O EQUADOR DAS COISAS #3

Page 1

Chapada Diamantina, Bahia, Brasil | maio de 2013 | número 3 | ano 2

Natália Escobar Helena Frenzel

Letícia

Palmeira

Ana

Lúcia Sorrentino

Xavier

Germano

Carol Piva Karime Limon

Eabha Rose

Lepida

Setty

Sharon Frye

“A

arte preserva o humano do esquecimento da morte ”

o artista plástico Vinicius Figueiredo fala sobre poesia, memória e a cadência de uma arte contemporânea que ainda não é convidada a entrar nos grandes salões e galerias


e Q

2

editorial

Um dos fascinantes – e famigerados – passos-traçados que nos oferta a literatura de um escritor enorme como Ernesto Sábato é sua linda, deliciosa inquietude-boa – diríamos, enfim, preocupação – com a leitura. Do lado de cá e de lá (porque em Sábato há entrelaçares, e não dicotomias de excepcionices tolas), o leitor são mulheres e homens concretos em busca de um-algum sentido para uma tão atarantada existência, bem sabemos, e também aqueles todos-nós (anti-)heróis do dia a dia – em nossa pequenez, contida ou esparramada vastidão, celeuma, destreza pouca ou nenhuma para enfrentar o que quer que. De então que esse leitor, “que lleva las insignias de sus tribulaciones y amarguras” e tantos-bocados de crueza e alegria, esse leitor transita entre o possível e o indissociável (em)texto(s), diante dos ali (inter)(con)textos, e eis que a ideia de obra aberta, retomada por Umberto Eco, transfigura com sensibilidade a perspectiva plural e polissêmica dela, da leitura – esta que nos faz, em inúmeros de nós, rearticular, enternecer, querer, ou pelo menos desorientar-desconjuntando quadriculadinhos quaisquer... Não? Pois-sim, sim... A leitura tem, por enfins, uma função (onto-)gnosiológica em Sábato. O que equivale a cismar, dentre outros muitos interstícios possíveis, que ela é energia a pôr giro-movimento em mãos e olhos decerto maquinais (tempos nossos!), mas que inicialmente mãos e olhos e todo um resto de sentido possível em nós – lembremos. Para além de processo semiótico, a leitura é um acumulado de ir e vir e não poder ir – sociais. Está entranhada, neste portanto, de formas de pedir, dizer e silenciar, dali pr’acolá – se fazendo e desfazendo e refazendo... através do(s) sentido(s) posto(s) à pele... no outro... nela, neles para deles mesmos, em nós. O Equador das Coisas se inaugura segundo ano redizendo dela, da leitura. Da beleza e da refulgência e dos embates-conflitos também por certo imbricados para todos os cantos possíveis – quando lemos. Os entraves em que se esbarra hoje em vazios “nos (in)corpora(tiva)ndo” como os nossos (infelizmente ainda!), para que o acesso à leitura seja, de fato, enorme e pleonasticamente irrestrito (por que não?), são lamentosos, claro. Há as antas poderosas, sempre há, que temem os buracos de fechadura se tornando gigantescos moinhos de vento e então convidando para o confronto; sem falar nas titicazinhas e nos papagaios que, com os seus faustosos “com o quê”, se fazem isso-que-por-certo-pouquíssimo... tais escritores-artistas. Pelo não e pelo sim, ora-ora... Que a leitura, que a arte, que a literatura-enfim – é o nosso desejo-cá – seja energia-orgânica a construir e desconstruir, ampliar, gerar, titilar, abrindo, sempre abrindo... caminho para tão-tanto mais. Que mais (pleonásticos) sem-fins de miríades-gentes alcancem a leitura, a literatura, a arte. E se engalfinhem com elas. E se lambuzem delas, se repimpem. Boa comilança a todos, e sigamos! Os Editores.

DE ROSAS E DE FLORES por Helena Frenzel Colhi o que plantei. Trabalhei duro para pagar quem educou meus filhos e ainda lhe fizeram mal. Ah, tivesse gastado meu dinheiro em outras coisas, prazeres, tantas terras para ver... Fui um besta! Casei cedo e fui manso, vivi na mesmice até que Ela apareceu. Perfume rosa e pele de noviça anunciaram céu e provações. Relaxado e feliz, com a paixão me atiçando a recomeços, deixei casa, família, fiz o que achei melhor. Única vez em que segui meu coração, e as palpitações cessaram. Não me arrependo. Tremo ainda todo ao ver nos olhos Dela, meio-verdes, meio-mel, o brilho bobo em meu olhar, então o breu que me arrebatou e a terra que me acolheu. Sou um Flores, mas a caca de urubu sobre a lápide deixou-me singular – Flor. Menos pelo que fui do que pelo que agora sou: um Flor que não se cheira, reconheço. E foram as rosas que partiram, melhor dizendo: deixaram-se levar. Dizem que plantas têm escrúpulos e disso nada sei. Desprezei-as, fui hostil, odiei a sua origem e seu odor de traição. Melindrosas, deram mãos ao vento e foram, dissimuladas, rastejando até o portão, onde fica o lixo. Uns valorizam o que outros jogam fora, e como eram brancas, confesso que lindas, não passaram longo tempo lá. Mas eu devia ter evitado sementes, Flores tão semelhantes, como o filho que veio me ver. Rosas: durma com elas, acorde espetado. Não cheire, mande-as embora antes que seja tarde demais. Ao depositá-las em meu túmulo naquela tarde, ele nada disse, mas pude ver aquele brilho vadio em seus olhos, o mesmo brilho bandido que um dia cegou os meus.

idealização e coordenação editorial Germano Xavier (drt ba 3647) projeto gráfico e diagramação Carolina Piva

www.oequadordascoisas.blogspot.com Fundado em março de 2012 Impressão Tecgraf | Seabra-BA Tiragem 1.000 exemplares

editores-chefes Germano Xavier (Bahia, Brasil) Carolina Piva (Minas Gerais, Brasil) Karime Limon (Califórnia, Estados Unidos) editoras-convidadas Iara Fernandes (Minas Gerais, Brasil) Tatiana Carlotti (São Paulo, Brasil)

textos, críticas, sugestões germanoxavier@hotmail.com | carolbpiva@ gmail.com | karimelimon@gmail.com O Jornal de Literatura e Arte | O Equador das Coisas é uma publicação trimestral, independente e sem fins lucrativos. Veicula textos e imagens submetidos à apreciação dos editores e também originais de artistas convidados. Nossa intenção — e paixão! — é de alguma forma promover a literatura, a arte! O jornal vai-vem entre a Bahia, as Minas Gerais e a Califórnia, e de novo, até o momento de impressão — uma deliciúra! Imagens e textos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores.


VISÃO 2011

1102 OÃSIV

VISÃO 2011

VISÃO 2011

VISÃO 2011

VISÃO 2011

VISÃO 2011

VISÃO 2011

1102 OÃSIV

VISÃO 2011

VISÃO 2011 VISÃO VISÃO 2011 “no2011 exílio onde padeço angústia os muros invadem 1102 OÃSIV 11no 02Abismo OÃSIV VISÃO 2011 minha memória atirada VISÃO e2011 VISÃO 2011 meus olhos meus manuscritos meus amores 1 1 0 2 O Ã S I V VISÃO 2011 pulam no Caos” (Roberto Piva) VISÃO 2011 VISÃO 2011

por Germano Xavier

VISÃO 2011

VISÃO 2011

VISÃO 2011

1102 OÃSIV

VISÃO 2011

VISÃO 2011

VISÃO 2011 VISÃO 2011

1102 OÃSIV

3

e Q

as flores do asfalto

VISÃO 2011

VISÃO 2011

POETIZANDO

VISÃO 2011


R E L E I T U R A S

A DESELEGÂNCIA DISCRETA DAS MENINAS DE LYGIA por Natália Escobar

Filha de advogado e pianista, Lygia Fagundes Telles nasceu em São Paulo e passou a infância no interior do Estado. Quando voltou à capital, cursou Direito e Educação Física na usp. Ainda na adolescência, manifestou vocação para a literatura, encorajada por grandes amigos como Carlos Drummond de Andrade e Erico Veríssimo. Mais tarde, no entanto, a escritora rejeitaria seus primeiros livros, porque “a pouca idade não justifica[va] o nascimento de textos prematuros que deveriam continuar no limbo”. O primeiro romance foi Ciranda de pedra (1954), marco inicial da escrita madura de Lygia. A década de 1970 foi de intensa movimentação na sua carreira literária e assinalou o início de sua consagração. As meninas, de 1973, recebeu os prêmios Jabuti, Coelho Neto (da abl) e Ficção (da Associação Paulista de Críticos de Arte). Em As meninas, Lygia nos leva para o Brasil da ditadura militar e nos coloca diante das diferentes perspectivas de um país em transformação. Com um foco narrativo observador dos fatos, muitas vezes desviando o fio condutor da história, a prosa parece acompanhar somente o coração que pulsa em cada personagem, tirando o leitor de um para colocá-lo em outro sem aviso prévio. Todo o livro é estruturado no tempo e espaço psicológico de cada uma das meninas. Lorena, Ana Clara e Lia. Três jovens se abrindo para o mundo no tempo que foi o menos livre do Brasil contemporâneo. Lorena, apaixonada e sonhadora, mantém os pés no ar e a cabeça pregada no chão da infância. Escuta Jimi Hendrix – dear Jimi! –, lê Drummond e compadece platonicamente de todos os males do mundo. Com ela aprendemos as impossibilidades de ser e estar ao mesmo tempo.

desencaixotando | em olhares

por Letícia

Palmeira

Fonte da imagem: blogue da revista Veja! (veja.abril.com.br)

e Q

4

“Faço filosofia. Ser ou estar. Não, não é ser ou não ser, essa já existe, não confundir com a minha que acabei de inventar agora. Originalíssima. Se eu sou, não estou porque para que eu seja é preciso que eu não esteja. Mas não esteja onde? Muito boa pergunta, não esteja onde. Fora de mim, é lógico”. Só nos apaixonamos por Lorena quando a descobrimos por inteiro – ou quase; quando é ela quem segura as rédeas do duro golpe final... Ana Clara, a drogada Ana Turva, inventa todos os mistérios do mundo só para desvendá-los. Com ela a narrativa fica densa, obscura, reflete o fluxo de inconsciência que é a vida. É, de todas, a personagem menos explorada factualmente, o que faz o leitor vomitar perguntas que nunca serão respondidas de forma objetiva. Ana Clara é subjetiva, irreal e sedutora, e Lygia a projeta turvando-se na pontuação. Nos envolvemos de tal forma com essa personagem que tomamos para nós o coração ardente escondido no casaco. “A garrafa boiando na onda tem uma mensagem dentro se eu rastejar mais um pouco. Estendo o braço e bebo a mensagem que diz.” Lia, a subversiva Lião, lê Che Guevara, tranca a faculdade e vai à luta pelo ideal de liberdade. Oculta dentro de si a criança encantada e coloca para fora a revolucionária Rosa. É com ela que chegamos mais perto, e quase podemos tocar a ditadura militar brasileira. O tecido assim criado de presenças, ausências, esperanças, sonhos e frustrações é o que encanta e arrebata porque é esse o abrasador universo de As meninas. Lygia Fagundes Telles é, sem dúvida, umas das melhores escritoras brasileiras e, nesse livro, traz o retrato apaixonado de meninas em um mundo em transformação.

adversa aos classificados

Procura-se com urgência alguém que saiba amar e consertar encanamento. E que use chapéu. É preferencial que use chapéu, jeans e camisas que combinem com as minhas. Fator primordial. Não sou muito exigente. Porém, deixo claro em anúncio que procuro alguém decente. Alguém que traga flores. Sem flor, eu não passo. Sem agrado, me distraio. Aceito vagabundo, caso seja esta a minha única opção. E que seja atento o vadio ao meu silêncio, ao meu espasmo de orgasmo violento, e que seja cordial, sem exagero clichê, e me diga “amo você” duas vezes por dia. Nada além da conta. Enfatizo que busco alguém que, por questão de conveniência, saiba ganhar ninharia para encher a geladeira e conheça o labor da cozinha. Eu adoraria comer especiarias feitas por suas mãos. E que leia Dostoiévski e muita filosofia. Exijo viver de amor, literatura e discussão. Plena da vida. Um belo par de luvas seríamos. Ratifico: busco vagabundo ou qualquer outro. E que tenha bicicleta. Talvez acrobata, mas nada atleta. Não quero competição. Há muitas ruas em meu mundo e seria bom andarmos juntos a sentir o vento no rosto e engolir das horas o que não se vê. E, depois de todo passeio, cairíamos na cama e dormiríamos ou nos engoliríamos ou sei lá o quê. Deixo este item a critério de quem lê. Em caixa alta, procura-se vagabundo. Ou que nem seja vagabundo. Aceito trabalhador. E que nem use chapéu. Melhor que eu diga precisa-se de alguém que saiba viver. Ou que nem saiba. Nem é preciso que traga flores. E que nem ame. Ou que nem exista. E já não exijo nada. Que eu viva sedenta esperando que toque a campainha, que o carteiro traga correspondência, que a máquina enxágue bem as roupas, que venha data de aniversário, que venha solidão, que me venha deus em oração e que eu receba só o cobertor adequado para o frio. Que eu seja abençoada como aqueles que são precários e quase nada possuem na vida. Que eu seja a incompleta cena do capítulo seguinte. Que eu seja, antes de qualquer outro triunfo, humana acima de tudo, mulher em estado bruto, e que eu viva à maestria de um trem que não se resume ao trilhar das estações.


e Q versando lá

Eabha Rose weaves words like the delicate thread of the spider or the silk worm. Her threaded words are soft yet strong and full of magical light. When reading Eabha, one might feel as if the turning of the Earth slows down, going back to a childhood wonderment. In timelessness and beauty, her work is a reverie to folklore and love, and a quest for knowledge of the deep magic within.

Karime Limon * tradução: Carol Piva

* trad. Carol Piva

A poeta irlandesa Eabha Rose tece as palavras de modo a elaborar uma composição-teia delicada, a exemplo do que faz a aranha ou o bicho-da-seda. De uma ponta a outra, e dali a outras, os fios em-verso têm maciez e força – e reluzem. Ler esses versos é sentir a Terra acalmando seus giros, e então se alcança de novo um deslumbramento típico dos tempos de infância. Atemporal e repleto de beleza, eis um trabalho artístico que beira ao sonho de um folclore transbordando amor e refazendo a magia que se tem dentro.

POETS ALSO NEARBY

temperando palavras, polvilhando texturas | a alquimia de eabha rose

VERSING FAR

poetas também cá

Flavoring Words, Powdering Textures The Alchemy of Eabha Rose*

5


E N T R E V I S T A

e Q

6

“Imagem n. 2”, 2012, série Poéticas do Luto II

“Imagem n. 1”, 2011, série Poéticas do Luto II

“Imagem n. 7”, 2011, série Poéticas do Luto I

Vinicius Figueiredo, em foto de Mário Cavalcante

´ Vinicius figueiredo poesia arte visual memoria O Equador: Se é pra começarmos, que então! Fico agraciada com esta

entrevista – assim-bem nós todos do jornal – e por vir acompanhando mais de perto o seu trabalho desde a época da sua dissertação. Palavras e imagens das mais-que-lindezas que tive honra de ler e degustar e flautuar com... Bem-vindo a’O Equador, querido artista!

Vinicius Figueiredo: Eu que agradeço pela participação no jornal. Vocês vêm, de forma tão sinuosa e brilhante, abrindo caminho para a circulação das artes visuais, da literatura, entre culturas distintas...

O Equador: “O artista torna visível o mundo invisível” – eis palavras

suas em recente entrevista ao prof. Marcio Fonseca, da ufrj. Comecemos, voilà!, com a questão da(s) nossa(s) (in)visibilidade(s)... E eu já arriscaria te perguntar: da atarantada procura da poesia que preexiste, ou sobrevive, entre a dor, o silenciamento e a memória?

Vinicius Figueiredo: Quando comecei a investigação sobre memória, em 2007, e usando um suporte tão delicado (as fotografias dos meus avós maternos), eu não fazia ideia de como o poetizar dessas imagens afetaria minha vida pessoal. Olhando de longe, o que sobreviveu entre a dor, o silenciamento e a memória são as obras. Elas nasceram de uma referência familiar, de um processo criativo e ritualístico do luto, mas atuam como semente que carrega todas as características genéticas e cresceram de forma totalmente diferente da sua matriz. As obras me fazem ouvir silêncios entupidos mais que silenciá-los como retrato da dor e da memória. Vejo minhas imagens como orgânicas e em constante transformação a cada novo olhar.

O Equador: É marcante na sua obra um entrelugar: o da poesia, que se entrelaça com a arte visual e a memória. Como é este processo criador e como você diria da sua criação – são fotografias retrabalhadas digitalmente, prints, assemblages...?

Vinicius Figueiredo: Reconheço meu trabalho como fotografia manipulada, e este manipular pode ser digital ou manual, mesmo atuando diretamente na fotografia revelada. Gosto de brincar com isso de visível, legível; coloco a escrita manual do meu processo criativo digitalizada nessas fissuras e entrelugares das fotografias. A proposta é intensar as relações entre o fazer manual e a arte digital. Existe, na história da arte, uma briga antiga sobre a legitimidade dos suportes, que mudam com as novas tecnologias. Uns atacam o digital e os meios tecnológicos, outros desconsideram o fazer manual. Penso que a questão é bem maior que a do uso do suporte; ela está na pesquisa e na sinceridade do artista em relação à sua poésis e ao seu tempo. Se pensarmos que os meios de criação e vinculação da obra de arte se encontram em expansão com as novas formas de mídia, então repensemos o próprio ato de olhar para o outro, pois a nossa memória e a iminência do esquecimento também estarão sempre alteradas...

“Armarinhos Teixeira, Ros ngela RennO, Christian Boltanski, A ´ Alfredo Nicolaiewsky, JosE Rufino, Sophie Calle, Marcos Vasconcelos, Farnese de Andrade, Lucian Freud, Robert Rauschenberg, Ydessa Hendeles, Edney Antunes ––todos esses artistas me tocaram pela forma singular com que ´ investigaram e ‘virtualizaram’ a memOria nas artes visuais.” ^

´

O Equador: E qual é o lugar dessa arte hoje? Que público ela ainda (ou tanto mais ainda) consegue alcançar?

Vinicius Figueiredo: É muito relativa a questão do consumo da arte contemporânea... Eu pensava, por exemplo, que, por abordar temas particulares e melancólicos, meu trabalho pudesse ser considerado extremamente institucional, voltado à pesquisa e extensão no meio acadêmico. Mas percebi, recentemente, que há uma procura grande pelas obras desta minha última série, Poéticas do luto, por parte de galerias que não são necessariamente especializadas em arte contemporânea. Venho aprendendo, com isso, a não limitar a relação que o público estabelece com o meu trabalho e acho que um grande desafio, depois que a obra está pronta, é justamente o desapego...

O Equador: Ah, esse desapego... No campo da produção literária,

por exemplo, eis o que Julio Cortázar chamou a autarquia da obra (conto), essa necessidade de o criador se desprender da criatura e deixá-la ganhar as ruas, como o elefante de Drummond...

Vinicius Figueiredo: Sim, e justamente não é possível prever o que haverá “nesta rua” nem como ela “receberá” o elefante... Não se pode limitar a obra de arte a um só tipo de público; se a arte muda e as relações com o público também se encontram em transformação, como restringir/delimitar este “alcance”?

O Equador: Sim, e também... dança, teatro, música – vejo-os expostos e escondidos, sob a luz e a não luz, num trabalho artístico de peso, como o seu. O belo amálgama vivenciar, estoriar e representar trazido por Pina Bausch, por exemplo, vejo-o titilar em muitas imagens suas. Que linguagens artísticas perpassam sua obra?

Vinicius Figueiredo: Tenho sido muito influenciado pela produção de Agnès Varda, cineasta francesa que diluiu a ponte entre o cinema e as artes visuais. Tenho as “minhas fases” de ouvir apenas Nina Simone, por exemplo. Venho escutando bastante o Die Antwoord, pela musicalidade e pelo conceito de arte e moda exageradamente sofisticado e agressivo. Eu adoro a Pina, fico sempre na expectativa de que cheguem as férias e eu possa visitar meu amigo, fotógrafo e teatrólogo, o Franz Deizer, que vive na Alemanha e é vizinho do estúdio da Pina. Ele conta que há vários momentos em que é possível acompanhar o processo criativo da Cia. Pina Bausch, através dos ensaios abertos ao público e, enfim, fico doido para ir...

O Equador: Para encerrarmos (infelizmente!): como o artista ainda

pode – se é que pode – escapar ao massacre da produção mercadológica em épocas de extremada reprodutibilidade técnica?

Vinicius Figueiredo: Eu não acho que o artista deva escapar, Carol. Penso que ele deve justamente se jogar na reprodutividade técnica, diluir sua aura em milhões e bilhões de algoritmos, lançar sua arte na rede e tentar tocar as estrelas com os dedos. Sinceramente vejo que este é o caminho. O mercado sempre existiu, sempre mordeu e mudou. As novas esferas de criação e reprodutibilidade da obra de arte apontam para um caminho em que as mídias podem/poderão coexistir, sem que haja necessidade de uma sobrepujar a outra...


Carol Piva

poesia-poesia... Setty e Sharon, a casa é de vocês... poetry-poetry... Setty and Sharon, let us toc-toc-in...

O que sentimos apenas vive dentro e através daquilo que se importa de nós. Dancem, mãos maquinais! Coma, chapéu de tristeza! E beba a minha esperança, devore a minha alegria, zombe do meu horror, querida atarantada miséria! Mas pelo menos deixe uma lágrima nas minhas pernas quebradas, uma gota de orvalho nos meus dentes cariados e uma palavra pra dizer um dia da minha irrenunciável decrepidez.

What we feel only dwells in our heart through what cares for us… Dance, machine-hands! Eat, hat of sorrow! And drink my hope, devour my joy, deride my horror, dear dazed disgrace! But leave me at least with a tear in my broken legs, a dewdrop in my decayed teeth, and a word for my irrevocable decrepitude…

Desinventar as coisas, os outros, qualquer alguém. Ou nenhum. Qual o risco? Talvez seja como se a lua estando pros pés. E a invisibilidade, pras palavras. E pro silêncio. E pra quer-qual de nós… E então existiria miséria fazendo… sentido algum? Tortuosidades tais residuando a gente – sim, nós sentimos; mas elas também desmiolando a gente pra não medrar precipícios – é possível? Aprender lucidez com a dor… Tenebroso – pode ser. Fértil – eis que também, porém. Mas mesmo que tudo isso, toda a desgraça nos precipite contra um grotesco muito afeito a subterrâneos de dor pelos quais nós, em miríades, sejamos-seremos… engolidos? Ainda parece irresistível – o abismo? Que comprime e oprime, dia-após, sem cessar? Sim, não, talvez… E então? E então os choques todos contra o muro, o minimalismo, o expressionismo, o surrealismo dos dias muitos; os nossos pretensos “quem se importa?, eu que nem”, os tudos e nadas, a crueza sem-fim; apropriações, reticências, tic-tacs, toda essa miscelânea de choro e riso pra qual ninguém de nós foi sequer... convidado? Sequer nos repeliram o nu e o cru e a aspereza… Pois-que tampouco se deram ao... trabalho? Ah, mundo-asfalto-mundo, mundo-porrada-mundo, mundo-monstro-mundo... Então o que mais? Tudo tão assustoso, tão intrincado. E nefasto. Obscuro. Áspero, doloridamente áspero. Como e por que é então possível sentir ainda alguma doçura onde-em-tudo parece haver uma tão-só... náusea? Onde fica aquela fresta, tão-só fresta, mas ainda assim fresta? Ah, entre a gente e todos os impossíveis espelhos de escorregar pra dentro… Entre os pratos principais a que não seremos convidados e a fome que vem pra exacerbar a nossa invisibilidade... Entre dores e armas, a poesia é preciosa ao dizer em favor da nossa atarantada humanidade sem aqueles insuportáveis cartões de crédito a que nos obrigam; ela é preciosa em nos ensinar a olhar com ternura pros nossos todos atabalhoamentos quando nos metemos a desinventar as coisas que simplesmente não conseguimos edificar... nós e os nossos olhos já viciados de uma necessidade de tal conquista, ou de uma qual derrota… por vexar. É isso o que há de mais inefável – e de mais intransponível e inenarrável – na poesia. Penso que ela floresce a gente de lucidez, ainda que em dor, e ainda que tenha sido perdida a luta, e ela então nos rio-afora, rio-adentra… dela mesma – poesia. Fazendo a gente desconhecer tudo pra então reexistir em tudo, ou quase tudo. Dormindo a nossa língua, quando sim, mas mantendo a palavra enfim-ali, e enfim delicada, mesmo que muito mais propensa ao rasgo, ao calafrio, ao horror. E isso pra que a gente não desmereça a outridade, a imensidão, nem sequer a ninharia. Pra que a gente não ache nem perca, mas desencontre. E procure. Insanamente, veladamente, inutilmente – que seja sendo. Mas sobretudo, e eis sua espada mais incrível, pra que a gente não se desespere… e se morra da gente… Apresento-pois, muito honrada, os versos vigorosos de duas artistas da palavra que transbordam – poesia. Setty Lepida, que poetiza de Atenas, na Grécia; e Sharon Frye, de Newcastle, Estados Unidos. A desinventar tons e tonalidades; romper a linguagem pra despertar (n)ela; permitir que algumas-ainda lágrimas permaneçam nas nossas pernas destroçadas de um mundo febril – e ardil –, ou nas atarantadas palavras que ainda… nos esplendoram... ainda... pois-eis-então-que... ainda… uma vez que seja, mas ainda…

UNTITLED ● UNTITLED ● UNTITLED ● UNTITLED a small town wakes up to clang of garbage bins ● are you listening? ● followed by a faint stench and an engine running ● out with the old and in with the new, papers, glass ● plastic and meat, vegetable juices and memories ● that don’t matter ● yesterday’s lunch, last week’s news on wars, floods, ● and money you won’t ever again see, tv star affairs ● weeklies and used toilet wipes, cigarette ashes ● cartons, old bills, the too much baggage ● we can’t afford to carry ourselves, all mush ● inside that turning belly and then off to their burial site ● where birds and decay never tire

uma cidadezinha acorda pro tum-tum estridente das cestas de lixo ei, você está ouvindo? na cadência de um cheiro horrível de motor queimando pra fora com o velho, pra dentro com o novo, papéis, vidros plástico e carne, hor-ti-fru-tí-co-las e memórias sem importância o almoço de ontem, as notícias de guerra da semana passada, enchentes e o dinheiro que nunca se verá de novo, as estrelas plim-plim da tv os semanários e as toalhas de papel usadas, cinzas de cigarro caixas de papelão, contas antigas, aquele sem-fim de bagagem que a gente só mantém sabe-se lá pra carregar o quê, da gente, e todo esse mingauzinho dentro, sendo digerido, e dali direto pro túmulo onde a decomposição e os pássaros sempre estarão

To uninvent things. Most Others. Yourself. Any No-Self. Dangerously, you wonder? But fearlessly. As the moon is to your feet. And invisibility is to your words. And to your silence. And to yourself… There shall be a misery being meaningful. A slog through whatever being expressive of such exhilarating walk on the cliff… Dire, this may be. Yet fruitful, it is. Even if it’s toward the grotesque touching every single black hole you, and myriads of you are engorged by? Is it…still tantalizing? Day by late with, with…little reprieve? Yes, no, perhaps… So what? Shocks against the wall, minimalism, expressionism, surrealism, your pretentious “I don’t care,” your everythings and nothings, crudeness around, cruelty, the caustic language, plunderings, reticence, tick-tack-tocks, all this mélange of crying and laughter you are neither…invited to…nor impervious to, the rude and the crude, and the acrimony… Ah, world-asphalt-world, world-punch-world, world-fiend-world… So what? It is all tragic(omic)! All intricate! And obnoxious. Obscure. Perverse. Iniquitous, pernicious. And…excruciating… Why and how can you [still] see any mellifluence where there should only be… nausea? Is there any mere window, but still a window? Between you and all the impossible winged looking-glasses to slide into, or between the volition you will never be coming of your own and the hunger which exacerbates your invisibility, poetry seems to play the ebullient role of that one who/which teaches you, without any (credit-)card-like exigency, at least how to uninvent what you cannot build (up). This is, for me, the ineffable—and insurmountable, and inexplicable—interstice poetry invites us to river ourselves around—and our mysterious existence, all our trash that endures beside our own small, transitory life. For us…to (flower-)withstand, wake up our language, and keep our word at least…mellifluent. And not relinquish any otherness or everythingness or nothingness. And never or rarely find that we simply must find or lose but pursue. And especially for us to not despair… Here it is, in gleaming touch-by-touch of so very enticing rhymes cascading over our senses, the poetry of two sensitive—dear-talented—ones, Setty Lepida, from Athens, Greece, and Sharon Frye, from Newcastle, US. Uninventing tones and tunes, breaking up languages to wake them up, and bringing-opening up hoped-for tears for our broken legs, even for our dazed words…and definitely splendoring us…

● SETTY

S E T T Y L E P I D A ●

S E T T Y L E P I D A

LEPIDA ● SETTY LEPIDA ● SETTY LEPIDA ● vem e leva embora todas as minhas máculas adquiridas de lençóis sob medida em acessos-dentro de amor ecos (em) espirais e então me rebobina de novo me deixando sem em elasticidade-nota adorada e beijada e maculada até a décima primeira hora (suspiros)

7

e Q

B R I N C A N D O D E FA Z E R U M Q U Ê | PA L AV R A E X E RC I TA N D O S E N T I D O S

E U F O R I A

come ● wash away my stains ● stripped of the fitted sheets ● in seizures ● interior to love ● in spiral echoes ● spool me back ● bare ● stretched into notes ● adored and kissed and foxed ● to the eleventh hour ●● (gasps)

´ ● ´ ● ´ ● ´ ALEGRIA ALEGRIA ALEGRIA ALEGRIA


e Q

8

SH A R ON FR Y E ● SH A R ON

She wrote with a white pen, eased him into paragraphs, dipped minnows of words against bare skin until he nibbled at pink feathered bait. He walked into the streets of her story, left crescent moon smile, lingered behind blue whiffs of smoke and vodka. At first, she debated writing an allegory where his name would have been Moby or Dick with unique sonar for fragile flesh. Gulped little rag dolls, one swallow down into bile of his belly, then tossed, spit them back into the sea.

FR Y E ● SH A R ON FR Y E

Or she could summon words for epic hero, whose boundary was foolproof, whose armor was fireproof, never touched by banked embers of unseen offerings. In the end, desperado Muse, whispered talisman. His voice danced in darkness, sent visions of blue. Green galaxies clouded daylight moments until black Adagio notes rolled away stones and finally... lured her pen.

ANTIHERO

par te 2 , L A U S A AMOR C

... Quantos anos você tem? A constatação de que ele era quinze

anos mais novo que ela a transformou, numa fração de segundos, em pedófila. De onde você é? A origem nordestina projetou, instantaneamente, em sua imaginação fértil, o quadro de uma vida de sofrimento. Pôde vê-lo, retirante, chegando a Sampa com a cara e a coragem e, provavelmente, mal alimentado. Perninhas finas e bambas... E finalmente: você ainda tem mãe viva? Nooossa... saber que ficara órfão de mãe aos dois anos de idade foi o golpe fatal. Chegava a ser covardia... se pudesse, o adotaria ali, naquele exato instante. O levaria pra casa, lhe daria um pratinho de sopa quente, e o colocaria numa cama quentinha... Coitadinho... Saiu do carro amarrotada, se recompôs rapidamente, ajeitou os cabelos desgrenhados e foi pra casa pensando. Pensando, não. Sentindo. A pele dele era macia, a boca gostosa, o desespero estimulante. Até que isso podia ser bom... O segundo encontro começou estapafúrdio. Ele vinha de dois plantões de doze horas, seguidos. Tivera apenas uma hora para descansar. O constrangimento dele por ser ela dirigindo não cabia dentro do carro. O lugar que ela escolhera, a dedo, pra que tudo desse certo, foi rejeitado por ele, cuja ansiedade parecia não permitir que se fosse a algum lugar além da esquina. Quando ela sugeriu à recepcionista que lhes oferecesse alguma cortesia, a aflição dele fez com que se arrependesse imediatamente, pois, a seus olhos, ela devia ter extrapolado todos os limites da ousadia. Depois de uma inspeção prévia em todos os cantos do quarto, ela pediu uns minutos e entrou no banheiro. Tudo parecia meio fora de lugar e não tão limpo quanto deveria. Resolveu passar por cima e curtir o momento. Não era pra isso que estava ali? Saiu do banheiro, já enrolada numa toalha, e o encontrou mais do que pronto. E, no primeiro abraço, já querendo mergulhar nela, ele soltou uma frase que de tão proibida para a ocasião lhe pareceu quase pornográfica: eu tô morreeendo de medo de gostar demais de você e você só me querer pra sexo. Ela se liquidificou.

AQUI (COM)

A GENTE

SH A R ON FR Y E

SH A R ON FR Y E

Ela escrevia com uma caneta branca, ofuscando-o entre os parágrafos, apertando contra a pele desnuda as palavras-peixinhos até que ele enfim mordesse a isca de penas cor-de-rosa. Passeava ele nas ruas da história dela, deixando crescente a lua, em sorrisos, e com marcas de fumaça e vodca atrás do ali azul. De início, ela cogitou escrever uma alegoria em que o nome dele figurasse como Moby, ou Dick, e com sonar exclusivo para corpos frágeis. De vez só, bonequinhas de pano engolidas

SH A R ON FR Y E

um escorregão direto para a bílis da barriga dele, e então lançava-se tudo de volta ao mar.

Ou ela usaria suas palavras para criar herói épico desses infalíveis, à prova de fogo e com blindagem para o caso de ofertas tentadoras se insinuarem, quem sabe... No fim das contas, Musa perversa, sussurrante talismã. A voz dele dançou na escuridão, se entrelaçando ao azul ali visto. Galáxias verdes anuviaram a luz do dia até que as notas do provérbio vieram à tona e enfim ... arrebataram a sua escrita. ´

ANTI-HEROI

por Ana Lúcia Sorre

ntino

Seu estado passou de sólido pra gasoso e seu corpo se transformou num instrumento de caridade. Faça, faça o que quiser... Ele devia ter uma vida tão dura, bem que merecia possuir uma mulher sem restrições, sem muita frescura... Era tão jovem, provavelmente nem devia ter muita experiência naquilo que estava fazendo... Tão viril e forte, tão desesperado e agressivo... Ela previu que estaria quebrada no dia seguinte. Ele dormiu profundamente. Ela o abraçou e, embora não tivesse sono, acabou cochilando, embalada pela respiração forte provocada pela exaustão dele. Pela janela se percebia a tarde cair e uma chuva gostosa serviu de trilha sonora praquele momento tão diferente de tudo o que previra em suas malucas fantasias de mulher em abstinência. Olhou o corpo jovem dele, e viu que, ainda ressonando, ele estava de novo pronto. Sorriu. Brincou com ele. Ele reagiu de imediato, como se estivesse acordado o tempo todo. Era um garoto... Que a usasse, como bem quisesse... Havia pouco tempo agora. Logo ele teria que ir pra outro turno de seu trabalho tão sacrificado. Coitadinho... Na volta, estavam calados e ele se preocupou em lhe perguntar se estava tudo bem. Ela assentiu, com um sorriso. Despediram-se com beijinhos na boca, como se fossem namorados. E ela o deixou, penalizada por não poder estar mais um pouco ao lado dele, talvez adoçando um pouquinho sua vida, que parecia ser tão dura... De repente, percebeu que esquecera por completo de si mesma. Nem lembrava de seu próprio prazer, de suas carências, de seus desejos há tanto macerados... Ele não fora nada generoso com ela na cama... mas estava se sentindo agradecida. Ele lhe dera, de pronto, a experiência de que tanto precisava para conhecer um pouco mais sobre si mesma. O quê, por exemplo? – se perguntou, sorrindo. Numa primeira análise, que ainda podia ser muito desejada... E que, provavelmente, nunca saberia fazer sexo casual. Aliás, estava tendo a sensação de que acabara de inventar nova modalidade, da qual nunca ouvira falar: o amor casual. Casual, sim. Mas não sexo. Amor.

N’O

as s i o c s a d EQUADOR

3

Eabha Rose é irlandesa e mora atualmente em Dublin. Aprecia a fotografia e a escrita e os tantos fragmentos de poesia­-prosa pra-lá-e-pra-cá em imagens que ela captura dia-após. Se interessa pela iconografia religiosa irlandesa, o que remonta a infância com a avó contadora de estórias. Está atualmente trabalhando em alguns textos em parceria com o músico indonésio-holandês Trian Kayhatu. | artundonebyevie.blogspot.com | eabharose.blogspot.com ● Helena Frenzel é maranhense, autora e editora (independente) de vários e-books, dentre os quais Perfis Interessantes, Trinta Contos de Euros e Três de Natal e Outros Quinze Contos. | bluemaedel.blogspot. com | quinzecontosmais.blogspot.com ● Setty Lepida, nascida na Grécia, segue poetizando as coisas e (co)existindo com-em palavras que vestem e despem organicamente o kósmos. | settylepidapoetry.blogspot.com ● Natália Escobar cursa Jornalismo na Universidade de Uberaba e escreve para a revista O Zebu no Brasil. | falecomnataliaescobar@gmail.com | Facebook: eagoranatalia ● Vinicius Figueiredo é artista plástico, mestre em Artes Visuais pela ufg ● Sharon Frye é poeta e vive em Oklahoma, nos eua. Tem versos publicados em importantes antologias, revistas e jornais literários, a exemplo do The First Cut. Participará, este ano, do Festival Internacional de Poesia de Fermoy, na Irlanda. | facebook.com/fryewriter ● Letícia Palmeira é autora de Artesã de Ilusórios (2009) e Sinfônica Adulterada (2011), escreve o blog Afeto Literário e colabora com o jornal Contraponto. | leticiapalmeira.blogspot.com | leticiapalmeira@gmail.com ● Germano Xavier é (poeta-escritor, professor e jornalista, Bahia), Carol Piva (professora, revisora e ficcionista, Minas Gerais), Karime Limon (poeta, San Diego, Califórnia, eua), Iara Fernandes (professora-revisora, escrevendo de Minas Gerais) e Tatiana Carlotti (balzaquiana convicta, amante das letras, escrevendo de São Paulo) são os editores d’O Equador das Coisas. | oequadordascoisas.blogspot.com | theartbrazil.blogspot.com | karimehologram.blogspot.com | alternativaculturalevirtual.blogspot.com | www.tcarlotti.com


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.