ÍSIS SEM VÉU - VOL.III

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"milagres" públicos, originou-se o ceticismo da seita incrédula dos saduceus. Descrevendo as "heresias" daquela época, Theodoret, que náo tinha nenhuma idéia do sig-

o mensageiro ungido, lamenta que eles (os gnósticos) afirmem que esse Mensageiro ou Delegatus mude seu corpo de vez em quando e "entre em outros corpos e se manfeste de maneira diftrente em cada vez.E esses [os profetas obscurecidos] servem-se de encantações e de invocações de vários demônios e de batismos na confissão de seus princípios. (. . .) Eles abraçam a Astrologia e a Magia e o erro matemático" (?), diz ele71 . Esse "erro matemático", de que se lamenta o piedoso escritor, levou posteriormente à redescoberta do sistema heliocêntrico, tão errôneo quanto ainda possa ser, e foi esquecido desde a época em que um outro "mágico" o ensinou - Pitágoras. Assim, as maravilhas de curas e as tauftutturgias de Jesus, que ele transmitiu aos seus seguidores, mostram que estes aprendiam, na sua comunicação diária com ele, a teoria e a prática da nova ética, dia-a-dia, no intercâmbio familiar da amjzade íntima. A sua fé crescia progressivamente, como a de todos os neófitos, ao mesmo tempo em que crescia o conhecimento. Não devemos esquecer que Josefo, que certamente estava a par desse assunto, chama de "uma ciência" à habilidade de expulsar demônios. Esse crescimento da fé é particularmente visível no caso de Pedro, que, não possuindo fé suficiente para caminhar sobre a água, indo de barco até o seu Mestre, tornou-se finalmente um taumaturgo suficientemente hábil a ponto de Simâo, o Mago, como se crê, lhe oferecer dinheiro para que lhe ensinasse o segredo da arte de curar e de reahzar outras maravilhas. E Felipe, diz-se, tornou-se um Aethrobat tão bom quanto Abaris, de memória pitagórica, mas menos hábil que nificado oculto da palavra Christos,

Simão, o Mago.

Não existe ras Homilias, como também nas obras dos apóstolos, indicaçáo alguma de que os amigos e os seguidores de Jesus o considerassem mais do que um profeta. Essa idéia está claramente estabelecida nas Homilias clementirws. Excetuando o fato de Pedro aí desenvolver um pouco longamente demais o seu ponto de vista sobre a identidade do Deus mosaico com o Pai de Jesus, toda a obra é dedicada ao monoteísmo. O autor mostra-se severo, tanto contra o politeísmo, quanto contra a pretensáo à divindade de Cristo72. Parece ignorar completamente o Logos, e a sua especulação limita-se à Sophia, a sabedoria gnóstica. Não há nenhum indício de uma Trindade hipostática, mas o mesmo obscurecimento da sabedoria gnósúca (Christos e Sophía) é atribuído, no caso de Jesus, como nos de Adão, Henoc, Noé, Abraão, Isaac, Jacó e Moisés73. Todas essas personagens são colocadas no mesmo úvel e chamadas "profetas verdadeiros" e as sete colunas do mundo. Mais do que isso, Pedro nega veementemente a queda de Adão e, com ele, a doutrina da expiação, tal como foi ensinada pela Teologia cristá, rui por terra, pois ele a combate conto uffut blasfêmia7a. A teoria de Pedro sobre o pecado é a dos cabústas judeus, e mesmo, ou de certa maneira, a platônica. Adão não só nunca pecou, mas, "como um profeta verdadeiro, possuído do Espírito de Deus, que, mais tarde, desceu sobre Jesus, ele não podia pecar"7s. Em suma, toda a obra edbe a crença do autor na doutrina cabalista da permutação. Ã Cabatn ensina a doutrina da transmigração do espírito76; "Mosah é a revolutio de Seth e Hebel." 77 "Dize-me, quem é que ocasiona o renascimenlo (a revolutio)?" - perguntou-se ao sábio Hermes. "O Filho de Deus, o homem úníco, pela vontade de Deus" - foi a resposta do "gentio."78 1'73


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