ÍSIS SEM VÉU - VOL.III

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É o símboìo do útero do universo, o ovo terrestre, cujo arquétipo é o ovo mundalo dourado. É desse seio espiritual da mãe Natureza que procedem todos os grandes salvadores do universo os avatares da Divindade invisível, "Daquele que é e que, portanto, não é, do não-ser, Causa Etema, níìsceu o ser Purusha", diz Manu, o legislador. Purusha é o "macho divino", o segundo deus, e o avatar, ou o Logos de Parabrahman e seu filho divino, que por sua vez produziu Virâj, o filho, ou o tipo ideal do universo. "Virâj inicia a obra da criação ao produzir os d,ez Prajàpatt,'os senhore,s de todos os seres - De acordo com a doutrina de Manu, o universo está sujeito a uma sucessão periódica e interminável de criações e dissoluções, períodos de criação que são chamados Manvantaras. "E o germe lque o Espírito Divino produziu de sua própria substância] que nunca perece no ser, pois ele se tornaa alma do Ser e, no período de pralnya [dissolução], torna a se absorver no Espírito Dívino, que repousa desde toda a etemidade em Svayambhrì,

o'Auto-existente"' 60.

Como mostramos, nem os Svâbhâvikas fìlósofos budistas - nem os brâmanes acreditam numa criação do universo ex nihilo, mas acreditam na Prakritì, a indestrutibilidade da matéria. A evolução das espécies e o sucessivo aparecimento de diversos tipos novos estão claramente mostrados ern Manu. "Da terra, do calor e da água nasceram todas as criatuas, animadas ou inanimadas, produzidas pelo germe que o Espírito Divino extraiu de sua própria substância. Assim, Brahmâ estabeleceu as séries de transformações da planta até o homem, e do homem até a essência primordial. (. . .) Entre elas, cada ser (ou elemento) sucessivo adquire a qualidade do precedente; e, à medida que galga um dos graus, ele é dotado de novas propriedades"6l . Esta, acreditamos, é a verdadeira teoria dos evolucionistâs modernos,

kabii, sumarìados na unidade da Divindade suprema, Encontra-se nas pirâmides egípcias, cujos lados iguais se elevam até se perderem num ponto cuÌminante. No diagrama cabalístico, o círculo central da figura bramânica é substituído pela cruz; a perpendicular celestial e a linha de base horizontal tsrrestre59 Mas a idéia é a mesma: Adão-Cadmo é o tipo da humanidade como uma totalidade coletiva, na unidade de Deus

criador

e do espírito universal. "Daquele que é sem forma, o inexistente (também a Causa eterna, mas náo aPrimeira), nas€u o homern celeste," Mas após ter criado a forma do homem celeste nNry EìN [Adam 11la-ah], ele "usou-a como um veículo no qual ele desceu", diz a Cabala. Assim, Adão-Cadmo é o avatar do poder oculto. Após isso, Adão cria ou engendra, pelo poder combinado do Sephirôth, o Adão terrestre. A obra de criação também é iniciada por Sephirâh na criação dos dez Sephirôth (que úo os Prajâpaii da Cabala, pois eÌes são igualmente os Senhores de todos os seres).

O Zohar afirma a mesma coisa. Segundo

a douffina cabalística, houve mundos antigos (Zohar, Ill, p. 292b). Tudo retornará um dia àquilo de onde procedeu. "Todas as coisas de que este mundo consiste, tanto o espírito, quanto o corpo, voltarão ao seu princípio e às razóes de onde procederam" (Zohar, II, 21 8b). Os cabatistas também defendem a indestruúbilidade da matéria, embora sua doutrina seja ainda mais cuidadosamente encobertâ do que a dos hindus. A criação é eterna e o universo é a "veste" ou "o véu de Deus" - Shekinâh; e este é imortal e eterno como Aquele no seio em que ele sempre existiu. Todo o mundo é estabelecido com base no padrão do peu predecessor, e cada vez mais grosseiro e material que o precedente. Na Cabala, todos eles tinham o nome de centelhas. [Zohar, lll, p. 292b.1 Finalmente, nosso mundo atual grosseiramente material foi formado. Na narrativa caldaica do período que precede à gênese de nosso mundo, Berosus falã de um tempo em que nada existia a não ser a escuridáo, e um abismo de águas, povoado de mons-

tros horríveis, "produziu um princípio duplo. (. . .) Naquelas criaturas estavam combinados os membros de todas as espécies de animais. AÌém deias, havia peixes, répteis, serpentes e outros animais monstruosos, que assumiam as formas oz as feìções uns dos outros" .

e

Temos a seguinte afrmação no primeiro livro de Manu: "Sabei que a soma de 1.000 eras divinas compõe a totalidade de um dia de Brahmâ; e que uma noite é igual a um dia". Mil eras divinas sáo iguais a 4.320.000.000 anos humanos nos cálculos bramânicos. "Na expiraçáo de cada noite, BÍahmâ, que estava adormecido, desperta e [pela energia do movimento] emana de si mesmo o espírito, que em sua essência é, e enftetanto não é." e dá

"Movido pelo desejo de criar, o Espírito [a primeira das emanações] opera a criação nascimento ao éter, no qual os sábios reconhecem a faculdade de transmitir o som. 239


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