carlos Oliveira


SISTEMA SOLAR

Junho 2011

Anatomia das tempestades e explosões solares Anteriormente foi publicado, aqui no blog, a explicação das manchas solares (que também aparece nesta infografia), uma mancha solar em fúria e um vídeo sobre o nascimento de um grupo de manchas solares, ocorrido em Fevereiro deste ano. Agora, deixo-vos esta fabulosa infografia sobre a Anatomia das Tempestades e Explosões Solares, da autoria de

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Volume 1, Edição 5

Karl Tate, da space.com

José Gonçalves

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SISTEMA SOLAR


astroPT

astroPT teve problemas Caros leitores, pedimos imensa desculpa por o blog estar offline durante quase 10 dias – desde dia 15 até dia 25. A razão é simples: foi devido a todos vocês. O nosso recorde diário era de pouco mais de 7000 visitas. Devido ao eclipse lunar de dia 15 de Junho de 2011, ultrapassamos as 20 mil visitas! O nosso alojamento deitou-nos o site abaixo, devido a tantas visitas. Entretanto, o alojamento não deu os dados para podermos transferir a base de dados. Esperamos uns dias. Seguidamente colocamos noutro alojamento, mas o Help Desk não sabia con-

figurar umas coisas que precisávamos. Mais uns dias em “espera”. Finalmente… mudamos para outro alojamento. E para já está a dar bem. Estamos a tentar mudar para Marte… pode ser que os Marcianos nos aceitem. Carlos Oliveira ———————————————--—— Ùltimas: A comunidade astroPT está referenciada na revista Gui@ da Internet deste mês (n.º 134, pág. 29). Como se pode ler na revista, com o título da referencia Astronomia em Português, na página 29, “(…) é um local onde (…) trocam opiniões, discutem ideias e informam sobre temas relevantes no sector astronómico.” Obrigado ao Hugo Neves pela referência dada à revista. José Gonçalves

Endereço da actividade Linha de endereço 2 Linha de endereço 3 Linha de endereço 4

ESTAMOS NA WEB! http://astropt.org Tel: 219-235-401 Fax: 219-235-401 Correio electrónico: alguem@example.com

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ESTE ESPAÇO PODE SER SEU! QUER ANUNCIAR NA NOSSA PUBLICAÇÃO OU WEBSITE? CONTACTE-NOS! astroPT: no mês de Junho, mesmo com o período de interrupção, obtivemos mais de 118000 visitas.

astroPT magazine, revista mensal da astroPT Textos dos autores, Design: José Gonçalves

A fase total do eclipse lunar de 15 de Junho *…+. A APOD*…+, resulta de uma composição de uma sequência regular de fotos, a acompanhar o disco lunar sobre a Acrópole, em Atenas, Grécia. Na APOD de 25 de Junho. Conceição Monteiro


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