Revista Acelera

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PRIMEIRA PALAVRA

RACHA TARUMÃ FAZ 13 ANOS

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uando criamos o Racha Tarumã em 1997, jamais imagi-

meu ego se sente bem, pois se somos copiados é sinal de que

nei que vencer a resistência da Diretoria do Automóvel Clube

estamos no caminho certo. E mais uma vez é bom lembrar: 13

do Rio Grande do Sul seria o primeiro passo do evento que

anos acertando.

mudou a vida de Tarumã, salvando vidas nas ruas de nossas

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cidades e, de carona, salvando a vida do autódromo. No início, até o patrocinador das corridas de automóvel resistiu à grande

e volta aos números, tenho que destacar um número que,

dependendo do lugar ou posição que ele ocupar, pode repre-

possibilidade de anunciar e explorar a imagem das cadeiras

sentar o fracasso. Neste nosso tão querido evento o ZERO

elétricas no Racha.

(com letras maiúsculas de propósito) representa a exata quanti-

R

dade de pessoas que se feriram participando do evento.

ealmente, o que para muitos eram uns malucos arriscando

a vida num chevette velho, passou a ser uma parte importante do evento e, por consequência, um dos combustíveis que

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agora, às vésperas do aniversário, o Racha Tarumã ganha de

presente a disposição, a energia, a doação de uma Associação

movem esta engrenagem durante tanto tempo. Temos em nos-

de peso, com um líder que muitas vezes lembra um guru, o Mar-

sa contabilidade números impressionantes, sendo que o mais

quinhos, aquele com sobrenome Marquinhos da Sprint, e nova-

impressionante deles me foi chamado a atenção outro dia pelo

mente estremecemos os asfaltos (ou seriam os concretos?) da

Darci Junior, nosso grande colaborador desde o início. É o fato

Arrancada no Brasil, com uma primeira etapa com mais de 230

de Tarumã fazer 40 anos em novembro e o Racha, com seus

participantes na pista, número ainda não igualado por aqui.

13, representar mais de um terço da vida de Tarumã.

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omo não lembrar também neste primeiro editorial a

grande doação do gigante Valter Marquetti, meu irmão, meu parceiro, uma figura que não tem como definir a não ser como um grande cara, de uma habilidade ao volante como poucos.

esafio - não poderia ter nome mais apropriado a todos nós,

ao Racha Tarumã, pois desafiamos muitas coisas, muitas!

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agora estamos, mais uma vez, dando um passo adiante

com a criação da revista ACELERA, que certamente vai ser

Todas as sextas está lá por coração, sem nada receber a não

um sucesso e marcará o início de um novo ciclo, rumo ao

ser o carinho da sua legião de fãs, e a satisfação de saber

CONCRETO. Sim, rumo ao CONCRETO, aquele que muitos

que faz parte do que, incontestavelmente, viabilizou Tarumã.

sonham, e, se Deus quiser, vai ser no lugar certo, no templo

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sagrado da velocidade, na reta do realmente internacional

reze anos com uma média de 35 Rachas por ano. Chegamos

dos nossos circuitos, que já recebeu Fittipaldis, Sennas,

a outro número gigante, mas que se torna pequeno quando o

Piquets e outros tantos nomes que fizeram, junto com todos

multiplicamos pelo número de pessoas que por lá passaram. São

os gaúchos, a história de Tarumã. E usando as palavras do

1.365.000 pessoas ao longo destes 13 anos de absoluto suc-

nosso Presidente, João Sant`Anna: TARUMÃ TEM ALMA. Eu

esso. E, sem dúvida nenhuma, algumas vidas foram poupadas,

acrescento: e a história ao seu lado.

ao darmos um foco social à atividade toda, conscientizando os jovens de que ali é o lugar certo para acelerar.

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ambém vimos em todo o país nossa ideia ser copiada

e posta em prática, alguns nos nossos moldes, outros nem tanto. E quando me perguntam o que acho, se não me sinto roubado na ideia, respondo, de pronto, que me orgulho, que

Marcio Pimentel

ACELERA! (Ano 1 # ZERO) Editor: Marco Queiroz – marquinhosprint@hotmail.com | Textos: Marco Queiroz | Fotos: Igor Terres, Adriana Sugimoto, Rita Copetti de Queiroz, Carlo Isaia Neto, Dudu Leal, Julia Copetti de Queiroz, Fábio Copetti de Queiroz, Jeferson Saldanha | Foto da capa: Igor Terres | Diagramação: Adriana Sugimoto – adri. sugimoto@gmail.com | Revisão: Beti Copetti | Colaboração: Valeria Meireles, Vicente Queiroz, Alexandre Kroeff, Nelson Razia | Jornalista responsável: Beti Copetti (reg prof 6513/RS) - beticopetti@hotmail.com | Impressão: Comunicação Impressa | ACELERA! é uma publicação feita para o Racha Tarumã | Diretor do Autódromo: Marcio Pimentel Secretária: Valeria Meireles | Automóvel Clube do Rio Grande do Sul | Presidente: João Sant’Anna


RACHA

o filme é bom, o tempo voa na poltrona Quando do cinema... ssa é a analogia mais justa que se pode fazer com E o Racha Tarumã agora que, num pequeno flash da memória, já completa 13 anos. primeiro se chamou DESAFIO DOS RACHAS e O aconteceu no dia 29 de agosto de 1997. Estiveram em Tarumã 1.919 pagantes, encarando sem medo a noite fria para ver os carros que faziam a fama na rua. O quanto este gesto tão simples quanto poderoso representou para a cultura, para a formação do imaginário gaúcho no cenário das corridas de arrancada ninguém ousaria prever ou acreditar possível.

13 ANOS

conceitos eram tão bons para a época, que poucos notaram o que realmente estava acontecendo. Mas o público - a voz que mais importa - notou, e deu seu aval para estes 13 anos. om 13 anos, o Racha é um adolescente. Como C todo adolescente, não é fácil e não se entrega. Mas se renova... gora tem a exatidão do presente, com o novo A sistema de cronometragem, sem nunca perder o respeito pela competição e busca obstinada pela

vitória. Abre novos caminhos ao premiar os vitoriosos em dinheiro, na hora, reconhecendo claramente sua importância.

hega neste novo tempo com a ND1 e seus 3.950 Racha se tornou o único empreendimento a penO sar na competição como entretenimento partici- Cpagantes. pativo, onde o público tem vez e faz a diferença. Para im, minha gente, o Racha está vivo, Tarumã está os pilotos, competidores, participantes, representou a S vivo... acessibilidade, a possibilidade de estar em uma pista de competição com história - Tarumã já foi um dos lugares preferidos de grandes pilotos por ser mesmo desafiador - e um caminho para o aprendizado. Estes

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Vivo e pulando!

Leiam os depoimentos e saibam porquê.


DEPOIMENTOS DOS PIONEIROS

Alexandre Kroeff Olá a todos. eu nome é Alexandre Kroeff, sou de Porto Alegre, e tenho M orgulho de dizer que participei do 1º Racha Tarumã, em 1997. Lembro até hoje que tinha prova na faculdade, já fui

direto com o carro pra PUC e terminada a prova me mandei pro autódromo. ou da turma dos V8. Desde os meus 18 anos tenho um Maverick GT vermelho que não sai mais da família. Fui um dos felizes guris que ouvia do pai “chega sem encrenca até os 18 que te dou um carro...” Bom, segui o que meu pai disse, e aos 17 apareceu um Chevette 84 inteiro, que ele comprou e colocou no meu nome. Até eu completar 18 meu tio ficou usando, pois na época estava sem carro... até que um dia deu no meio de uma árvore com o chevettinho na Praia de Belas. Nada de grave com ele, mas deu perda no auto. eve ter sido o destino. Ele nos pagou e meu pai repassou o dinheiro para mim. Na época dava o equivalente a U$2.000,00 - a moeda base para cálculos era o dólar pois a inflação nos perseguia. Bom, guri com dinheiro na mão não poderia dar outra e fui atrás de esportivos. Comecei a procurar por Mavericks, que tinham basicamente a mesma mecânica V8 dos Mustang americanos. Encontrei o que queria, na família muitos adoraram, outros me disseram que venderia em meses, que não aguentaria a manutenção, o consumo etc. Mas foi essa necessidade de manutenção especializada que um carro antigo exige que me apaixonou pela mecânica. Logo descobri que poucos mexiam em antigos, e que muitas coisas o próprio dono teria que fazer. Fui aprendendo e, logo, tudo no carro menos chapeação e pintura eu mesmo fazia. oltando ao Racha, nos anos 90 estava sempre no meio dos aceleras de rua e logo que surgiu o Tarumã, a rua deixou de ter sentido. Éramos uma turma muito bacana dos antigos que se reuniam em Tarumã, e normalmente, uma meia dúzia se encontrava por Racha. Tinha o pessoal de Porto Alegre como o Flávio do Dodge, o Igor com o Chevette 302, o Nelson (DSP) e sua esposa Andréa (na época andavam com os Dodges), seu Enio sempre com os Mavericks, o Giba com a barata, e o pessoal de Novo Hamburgo. Encontravam-nos sexta à noite, não só pra acelerar, mas pra confraternizar. Num dos primeiros Rachas conheci a filha do Enio, a Carine, nos casamos e hoje temos uma linda filha, a Laura. Quantos podem dizer que antes de conhecer a esposa já aceleraram com o sogro??? ossos carros eram todos simples, e todos iam e voltavam andando. Isso fazia de Tarumã uma aventura tão grande

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quanto acelerar na rua, pois andávamos com carros grandes, barulhentos e tínhamos que torcer pra não pegar nenhuma barreira antes de chegar lá. A volta sempre foi tranquila, pois era madrugada. Exceto uma vez, que fizeram barreira exatamente na saída do autódromo, com toneis de fogo no meio da pista, dezenas de soldados, um rolo. Me lembro de ter ido até o portão e estacionado o carro, dormi até umas 6h da manhã, quando foram embora. Guerra de resistência. ndei no Racha ativamente por uns 3 anos, depois andei algumas provas oficiais e resolvi parar para poupar o carro. Era muito inteiro pra passar por todo esse envolvimento de pista. Comprei outro maverick mais simples, porém de ótima estrutura, e passei toda a mecânica do vermelho para ele. Adicionei Santo Antônio e equipamento de segurança, tirei todo o desnecessário e hoje ele é somente de pista. Corro pela AD e no campeonato Brasileiro na categoria TO. arumã me deu muita experiência, pois a pista não é feita para arrancadas, então aprender a lançar o carro suavemente, decide. Como é 201m, não há chance para erro. Agora com cronometragem, todos tem a ganhar. O público, que saberá na hora o resultado. E o piloto poderá testar modificações e compará-las com seus tempos anteriores, resultando em carros melhores, com tempos mais baixos. azia uns 10 anos que não acelerava em Tarumã, e pude lembrar os tempos de casa lotada no último evento, a Noite do Desafio.

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F Me trouxe grandes recordações.

Darci Júnior I

nverno de 1997, sábado de treinos no autódromo. Hora do almoço. De repente alguém da diretoria vira pra mim e diz: ”E aí? Vamos promover pegas na reta do Autódromo?” Concordei na hora!

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xplico o porquê do convite. Nos anos 80 - ao contrário de hoje que sou “pastor” - eu era capeta rsrsrs. Como só tínhamos a rua para acelerar junto com uma turma mais cabeça, tentávamos disciplinar as coisas indo pra estradas remotas.Tínhamos até um sistema de som - quero dizer um megafone -, usado para organizar e promover os pegas.

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evido a esta minha experiência, me senti credenciado para o convite.

á fomos nós, cheios de medo e incertezas, promover o primeiro RACHA TARUMÃ.

ra uma noite fria de inverno, e me lembro que quando já tínhamos alguns competidores, levei todos até um canto e iniciei um briefing, dizendo que aquela era uma oportunidade histórica e, se nos comportássemos bem, com certeza haveria muitos outros.

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Racha não só dura treze anos, como serve de referencial social e promotor da coisa certa. Eu me sinto orgulhoso de fazer parte disso, e quero estar aqui escrevendo no aniversário de 26, 52... anos!

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m abraço a todos. Nos encontramos no Racha Tarumã!

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DEPOIMENTOS DOS PIONEIROS

Vicente Queiroz

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esde criança sou um apaixonado por carros e competições. Motos, aviões, lanchas, foguetes, não importa. Tendo motor e sendo possível competir, o assunto me interessa. Mas acima de tudo sempre estiveram os carros, que além de servirem para competir e correr, também são muito mais que isso: Representam a independência, a liberdade de ir, vir e estar nos lugares mais interessantes, nos momentos mais incríveis. nesse espírito, no final dos anos 90 fui parar no Racha Tarumã. Na época eu não era envolvido, não tinha carro veneno, mas tinha carro e queria ir aos lugares quentes. E não havia lugar mais quente do que o Racha. Hoje conheço um pouco mais de carros e motores, tenho meu carro de corrida e estou profundamente envolvido com a Associação Desafio, grupo que trouxe novo significado à expressão “arrancada amadora” no RS. Mas foi naquele tempo, no Racha Tarumã, que comecei a realmente formar as minhas opiniões próprias à respeito do que é competição de arrancada de verdade.

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uitos anos se passaram e comecei a frequentar competições “oficiais” de arrancada. E o que eu vi dentro da pista não me agradou. Todos os carros separadinhos por tipo de motor, eixo de tração, tipo de preparação... Muitas categorias, poucos carros e praticamente nenhuma disputa. A arrancada de rua, fenômeno excitante de abrangência mundial e parte chave da própria cultura moderna a motor, havia sido pasteurizada. Ainda eram dois carros arrancando, mas o produto era embalado de uma forma que, em que reduzia as disparidades, na verdade só tornava o espetáculo morno, sem gosto, sem emoção... Chato. O processo de pasteurização da arrancada não tirou os micróbios indesejáveis como acontece no leite e no queijo, mas sim a própria ALMA da coisa.

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ada tinha de parecido com o que eu costumava testemunhar nas madrugadas da noite de Porto Alegre. E nada tinha a ver com o Racha Tarumã, que nada mais era que o espírito da rua só que dentro da pista. Lá o mesmo cara, com o mesmo carro, fazendo a mesma coisa era um esportista, enquanto na rua ele não passava de um contraventor e causador potencial de desastres e tragédias. nem por isso, pela aparente falta de regras, é que as coisas deixavam de funcionar. Aliás, creio que só funcionavam justamente por serem assim. Lá dentro tomei contato com conceitos simples mas que hoje na nossa arrancada estão em baixa, como disputa em igualdade de condições e vitória, acima de qualquer choradeira. Na frente daquela galera, não dá pra ficar dizendo que errou segunda e pedindo pra repetir o pega. O pega é aqui, agora. Se quiser chegar na frente traga um carro forte e faça tudo certo. Ou então aguente, porque o choro é a prerrogativa do perdedor.

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o início, nos primeiros anos do Racha, vi diversos pegas incríveis sendo um dos mais esperados o acelera entre o Maverick aspirado do Joe e o Fusca do Rodrigo, preparado pelo Becker... Semanas, talvez meses tenham precedido esse pega, com fofocas, boatos e provocações que corriam por todas oficinas e pontos de encontro da cidade. Não importa com quem você falasse, todos tinham seu preferido e o defendiam como torcedores de futebol. Grana, tempo, esforço e reputações investidas num único pega em Tarumã... Nem lembro quem ganhou, mas o que guardei disso foi justamente a dimensão que um momento na madrugada de sexta-feira pode tomar na vida de tantas pessoas ao mesmo tempo.


DEPOIMENTOS DOS PIONEIROS

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utro Racha de que me lembro foi também nessa época e envolveu outros dois Fuscas, ambos a ar, um aspirado e outro turbo. Pelo que me lembro, nenhum dois dois era assim tão forte, mas estavam se destacando na noite. Tarumã sempre oferece condições inóspitas aos pilotos, faz parte de lá. É como dizem, se é a subir, é a subir pros dois. Se é molhado, é molhado pros dois. E naquela noite as duas coisas se somaram. Conforme a madrugada avançava, o Fusca turbo papava todo mundo, mas o piso ficava cada vez mais molhado, pior pra quem tem mais força...

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desfecho da noite foi o pega entre o Fusca aspirado, que queria tentar a sorte contra o Fusca turbo, um “Itamar” branco sem dúvida mais cotado pra ganhar o pega. Mas o frio, a pista molhada do sereno, o fator humano... Não sei. O fato é que o aspirado conseguiu andar na frente e o cara desceu do carro como quem havia ganho as 24 Horas de Le Mans! Gritando, festejando, esbravejando e sendo aclamado e praticamente carregado pelos amigos. Depois ainda fui descobrir que o piloto do Fusca aspirado era um antigo colega de segundo grau, o Caniggia... Acho que foi uma grande

noite pra ele. Foi como ver o Senna ganhar o GP do Brasil do Patrese só com a sexta marcha, só que não tinha a Globo nem a McLaren nem a Williams. Só tinha o cara aquele que sentava numa classe lá no fundo da aula... Da minha aula. Mas vitória é vitória e a emoção é a mesma. Só que são as “nossas” vitórias. Tudo isso vem formando a nossa cultura de carros, de preparação, de competição outlaw. E não vale menos só porque é nosso. Não vale menos porque está ao nosso lado. Vale mais!

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todos esses episódios que vivi em Tarumã, somados com todo aquele público, aquele burburinho, aquela enorme fila de carros veneno na entrada me faziam sentir que estava em um lugar único, especial, verdadeiro. Sem cartolagens, sem protestos, sem regrinhas idiotas. Era realmente um Racha de rua, mas dentro da pista. Todas essas influências tiveram grande peso quando comecei a frequentar as arrancadas e contribuíram muito para a formação da própria Associação Desafio, cujo lema sempre foi: “Dragstrip, street rules”.

Valeria Meireles conheci o pessoal que fazia os pegas - eu ficava direto nas inscrições - e eles chegavam e ainda chegam até hoje com muito entusiasmo para acelerar.

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circuito também não atendia o pessoal das motos e, mais uma vez, inovamos. Hoje temos uma sexta-feira específica para este pessoal, que chega em número cada vez maior. Toda a sexta observo que os motoqueiros estão se preparando cada vez mais para acelerar.

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oje, como fico mais tempo na portaria, vejo que o pessoal vem à Tarumã como se fosse a uma festa, como se isso já fizesse parte de uma tradição, fazer churrasco na sexta, (fazer festa mesmo) e quem nunca veio acaba ficando encantado com o que vê.

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pessoal que trabalha aqui também faz a diferença. Muitos estão conosco desde o começo como o serviço médico (VITAL REMOÇÔES) e os técnicos do som da SERVISOM. Temos ainda os locutores e o pessoal da segurança e conforme os anos vão passando, vemos que estes profissionais já fazem parte da família Racha Tarumã. Eu vi todos se dedicarem muito para fazerem o melhor.

B A

ahh... são 13 anos de evento e tentar apontar o momento mais importante traz muitas dúvidas!

cada ano que passa a nossa equipe vai aprendendo a lidar com detalhes que parecem tão pequenos e que fazem uma diferença tão grande. Uma simples ideia do Marcio Pimentel pode mudar tudo e hoje nós sabemos com detalhes que o público do Racha vai mudando a cada ano e então sempre temos novos convidados. Quando iniciamos

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reze anos é muito tempo, mas desde o início até hoje, o Racha continua sendo uma atração para todos. Sei que precisamos do empenho de todos, do porteiro até o piloto da cadeira elétrica para garantir o sucesso, por isso também sei que todos são muito importantes e que, independente da posição onde trabalhem na sexta, fazem a diferença!

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Autódromo de Tarumã e o Racha atendem a todos e tentam sempre melhorar no que é possível.

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DENTRO DO CAPACETE

“O GOLZINHO NÃO SE ENTREGA”


PRIMEIRA PALAVRA

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Noite do Desafio e o TOP16 são grandes ferramentas para revelar pilotos campeões. Nesta primeira edição já foram muitos os que se destacaram, mas um nome brilhou mais que todos e foi o do vencedor: Sergio Henrique Lucas Fontes.

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ascido mineiro, mas há mais de 20 anos no Rio Grande, Sergio (29) é um engenheiro e professor com uma grande disposição de luta. Acompanhando a família, veio de Belo Horizonte, morou dois anos e meio em Ijuí no planalto gaúcho, e agora já é um porto-alegrense cidadão do mundo, com uma temporada na Califórnia. Morou perto da pista de arrancada de Irwindale (hoje de propriedade da Toyota) e conferiu de perto o que acontece por lá.

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s pessoas da Associação Desafio aprenderam a conhecer o piloto. Dois campeonatos e um vice tiveram este efeito. Entre as características que Sergio revelou, está a de ser detalhista e estrategista. Quando estabelece uma meta, aplica grande determinação na busca do objetivo. Sua namorada, a Jô, conhece o procedimento. Ela sabe muito bem quantas madrugadas de trabalho ele já aplicou no desenvolvimento do carro, mesmo após a jornada diária comum de trabalho.

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omo a maioria dos que iniciam na arrancada, Fontes começou com seu próprio carro e acelerando na rua. Logo percebeu que isso não poderia dar certo, e voltou seu interesse para a pista. Daí vem sua ligação com a AD e o Racha. Os dois se tornaram escolas para este vencedor. Com a AD competiu em Tarumã, Santa Cruz, Velopark e Guaporé. Com o Racha e a ND1, venceu o primeiro TOP16 na reta de Tarumã - e este foi um feito especial. Os adversários tinham credenciais tão boas quanto as suas e não havia como apontar favoritos, o que valoriza ainda mais sua vitória.

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ua jornada até este ponto foi longa, e repete a trilha dos bons competidores de arrancada, sempre temperada com muita determinação. O primeiro carro com motorzão foi uma Saveiro aspirada, que logo passou a fazer parte da decoração frontal de casa. Ficava estacionada lá, enquanto Sergio cumpria suas rotinas


DENTRO DO CAPACETE

de ônibus... Depois veio seu primeiro Gol, turbo. Estava tudo certo, o carro era para acelerar! A vida tinha outros planos, e o Golzinho foi embora, vendido para alavancar os negócios da família.

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as o motor ficou guardado...

eio a vez do Branco 96. Agora tudo começa a dar certo de novo, e com o tempo, novas pessoas vão se juntando ao projeto. Entre as mais importantes estão o Dorival - DRV Motorsports - e o alemão Mauro e seus filhos (da Maranelo Pinturas). Nasce um carro campeão. Fontes vai crescendo nas competições, venceu o título de 2007 da AD, foi vice em 2008 e venceu novamente e de forma surpreendente em 2009.

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ontes também venceu, em dezembro de 2008, o primeiro TOP16 realizado no Brasil, na época no Velopark. Foi uma virada de resultado fantástica, em cima do até então top dog (favorito) Maverick de Alexandre Kroeff. Foi uma

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noite inesquecível para quem gosta de arrancada, que sempre vai se lembrar da narração do velho Perna (Ademir Moreira) sobre os últimos segundos: “o Maverick é um foguete, já tá na frente... (exita um pouco)... mas o Golzinho não se entrega, o Golzinho é valente... deu Golzinho?... O GOLZINHO NÃO SE ENTREGA!!!!”

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cena toda trouxe grande alegria aos poucos torcedores que estavam na arquibancada na madrugada do Velopark. Na sua volta para o início da pista, sua equipe o tira do carro e o joga para cima, extravasando a felicidade da vitória. Algo inesquecível, espetacular, genuíno e por isso muito poderoso. Agora, novamente na final, mesmo locutor - que já sabe que é difícil ter favorito quando o adversário é Fontes - , em Tarumã e com um público digno e especial. Que suportou o frio da madrugada, superou a neblina, para ver a final as 3h30min da manhã.

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ão é à toa que chamam Fontes de professor.


PRIMEIRA PALAVRA

TOP16 DE

FONTES B

om, inicialmente gostaria de agradecer a confiança que toda equipe do Racha Tarumã depositou na Associação Desafio. Com base nisto podemos mostrar para o que viemos, com os nossos ideais diferenciados da arrancada tradicional. Prova disto foi o sucesso do último ND1. Não consigo recordar qual foi o último evento de arrancada, aqui no Rio Grande do Sul, que teve incríveis 5.000 pessoas assistindo.

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emoção de participar de um evento de tal magnitude é indescritível, ainda com maior intensidade para quem está prestes a alinhar perante o famoso pinheirinho. Por falar em momentos únicos, o que podemos falar da sensação de estar dentro dos 16 carros mais rápidos do evento, mais conhecido como TOP16? Evento este criado e patenteado pela Associação Desafio no Brasil. Nunca pensei que pudesse chegar à final deste evento diante de tanta diversidade de carros de altíssima qualidade, e pelas condições apresentadas pela pista e tamanho.

E

sta noite, ímpar para mim, foi considerada uma noite histórica pelos organizadores do evento, tanto pelo número de carros, quanto pelo número de pessoas assistindo. Foi simplesmente incrível. Para maiores informações e ficar por dentro desta família que é a Associação Desafio, favor acessar o site www.categoriadesafio.com.br.

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m especial, gostaria de agradecer toda a equipe Maranelo, Dorival Motorsport, Office Comunicação Visual, Power Bass, TNF Rodas e Hot Car Mecânica. Estas pessoas foram colaboradores muito importantes para a conquista de mais um TOP16.

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m abraço!

Sérgio Henrique Lucas Fontes


UM CHOQUE DE REALID

ND1


DADE arumã lotado por um público alegre e T entusiasmado na Noite do Desafio 1. Este foi o saldo mais impressionante desta nova atração

do Racha em parceria com a Associação Desafio. Foram mais de 230 carros na pista acelerando e um número superior a 5000 espectadores, entre a arquibancada e o pit lane, como já é tradicional nos eventos do Racha. ada mau para a primeira ND de uma série e N um acontecimento especial para valorizar os 13 anos do Racha Tarumã. Foi muito bom ver Tarumã novamente com suas arquibancadas lotadas, com o maior público de arrancada que já passou por lá, e que também foi o maior dos eventos de 2010 em todas as atividades do autódromo. O que demonstrou, mais uma vez, que a acessibilidade proporcionada pelo Racha e defendida pela AD é o caminho correto para os bons eventos. a pista, o grande número de competidores N e seus carros, somado à estreia do novo equipamento de cronometragem, criou uma

grande fila. E estamos falando de grande... uma filmagem feita pela Adriana Sugimoto a câmera woman da AD - tem 21 minutos de caminhada ao longo da fila sem que ela pare uma única vez. E metade da fila é dupla! Se por um lado ficar na espera em uma fila tão longa não foi a melhor coisa da noite, por outro, ela (a fila) foi o ponto alto dos acontecimentos. Simples de entender - a fila era tão dominante na paisagem noturna, que fazer parte dela já dava a sensação de que algo importante estava acontecendo. uitos participantes me passaram esta M impressão. E todos os que estavam trabalhando também tinham sentimentos parecidos: a fila significava, no mínimo, que havia muitos carros para andar. Como carros e público eram o objetivo, bateu a sensação de “dever cumprido” no pessoal da AD e do Racha. Com o andamento da noite, tudo foi se acertando. A cronometragem achou o caminho e, observando os tempos, veio a confirmação: a qualidade dos carros presentes era muito maior que o esperado.

arros de todos os tipos, desde aspirados C originais até turbo/nitro, bons e sólidos V8s e também carros diferentes como uma “barata”

Ford 34 que foi toda montada por seu proprietário, e que estava tendo a primeira chance de colocála na pista. Ele comentou com a equipe do Racha que usa o carro diariamente e foi um momento de muita felicidade estar presente naquela noite. Todos puderam aproveitar a acessibilidade que a ND1 proporcionou.

MELHOR SOLUÇÃO em tudo saiu como o programado. A N primeira etapa de 2010 do Campeonato da Associação Desafio não pode pontuar normalmente o desempenho dos inscritos porque algumas confusões com os números e tempos poderia levar a algumas injustiças. Decidiu-se, então, ficar com uma passada oficial válida para definir os participantes do TOP16 e bonificar todos os participantes com uma pontuação igual nesta etapa do campeonato. esta passada “oficial”, a cronometragem foi N correta - apesar do cansaço, pois já passava das 2h da madrugada -, a persistência e boa vontade

do pessoal que operava o equipamento deu frutos. Assim foi possível conhecer os 16 mais rápidos da noite que estavam em condições de competir. O TOP16 é a parte mata-mata da competição, onde os 16 se enfrentam como em uma copa do mundo e apenas um poderá ser o vencedor. Um grande público ainda estava firme no autódromo para ver esta verdadeira drag race gaúcha: neblina, fumaça de pneu e vapor de metanol na noite fria. uem resistiu viu uma bela competição. Carros Q muito diferentes entre si se enfrentando de igual para igual, sem desculpas. Entre os

classificados, Fuscas turbo (ap e a ar), Chevettes com motor Chevette e com motor ap, Marajó ap turbo e um grupo de V8s - Maverick, Chevelle e Camaro - mostrando que a robustez dos carros americanos merece respeito. O pessoal da casa estava bem representado, pelo Fusca ap turbo protótipo do piloto Passarinho e pelo Chevette vermelho (também ap turbo) do piloto Paulo Rebelo. Neste grupo, a maioria estava armada de tração traseira para encarar a reta em subida de Tarumã, que a esta altura já era temperada pela umidade. Entre os pilotos tradicionais, podemos destacar de Chevette turbo do experiente Dimas Lara Júnior e André Pinzon, ex-campeão gaúcho da STTT, com seu Fusca vinho turbo a ar. Representando os carros de tração dianteira, a turma que era minoria... Sergio Fontes (bi-campeão da AD) com Gol, Felipe Fontes com Montana, o sempre surpreendente Fiat 147 de Gustavo Stock, mais o Voyage turbo de Leandro Schultz e o Gol turbo de Anderson Brasil. público de Tarumã, sempre participativo, O rapidamente escolheu seus favoritos através do barulho que fazia na arquibancada a cada burn out dos preferidos. Sem dúvida, a maior movimentação acontecia a cada vez que o Maverick branco de Alexandre Kroeff se posicionava no alinhamento. Também já havia muita gente esperando mais uma gracinha do sempre under dog 147. Mas não foi desta vez. Problemas já no alinhamento, 147


Alexandre Kroeff

Leonardo Silva Flores falhando, mas o piloto não desiste e resolve usar o que puder de nitro para tentar alguma coisa. “Chegar e não tentar? Nem pensar...” afirma o piloto Gustavo Stock. Encara o Chevelle, vão lado a lado, mas não dá para o 147. Uma revisão posterior revelou um empenamento nas bielas...

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ste espírito de luta esteve sempre presente neste TOP16. André Pinzon venceu uma puxada, avariou os cabeçotes e encarou o próximo adversário assim mesmo. Perdeu lutando, acelerando tudo, mesmo vazando compressão. O outro Fusca turbo, do Marco Zucoloto, atravessou pra valer quando o piloto engatou a segunda, escapou de traseira e foi parar na pista oposta! O piloto não tirou o pé, e mesmo já virtualmente derrotado seguiu acelerando e dando espetáculo para a alegria do público. Enquanto isso, o Chevette de Paulinho, o Maverick de Kroeff, o Fusca de Passarinho e o Gol de Fontes seguiam eliminando seus oponentes

14

1º TOP16 EM TARUMÃ

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ergio Fontes venceu o primeiro TOP16 disputado no Brasil em dezembro de 2008. Mas tudo fazia crer que não venceria o primeiro TOP de Tarumã. Seus adversários nas finais são tração traseira em uma pista que os favorece e dois - Passarinho e Paulinho - são muito experientes em Tarumã, além de muito rápidos. O Maverick de Kroeff também não é uma opção fácil. Evoluiu bastante desde seu último confronto com o Gol e quer revanche. Na primeira semifinal, o confronto de casa, e Paulinho e o Chevette levam vantagem sobre o Fusca de Passarinho. Fontes volta a encarar o Maverick e a arquibancada se alvoroça quando o V8 faz seu burn out. O pinheirinho cai, os dois arrancam e, na hora da segunda marcha, uma pequena atravessada do V8 e uma tiradinha de pé para voltar ao rumo acabam significando uma derrota por um décimo!


PRIMEIRA PALAVRA

Paulo Rebelo

Sergio Fontes

T

udo isso foi descrito com muita emoção por um experiente mas rejuvenescido “velho” Perna. Talvez tenha sido a noite, talvez o grande público - que Perna carinhosamente chama de “seu” - ou as boas disputas que estavam acontecendo, que inspiraram a narração. Só o Perna pode saber, mas é certo que o locutor foi o complemento ideal que todo bom show deve ter.

N

a final, Fontes e Paulinho. Gol x Chevette AP. ação dianteira X traseira, o melhor do Racha e o melhor da AD, duas escolas, duas maneiras de resolver o problema de vencer. Os carros alinham, a torcida está mais silenciosa. Na pista, ninguém tem certeza de nada. As teorias ficam guardadas pra depois e o que acontece a seguir beira o genial: pinheirinho cai, Fontes reage melhor, pula na frente, mas Paulinho e o Chevette se recuperam e começam a abrir vantagem nos 100m. Paulinho tem um problema no engate da 3ª marcha, vai com cuidado para garantir a vitória. Mas talvez isso tenha sido uma fração de segundo perdida, que foi suficiente para permitir a recuperação do Gol e

levá-lo à vitória. Uma corrida de arrancada com três ultrapassagens em 201m!

F

oi o final que uma noite com recorde de público e participantes merecia, com a arquibancada fiel esperando pelo show da cadeira elétrica, que saiu às 4h da manhã.

A

lgumas estatísticas também merecem destaque. A equipe do Racha dobrou a segurança para fazer frente ao aumento de público esperado. Quando o evento começou a encher, muitos já estavam se perguntando se o pessoal seria suficiente. Mas, no final, não houve necessidade de intervir em uma briga ou tumulto sequer. Isso, que o consumo de bebidas e alimentos mais que dobrou! Houve quem especulasse que como o show estava bom, não havia clima para problemas.

E

esta foi apenas a primeira parceria do Racha com a AD, a ND1. Vem por aí a ND2, ND3 e o acontecimento do ano, a NOITE DO DESAFIO DE NATAL!

15


PREMIAÇÃO ND1 - NÍVEIS DE TEMPO

U

ma das atrações do Campeonato da Associação Desafio - e agora também do Racha Tarumã - é o seu formato em níveis de tempo.

Níveis de tempo

O

da PS Race

sistema foi desenvolvido a partir da observação de que muitos participantes tinham dificuldades em adequar seus carros a algum tipo de categoria - ou mesmo não queriam, preferindo escolher seus oponentes justamente na diversidade. Para isso ser possível, o CAD pontua todos os competidores pelos seus resultados - tempo, constância, melhor reação e ainda dá um bônus em pontos pelas vitórias no nível de tempo onde o competidor está inserido.

É

campeão quem consegue o maior número de pontos durante toda temporada, o que reflete a qualidade do trabalho na pista durante um ano. Isso faz dele um campeonato muito justo, equilibrado e onde o piloto tem de usar muito bem os fundamentos da arrancada para vencer. Em 2010, já está na sua 4ª edição e é o único campeonato amador do Brasil.

N

a primeira ND1 não conseguimos toda competição esperada nos níveis de tempo. O grande número de carros trouxe problemas novos que precisaram ser solucionados.

M

as com o esforço do pessoal da cronometragem de Tarumã conseguimos salvar os vitoriosos de cada nível da competição e entregar as premiações na sexta da Noite do V8.

16

12s - Elizandro Almeida - Kit FuelTech e Filtro de ar 11.5s Lubrifixa

- Rafael Boff - Kit FuelTech e Kit Molikote/

11s

- Cartier dos Santos - Kit FuelTech e Kit Molykote/Lubrifixa

10.5s - Ortiz Torelly - Kit FuelTech e Kit Molykote/ Lubrifixa

10s - Leandro

Schultz - Kit FuelTech, Kit Molykote/ Lubrifixa e boné do TOP16

9.5s

- Henrique Stein Corbacho - Kit FuelTech, Flauta Divisora de Combustível de Inox Sprint, boné TOP16

9.0

- Leonardo Silva Flores - Kit FuelTech, Kit Molykote/Lubrifixa Alta Performance, boné TOP16

Livre - Paulo Rebelo - Kit FuelTech, Kit Imohr, boné TOP16

Gaiola

- Cleiton Martins - Kit FuelTech e Kit Lubrifixa/Molykote. Sorteio de prêmio especial FT (blusão térmico FuelTech) entre os participantes): Rafael da Silva Barbosa


TOP 16

sta é a parte da competição que é o fundamento E da arrancada. Eliminatória direta entre os 16 carros mais rápidos do evento, de acordo com a classificação obtida durante as tomadas de tempo oficiais - treino não é válido.

finalistas do TOP16 receberam a premiação na Ospista, no final da prova, às 4h da madrugada.

Vice

- Paulo Rebelo - Luva e balaclava Lico oferecimento Full Turbos e troféu oferecido pelo Racha Prêmio especial da FuelTech (blusão térmico FuelTech) para piloto com melhor desempenho com equipamento FT

Vencedor - Sergio Fontes

Vencedor

- Sergio Fontes - Sapatilha 38s oferecimento da Full Turbos e troféu oferecido pelo Racha

A premiação da ND1 foi oferecida por:

17


PIONEIROS DO RACHA

M

eu nome é Nelson - o Nelsinho do dinamômetro de rolo - e faço parte dos oriundos das noites do maquidinhos (Mac’Dinhos) e 14 bis. O culpado do meu início nesse negócio de carros foi meu irmão mais velho. “Vou comprar um Maverick V8 e tirar os canos pra aterrorizar a vizinhança”... nunca apareceu o tal Maverick... o mais próximo foi um Opala 4 cilindros... Aí veio a indignação! “Meu primeiro carro vai ser um V8”, pensei.

C

om 18 anos, vendi minha bike de corrida e comprei um Dodge do consulado espanhol, um Dart Vermelho 1971. Por que Dodge? Vejam o filme Hot Rod (Em busca da Vitória, no Brasil) e, lógico, serrei os canos. Hoje, infelizmente, não o tenho mais. Tive que escolher prioridades como muitos dos meus antigos amigos tiveram de fazer. Como sou um cara de sorte, minha namorada na época, hoje minha esposa (mais dois filhos), uma vez indo pra um acelera na noite me disse uma frase: “não sirvo pra coadjuvante, vou ter meu Dodge”! Ha, ha, pensei... duvido! Guria com Dodge!

P

assado um ano economizando (ganhávamos pouco na época), mais a ajuda nunca esquecida do grande amigo dodgeiro (Flavinho) que completou o resto pra ela conseguir fechar o negócio (e pagá-lo depois), Andrea comprou o seu Dodge, um Gran Sedan prata 73. Isso estamos falando de início dos anos 90.

M

ontei meu carro trabalhando para o melhor preparador e professor que tive de V8, Favio Beccaria - hoje na Volkswagen. Como se fosse um presente, em 1 ou 2 anos surgiu o Racha Tarumã. “FEITO”, gíria usada pra intimar quem passasse na noite onde passávamos (incrivelmente) o tempo inteiro sem nenhum perigo, até terminarmos a noite acelerando. E era muita gente só com V8, Flavio, Tulio, Caio, Ballester, Giba, Joe, Felipe do Dodge, Felipe Maverick, Julinho, Favio, Geraldo, Carlos de Cachoeirinha, entre outros. E, lógico, eu, a Andrea “Muldowney”- como apelidaram ela (esse apelido quem gosta de arrancada deve saber, se não, fica pra próxima). E claro, Alexandre do Maverick, na época vermelho, que com muita garra, perseverança e com mais todos adjetivos que possam existir, carrega nossa bandeira até hoje, mas com outro Maverick, um branco.

B

em, o Racha era o acontecimento da semana. Ainda continuavam os aceleras das quintas à noite, porém começou a se desenhar um quadro que se teu carro era O CARRO, tinha que botar a cara pra bater na noite do Racha. Muitos “marvados” da rua viraram cordeirinhos lá. Uma dessas maravilhosas noites foi invadida por importados, coisa rara pra época, porque a importação recém tinha sido liberada pelo

Collor. Nossa! Mercedes, BMW, Alfas, 3000GT... Os caras chegaram perguntando quem eram os bons da noite, - ah sim - os bad guys da rua... Os nomes eram criativos, “Rei do Beco”, “Arrasa quarteirão” e outros que não me lembro agora. Estava o famoso Maverick verde do Joe e o Dodge amarelo do Adriano de NH (hoje laranja biturbo).

A

s coisas eram claras na hora do face to face, “vamo lá?” Desceram, - isso mesmo era no sentido do autódromo, a subir -, o Dodge encarou a BMW M3 alemã e o Maverick (com M/T) encarou o 3000GT 4x4. A galera quase desceu barranco abaixo (do kartódromo) pra ver o que ia acontecer, não era comum ver esses carros. Primeiro alinhou o Dodge com a M3, claro que anos de acelera na rua te dão muita manha psicológica, o Dodge simplesmente fez desaparecer a BM com o rolinho de pneus e claro; só no coletor... aí foi crueldade! O cara quis fazer um rolo também, deixou apagar, e daí em diante foi um abraço... já na largada quase dois carros - e aí já era, meu. Veio o Maverick também show no rolo, cano reto, e o 3000GT turbo, silencioso e 4X4, ficou parado em meio a fumaça... Aí o 3000 deu um SALTO, mas logo foi lhe tirado o gosto, não deu nem tempo de colocar o pé na embreagem pra espetar a segunda que o Maverick já tinha botado o nariz do lado e, pra não deixar dúvida da superioridade, lá em cima 3ª e 4ª, gás da alegria nele (NITRO).

A F M

galera não sabia se gritava, ria, era cada um olhando pro outro sem acreditar que aquelas “barcas” dos anos 70 andavam tanto - nem os donos.

rase do cara do 3000GT: “Vamos na Free-Way; esse carro passa dos 250km/h”... e o cara do Maverick pergunta - “Por quê? O acelera na rua não tá com nada, aqui é que tá o público”. Sacou da onde saiu a chamada? uitas dessas histórias encheriam várias páginas, em muitas delas estive lá, presenciei, participei, filmamos (câmera era coisa raríssima e muito grande), fotografamos... mas já isso é outra história.

Nelson Razia


ND

Racha Tarumã

Final: Fontes x Rebelo

Competição é aqui!



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