ÍSIS SEM VÉU - VOL.III

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como os demônios do santo que, compeüdos pela magia eclesiástica e pelo poder do "nome (. . .) que os força à submissão", ftErrtem de acordo com o interesse direto do exorcista e da sua igreja. Deixamos à sagacidade do leitor o estabelecimento da moral deste paralelo. "Observai", exclama des Mousseaux, "que há demôníos que às vezes falam a verdade". "O exorcista", acrescenta, citando o Ritual, "deve ordenar ao demônio que diga se ele é mantido no corpo do endemoninhado por algum ato de magia ou por sinais ou quaisquer objetos que posszìm servir para essa prática do mal. No caso de a pessoa exorcuada ter engolido um desses objetos, ela deve vomitá-lo; e, se não estiverem em seu corpo, o demônio deve indicar o lugar exato em que estão; e uma vez encontrados, eles devem ser eueimados"a2. Assim, alguns demônios revelam a existência do feitiço, dizem quem é o seu autor e indicam os meios de destruir o mnleflcio. Mas cuidado ao recorrer, nesse caso, a mágicos, bruxos ou médiuns. Para vos ajudar, deveis chamar o ministro da vossa lgreja! "A Igreja acredita na Magia, como vedes", acrescenta, "visto que o expressa formalmente. E aqueles que não crêem na Magia, podem ainda esperar poder partilhar da fé de sua própria Igreja? E quem, melhor do que ela, poderia ensiná-lo? A quem disse Cristo: Ide e ensinai as nações (. . .) e eu estarei sempre convosco, até o fim do mundo'?"43 Devemos acreditar que ele disse isso apenas àqueles que vestem os uniformes

púrpura e negro de Roma? Devemos dar crédito à história que afirma que esse poder foi dado pelo Cristo a Simão, o Estiüta, o santo que se santificou ao se encarapitar sobre uma coluna (stylos) de aproximadamente dezoito metros de altura durante 36 anos da sua vida, sem jamais descer de 16,, a fim de que, entre outros milagres relatados em The Golden Legend ele pudesse curaÍ um dragão que tinha um olho doente? "Perto da coluna de Simão haüa a morada de um dragão tão venenoso, que o ar estava empestado por muitas milhas ao redor da sua caverna." Este ofídio-eremita sofreu um acidente: um espinho penetrou no seu olho e ele, sentindo-se cego, subiu à coluna do santo e apertou o seu olho contra ela durante três dias sem fazer mal a ninguém. Foi entáo que o santo bem-aventurado, do seu assento etéreo, "de cerca de um meffo de diâmeffo", ordenou que se atirasse terra e água no olho do dragão, do qual emergiu rapidamente um espinho do comprimento de um côvado; quando as pessoas viram o "milagre", glorificaram o Criador. Quanto ao dragão agradecido, ele se levantou e, "tendo adorado Deus por duas horas, voltou à srla caveÍna"44

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um sáurio meio convertido, supomos.

E o que devemos pensar a respeito de outra narrativa, da qual desacreditar é correr o "risco de comprotneter a nossa salvação", como nos informa um missioná-

rio do Papa, da Ordem dos

Franciscanos? Quando Sáo Francisco pregava no desermundo. Eles trinavam e aplaudiam cada frase; cantaram uma missa em coro; finalmente, dispersaram-se, para levar as boas novas aos confins do mundo. Um gafanhoto, aproveitando a ausência da Virgem Maria, que geralmente privava da companhia do santo, permaneceu pousado na cabeça do "abençoado" por toda uma semana. Atacado por um lobo feroz, o santo, que não tinha outra arma senão o sinal da cruz com

to, os pássaros se reuniram ao seu redor, vindos dos quatro quadrantes do

que se persignava, em vez de correr para longe do seu agressor raivoso, pôs-se a argumentar com a fera. Tendo-lhe revelado o benefício que derivaria da santa religiáo, São Francisco não parou de falar até que o lobo se tornasse tão dócil quanto um cordeiro e vertesse lágrimas de arrependimento dos seus pecados passados. 76


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