EDUCAÇÃO DE ESTUDANTES CEGOS NA ESCOLA INCLUSIVA: O ENSINO DE FÍSICA

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EDUCAÇÃO DE ESTUDANTES CEGOS NA ESCOLA INCLUSIVA: O ENSINO DE FÍSICA. Graziele Kelly Amaral 1 , Amauri Carlos Ferreira 2 e Adriana Gomes Dickman 2 1

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - Curso de Licenciatura em Física. (graziele.amaral@pop.com.br) 2 Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática. (adickman@pucminas.br) e (mitolog@pucminas.br)

Resumo No território das políticas públicas e em documentos nacionais e internacionais tem-se avançado muito em direção a inclusão. No espaço da escola, a inclusão social tem o seu lugar garantido por lei exigindo esforço e disposição para compreender ordenamentos epistêmicos nas áreas de saber já constituídas. Neste trabalho verificamos a metodologia utilizada nas escolas da região metropolitana de Belo Horizonte-MG no ensino para estudantes com deficiência visual, sobretudo cego na escola inclusiva. O projeto está sendo realizado com alunos cursando o 3º ano do ensino médio, ou que já o concluíram , e que buscam/buscaram apoio em centros especializados. Estão sendo identificados fatores que dificultam o aprendizado do aluno no cotidiano da sala de aula, especialmente no que se refere à área de física. Por se tratar de uma pesquisa em andamento , apresentam-se aqui seus resultados parciais.

Palavras-chave: Ensino de Física, Cegos, Inclusiva. Introdução No território das políticas públicas e em documentos nacionais e internacionais tem-se avançado muito em direção a inclusão. No espaço da escola, a inclusão social tem o seu lugar garantido por lei e exige esforço e disposição para compreender ordenamentos epistêmicos nas áreas de saber já constituídas. Na civilização ocidental conhecer se faz com o ver, então o ver é condição para conhecer. Dessa forma, ter uma deficiência visual implica em pertencer a uma cultura na qual o conhecer se confunde com uma forma de percepção que ele não dispõe. Mas que é intensificada na sociedade contemporânea, na qual tudo é pensado e produzido para ser visto. (SOUZA, 1997). O conhecimento do aluno cego é obtido principalmente através da audição e do tato, assim, para que o aluno realmente compreenda o mundo ao seu redor, devemos apresentar-lhe objetos que possam ser tocados e manipulados. Por meio da observação tátil de objetos, o aluno pode conhecer as suas propriedades físicas. Como a experiência visual tende a unificar o conhecimento em sua totalidade, um aluno deficiente visual não consegue obter essa unificação a não ser que os professores lhe apresentem experiências concretas reais e tente unificá-las por meio de explicações e de seqüências. (CAMARGO et. al., 2003). A qualidade do processo ensino-aprendizagem de alunos cegos depende diretamente da infra-estrutura da instituição. Neste trabalho verificamos a metodologia utilizada em escolas públicas de Belo Horizonte no ensino de alunos com deficiência visual, sobretudo cego na escola inclusiva. O depoimento colhido ____________________________________________________________________________________________________ http://www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/snef/xviii/

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contribui para estabelecer pistas a respeito das estratégias de ensino utilizadas pelos professores nas escolas inclusivas. A resposta foi transcrita e analisada, tendo como objetivo identificar as maiores dificuldades no ensino-aprendizagem para alunos cegos. Para este trabalho que estamos apresentando, utilizamos a entrevista prévia de um ex-aluno do Ensino Médio, relatando sua experiência escolar. O nosso principal interesse é investigar as dificuldades enfrentadas pelos estudantes no processo ensino-aprendizagem, em especial em relação à Física. Investigamos questões relacionadas ao material didático, estratégias de ensino utilizadas, suas dificuldades no processo de ensino-aprendizagem e o desempenho dos alunos na escola inclusiva. Tal perspectiva será discutida em dois momentos: da educação de estudantes cegos no ensino de Física, e análise das estratégias de ensinoaprendizagem. Da Educação de Estudantes Cegos: O Ensino de Física O processo de educação inclusiva propõe uma escola para todos, na qual todos tenham oportunidade de compartilhar o mesmo conhecimento, independente de suas necessidades educacionais específicas, visando construir uma sociedade mais diversificada e melhor para se viver. A diversidade amplia as possibilidades de construção e crescimento. O processo de inclusão visa o direito à educação de qualidade, que favoreça amplamente o desenvolvimento humano e social. Vygotsky aponta em seus estudos sobre cegueira que a educação sistemática é um marco para a ciência na área, pois, a partir dela, surge a possibilidade de constatar que a cegueira provoca no indivíduo um processo de compensação: não a compensação orgânica, mas a compreendida no processo social. (VYGOSTKY apud CAIADO, 2006, p.39)

As iniciativas e pesquisas realizadas no sentido de garantir e ampliar o acesso de pessoas com deficiência à educação será, sempre, objeto de valor e destaque. No entanto, tem -se avançado pouco em relação às discussões que envolvem o processo ensino-aprendizagem de estudantes que possuem alguma deficiência ou dificuldade de ordenamentos teóricos e práticos em relação ao saber. Este tipo de preocupação surge à medida que educadores se deparam com ausências de métodos e alternativas para o aprendizado. (FERREIRA e DICKMAN, 2007; 2008). Em particular, o ensino de Física para sujeitos portadores de deficiência visual tem sido realizado de uma maneira equivocada, cuja solução depende da investigação científica e da intervenção cientificamente embasada e avaliada. Diante deste desafio, toda iniciativa com o propósito de contribuir para a superação desse problema, certamente, é de grande importância. (NEVES et. al, 2000). Sob o enfoque educacional, a cegueira leva o indivíduo a necessitar de instrumentos tais como o método Braille 1. O fato do aluno já o conhecer facilita muito o processo de ensino-aprendizagem. O que se tem notado, porém, é que nem todos os estudantes cegos dominam esse método. 1

O método Braille é um processo de leitura e escrita em relevo, com base em 64 (sessenta e quatro) símbolos resultantes da combinação de 6 (seis) pontos, dispostos em duas colunas de 3 (três) pontos que substitui o alfabeto convencional desenvolvido por Louis Braille. ____________________________________________________________________________________________________ http://www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/snef/xviii/

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A pessoa com deficiência visual apresenta uma forma peculiar de aprendizagem, como também de assimilar o real, isso implica que para construir seus conceitos, o aluno cego ou de baixa visão precisa de mais tempo para vivenciar, aprender e conseqüentemente organizar suas experiências (MEDEIROS et. al, 2007; FERREIRA & DICKMAN, 2007; 2008). A pessoa com baixa visão ou visão reduzida2 também necessita de recursos didáticos e equipamentos específicos para que ocorra aprendizado. Os recursos de acesso à prática da leitura e escrita são os impressos em tinta ampliados. Os materiais didáticos devem ser resiste ntes e acessíveis. As figuras e ilustrações devem ser em relevo, legendadas, utilizando cores fortes e contrastantes para melhorar a visualização. O posicionamento do aluno na sala de aula deve ser adequado, de modo que o possibilite ouvir o professor (MEDEIROS et. al, 2007). No contexto atual, no ensino de física para deficientes visuais os recursos e técnicas ainda são pouco explorados. Estamos tratando de uma questão que ainda não foi investigada de forma sistemática e detalhada, em particular as pesquisas referentes aos deficientes visuais. As poucas iniciativas existentes dizem respeito a ensaios ou observações isoladas, mas nada que represente uma base de dados estruturada; e isso ocorre tanto com as questões psicológicas, como com as metodológicas ou epistemológicas (COSTA et. al, 2006). De acordo com uma análise feita por Costa et. al. (2006), o ensino de física para portadores de necessidades especiais visuais passa por diversos problemas. Os fatores que acarretam as dificuldades de aprendizagem entre esses alunos são: salas lotadas, falta de recursos adaptados, falta de salas de apoio, dificuldade de adaptação do material didático, ausência de ledores, falta de professores capacitados para atender a este público, cujos efeitos podem se estender “da frustração da curiosidade, do interesse e do fascínio do jovem pelo empreendimento científico, ao comprometimento do seu entendimento como um todo conexo.” (COSTA et al., 2006, p.1). Costa et al (2006) ainda reitera que o modelo escolar vigente é incapaz de atender a diversidade existente. Alguns conteúdos têm que ter um acompanhamento especial com o uso de experimentos e maquetes. Existem trabalhos publicados com sugestões de materiais didáticos que auxiliam no processo de aprendizagem como (MEDEIROS et. al, 2007), que sugere a confecção de uma maquete tátil para mostrar associações de resistores em série e paralelo aos alunos cegos. Outros autores também sugerem a experimentação através de materiais táteis como (BARROS, 2003; CAMARGO, 2003; CAMARGO, 2004; COSTA-PINTO, 2005; CAMARGO, 2007). Em relação ao conteúdo convencional de Física, o aprendizado de pessoas cegas está aquém ao que é exigido. A ausência de material didático para um bom desenvolvimento do processo de aprendizagem tem sido a reivindicação maior. Já foi constatado que as maiores dificuldades encontradas pelos estudantes cegos em relação às disciplinas está na visualização de gráficos, desenhos e

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A deficiência visual manifesta-se de várias maneiras: a cegueira, caracterizada por acuidade visual igual ou menor que 0,05, ou seja, perda total da visão em ambos os olhos; visão reduzida ou baixa visão, caracterizada por acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; e casos cuja somatória da medida do campo visual em ambos os olhos é igual ou menor que 60º (BRASIL, 2004). ____________________________________________________________________________________________________ http://www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/snef/xviii/

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representações diversas. No entanto, poucas iniciativas têm sido realizadas no sentido de solucionar estas dificuldades a partir do desenvolvimento de materiais didáticos de apoio. Em entrevista 3 realizada para este trabalho, constatamos novamente nas palavras do entrevistado que se houvesse materiais com desenhos em alto relevo, facilitaria bastante a fixação do conteúdo: “No ambiente físico isto varia de escola por escola. Agora em relação aos materiais eu acho que em alguns livros tinham que arrumar um jeito de fazer os desenhos em alto relevo pra poder até fixar a matéria melhor na mente entendeu por que é bem mais fácil. Assim se você for fazer um trabalho ou um exercício sobre física ou sobre matemática que tenha gráficos se você não puder ver o gráfico você vai sentir um pouco mais de dificuldade não vai. (...)”.

É interessante observar que as entrevistas e levantamentos realizados apontam o conteúdo de óptica como aquele que representa a principal dificuldade dos estudantes no Ensino Médio. Tal constatação tem nos levado a pesquisar em escolas inclusivas quais as estratégias de ensino utilizadas junto a esses estudantes. Análise das Estratégias de Ensino-aprendizagem A ampliação das habilidades e competências dos professores pode viabilizar a expansão do conhecimento. Isto é feito com base na experiência cultural, no desenvolvimento biológico e na tradição histórica da instituição escolar. Ao educador em formação ainda faltam conteúdos, disciplinas e programas que apresentem bases metodológicas , que incorpore em suas ações pedagógicas a experiência de ter um aluno cego ou com qualquer outra defic iência. Temos cada vez mais alunos cegos chegando às escolas públicas e os professores continuam saindo da graduação sem saber como trabalhar com este público. Maciel et. al., (2007) fez um estudo em três escolas municipais de MacapáAP. As escolas foram selecionadas por possuírem ou já terem possuído atendimento a alunos com deficiência visual. Participaram do estudo 53 professores de 5ª a 8ª série do Ensino Fundamental. A pesquisa identificou que 94,4% dos professores entrevistados não possuem formação es pecífica em educação especial e apenas 5,6%, possuem treinamento. Partes dos professores entrevistados não consideram que a inclusão traz benefícios ao aluno. Observe a fala dos professores: "(...) não aprendem nada. Atrasa todo o desenvolvimento da sala de aula e não aprendem, isso é uma realidade". "(...) porque o professor que trabalha com os alunos ditos normais, ele não está preparado pra trabalhar com o aluno deficiente (...)" Além da formação do professor é essencial que este receba apoio das instituições de ensino, no sentido de disponibilizar materiais didáticos, bem como recursos educacionais voltados para este público, o que configura a educação continuada de professores. Em Belo Horizonte -MG, há um Centro de Apoio Pedagógico (CAP) às pessoas com deficiência visual existente desde agosto de 2003. O CAP foi criado 3

Entrevista realizada em setembro de 2008.

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graças a uma parceria entre a Prefeitura de Belo Horizonte, o Ministério da Educação (MEC) e a Associação Brasileira de Educadores de deficientes Visuais (ABEDEV). O objetivo do CAP é prestar assistência a alunos portadores de cegueira ou baixa visão matriculados em escolas públicas da capital procurando mantê-los na escola regular, sem a necessidade de se recorrer à escola especial. O CAP também assiste professores cegos que atuam na rede municipal de ensino e disponibiliza alguns serviços para toda a comunidade de deficientes visuais da cidade, garantindo recursos tecnológicos e apoio pedagógico necessário. São produzidos no CAP textos, livros em braile e ampliados além de confecção e adaptação de materiais didáticos pedagógicos. Qualifica educadores para trabalhar com alunos cegos e com baixa visão. Realizam eventos, projetos e outras ações políticas, culturais e educativas que visem à inclusão escolar e social da pessoa cega ou com baixa visão e promove intercâmbio com outros CAPs e organizações governamentais e nãogovernamentais, locais, nacionais e internacionais que atuem direta ou indiretamente na área da deficiência visual. Representantes do CAP afirmam, no entanto, que a consciência sobre a importância da escola inclusiva ainda não está solidificada nas mentes de alguns pais e educadores, sobretudo quando a criança tem perda total de visão. É por isso que muitas famílias de crianças cegas procuram ainda o ensino especial. Como resultado, a maior parte dos alunos atendidos pelo CAP é de baixa visão. A maioria dos estudantes cegos que recorrem ao estudo especializado em Belo Horizonte tem como opção o Instituto São Rafael que é uma escola da rede estadual de ensino, especializada em educação e reabilitação de deficientes visuais, na educação infantil e no ensino fundamental. Quando estes alunos concluem o ensino fundamental eles são encaminhados para a Escola Estadual Maurício Murgel eles são incluídos em classes regulares. O Instituto São Rafael disponibiliza um apoio pedagógico, o “Itinerante” que é uma pessoa especializada no ensino de cegos que vai até a escola auxiliar o professor e o aluno. No que se refere ao material didático, o entrevistado aponta algumas alternativas que deveriam ser aplicadas para auxiliar no processo ensinoaprendizagem dos cegos não só na física, mas em todas as disciplinas. Segundo o entrevistado: “Em tudo, tudo que abrange desenhos... Ás vezes tem lá um campo magnético, tem a corrente tem o fio a corrente ta passando no fio ai ela gera um campo magnético em volta não é então ai pra vocês tem o desenho do campo e pra mim não tinha. O meu professor tentava fazer o máximo que podia e que foi possível, mas o livro pronto assim não tinha”.

Nessa primeira etapa da pesquisa constatamos que para melhor identificar a efetividade do apoio pedagógico oferecido pelos órgãos governamentais, torna-se necessário a realização de observações in loco que nos permitam estabelecer categorias analíticas que melhor esclareçam os problemas e desafios na inclusão de estudantes cegos em escolas regulares. Portanto, definimos como a segunda etapa dessa pesquisa em andamento, a observação das aulas ministradas em classes inclusivas, caracterizando a metodologia e as estratégias de ensino utilizadas pelos professores. Acreditamos que este procedimento contribuirá para a abertura das possibilidades de compreensão do processo inclusivo, orientando futuros processos de intervenção. ____________________________________________________________________________________________________ http://www.sbf1.sbfisica.org.br/eventos/snef/xviii/

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Com base na nossa investigação inicial, serão elaborados roteiros de entrevistas que serão posteriormente aplicados a professores e aos alunos cegos. Investigaremos por meio de análise de falas de alunos ou ex-alunos, professores e até funcionários da escola, que estiveram ou estão estudando a partir do funcionamento do centro de apoio pedagógico, se os materiais de apoio estão chegando às escolas, e em caso afirmativo, avaliaremos sua qualidade, tanto na opinião dos professores quanto dos alunos. Esperamos assim, a partir da análise dos dados obtidos, detectar as possíveis dificuldades no processo ensinoaprendizagem dos alunos cegos, ligadas a essas estratégias. As observações serão feitas nas aulas de Física, por ser uma das disciplinas, segundo relatos formais e informais de alunos e professores, cujos conteúdos exigem estratégias de ensino diferenciadas. Até o momento, o conteúdo de óptica tem sido apontado como aquele que apresenta maior dificuldade no aprendizado. Isso posto, esperamos que a nossa investigação identifique se a dificuldade no aprendizado de um determinado conteúdo, por estudantes cegos, é proveniente da formação de professores em relação às estratégias utilizadas, ou simplesmente uma conseqüência da natureza do próprio conteúdo, e ainda, se o apoio oferecido pelos órgãos governamentais poderia modificar essa situação. Considerações Preliminares A sociedade tem que se adaptar para poder incluir pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. Incluir o homem na sociedade é incluí-lo em sua cultura, fazer que ele participe com o outro do mundo cotidiano. Permitir que ele construa uma ordenação e interpretação dos dados do mundo real. A Educação Especial deve possibilitar da forma mais eficaz possível, o acesso da pessoa com neces sidades especiais aos instrumentos mediadores. No espaço escolar, isto significa a adaptação de metodologia de ensino, levando-se em consideração as particularidades da pessoa com deficiência. O professor precisa ser capacitado para receber alunos com deficiência, pois assim estará contribuindo na construção do conhecimento e na vida social do aluno de forma positiva. De acordo com a literatura e entrevista preliminar podemos perceber que o uso de desenhos em relevo ou qualquer outro aparato tátil pode contribuir de forma efetiva no aprendizado dos alunos cegos, principalmente nos conteúdos relacionados à física. O desenvolvimento de aparatos táteis e novas metodologias , que auxiliem no ensino de diversos conteúdos da física, principalmente óptica, são indispensáveis para aprendizagem do aluno cego, uma vez que de acordo com a literatura estudada e entrevista, mostra-se ser o conteúdo que representa o maior desafio ao professor por diversos fatores. Esperamos contribuir com essa pesquisa para o ensino inclus ivo na rede pública, em particular, proporcionando aos alunos deficientes visuais um aproveitamento significativo em relação ao processo de ensino-aprendizagem.

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Referências Bibliográficas

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