ÍSIS SEM VÉU - VOL.III

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esculpidos os caracteres sagrados, cuja combinação dá a explicação dos atributos e dos poderes do nome incomunicável. Essa explicaçáo é a chave secreta de todas as ciências e forças ocultas da Natureza. É o que os hebreus chamam de schem haMephorash. Esta pedra está guardada por dois leões de ouro, que rugem quando alguém se aproxima1o2. Jamais se perde de vista os portões do templo e a porta do santuário abre-se apenas uma vez ao ano, paÍa admitir apenas o Sumo Sacerdote. Mas Jesus, que aprendera no Egito os 'grandes segredos' durante a iniciação, fabricou para seu próprio uso chaves invisíveis e, assim, pôde penetrar no santuário sem

ser ústo. (...) copiou os caracteres gravados na pedra cúbica e os escondeu em sua coxa103' depois, saindo do templo, meteu-se pelas estradas e começou a espantar as pessoas com os seus milagres. os mortos era ressuscitados à sua ordem, os leprosos

e os obsedados eram curados. Ele obrigou as pedras, que jaziam há séculos no fundo do mar, a subirem à superfície até que formassem uma montanha, de cujo pico ele pregava". o sepher-Toledoth diz ainda que, incapaz de deslocar a pedra cúbica do santuário, Jesus fabricou uma de argila, que mostrou às nações e a fez passar pela verdadeira pedra cúbica de Israel. Essa alegoria, como as outras desse tipo de livro, deve ser "Iida rns entrelinhas" - tem o seu significado secreto e deve ser lida duas vezes. Os livros cabalísticos explicam o seu significado místico. o mesmo talmudista d2, mais adiante, em essência, o seguinte: Jesus foi lançado à prisão e ali permaneceu por quarenta dias; depois foi flagelado como um rebelde sedicioso; depois apedrejado como blasfemador numa praça chamada Lud e finalmente crucihcado. "Tudo isso" explica Lévi - "porque revelou ao povo as verdades que eles [os fariseus] queriam guardadas para seu próprio uso. Ele havia adivinhado a teologia oculta de Israel, havia-a comparado com a sabedoria do Egito e havia deduzido a razão de uma síntese religiosa universal" 04. Apesar da circunspe.cção com que devemos aceitar qualquer coisa que as fontes judaicas afirmem sobre Jesus, é preciso reconhecer que em algumas coisas elas parecem ser mais corretas em suas afirmaçóes (quando o seu interesse direto não é posto em causa) do que os nossos bons mas zelosos padres. uma coisa é certa: Tiago' o "Irmão do Senhor", nada díz sobre a ressurreiçõo. Náo chama Jesus nem de "Filho de Deus", nem de Cristo-Deus. Apenas rtma vez, falando de Jesus, chama-o de "Senhor da Glória", mas os nzLzarenos faziam a mesma coisa quando falavam de seu profeta Yôhânân bar zachariah, ou João, filho de zacaias (são João Baptista). suas expressões favoritas para o seu profeta são as mesmas usadas por Tiago ao falar de Jesus. um homem nascido "da semente de um homem", "Mensageiro da vida", da Luz, "meu Senhor Apóstolo", "Rei brotado daLuz", e assim por diante. ..Náo queirais pôr a fé de nosso Senhor JESUS Cristo, o Senhor da Glória", etc., diz Tiago em sua epístola (II, l), dirigindo-se talvez a Cristo como DEUS. "A paz esteja contigo, meu senhor JoÃo Abo Sabo, Senhor de Glória!" dizo codex nazaraeus (rr,l9), que se sabe dirigir-se a um profeta. "Condenastes e matastes o Justo", diz Tiago (v, 6). ..yôhânân (João) é o Justo, ele veio no caminho da justiça" , diz Mateus (XXI,32, texto siríaco). Tiago nem mesmo chama Jesus de Messias, no sentido que lhe atribuem os 1

cristãos, mas alude ao cabalístico "Rei Messias", 9ue é Senhor de Tsabaôth1os (V, 4) e repete muitas vezes que o "Senhor" virá, mas em nenhuma parte o identifica com Jesus. "Tende pois paciência, irmão, até a vinda do Senhor. (...) Tende paciência, pois a vinda do Senhor está próxiilta" (V,7,8). E ele acrebcenta: "Tomai, 178


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