Edição 10

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· Nº10 · 2012

ECONOMIA & NEGÓCIOS · MARCAS ID · SOCIEDADE · FOTOREPORTAGEM · ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO · INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO · DESPORTO · LIFE & STYLE · CULTURA & LAZER · PERSONALIDADES ANO IV - SÉRIE II REVISTA Nº10 - 2012 — 3,50 EUR 450 KWZ 5,00 USD — ISSN 1647-3574

OBRIG ADO! TODOS JUNTO S SOMOS MELHO RES … Especial Responsabilidade Social

Guia para SER

A MELHOR EMPRESA O seu negócio já foi alvo de socialwashing ou de greenwashig? Conhece os benefícios da boa governança corporativa? Ou as perdas empresariais associadas a uma má participação social? Siga-nos!



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SUMÁRIO

Espaço Leitor

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— Felicito os americanos por terem dado a vitória a Barack Obama. É uma boa notícia para as democracias e sobretudo para África, que nunca teve tanta voz no mundo como depois da primeira eleição, em 2008. Esperemos que os próximos quatro anos tragam melhores relações comerciais entre os dois continentes.

IN FOCO

Quanto ganha uma marca por ser responsável?

João Lázaro

— Parabéns pela capa com a embaixadora Elizabeth Simbrão. É de facto a nossa embaixadora no centro da Europa, a que nos ajuda a manter a ligação à nossa Terra-Mãe. Um grande orgulho para todos os que estão longe de Angola. Esperamos que um dia a Angola’in chegue às bancas na Bélgica.

— Responsabilidade social, ambiental, desportiva ou cultural. Todas estas atividades têm um ganho empresarial. Neste número, conheça de que forma a ação cívica de uma entidade gera ganhos ou perdas empresariais e económicos. Assista ainda à análise do impacto negativo do greenwashing ou socialwashing e perceba como todos os stakeholders de um negócio têm uma palavra a dizer neste contexto

Júlia Araújo

— A Grande Muralha Verde é um tema que merece destaque em qualquer meio de comunicação social. É urgente que os países africanos concordem e trabalhem em conjunto. E são necessárias mais ideias do género, pelo bem do ambiente. Temos que impedir a desertificação de certas regiões de África e uma barreira verde de 15 quilómetros de largura parece-me uma excelente iniciativa. A ver vamos se terá a aceitação de todos para ser concluída com êxito. Mauro Santos

— Quero felicitar publicamente a modelo Sharam Diniz. É um dos patamares mais altos que qualquer modelo deseja alcançar. Well done!! Akémia Lima

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Esta revista é escrita ao abrigo do novo Acordo Ortográfico

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Fundação Qatar-Barcelona —

Sabia que o Barcelona, um dos clubes mundiais mais emblemáticos, é dos poucos que não tem estampada uma marca de uma empresa no seu equipamento? Nesta edição conheça os motivos que levaram o clube a aliar-se à Fundação Qatar, passando a envergar publicidade paga nas suas camisolas. Fique ainda a par dos grandes exemplos de jogadores solidários


26 E&N - CASH-FLOW

Petrolíferas dão o exemplo — A responsabilidade social está em constante mutação e evolução. No Brasil, a Petrobras já incluiu o fundamento nos seus estatutos. Atualmente, a sociedade e as políticas pressionam cada vez mais as petrolíferas a terem práticas de sustentabilidade, sobretudo ambiental. Afinal, a sua fonte de receitas é o património que pertence a todos os cidadãos e há que respeitá-lo. Compreenda como o lucro social é crescentemente mais importante que o lucro financeiro

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E&N - Outside

O que é a governança cooperativa?

Descubra as características que contribuem para que uma empresa possa assumir-se como detentora de uma boa governança cooperativa. O termo remete para a confiabilidade que o exterior tem num organismo, pelo que as suas ações para com a sociedade são o elemento diferenciador

E&N - Banca & Seguros

a banca na sociedade

A atuação da banca está cada vez mais sustentada e acompanha os desafios do exterior. E desengane-se quem acredita que a responsabilidade corporativa é apenas um conceito presente na banca internacional. Mesmos nos organismos de menor dimensão o pensamento social já incorpora as boas práticas diárias

ARQUITETURA & CONSTRUÇÃO

Habitação social?

Porque ser responsável para com a sociedade também significa dar habitação condigna a todos, o empresariado está consciente da necessidade e tem sido um parceiro importante do Executivo

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MOSAICO

INSIDE

MUNDO

SOCIEDADE

FOTOREPORTAGEM

INOVAÇÃO & DESENVOLVIMENTO CULTURA & LAZER

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EDITORIAL

www.comunicare.pt Angola

Rua Rainha Ginga, nº 228 – 2º andar Mutamba – Luanda TEL 923 416 175 / 923 602 924 Portugal Rua Barão de Ferro, nº 104, sala A, 4505-025 Sta Maria da Feira

Social, somos todos!

www.revistaangolain.com Diretor Geral Daniel Mota

danielmota@comunicare.pt Direção Editorial Manuela Bártolo

manuelabartolo@comunicare.pt Direção de Research ANGOLA - Lisete Pote

lisetepote@comunicare.pt

PORTUGAL - Jorge Saboga

jorgesaboga@comunicare.pt

Coordenador de projetos especiais Tiago Vidal Pinheiro Coordenação Editorial Patrícia Alves Tavares

patriciatavares@comunicare.pt Gestão de Conteúdos Life & Style Carla Marques

lifestyle@comunicare.pt

Falemos pois de política social. A política social é, sobretudo, uma política de ação e controlo sobre as necessidades sociais básicas. Esse preceito todos sabemos. O seu ímpeto é mediar as necessidades de valorização e acumulação do capital e as necessidades de manutenção da força de trabalho disponível para o mesmo. Nesta perspetiva, a política social é uma gestão estatal da força de trabalho e do preço da força de trabalho, equilibrando-se, por isso, numa tentativa de encontrar o grau certo de compatibilidade entre o capital e o trabalho. Este tipo de política é, na maioria das vezes, garantida e efetivada com o custeio dos próprios beneficiários, isto é, dos trabalhadores assalariados. Um recurso apropriado pelo Estado, que visa garantir o bom funcionamento da sua política social, gerido pelo próprio poder público, de forma a prestar um serviço. Uma transação que além de exigir uma gestão eficaz dos recursos arrecadados, carece de uma reciprocidade por parte do Estado via serviços e garantias de cariz social, que deve abranger todos sem exceção.

O que esta edição vem provar é que, apesar do importante papel do Gover no, é fundamental a participação e o fortalecimento da presença de todos os que se encontram fora dos proces sos decisórios, que se dão, em última instância, no âmbito político. Os espaços políticos existentes – sindicatos, associações, conselhos– devem apoiar a criação de novas formas de participação, que se possam constituir como um caminho possível de proximidade aos cidadãos, para que estes unidos - como ‘sujeito coletivo’ -imponham mudanças importantes na política social, mudanças essas que venham a favorecer a maioria da população. O pluralismo social, no qual os indivíduos têm a prerrogativa de influir em matéria do seu interesse é, por isso, fundamental. A participação social, sendo um dos componentes da democracia, carece desse envolvimento como garantia do efetivo exercício dos direitos sociais, num exercício de cidadania saudável. Porque afinal, social somos todos!

Gestão de Conteúdos Desporto Luís Freitas Lobo

desporto@comunicare.pt

Redação Isabel Santos · Maria Sá Arte Bruno Tavares · Patrícia Ferreira

design@comunicare.pt Fotografia David Oliveira Shutterstock

Serviços Administrativos e Agenda Patrícia Silva

agenda@revistaangolain.com Publicidade

Interpublishing Contacto: Isabel Azevado Tel: 00351 217 937 205

isabel.azevedo@interpublishing Impressão LiderGraf, Artes Gráficas, S.A Distribuição Angola – Green Line Portugal – Logista Espanha – Expedição Tiragem 10.000 exemplares

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A Direção

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— ISSN 1647-3574 DEPÓSITO LEGAL Nº 297695/09 — Interdita a reprodução, mesmo que parcial, de textos, fotografias e ilustrações, sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusive comerciais

Esta revista utiliza papel produzido e impresso por empresa certificada segundo a norma ISO 9001:2000 (Certificação do Sistema de Gestão da Qualidade)


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MOSAICO

— Por amor ao próximo — Patrícia Alves Tavares

Responsabilidade social não é apenas um dever do empresariado. É uma ‘obrigação’ de todos os cidadãos. A sociedade civil tem um papel determinante no auxílio dos mais desfavorecidos. Cada vez mais artistas sentem a ‘chamada solidária’ e aliam-se às mais diversas causas. Foi o que aconteceu após a passagem do furacão Sandy, tempestade responsável pela maior paralização de Nova Iorque desde o 11 de Setembro de 2001. Nomes

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sonantes de Hollywood e da cena musical internacional não hesitaram quando foram convidados para ajudar as vítimas. Uniram-se num evento que visou arrecadar receitas para auxiliar os afetados por aquela que foi uma das maiores tempestades que passaram pela cidade americana.

Bruce Springsteen, Christina Aguilera, Jon Bon Jovi e Sting foram alguns dos cantores que subiram ao palco e se juntaram a atores e

atrizes consagrados como Tina Fey, Whoopi Goldberg, Kevin Bacon e Danny De Vito, que tomaram conta da teleton na NBC. Mais de 50 milhões de euros foram arrecadados e doados à Cruz Vermelha. Entretanto, outras personalidades também se aliaram à causa e tentam reunir fundos através das suas páginas oficiais. É o caso do piloto americano da Nascar, Truex Jr. que iniciou uma campanha no seu site para angariar verbas para ajudar os moradores de Nova Jersey.


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INSIDE

Patrícia Alves Tavares

1,1 milhões de toneladas

600 estações meteorológicas

— Até 2017 o Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (Inamet) planeia construir 600 estações meteorológicas em todo o país. De acordo com o diretor técnico, Sebastião Neto, o projeto está em fase de estudo e ensaio. A concretizar-se, o plano vai permitir resolver a carência de postos de observação em determinadas zonas e evitar que o Inamet tenha que recorrer a estações meteorológicas automáticas, como as do setor da agricultura e das hidroelétricas.

Apoio à produção interna

— No discurso de tomada de posse, José Eduardo dos Santos, Presidente da República, prometeu a adoção de “medidas bem doseadas de incentivo e de proteção à indústria interna”. O empenho em criar mais postos de trabalho, mediante políticas de emprego, de combate à pobreza, de fomento e incentivo às oportunidades e fomento dos negócios, foi frisado pelo responsável em diversos momentos do discurso. Para José Eduardo dos Santos é importante garantir a estabilidade do emprego e o ponto de partida será a “ampla discussão” com os parceiros sociais. Com uma taxa de ocupação laboral a rondar os 70%, o governante quer aumentar este valor que conduzirá inevitavelmente a uma maior produção nacional.

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— De produtos agrícolas no Kwanza Sul. Esta é a estimativa dos agricultores da região que produzir mais de 1,1 milhões de toneladas distribuídos pela mandioca, abacaxi, banana, batata-doce, milho, entre outras culturas. A época agrícola 2012/2013 irá contar com 620 mil hectares para plantio de diferentes culturas, sendo que 141,8 mil hectares estão reservados para o milho, cuja produção deverá chegar às 102,8 mil toneladas. Está ainda prevista uma produção de 71 mil toneladas de batata e 106,6 mil toneladas de batata-doce.

Prata para angolanos

— Um grupo de alunos angolanos, que mora na África do Sul, conquistou o segundo lugar num festival internacional promovido pela faculdade da capital daquele país, a Universidade de Joanesburgo. Os jovens nacionais destacaramse na dança e culinária, num certame que reúne 40 estudantes de diversos países e que anualmente mostram ao mundo um pouco da sua cultura. O encontro destina-se a promover o intercâmbio de estudantes de várias nações e conta habitualmente com a participação de angolanos que estejam a residir naquela região. Recorde-se que Angola foi campeã duas vezes noutras edições do festival. Este ano, o Zimbabué ficou em primeiro lugar.


Namibe e Menongue unidos pelo comboio

— O Caminho-de-Ferro de Moçâmedes (CFM) regressou aos trilhos e assegura o transporte de passageiros e mercadorias entre o Namibe e Menongue (Kuando Kubango), após mais de vinte anos de paralisação. As estimativas indicam que no próximo ano serão transportados mais de um milhão de passageiros. Cerca de 20 comboios diários irão igualmente assegurar a deslocação de quase dois milhões de toneladas de ferro por ano.

Competitividade depende da responsabilidade

— No último mês o Instituto Angolano de Normalização e Qualidade organizou um seminário em Luanda. O certame abordou a necessidade de implementação de um sistema de gestão, qualidade e responsabilidade social, como forma de aumentar a competitividade das empresas nacionais. Edna Carvalho, economista, foi uma das oradoras convidadas e lembrou que “se vamos abrir o nosso mercado para o mundo, temos que competir de forma minimamente igual. “Isso implica em muitos casos certificarmos alguns processos e produtos, que são aqueles que devem ter vantagem competitiva no mercado internacional”, defendeu.

Mérito para ambiente

— Angola foi premiada com o Diploma de Mérito do Secretariado do Ozono do Programa das Nações Unidas para o Ambiente. A distinção foi conhecida durante a reunião conjunta de África dos Pontos Focais da Convenção de Viena e Protocolo de Montreal. O trabalho do Governo nacional foi reconhecido pela ONU em virtude do cumprimento da eliminação progressiva dos gases que empobrecem a Camada de Ozono. Também os projetos de sensibilização e educação da população mereceram elogios.

270 milhões de dólares

Livros doados para bibliotecas

— “Um livro, uma criança, muitos hospitais” é o título de uma campanha que surgiu na rede social Facebook. A ideia nasceu de um grupo de cidadãos anónimos que propõe a recolha de livros infantis para a criação de pequenas bibliotecas nos hospitais pediátricos. A campanha arrancou em início de setembro e já conta com mais de uma centena de obras, que entretanto já foram doadas ao Hospital Pediátrico David Bernardino, em Luanda. Rui Ramos é um dos dinamizadores da iniciativa e explicou que os livros se destinam a crianças hospitalizadas e que a recolha decorre no Facebook e no colégio Nossa Senhora do Bom Sucesso, situado na capital. Benguela e Portugal também aderiram e têm pontos de receção das obras. “Neste momento, estamos a receber livros de cidadãos angolanos residentes na China e que, mal haja transporte disponível, vão ser entregues aos hospitais pediátricos”, contou.

— Foi quanto custou o recém-inaugurado Aeroporto Internacional de Catumbela, que é apontado como a alternativa ao aeroporto de Luanda. Localizada na província de Benguela, a nova infraestrutura está a 40 minutos da capital e está preparada para receber cerca de 900 passageiros em horas de ponta. As áreas aeronáuticas têm capacidade para albergar eme simultâneo dois aviões do tipo Boing 777-300 e quatro do tipo Boing 767. Inicialmente idealizado para acolher maioritariamente tráfego aéreo militar, o espaço de Benguela foi adaptado à nova realidade económica da região, que é cada vez mais palco de eventos internacionais. Assim, a pensar no crescimento da região sul, o Governo optou por um equipamento aberto à comunidade, sendo o primeiro do país a deter uma manga de embarque e desembarque.

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INSIDE ADRA próxima da população rural

— A Ação para o Desenvolvimento Rural e Ambiente (ADRA) esteve no último mês no Huambo a promover as atividades humanitárias nas comunidades rurais do município de Caála. A iniciativa enquadra-se no programa nacional de combate à fome e à pobreza e visou o envolvimento das famílias camponesas nos programas de desenvolvimento socioeconómico. O encontro contou com 60 participantes, desde membros da administração do município a cooperativas, autoridades tradicionais e técnicos da Extensão de Desenvolvimento Agrário (EDA). A organização quer estruturar as associações camponesas de acordo com a legislação nacional, de modo a serem capazes de obter créditos e promover as condições de vida das comunidades rurais. A ADRA quer incentivar o progresso social e nesse contexto prestar assessoria técnica para dinamizar a produção agrícola, fomentando o cooperativismo, o associativismo e a sustentabilidade do crescimento económico.

Medicina cubana em Angola

— “Atualmente cerca de quatro mil, estudantes angolanos frequentam estes cursos em Angola e em 2013 se fará a primeira graduação de 306 destes alunos dos quais 111 em medicina, constituindo um momento histórico no reforço da cooperação entre ambos os países”, assinalou a embaixadora de Cuba em Angola, Gisela Rivera. Os alunos em causa estão a frequentar cursos de medicina, análise de laboratório, enfermaria e electromedicina com métodos cubanos. As formações decorrem em cinco faculdades nacionais e diversos politécnicos. É mais um passo no relacionamento com Cuba, uma vez que já existem mais de mil médicos de nacionalidade cubana a trabalhar em várias províncias angolanas.

Seminário aborda causas sociais

— Decorreu em outubro o segundo Seminário sobre Certificação de Sistema de Gestão, organizado pela Empresa Internacional de Certificação, cujo tema central deste ano foi a responsabilidade das organizações no seio da sociedade. De acordo com o especialista Nelson Barros, as empresas devem estar conscientes de que as suas decisões e atividades têm impacto na sociedade e no ambiente, pelo que devem transmitir valores que promovam o bem-estar social e o seu crescimento sustentável. Recordou igualmente que responsabilidade social é uma mais-valia para as instituições, uma vez que estas podem implementar políticas e cumprir os seus objetivos adaptando-os às necessidades das partes interessadas. Defendeu ainda que a criação de um sistema de gestão de responsabilidade social certificado garante o cumprimento de princípios internacionais e o combate a problemas como a pobreza, exclusão social, reintegração profissional e social e até criação de empregos.

Paulo Freire ajudado pelo BANC

— O piloto angolano Paulo Freire conseguiu garantir a sua participação na edição 2012 do Rally de Portugal graças ao auxílio do Banco Angolano de Negócios e Comércio (BANC). A aposta no atleta faz parte da política de responsabilidade social da instituição bancária que participa em projetos de diferentes áreas. Quem agradeceu o apoio foram os fãs do piloto que puderam acompanhar o desempenho de Paulo Freire na competição que decorreu nas principais ruas da capital lusa.

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MUNDO

Patrícia Alves Tavares

Postal de Natal 2012

— A temática do postal de Natal da Xerox Portugal será Responsabilidade Social Empresarial e convida todos os interessados em desenvovler uma proposta conceptual do seu ‘Postal de Natal 2012’

Moçambique na China

— Moçambique está empenhado em promover a sua imagem turística no mundo. Assim, o país vai ter um representante permanente na China que irá promover a nação enquanto destino turístico de excelência. A aposta no mercado asiático deve-se ao facto de este ser um potencial fornecedor de turistas. O país quer contrariar a tendência dos chineses que normalmente escolhem países como a África do Sul e o Zimbabué, preterindo Moçambique devido à sua fraco divulgação em solo asiático. Com o novo representante, o país espera assumir-se como eleito neste segmento.

Primeira semana da responsabilidade social

Apartamento pouco maior que mesa de snooker

— Custa 113 mil euros e tem uma área de 3,15 por 2,54 metros, sendo pouco maior que uma mesa de snooker. Estamos a falar de um apartamento que está à venda em Londres e que na sua curta dimensão consegue oferecer aos futuros habitantes uma casa de banho (chuveiro e sanita ocupam o espaço de um armário) e espaço para uma cama de solteiro. O imóvel está ainda equipado com fogão, forno e lava-loiças. Situada no bairro de Knightsbridge, uma das zonas mais nobres da capital inglesa, o apartamento já foi alvo de vários contactos e a imobiliária acredita que será fácil de vender.

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— Os Açores, região autónoma de Portugal, organizaram este ano a primeira Semana da Responsabilidade Social. O evento contou com a coorganização da Associação Centro Estudos Economia Solidária do Atlântico (ACEESA) e com a parceria da Associação Portuguesa de Ética Empresarial (APEE). O certame é uma referência na área de Responsabilidade Social lusa e percorre há sete anos diversos pontos de Portugal. Este ano deslocou-se até às ilhas onde foi discutido o tema “Mudança e Inovação para Novos Estilos de Vida”. O debate tem como finalidade a promoção da discussão e reflexão das instituições para esta temática, bem como a apresentação das vantagens de incorporar a vertente social no seio das organizações. As sessões focaram temas de Responsabilidade Social no contexto da nova estratégia da Comissão Europeia, a Responsabilidade Social e a Solidariedade Social (Economia Social e Solidária) e ainda a Responsabilidade Social como fator de competitividade.

Eficiência em Cabo Verde

— Chama-se Islhágua e é o projeto desenvolvido pelo Instituto Tecnológico Canário (ITC) de Cabo Verde com vista a incentivar o uso eficiente da água. O organismo oferece um curso e-learning em dessalinização e energias renováveis, aberto a toda a população e que visa um melhor conhecimento e controlo da qualidade da água potável. O projeto tem o apoio da Universidade de Cabo Verde, da Associação Nacional dos Municípios, do Instituto Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos e da Comunidade dos Municípios do Sudoeste Gran Canárias. O plano destina-se a reforçar a avaliação das águas potáveis, marinhas, regeneradas e controlar os vertidos, promovendo o uso de tecnologias adaptadas e responsáveis por tratamentos de maior eficiência energética.


Menos corais na Austrália

Judoca português ensina mais novos

— A Grande Barreira Australiana de Coral perdeu mais de metade dos corais nos últimos 27 anos. De acordo com o estudo, a área que é Património da Humanidade desde 1981 tem sido alvo de destruição devido às fortes tempestades dos últimos anos e à presença de coroas de espinhos. As alterações ambientais têm provocado o stress e consequente descoloração dos corais. A pesquisa do Instituto Australiano de Ciências Marinhas indica igualmente que a Grande Barreira necessita de 10 a 20 anos para recuperar os corais e que, caso não seja feito nada em contrário, em 2022, a zona terá perdido metade da sua diversidade.

— O Encontro COM Culturas 2012, que decorre anualmente em Portugal, dedicou a edição deste ano à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Entre 3 e 4 de outubro, especialistas convidados pelo Instituto Politécnico de Beja debateram temas relacionados com a cooperação no domínio da educação. Murade Murargy, secretário executivo da CPLP participou na abertura do certame e foi um dos palestrantes convidados.

— É a maior escola de judo de Portugal e tratase de um projeto social. A Escola de Judo Nuno Delgado (EJND) aposta na formação desportiva, social, cívica e pessoal e funciona em rede e mediante protocolos de parceria. É uma associação desportiva sem fins lucrativos e destina-se a levar o judo às crianças, fomentando a expansão da modalidade. A iniciativa é do maior judoca luso, Nuno Delgado, e apoia mais de mil alunos dos 4 aos 14 anos, na sua maioria residentes em Lisboa. Através das parcerias com entidades empresariais, a escola consegue estar acessível a crianças com dificuldades financeiras ou necessidades psicomotoras especiais, garantindo a sua integração e socialização com a comunidade.

Semana socio-ambiental no Brasil

— Em outubro decorreu no Brasil mais uma Semana Socio-ambiental, organizada pela Faculdade Network, com vista à comemoração do Dia da Amazónia. O evento promoveu múltiplas atividades coletivas voltadas para a educação sustentável e para a responsabilidade social. A escolha da Amazónia deve-se à importância da região não só no contexto brasileiro, mas igualmente mundial. A universidade integra o programa Carbon Control, que consiste na procura de soluções que neutralizem as emissões de CO2 através do reflorestamento. O certame esteve aberto a toda a comunidade.

CPLP é tema de encontro

Canadá tem boa reputação

— A norte-americana Reputation Institute publicou a lista dos países com melhor reputação em 2012. Canadá surge em primeiro lugar, mantendo a posição do ano passado, seguindo-se a Austrália, que subiu no ranking. Suécia, Suíça e Noruega ocupam igualmente o topo da lista.

500 milhões por posição na Olympus

— Foi o valor desembolsado pela Sony para adquirir uma posição minoritária no fabricante da Olympus. A empresa andava à procura de um investidor desde dezembro de 2011 e a Sony acabou por ficar com os 10% da entidade, situação que irá permitir à Olympus equilibrar a sua contabilidade. Contudo, mantém-se a sua intenção de cortar 2700 empregos até 2014.

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MUNDO

Água em Marte

— “Curiosity”, um robô que está em Marte desde 6 de agosto, detetou naquele planeta cascalho que se julga pertencer ao leito de um antigo ribeiro que corria na terra “vermelha”. A observação volta a indicar que no passado existiu água em Marte, já que as imagens captadas são idênticas às de leitos de rios secos na Terra. Analisando o tamanho das pedras, os especialistas acreditam que a água fluía a quase 0,91 metros por segundo e a quase um metro de profundidade. A constatação de vários canais revela que os cursos de água foram contínuos ou frequentes durante vários anos.

Heineken ganha cerveja Tiger

— A Heineken conseguiu conquistar o controlo da fabricante de cerveja Tiger, a Asia Pacif Breweries. Os acionistas aprovaram a proposta de 5,6 mil milhões de dólares, pelo que a empresa holandesa passa a deter 95,3% da APB. Antes da oferta a Heineken detinha apenas 55,6% da Tiger. “Valeu cada dólar que pagámos, tendo em conta as oportunidades de crescimento que a região nos dá”, afirmou Jean-François van Boxmeer, CEO da Heineken, em declarações ao Financial Times. O responsável adiantou que prevê um crescimento da cerveja premium de oito por cento ao ano até 2020, só referente à Ásia Pacífico.

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Maior roda-gigante em Nova Iorque

— É a maior roda-gigante do mundo e vai nascer em 2015. Será na cidade de Nova Iorque, nos EUA, que a estrutura de 190 metros será montada e que se espera que venha a atrair turistas para Staten Island, ilha a sul de Manhattan. A infraestrutura que irá transformar a região numa “das atrações históricas da cidade e do mundo” vai custar 230 milhões de dólares e inclui a construção de um centro comercial e um hotel ao longo da costa de Staten Island. O projeto irá criar 1,2 mil novos postos de trabalho e a roda-gigante terá 36 cápsulas, cada uma com capacidade para transportar 40 passageiros. Poderá receber 4,5 milhões de visitantes por ano.

Brasil isenta vistos

— O Brasil divulgou que vai publicar um decreto de isenção de vistos para mais quatro países da União Europeia. Os cidadãos de Letónia, Malta, Chipre e Estónia já não necessitam de autorização para entrar em terras de Vera Cruz. As novas nações juntam-se às restantes da UE que já não precisavam desta exigência desde 2010. O acordo destina-se a viagens de curta duração (até três meses) e passa a abranger os países que integraram a Comunidade depois do protocolo de há dois anos. A isenção de vistos pode ser prolongada por mais tempo desde que exista acordo com as autoridades de cada país.

Zuckerberg na Rússia

— O fundador da rede social Facebook, Mark Zuckerberg, esteve na Rússia onde se encontrou com o presidente Medvedev. A visita serviu para discutir novas perspetivas de cooperação no “setor da Internet”, especialmente em Skolkovo, zona de Moscovo, onde será construída a futura “Silicon Valley”, um centro de inovação tecnológica. O presidente russo é um fervoroso adepto das novas tecnologias e tem apostado no seu desenvolvimento ao longo deste mandato. Zuckerberg visitou a Rússia pela primeira vez, embora o Facebook detenha já ligações com o setor empresarial do país.


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IN FOCO

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Manuela Bรกrtolo


Quanto ganha uma marca por ser responsável? O atual contexto social em que as decisões e ações empresariais e de gestão ocorrem é, cada vez mais, dinâmico e complexo. Hoje, sabe-se que uma empresa não se resume exclusivamente ao capital e que sem os recursos naturais (matérias-primas) e as pessoas (conhecimento e mão-de-obra) não gera riqueza, não satisfaz as necessidades humanas, não proporciona o progresso e não melhora a qualidade de vida. Razão pela qual, a questão da participação das empresas privadas na solução de necessidades públicas está na pauta dos temas atuais. Embora alguns defendam que a responsabilidade dos organismos privados na área pública deverá limitar-se ao pagamento de impostos Sabia que.... e ao cumprimento das leis, crescem os argumentos de — que o seu papel não pode ficar restrito a isso, até pela O retorno social institucional ocorre sua própria sobrevivência no mercado. Adotar posturas quando a maioria dos consumidores éticas e compromissos sociais com a comunidade pode, privilegia a atitude da empresa de inpor isso, ser um diferencial competitivo e um indicador vestir em ações sociais e o desempede rentabilidade e sustentabilidade a longo prazo. nho desta obtém o reconhecimento Os consumidores estão gradualmente a valorizar e público. Como consequência, a emprepreferir empresas identificadas como éticas, ‘cidadãs’ sa torna-se notícia, potencializa a sua ou ‘solidárias’. Ao estar atenta e intervir no seu meio marca, reforça a sua imagem, asseguenvolvente, o organismo desenvolve valores e práticas ra a lealdade dos seus colaboradores, com efeitos positivos sobre a sua cadeia produtiva e os fideliza clientes, reforça laços com parseus colaboradores, gerando melhores resultados.

ceiros, conquista novos consumidores, aumenta a sua participação no mercado, conquista novos mercados e incrementa as suas vendas.

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IN FOCO Ganhos empresariais Os ganhos empresariais obtidos a partir da responsabilidade social são passíveis de se revestir de um valor económico direto. Embora a primeira obrigação das empresas seja a obtenção de lucros, estas podem, em simultâneo, contribuir para o cumprimento de objetivos sociais mediante a integração da responsabilidade social enquanto investimento estratégico no núcleo da sua estratégia empresarial, nos seus instrumentos de gestão e nas suas operações. Razão pela qual a mesma deve ser considerada um investimento e não um encargo. Demonstrar compromisso social deixou de ter uma conotação puramente filantrópica e ganhou dimensão estratégica para as empresas, uma espécie de garantia de sucesso económico a longo prazo, até porque atualmente uma das condições para a empresa obter lucro e ser competitiva é relacionar a sua marca a conceitos e valores éticos. Para conquistar o consumidor, que exerce com mais consciência a sua cidadania, as companhias precisam de comprovar que adotam uma postura correta, tanto na relação com os funcionários, consumidores, fornecedores e clientes, como no que diz respeito às leis, aos direitos humanos e ao meioambiente. As atuações sociais são atitudes louváveis e devem ser usadas para a valorização da empresa no mercado. No entanto, essa valorização deve associar os valores e objetivos da empresa à ética, gerando resultados que irão, ao mesmo tempo, colaborar para a melhoria das condições sociais da comunidade onde está inserida. As carências e desigualdades sociais existentes no país dão à responsabilidade social empresarial ainda mais relevância, uma vez que a sociedade angolana espera que as empresas cumpram um 20

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A comprovar a alta influência dos consumidores ‘verdes’ estão os decroissants franceses e os scuppies norteamericanos, movimentos de cidadãos orientados por uma ética altruísta em países influenciadores da cultura e da economia mundiais

novo papel no processo de desenvolvimento: sejam agentes de uma nova cultura, sejam atores de mudança social e sejam também construtores de uma sociedade melhor.

· em tributação, com as possibilidades de isenções fiscais em âmbito local ou nacional para empresas patrocinadoras ou diretamente para os projetos;

Cada vez mais, uma gestão socialmente responsável pode trazer inúmeros benefícios às empresas, desde a obtenção do apoio da sociedade e dos consumidores e da preferência de investidores internacionais até à conquista de um espaço crescente junto dos média, um bom clima organizacional e o recrutamento/retenção de pessoas talentosas.

· em produtividade e pessoas, pelo maior empenho e motivação dos funcionários;

Esses ganhos com a responsabilidade social resultam no denominado retorno social institucional, que se concretiza através dos seguintes ganhos: · em imagem e em vendas, pelo fortalecimento e fidelidade à marca e ao produto/ serviço; · aos acionistas e investidores, pela valorização da empresa na sociedade e no mercado; · em retorno publicitário, advindo da geração de média espontânea;

· em ganhos sociais, pelas mudanças comportamentais da sociedade. Quando uma empresa atua com responsabilidade social aumenta o seu relacionamento com diversos públicos relevantes (clientes atuais e em potencial, opinião pública, acionistas, investidores, fornecedores, funcionários, governo), aumenta a exposição espontânea positiva na comunicação social, onde os seus produtos, serviços e marca ganham maior visibilidade e possível aceitação.

Perdas empresariais A disposição dos consumidores em punir empresas que agem sem responsabilidade social é cada vez mais elevada. O consumo ético consciente está a aumentar e exige às empresas uma conduta transparente e responsável nas suas relações com os stakehol-


ders – clientes|consumidores, funcionários, acionistas, fornecedores, governo, comunidade, concorrentes, grupos e movimentos. O consumidor começa a ter noção do poder e do impacto transformador do seu ato de consumo e faz as suas escolhas tendo em consideração as atitudes sociais e ambientais adotadas pelas empresas. Mas neste aspecto, a questão é que hoje os stakeholders são encarados como uma espécie de sócios do negócio, prontos para compartilhar resultados. A empresa e o empresário que trata os seus stakeholders com negligência, ocasionando problemas económicos, sociais e ambientais, pode pagar muito caro esse preço, ou seja sofrer várias perdas empresariais como: · má imagem e diminuição das vendas, pelo enfraquecimento e boicote à marca e ao produto/serviço; · queda das ações e afastamento dos investidores, pela desvalorização da empresa na sociedade e no mercado; · publicidade negativa, advindo da geração nos média de denúncias e propagandas contrárias às ações da empresa; · reclamações de clientes e perda de futuros consumidores, devido à propaganda enganosa e à falta de qualidade e segurança dos produtos; · pagamentos de multas e indemnizações, ocasionadas por desastres ao meioambiente, danos físicos ou morais aos funcionários e consumidores, desobediência às leis e escândalos económicos e políticos; · baixa produtividade, pela maior exploração, insatisfação ou desmotivação dos empregados.

Cuidado para na sua empresa não praticar …

ATENÇÃO!

Greenwashing

— Branqueamento ecológico ou ecobranqueamento (greenwashing em inglês) é um termo que serve para designar um procedimento de marketing, utilizado por uma organização (empresa, governo, etc) com o objetivo de dar à opinião pública uma imagem ambientalmente responsável dos seus serviços ou produtos. No entanto, a organização tem uma atuação contrária aos interesses e bens ambientais que comunica.

Socialwashing

— Esta prática sucede quando a empresa divulga ações socialmente responsáveis, que utiliza como posicionamento de marketing, faz inclusive publicidade dessas iniciativas porém não se compromete com resultados. Por um lado, as ações não geram saída para projetos sociais e, por outro, age de forma antiquada com o seu público interno. Em resumo: diz-se socialmente responsável, porém apenas cumpre as leis, o que é seu dever ou investe muito mais para divulgar uma ação social do que com a ação propriamente dita. Fonte: Wikipédia

Atenção aos stakeholders A responsabilidade social não pode ser apenas um acto declaratório da empresa junto dos stakeholders. A procura por uma atuação sustentável requer, antes de declarar, escutar. Negligenciar esses desafios implica três consequências no sucesso de sustentabilidade empresarial: 1) investimentos em projetos de atuação errados; 2) sensação de exclusão pelos stakeholders e desconhecimento sobre os processos decisórios da empresa; 3) greenwashing ou socialwashing. A gestão tem, perante os acionistas, a responsabilidade de utilizar os recursos do negócio comprometendo-se com atividades desenvolvidas para aumentar os seus lucros, e com os empregados a obrigação de criar condições de trabalho seguras e produtivas e remunerações justas. A seleção dos fornecedores já não se deve processar exclusivamente através da apresentação de propostas competitivas. Além de se respeitar os contratos, as relações com parceiros de alianças ou empresas comuns e franquiados são igualmente importantes. A longo prazo, a consolidação dessas relações poderá resultar em expecta 2012

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IN FOCO Para ser considerada socialmente responsável no aspecto da concorrência, a empresa deve evitar práticas monopolistas e oligopolistas, dumping e formação de cartéis, procurando sempre fortalecer a livre concorrência de mercado tivas, preços e termos equitativos, a par de uma entrega confiável e de qualidade. O mesmo se passa com os clientes e com a comunidade. Por último, o Governo e sociedade. A empresa deve manter interações dinâmicas com os seus representantes, visando a melhoria constante das condições sociais e políticas do país. O comportamento ético pressupõe que as relações entre a empresa e os governos sejam transparentes para a sociedade, acionistas, empregados, clientes, fornecedores e distribuidores. Cabe à empresa manter uma atuação política coerente com os seus princípios éticos e que evidencie o seu alinhamento com os interesses da sociedade. Por último, é de referir a atitude mantida com os concorrentes. Para ser considerada socialmente responsável no aspecto da concorrência a empresa deve evitar práticas monopolistas e oligopolistas, dumping e formação de cartéis, procurando sempre fortalecer a livre concorrência de mercado. A qualidade dos produtos e serviços devem ser os vetores soberanos para influenciar o mercado, sendo caracterizados como crime e concorrência desleal as práticas de difamação, espionagem industrial, contratação de funcionários de concorrentes para obtenção de informação privilegiada, etc. Sem este tipo de ações nenhuma empresa irá sobreviver num futuro próximo. Senão vejamos a seguir. 22

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Radicalismo ético ‘verde’ A sociedade atual vive o que alguns especialistas intitulam de radical greening, significado atribuído a uma tendência de aumento das preocupações ambientais entre os consumidores e também os governos. Este radicalismo tem sido apontado como uma das dez maiores ameaças ao futuro dos negócios. Setores como os do petróleo e gás, seguros, energia, saneamento e automóvel já começaram a trabalhar em função de um cenário futuro de forte pressão exercida sobre as suas atividades por consumidores|defensores ambientais e regulamentações|leis mais rígidas. Perante esta tendência mundial, as empresas mais inteligentes já compreenderam que não podem negligenciar a sustentabilidade no quadro das suas estratégias de gestão e relacionamento com os consumidores. As que comercializam produtos destinados ao consumidor final não poderão, nos próximos anos, ignorar esse fator como elemento primordial na construção da sua marca, sob o risco de afas-

tar potenciais clientes, cada dia mais exigentes e críticos. As denominadas ‘business to business’ terão de ser sustentáveis se quiserem assegurar a sua licença para operar em comunidades, preservar ou fortalecer a sua reputação ou mesmo evitar potenciais focos de conflito sociais e ambientais que possam prejudicar as suas atividades. A inclusão e expansão da temática socioambiental junto dos consumidores, em maior ou menor ritmo, afeta cada vez mais a forma como os profissionais de marketing e os gestores de branding elaboram as marcas. A escola de pensamento inglesa em branding vê nesse comportamento do consumidor a plataforma para uma espécie de terceira onda da construção de marcas, posterior à racional (entre os anos 1950 e 1970) e à emocional (entre os anos 1970 e 1990) Denominada ética, ela teria começado nos anos 1990, inaugurando um conceito também conhecido como spiritual brand. A diferença para as duas anteriores está no facto de que, além de obter os aspetos funcionais do produto e experimentar as emoções que pode evocar, o consumidor ético quer, acima

de tudo, relacionar-se com marcas fundadas em valores e crenças, com empresas que pensam e agem como um indivíduo decente. Mais do que falar, os consumidores “éticos” parecem dispostos a agir. Estima-se que, na média mundial, um terço deles já tenha boicotado pelo menos um produto por causa de um mau comportamento socioambiental. Mais envolvido, está também mais atento às mensagens divulgadas pela publicidade ‘verde’. No Reino Unido, o Advertising Standards Authority retirou de circulação, em 2007, 19 campanhas consideradas enganosas. Por pressão da sociedade, o governo francês acaba de criar uma regulação para campanhas verdes visando coibir mentiras, promessas vagas, imprecisões e falsos compromissos. Nos EUA, observa-se um movimento semelhante. Desse quadro novo salta uma reflexão importante. Dada a crescente valorização dos benefícios de “ser sustentável” no processo de construção de marca, o desafio de branding imposto será adotar um marketing também sustentável, baseado, como já afirmamos em cinco princípios associados à noção de sustentabilidade: a verdade precisa dos fatcos, a equidade entre os interesses da empresa e do consumidor, a transparência, o não-desperdício nem de insumos, nem de oportunidades de promover o desenvolvimento sustentável, a responsabilidade em relação ao planeta e a coerência entre o que a marca promete e o que efetivamente entrega.


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ECONOMIA&NEGÓCIOS

Manuela Bártolo

Caridade, não. Obrigado.

— É do conhecimento geral que as políticas sociais, em particular a ação social, assumem a função de compensar as desigualdades e disfunções geradas pelos sistemas económicos. Atualmente, os governos sabem que as respostas às necessidades humanas dependem cada vez menos de uma série de políticas diferentes e mais de sistemas de soluções coordenadas e integradas. Em Angola, a nova visão de política social, que tem vindo lentamente a ser instaurada, tem como princípio básico a instituição de um modelo de segurança social equilibrado e sustentável, que combine a responsabilidade individual e a solidariedade social. O objetivo é diferenciar positivamente a assistência aos mais desfavorecidos. No quadro da nova visão, pretende-se uma parceria ativa entre o Estado e a sociedade, onde as comunidades assumem uma responsabilização coletiva na construção de mecanismos de apoio aos grupos mais vulneráveis e às famílias em situação de risco. Uma política de parceria que não desresponsabiliza o Estado, a quem cabe a função primária de proteger e assistir os cidadãos mais carenciados.

As instituições comunitárias devem apoiar não numa perspetiva de caridade, mas de solidariedade social 24

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A dinâmica visa sobretudo o envolvimento de todos os parceiros sociais, com maior protagonismo para os agentes das instituições comunitárias, públicas e privadas, para que através da dimensão social das suas atividades se possam aproximar dos problemas e serem elementos participantes ativos na inserção social dos grupos hoje excluídos, não na perspetiva de caridade, mas de solidariedade social. O atual Plano Estratégico de Desenvolvimento de Médio e Longo Prazos, bem como a Lei de Bases de Proteção Social, constituem os documentos legais que norteiam toda a ação social. Por orientação do Governo têm vindo a ser estabelecidas as políticas setoriais dos órgãos da política social, através de um processo participativo entre todos os atores sociais. O processo de elaboração das políticas, de um modo geral, tem obedecido a mesma metodologia, ou seja, apresentação pelo órgão responsável do documento base, que procede à consulta dos parceiros setoriais mais diretos e, posteriormente, mais alargada à sociedade civil organizada, incluindo os próprios beneficiários. Esse processo normalmente inicia internamente, dentro do órgão especializado de determinado domínio ou com a criação de Comissões Técnicas Multisetoriais, com subgrupos temáticos, que desenvolvem o trabalho de desenho e elaboração de propostas, que posteriormente submetem a discussão alargada. Embora o país ainda esteja numa fase de desenvolvimento da definição de políticas setoriais na área social, foram já estabelecidos importantes instrumentos normativos. Entre eles, destaca-se a Política Nacional do Ambiente; Política Nacional de Integração da Pessoa Portadora de Deficiência; Política Nacional para a Pessoa Idosa ; Lei de Bases de Proteção Social; Lei do Julgado de Menores; Lei de Bases do Sistema de Educação; Plano de Educação para Todos; Plano Estratégico da Saúde; Estratégia Nacional de Segurança Alimentar; e Estratégia Nacional de Combate a Violência contra a Mulher. No entanto, na sua maioria só estão estabelecidos a nível central. Outros há a realçar que, como experiência singular, a dita coordenação existe. Desde 2004, por exemplo, que a materialização das políticas de promoção e defesa dos direitos da criança está a ser implementa-

Diferentes mecanismos de coordenação, articulação de sinergias e de concertação, têm sido ensaiados para a implementação das políticas sociais da. A realização do Fórum Nacional sobre a Criança, revelou-se como um compromisso político ao mais alto nível da governação, assumido pelo Presidente da República. Reconhecendo a necessidade de garantir a todos os cidadãos uma proteção mais efetiva, o Governo iniciou também um processo de reforma do sistema de segurança social, com o intuito de o tornar sustentável e equilibrado face às necessidades, tendo para isso combinado a responsabilidade do Estado e a participação comunitária. Nessa perspetiva, aprovou a Lei de Bases da Proteção Social, instrumento legal que assenta num conceito extensivo de segurança social e que se pretende adaptado às atuais exigências sociais. Esse documento legal, que tem vindo a tornar-se efetivo com o crescimento da economia nacional, promove na sua essência o bem-estar das populações, assim como estabelece os mecanismos de assistência social aos grupos mais vulneráveis e, as medidas preventivas às situações de desigualdade social.

Sabia que...

A Comissão para a Política Social traçou como metas sociais para este ano as áreas do ensino, saúde e cultura

Com efeito, constituem objetivos da proteção social, os seguintes:

1.

Atenuar os efeitos da redução dos rendimentos dos trabalhadores nas situações de falta ou diminuição da capacidade de trabalho, na maternidade, no desemprego e na velhice e garantir a sobrevivência dos seus familiares, em caso de morte;

2. Compensar o aumento dos encargos inerentes

às situações familiares de especial fragilidade ou dependência;

3.

Assegurar meios de subsistência à população residente carenciada, na medida do desenvolvimento económico e social do país e promover, conjuntamente com os indivíduos e as famílias, a sua inserção na comunidade, garantia de uma cidadania responsável.

Concertação Social Este organismo tem já delineado o Plano de Desenvolvimento 2013-2017, com relevância para o combate à pobreza. O programa regista uma evolução positiva neste domínio, porém os membros reconhecem a necessidade de reajustamento de alguns instrumentos para que os seus resultados tenham um maior impacto na vida das populações. Outro assunto em debate tem sido o projeto de revisão da Lei Geral do Trabalho, um diploma importante com implicações diretas na mobilidade da força de trabalho e no funcionamento das empresas. O trabalho preliminar já foi realizado, pelo que em breve serão debatidas as bases que possam produzir um diploma de consenso, capaz de estabelecer estabilidade e garantir emprego e melhor funcionamento das empresas produtivas. A partir do primeiro trimestre de 2013 serão efetuadas uma série de reuniões técnicas para determinar os aspetos que deverão ser alterados na Lei Geral do Trabalho. Uma iniciativa que o presidente da Associação dos Industriais de Angola (AIA), José Severino, já enalteceu, considerando que a reformulação desta lei deverá conciliar os interesses do Governo e dos seus parceiros. Para este responsável, a mesma deve visar a competitividade, defender os direitos fundamentais dos trabalhadores, tendo em consideração as questões associadas ao absentismo, indisciplina laboral e oportunismo por parte de algumas pessoas, visando uma economia capaz de concorrer com os países da região. “O mundo está globalizado e não podemos continuar a aceitar que os outros países sejam mais competitivos que nós, obrigando a que, por essas razões, tenhamos que recorrer ao sacrifício da pauta aduaneira para sermos competitivos”, disse à TPA. Segundo o mesmo, é preciso criar um ambiente favorável entre as empresas e a classe trabalhadora, no sentido de que o empresariado seja motivado a investir cada vez mais e modernizar-se, mediante a capacitação profissional e tornar os funcionários mais competitivos, quer na área dos serviços quer na produção de bens materiais.

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ECONOMIA&NEGÓCIOS

Manuela Bártolo

Petrolíferas dão o exemplo — Longe vai o tempo em que as empresas petrolíferas tinham como única prioridade atingir lucros elevados. Hoje, paralelamente ao negócio, coexiste uma política alargada de atividade corporativa, que as obriga a atuar de uma forma segura e rentável, com responsabilidade social e ambiental.

Contributo multinacional mais sólido O rápido aumento da produção petrolífera e consequentemente das receitas do Estado tem, nos últimos anos, apoiado a criação de condições excecionalmente favoráveis para o desenvolvimento socioeconómico do país. Um propósito que, em Angola, deu origem a um decreto-lei que aplica várias regras à indústria petrolífera, com o intuito de que estas contribuam de forma mais veemente para o crescimento da sociedade. Os benefícios diretos para os angolanos da atividade petrolífera começam a fazer-se sentir de forma muito lenta, apesar da importância económica do petróleo, que reside quase inteiramente na sua função enquanto gerador de receitas fiscais para o Estado. A qualidade da gestão dos recursos tem sido, por isso, um dos fatores em análise, atraindo o foco para a capacidade do país desenvolver os setores não mineiros da economia e assim criar emprego e fontes de rendimento para as populações.

A obrigatoriedade das empresas petrolíferas estrangeiras ou multinacionais de formarem os seus trabalhadores nacionais, de modo a que se passem as responsabilidades da empresa aos angolanos, é uma dessas regras. A outra, assenta no emprego prioritário dos trabalhadores nacionais, com o objetivo de que este se possa aplicar a quase todos os níveis de hierarquia. Paralelamente a estas premissas vigentes no documento, existe ainda a responsabilidade social das companhias multinacionais, que se centra na contribuição anual das mesmas através de uma quantia em moeda convertível para a formação na Universidade Agostinho Neto (UAN), Universidade Católica de Angola (UCAN) e no Instituto Nacional de Formação Profissional (INEFOP). As empresas são livres de decidir o destino e como aplicar as suas contribuições em prol do desenvolvimento socioeconómico do país. Cada um dos organismos tem a sua estratégia

de atuação, áreas de intervenção, grau de dedicação e montante a envolver no processo. Quase todas, preferem as áreas em que o governo define no seu documento bienal - Programa Geral do Governo -, como áreas prioritárias e outras da sua preferência, atuando de forma a preencher o ‘vazio’ deixado pelo Executivo como consequência da incapacidade deste resolver esta questão unilateralmente. A salientar que, no quadro das responsabilidades das empresas, existe ainda uma diferença entre o tratamento aos trabalhadores e as responsabilidades perante à comunidade, ou seja, à sociedade em geral. No entanto, em outubro de 2002, o Banco Mundial enviou um grupo no sentido de estabelecer uma parceria com o governo angolano, com o setor privado e com a sociedade civil com o objetivo de prestar assistência técnica para reforçar a problemática da responsabilidade social das empresas no setor petrolífero em Angola.


CASH-FLOW Muitas empresas nos seus contratos com o governo s達o obrigadas a afetar uma percentagem dos seus lucros para o financiamento de Atividades Empresariais de Responsabilidade Social (AERS)


ECONOMIA&NEGÓCIOS Apesar de contribuírem de forma positiva para o PIB e para as exportações do país, os projetos petrolíferos existentes atualmente em Angola têm ainda índices de importação muito elevados e poucas ligações com as empresas locais, pelo que o desenvolvimento dependerá sempre de uma maior expressão dos funcionários nacionais na atividade das operadoras internacionais e uma mais ampla e ativa participação do empresariado nacional, de forma a se criar um equilíbrio na atividade.

Patrocínio desportivo Desde então muito tem sido feito pelas empresas a operar no mercado. Exemplo desta participação é a Chevron, considerada pelo Conselho Mundial do Petróleo (WPC, na sigla em inglês) como uma das três maiores empresas da indústria da energia na excelência empregue em práticas de responsabilidade social. A testá-lo está o impacto positivo do projeto - Iniciativa de Parceria com Angola -, criado em 2002, com o objetivo de apoiar os programas do governo no combate à pobreza e desenvolvimento do país. Ao longo da última década, a iniciativa, considerada inovadora e abrangente, focou-se nos programas de apoio à saúde, educação e redução da pobreza através do desenvolvimento do setor agrícola e pescas e das micro e PME’s, que inclui ainda o reforço da capacidade das agências governamentais de desenvolvimento e ONG’s. O enfoque das suas ações é dirigido, sobretudo, para a criação de cadeias de valor e a capacitação dos diferentes projetos com o objetivo de estimular o mercado e promover a formação de riqueza. Encontrando-se entre os maiores produtores de petróleo de Angola, os investimentos que têm sido realizados fazem da empresa o maior empregador da indústria petrolífera estrangeira no pa-

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A Sonangol tem investido de forma sustentada na massificação e desenvolvimento do desporto angolano através de patrocínios a diferentes eventos desportivos, desde várias equipas nacionais (futebol, basquetebol, andebol), até ao próprio Comité Olímpico Nacional. No desporto motorizado, a empresa apoia corridas de motocross e kart, tendo sido de 2009 a 2010 o patrocinador oficial da ‘Superleague Formula by Sonangol’. Tem ainda instaurado o ‘Grande Prémio de Atletismo’, uma prova anual de 7 km que já vai na sua quinta edição.

ís, com mais de 3 mil trabalhadores nacionais. Também a brasileira Petrobras, refere nos seus estatutos que a função de uma empresa não se resume mais a dar lucros e emprego, pagar impostos e respeitar a lei. Para os acionistas, os setores social, cultural e ambiental formam a marca de excelência que a empresa imprime nas suas atividade de petróleo e energia. A administração entende que, ao produzir, interage com o meio ambiente e consome recursos naturais, património de todos. Sendo, por isso, ‘um dever prestar contas à sociedade quanto ao impacto das suas atividade sobre a biosfera’. Ciente deste aspecto ‘cumpre a sua missão de empresa cidadã, atuando como agente de desenvolvimento humano sustentável’, defendem os seus responsáveis. Outra ‘contribuinte’ é a TOTAL, que tem prestado o seu contributo ao setor industrial não petrolífero através de programas específicos de apoio ao crédito e à criação de emprego, destinado a PME’s que, posteriormente, prestam serviço à indústria petrolífera e outras. Com a criação do programa Zimbo, a petrolífera francesa, em Angola desde 1950, tem podido apoiar diversas empresas de vários tipos de indústria, desde a confeção de roupa,

Grande Prémio Sonangol de Literatura Criado em 1992, em colaboração com a União de Escritores Angolanos (UEA), este prémio é o estandarte das diferentes ações da empresa no que concerne ao desenvolvimento da cultura. Com o intuito de fomentar e valorizar a criatividade dos artistas nacionais, esta distinção tem sido responsável por dar a conhecer ao público novos autores, oferecendo para além da compensação financeira, maior visibilidade e promoção da obra e carreira do premiado. Desde 2006, esta distinção passou a ser atribuída de cinco em cinco anos, tendo sido alargada para alguns Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), caso de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe. Em 2009, depois do êxito alcançado nestes três países, o concurso foi também aberto à participação de escritores dos restantes membros dos PALOP – Guiné Bissau e Moçambique, sendo detentor de um elevado prestígio entre as comunidades literárias angolana e internacional. A próxima edição irá decorrer em 2015.


CASH-FLOW

Política corporativa de QSSA A Sonangol desempenha também um importante compromisso ao nível da Gestão da Qualidade, Saúde, Segurança e Ambiente (QSSA), tendo como principal objetivo tornar-se líder em África neste domínio. Considerada uma ferramenta importante para o sucesso dos negócios da empresa, tem como intuito primordial promover soluções que reduzam a ocorrência de acidentes. Assim, os gestores são, por um lado, responsáveis pela implementação e manutenção do sistema e os colaboradores são, por outro, responsáveis pelas ações necessárias à sua proteção, proteção do património da empresa, do ambiente, dos clientes e da comunidade em geral.

ao acesso à informática e à agricultura. Já a ESSO, envolvida de forma ativa nos programas de desenvolvimento da comunidade, tem, através do Bloco 15 e da Fundação ExxonMobil, contribuído para um investimento comunitário crescente nas mesmas áreas de atuação das suas congéneres.

Liderança nacional Por seu turno, a Sonangol EP, tida como empresa líder no que respeita à intervenção social no mercado nacional, tem, para além do seu principal ‘core business’, expandido a sua atividade para áreas como o desporto, ambiente, cultura, reabilitação de estradas, pescas, telecomunicações, ciência e agricultura, entre outras. A empresa defende que o apoio prestado faz parte da natureza da organização, assente numa forte interação com a comunidade. No seu site pode ler-se que ‘o compromisso da Sonangol com a sociedade angolana no desenvolvimento sustentado e estabilização de Angola é premissa expressa na sua filosofia e concretizada, inclusive, no seu orçamento, que prevê anualmente verbas para investimentos na área social’. Incutida do dever de proporcionar melhores condições não só aos seus

trabalhadores, mas também à comunidade em geral, a petrolífera tem vindo a ocupar, cada vez mais, um espaço importante na implementação e gestão de políticas efetivas de incentivo à participação e responsabilidade social, contribuindo para o aumento do progresso profissional e social do país. Nos últimos anos, tem-se revelado o esforço realizado na multiplicação das ações da empresa no âmbito participativo, científico, cultural ou desportivo, com influência direta na formação de comportamentos e atitudes dos seus empregados, da mesma forma que estes influenciam na formação da cultura da empresa e na solução de parte dos muitos problemas que atingem o meio social. O compromisso com as comunidades e os seus funcionários assenta em vastos projetos de beneficência social enquadrados num programa denominado ‘Juntos com a comunidade’. O projeto estende-se a todo o território nacional, tendo sido criada inclusive uma Comissão de Projetos Sociais, cuja missão é o acompanhamento e regularização da situação contratual dos complexos/condomínios patrocinados pela empresa, no âmbito da habitação social. No que respeita à questão da habitabilidade, é incontornável a criação em 2000 da Cooperativa Cajueiro, Sociedade Cooperativa de Responsabilidade Limitada, que também inclui funcionários do Ministério dos Petróleos. Transformar os recursos de todos em bemestar social é o objetivo. A província de Cabinda é disso exemplo, tendo sido alvo da implantação de diversos projetos, orçados em vários milhões de dólares ao longo dos últimos anos. A política de concessão de Bolsas de Estudo é outra aposta da empresa, abrangendo, para além dos seus funcionários, todos os cidadãos angolanos não pertencentes à Sonangol, destacando-se neste âmbito não só a formação profissional interna e externa à empresa, mas também no interior e exterior do país. Esta política tem-se revelado importante e produtiva para o desenvolvimento do setor e de Angola. Estas ações, como outras que destacamos em caixa, têm permitido à empresa consolidar o seu papel de líder e reforçar a sua imagem como promotora do desenvolvimento angolano.

Sabia que... O Fundo de Pensões da Sonangol funciona como um sistema de previdência privada, que tem por objetivo a defesa do trabalhador no desemprego, na doença e na invalidez e a garantia de uma pensão de aposentação ou reforma, enquadrando-se no nível da Proteção Social Complementar. Este plano não é contributivo e, por isso, os seus participantes não pagam dinheiro para o seu fundamento, nem para a constituição das suas pensões, sendo a Sonangol a única financiadora do mesmo.

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ECONOMIA&NEGÓCIOS UNITEL

“a Responsabilidade Social está no nosso ADN” — A Responsabilidade Social faz parte do ADN da Unitel. Desde o primeiro minuto que, enquanto empresa, a Unitel assume o dever de contribuir para uma sociedade mais responsável, solidária e equitativa em Angola. Contribuir para o crescimento da nossa comunidade é contribuir para o nosso próprio crescimento.

Projecto e-NET- Uma parceria entre a Unitel, o Ministério da Comunicação e a Huawei

Conscientes da importância do papel da empresa na sociedade, contribuímos para o seu desenvolvimento e enriquecimento, apoiando diversas áreas da vida das comunidades, com ações assentes em quatro pilares fundamentais: cultura, educação, saúde e desporto. No que diz respeito à cultura, as iniciativas da Unitel baseiam-se no apoio a ações que têm permitido que cada vez mais angolanos tenham acesso aos mais diferentes eventos culturais: espetáculos musicais, exposições de arte (pintura, banda desenhada e fotografia), carnaval e à organização dos seus próprios eventos. 30

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No âmbito da organização dos seus próprios eventos culturais, destacamos shows ou festivais musicais onde a Unitel, em conjunto com o elenco artístico participante, faz ações de doação de material diverso, em função das carências das instituições. É o caso do show de apoio à participação de Angola no Afrobasket 2010, com o artista R.Kelly, cujas receitas reverteram para a compra de equipamento desportivo especializado para deficientes no valor de mais de 10 milhões de Kwanzas e que foi entregue ao Comité Paralímpico Angolano. O exemplo do show alusivo aos 11 anos da Unitel, que contou

com a participação dos músicos americanos Wyclef Jean e Trey Song, em que foi feita a doação de material escolar ao Lar Consoladora dos Aflitos, no valor de mais de 2 milhões de kwanzas, ou a doação de brinquedos ao Hospital Pediátrico de Luanda, em dezembro do ano passado, que contou com a participação do cantor norte-americano NeYo, inserida na realização do Show Boas Festas Unitel. Mais recentemente, a Unitel doou material escolar ao Lar Santa Bakita, em Luanda, por ocasião das atividades do “Festival Unitel 11 de Novembro”, a realizar no âmbito do 37º Ani-

versário da Independência Nacional. A associação da Unitel à música está intimamente ligada ao apoio e promoção de artistas angolanos, onde se destaca o apoio concedido à Orquestra Sinfónica “Kapossoca”, que foi representada por 50 crianças no IIIº Festival Internacional de Orquestras e Coros Infanto-Juvenis, na Argentina (Cataratas de Iguazú). A Unitel contribui com mais de quatro milhões de kwanzas para cobrir as despesas de participação das 50 crianças e dos seis professores, que permaneceram na Argentina durante 20


Para além destas, são inúmeras as doações feitas ao longo dos últimos anos, sobretudo em géneros como equipamento informático, material escolar ou cadeiras de rodas, a instituições como a Remar e a direções provinciais de Reinserção Social por todo o país.

Doação ao Comité Paraolímpico Angolano

Doação feita ao lar Nossa Senhora dos Aflitos por ocasião do Show Unitel 11 anos

“A Unitel considera fulcral devolver à sociedade parte da riqueza que é gerada no âmbito da sua atividade”

Crianças do Centro Arnald Janssen convidadas a assistir o Carnaval 2012

dias, e à organização do Festival da Canção de Luanda que vai já na sua 15.ª edição. Contribuir para um maior acesso da comunidade jovem ao conhecimento é uma das prioridades da Unitel, que na área educacional, assinou com o Ministério da Educação da República de Angola, um protocolo para a implementação de um projecto denominado: “e-NET nas Escolas”, que pretende, em todo o país, proporcionar gratuitamente acesso à internet aos estudantes no 2º ciclo do ensino secundário, em escolas públicas e privadas, como ferramenta essencial para pesquisa académi-

ca e interacção social. Outras iniciativas pretendem possibilitar um maior acesso de comunidades desfavorecidas ao conhecimento, como é exemplo, o convite feito pela Unitel a Lares de Acolhimento de Crianças Órfãs e Desfavorecidas para visitar o Stand da Unitel na FILDA ou assistirem aos desfiles de Carnaval de Luanda na bancada da Unitel. A Unitel prima também por uma importante preocupação de solidariedade social, junto das comunidades onde se insere, fazendo doação de bens nas áreas da saúde, educação e reinserção social, de acordo com as

necessidades prioritárias das comunidades, sempre que alarga a sua rede de distribuição comercial ou expande o sinal de rede. Indiretamente, a empresa apoia as comunidades através da sua pareceria com associações ou instituições que organizam ações de recolha de fundos, que são usados para o desenvolvimento e implementação de projectos de cariz social, como é o caso da Cruz Vermelha de Angola, Grupo de Amizade (associação que integra as embaixatrizes residentes em Angola) ou a Mag Golf que apoia as vítimas de minas.

Por fim, o nosso quarto foco de atuação no âmbito da Responsabilidade Social é o desporto. Na Unitel, acreditamos que o desporto é um factor de desenvolvimento da civilização e de união dos povos, possibilitando ainda um contexto de crescimento físico e mental para a nossa juventude. A Unitel desde sempre se associou ao desporto nacional, precisamente por encontrar neste pilar da sociedade um conjunto de características que se coadunam com a sua identidade e também com o perfil dos nossos clientes e dos angolanos – a força, a juventude, a inovação, a alegria, a união. O desporto é intrínseco à nossa política de Responsabilidade Social. Defendemos a sua promoção nas mais diversas modalidades de expressão porque entendemos a influência que o desporto tem no desenvolvimento e na satisfação das pessoas, que se reflete no progresso das organizações e no progresso do País. Desta forma, realizamos e viabilizamos eventos desportivos, apoiamos as seleções nacionais, nas modalidades de ginástica, andebol, basquetebol, voleibol, futebol, hóquei em patins, pesca, e os comités olímpicos e paralímpicos. A Unitel considera fulcral devolver à sociedade parte da riqueza que é gerada no âmbito da sua atividade, e assim contribuir, de alguma forma, para a melhoria da qualidade de vida de muitos angolanos. A Responsabilidade Social será sempre um foco essencial na actuação daquela que é a maior família de Angola. 2012

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ECONOMIA&NEGÓCIOS

Manuela Bártolo

Investidores pagam mais 20 a 40% por empresas com....

Boa governança corporativa —

Qual é o efeito da adoção das melhores práticas de governança corporativa no valor de uma empresa? Se a resposta que iremos dar a esta pergunta o surpreender é porque a sua empresa ainda não está devidamente enquadrada no mercado atual. A verdade é que investidores de todo mundo afirmam que estão dispostos a pagar entre 20 a 40% mais por empresas com sólida governança corporativa. A conclusão é dada pela Korn/Ferry International, com base em dados coletados no mercado financeiro.

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OUTSIDE É crescente o interesse por ações de companhias que, além do lucro e retorno sobre o capital, asseguram o respeito pelos direitos dos acionistas minoritários e a transparência nos atos e resultados da administração. O sistema pelo qual as empresas são dirigidas, que envolve os relacionamentos entre proprietários, conselho de administração, direção e órgãos de controlo, está ‘em alta’ e é suporte primordial na concretização de negócios importantes e subida dos preços das ações. A qualidade dos mecanismos de decisão, fiscalização e solução de conflitos societários das empresas tem, por isso, reflexos bastante positivos no seu valor de mercado.

Os princípios de governo das sociedades podem assegurar a adoção de boas práticas tendo em consideração: - A transparência das organizações e dos seus processos de decisão - A divulgação dos poderes e responsabilidades dos “agentes” - A responsabilização dos gestores e da administração - A prevenção e boa gestão dos conflitos de interesses

sidente do Instituto Brasileiro de riscos da falta de boas práticas de do seu desempenho e da sua gestão, Governança Corporativa (IBGC) e governança corporativa são elevade defenderem os seus interesses e conselheiro de companhias fechadas dos, entre eles desUm estudo divulgado recentemende induzir as mudane abertas, entre as quais a Natura. De tacam-se as perdas Executivos te pela Escola de Negócios Insead ças societárias que se acordo com este responsável, o fator por desvios, a falta de veteranos já revelou as perspetivas para a gorevelem adequadas. A determinante é o risco do negócio. fiscalização, a apro- sabem, por vernança corporativa para 2020 e exposição pública da Consoante a perceção do risco maior priação de ativos e a experiência, que os dados mostram que as empreadoção, ou não, das ou menor, o investidor ausência de retorno as empresas com sas, face à evolução boas práticas de goestabelece descontos do investimento por melhor governança do mercado, estão Um aspecto verno societário (naou prémios para as falta de transparên- valem mais. Os a viver um momen- imediato, que ming and shaming) ações de determinadas cia. Além disso, os investidores to de transformação, dá segurança ao introduz uma valênempresas”. “A goverproblemas que gera a premeiam a que exige a reavalia- investidor, é que cia reputacional que nança bem instalada ausência do sistema empresa dando ção das estruturas. Há a empresa com pressionará as empreconduz a uma percepsão assinaláveis e in- maior liquidez às efeitos importantes da boa governança sas não cumpridoras. ção de risco menor de cluem uma política de suas ações, o que, governança que po- tem acesso a expropriação por parte dividendos equivoca- por consequência, dem influenciar o de- capital - a capital De notar, que as quesdos acionistas que não da, um processo de- provoca o aumento sempenho económico mais barato. Uma tões de governo sociesão controladores ou cisório deficitário ou do preço das da empresa e, conse- forte vantagem tário são igualmente não estão na gestão.” incapaz, a presença mesmas. quentemente, as suas competitiva relevantes fora do uniDaí a redução das tade familiares não procotações em bolsa. Um verso das sociedades xas de descontos e a dutivos na adminissistema eficiente pode cotadas. São príncíocorrência de prémios tração, um desvio de gerar, além da redução pios importantes para nas ações das compafoco na empresa, uma do custo de capital, um outras organizações nhias bem avaliadas pelo mercado, mistura dos ativos da conjunto de benefícios internos que tais como empresas e explica. mesma com os do controlador, etc. melhoram as perspetivas de fluxo de outras entidades públicas, organizaA má governança provoca também caixa da companhia. Dentre esses ções não governamentais, mercados Se não houver confiança nos proceuma grave falta de estratégias e de benefícios, está o melhoramento do de capitais, organizações internaciodimentos da empresa, crescimento. Aos inprocesso decisório da alta gestão e a nais, etc. os investidores retra- Em síntese, a vestidores importa separação clara de papéis entre acioem-se. As boas práti- empresa precisa avaliar o alinhamento nistas, conselheiros e executivos. cas geram processos construir uma de interesses. Também ocorre uma melhoria dos decisórios de melhor relação de mecanismos de avaliação de desemqualidade. Há controlo confiança com A divulgação de inpenho e recompensa dos executivos interno e um processo os investidores formação e transpae uma diminuição da probabilidade A preocupação prioritária das decisório direcionado e adotar rência, associadas às de ocorrência de fraudes e corrupboas práticas de governança para o objeto social da mecanismos e boas práticas de goção. Em última instância, favorece corporativa consiste em companhia. Do ponto processos de vernança corporativa ainda uma maior institucionalização assegurar mecanismos de vista externo, existe proteção dos também promove ine melhor imagem da empresa. apropriados que promovam o a questão da equidade seus direitos para centivos de mercado exercício, pelos acionistas, dos entre os sócios, a trans- poder aceder para a auto-regulação. Questões deste género são tidas em seus direitos de propriedade, parência e a prestação ao mercado de A regra é simples: deconsideração pelos investidores de não só exercendo os seus direitos de contas. Uma em- capitais com finem-se standards e longo prazo, especialmente os insde voto, mas também através da presa não consegue, sucesso exije-se divulgação titucionais, quando definem quanpossibilidade de apresentarem por exemplo, atrair ca(comply or explain). to estão dispostos a pagar por uma questões e avançarem com pital se não conseguir Neste contexto, os indeterminada ação. O mercado, para propostas nas assembleias de comprovar que tem vestidores e outros formar o preço, funciona como uma acionistas. Promover-se-á assim estrutura para garantir o retorno do interessados na empresa terão a ‘máquina de prémio-desconto’, exuma maior responsabilização da mesmo. Na ótica do investidor, os administração. possibilidade de avaliar a qualidade plica José Guimarães Monforte, pre-

SABIA QUE...

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ECONOMIA&NEGÓCIOS

Patrícia Alves Tavares

A outra face da banca —

Há muito que política social integra o vocabulário das instituições bancárias. Influenciados pelas macroeconomias e linhas de conduta dos grandes organismos mundiais, os bancos nacionais têm implementado práticas de responsabilidade para com o meio em que estão inseridos. Uma atitude que tem trazido resultados favoráveis, melhorando a performance económica da banca. Valores que colocaram os bancos angolanos entre os melhores de África.

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BANCA&SEGUROS

Responsabilidade social é termo que há muito faz parte do dia-a-dia da banca e das grandes infraestruturas financeiras. O conceito começou a ser implementado no seio da atividade corporativa dos maiores bancos mundiais e rapidamente foi adotado por congéneres que atuam em segmentos mais reduzidos, mas que dispõem de dependências disseminadas por países em desenvolvimento. Em entrevista à assessora do Banco Espírito Santo Angola (BESA) é fácil compreender que o conceito de responsabilidade social está implícito na atual condução de negócios de uma empresa e que a banca é crescentemente um agente corresponsável pelo desenvolvimento social de um país, visto que movimenta milhões de ativos e é o maior financiador de qualquer economia. Um organismo socialmente responsável tem a capacidade de ouvir os seus trabalhadores, a estrutura acionista, os fornecedores, os consumidores, o Governo, a comunidade e até os ambientalistas. E é neste diálogo que são planeadas as atividades que irão contribuir para um país melhor e uma sociedade mais equitativa. Nesta edição, a Angola’in foi descobrir qual o grau de envolvimento dos três maiores bancos de África na ação social. Segundo a revista African Business, o Banco Angolano de Investimentos (BAI) (ainda designado de Banco Africano de Investimentos) é o primeiro da lista de 2012, aparecendo em 27º lugar. O Banco BIC surge na 32ª posição e o Banco de Fomento Angola (BFA) em 38º.

de cinco bolsas de estudo para a licenciatura em Contabilidade e Administração no Colégio Universitário Nuno Krus Abecasis. O apoio é anual e destina-se a universitários nacionais.

Liderança BIC

Fundo BFA

Empreendedorismo

A Academia de Liderança para Jovens Angolanos em Portugal é o projeto mais emblemático do banco BIC. Em parceria com a PwC, a instituição lançou um programa para finalistas angolanos que residam e estudem em Portugal. O projeto arrancou no ano passado e tem sido um caso ímpar de sucesso entre a juventude O objetivo do curso consiste em desenvolver as competências de liderança dos estudantes, formando novas gerações de líderes capazes de auxiliar o país a manter o crescimento económico e os bons laços financeiros e sociais com Portugal.

Por se tratar de uma matéria complexa e que exige um mecanismo forte e sustentável a logo prazo, o Banco de Fomento Angola decidiu criar um fundo específico para o exercício da política social. O meio foi criado em 2004, com a finalidade de auxiliar financeiramente iniciativas nos domínios da saúde, educação e solidariedade.

O Banco de Fomento Angola foi responsável pela realização do primeiro estudo GEM, no país. Em parceria com a Sociedade Portuguesa de Inovação (SPI) e a Universidade Católica de Angola, o Fundo Social deu vida ao maior estudo independente de empreendedorismo que alguma vez se realizou e que analisa a relação entre o nível de empreendedorismo e o de desenvolvimento económico, determinando as condições em que tudo se processa. Já no panorama da solidariedade social, o banco deu especial atenção à juventude e idosos. Apoiou o projeto de desenvolvimento ‘Bair-

Os candidatos ultrapassaram largamente o número de vagas (15) e todos foram submetidos a uma fase de seleção. Tem o formato de um programa intensivo off-site que inclui workshops, sessões de coaching, debates e estágio para todos os formandos. Os locais escolhidos para receber os finalistas são as instalações das empresas promotoras e dos parceiros Hay Group, Gesbanha S.A., SPI - Sociedade Portuguesa de Inovação, Mota-Engil, Visabeira e Auto-Sueco.

O Banco de Fomento Angola decidiu criar um fundo específico para o exercício da política social. No final do ano passado, o mecanismo contava com 19,1 milhões de dólares

A principal missão social do banco BIC passa por preparar os jovens nacionais para liderar as empresas angolanas. A edição 2011 da Academia teve mais de meia centena de candidaturas. Em relação ao corrente ano ainda não existem indicações oficiais disponíveis.

O Fundo Social é financiado com cinco por cento dos lucros obtidos de cada exercício por um período de cinco anos (de 2004 a 2009). No final do ano passado, o mecanismo contava com 19,1 milhões de dólares.

Ao longo do último ano, a instituição bancária teve a possibilidade de fomentar as parcerias com organismos de referência, o que permitiu a aposta em projetos de formação e investigação, no âmbito da educação. A Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto foi um dos parceiros, tendo trabalhado conjuntamente com o BFA na promoção da pós-graduação em Mercados Financeiros, para fazer face aos pedidos dos advogados e juristas que compõem as empresas das áreas da banca e dos seguros. Também na Universidade Católica foi possível concretizar o mestrado em Gestão para Executivos, que contou igualmente com a colaboração dos agrupamentos de Portugal e do Brasil. As três faculdades criaram as condições necessárias para o êxito do MBA Atlântico. O BFA juntou-se à Fundação Cidade de Lisboa para a atribuição

ro da Graça’ dos Leigos para o Desenvolvimento da Província de Benguela, mediante a concretização de programas de mobilização, formação, empreendedorismo e emprego junto da comunidade. Este último subdivide-se ainda na aposta no emprego juvenil e criação de estágios. O BFA associou-se no último ano à Jornada Mundial da Juventude em Espanha, dando a possibilidade de 30 jovens da Comissão Episcopal da Juventude da Diocese de Luanda participarem no evento. Por fim, além do apoio à Associação de Amizade e Solidariedade para com a terceira idade, foi um agente dinamizador do intercâmbio de Jovens Universitários Portugueses do GAS África com o Centro de Acolhimento Arnaldo Janssen, que apela ao desenvolvimento de competências pessoais e forma os jovens e crianças para uma cidadania responsável.

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ECONOMIA&NEGÓCIOS

BANCA&SEGUROS

Plenitude BAI Este ano, a revista The Banker colocou o Banco Africano de Investimentos (BAI) entre os 25 melhores de África, obtendo um honroso 22º lugar. O resultado deve-se a uma conjugação de inúmeros fatores, entre os quais o forte investimento em responsabilidade social. Os grupos mais desfavorecidos da sociedade foram os visados pela atuação do grupo em 2011, que se dedicou ao patrocínio de atividades de diversa ordem e concedendo doações a alguns projetos. Foi o caso do plano TISA, em Lubango, que recebeu o apoio do BAI para colocar computadores nas salas de aula da cidade e para equipar a sala pediátrica do Hospital Américo Boavida. Por outro lado, manteve as habituais atividades de dinamização dos setores cultural e desportivo do país. Voltou a promover o BAI Basket, o BAI Solidariedade e o BAI Arte. Esta última teve como ponto de destaque a organização da 13ª edição do BAI Arte, uma exposição que tem como missão revelar o talento e criatividade artística dos agentes nacionais. O certame decorreu no Lubango, na Huíla, e contou com a participação de seis artistas, oriundos da província e da capital, que aproveitaram a ocasião para mostrarem os seus trabalhos durante uma semana. Vinte quadros sensibilizaram os huilianos para a valorização da escultura e da pintura. Pela segunda vez, a mostra saiu de Luanda e foi instalar-se nas províncias, num claro sinal de descentralização das atividades artísticas e de massificação da cultura, levando-

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a a quem não tem oportunidade de se deslocar à capital. A defesa da cultura faz parte da filosofia do BAI desde a sua fundação, há 16 anos. Cientes de que a cultura e a arte guardam a memória coletiva da sociedade, os responsáveis pela instituição têm mostrado forte empenho em manter vivas as tradições. Veja-se o caso do patrocínio das comemorações do Carnaval, que é para os angolanos o apogeu da celebração da sua diversidade cultural e social. O BAI foi responsável por institucionalizar o Prémio BAI Canção Carnaval, com o intuito de enaltecer a ‘canção do Entrudo’. Já no plano interno, a valorização do capital humano foi a que mais se destacou nas atividades do banco. No ano passado, a empresa inaugurou a primeira fase a Academia BAI, um investimento de 60 milhões de dólares. O objetivo da universidade corporativa consiste em formar os recursos humanos do grupo. No momento, o público-alvo limita-se aos trabalhadores que verão as suas qualificações sofrer um upgrade, através da formação em competências quantitativas, verbais, comportamentais, bancárias, legislação, processos, seguros, etc. Na segunda fase, está prevista a abertura da academia a todos os candidatos externos que cumpram os requisitos. Tal deverá acontecer quando a instituição for designada de Instituto Superior. Existem múltiplos exemplos de preocupação social, ambiental e cultural no seio das instituições bancárias. As performances eco-

nómicas destes organismos facilitam a implementação de uma política social sustentada e a longo prazo. Apesar de ainda não existir uma legislação específica ou a obrigatoriedade dos grandes grupos económicos olharem para a sociedade, a vontade de investir no desenvolvimento do país onde se inserem é evidente. No final de contas, quanto melhor for o nível de vida das populações e satisfação da sociedade, melhor será o índice de confiança dos consumidores e o desempenho da economia torna-se mais eficaz.


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Patrícia Alves Tavares

“Não há economia de sucesso em sociedades que falham” Ambiente, educação e cultura. São os três pilares do BESA, um banco que entende que a sustentabilidade empresarial vai para além do serviço financeiro. A Angola’in falou com a assessora da administração do Banco Espírito Santo Angola, Leonor de Sá Machado, num momento de forte envolvimento em diversos projetos sociais. Consciente de que uma entidade bancária deve ter uma cidadania ativa e uma responsabilidade para com as comunidades que serve, quer estar presente em todas as capitais de província até 2013.

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BANCA&SEGUROS No BESA, a Responsabilidade Social goza de que estatuto? É um elemento denominador na composição dos valores intrínsecos da marca? Porquê? A sustentabilidade é tudo. Desde o início da atividade, em 2002, que o BESA tem dedicado uma especial atenção a projetos de apoio à comunidade. De facto, este elemento tornou-se indispensável na composição dos valores da marca BESA, pois consciencializar as comunidades para a sua responsabilidade com o futuro é sem dúvida a melhor estratégia institucional que uma organização como o Banco Espírito Santo Angola pode promover. Qual o entendimento do conceito e abrangência interna deste tema, cada vez mais pertinente? O princípio do “Private Contributor” traduz de forma clara os valores do BESA. Apoiar a comunidade significa estar comprometido com ela e em conjunto trabalhar para o alcance dos seus objetivos mais importantes.

“Sabemos que é necessário desenvolver uma cidadania empresarial, através de uma relação de proximidade com a comunidade, implementando projetos que conduzam ao desenvolvimento sustentável”

O que representa a sociedade civil para o BESA? Ser responsável e consciente da comunidade onde estão inseridos faz parte da vossa atuação desde sempre? É uma atividade encarada como uma mais-valia para a empresa do ponto de vista ético e económico? Sem dúvida! É por sermos responsáveis, conscientes e estarmos atentos à dinâmica que o país vive, que em Angola a atividade do Banco vai, desde a sua fundação, para além da prestação de um serviço financeiro. Sabemos que é necessário desenvolver uma cidadania empresarial, através de uma relação de proximidade com a comunidade, implementando projetos que conduzam ao desenvolvimento sustentável, focado em três grandes pilares: Preservação ambiental (BESAambiente), apoio social e educativo (BESAsocial) e valorização da cultura angolana (BESAcultura). O vosso contínuo envolvimento com a comunidade e ações de responsabilidade social contribuiu para que se transformassem no banco mais rentável de Angola? Vários estudos apresentam que existe uma correlação positiva entre a sustentabilidade e a “performance” financeira corporativa. O BESA é uma instituição que atua cada vez mais em várias dimensões, tornando a expressão da sua cidadania mais completa. Está entre os três maiores bancos no mercado angolano, com prestígio nacional e internacional. Sendo esta uma preocupação maior das empresas e estruturas governamentais, de que forma é que a integram na vossa atuação diária face à exigência de um outro tema atual – a boa governança corporativa? Na vossa opinião, uma empresa de sucesso tem de conseguir integrar e convergir estas duas áreas? Quais os exemplos que vos determinam a este nível? O que fazemos demonstra aqui-

tivas de preservação ambiental, apoio social e promoção cultural, que apenas interligadas, poderão assegurar um futuro melhor para o país.

lo que somos e isso traduz de forma clara os valores de boa governança que nos norteiam. Partindo do princípio que não há economia de sucesso em sociedades que falham, o BESA através da sua estratégia de desenvolvimento sustentável, aplicada de forma inovadora, incorpora no seu modelo de governação, fiscalização e organização as melhores práticas nacionais e internacionais. Aqui inclui-se as emanadas pela autoridade de supervisão em Angola, bem como as demais que lhe são aplicáveis por via do Grupo onde se insere. Uma instituição bancária alcança maior sucesso, credibilidade e reconhecimento se for um agente ativo de inclusão social, de massificação da educação, do acesso à saúde, da divulgação da cultura, etc. Na vossa análise, esta visão e crítica social que se exerce, cada vez mais, sobre as empresas é a força motriz que falta para que estas interajam mais com a comunidade? De certa forma, é a pressão positiva que faltava? Certamente. Angola apresenta ainda características muito específicas e amplitudes muito marcadas em termos de condições socioeconómicas e educacionais. Enquanto instituição financeira, o BESA sempre pautou por um compromisso com o desenvolvimento sustentável, pois acreditamos que o crescimento económico deve ser acompanhado por medidas efe-

O foco da vossa atuação está voltado para as províncias onde estão implementados. Há o objetivo de alargar a vossa ação social a todo o território? Quando será possível concretizar esse projeto? Temos isso por objetivo. O BESA, planeando expandir a sua rede de balcões a todo o território nacional, pretende estar até 2013 em todas as capitais de província. Quais as ações em curso este ano e quais as áreas abrangidas? Quantas pessoas serão beneficiadas com o vosso ‘trabalho social’? O BESA, em parceria com o Ministério do Ambiente, apoia mais uma vez o projeto “Campanha de Educação Ambiental e Cidadania”, concebido para formar e informar as crianças para os princípios base inerentes a estilos de vida mais saudáveis, respeitando e salvaguardando a utilização dos recursos naturais do planeta. Participamos do Projeto Fundação Kissama, apoiando na impressão de um livro de histórias infantis intitulado “Palanca”. Na qualidade de parceiro principal, continuamos a apoiar o Jornal da Saúde, ação promovida pelo Ministério da Saúde e pela Ordem dos Médicos de Angola, para a divulgação de informações sobre prevenção e cuidados de saúde junto das populações com divulgação gratuita. Colaboramos com o Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR), garantindo a continuidade da parceria celebrada no âmbito da implementação do programa de reintegração de refugiados angolanos. Organizamos ainda a “1ª Conferência Angolana sobre a Mulher e a Violência Doméstica”. Pela quinta vez consecutiva, premiamos os maiores talentos nacionais na área da fotografia através do BESAfoto, concurso promovido pelo BESA, em parce2012

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ECONOMIA&NEGÓCIOS

“Ações de responsabilidade social potenciam a inovação, a vantagem competitiva e aumentam o valor para os clientes, colaboradores e acionistas”

ria com a World Press Photo (WPPh). Acrescento que estão em digressão várias exposições desenvolvidas pelo Banco, respetivamente “Salvar e Preservar o Planeta Terra” no Norte da Europa e “Mulher Angolana”, em digressão pelo Brasil.

do KIT de Educação Ambiental, a exposição em parceria com a World Press Photo (WPPh) “Salvar e Preservar o Planeta Terra” e a campanha “Plante uma flor” sob o lema “Ajude o BESA a tornar o planeta azul ainda mais verde”.

“Falar do BESA é falar de Ambiente”. De que forma o vosso envolvimento com a preservação do planeta alterou o comportamento do Banco? Já foram eleitos pela Unesco como “Banco do Planeta”. Foi o reconhecimento do trabalho e um acréscimo de responsabilidade para ações futuras? O compromisso assumido pelo Banco Espírito Santo Angola, com a indicação de Banco Oficial do Planeta Terra, é a resposta às questões que se colocam no percurso que nos conduzirá ao alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. O Banco assume assim um envolvimento e responsabilidade maior em todas as ações, cujos prazos de implementação são maiores e o impacto atinge um público mais abrangente. A nível da preservação ambiental, as atividades de cidadania empresarial do BESA, têm como fim promover a gestão de risco ambiental, a proteção da biodiversidade, o uso racional dos recursos e a adoção de mecanismos de prevenção e controle de poluição. São inúmeras as iniciativas desenvolvidas pelo BESA ao longo dos seus 10 anos de atividade. As mais relevantes são: a Campanha de Educação Ambiental, em parceria com o Ministério do Ambiente, implementada com o lançamento

Já foram considerados Best Bank in Angola 2010 e Best Commercial Bank in Angola 2011. As tarefas e projetos sociais contribuíram para o reconhecimento e atribuição destes galardões? Sim. Tais reconhecimentos são fruto da estratégia de desenvolvimento sustentável do BESA e do seu consequente envolvimento com a comunidade, aplicada de forma inovadora e incorporada no seu modelo de boa governação.

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Nota uma participação ativa da sociedade nas causas que fomentam? A população angolana mostra preocupação com as necessidades da era moderna, como a sustentabilidade, a preservação do ambiente ou a educação pela cultura? Embora seja uma preocupação ainda embrionária, notamos uma crescente tomada de consciência sobre o desenvolvimento sustentável em Angola. Atualmente um negócio (seja em que área for) que não acompanhe as carências da sociedade, não contribua para as suas causas e não promova políticas de inclusão tem uma longevidade curta? O trabalho social é hoje uma componente indispensável

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para o sucesso de uma empresa? Os investidores institucionais e os mercados de capital estão cada vez mais atentos aos ativos intangíveis das organizações, sendo que ações de responsabilidade social garantem não só o aumento da confiança dos investidores, como potenciam a inovação, a vantagem competitiva e aumentam o valor para os clientes, colaboradores e acionistas. Considera que as vossas ações já permitiram a mudança de comportamentos não só a nível dos colaboradores internos, mas também da sociedade angolana? Sem dúvida. Há um amplo trabalho educacional já feito e as pessoas estão cada vez mais sensibilizadas e conscientes para com as causas promovidas pelo BESA. Dois jornalistas especializados nesta matéria afirmaram que “os funcionários, internamente, e a sociedade, externamente, são os principais responsáveis pela definição das suas políticas de responsabilidade social”. Concorda com a afirmação? Concordamos no sentido em que, para definirmos políticas de responsabilidade social, é acima de tudo necessário um equilíbrio tanto entre o terceiro sector (sociedade) e as empresas.

“O que fazemos demonstra de forma clara os valores de boa governança que nos norteiam”

Em Angola, não existe nenhuma obrigação específica imposta pela lei quando se fala em responsabilidade social das empresas. São de acordo que deva existir uma Lei de Responsabilidade Social no país? Que vantagens acarreta? É fundamental. Todas as iniciativas para regular a atividade são bem-vindas sendo que um aumento nas ações de responsabilidade social das empresas, além de significarem mais benefícios para a sociedade, também permitem um maior envolvimento com a comunidade.


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ECONOMIA&NEGÓCIOS BPA

Mecenas da solidariedade O compromisso com a comunidade é parte integrante da ética e código de conduta de todos os que trabalham no Banco Privado Atlântico (BPA). Desde o Conselho de Administração aos colaboradores (seja em Angola ou em Portugal), todos partilham os mesmos valores de interação e auxílio às suas comunidades. Para o BPA, Responsabilidade Social é sinónimo de apoio à educação, ao desporto, à cultura, à saúde e ao meio ambiente. Estes setores são abrangidos em pleno pelo projeto LOGOS (Luanda Organizing Game On The Street), que foi idealizado e implementado em 2008, tendo como foco a juventude em toda a sua abrangência. No âmbito deste programa, o departamento de Mecenato criou três centros, onde os jovens de meios desfavorecidos podem interagir em múltiplas atividades.

Sabia que?

— Pode pedir patrocínio ao BPA para os seus projetos? A Direção de Mecenato Social , em 2010 recebe constantemente do LOGOS m a r ia benefic s propostas e pedidos de n e v o j OS G patrocínio para diversas O L o t roje com o p m a atividades. O organismo r a r abo re s col analisa cada solicitação e se monito correspondem aos critérios definidos pela ação social do BPA este mostra-se disponível para receber uma proposta completa. Assim, os interessados podem apresentar programas que se incluam nas seguintes áreas: - Desenvolvimento das comunidades: desde que tenham como finalidade o auxilio às organizações de apoio às comunidades, mediante assistência técnica e formação especializada ou programas de formação profissional com o intuito de inserção no mercado de trabalho; - Educação: programas de alfabetização; de formação financeira para jovens; proposta de parcerias para dinamizar programas informáticos ou formação de organizações não-governamentais e instituições financeiras que promovam educação para adultos; - Artes e Cultura: todos os projetos que careçam de financiamento para a criação e partilha de novas expressões de arte e de documentação das tradições, cultura e história nacional.

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BANCA&SEGUROS Projeto LOGOS

lições de vida a uma juventude no processo da formação dos joque em virtude do meio vens angolanos, contribuir para em que vive tem poucas a melhoria da sua vida e facilitar oportunidades profissionais a sua inserção social”, sustenta o e sociais. Através da BPA. aprendizagem das técnicas do futebol, basquetebol e outras Fazer bem modalidades, o dia-a-dia das crianças e jovens que integram pelos outros Apesar do foco no projeto o LOGOS ganham outra LOGOS, o Atlântico tem uma dinâmica e encontram um currículo desportivo repleto de visão transversal daquilo que deve ser uma atuação atividades multidisciplinares. O curso é monitorizado por um sustentada e cívica. O meio treinador, que durante 10 sema- ambiente e o futuro das novas nas e promove encontros de ho- gerações são preocupações evidentes e que compõem o ra e meia com os jovens, dois dias por seTome nota mana. — Além do des- Principais áreas apoiadas pelo BPA porto, - Projeto Logos os for- - Apoio à literatura infantil mandos são sen- - Patrocínios sibiliza- - Voluntariado dos para a importância do meio ambiente, fazem excursões culturais e frequentam dia-a-dia dos colaboradores atividades de educação preven- da empresa. Por exemplo, em 2010, os trabalhadores tiva. Só em 2010, 1645 rapazes e rapa- do BPA envolveram-se num rigas foram acompanhados por programa de voluntariado que com a plantação de 36 monitores e líderes comuni- culminou 320 árvores município do tários, que diretamente partici- Cazenga, emno Luanda. param no projeto, dando aulas de desporto, de dança, de músi- Com esta atividade conjunta, os ca e de teatro. quadros da empresa compreenO LOGOS é a ‘bandeira’ da atu- deram que deram um contribuação social do Atlântico que to importante para a melhoria encara esta componente como paisagística da comunidade beum dos “pilares estratégicos” neficiada e para a preservação da conduta do banco. É a mate- e equilíbrio do ambiente a mérialização da preocupação da dio e longo prazo. instituição em fomentar e de- Ainda neste capítulo, o banco senvolver “valores tangíveis” associou-se ao INTASA, incenjunto dos grupos mais desfavo- tivando os seus trabalhadores Lição de vida recidos da sociedade. “Quere- a tornarem-se voluntários na É pela mão do desporto que o mos participar de forma ativa organização que se dedica a Atlântico pretende transmitir criar hábitos de leitura entre as crianças. Todos os sábados, dois colaboradores deslocamse à instituição para ler e contar histórias aos petizes. O voluntariado é a ‘arma’ usa“Sentimos a responsabilidade social da pelo BPA para promover o como um investimento na sociedade espírito de entreajuda não só a e no futuro” nível interno, mas igualmente Banco Atlântico Privado com o exterior, envolvendo a sua massa salarial no contributo social direto da empresa. O Luanda Organizing Game On The Street é fruto do “conhecimento que o Atlântico tem da realidade económica e social do país”. A sua missão consiste em criar programas educativos e desportivos, de modo a promover não só a responsabilidade social da instituição, mas igualmente a solidariedade e o espírito de equipa. O projeto embrionário de 2008 amadureceu e tem tido resultados muito positivos. No mês em que assinala mais um aniversário da sua fundação (24 de novembro), os responsáveis pelo LOGOS orgulham-se de terem criado comunidades saudáveis formadas por jovens ativos, de terem contribuído para a melhoria da qualidade de vida das crianças mais necessitadas (através de orientação cívica e de encontro de novas oportunidades de inserção social) e de conseguirem envolver aqueles que já não estudam em programas de empreendedorismo. Recorrendo ao desporto, a instituição procura implementar valores como a entreajuda, a proximidade, a paixão, a competitividade e a solidariedade, através de uma vida saudável. A iniciativa nasceu da vontade da organização em desenvolver espaços de informação e lazer onde os mais novos possam ter uma aprendizagem diferente que lhes incuta a opção por uma vida positiva a todos os níveis (familiar, profissional e comunitário). Os três centros destinam-se à cultura do civismo, da responsabilidade pessoal e da adoção de uma ética de trabalho.

Patrocinar é contribuir

Marchas, campanhas e atividades a realizar em dias específicos são alguns dos desafios que a Direção de Responsabilidade Social Corporativa coloca aos seus colaboradores. O BPA orgulha-se de ter uma participação assídua em eventos comunitários e de conseguir envolver os seus trabalhadores nas causas que apoia. A parceria com o INTASA tem sido muito profícua, pois tem permitido ao banco agir num setor da sociedade que considera fundamental, que é a educação. E a criação de hábitos de leitura e fomento da literacia são considerados pela instituição como a base de qualquer formação ou aprendizagem. “Promover a leitura infantil é criar um meio propício ao seu crescimento e desenvolvimento intelectual, é oferecer à inteligência, o material em quantidade e qualidade suficientes para que a criança construa as suas estruturas de pensamento da melhor maneira, com o melhor tipo de informação e os melhores exemplos possíveis”, refere o BPA. Este é o caminho para formar cidadãos e líderes conscientes, capazes de dinamizar o raciocínio e interessados em procurar constantemente a atualização dos seus conhecimentos. Além das ações de voluntariado, o BPA tem participado na criação de bibliotecas comunitárias para crianças e jovens. Para alargar o leque de projetos a auxiliar, o banco dispõe de uma linha de patrocínios para as áreas em que atua. Assim, tem assumido o compromisso de ajudar financeiramente programas de organizações ou indivíduos que promovam medidas que vão de encontro ao desenvolvimento comunitário, à educação dos jovens ou à massificação da arte e da cultura. O BPA está sempre atento às novas oportunidades e disposto a receber propostas de apoio a planos inovadores. No entanto, o número de projetos a patrocinar é limitado e só os que apresentam múltiplas mais-valias para o seu público-alvo é que são aprovados. 2012

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ECONOMIA&NEGÓCIOS EDS

Tecnologia a ponta de lança — Porque a promoção de hábitos saudáveis e a inclusão de toda a juventude são matérias indispensáveis para a boa governança de um país, a EDS – Engenharia e Telecomunicações desenvolveu um projeto inédito e completamente diferente do foco da sua atividade empresarial. O desporto foi a área que mereceu a atenção de Eduardo Sebastião, presidente da companhia, que resolveu investir parte do lucro empresarial no futebol.

A mudança A 12 de dezembro de 2000 nascia o Nantes Futebol Clube. Contava a EDS – Engenharia e Telecomunicações dois anos de existência quando decidiu incutir na sua linha de atuação valores sociais e de solidariedade. O desporto foi uma escolha natural para os fundadores Sebastião Domingos (presidente), Rui Tinta, José Barroso e Gonçalves Mateus. Aficionados pelo futebol, os dirigentes tiveram a ideia de criar uma equipa numa reunião de bairro. O Nantes Futebol Clube, atualmente S. D. Futebol Clube, orgulha-se de estar quase a 44

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completar 12 anos de vida e de ter mudado a vida de muitos jovens carenciados, que encontraram no clube uma oportunidade para mostrar o seu talento e integrar uma comunidade que elege o desporto como lema de vida saudável. A EDS conseguiu assim preencher uma lacuna da localidade onde estava inserida, ao criar uma equipa no bairro Nantes. Começaram por participar na terceira edição do Gira – Bairro e ainda hoje se mantêm nesta competição. Logo na estreia alcançaram o terceiro lugar na tabela classificativa.

Em 2007, a direção resolveu mudar o nome do clube, após terem sido finalistas na 9ª edição do Gira - Bairro. Foram derrotados pelo Mucondo F. Clube, mas desde então passaram a envergar o nome S. D. Futebol Clube e, no primeiro ano com a nova designação, ficaram em quinto lugar. A EDS – Engenharia e Telecomunicações é ainda responsável por apoiar e financiar toda a estrutura do clube, desde a oferta de equipamentos a compra de bolas e outro material, pagamento dos subsídios aos jogadores, despesas da realização dos jogos, etc. Foi ainda a empresa que asse-

Aficionados pelo futebol, os dirigentes tiveram a ideia de criar uma equipa numa reunião de bairro. O Nantes Futebol Clube, atualmente S. D. Futebol Clube, orgulha-se de estar quase a completar 12 anos de vida


TELECOMUNICAÇÕES

A EDS – Engenharia e Telecomunicações é ainda responsável por apoiar e financiar toda a estrutura do clube, desde a oferta de equipamentos a compra de bolas e outro material, pagamento dos subsídios aos jogadores e despesas da realização dos jogos

gurou a deslocação do presidente do clube ao Campeonato do Mundo de Futebol, que decorreu na Alemanha, em 2006. Uma iniciativa que permitiu a perceção in loco do funcionamento de um evento desportivo de grande dimensão, numa antevisão do que seria o Campeonato Africano das Nações de 2010, que decorreu em Angola.

Palmarés 3ª Edição - 3º lugar 4ª Edição - 5º lugar 5ª Edição - 3ºlugar 6ª Edição - 6º lugar 7ª Edição - 3º lugar 8ª Edição - 3º lugar 9ª Edição - finalistas 10ª Edição - 5º lugar 11ª Edição - 3º lugar 12ª Edição - 4º lugar 13ª Edição - 3º lugar 14ª Edição - 5º lugar 15ª Edição - 8º lugar

A empresa

Aliás, por ocasião do CAN 2010, Eduardo Sebastião aproveitou para sensibilizar a comunidade nacional para as mais-valias da prática de desporto. “A realização do CAN2010 vai trazer ao país ganhos no domínio económico, político e social”, recordou o responsável. Desta forma, o gestor da EDS reiterou que a melhoria das infraestruturas desportivas trouxe benefícios sociais ao criar condições para a prática do futebol junto das comunidades mais desfavorecidas, gerando por outro lado mais postos de trabalho.

Criada formalmente em 1998, a EDS apenas começou a exercer com regularidade as suas atividades em 2001. Apesar de contabilizar onze anos de implementação no mercado nacional, é constituída por jovens nacionais, que trabalham essencialmente nas áreas das tecnologias de informação e comunicação. A sua base de atividade são as telecomunicações e informática, mas ultimamente têm operado igualmente em setores como a ciência e técnica, particularmente na construção civil e obras públicas.

Atualmente, a empresa, 100% nacional, tem cerca de 30 trabalhadores que prestam serviço nas divisões de eletrónica e satélite, de tecnologias de informação e na construção/ obras públicas.

Fazer bem pelos outros

Apesar do foco no projeto LOGOS, o Atlântico tem uma visão transversal daquilo que deve ser uma atuação sustentada e cívica. O meio ambiente e o futuro das novas gerações

Números —

1988

fundação da EDS – Engenharia

Sabia que —

A EDS lecionou um curso de Gestão do Tempo e Psicologia do Trabalho ao nível de Chefes de Departamento e Diretores do Ministério da Indústria.

e Telecomunicações

2000

riação do Nantes Futebol Clube

2007

equipa muda de nome para S. D. Futebol Clube

2012

45


ECONOMIA&NEGÓCIOS

Gestão de Risco e Continuidade de Negócio

As empresas angolanas são resilientes? — Cristina Alberto, Diretora de Management & Risk Consulting KPMG Angola Business Continuity Consultant of the Year, CIR Magazine Business Continuity Awards 2012 —

Num mundo global e em mudança, em que somos confrontados com ameaças tão distintas como desastres naturais, pandemias, conflitos armados, terrorismo e ataques do ciberespaço, como assegurar a resiliência das empresas angolanas a eventos que podem comprometer a continuidade das suas operações e, no limite, a sua sobrevivência? Riscos Globais do Século XXI O relatório anual Global Risks, do World Economic Forum, analisa o impacto e a probabilidade de ocorrência de 50 riscos globais nos próximos dez anos. Os riscos globais partilham as seguintes características: âmbito geográfico global, relevância em todas as indústrias e níveis elevados de impacto social e/ou económico e são agrupados em cinco categorias: económico, ambiental, geopolítico, societário e tecnológico.

O relatório Global Risks 2012 identifica cinco centros de gravidade, que correspondem aos riscos de maior importância sistémica ou de maior influência por cada categoria de risco:

(i) Económico Disparidades fiscais crónicas (ii) Ambiental Emissões de gás com efeito de estufa (iii) Geopolítico Falha da governação global (iv) Societário Crescimento insustentável da população (v) Tecnológico Falha de sistemas críticos

A figura seguinte representa estes centros de gravidade e os riscos relacionados: 46

2012


Consultório 1 - Centros de Gravidade para cada categoria de risco irremediable pollution

persistent extreme weather

RISING GREENHOUSE GAS EMISSIONS

UNFORESEEN NEGATIVE CONSEQUENCES OF REGULATIONS

mismanaged urbanization

massive incident of data fraud or theft

pervasive entrenched corruption

terrorism

cyber attacks

CRITICAL SYSTEMS FAILURE massive digital misinformation

EXTREME VOLATILITY IN ENERGY AND AGRICULTURE PRICES

failure of climate change adaptation

backdash against globalization

MAJOR SYSTEMIC FINANCIAL FAILURE

land and waterway use mismanagement

critical fragile states

GLOBAL GOVERNANCE FAILURE prolonged infrastructure neglect

failure of diplomatic conflict resolution

mismanagement of population aging

UNSUSTAINABLE POPULATION GROWTH food shortage crises unmanaged migration

SEVER INCOME DISPARITY

chronic labour market imbalances

unmanageable inflation or deflation

CHRONIC FISCAL IMBALANCES

recurring liquidity crises

Na análise do panorama de risco de 2012, o World Economic Forum propõe três constelações de riscos, que constituem uma séria ameaça para a nossa segurança e prosperidade futuras:

– pode confrontar-se com fenómenos graves de instabilidade e agitação social.

Constelação 1: Sementes de Distopia

À medida que o mundo se torna cada vez mais complexo e interdependente, a capacidade de gerir os sistemas que sustentam o desenvolvimento e a segurança das nossas sociedades vai diminuindo. Esta constelação agrega riscos relacionados com a ciência e tecnologias emergentes, complexidade e globalização do sistema financeiro, exploração de recursos naturais escassos, alterações do clima e redução da biodiversidade, e que expõe a fragilidade dos mecanismos de regulação e proteção existentes – as políticas, os quadros legais e regulamentes, ou instituições que servem como sistema de protecção podem já não ser adequadas para gerir recursos vi-

A palavra distopia, o oposto de utopia, descreve um lugar onde a vida é árdua e sem esperança. Esta constelação agrega os riscos fiscais, demográficos e societários emergentes que indiciam a evolução futura de uma população jovem que enfrenta níveis de desemprego elevados e crónicos em oposição a uma população idosa crescente, dependente de governos endividados e sem possibilidade de cumprir os seus contratos sociais. Uma sociedade que continua a semear sementes de distopia – incapaz de gerir populações envelhecidas, o desemprego dos jovens, desigualdades crescentes e desequilíbrios fiscais

Constelação 2: (In)eficácia dos Mecanismos de Proteção e Regulação

tais, garantir mercados ordeiros e assegurar a segurança pública. Os processos de regulação existentes tendem a focar-se em indústrias, sectores ou acções específicas e são frequentemente complicados, inadequados e lentos a responder à mudança. A interdependência e complexidade inerentes à globalização requerem uma mudança de mentalidades que permita o desenvolvimento de políticas e regulação que ofereçam a proteção necessária de uma forma mais ágil e coesa. Constelação 3: O Lado Negro da Conectividade

As infra-estruturas críticas que suportam as nossas vidas estão cada vez mais dependentes de tecnologias e sistemas de informação interligados em rede. Actualmente, são credíveis cenários em que um pequeno grupo de indivíduos com conhecimentos especializados em sistemas de informação e com

‘O bom funcionamento da sociedade e da economia, a segurança e a defesa nacional dependem de um conjunto de Infraestruturas Críticas (ICs) que asseguram o fornecimento de serviços básicos como a energia, água, comunicações, transportes e serviços Financeiros. Qualquer disrupção nestas ICs pode ter um efeito devastador.’ motivações políticas, ideológicas e/ou económicas podem comprometer estas infra-estruturas, de forma remota e anónima, com efeitos potencialmente devastadores. Enquanto no passado seriam necessários recursos materiais e humanos consideráveis para exercer influências a nível político ou económico a uma escala global, as fronteiras tornaramse permeáveis à medida que o poder passa do mundo físico para o mundo virtual. Torna-se assim necessário criar um espaço digital seguro que garanta a estabilidade da economia mundial e o equilíbrio do poder. A constelação de riscos globais relacionados com o ciberespaço expõe o desalinhamento na gestão deste desafio global. Hoje, a segurança dos sistemas de informação deve ser considerada um bem público; por outro lado, o sector privado deve desenvolver um sentido de urgência para reduzir as vulnerabilidades dos seus sistemas tecnológicos chave. Neste contexto, a sociedade global deve ter a visão e o instinto de sobrevivência que lhe permita definir estratégias de colaboração globais que visem o desenvolvimento da Resiliência dos Estados e das Empresas para enfrentar o panorama de risco dos próximos anos. 2012

47


ECONOMIA&NEGÓCIOS 2 – Resposta a incidentes de uma organização Resiliente

PREVENÇÃO

RESPOSTA

Presidencial nº 103/11 de 23 de Maio), visa a implementação de princípios estratégicos e linhas de orientação para o Sistema Nacional de Protecção Civil no período 2010-1014, com ênfase na redução da pobreza e adaptação às mudanças climáticas.

RECUPERAÇÃO

O Plano Estratégico de Gestão do Risco de Desastres divide o quadro das principais ameaças do país em três grupos:

INCIDENTE NÍVEL DE SERVIÇO

100% [NORMAL]

1 – Ameaças climáticas a) Inundações B) Seca

ACELERAR A RECUPERAÇÃO REDUZIR O IMPACTO RESILIENTE

NÃO RESILIENTE

Resiliência dos Estados e das Empresas O conceito de Resiliência pode ser definido como a capacidade de resistir, absorver, recuperar ou adaptar-se à adversidade. Um Estado ou Empresa Resiliente está preparado para enfrentar desastres, caso os riscos do seu ambiente envolvente se venham a concretizar. O investimento prévio em mecanismos de prevenção reduz o impacto dos incidentes, o investimento em soluções de recuperação (redundâncias, meios alternativos) e o planeamento e exercício regular dos procedimentos de resposta e recuperação acelera a recuperação, tal como representado na Figura 2.

O bom funcionamento da sociedade e da economia, a segurança e a defesa nacional dependem de um conjunto de Infra-estruturas Críticas (ICs) que asseguram o fornecimento de um conjunto de serviços básicos, tais como Energia (Electricidade, Gás, Petróleo), Água, Comunicações, Transportes e Serviços Financeiros. Qualquer disrupção nestas ICs pode ter um efeito devastador a nível nacional e internacional pelo 48

2012

‘Cada organização deve decidir o nível de resiliência que é razoável ter com base numa avaliação custo-benefício dos investimentos necessários face às perdas potenciais.’

efeito sistémico no mundo interligado em que vivemos. No actual panorama de risco global, a Protecção de Infra-estruturas Críticas tornou-se um desígnio comum dos Estados e das Empresas, a nível internacional. Os Estados têm vindo a desenvolver Programas Nacionais de Protecção de Infra-estruturas Críticas para aumentar a sua Resiliência, assegurando a prosperidade económica e sal-

TEMPO

vaguardando a segurança e a defesa nacional. Estes programas são desenvolvidos pelos Ministérios de Administração Interna em articulação com as autoridades nacionais de Protecção Civil e com as empresas detentoras de infra-estruturas críticas. As Empresas detentoras de infra-estruturas críticas, por seu lado, têm vindo a desenvolver Programas de gestão de risco, segurança e continuidade de negócio para aumentar a sua Resiliência, recuperando rapidamente as suas operações críticas em caso de catástrofe e assegurando a sua sobrevivência. Estado Angolano – Gestão do Risco de Desastres e legislação sectorial Para prevenir a ocorrência de riscos colectivos resultantes de possíveis acidentes graves, catástrofes, calamidades naturais ou tecnológicas e implementar um sistema de apoio à criação do sistema Nacional de Protecção Civil o Governo de Angola aprovou a Lei de Bases da Protecção Civil (Lei nº 5/98, de 19 de Junho).

O Plano Estratégico de Gestão do Risco de Desastres (Decreto

2 - Ameaças Geológicas e Geotécnicas A) Actividade sísmica B) Ravinas C) Desabamentos 3- Ameaças tecnológicas e antrópicas A) Acidentes de aviação e marítimos B) Incêndios de grandes proporções C) Grande aglomerados populacionais D) VIH/SIDA E) Cyber – Risco

Com o objectivo geral de contribuir para o processo de desenvolvimento sustentável do país, através da redução das vulnerabilidades e do impacto dos desastres, o plano identifica três áreas de acção: A – Coordenação e promoção da gestão de risco

1) Coordenação, promoção e acções gerais (através do Plano Nacional de Preparação, Contingência, Resposta e Recuperação de Calamidades e Desastres Naturais elaborado pelo SNPC para o período 2009-2014) 2) Gestão do conhecimento, informação, pesquisa e apoio ao sistema de monitoria (através do Sistema Integrado de Gestão de Informação sobre risco, ameaça e desastres) 3) Gestão territorial e adaptação às mudanças e alterações climáticas 4) Gestão local de risco e sistemas de aviso prévio 5) Gestão informática (Cyberrisco)


Consultório

Entre os objectivos específicos o plano propõe-se mobilizar as instituições nacionais, os sectores privado, académico e da sociedade civil, para a redução das condições de vulnerabilidade do País, nos âmbitos económico, social e ambiental. Adicionalmente, existem também em Angola exemplos de legislação sectorial para fazer face a desastres. Angola aprovou no sector dos Petróleos, em Novembro de 2008, o seu “Plano Nacional de Contingência Contra derrames de petróleo no Mar” e em Agosto de 2009, através do Decreto nº 38/09 de 14 de Agosto, “o Regulamento sobre Segurança, Saúde e Higiene nas Operações Petrolíferas”. A proposta de Lei Quadro das Comunicações Electrónicas e dos Serviços da Sociedade da Informação de 29.12.2011 aborda a Segurança das redes e infra-estruturas críticas no seu artigo 44º. Empresas Angolanas – Os sectores críticos são resilientes? No universo das Tecnologias de informação a Continuidade de Negócio é associada a Data Centers redundantes, soluções de replicação de dados, planos de IT Disaster Recovery e testes de recuperação de aplicações em Data Centers alternativos. Mas a capacidade de uma qualquer organização sobreviver a uma grande catástrofe não depende apenas da recuperação dos seus sistemas de informação, motivo pelo qual é fundamental que as Empresas Angolanas estejam atentas a este tema. A norma internacional ISO 22301 define Gestão da Continuidade de Negócio como um processo holístico de gestão que identifica ameaças potenciais a uma organização e o impacto no negócio dessas ameaças e que disponibiliza um framework para implementar resiliência organizacional com a capacidade

de obter uma resposta eficaz que salvaguarde os interesses dos accionistas, reputação, marca e actividades que criem valor.

RESPOSTA DE EMERGÊNCIA NEGÓCIO

C – Desenvolvimento institucional do sistema

GESTÃO DE CONTINUIDADE DE NEGÓCIO

GESTÃO DE CRISE RECUPERAÇÃO DE NEGÓCIO

TEMPO TECNOLOGIA

B – Contribuição com a estratégia de combate à pobreza

RESPOSTA DE EMERGÊNCIA TIC RECUPERAÇÃO TECNOLÓGICA

GESTÃO DE CONTINUIDADE DE NEGÓCIO

COLABORADORES

INSTALAÇÕES

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

REDUNDÂNCIA DE COLABORADORES CRÍTICOS

POSTOS DE TRABALHO EM INSTALAÇÕES ALTERNATIVAS

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM CPD ALTERNATIVO

INCIDENTES — Pandemia — Greves — Incêndios, Inundações, Sismos, Tempestades — Falhas na Infra-estrutura pública

INCIDENTES — Actos maliciosos — Incêndios, Inundações, Sismos, Tempestades — Falhas na Infra-estrutura pública

INCIDENTES — Falhas na infra-estrutura TI — Actos maliciosos — Falha de Fornecedores — Incêndios, Inundações, Sismos, Tempestades — Falhas na Infra-estrutura pública

De acordo com este modelo de referência, cada organização deve analisar o impacto das principais ameaças do meio envolvente para o seu negócio e definir os tempos de recuperação objectivo para seus processos críticos. O passo seguinte é definir uma estratégia de recuperação, que assegure a redundância dos recursos necessários (i.e. pessoas, instalações, sistemas de informação, comunicações, energia) para assegurar a continuidade dos processos críticos nos tempos definidos. Cada organização deve decidir o nível de resiliência que é razoável ter, com base numa avaliação custo benefício dos investimentos necessários face às perdas potenciais. Outro aspecto fundamental da Gestão de Continuidade de Negócio é a Gestão da Crise. Após a evacuação segura dos colaboradores das instalações afectadas e articulação com os serviços de emergência é necessário gerir a comunicação interna, com os colaboradores, e externa, com a comunicação social, e assegurar a coordenação de toda a organização na recuperação e manutenção dos processos críticos de negócio, até voltar à normalidade. No quadro actual de ameaças, a Gestão da Continuidade de Negócio assume um papel relevante na protecção das Infraestruturas Críticas de sectores vitais para a economia e para o bem-estar das populações. Face à nossa realidade em Angola, destacaria as nossas prioridades nos Sectores do Petróleo, Energia, Água, Comunicações, Transportes e Serviços Financeiros, em que uma adequada Gestão da Continuidade de Negócio, permite às organizações detentoras destas infra-estruturas dispor de mecanismos de resposta a incidentes e gestão de crise, reduzindo o risco sistémico de uma grande catástrofe e tornando definitivamente Angola num país mais resiliente. 2012

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ECONOMIA&NEGÓCIOS

Patrícia Alves Tavares

‘Juntos’ pelo bem-estar da criança “Nós respeitamos o Homem e acreditamos que ele merece ajuda. Nós respeitamo-lo a si e acreditamos que você, também, pode ajudar” In “Marca Juntos”

Números —

7

salas recuperadas e equipadas no lar Bakhita

5000

litros é a capacidade do tanque de combustível doado à instituição

3

organismos receberam alimentos não perecíveis na campanha ‘Ajudar a Construir’ de 2011

50

2012


MARCAS ID brinquedos ou alimentos.

Lar Bakhita

bens e alimentos servem para isso mesmo: suprir as dificuldades da instituição ao longo dos vários anos.

Empresários solidários

A primeira instituição a benefiA causa germinou na mente de um grupo de empreciar do programa ‘Juntos’ foi o Lar sários que tinham uma forte vontade de contribuir Bakhita, no Morro Bento, em Lupara o desenvolvimento da sociedade e encontrar anda, que contou com o apoio da um projeto solidário onde pudessem ajudar os grumarca durante o último ano e conpos mais carentes do país. A conjugação de esforços seguiu colmatar várias deficiêne ideias viabilizou a criação de uma marca própria, cias. No total, foram reabilitadas e — que correspondesse às aspirações sociais de cada equipadas sete salas da instituição A marca ‘Juntos’ reúne empresas que são referência em interveniente. que acolhe 53 meninas, dos dois Angola. Born, TAAG, loja Filhotes, KUIA, ZAP, UCALL, UNitel, Assim surgiu a ‘Juntos’, uma rede de empresas soliaos 17 anos. TBWA, Kero, TCG, Odebrecht, loja Mabílio de Alburquerque, dárias que auxiliam organismos carenciados. O apoio O projeto deixou a sua marca ao Rojual, Restaurante ON.DAH, Escravo do Lazer, Casa Paris, é permanente e sustentado e, depois de um ano a criar uma sala de computadores Casa dos Frescos, Frango no Churrasco, Rosilvia Comercial, melhorar infraestruturas, a relação continua no âmcom ligação à Internet, uma sala MARKEST e gráfica DAMER são os patrocinadores do projeto bito do apoio educacional, através da oferta de bens de televisão, outra de estudo, um materiais e perecíveis. quarto de arrumos, um refeitório, uma cozinha e uma lavandaria. FoLar Bakhita, no Gamek, em Luanda, alberga 53 meniram dois dias de trabalho intenso que permitiram aos nas dos dois aos 17 anos. Foi aqui que tudo começou! responsáveis do projeto percecionar quais as maiores A participação na marca ‘Juntos’ é apenas uma das O maior projeto social que envolve as principais marnecessidades de reabilitação. diversas ações sociais que o maior hipermercado do cas e as estruturas de marketing mais poderosas de A par das melhorias infraestruturais, ao longo do úlpaís tem promovido. O Kero tem o seu próprio proAngola deu o primeiro passo em 2011, na data em que timo ano têm sido organizadas múltiplas ações de grama de responsabilidade social, o “Kero Kandense assinalava mais um Dia Internacional da Criança. solidariedade. Tudo com o intuito de contribuir para gue”, que consiste no apadrinhamento de um centro Com esta escolha foi fácil compreender qual o foco um futuro melhor dos mais pequenos e devolver o de apoio social específico por cada loja. Diariamente de atuação desta estrutura de fomento da cidadania sorriso e a esperança a todos os que vivem em lares as instituições recebem os produtos frescos que não e da ação social: a criança. ou orfanatos. foram vendidos durante o dia. A empresa portuguesa BORN foi a responsável pelo Recorde-se que o lar foi inaugurado em 2009, uma A empresa apoia o Centro Mamã Muxima (Kero Nova desenvolvimento da marca de responsabilidade soobra financiada pelo Departamento de Defesa dos Vida) Obra Caridade Santa Isabel (Kero Combatencial ‘Juntos’, que tem como assinatura ‘Damos o nosso Estados Unidos, através do Gabinete do Adido de tes); Centro Programa Criança Feliz Bairro Malangimelhor’. A sua maior proeza passou pela capacidade Defesa da Embaixada americana em Angola. Consnho (Kero Cajueiro); Centro de Acolhimento Arnald de envolver neste espírito sotruído com o intuito de cuidar e Janssen (Kero Mártires) e Lar Bakhitas (Kero Kilamcial algumas das principais enproteger as crianças, oferecenba). tidades nacionais, que já deram do-lhes um ambiente seguro O programa do Kero quer transmitir apoio social às o seu compromisso de auxílio a e saudável, o espaço tem seis — crianças carenciadas, combater a pobreza e promoesta causa. dormitórios e uma equipa mulwww.facebook.com/pages/ ver o desporto. Neste último caso, são responsáveis TAAG, Unitel, Zap, YouCall, TGC, tidisciplinar que acompanha de Projecto-Juntos-Damos-o-Nossopor organizar o torneio Kero Street Basket, que duLG, Mabílio de Albuquerque, perto cada menina. Melhor/198732053514417?sk=info ra dez semanas e tem a participação de Giguba, exCasa dos Frescos, Escravo do A primeira ação social arrancou treinador nacional da modalidade. Lazer, Kuia ou Kero são alguns há um ano, no hipermercado Outros hipermercados têm aderido à causa da ‘Jundos pesos pesados dos principais setores de atividaKero, onde foram recolhidos alimentos não perecítos’, conjuntamente com empresas dos setores da de do país, que se uniram para juntos melhorarem as veis para três organismos: o lar Bakhitas, o orfanato comunicação, dos serviços e até da restauração. Tocondições de vida dos petizes angolanos. Horizonte Azul e o Instituto Oncológico Angolano. dos participam na principal ação anual: a “adoção” de A cada dia 1 de junho, os parceiros da marca assumem Desde então, multiplicam-se os eventos de responum orfanato que se dedique em exclusivo às criana responsabilidade de recuperar e auxiliar um lar dusabilidade social, onde os brinquedos não são esqueças, cuja gestão ou acompanhamento esteja ligado à rante os 12 meses seguintes. Desde a criação de um cidos. Afinal, o público-alvo da marca ‘Juntos, Damos Igreja e que apresentem uma situação legal resolvida. teto à ajuda ao ensino e formação ou distribuição de o Nosso Melhor’ são crianças e há muito que a brinUltrapassada essa fase, os patrocinadores colocam cabazes alimentares, o centro da vida deste grupo cadeira foi consagrada como um direito. em prática a sua missão, isto é, “dar educação, dar social é a criança. À organização cabe apenas fazer a Apesar de a cada ano uma nova instituição merecer o formação, dar informação”. avaliação da idoneidade dos projetos. Não movimencuidado dos responsáveis por este programa, o apoio A primeira instituição a beneficiar do programa ta fundos monetários, apenas bens transacionáveis, é incondicional e o “projeto é para sempre”. Ou seja, ‘Juntos’ foi o Lar Bakhita, no Morro Bento, em Lufazendo a ponte entre as empresas patrocinadoras e o acompanhamento mantém-se após a recuperação anda, que contou com o apoio da marca durante a instituição a apoiar. do lar selecionado. As empresas têm recursos sufio último ano e conseguiu reabilitar e equipar sete Trata-se de um projeto de responsabilidade social cientes para continuar a seguir a educação destas salas da instituição com uma marca peculiar que tem como missão exclucrianças e as constantes campanhas de recolhas de siva a recuperação e a remodelação das infraestruturas das organizações que albergam crianças. Com esta iniciativa, os envolvidos acreditam que estão a — contribuir decisivamente para melhorar a educação Todos podem ajudar a instituição eleita pela marca ‘Juntos’, seja através de doações ou e formação dos mais novos. Isto porque a ajuda acatornando-se voluntário. Basta contactar a equipa em juntosdamosonossomelhor@gmail.com ou ba por extravasar a essência de melhorar os espaços acompanhá-los no Facebook e participar nas recolhas de alimentos ou de brinquedos, que são físicos, uma vez que os envolvidos contribuem com organizadas com muita regularidade tudo o que podem, desde materiais informáticos a

Quem dá o seu melhor?

Hipers ‘juntos’

Acompanhe no Facebook

Quer ajudar?

2012

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ECONOMIA&NEGÓCIOS São muitas as indústrias de cosmética que já ultrapassaram o estigma da estética fútil e desprovida de valores, completamente alheia à sociedade atual. Nos dias de hoje, sustentabilidade é palavra de ordem nas maiores multinacionais e exemplo de responsabilidade para com o meio que tanto lucro lhes dá. É o caso de marcas como The Body Shop (Inglaterra), Natura ou o Boticário (Brasil). Todas se evidenciam por usar princípios ecologicamente corretos e recorrerem a matérias-primas naturais desde a criação do produto à sua testagem.

Pelos direitos humanos

O lucro da ética no negócio verde — Cosmética e beleza não têm que ser de apenas sinónimo de vaidade. Num momento em que se assiste ao catapultar de marcas internacionais que conquistam adeptos em todos os cantos do mundo, a Angola’in olha para bons exemplos de sustentabilidade de negócios que juntaram ética e lucros e são hoje respeitados pelo seu código de conduta. A indústria da estética está cada vez mais empenhada em proteger o ambiente e criar produtos que respeitem todas as suas normas.

52

2012

“Somos uma empresa de comunicação, com especialidade no ramo de cosméticos, que faz dinheiro com os seus projetos e reinveste em campanhas pelos direitos humanos”. É assim que Anita Roddick, fundadora da inglesa The Body Shop descreveu o conceito da sua marca, que sempre deixou claro que o que a empresa “gera de mais importante não são os produtos, mas sim os princípios”. A marca nasceu do sonho de uma ativista, defensora acérrima do meio ambiente, dos animais e da humanidade. Foi fundada em 1976, em Brighton, Londres, numa pequena loja que transformava ingredientes oriundos dos quatro cantos do mundo em cremes, loções e shampoos. Partindo de receitas caseiras e ingredientes naturais, nunca ninguém imaginou que o pequeno projeto iria evoluir para uma marca respeitada mundialmente e em grande parte devido à política de responsabilidade para com o meio e com as pessoas que aceitam dar a conhecer as suas ‘mezinhas’. Anita Roddick faleceu em 2007, mas deixou um legado e uma filosofia que são fonte de inspiração para a indústria da cosmética. “O negócio das empresas não deveria ser apenas dinheiro, deve ser também responsabilidade. Deveria ser sobre fazer um bem público e não sobre ganância pessoal”, afirmou a empresária ao longo da sua vida. Ensinamento que ainda hoje está presente nos cinco valores da marca: produtos não são testados em animais; matérias-primas obtidas mediante o comércio justo com as comunidades; defesa dos direitos humanos; valorização da autoestima e proteção do planeta. A marca foi a mais inovadora do seu segmento, pois muito antes das grandes empresas assumirem a sua responsabilidade social, já a The Body Shop recorria a matérias-primas naturais, participava em campanhas ambientais e procurava melhorar o dia-a-dia das comunidades da Ásia, África e América Latina, através da concretização de pequenos negócios.


MARCAS ID

A premiada Natura Inspirados na sustentabilidade É no Brasil que se encontra em maior número casos de gestão sustentada que têm tido grande sucesso. A marca Grupo Boticário enquadra-se nas multinacionais que têm como lema as ações positivas. Conscientes de que as suas decisões influenciam “uma cadeia de relacionamentos interdependentes”, os responsáveis pela empresa procuram constantemente uma atitude ética e de promoção de sustentabilidade junto de todos os seus públicos, desde os clientes aos colaboradores e representantes. O grupo defende a racionalização do consumo de forma a preservar os recursos naturais, pelo que inclui no topo da sua estratégia de conceção de produtos a minimização dos impactos ambientais em toda a cadeia de valor dos negócios. A pensar no ambiente, o Boticário tem um programa de ecoeficiência, que consiste na redução da intervenção negativa no meio natural, fruto do seu processo produtivo. O projeto consiste na organização de um conjunto de indicadores de consumo (energia, água e emissão de gases de efeito de estufa) e de gestão dos resíduos sólidos. Por outro lado, são responsáveis pela análise do ciclo de vida de todas as embalagens dos seus produtos. Entre as iniciativas para com a sociedade importa destacar o Global Compact (parceiros das Nações Unidas para respeitar os valores fundamentais do ser humano na condução dos negócios), a erradicação do trabalho infantil, a criação de instrumentos que assegurem a igualdade de direitos e o empenho na prossecução das metas do Milénio definidas pela ONU.

A multidisciplinaridade da Benetton —

A Fundação UNHATE da Uniter Colors of Benetton defende, tal como a marca, a aceitação da diversidade. Quase a completar dois anos, a Fundação tem desenvolvido projetos com real impacto e procurado associar-se a organizações que tenham como missão ajudar os mais jovens. Além de ter protagonizado o auxílio a planos de reinserção social dos meninos de rua de Nova Deli, na Índia, foi responsável por uma iniciativa artística da criação de uma ‘Pomba da Paz’. A associação partiu da reutilização de invólucros de bala, recolhidos em várias zonas de guerra africana, e conjuntamente com estudantes de várias partes do mundo desenharam e conceberam uma pomba que simboliza a paz. A criação foi entregue à população da Líbia no dia em que proclamaram a Independência.

“O negócio das empresas não deveria ser apenas dinheiro, deve ser também responsabilidade. Deveria ser sobre fazer um bem público e não sobre ganância pessoal” Anita Roddick, fundadora da The Body Shop

É a única companhia brasileira a integrar a lista das empresas mais éticas do mundo, elaborada pelo Ethisphere Institute. O organismo americano estuda a nível mundial quais as entidades mais empenhadas nas ações de responsabilidade social corporativa, sustentabilidade, ética no trabalho e anticorrupção empresarial. A Natura é o maior fabricante brasileiro de cosméticos e produtos de higiene e beleza. A empresa integra ainda o Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores de São Paulo, uma entidade que se dedica a estudar as empresas com melhor desempenho em todos os níveis. Para a empresa, defender o ambiente é sinónimo de “contribuir de forma consistente para a transformação da sociedade em direção ao desenvolvimento sustentável, criando um modelo de negócios que alie o crescimento económico às necessidades sociais e ambientais”. A administração implantou uma política de uso sustentável da biodiversidade e do conhecimento tradicional associado, pois acredita que o seu valor empresarial depende do desenvolvimento sustentável da sociedade. A sua ação tem como prioridade a “Amazónia”, “Biodiversidade”, “Educação”, “Gases de Efeito de Estufa”, “Impacto de Produtos” e “Qualidade das Relações”. Outro fator interessante está no facto de as comissões dos executivos serem atribuídas com base no seu cumprimento da política social e ambiental imposta pela empresa. São marcas como estas que irão conseguir manter a durabilidade e lucro do seu negócio. Afinal, o consumidor está cada vez mais exigente e tem demonstrado a preferência por produtos oriundos de ‘marcas verdes’.

2012

53


SOCIEDADE

Patrícia Alves Tavares

Património de um país são os cidadãos

— Sociedade vem do latim societas, que significa “associação amistosa com outros”. É a rede mais complexa de um Estado e o seu relacionamento influencia todas as políticas. Saúde, educação ou ambiente são alguns dos setores prediletos da maioria das empresas na hora de apoiar e distribuir fundos para promover causas e valores. Nesta edição, tentamos perceber de que forma instituições emblemáticas como a Fundação Lwini, a FESA ou a Sociedade Catoca contribuem para um mundo melhor. Afinal, este é o desejo alquimista de qualquer cidadão.

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A comunidade acima de tudo!

Programas apoiados pela Catoca

Programa de Distribuição de Leite diariamente 1500 litros de leite e pão de soja são distribuídos por quatro mil crianças que vivem junto da Catoca

Programa de Educação Comunitária trabalho que serve de continuidade à escola I Nível e aos cursos profissionais da região

Água canalizada garante o abastecimento das casas de seis mil pessoas

Programa de Educação de Crianças cinco escolas equipadas para crianças dos dois aos cinco anos que aprendem e recebem alimentação e material escolar

Núcleo de Desenvolvimento do Desporto e da Cultura escola de teatro, filmes e aulas de desporto para 400 crianças

Alimentação oito refeitórios servem as refeições a todos os trabalhadores da empresa

Saúde planos de prevenção da SIDA e doenças sexualmente transmissíveis, planeamento familiar, prevenção do cancro do cólo do útero, da surdez ocupacional e contenção da malária

São múltiplas as formas de auxiliar a sociedade ou simplesmente a comunidade local onde uma empresa está inserida. Seja através de distribuição de parte dos lucros, da dinamização de projetos económicos ou energéticos e de inclusão pelo desporto, é quase regra base para qualquer firma a inclusão de Responsabilidade Social nas suas ações. Mas é sobretudo pela supressão das necessidades básicas do ser humano que a maioria das entidades opta. Todos desejam contribuir para uma sociedade mais inclusiva e saudável através do auxílio ou participação (financeira ou não) em programas de

Agropecuária no último ano foram produzidos 198 mil quilos de verduras, legumes, frutas e grãos; 166 mil litros de leite de vaca; 163 mil litros de iogurte, queijo, carnes e ovos e ainda 236 mil litros de leite de soja

Segurança e Trabalho ações preventivas para segurança e proteção dos colaboradores, bem como preservação do património da companhia

Tecnologia rede wireless nos departamentos de Construção Civil, Energia, Geologia, Formação Profissional e Segurança Industrial

intervenção em áreas cruciais de um país desenvolvido: educação, saúde, juventude, inclusão social, desenvolvimento comunitário e capacitação de organizações. Para melhor compreender e se especializar na sua ação social, grande parte das entidades criam fundações independentes que se ocupem a tempo inteiro da resolução dos problemas mais pertinentes da ‘sua’ sociedade. Fundação FESA, Lwini, Kissama ou Sociedade Mineira da Catoca são as mais emblemáticas no plano nacional. Falar de projetos sociais é incontornável abordar o trabalho destes organismos.

A ‘nova’ Lunda Sul

O protocolo envolve empresas de referência que têm o mesmo propósito: levar o desenvolvimento económico e social a Lunda Sul. O Governo e a Sociedade Mineira da Catoca são parceiros em igualdade de circunstâncias e estão desde o ano anterior a trabalhar conjuntamente para implementarem o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Económico e Social da região (PADES). A equipa engloba a Odebrecht, Alrosa, Daumonty e Endiama. Quem não pode estar mais satisfeito com a prossecução deste projeto, que foi amadurecido durante mais de um ano, é a governadora da região, Cândida Narciso, que acredita que a materialização do programa vai permitir a melhoria da qualidade de vida das populações. “O que devemos fazer é cuidar deste projeto como se fosse nosso, fazer com que daqui saiam experiencias que sejam replicadas por todo o país, diminuirmos as importações e melhorar a renda das famílias”, afirmou na apresentação do PADES. O projeto promete dar uma nova finalidade à extração de diamantes: a aplicação em planos de desenvolvimento do povo. Neste caso, a agricultura é o alvo da atuação de um modelo que é assessorado pela Fundação Odebrecht que tem experiência neste tipo de programas. O PADES tem duas vertentes essenciais. A educativa (ou de conhecimento) que consiste na formação e especialização do empresariado e que já levou técnicos agrícolas e de pesca ao Brasil para reforçarem os seus conhecimentos junto dos especialistas da Odebrecht. A produtiva consiste na aposta do cultivo da mandioca e batatas e na melhor gestão e rendimento das terras que são distribuídas pelas associações de camponeses.

‘A agricultura é o alvo da atuação do modelo da Catoca que é assessorado pela Fundação Odebrecht que tem experiência neste tipo de programas. O PADES tem duas vertentes essenciais: a educativa (ou de conhecimento) e a produtiva’

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SOCIEDADE “O Estado por si só não será capaz, durante algum tempo, de satisfazer as necessidades de toda a população. As fundações (...) são forças que têm servido para a realização de ações e objetivos de utilidade pública e interesse social” — José Eduardo dos Santos

TOME NOTA…

A Fundação da Kissama tem em curso:

Projeto Arca de Noé (repovoamento do Parque Nacional da Kissama com animais que desapareceram e que vieram do Botswana e África do Sul)

Sabia que …

O Parque Nacional do Kissama, no Bengo, é o maior do país. É reserva de caça

Combate à caça furtiva (fiscalização do parque, sensibilização das comunidades para preservação da fauna e flora)

desde 1938 e considerado Parque Nacional desde 1957. São 9600 Km 2 de beleza

Inspiração Odebrecht

O PADES aplica um modelo já existente no Brasil e cujo sucesso social tem provas dadas. O Programa de Desenvolvimento e Crescimento Integrado com Sustentabilidade do Mosaico de Áreas de Proteção Ambiental do Baixo Sul da Bahia (PDCIS) tem como finalidade a ampliação das oportunidades de trabalho, de educação e de rendimentos que podem existir numa região. Acerca da experiência angolana, Cesar Marianetti Braga, diretor da Organização e Pessoas da empresa angolana, indica que a “Catoca julga que, com a assessoria que tem da Fundação Odebrecht, será possível alcançar os resultados esperados: desenvolvimento social sustentado por meio da geração de trabalho, melhoria de renda da população e aumento da produtividade local”. “Queremos consolidar um modelo de desenvolvimento e crescimento integrado passível de reaplicação em outras regiões”, acrescenta por sua vez Maurício Medeiros, presidente executivo da Fundação Odebrecht, numa entrevista à imprensa brasileira. No caso angolano, o PADES quer estimular a produção agrícola (mandioca e fruticultura) e a piscicultura. Em curso encontram-se a implantação da unidade de piscicultura em MonaQuimbundo (local onde o plano foi lançado) e a construção de dez tanques para receberem os primeiros peixes.

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natural, cuja fauna e flora que estão a ser recuperadas graças ao trabalho da Fundação Kissama.

Leilões ajudam Kissama Em 1996 um grupo de angolanos e sul-africanos davam o primeiro passo na preservação ambiental ao criarem a fundação Kissama. Hoje é um dos organismos mais importantes no âmbito da defesa da sustentabilidade ambiental e responsável por reabilitar o parque nacional de Kissama. A longo prazo, o objetivo passa por recuperar outros parques nacionais e os recursos do país. A causa mereceu inclusive o apoio do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, que é o patrono da Kissama. A preservação da palanca negra, uma espécie única que é símbolo da nação, tem sido um dos principais trabalhos desenvolvidos pela fundação. Atualmente é possível afirmar que a organização é uma associação ambiental, pois este é o foco da sua atuação. Este ano, a fundação lançou uma coleção de livros infantis que relatam histórias sobre a diversidade da nação. “Estórias para Conservar” tem uma forte componente social. É um proje-

Pousada do Káwa em pleno parque está em execução (15 bangalôs, um bar e restaurante, que inclui passeios para observação de animais selvagens)

to educativo que pretende aproximar as crianças das questões ambientais e sensibilizá-los para a proteção do ambiente. Cori é a personagem central, uma tartaruga-de-couro ferida e que é salva por uma criança. Com uma série de mil exemplares, a Fundação Kissama acredita que este é o melhor meio para despertar o lado protetor dos mais pequenos em relação aos animais. Atualmente o nome Kissama é presença nos meios mediáticos mundiais, graças ao interesse das empresas (nacionais e internacionais) em proteger a reserva natural angolana. Recorde-se que ainda recentemente uma garrafa de 18 litros de vinho tinto Benfeito, da região do Douro, em Portugal, foi leiloada por um valor recorde de 21.600 dólares. A garrafa foi rematada no restaurante Oon.Dah, propriedade de Isabel dos Santos, filha do presidente, e a receita será aplicada no projeto de conservação da palanca negra. Esta matéria tem merecido igualmente o apoio de instituições de áreas tão díspares como as petrolíferas. É o caso da Esso Angola que tem canalizado parte das

‘Em 1996 um grupo de angolanos e sul-africanos davam o primeiro passo na preservação ambiental ao criarem a fundação Kissama. Hoje é responsável por reabilitar o parque nacional de Kissama’ suas verbas para a segunda fase de atividades que visam resguardar a palanca negra gigante, no Parque Nacional de Cangadala, em Malange. A parceria inclui o Ministério do Ambiente e a Fundação Kissama. A petrolífera doou entretanto 600 mil dólares para a continuidade das ações que têm permitido salvar a palanca, uma espécie em perigo de extinção.


“O homem é a força motriz, catalisadora do desenvolvimento da sociedade” — Fundação José Eduardo dos Santos

Marca filantrópica Credibilidade e espírito solidário são sinónimos que definem a Fundação José Eduardo dos Santos que, tal como o nome indica, foi fundada pelo Presidente da República, em 1996, para estar mais próximo dos seus habitantes e colmatar carências em áreas multidisciplinares cujo orçamento de Estado não consiga resolver. De caracter filantrópico, a FESA desenvolve atividades e apoia projetos nas áreas técnico-científica, cultural e social. E é no campo da assistência social que as preocupações da fundação mais se concentram. Basta verificar que são responsáveis pela distribuição de roupas e alimentos aos mais desfavorecidos, pela assistência médica, construção de escolas, incentivo da prática desportiva, favorecendo o acesso generalizado da população à educação e ao trabalho. É importante realçar que pouco depois da sua criação e até 2002, a Fundação conseguiu executar 72 programas de desenvolvimento, o que culminou com um investimento de 1,3 milhões

‘A FESA é responsável pela distribuição de roupas e alimentos aos mais desfavorecidos, pela assistência médica, construção de escolas, incentivo da prática desportiva, favorecendo o acesso generalizado da população à educação e ao trabalho’

de dólares. Atualmente o volume de projetos é consideravelmente extenso e a FESA tem capacidade para levar a educação dos seus habitantes a outros patamares de conhecimento. Só no início de setembro 12 jovens conseguiram uma bolsa oferecida pela FESA e rumaram à Venezuela para se formarem na área petrolífera durante os próximos cinco anos. O acordo com a Universidade Bolivariana da Venezuela foi firmado em março deste ano e será renovado no futuro, permitindo que mais angolanos se especializem nas ciências petrolíferas, sobretudo o petróleo, gás, petroquímica e refinação. A parceria inclui a curto prazo uma diversificação das áreas de cooperação de modo a abranger as engenharias e ciências médicas. Fonte da FESA acrescenta que a nova valência poderá ser viabilizada em 2013. O valor das bolsas é suportado pela fundação e pelo Ministério dos Petróleos que irão absorver parte dos quadros formados no estrangeiro. O maior parceiro da instituição é naturalmente o Governo, que tem conseguido auxiliar programas para os quais

o Estado não tem verba suficiente. Graças à FESA foram erguidas escolas de todos os níveis básico e médio na maioria das províncias, que posteriormente foram doadas ao poder público para que o ensino público seja acessível aos estratos mais desfavorecidos da sociedade. Ainda no auxílio aos programas de crescimento governamentais, o organismo procedeu por iniciativa própria à implementação de centros de saúde em áreas carentes, como as populações do Cazenga, do Sambizanga ou de Caxito. O trabalho comunitário da FESA ultrapassa fronteiras e existe um protocolo com a Fundação Mundele, no Canadá, que se destina ao desenvolvimento de um plano de desenvolvimento comunitário que englobe os setores da saúde, agricultura, educação e científico. No contexto nacional, a FESA é responsável pela organização do torneio internacional sub-20 de futebol. Este ano, a prova tem a participação das seleções da Namíbia, Zâmbia e Swazilândia. Por definir está o calendário da prova, que sofreu atrasos. A seleção nacional conquistou o troféu na edição do ano passado.

Primeira-Dama de causas Foi a visita de princesa Diana, em 1997, a Angola que despoletou a consciência para auxiliar as vítimas de minas terrestres. O mundo conheceu o drama das marcas da guerra e sociedade sentiu a necessidade de fazer algo para minorar as dificuldades dos afetados pelos pequenos mísseis que ficaram perdidos na imensidão da terra vermelha. A Primeira-Dama, Ana Paula dos Santos, entendeu nesse dia que tinha a possibilidade de mudar esta realidade e aventurou-se na criação de uma associação sem fins lucrativos e de interesse geral. Assim nasceu o Fundo de Solidariedade Social Lwini, em junho de 1998. Embora tenha alargado as suas ações, adaptando-as às novas carências da população, a Lwini continua a ser um marco no apoio às vítimas civis de minas terrestres. É neste âmbito que os fundos arrecadados são aplicados, privilegiando as mulheres e crianças. O país já se habituou a ler nos jornais notícias sobre encontros em que a Pri-

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SOCIEDADE

‘A fundação Lwini estuda a criação de uma empresa gráfica especializada na impressão de obras em braille, algo que não existe no país’

meira-Dama distribui cadeiras de rodas e outros equipamentos a quem viu a sua autonomia desaparecer durante e depois da guerra. É um trabalho multidisciplinar e que não se limita à distribuição de material aos portadores de deficiência. A sua ação inclui apoio jurídico; sensibilização das vítimas, famílias e sociedade; promoção do acesso à saúde e inclusão profissional; reinserção social; prevenção e alerta para o perigo das minas; alargamento do crédito às mulheres e projetos que resultem em maior rendimento para a comunidade e concessão de microcréditos para as atividades do seu público-alvo.

“Race to Learn” É o menino dos olhos da fundação Lwini. Incluído no projeto de “Prevenção Rodoviária”, o programa “Race to Lear” resulta da parceria estabelecida com a Fundação Williams. Desenvolvido como programa informático para ser aplicado no contexto escolar, tem como finalidade o incentivo do espírito de equipa e a formação de professores para que usem este software interativo como ferramenta de aprendizagem.

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Na fase experimental será aplicado em Luanda, junto de crianças com idades entre os 13 e os 15 anos, que vão aprender novas formas e técnicas de estudo e melhorar o seu desempenho curricular. A médio prazo poderá ser alargado a mais províncias e será lecionado em paralelo com o programa de sensibilização para uma boa conduta nas estradas. Para já, as escolas visadas estão a receber o material informático e didático necessário para a implementação efetiva do software. Em paralelo, está em desenvolvimento um plano que irá dar uma nova esperança a um apelo que é antigo: adaptação de livros para braille. A criança com deficiência visual necessita de livros que lhe facilitem a leitura e permitam a exploração autónoma. Para tal, a fundação estuda a criação de uma empresa gráfica especializada na impressão de obras em braille, algo que não existe no país. A ideia consiste em abrir uma infraestrutura que edite livros desde a criação à produção final e dê postos de trabalho a portadores de deficiência, que poderão ser formados na Escola Inclusiva “Óscar Ribas”. Este estabelecimento já forma profissionais capazes de reparar os equipamentos de braille e de editar os livros didáticos que usam no dia-a-dia.

As atividades promovidas por estas instituições são uma lufada de ar fresco para uma sociedade que ainda se debate com elevados índices de pobreza e assimetrias sociais. São apenas alguns exemplos do que melhor se faz pela sociedade. No entanto, existem outras tantas, fundações e empresas privadas, que diariamente encontram novas formas de valorizar o capital humano. Como diz o Presidente da República, os organismos que desenvolvem trabalho social são “forças” que querem “fazer bem ao próximo”, afastando a ideia de “que o património serve apenas para satisfazer o egoísmo humano de acumular riquezas para usufruto individual”.


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Especial Prémios Sirius 2012

Texto Manuela Bártolo e Patrícia Alves Tavares *em colaboração com Lisete Pote Fotos David Oliveira | Direitos Reservados

Bons exemplos geram...

Criação de valor 60

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Excelência na gestão dos seus negócios e nas iniciativas promovidas. Uma frase que traça com exatidão o perfil dos novos laureados com os Prémios Sirius. As boas práticas no setor empresarial angolano foram reconhecidas pelo segundo ano consecutivo, num evento organizado pela Deloitte Angola, que contou com um júri de ‘peso’.

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Especial Prémios Sirius 2012

A sala do Hotel EPIC Sana foi pequena para acolher todos os participantes de mais uma edição dos prémios Sirius, uma iniciativa promovida pela Deloitte. O nervosismo antes do início da gala, que prestigiou as melhores instituições e personalidades nacionais, era evidente. Todos conhecem que a receção de um galardão desta envergadura representa um acréscimo de responsabilidade: fazer ainda melhor no próximo ano, pois todos os olhos estarão voltados para as empresas com melhor desempenho.

II edição O empresariado já se habituou ao facto de novembro ser o mês do empreendedor, do reconhecimento do trabalho realizado ao longo dos últimos meses. Este ano, a Deloitte escolheu o último fim-desemana do mês para entregar os já anunciados prémios às figuras e organizações do tecido empresarial que, em 2011, se demarcaram da concorrência pelo talento excecional para desenvolver projetos e pelas boas práticas implementadas na sua governança cooperativa e junto da sociedade. 62

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“A iniciativa, a cumprir a sua segunda edição, é um estímulo à adoção das melhores práticas entre o setor empresarial angolano, distinguindo o que de melhor se faz neste país de grande talento e empreendedorismo”, explicou Rui Santos Silva, Managing Partner da Deloitte Angola, durante a gala, que foi abrilhantada pela atuação de Yola Semedo. Um momento que serviu para homenagear a mulher angolana, cada vez mais interventiva nos diversos setores da sociedade.

Responsabilidade Social “Na Deloitte, acreditamos firmemente que o reconhecimento das boas práticas constitui um contributo efetivo para o progresso e para a melhoria contínua. É com esta convicção que desempenhamos a nossa atividade diária e que cumprimos o nosso posicionamento – ser o padrão da excelência”, constatou o responsável. A edição deste ano voltou a premiar a inclusão de uma boa prática empresarial entre os diferentes players das instituições, escrutinando as suas ações sociais. O vencedor da edição 2012,

“Ao apostarmos na inovação do país, estaremos a apostar também na excelência da nossa atividade, do nosso posicionamento e, em última instância, no conhecimento”, revela Manuel Nunes Júnior, presidente do júri

no que toca à política de Responsabilidade Social, foi a Odebrecht Angola. O trabalho desenvolvido em parceria com outras instituições em prol da Sociedade Mineira de Catoca mereceu o reconhecimento do júri, liderado por Manuel Nunes Júnior. O galardão atribuiu um estatuto de ‘parceiro da comunidade’ a quem se evidencia pela qualidade e alcance dos seus projetos e iniciativas de Responsabilidade Social. Recorde-se que a empresa brasileira de construção civil tem apostado na capacitação dos habitantes das comunidades onde são desenvolvidas as obras da construtora. Os interessados recebem formação profissional, uma oportunidade para se qualificarem e saírem do desemprego.

Empresas do Ano A avaliação da qualidade e do alcance das estratégias e dos projetos, bem como o rigor da gestão e a abrangência da informação publicada contribuíram para que o Banco Angolano de Investimentos (BAI) levasse a melhor sobre os restantes concorrentes.


Minientrevista

“Prémios são contributo para aumentar a fasquia dos gestores” RUI SANTOS SILVA

Qual é, segundo a organização, a importância da criação dos prémios Sirius e quais os objetivos subjacentes à sua promoção no que concerne às especificidades de Angola, do seu mercado e respetivos agentes? Como classifica a adesão ao projeto?

mente, de ter colaboradores desenvolvidos e formados permanentemente. Portanto, as diferentes dimensões que são avaliadas no âmbito dos Prémios Sírios são as ações que permitem mostrar ao mercado a qualidade de gestão e que favorecem as empresas no ambiente competitivo.

Os objetivos dos Prémios Sirius são dar a conhecer Quais as novas categorias dos prémios e e reconhecer a qualidade da gestão em Angoporquê a sua definição? Este ano são duas. A primeira tem a ver com o la, das empresas angolanas, nas suas diferentes melhor programa de desenvolvimento do capital dimensões, seja financeira, de recursos humanos, angolano. Entendemos que é uma dimensão muito responsabilidade social, entre outros. Entendemos importante porque é um dos que a importância do prémio maiores desafios de Angola. está diretamente relaciona“As diferentes dimensões Temos que permanentemente da com os objetivos, ou seja, desenvolver pessoas, ter indiestamos numa economia que que são avaliadas no víduos, formar trabalhadores cresce muito, que veio de um âmbito dos Prémios e acreditamos que olhar para passado turbulento e que Sírios são as ações que os melhores exemplos do hoje apresenta às empresas permitem mostrar ao país e dá-los a conhecer é podesafios significativos em mercado a qualidade de sitivo. Pois vem de encontro a termos da sua organização gestão e que favorecem e modernização. Entendeas empresas no ambiente um dos maiores objetivos estratégicos da nação. O outro mos e acreditamos que a competitivo” prémio adicional tem como existência destes prémios Rui Santos Silva objetivo premiar o melhor vem motivar as empresas a relatório de contas (de gesfazerem cada vez melhor, a tão). É um desafio. Ainda não procurarem o reconhecimentemos uma cultura arreigada to, porque todos olham para de qualidade de produção de as organizações que são preinformação de gestão, mas as coisas melhoram de miadas. No ano passado, tivemos o grato prazer de ano para ano. Embora na verdade ainda não exista perceber o reconhecimento geral da comunidade de uma forma alargada a toda a comunidade emem relação aos premiados. Estes são exemplos que presarial e, por isso mesmo, decidimos lançar este todos querem seguir e achamos que são um contriprémio. É um desafio às empresas, para que olhem buto válido para melhorar ou aumentar a fasquia a para esta dimensão. Quisemos instituir este galarque os gestores colocam a si próprios. dão porque acreditamos que é algo que ainda não Acreditam que com este evento conseguem está muito desenvolvido em Angola, mas que tem transmitir a ideia de que excelência não é que ser fomentado. É uma chamada de atenção apenas um valor intangível, mas também neste sentido.

uma necessidade no mercado atual. A que tipo de critérios recorrem para a avaliar?

Sim, claro. Todas as empresas necessitam, por exemplo, de financiamento para funcionar. Elas precisam de ter a sua credibilidade afirmada diaria-

A distinção ao nível público, privado e individual elegida em 2011 focouse, sobretudo, na diversificação e descentralização económica. Este ano, o

objetivo mantémse ou irão premiar outros temas em destaque no país?

“Os critérios que o júri aplica na escolha dos premiados implicam também esta dimensão, a de criação de emprego, do lançamento de projetos em áreas não petrolíferas”, diz responsável da Deloitte

A diversificação económica é um dos grandes desafios do país. O professor Manuel Júnior referiu durante a cerimónia que nos últimos anos o crescimento do produto não petrolífero tem sido superior ao petrolífero. O que é uma notícia muito boa. O país precisa disso. E portanto, os critérios que o júri aplica na escolha dos premiados implicam também esta dimensão, a de criação de emprego, do lançamento de projetos em áreas não petrolíferas. Este ponto está relacionado com a diversificação da economia e está presente nos critérios que o júri utiliza para a atribuição de galardões.

Anunciam a escolha de um novo elemento do júri. O que motivou à sua escolha e qual será o seu papel? Sentimos que tal como acrescentar dois novos prémios era importante para olhar para duas ou três dimensões da gestão que são relevantes. Consideramos também que trazer para o júri uma voz que complemente a visão que os quatro membros do elenco do ano passado era uma mais-valia. É importante termos o presidente da Associação Industrial Angolana, José Severino, no júri, pois conhece muito bem o tecido empresarial angolano. Por isso, achamos que o contributo que ele dá é crítico e foi isso que nos levou a convidá-lo. Ficamos muito gratos por ter aceite o convite.

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Especial Prémios Sirius 2012 Elenco de excelência

Manuel Nunes Júnior Presidente do Júri Ministro de Estado da Coordenação Económica (2010) Professor associado da Universidade Agostinho Neto Coordenador da equipa que elaborou o Programa de Governo do MPLA para 2009/ 2012 Ministro da Economia de Angola (2008 a 2010) Vice-Ministro das Finanças e Secretário do Bureau Político do MPLA para a Política Económica e Social (2003 a 2008) Presidente do Conselho de Administração da Empresa Nacional de Exploração de Aeroportos e Navegação Aérea (1999 a 2002) Diretor da Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto (1986 a 1991)

José Severino Membro do Júri (novidade na edição 2012)

Henda Esandju Nicolau da Silva Inglês Membro do Júri

Presidente da Associação Industrial de Angola

Presidente do Conselho de Administração do Instituto para o Setor Público Empresarial

Vice-Presidente da Confederação Empresarial Angolana Vice-Presidente da Confederação Empresarial da CPLP Delegado Provincial da Indústria da Província de Benguela Vice-Delegado do Comércio da Província de Benguela

Presidente do Júri do IRGA (Investor Relations & Governance Awards)

Consultora do Governador do Banco Nacional de Angola (BNA)

Administrador não executivo, Vogal do Conselho Geral, Advogado, Gestor e Consultor de múltiplas empresas

Vice-Governadora do BNA (2009 a 2010)

Presidente de Comissões de Vencimento e de Mesas de Assembleias Gerais em várias sociedades Presidente da Direção do Instituto Português de Corporate Governance (2004 a 2008) Presidente da Associação Portuguesa de Analistas Financeiros (1999 a 2006)

Diretor Geral do Grupo Panga- Auditor Júnior na Panga Ernst&Young (2002 a 2003)

Membro do Conselho de Administração das Bolsas de Paris, Bruxelas e Amesterdão, da Euronext NY e do Banco de Compensação Clearnet (1999 a 2003)

Auditor interno e posteriormente Diretor de Auditoria Interna e Inspeção Membro do Conselho Nacional do Banco Comercial Angolano de Concertação Social (2003 a 2007)

Diretor Geral do Grupo ECS

O BAI venceu a categoria de Empresa do Ano, no plano financeiro, e a Unitel foi a escolhida no setor não financeiro. A empresa de telecomunicações foi considerada pelo júri a que apresentou desempenhos mais brilhantes. Afinal trata-se da maior operadora nacional com quase nove milhões de clientes.

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Diretor Nacional de Auditoria, Controlo e Fiscalização das Empresas Públicas na Secretaria de Estado para o Setor Empresarial Público (2007 a 2009)

Laura Maria de Alcântara Monteiro Membro do Júri

Membro do Conselho da República

Coordenador Nacional Adjunto do antigo Programa Nacional de Materiais de Construção

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Diretor do Gabinete de Apoio ao Desenvolvimento Económico dos Ministérios da Economia e da Coordenação Económica (2009 a 2011)

Manuel Alves Monteiro Membro do Júri

Consultor na Consult Lda (2002)

A aposta em mercados internacionais, bem como a faturação de 1,4 mil milhões de dólares (entre janeiro e setembro de 2012) contribuíram para que a empresa não pare de somar prémios. A sua gestão sustentável permitiu-lhe posicionar-se no top 15 das melhores operadoras de dados em África e no Médio Oriente.

CEO da Bolsa Portuguesa e da Interbolsa (1999 a 2003)

Membro do Conselho de Administração do BNA (2006 a 2009) Diretora do Departamento de Supervisão de Instituições Financeiras do BNA (2003 a 2006) Diretora do Departamento de Estudos e Estatística do BNA (1993 a 1995 e 1997 a 2003) Chefe de Divisão de Balança de Pagamentos do BNA (1990 a 1993) Técnica do Departamento para o Setor Produtivo (1986 a 1990) Departamento de Financiamento e Contabilidade do Ministério das Finanças (1978 a 1980)

Desempenhou cargos em órgãos executivos de organizações internacionais ligadas ao mercado de capitais

Melhor Gestor Ganga Júnior é o melhor gestor de 2011. A escolha recaiu no líder da Sociedade Mineira de Catoca, que voltou a ser agraciada com um Prémio Sirius. Recorde-se que esta já tinha sido considerada ‘Empresa do Ano do Setor não Financeiro’ na primeira edição do evento (relativa a 2010). O alcance e a notoriedade do trabalho desenvolvido pelo

responsável pela organização mineira foram critérios decisivos para atribuir o galardão ao presidente do concelho de administração de uma das organizações mais ativas e solidárias com o próximo. Emocionado, Ganga Júnior agradeceu o prémio e salientou que se encontra ainda mais motivado para dar o máximo em prol das boas práticas de gestão.


Empreendedorismo O Prémio Empreendedorismo é dedicado a empresários, gestores e líderes de organizações que, pela qualidade, relevância económica do desempenho e contributo, pelo potencial de futuro ou pelo papel que atribuem à inovação, contribuem para o desenvolvimento de Angola e, em particular, para a diversificação e/ ou descentralização económica do país. Este ano, Manuel João Fonseca, diretor-geral do Projeto Terra do Futuro, foi o grande vencedor. Terra do Futuro é um plano agroindustrial desenvolvido exclusivamente por trabalhadores nacionais. Tem como grande objetivo a criação de novos empresários através da preparação permanente e da disponibilidade da estrutura agrotécnico administrativa. O programa foi concebido para se tornar numa referência agrícola, em todo o país, de modo a possibilitar a autossustentabilidade e o desenvolvimento das comunidades. A agricultura é a base e a indústria o fator de desenvolvimento. Arrancou em 2009 e o seu mentor recebe agora o reconhecimento por todo o investimento.

Novidades 2012 “Ao apostarmos na inovação do país, estaremos a apostar também na excelência da nossa atividade, do nosso posicionamento e, em última instância, no conhecimento”, revelou Manuel Nunes Júnior, presidente do júri. O responsável assegurou que os Prémios Sirius são “uma alavanca para estimular a liderança e a inovação”, salientando o crescimento da iniciativa, que este ano acrescentou duas categorias ao certame. A necessidade de valorização do capital humano no seio das empresas, bem como a captação e promoção de novos talentos, motivaram a implementação da categoria Melhor Programa de Desenvolvimento do Capital Humano. A Sonangol foi a empresa nomeada, em virtude do bom desempenho na capacitação dos seus recursos humanos. Porque uma equipa satisfeita e motivada representa meio caminho percorrido rumo ao sucesso, a Deloitte considera que é uma vertente a ser mais explorada pelo empresariado nacional. Em relação à segunda novidade, a criação do prémio Melhor Relatório de Gestão e Contas surge como um desafio às instituições. A Deloitte percebeu que esta

Emocionado, Ganga Júnior agradeceu o prémio (Melhor Gestor) e salientou que se encontra ainda mais motivado para dar o máximo em prol das boas práticas de gestão

componente está subvalorizada e que são ainda raras as organizações que investem na produção de informação de gestão. Com o intuito de alertar para este problema e para a necessidade da rápida resolução desta lacuna, foi lançada uma categoria que avalia a qualidade da informação de gestão e financeira que a empresa emite anualmente sobre a sua atividade e performance ao longo do ano anterior. O Banco Regional do Keve levou o galardão para casa.

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Especial Prémios Sirius 2012 Os premiados

Estímulo à economia A edição 2011 dos Prémios Sirius permitiu afirmar no plano nacional uma cultura que privilegia a excelência e o talento, sublinhando os valores e princípios que estimulam os agentes económicos. Nos meses que precederam a entrega dos Prémios deste ano, o júri conseguiu testemunhar e confirmar o que de melhor se faz no país nas matérias que as diferentes categorias de prémios pretendem distinguir.

Empresa do Ano (setor financeiro): Banco Angolano de Investimentos

A segunda edição representou uma afirmação dos valores que estão na génese da iniciativa, nomeadamente a criação de valor. Para tal, contribuiu o empenho e participação de todos os organismos públicos, empresas, gestores, quadros técnicos e superiores. “Homenagear aqueles que fazem melhor é um gesto que qualifica, distingue e, bem assim, favorece a multiplicação de bons exemplos e a afirmação das melhores práticas”, assegura Manuel Nunes Júnior, presidente do Júri da Deloitte. A cerimónia terminou em jeito de homenagem, com um momento muito especial dedicado ao poder feminino. Embora os premiados fossem apenas homens de negócios, a Deloitte não esqueceu o contributo da mulher para a sociedade palanca. Após a atuação da cantora Yola Semedo, os resultados das irmãs Kiala (Marcelina, Luísa e Natália) foram aplaudidos pela plateia.

Melhor Programa de Responsabilidade Social:

Empresa do Ano (setor não financeiro)

Odebrecht Angola

Unitel

Melhor Gestor em 2011 Ganga Júnior (presidente

Melhor Programa de Desenvolvimento do Capital Humano

da Sociedade Mineira de Catoca)

Sonangol

As jovens, responsáveis por elevar o nome de Angola alémfronteiras, representam a Seleção Nacional de Andebol e o Petro Atlético de Luanda. Rui Santos, da Deloitte, frisou que “é um enorme prazer homenagear as três irmãs, em nome das mulheres angolanas” pelo bom desempenho desportivo.

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Prémio Empreendedorismo

Melhor Relatório de Gestão e Contas

Manuel João Fonseca (Projeto Terra do Futuro)

Banco Regional Keve


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FOTOREPORTAGEM

Texto Patrícia Alves Tavares | Fotografia INTASA


Um manancial de oportunidades educativas Celebrou em outubro três anos de existência. Uma vida ainda curta, mas repleta de sucessos e parcerias profícuas. O Instituto Angolano de Solidariedade Artes e Saber (INTASA) é uma organização de natureza filantrópica, criativa, científica, artística, literária, cultural e educacional. A sua missão assenta no combate à iliteracia e na implementação de programas lúdico-educativos. Nesta edição, optamos pela imagem para retratar a vasta obra desta associação, que se evidencia pela implementação de bibliotecas infantis em unidades hospitalares. Na calha está a implementação de uma infraestrutura do género em cada município. Educação einovação são os valores do INTASA.


FOTOREPORTAGEM

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ARQUITETURA&CONSTRUÇÃO

Patrícia Alves Tavares

O direito a ter uma casa — O desenvolvimento habitacional dos meios desfavorecidos é uma das metas governamentais e integra os objetivos de combate à pobreza. As empresas, por sua vez, têm-se associado a esta causa, participando financeiramente na execução da política de habitação social. As parcerias público-privadas apresentam-se como uma oportunidade para o empresariado desenvolver a sua responsabilidade civil, favorecendo as infraestruturas comunitárias.

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“É uma verdade que o Estado não tem recurso financeiro para executar todos os projetos ou programas”, assumiu no início do ano o diretor-geral do Instituto Nacional da Habitação, Eugénio Correia. Na ocasião o responsável elogiava as parcerias público-privadas, que facilitavam a execução dos projetos de apoio à sociedade. A habitação social é uma das prioridades do Programa Nacional do Urbanismo e Habitação, mas igualmente das empresas e fundações. Participar na construção de lares condignos e na diminuição da carência habitacional é um dos alvos preferidos pelos privados na hora assumir a sua responsabilidade social. Ajudar a população com menos recursos financeiros através da criação de infraestruturas sociais é uma das missões de muitas fundações. Por exemplo, no município do Kilamba, o Governo tem trabalhado em parceria com a SONIP, empresa que gere a centralidade da localidade, no sentido de erguer casas sociais, a preços inferiores aos das habitações que se encontram no mercado livre. O Estado continua a estudar a generalização do mecanismo nacional de renda resolúvel que irá facilitar o pagamento dos apartamentos. Para diminuir os custos das obras e, consequentemente, das rendas, o Ministério do Urbanismo vai contando com a colaboração de iniciativas empresariais, que em parceria ou a título individual vão tentando minimizar a carência habitacional do país.

Petrolíferas participam O acréscimo das receitas petrolíferas está a conduzir este setor a uma aposta nos projetos de construção social e respetiva criação de infraestruturas envolventes. “Há anúncios diários de novos projetos para construir habitação de baixo custo e social, para construir ou recuperar redes de estradas e para abastecer água e eletricidade”, indica o mais recente relatório da Economist Intelligence Unit (EIU). Por exemplo, no Grupo Sonangol a melhoria das condições de vida, e sobretudo de habitabilidade, dos seus trabalhadores é uma constante preocupação. O Conselho de Administração criou uma comissão de Projetos Sociais que tem como missão ajudar os seus colaboradores na resolução dos problemas. O organismo foi responsável pela

Lado social do Estado

200 casas sociais em cada município — O Programa Nacional de Construção indica que o Executivo edificará 200 casas sociais em cada município do país, bem como o mesmo número de moradias. O projeto de apartamentos urbanos de baixa renda está em execução, prevendo-se que as infraestruturas estarão aptas a serem ocupadas no início de 2013. Cada obra inclui o desenvolvimento de equipamentos complementares, como arruamentos, iluminação pública, serviços de telecomunicações e infraestruturas de apoio às comunidades. Em Cabinda, à margem do projeto, já foi possível construir 250 habitações no Buco-Ngoio e 150 no bairro Cabassango.

execução e conclusão dos complexos “GEPA” e “Novos Bairros”, localizados no Morro Bento, Corimba e zona do Golfe-Camama. A Sonangol está ainda, à luz da sua política social, a auxiliar a instituição da “cooperativa cajueiro”, uma sociedade cooperativa de responsabilidade limitada.

Equipamentos sociais Política semelhante verifica-se nas petrolíferas SinoHydro (chinesa) e Odebrecht (brasileira) que receberam adjudicações de 200 milhões de dólares para projetos de água e saneamento que irão visar as províncias de Malange e Kwanza Sul. Segundo o EIU, estes projetos deram novo fôlego ao programa governamental “Água Para Todos”. O boom de construções sociais é ainda patente em regiões mais remotas, nomeadamente Lunda Sul, Lunda Norte, Moxico e Kuando Kubango, áreas que têm beneficiado com proporção menor do investimento nacional. A Ridge Solutions é outro caso de compromisso social com aceção da responsabilidade para com uma habitação condigna para todos os habitantes. A empresa nacional que detém vários projetos nos mais diversos setores do mercado angolano (especialmente no imobiliário de luxo) assumiu desde o início o seu envolvimento com as comunidades. Parte do seu plano de responsabilidade social integra a parceria com

“Há anúncios diários de novos projetos para construir habitação de baixo custo e social, para construir ou recuperar redes de estradas e para abastecer água e eletricidade”, indica o mais recente relatório da Economist Intelligence Unit (EIU).

os Ministérios da Juventude e Desportos, da Integração Social, da Educação, entre outros. Dois dos programas apoiados são a habitação de baixo custo e os edifícios da comunidade. No primeiro, têm sido um aliado constante do Executivo no âmbito da edificação de casas de baixo custo. Já no segundo projeto, a Ridge Solutions optou por um alargar a sua atuação nos projetos de desenvolvimento agrário, onde se inclui a criação de escolas, centros de saúde, instalações de tratamento de resíduos e desportivos, bem como de centros comunitários.

A aposta de algumas instituições na criação de edifícios da comunidade resulta do trabalho que o Estado tem desenvolvido não só no plano do urbanismo nacional, mas sobretudo na exploração das capacidades agrícolas como meio de saída da pobreza. Afinal é possível aliar habitação social e agricultura e as empresas têm sabido tirar partido deste facto. Confuso? A ligação é simples. Os programas de apoio à agricultura têm como missão o acréscimo e fomento da capacidade produtivas das famílias rurais. Se além de criar condições para o desenvolvimento da agricultura, forem implementadas infraestruturas habitacionais e sociais que facilitem a vida no campo, o crescimento da região será bastante mais eficaz. Os camponeses conseguem obter rendimentos através das suas próprias colheitas, conseguindo sustentar as respetivas famílias e combater a pobreza nas comunidades rurais e melhorar a segurança alimentar. Esta evolução traz mais oportunidades de emprego e dinamiza a economia local. No Cunene, está em curso o programa “Dormir Sono” que se carateriza pela construção de mais de quatro mil casas sociais nas sedes municipais e comunais da região. A província assiste ainda à prossecução do plano governamental de edificação de habitações sociais em todo o país e que arrancou em março, pelo que cada município da região já ‘ganhou’ uma centena de casas e foi auxiliado na reabilitação de estruturas mais antigas. Os programas contemplam a reativação dos serviços terciários e o Hospital Municipal do Cuvelai foi um dos visados, tendo sido ampliado. O papel das organizações da sociedade civil na implementação dos programas públicos e o seu relacionamento com os organismos de concertação social têm sido decisivos para um considerável acréscimo das condições de vida das populações. E são cada vez mais as construtoras que optam por aplicar os seus conhecimentos de mercado na ação social, através do fomento do arrendamento social e das infraestruturas ao serviço das comunidades.

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INOVAÇÃO&DESENVOLVIMENTO

Patrícia Alves Tavares

Hub social inovadora — A inovação e as novas tecnologias são ferramentas fundamentais na divulgação do conhecimento. É senso-comum que são motores do desenvolvimento de um país. No entanto, o que muitos desconhecem é que o setor energético ou mineiro pode contribuir com as suas invenções para o bem-estar de quem mais precisa. Nesta edição mostramos os exemplos da elétrica portuguesa EDP e da diamantífera angolana Endiama, que conseguem aliar responsabilidade social com criatividade e invenção.

Em 2011, o grupo EDP, principal fornecedor energético português, inaugurava a Fundação EDP no Porto e lançava uma dezena de projetoschave para aquele ano. Uma notícia recebida com grande expectativa, já que existem poucos casos na lusofonia de empresas energéticas capazes de criar soluções inovadoras acessíveis a toda a população. É o caso da Aldeia Solar, projetada no interior de Luanda, que consegue a proeza de colocar uma metodologia inovadora no país ao serviço de uma população rural parca em recursos. Voluntariado é a missão deste grupo que quer abrir-se à sociedade e estabelecer relações de pertença com a mesma. Assim, cada colaborador da EDP é incentivado a dedicar quatro horas semanais a ajudar os outros. O projeto em curso em Angola insere-se no segundo objetivo da EDP que quer promover o acesso à energia nos países em desenvolvimento, com o intuito de quebrar o ciclo de pobreza. O plano tem sido aplicado igualmente em Timor, Moçambique, Brasil e Venezuela.

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RSO em dez tópicos As galerias de exposições no Porto e em Lisboa (Portugal) inauguradas no ano passado contribuem para uma fundação sem barreiras que tem levado a arte pública às barragens, mediante pinturas de artistas plásticos nas infraestruturas hidroelétricas. As sinergias e hub social são uma realidade para o grupo EDP, assim como a consagração de novos criadores através do Prémio EDP Novos Artistas. A saúde não foi esquecida e, em parceira com instituições multidisciplinares, desenvolveram uma campanha que incentivava a criação de hábitos alimentares saudáveis através de soluções de baixo custo. Para estimular o empreendedorismo, lançaram a segunda edição do Prémio Empreendedor Sustentável Sabor e participaram na angariação de fundos junto da sociedade civil com vista à implementação de projetos de energia sustentável em campos de refugiados.

Os números da Fundação EDP

22,9 milhões

de euros para projetos sociais em Angola e Venezuela

55% de aumento do orçamento para 2012

40% receitas externas ao grupo EDP

Os empreendedores sociais dos países de língua portuguesa puderam contar com o programa IES powered by Insead, responsável pela formação daqueles que mais se destacaram em iniciativas sociais. Os objetivos da EDP são exemplo positivo de participação social e fazem do organismo uma referência para as congéneres angolanas que procuram contribuir para a inovação de um país sem se esquecer da sua população.

A favor das comunidades Conduta semelhante tem tido uma empresa angolana, que tem sabido conjugar uma atividade destinada à classe alta com programas de fomento do desenvolvimento comunitário. A Endiama (Empresa Nacional de Diamantes de Angola) usa o precioso valor dos diamantes para investir nas suas maiores preocupações, isto é, o apoio social e cultural. A entidade fundou em 2004 uma instituição única, focada exclusivamente na resolução dos problemas que


afetam os seus trabalhadores e famílias das comunidades onde desenvolve a exploração mineira. A Fundação Brilhante tem uma função integrante, pois agrega todas aas empresas do setor diamantífero a operar em Angola que têm uma palavra a dar na definição das políticas de gestão do organismo social. Todas são responsáveis por abastecer e canalizar verbas para este fundo. A Endiama descreve a Fundação Brilhante como a “face social e cultural do Grupo” e o “canal único de apoios socioculturais”. E de facto tem cumprido a sua missão. Assim que ganhou forma, a instituição leva a cabo ações constantes de auxílio às populações e agentes sociais que tenham dificuldades na execução das suas tarefas.

Fundo distinguido na FIMA A Feira Internacional de Minas de Angola (FIMA 2012)

elegeu a Fundação Brilhante como a que obteve a Melhor Participação Projeto Social, um tributo ao trabalho promovido no último ano. A Endiama arrecadou ainda o prémio de Melhor Participação no evento.

Parque solidário

Saúde e agricultura A diamantífera é uma das empresas parceiras do programa PADES, que tem a assessoria da Fundação Odebrecht e impulsiona o desenvolvimento social sustentado através da atividade agrícola, fonte de rendimento, que contribuiu para a produtividade das províncias e criação de emprego. Porém, é na saúde que as populações melhor reconhecem a ação da Endiama. Entre a construção de postos médicos, distribuição de materiais ou reabilitação de infraestruturas, a Clínica Sagrada Esperança surge como ex-líbris social. O espaço atende todos os trabalhadores da indústria mineira e dá cursos de primeiros-socorros gratuitos. Todos os que acorrem à unidade encontram o apoio médico necessário independentemente dos seus rendimentos.

Aldeia solar de Cabiri É um novo conceito a testar numa pequena vila a 70 quilómetros de Luanda. A Aldeia Solar é um projeto da elétrica portuguesa Fundação EDP e que será implementado em Angola com o apoio da empresa EIH – Energia Inovação Holding. Se o plano for

EDP prepara-se para erguer uma escola como motor do desenvolvimento comunitário, pois será aí que se concentrarão as diversas soluções de energia. O estabelecimento será uma mais-valia para a promoção da qualidade do ensino e para dar novas perspetivas profissionais à juventude. O planeamento inclui igualmente a construção de 500 casas com acesso a eletricidade através de sistemas fotovoltaicos unifamiliares com custos adaptados ao rendimento de cada família. Serão beneficiadas 2500 pessoas, que verão uma das necessidades básicas resolvidas. O projeto tem ainda a preocupação de respeitar a realidade social ambiental e cultural onde se insere.

Projetos Endiama

- Reflorestação na área do Catoca, bem como redução dos ruídos e poluição - Palestras de educação ambiental (afeta a todos os programas) - Sensibilização para a limpeza: Projeto Luemba - Diques para drenagem de água no Cassanguide - Plantação de árvores no Alto Cuílo e Mar Santo Cassanguide - Plantação de jardins e preservação do ecossistema das zonas mineiras, em parceria com um grupo de profissionais especializados

bem-sucedido será replicável noutras zonas do país. A questão que se impõe é de que forma este projeto tem influência social. A resposta é simples. Com soluções sustentáveis de energia, a Aldeia Solar irá proporcionar eletricidade ‘limpa’ e mais barata para iluminar escolas, habitações e equipamentos

sociais, bem como melhorar a iluminação pública e gerar lampiões solares para estudantes. Por outro lado, serão criados fornos movidos a energia do sol para as famílias e a comunidade irá ter acesso a formação específica. Para materializar o modelo de acesso universalizado à energia, a Fundação

Este ano a fundação lusa conta com 40% de receitas externas ao grupo EDP. Tudo devido aos projetos similares que estão em desenvolvimento em Angola e na Venezuela. O parque fotovoltaico solidário surge na continuidade de projetos sociais de anos anteriores que absorveram mais de 14 milhões de euros em 2011. Para o corrente ano, a Fundação prevê aplicar 22,9 milhões de euros em diversos planos energéticos de apoio à população que têm como nota comum a inovação social. As iniciativas relativas às intervenções artísticas e que envolvem instituições de solidariedade social representam quase metade do orçamento da fundação para 2012. Recorde-se que no ano passado, as suas verbas têm sido distribuídas por projetos de voluntariado, exposições, ações de ópera e bailado, barragens e o programa EDP Solidária. A par do projeto de eletricidade e fornos solares a implementar nas zonas mais remotas de Angola e Venezuela, a empresa quer desenvolver uma central solar fotovoltaica, cujas vendas de eletricidade sejam aplicadas em descontos nas faturas de eletricidade de instituições de solidariedade social. Uma iniciativa que poderá ser futuramente alargada a outros países onde a empresa tem atividade.

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DESPORTO

Patrícia Alves Tavares

KICK-OFF GPS····················································· 76

Breves solidárias

GPS desporto motorizado Fundação Williams em Angola É a primeira do mundo e nasceu na terra vermelha. A Fundação Williams é resultado

— Fomentar a prática de desporto e de adoção de hábitos saudáveis são as principais missões a que se propõem os maiories clubes de qualquer modalidade. Para técnicos e dirigentes solidariedade social é sinónimo de inclusão desportiva.

da união entre um patrocinador oficial da AT&T Williams Formula One Team, a Ridge

FORA DE JOGO··························· 78

crianças resgatadas das ruas de Luanda); a Habitação de Baixo Custo (criação de

Força social do desporto

Solutions (empresa de promoção do desenvolvimento sustentável de comunidades locais) e a AT&T Williams. Esta desenvolve a sua ação junto da juventude, através da promoção de um estilo de vida saudável, livre de drogas e das dependências do álcool. A fórmula é simples: criação de atividades e desportos motorizados, bem como a implementação de programas educacionais e campanhas de segurança rodoviária um pouco por toda a África Subsariana. A Ridge Solutions, parceira da Williams, desenvolve ainda projetos como os Programas Juvenis (que dá abrigo a 200 casas para os mais desfavorecidos); Edifícios da Comunidade (apoio aos planos de desenvolvimento agrário) e Torneios de Ténis (o Master Series Ridge Solutions que promove o ténis no continente).

— Conheça as razões que levaram o clube espanhol Barcelona a incluir nas suas camisolas o logotipo da Fundação Qatar. Um exemplo de clube que se move por grandes causas!

TÉNIS Nadal vende carro para ajudar fundação “KIA PRO CEE’D como novo (um ano), 11 mil quilómetros, com cinco anos de garantia oficial. Pouco usado, os donos estão sempre a viajar. Não deves perder esta oportunidade. Possibilidade de o ver em Manacor”. Foi com este anúncio que Rafael Nadal, tenista internacional, conseguiu angariar verbas para apoiar os projetos que a sua fundação tem em curso, através da venda do seu próprio automóvel. O atleta leiloou o carro e ofereceu de bónus umas raquetas de ténis assinadas para conseguir fundos para as causas da sua organização que apoia crianças africanas.

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INICIATIVA Bola Mágica Sabia que a Bola Mágica é uma iniciativa local, idealizada por um pequeno clube brasileiro e por uma

BRASIL Supermercados brasileiros associados ao futebol

equipa multidisciplinar de cidadãos? O projeto, que tem o apoio do Clube dos Treze Brasil, é um agregador de recursos para auxiliar os mais desfavorecidos e ao longo dos anos tem provado ser um gerador de empregos para mulheres que estão detidas. A ‘bolinha’, como é conhecido, atua principalmente na prisão feminina do Recife no Brasil, sendo a

A Associação Catariense de Supermercados (ACATS)

única receita que estas mulheres têm para ajudar

tornou-se parceira da empresa Golstore (representante

as famílias e uma forma de reabilitá-las junto da

dos produtos dos clubes de futebol brasileiros) para

sociedade.

criar embalagens de água mineral personalizadas pelos craques deste desporto. Avaí, Figueirense, Criciúma, Internacional e Grêmio são algumas das equipas que vão juntar-se ao projeto social, cuja parte dos lucros

DISTINÇÃO Vicente Del Bosque premiado

decorrentes da venda destes produtos reverterá a favor da Associação de Reabilitação da Criança Deficiente, sedeada em São Paulo.

O selecionador espanhol de futebol, Vicente Del Bosque, foi distinguido pela Organização Não Governamental ‘Save the Children’ pelo “trabalho social” desenvolvido enquanto embaixador da Fundação Síndrome de Down. A ONG considerou que o responsável é um “acérrimo promotor dos melhores valores associados ao desporto, como o esforço, o sacrifício, o talento, a disciplina, a solidariedade e a modéstia”. Por sua vez, o treinador reiterou a vontade de manter “o

Fundação Leo Messi Messi não esquece Argentina

compromisso com a sociedade” e o auxílio a

Foi e ainda é no Barcelona que o

causas sociais.

craque internacional Lionel Messi brilha e mostra o seu talento ímpar no mundo do futebol. Contudo, o menino que chegou ao clube espanhol ainda muito jovem nunca esqueceu a terra que o viu nascer. Criou a Fundação Leo Messi e, em parceria com a Social Team, tem desenvolvido um vasto plano de Trabalho Social, que incide sobretudo no auxílio de milhares de crianças que estão em instituições do solidariedade. A influência da Fundação permite arrecadar apoios e estabelecer parceria com os diversos organismos daquele país. Sempre com o intuito de ajudar através do desporto!

SIEMENS Solidariedade no Mundial de 2014 A Siemens resolveu aliar a sua responsabilidade social a um dos principais eventos desportivos do mundo. A marca lançou o Siemens Student Award, um concurso que vai eleger as soluções de infraestruturas sustentáveis para criar no Brasil e que perdurem após o Mundial de Futebol de 2014, a decorrer naquele país. O concurso destina-se a todos os universitários (que podem participar em grupos de três ou de forma individual) e parte da pergunta “Que soluções para a Copa do Mundo no Brasil podem ser respostas sustentáveis para o planeta?”. Os projetos podem ser inscritos em seis categorias: assegurar uma oferta segura e constante de água potável; fornecer energia com alta confiabilidade e qualidade; aumentar a acessibilidade da população aos serviços de diagnóstico em serviços públicos e privados; estabelecer um sistema de gestão de resíduos eficiente e funcional; propiciar infraestrutura de mobilidade urbana para pessoas e mercadorias de maneira inteligente e sustentável; e imaginar locais seguros e inteligentes. A Siemens escolherá os dez melhores e uma comissão especial vai selecionar as sete ideias que irão a votação dos internautas. Os finalistas recebem prémios monetários.

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DESPORTO

Patrícia Alves Tavares

FORA DE JOGO

O valor social de uma camisola Foi com o maior acordo publicitário da história do futebol que a Fundação Qatar, no Médio Oriente, saltou para as páginas de todos os jornais internacionais. A “publicidade” saiu cara à organização, mas terá certamente os seus frutos a longo prazo ao dar a conhecer as atividades da instituição e ao associá-la ao desporto, especialmente a um clube com longas tradições no apoio à educação e com múltiplas iniciativas de responsabilidade social, implementadas pela Fundação do FC Barcelona. Em agosto de 2010, o Barça apareceu no jogo da Supertaça europeia (onde defrontam os portugueses do Futebol Clube do Porto) com o logótipo da Fundação Qatar, que desde então é estampado em simultâneo com o da Unicef. O acordo com a ONG (Organização Não-Governamental) é válido até 2016 e rende aos espanhóis 40 milhões de dólares por ano. Caiu assim uma história com 111 anos, que contava que o clube era dos poucos sem patrocinador. 78

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No caso da Unicef, o logotipo no equipamento nunca teve retorno financeiro e marcou a história do marketing desportivo ao usar-se a marca de uma organização humanitária. A parceria, segundo o presidente do clube espanhol, Sandro Rosell, deve-se ao facto de se tratar de “um país que se quer dar a conhecer através da educação e do desporto”. O acordo foi celebrado pouco depois de a organização do Mundial 2022 ter sido atribuída ao Qatar. Uma candidatura que teve o apoio do treinador do Barça, Pep Guardiola. A parceria entre as duas Fundações não se fica pelos patrocínios e camisolas. As organizações sustentam que detêm os mesmos valores e comprometeram-se a trabalhar conjuntamente para desenvolverem programas e projetos que evidenciem o potencial humano dos mais novos. O objetivo é melhorar a vida dos africanos através do desporto e dos seus valores positivos.

— É dos raros clubes que não se rendeu às tentações do capitalismo. O Barcelona, um dos clubes mundiais mais emblemáticos, é dos poucos que não tem estampada uma marca de uma empresa no seu equipamento. As camisolas apenas envergam o logo da Unicef e, desde 2010, o emblema de uma organização não-governamental africana que promove a educação através do maior agregador de massas: o desporto.

Qatar abre-se ao mundo Sabia que…

— Notícias apontam que o Corinthians, no Brasil, está a negociar novos patrocínios para a sua camisola. Um deles será o da Fundação Qatar, cujo logotipo seria incluído na frente do equipamento.

A Fundação Qatar tem quase 20 anos de existência. Foi criada em 1995 pelo Sheik Hamad Bin Khalifa Al-Thani, emir do Qatar, sendo presidida pela primeira-dama Moza bint Nasser. As suas prioridades são a educação, a ciência e o desenvolvimento social. O ensino é o que mais se destaca na imprensa internacional, em parte devido à implementação do primeiro grande prémio para a educação, que surgiu no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio da ONU, que propõem o ensino universal em 2015. Lançado no ano passado, o galardão reconhece indivíduos ou pequenas equipas que se destaquem no mundo da educação e contribuam de alguma forma para diminuir os 800 milhões de analfabetos que existem em todo o mundo. Tem como maior missão a transformação da região do Qatar num líder


em educação e inovação através da atividade de pesquisa. A Fundação é responsável por apoiar uma vasta rede de centros e de estabelecer parcerias com as maiores instituições mundiais que partilhem o desejo de investir no capital humano. Recorde-se que a Fundação lançou em 2009 o WISE, um projeto apoiado por uma rede de seis sócios: Agência Universitária da Francofonia, Associação de Universidades da Comunidade Britânica, Instituto de Educação Internacional, Associação de Presidentes Universitários, Corporação Rand e Unesco. Este mês serão conhecidos os vencedores do prémio WISE 2012, que doa 20 mil dólares a cada um dos seis projetos inovadores eleitos pela Cúpula Mundial de Inovação para a Educação (WISE) da Fundação Qatar para a Educação, Inovação e Comunidade. O tema deste ano é “Transformando a Educação” e o concurso acolhe anualmente candidaturas provenientes de vários países. Ainda em 2009, a Fundação inaugurou uma estação de rádio sem fins lucrativos, a QF Rádio, que emite regularmente programas sobre educação, ciência, desenvolvimento comunitário e artes. A difusão além de local inclui emissão online, em que 70% dos conteúdos são apresentados em árabes e o restante em inglês.

Cidade da Educação É o projeto mais emblemático da Fundação Qatar que tem como lema o princípio de que o maior recurso de uma nação é a sua população. É o maior plano para desenvolver uma sociedade baseada no conhecimento e que se apresenta como um espaço de excelência na área da educação e do conhecimento. A Fundação Qatar tem parcerias com várias joint-ventures e, segundo a página oficial do fundo soberano do país (que movimenta milhões devido aos negócios do petróleo), tem como objetivo primário “apoiar o Qatar na sua jornada de uma economia de carbono para uma economia de conhecimento”. Além do investimento na educação, a organização criou uma zona franca de pesquisa e desenvolvimento em Doha, com o intuito de reduzir a dependência do país face aos recursos naturais. Ali atuam empresas de renome como a Microsoft e a Shell

A força da Sidra

— É o símbolo da Fundação do Qatar e diz muito da cultura do país. A árvore Sidra representa força e crescimento para a população daquele país do Golfo Pérsico e é usada em várias áreas, como é o caso da construção. Sabia que o novo centro de Convenções do Qatar, inaugurado em 2011, foi inspirado na árvore e a sua arquitetura tem as formas de um tronco? A árvore é conhecida pelas raízes muito fortes, o que permite que esta cresça nas regiões áridas.

e agrega centros de investigação de universidades internacionais como a americana Cornell e a francesa HEC. Em maio, o Fundo Nacional de Pesquisa do Qatar, membro da Fundação, inaugurou o terceiro ciclo do Programa Experiência em Pesquisa para Cientistas Juniores. Cada projeto apoiado deverá ser da autoria de cientistas nacionais ou expatriados, que estejam a trabalhar numa área da ciência ou tecnologia e que será financiado com 100 mil dólares por ano. Um apoio à inovação e à massa criativa dos investigadores da região que têm até três anos para desenvolverem as suas propostas.

Unicef e a educação A Fundação do clube espanhol é das mais proactivas na promoção da educação. Conscientes de que para mudar o mundo há que começar na base mais importante de qualquer criança, o FC Barcelona assinou uma parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) com o intuito de financiar a formação de professores e melhorar as infraestruturas escolares que se destinam à prática de educação física. O projeto, que foi apresentado este ano, será aplicado em várias instituições de ensino da África do Sul, Brasil, China e Gana. No total, serão afetadas 16 mil escolas que vão repartir uma verba anual de 1,5 milhões de euros. O trabalho com a Unicef não é uma novidade para o Barça, que estabeleceu uma aliança em 2006 com o intuito de fomentar os valores positivos do desporto no mundo. Foi nesse ano que foi celebrado o primeiro acordo entre as entidades, que incluía a incorporação do logotipo da Unicef nas camisolas do clube e em que este se comprometia a doar 1,5 milhões de euros por ano à organização para apoiar projetos de fomento do desporto pela educação. No ano passado, a parceria foi renovada por mais cinco anos. Recorde-se que entre 2006 e 2011, as duas fundações promoveram e implementaram uma série de programas de prevenção e luta contra a Sida, com particular incidência em Angola, Malawi e Suazilândia. O clube espanhol tem ainda alianças com a Unesco, a Fundação Pés Descalços, a Fundação Bill & Melinda Gates e o Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Um menino chamado Messi

— Falar em Barcelona é abordar inevitavelmente o caso Lionel Messi, o “menino-prodígio” que tem feito história no clube e mostra como o desporto pode mudar a vida de uma criança. O jovem atleta deu os primeiros passos aos sete anos no Newells Old Boys da Argentina, mas aos onze anos foi-lhe detetado um problema ósseo que retardava o seu crescimento. O pai de Messi contactou vários clubes mas todos recusaram pagar o tratamento. Foi aí que apresentou o caso ao espanhol FC Barcelona, que reconheceu a qualidade técnica de Messi e comprometeu-se a pagar os tratamentos e a formar o futuro jogador. O apoio foi mais tarde recompensado, pois Lionel Messi ainda hoje se mantém fiel a quem lhe deu a oportunidade, sendo um dos maiores jogadores do clube e que já foi considerado o melhor do mundo por três vezes. Hoje tem a sua própria fundação que se dedica a dar as mesmas oportunidades a todas as crianças que almejem realizar os seus sonhos através do desporto.

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CULTURA&LAZER

Patrícia Alves Tavares

Mudar a face de Angola — Uma sociedade é mais instruída e consciente quanto melhor for a sua atividade cultural. A sua relevância deve-se aos valores que transmite, seja a identidade social, a possibilidade de aproximar gerações ou a de preservar as raízes de uma comunidade. Para alguns, cultura é sinónimo de terapia, de resgate da cidadania e de encontro entre os vários extratos sociais. Para o empresariado do setor, o termo representa isto e muito mais, pois trata-se da sua receita para ajudar o próximo.

Sabia que em 1970 a França foi um dos primeiros países a incluir a cultura no plano nacional de metas? E que os países membros da Unesco têm gradualmente incorporado a cultura nas suas estratégias de desenvolvimento económico e social? As potencialidades desta atividades têm permitido a transformação de pequenas organizações e fundações em autênticas indústrias culturais, que trazem valor acrescentado às comunidades, através da criação de empregos e receitas. Trata-se de um mercado que movimenta artistas e lucros que permitem a estes organismos desempenhar uma atitude de responsabilidade social, até porque estão bastante envolvidos com as comunidades e cientes das suas carências. A Fundação de Arte e Cultura é a eleita desta edição ‘social’. Trata-se de uma entidade privada, sem fins lucrativos, que canaliza os projetos que desenvolve na área da cultura para apoiar e educar a sociedade palanca.

Arte social Nasceu em 2006 e é dinamizadora de múltiplas atividades de cariz social. A Fundação Arte e Cultura

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tem no seu currículo programas como ‘Salve o coração de uma criança’, em que mobiliza recursos para devolver a esperança e melhorar a qualidade de vida a petizes com problemas cardíacos ou ‘Projeto de voluntários em Angola’, que consiste na envolvência de jovens israelitas nas instituições de auxílio a crianças, deficientes físicos e vítimas da guerra. O organismo não perde uma oportunidade para aproximar os certames culturais dos mais desfavorecidos e é patrocinador de eventos artísticos anuais como a Mostra Mulher, Coopearte, Atelier Monumental e ações de promoção do património nacional junto dos mais novos. A Casa da Cultura é uma das obras mais emblemáticas da Fundação que apostou na criação de um espaço aberto à comunidade, onde existem cursos e oficinas práticas gratuitas e disponíveis para todos os que desejem iniciar-se no mundo da arte e do empreendedorismo. Com este lar a organização concretiza o sonho de ajudar a emergir novos talentos e de promover a inclusão social graças ao ensinamento de novos ofícios. Mas não é só de arte que a fundação leva o seu intento social à co-

munidade. A criança é uma das suas maiores preocupações e sinal da vontade de formar os cidadãos de amanhã. A instituição é responsável por doar e patrocinar ações que visem devolver o sorriso aos meninos dos orfanatos e creches da província do Huambo. Realizam igualmente o Dia da Criança, uma efeméride anual que reúne milhares de petizes desfavorecidos num dia diferente, repleto de atividades e animação.

Debater as responsabilidades “A importância do investimento social privado para o desenvolvimento sustentável em Angola”. Foi com este mote que a Fundação Arte e Cultura apresentou no ano passado a primeira conferência sobre responsabilidade social empresarial. Com a medida, a organização procurou alertar as empresas para a impor-

SABIA QUE…

A Fundação Arte e Cultura representa o contributo social do Grupo Mitrelli em Angola. É responsável por preservar as manifestações culturais, artísticas e históricas do país


‘A Casa da Cultura é uma das obras mais emblemáticas da Fundação Arte e Cultura que apostou na criação de um espaço aberto à comunidade, onde existem cursos e oficinas práticas gratuitas’

tância de terem ações socialmente responsáveis. Esta é a grande batalha da instituição sem fins lucrativos que promove frequentemente debates para sensibilizar os que mais podem a mudar a “face do país”. Haim Taib, fundador do organismo, continua a defender a concretização de “parcerias estratégias entre atores privados, públicos e agências internacionais na promoção de mais investimentos sociais”. Localizada nas Ingombotas, em Luanda, a Fundação é diariamente frequentada por dezenas de crianças e adolescentes que encontram naquele espaço uma área privilegiada para ler, escrever, desenhar, usar o computador ou simplesmente ouvir histórias. Por outro lado, a entidade defende que a simples mostra de manifestações artísticas pode contribuir para cativar a atenção da sociedade para os problemas que a rodeia. Veja-se o caso da primeira edição da exposição “Verde”, que decorreu no início do ano, em Luanda, e que serviu de alerta para o ‘sofrimento’ do planeta. Duas centenas de pinturas e esculturas alusivas à preservação ambiental incentivaram os vis itantes a “refletir e a atuar a favor do planeta”. Um evento que envolveu os ‘decisores’ de amanhã, isto é, as crianças que participaram no projeto de educação ambiental Kamba Verde (desenvolvido pela fundação) também tiveram

voz na exposição ao apresentarem os seus próprios trabalhos artísticos. Partindo da inspiração através da arte foi possível vender todas as obras expostas e usar as verbas a favor dos projetos sociais da Fundação Arte e Cultura.

Gulbenkian EM Angola A Fundação Calouste Gulbenkian é uma instituição portuguesa de utilidade pública, que não se concentra apenas na sua região, mas que participa em programas de diversos países. Aprovada pelo Estado luso em 1956, foi criada por disposição testamentária de Calouste Sarkis Gulbenkian e tem como fins estatuários a arte, beneficência, ciência e educação. A organização é bem conhecida dos angolanos, pois é responsável pela aparição do projeto CISA (Centro de Investigação em Saúde em Angola). A criação mereceu inclusive o prémio de Reconhecimento de Boas Práticas em Angola, na categoria de Parcerias Internacionais, atribuído por organismo independente. Nasceu em 2007, no Caxito (Luanda), resultando de uma parceria entre o Ministério da Saúde de Angola, o Governo Provincial do Bengo, o Instituto Português de Apoio ao De-

senvolvimento e a Fundação. O CISA é único em África e tem como ambição a criação de condições necessárias à formação de uma unidade de investigação que melhore os níveis de saúde da população e incentive a cultura científica. Com este centro, os parceiros acreditam que será possível aprofundar o conhecimento das doenças que afetam os países em desenvolvimento. Com o intuito de se assumir como referência a nível internacional, o CISA tem uma equipa local que em 2011 alcançou a meia centena de colaboradores, com formação intermédia e superior. O projeto já permitiu a criação do Sistema de Vigilância

Demográfica, que tem contribuído para o conhecimento da população de 69 bairros das três comunas do município do Dande. O programa foi decisivo para a atribuição de bolsas para estágios nas áreas da engenharia geográfica, biologia e medicina e de bolsas de doutoramento para médicos nacionais. Por sua vez, o CISA tem sido um importante apoio no funcionamento do Hospital Geral do Bengo, através da inclusão de vários programas de saúde e tem auxiliado na formação contínua de enfermeiros, no reforço do sistema de informação e organização dos serviços, na elaboração do plano diretor do hospital e no acompanhamento clínico dos estudantes do Instituto Médio de Saúde do Bengo. A Gulbenkian tem contado com o patrocínio do BFA, da Mota Engil e da Edifer na concretização deste plano. Até 2010, a cultura da instituição portuguesa foi a responsável por formar professores do ensino primário, por equipar o centro materno-infantil da Paróquia da Graça, em Benguela, e por melhorar a estrutura funcional e académica do Instituto Médio de Saúde do Bengo. Desta forma, pode e deve-se salientar que o campo artístico ajuda o desenvolvimento social, científico e educativo dos povos. E esta ideia, à semelhança do que acontece nos países desenvolvidos, tem sido colocada em prática com regularidade. Felizmente, para a sociedade são cada vez mais as instituições artísticas que nascem com a vocação de ter uma responsabilidade sustentada na sua comunidade.

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CULTURA&LAZER

Patrícia Alves Tavares

Jolie doa dinheiro da venda de joias

— A embaixadora da Boa Vontade da ONU, Angelina Jolie, criou uma parceria com o joalheiro Robert Procop para desenvolver uma linha de joias. Intitulada ‘Style of Jolie’, a coleção inclui peças usadas nos Óscares de 2009 e foram vendidas para angariar fundos para um projeto educacional. Após ter visitado vários países em situação de guerra ou pós-conflito e de contactar com as várias vítimas, a atriz resolveu tornar-se designer de joias para poder auxiliar a instituição ‘Education Partnership for Children in Conflit’. O organismo está a erguer uma escola no Afeganistão e o dinheiro da venda dos produtos irá acelerar a concretização deste projeto.

Black Eyed Peas abriram academia de música

— Foi inaugurada no ano passado e é a mais recente ação de responsabilidade social de uma das bandas de maior sucesso internacional. Os Black Eyed Peas aplicaram o seu melhor conhecimento, a música, a uma causa nobre e criaram uma academia de música para crianças desfavorecidas. Está localizada em Nova Iorque, EUA, e está aberta a todos os jovens, com idades entre os 13 e os 19 anos e com parcos recursos económicos. Esta é a terceira escola que o grupo abre naquele país.

Shakira tem Fundação Pies Descalzos

— A cantora colombiana Shakira é uma das artistas internacionais mais empenhadas em canalizar a sua imagem e respetivos proveitos para causas sociais. Criou a Fundação Peis Descalzos que tem como missão auxiliar as crianças pobres na Colombia e no Terceiro Mundo. “Cresci num país em desenvolvimento e vi injustiça e desigualdades sociais, sempre sentindo que eles poderiam fazer alguma coisa. Assim que tive a oportunidade e algum sucesso, voltei ao meu país depois de 18 anos e estabeleci a minha fundação para criar oportunidades para as crianças sem acesso à educação de qualidade”, explicou por ocasião da apresentação do seu projeto social. Em relação à sua terra-natal, a cantora tem dedicado parte do trabalho a “transmitir uma mensagem através dos meios de comunicação internacionais a Governos e aos políticos para promoverem a educação na primeira infância”.

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Neymar e Lucas juntaram-se à Unicef

— Neymar e Lucas, brasileiros, jogadores de futebol, juntaram-se à campanha da UNICEF. O compromisso de lutar contra a discriminação e a favor da infância faz parte dos novos desafios dos jovens atletas da seleção do Brasil. A iniciativa do Fundo das Nações Unidas já mobilizou outros jogadores que vão participar no Mundial de Futebol, como Messi ou Forlán. Com o lema “com a tua assinatura, quem ganha são as crianças”, a organização espera conseguir a rubrica de milhares de pessoas em toda a América Latina que apoiem a causa.

‘Estrelas’ em responsabilidade social da FOX

— Nos Estados Unidos a campanha da Fox teve como protagonistas o realizador Peterv Jackson, o ilusionista David Copperfield e a banda de rock “The Black Keys”. O objetivo da campanha consiste em incentivar a doação de sangue, através da mobilização dos fãs da série “Walking Dead”, que será transmitida pelo canal de televisão Fox. A mesma ação foi reproduzida em Portugal com atores e atletas lusos. O mote da campanha consiste na mensagem de que para os “zombies” já é tarde, mas que os ‘vivos’ ainda vão a tempo de doar sangue. A escolha desta série em prol da responsabilidade social do canal deve-se ao facto de se tratar de um público que geralmente adere pouco a este tipo de iniciativas.



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OBRIG ADO! TODOS JUNTO S SOMOS MELHO RES … Especial Responsabilidade Social

Guia para SER

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