ÍSIS SEM VÉU - VOL.III

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se€retário de Adriano, escrevendo na primeira quadra do século II, sabe tão pouco de Jesus ou de sua história a ponto de duer que o Imperador Cláudio "baniu todos os judeus, que causavam contíìuas perturbações, por instigação de um tal Chrêstos", ot seja, Cristo, segundo podemos supor125. O próprio Imperador Adriano, escrevendo ainda mais tarde, estava tão pouco impressionado com os dogmas ou com a importância da nova seita que, numa carta a Serviano, mostra acreditar que os cristãos eram adoradores de Serapis126. r'No século II", diz C. W. King, "as seitas sincréticas que haviam surgido em Alexandria, o berço do gnosticismo, encontraram em Serapis um tipo profético de Cristo como Senhor e Criador de tudo, e Juiz da vida e da morte". Portanto, ao passo que os filósofos "pagáos" jamais haviam considerado Serapis, ou antes a idéia abstrata que nele se encarnava, senão como uma representação da aníma mundi, os cristãos antropomorfizaram o "Filho de Deus" e seu "Pai", não encontrando modelo melhor para ele do que o ídolo de

- assinala o mesmo autor - "que a cabeça de Serapis, marcada como é sua face por uma gÍave e pensativa majestade, forneceu a primeira idéia para as imagens convencionais ds $fvad61"12z. Nas notas tomadas por um viajante - cujo episódio com os monges do Monte Athos foi mencionado acima - encontramos que, durante sua juventude, Jesus havia údo freqüentes contatos com os essênios pertencentes à escola pitagórica, e conhecidos como koinobioi. Acreditamos que Renan se eqúvoca quando afirma dogmatium mito pagão! "Não há dúvida"

camente que Jesus "ignorava por completo os nomes de Buddha, Zmoastto e Platáo"; que ele jamais havia [do um üvro grego ou budista, "embora mais de um elemento de sua doutrina procedesse do Budismo, do Parsismo e da sabedoria grega"128.Isso é conceder um meio-milagre, e dar muita oporfunidade ao acaso e à coincidência. É um abuso de privilégio quando um autor, que afirma escrever fatos históricos, tira deduçóes convenientes de premissas históricas, e então chama sua biografia de - uma Vüa de Jesus. Assim como qualquer outro compilador das lendas relativas à história problemática do profeta Íazueno, não tem ele uma polegada de terreno seguro em que se apoiar; não se pode afirmar o contrário, exceto por vias deduüvas. No entanto, ao pÍtsso que Renan não tem um único fato soütário para mostrar que Jesus jamais havia estudado os dogmas metafísicos do Budismo e do Parsismo, ou tido conhecimento da filosofia de Platão, seus oponentes têm as melhores razões do mundo para suspeitar o contrário. Quando eles acreditaÍn que 1, todas as suas máximas têm um espírito pitagórico, quando não repetições verba' tim; 2, sou código de ética é puramente budista; 3, seu modo de vida e seus atos sáo essênios; e 4, sua manefua mística de expressão, suas parábolas, e seus hábitos sáo os de um iniciado, seja grego, caldeu ou mágico (pois os "Perfeitos", que falaram da sabedoria oculta, pertenciam à mesma escola de saber arcaico em todo o mundo), é difícil escapar à conclusão lógica de que ele pertencia ao mesmo corpo de iniciados. É um pobre tributo pago ao Supremo, essa tentativa de impingir-Lhe quatro evangelhos, nos quais, contraditórios como sáo, náo há uma única narrativa' sentença ou expressão peculiar, cujo paralelo não possa ser encontrado em alguma doutrina ou filosofia mais antiga. Na verdade, o Todo-Poderoso - não fosse apenas para poupar às gerações futuras a sua atual perplexidade - poderia ter trazido Consigo, em Sua primeira e única encarnaçáo na Terra, algo original - algo que traçasse uma linha distinta de demarcação entre Ele e os numerosos outros deuses encarnados pagãos, que haviam nascido de virgens, e todos salvadores, mortos ou sacrificados para o 289


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