ÍSIS SEM VÉU - VOL.III

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de que a Revelação Divina é necessária ao homem, e de que certas concepções contidas nessa Revelaçáo são necessárias para a nossa consciência moral, é puramente imaginário e deriva da Revelação que ele próprio procura manter. A única coisa absolutamente necessária para o homem é a VERDADE e é aela, e somente a ela, que a nossa consciência moral se deve adaptar"s. Consideraremos mais adiante sob qual luz a revelação divina da Bíblia judarca era encarada pelos gnósticos, que ainda acreditaviìm em Cristo à sua própria maneira, que era melhor e menos blasfema do que a dos católicos romanos. Os padres obrigaram os que acreditavam em Cristo a aceitar :uma Bíblia cujas leis ele foi o primeiro a infringir; e cujos ensinamentos ele rejeitou por completo; e por cujos crimes ele foi finalmente crucificado. Se há algo de que o mundo cristão se pode vangloriar, em tal não se incluem a lógica e a consistência como suas virtudes principais. O simples fato de que Pedro perÍnaneceu até o fim como um "apóstolo da circuncisão" fala por si mesmo. Quem quer que tenha edificado a lgreia de Roma, nõo foi Pedro. Se fosse esse o caso, os sucessores desse apóstolo deveriam se submeter à circuncisão, ao menos por amor à fidelidade, e paÍa mostrar que as afirmações dos Papas não carecem de fundamento. O Dr. Inman afirma que o relato diz que "em nossos tempos cristáos, os Papas devem ser perfeitos em sua vida privada"g, mas não sabemos se eles devem se submeter às exigências da lei levítica judaica. Os primeiros quinze bispos cristãos de Jerusalém, a começar de Tiago e incluindo Judas, foram todos judeus circuncidados

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Sepher-Toledoth-Yeshul 1, um manuscrito hebraico de grande antiguidade, a versão sobre Pedro é diferente. Simão Pedro, segundo ele, foi um de seus próprios irmáos, embora tivesse se desüado um pouco das leis, e o ódio dos judeus e a perseguição do apóstolo parecem ter existido apenas na fecunda imaginação dos padres. O autor fala dele com grande respeito e lealdade, chamando-o de "servo fiel do

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Deus vivo", que passou sua vida em austeridade e meditação, "vivendo em Babilônia, no topo de uma torre", compondo hinos e pregando a caridade. E acrescenta que Pedro sempre recomendava aos cristãos não molestarem os judeus, mas Iogo depois de sua morte outro pregador se dirigiu a Roma e pretendeu que Simão Pedro havia alterado os ensinamentos de seu Mestre. Inventou um inferno de chamas e Íìmeaçou a todos com ele; prometeu milagres, mas não fez nenhum. Quanto há no que antecede de ficção e quanto de verdade, cabe a outros decidirem; mas ele tem muito mais evidências de sinceridade e de fatos do que as fábulas inventadas pelos padres para responder aos seus fins. Podemos de fato dar crédito a essa amizade entre Pedro e seus antigos correligionários, uma vez que descobrimos em Theodoret a seguinte afi.rmação: "Os nazarenos são judeus, que veneravam o UNGIDO [Jesus] como um homem iu.tto e que utilizam o Evangelho segundo Pedro"t2. Pedro era gm Írazareno, de acordo com o Talmude. Ele pertencia à seita dos nazarenos mais recentes, que discordavam dos seguidores de João, o Baptista, e que vieram a constituir uma seita rival: a qual como

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a tradição

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foi insútuída pelo próprio Jesus.

história diz que as primeiras seitas cristãs eram nazarenas, como Joáo Baptista, ou ebionitas, entle os quais se acham inúmeros parentes de Jesus: ou essênias (iessaens), os therapeutae, de que os nazarenos eram um ramo' Todas essas seitas, que apenas na época de Irineu começaram a ser consideradas como heréticas. i19


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