Mídia e Direitos Humanos 232
O outro lado do balcão Norman Gall é jornalista e diretor executivo do Instituto Fer-
rem uma boa imagem e daí surgiu esse jargão, que não
nand Braudel de Economia Mundial. Foi editor correspondente
está muito bem definido. Eu prefiro não utilizar essa
da revista Forbes em São Paulo e consultor da Exxon Corpora-
palavra, prefiro focalizar nas ações específicas das em-
tion, do Banco Mundial e das Nações Unidas. Tem reportagens
presas. Eu posso acrescentar que muitas corporações
publicadas no New York Times, Washington Post, The Eco-
criam institutos com incentivos fiscais e depois se di-
nomist, The Observer e Le Monde, entre outros.
zem socialmente responsáveis. Mas acredito que essas instituições não fazem muito mais do que pagar sua
Que avaliação pode ser feita sobre a cobertura que veí-
própria burocracia. Embora, é preciso reconhecer, mui-
culos especializados em economia dedicam à interface
tas empresas façam esforços importantes nessa área
entre Setor Privado e a agenda dos Direitos Humanos?
– mas é, de maneira geral, uma coisa bastante vaga.
O respeito aos Diretos Humanos já é cumprido em quase todos os setores da sociedade, e a imprensa, geralmente, faz
Seria viável a implantação de taxas sobre o movimento
papel vigilante em relação ao tema. Tanto a imprensa relati-
internacional de capital, como a Taxa Tobin, para ajudar
vamente conservadora, quanto a imprensa de esquerda. Há
a equalizar os efeitos da globalização?
quem diga que veículos como Valor Econômico, O Estado de S.
Eu acho que a Taxa Tobin é uma idéia nobre, descartada pe-
Paulo e outros jornais têm um lado vigilante bastante forte.
los economistas. Ela poderia aumentar os custos de transferências e movimento de capitais, e realmente promover
O que as corporações transnacionais devem levar em con-
um efeito positivo. Entretanto, quando se fala em “equalizar
sideração ao implantarem práticas de responsabilidade
efeitos da globalização”, há uma questão que precisa ser ob-
social em lugares como o Brasil, que tem um contexto social
servada. Não encaro a globalização como um mal. Acho que
bastante diferente do dos Estados Unidos, por exemplo?
é positiva, ela tende a produzir igualdade e não desigual-
Na minha opinião, responsabilidade social virou um
dade. Se a globalização estivesse produzindo desigualdade,
jargão de relações públicas das empresas. De modo ge-
não teria o surgimento da Índia, da China atual e, inclusive,
ral, elas fazem o esforço de se tornarem boazinhas e te-
do Brasil – países beneficiados por esse processo.