Indústrias Químicas e o Meio Ambiente

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podem distribuir, evitar, controlar e legitimar as conseqüências dos riscos que acompanham a produção de mercadorias: tecnologia nuclear e química em grande escala, engenharia genética, ameaças ao meio ambiente, a escalada de armamentos e o crescente empobrecimento da humanidade que vive fora da sociedade industrial ocidental.

De acordo com Beck (2006), as sociedades modernas se deparam com os princípios e limites do seu próprio modelo na medida em que não se transformam, não refletem sobre as conseqüências e mantém uma política industrial do “mais do mesmo”. O autor considera que a transformação das conseqüências não desejadas da produção industrial em fonte de problemas ecológicos globais não é em absoluto, um problema do mundo que nos rodeia, ou seja, não é um dos denominados “problemas ambientais”, e sim uma crise institucional da própria sociedade industrial. Para Beck (2006) na sociedade de risco, o reconhecimento da incalculabilidade dos perigos produzidos pelo desenvolvimento tecnoindustrial impõem a auto-reflexão sobre os fundamentos do contexto social e uma revisão das convenções e princípios predominantes de racionalidade. Segundo o autor, na auto-concepção da sociedade de risco, a sociedade se faz reflexiva (no sentido estrito da palavra), ou seja, se converte em um tema e em um problema para si mesma. Desta forma, segundo Beck (2006) a sociedade de risco tende a ser ao mesmo tempo, uma sociedade autocrítica: Os especialistas em seguros contradizem os engenheiros especialistas em segurança. Enquanto os últimos declaram risco nulo, os primeiros consideram que se trata de um risco não assegurável. Os especialistas são relativizados ou destronados por não especialistas. Os políticos encontram a oposição das iniciativas cidadãs; a gestão industrial, a das organizações de consumidores. Os grupos de auto-ajuda criticam as burocracias. Em última instância, as indústrias responsáveis pelos danos (por exemplo, a indústria química responsável pela contaminação marinha) devem inclusive esperar encontrar a resistência de outras indústrias afetadas (neste caso, a pesca e as empresas que dependem do turismo costeiro). Estas podem desafiar, inspecionar, inclusive corrigir as primeiras.

Para Beck (2006, p. 128) ao longo da história mundial surgiram e desapareceram muitos candidatos a sujeito da crítica social: a classe trabalhadora, a inteligência crítica, a esfera pública, movimentos sociais das mais diversas tendências e composições, as mulheres, as subculturas, os jovens, entre outros.


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