Mídia e Direitos Humanos

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O outro lado do balcão Norman Gall é jornalista e diretor executivo do Instituto Fer-

rem uma boa imagem e daí surgiu esse jargão, que não

nand Braudel de Economia Mundial. Foi editor correspondente

está muito bem definido. Eu prefiro não utilizar essa

da revista Forbes em São Paulo e consultor da Exxon Corpora-

palavra, prefiro focalizar nas ações específicas das em-

tion, do Banco Mundial e das Nações Unidas. Tem reportagens

presas. Eu posso acrescentar que muitas corporações

publicadas no New York Times, Washington Post, The Eco-

criam institutos com incentivos fiscais e depois se di-

nomist, The Observer e Le Monde, entre outros.

zem socialmente responsáveis. Mas acredito que essas instituições não fazem muito mais do que pagar sua

Que avaliação pode ser feita sobre a cobertura que veí-

própria burocracia. Embora, é preciso reconhecer, mui-

culos especializados em economia dedicam à interface

tas empresas façam esforços importantes nessa área

entre Setor Privado e a agenda dos Direitos Humanos?

– mas é, de maneira geral, uma coisa bastante vaga.

O respeito aos Diretos Humanos já é cumprido em quase todos os setores da sociedade, e a imprensa, geralmente, faz

Seria viável a implantação de taxas sobre o movimento

papel vigilante em relação ao tema. Tanto a imprensa relati-

internacional de capital, como a Taxa Tobin, para ajudar

vamente conservadora, quanto a imprensa de esquerda. Há

a equalizar os efeitos da globalização?

quem diga que veículos como Valor Econômico, O Estado de S.

Eu acho que a Taxa Tobin é uma idéia nobre, descartada pe-

Paulo e outros jornais têm um lado vigilante bastante forte.

los economistas. Ela poderia aumentar os custos de transferências e movimento de capitais, e realmente promover

O que as corporações transnacionais devem levar em con-

um efeito positivo. Entretanto, quando se fala em “equalizar

sideração ao implantarem práticas de responsabilidade

efeitos da globalização”, há uma questão que precisa ser ob-

social em lugares como o Brasil, que tem um contexto social

servada. Não encaro a globalização como um mal. Acho que

bastante diferente do dos Estados Unidos, por exemplo?

é positiva, ela tende a produzir igualdade e não desigual-

Na minha opinião, responsabilidade social virou um

dade. Se a globalização estivesse produzindo desigualdade,

jargão de relações públicas das empresas. De modo ge-

não teria o surgimento da Índia, da China atual e, inclusive,

ral, elas fazem o esforço de se tornarem boazinhas e te-

do Brasil – países beneficiados por esse processo.


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