Médico em dia 145

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Duas Ăłticas sobre a saĂşde pĂşblica brasileira Ĺš Novo modelo de gestĂŁo da AMBr apresenta seus primeiros resultados Ĺš CFM e SBGG condenam prĂĄticas de medicina antienvelhecimento Ĺš Festa do MĂŠdico 2012 da AMBr: dia 20 de outubro viaje num sonho tropical $OH[DQGUH 3DGLOKD 0LQLVWUR GD 6D~GH

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Editorial

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Duas Ăłticas sobre a saĂşde pĂşblica brasileira Ĺš Novo modelo de gestĂŁo da AMBr apresenta seus primeiros resultados Ĺš CFM e SBGG condenam prĂĄticas de medicina antienvelhecimento Ĺš Festa do MĂŠdico 2012 da AMBr: dia 20 de outubro viaje num sonho tropical $OH[DQGUH 3DGLOKD 0LQLVWUR GD 6D~GH

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É uma alegria para nĂłs, editores da revista MĂŠdico em Dia, poder inaugurar essa nova fase da publicação da AMBr oferecendo a vocĂŞ, nosso leitor, uma viagem por temas tĂŁo relevantes e interessantes. Procuramos fazer uma revista diversificada, isenta e agradĂĄvel de ler, que informe, que abra necessĂĄrio espaço para o debate de temas polĂŞmicos, mas que tambĂŠm suavize a mente e alma com arte, cultura, dicas e lazer. A tĂ´nica desta edição especial ĂŠ, sem dĂşvida, a mudança, claramente espelhada na prĂłpria publicação e na entrevista com o nosso Diretor de Comunicação, Paulo Feitosa, onde ele contextualiza as mudanças dos canais com as diretrizes estratĂŠgicas da atual gestĂŁo da AMBr. Mais filosoficamente a mudança se reveste de adaptabilidade na Palavra do Presidente como uma premissa para a sobrevivĂŞncia das entidades de classe, assim como ocorre na natureza. A coluna GestĂŁo da SaĂşde, do Dr. Elias Couto, segmenta o tema, mostrando que o mercado mudou e que mĂŠdicos se tornaram empreendedores e hoje necessitam entender de gestĂŁo! A mudança estĂĄ tambĂŠm subliminarmente nas temĂĄticas polĂ­ticas, onde os interlocutores divergem em seus pontos de vista, mas nunca sobre a necessidade de mudar. A SaĂşde PĂşblica, consenso geral, precisa mudar! Ă“ticas diferentes nas entrevistas deixam para o leitor a anĂĄlise dos melhores caminhos. JĂĄ no perfil, temos a bagagem do Dr. Edson Porto, primeiro CRM de BrasĂ­lia, um pioneiro que vivenciou a construção da nova capital do Brasil no meio do cerrado. Desta feita, a mudança se chamava sonho. No campo da saĂşde a matĂŠria sobre os perigos das prĂĄticas de antienvelhecimento faz um alerta para aqueles que nĂŁo querem deixar o tempo mudar sua aparĂŞncia e fazem uso de hormĂ´nios sem efetividade comprovada. Mudanças, mudanças, cada vez mais rĂĄpidas e surpreendentes, nos deixando em meio a dĂşvidas e dilemas. Nem mesmo um livro ou um filme sĂŁo os mesmos quando o lemos ou vemos pela segunda vez, pois nĂłs jĂĄ nĂŁo somos mais os mesmos! A mudança É, nĂŁo hĂĄ como evitar. Somos afetados todo o tempo por nossas experiĂŞncias exteriores e interiores, num processo contĂ­nuo de evolução e adaptabilidade. Esperamos que gostem da revista tanto quanto nĂłs gostamos de criĂĄ-la para vocĂŞ. Uma Ăłtima leitura! Cristiane Kozovits Editora- Chefe


Dr. Luciano Gonçalves de Souza Carvalho Presidente

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Diretoria Executiva

Dr. Evaldo Trajano Filho Vice-Presidente Dr. Jorge Gomes de Araujo Diretor Administrativo

Delegados

DIRETOR RESPONSÁVEL

Dr. Carlos Jose Sabino Costa Diretor Econômico-Financeiro

EFETIVOS Dra. Edna Marcia Xavier

Paulo Henrique Ramos Feitosa

Dr. Alexandre Morales Castillo Olmedo

Dr. Paulo Henrique Ramos Feitosa Diretor de Comunicação e Divulgação

Dr. Jose Nava Rodrigues Neto

Dr. Luiz Augusto Casulari Roxo da Motta Diretor de Editoração Científica Diretor Científico e de Ensino Médico Continuado

Dr. Eudes Fernandes de Andrade

Dr. Fernando Fernandes Correia Diretor Social e de Atividades Culturais

Dr. Adalberto Amorim de M. Junior Dr. Antonio Geraldo da Silva

EDITORAÇÃO

Dra. Olimpia Alves Teixeira Lima Diretora de Relações com a Comunidade

Dr. Bruno Vilalva Mestrinho

Grifo Design

Conselho Fiscal TITULAR Dr. Márcio de Castro Morem

Dr. Carlos Alberto de Santa Ritta Filho

Cristiane Rodrigues Kozovits JORNALISTA RESPONSÁVEL Marina Gomes Barbosa (RP: 015253/2011 DF)

Dr. Sergio Tamura

REVISÃO

Dr. Aloísio Nalon Queiroz

Maria Carolina Lopes (RP: 7190/DF)

SUPLENTES

Dr. Baelon Pereira Alves Dr. Roberto Cavalcanti Gomes de Barros Dr. Roberto Nicolau Cavalcanti de Souza

FOTOGRAFIA André Muniz

COMERCIALIZAÇÃO AMBr – Glória Santana (61) 9948-6054 (61) 2195-9797

Dr. Alcides de Oliveira Dourado Filho

IMPRESSÃO

Conselho Editorial

TIRAGEM

SUPLENTE

Dr. Luciano Gonçalves de Souza Carvalho

5.000 exemplares

Dra. Elza Dias Tosta da Silva

Dr. Evaldo Trajano Filho

Dr. Alexandre Barbosa Sotero Caio

Dr. Paulo Henrique Ramos Feitosa

Dra. Alba Mirindiba Bonfim Palmeira Dr. Ognev Meireles Cosac

Dr. Bolivar Leite Coutinho %HQWR 9LDQD

EDITORA-CHEFE

Dr. Elias Couto e Almeida Filho Diretor de Planejamento

Dr. Luiz Augusto Casulari Roxo da Motta

Ideal Gráfica e Editora

Médico em Dia é uma publicação da Associação Médica de Brasília – AMBr SCES Trecho 3 Conj. 6 (61) 2195-9797 REDAÇÃO comunicacao@ambr.org.br www.ambr.org.br Revista cultural de distribuição gratuita. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.


Sumário

8 Tribuna O presidente da Comissão de Seguridade Social da Câmara dos Deputados, deputado Luiz Henrique Mandetta, faz um balanço das principais propostas em tramitação na Casa.

12 Entrevista O diretor de Comunicação e Divulgação da AMBr, Dr. Paulo Feitosa, comenta as mudanças na área de Comunicação da Associação.

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Especialidade Médica

Especial

A presidente da Associação Brasiliense de Medicina do Trabalho – Abramt, Dra. Rosylane Rocha, assina um artigo sobre os agravos à saúde do trabalhador e sua relação com as atividades laborais e com o ambiente do trabalho

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, fala do seu trabalho desenvolvido no ministério e sobre a situação da Saúde Pública do país.

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Ź Olhar Social

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Perfil

Ź Terceira Idade

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A história de Dr. Jorge Porto, o primeiro CRM de Brasília, que chegou ao que seria a nova capital no dia 04 de dezembro de 1956.

Ź Jovem Médico

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Ź Dia do Médico

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Ź Destinos

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Palavra do Presidente /8&,$12 &$59$/+2 Presidente da Associação Médica de Brasília – AMBr

Darwinismo Associativo Darwin afirmou que a evolução procede por pequenas mudanças sucessivas num processo contínuo de adaptação ao meio. Adaptar-se é uma questão de sobrevivência. De fato, a observação da dinâmica da vida nos faz concordar com Darwin quando ele diz que “não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”. No mundo das organizações temos inúmeros exemplos disso. Sólidas instituições do mercado quebraram por demorarem a perceber que o mercado mudou, que os desejos dos consumidores mudaram, que a concorrência avançava em inovação. Casos emblemáticos como a falência da Varig e do Mappin se repetem em todo o mundo e são mais frequentes na era tecnológica, onde as mudanças se aceleram.

moção à saúde, no planejamento da formação médica, na forma e oferta de saúde suplementar e em outros temas importantes para a defesa da qualidade do serviço prestado à população, acima de tudo. Algumas entidades isoladamente conseguem desenvolverse e adaptar-se, mesmo permanecendo pequenas. Criamos alguns braços fortes, mas o corpo está enfraquecido. A reflexão inadiável é a de como podemos nos adaptar aos novos tempos e superar paradigmas que não fazem mais sentido. Precisamos evoluir, promover mudanças, unir esforços e encontrar caminhos para a perenidade. Temas como certificação, qualidade do ensino em medicina, graduação no exterior, honorários médicos, tabela do SUS, regulação, novas tecnologias, protocolos, méritos e titularidade precisam de novos olhares e esse papel cabe, em grande parte, a nós, gestores e médicos que compõem as entidades de classe da área de saúde.

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As entidades associativas não escapam a este modelo de evolução: precisam adaptar-se aos movimentos sociais e perceber, dentro deles, quais os mares a navegar. O segmento de Saúde, especialmente, vem passando por metamorfoses complexas que afetam toda sua cadeia. A sobrevivência das entidades do setor depende da observação contínua das mudanças que vão se consolidando.

Em todo o país são formados cerca de 16 mil médicos anualmente, sendo que este número poderá chegar a 20 mil em 2020. Hoje atuam no Brasil 360 mil médicos, mas enquanto este número aumenta, paradoxalmente, observamos o encolhimento das entidades de classe que representam a categoria e defendem o mérito da medicina. A representatividade está enfraquecida e, com ela, esmaece nossa capacidade de intervir nas políticas públicas de pro-

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A prospecção de cenários aponta a Saúde como uma das três áreas de maior aquecimento progressivo na próxima década. Investimentos em tratamento, prevenção, tecnologia médica, qualidade de vida, pesquisa, formação e qualificação profissional serão a tônica dos próximos anos.

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Tribuna

Analisar, votar e atuar em projetos que dizem respeito à Assistência Social, Previdência, Saúde e à estrutura da família. Essa é a tarefa da Comissão de Seguridade Social da Câmara dos Deputados.

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/8,= +(15,48( 0$1'(77$ Deputado Federal

Prestes a completar seis meses à frente da Comissão de Seguridade Social da Câmara, o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM-MT) concedeu uma entrevista polêmica à Revista Médico em Dia, onde fez um balanço das principais propostas em tramitação na Casa, criticou a falta de investimentos do governo federal na saúde pública, a abertura indiscriminada de faculdades de medicina no país e a atuação no Brasil de médicos formados no exterior.

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Mandetta faz ainda um alerta a respeito do modelo de saúde suplementar brasileiro. “Esse é um sistema que está caminhando para o colapso”, afirma.

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O senhor é presidente da Comissão de Seguridade Social, qual são os principais desafios enfrentados? Essa é uma Comissão das mais antigas do Congresso Nacional. É uma Comissão que tem a competência de analisar os projetos que dizem respeito à Assistência Social, Previdência, Saúde e a todos aqueles que afetam a estrutura da família. Portanto, tem um espectro muito grande, muito vasto de atuação. Tem um número de projetos muito extenso, com grande número de audiências públicas, requerimentos, atuações e fiscalizações. O meu grande desafio é exatamente selecionar, como presidente, aqueles projetos que têm que ter um andamento mais célere, fazer essa diferenciação e dosar um equilíbrio de projetos que dizem respeito às quatro áreas de atuação.

Quais os principais projetos em tramitação na Casa na área da saúde pública? Neste ano, enquanto presidente, nós tivemos alguns projetos considerados históricos. No dia 4 de setembro conseguimos levar ao Plenário da Câmara, como projeto prioritário da Comissão de Seguridade Social, o projeto que garante uma série de inclusões aos portadores de autismo. No que diz respeito à Previdência, plano de saúde e educação, é uma carta de garantias. O autista ficava fora de muitos benefícios. Já que fisicamente ele não tem uma deformidade, ficava fora de uma série de políticas públicas. Nós tivemos também, no primeiro semestre, no caso específico da classe médica, o andamento de um projeto que está tramitando há oito anos no Congresso, que estabelece o vínculo de contrato entre os trabalhadores médicos e as operadoras de plano de saúde.


Fizemos alguns avanços no que diz respeito aos direitos das pessoas com deficiência, alinhando as políticas públicas com a convenção mundial das pessoas com deficiência. Isso influiu diretamente no novo Código de Processo Civil, onde a pessoa com deficiência não mais será taxada de incapaz. Ela passa a ter a sua responsabilidade civil. Um exemplo é o físico inglês Stephen Hawking. Pela lei brasileira, ele seria considerado incapaz, teria que ter um tutor, mas é o maior físico do mundo. O senhor apresentou também um requerimento, sugerido pelo deputado Eleuses Paiva (PSD-SP), para a Comissão de Seguridade Social e Família realizar um seminário com a finalidade de discutir a necessidade de formação de um número maior de médicos, bem como ingresso de profissionais estrangeiros ou brasileiros formados em universidades no exterior. O senhor acredita que essa é uma das soluções para a falta de atendimento nos hospitais públicos? Não, o seminário foi proposto para começar uma discussão e um posicionamento. Nós temos escutado muito o governo articulando e falando de abertura indiscriminada da atuação de médicos formados fora do Brasil. Nós temos escutado ameaças contra o Revalida, que é o exame de revalidação do diploma médico. E isso nos causa muita preocupação porque, na minha opinião, a qualidade do atendimento vai ser jogada no ralo se o Brasil assim proceder. Nós temos a responsabilidade de alertar a sociedade do risco que será uma abertura indiscriminada para atuação de médicos formado fora do país, coisa que nenhum país do mundo faz. Esse seminário foi realizado exatamente no sentido de escutar a sociedade e instrumentalizar os deputados para que eles possam ter uma posição muito clara no momento que o governo tomar essa atitude. Eu espero que não tome. Mas já existe um projeto ou uma decisão do governo? Não, o que existem são ruídos. Eu tenho escutado comentários. O governo não fez esse documento, não fez uma Medida Provisória. A gente escuta de pessoas que estão dentro do governo, que eles pensam em abrir para voluntários formados no exterior o Programa de Saúde da Família. Esses voluntários ficariam dois anos em locais determinados pelo Ministério da Saúde, tutorados por

uma universidade pública e que, ao final de dois anos, eles teriam o diploma automaticamente revalidado. Isso é o que eu tenho escutado como ruído, mas isso não é um projeto de lei, nem uma MP. Mas quando a gente vê o ministro da Saúde, em todas as ocasiões que ele vai falar sobre o tema, falar que o Brasil possui uma relação médico por habitante inferior à necessária, provocando a imprensa, saindo editoriais de terceiros dizendo que precisa de mais médico, a gente começa a se preocupar. O governo está preparando o ambiente para uma medida desse tipo. O problema do Brasil é a má distribuição, o Governo Federal não acena com uma política de estado, uma carreira de estado para os profissionais de saúde, para preencherem as lacunas da atenção básica, com vínculo qualificado, com salário em dia e bem remunerado. O Brasil não interioriza as condições da prática da medicina e quer interiorizar o médico, mas não coloca laboratório, não coloca profissionais na equipe. O médico tem que ir para o interior para fazer 100% de tudo, essa medida de abrir para médicos formados fora do país me parece uma grande enganação frente a um problema estrutural muito grande. Se você colocar o médico e não colocar as condições para a boa prática, ele vai ser um mero encaminhador de pessoas para os grandes centros. Vai aumentar a concentração de médicos nas cidades que têm algum recurso tecnológico. O Brasil tem hoje 1,8 médicos para cada 100 mil habitantes, o ministro acha que três médicos é o número ideal para 100 mil habitantes. Ou seja, o ministro quer dobrar o número de médicos. Nós somos 300 mil médicos e ele quer aumentar para 640 mil médicos. Hoje, esses 300 mil médicos que trabalham no Brasil solicitam em média, cada um, três exames por consulta. Esses 300 mil médicos solicitam em torno de 900 mil exames e temos uma fila enorme de espera para fazer um ultrassom, para fazer uma tomografia, uma ressonância, porque não temos esses recursos. Se só dobrarmos o número de médicos, vamos passar para uma capacidade de solicitação que também vai dobrar. Vamos

Se você colocar o médico e não colocar as condições para a boa prática, ele vai ser um mero encaminhador de pessoas para os grandes centros.”

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Na prática, estabelece a Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) como um parâmetro de utilização. Isso acaba com a discussão do CADE, se isso é direito econômico ou não. O projeto traz a tabela para a lei, estabelece um período anual de reajuste no contrato e coloca os direitos e deveres neste contrato. O mérito do projeto já foi discutido e aprovado. O projeto é terminativo na CCJ e esperamos que seja votado até o final deste ano. Este é um capítulo importante na luta dos direitos da classe médica.

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Tribuna LUIZ HENRIQUE MADETTA

passar para 1,8 milhões de solicitações. Ou seja, a judicialização da demanda oriunda da presença do médico vai explodir nos tribunais. Não adianta fazer um projeto isolado, ele tem que ser uma decisão política que o Brasil vai ter que fazer em um determinado momento. A sociedade vai ter que optar e os eleitos do Executivo Federal vão ter que decidir se querem fazer saúde de qualidade ou se querem continuar com essa enganação que eles estão fazendo, que é requentar sistematicamente políticas públicas de saúde.

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O senhor foi relator da Subcomissão Especial destinada a avaliar o Sistema de Saúde Complementar. Qual a sua opinião a respeito dos planos de saúde no Brasil?

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Esse é um sistema que também está caminhando para um processo de colapso porque o modelo, a proposta dele é equivocada. É um sistema centrado na doença e não na prevenção. Ele tem reajustes pela Lei 9.656/98 por faixa etária, baseado na utilização, o que penaliza muito as pessoas de terceira idade. Acima de 60, 70 anos, o preço é proibitivo. Em um país que está aumentando a expectativa de vida e que dentro de 20 anos vai ter mais pessoas acima de 60 anos do que abaixo de 20 anos, significa que não haverá renda para pagar o plano de saúde, se continuar o reajuste no patamar que está. A legislação atual desagrada os trabalhadores da saúde. Os médicos, principalmente, são os mais penalizados porque não têm contrato de trabalho, não têm dissídios, foram entregues às leis de mercado. E todas as vezes que o detentor da força do capitalismo se depara com o detentor da força do trabalho, o capital sempre leva vantagem frente ao detentor da força de trabalho. Principalmente quando a força de trabalho é desorganizada pelo ponto de vista sindical e associativo. Os consumidores batem recorde em todos os Procons do Brasil, com queixas sobre o não cumprimento de regras contratuais, e temos ainda uma Agência Nacional de Saúde que é formada basicamente com diretores oriundos das operadoras mercantis de planos de saúde, cujo objetivo é dar retorno a essas operadoras, que têm ações na bolsa de valores. Elas têm que dar lucro. Dessa forma temos um coquetel explosivo nesse setor. Fizemos uma proposição de se colocar na ANS (Associação Nacional de Saúde Suplementar) uma estrutura deliberativa, com a participação paritária desses atores, trabalhadores, operadores e consumidores, para que a gente pudesse ter uma decisão mais harmônica e não focada em dois ou três diretores. Mas o lobby das operadoras de saúde impediu que o relatório fosse sequer votado. Neste ano eu designei um grupo de trabalho para apresentar no final do ano à Comissão de Seguridade Social as suas conclusões, que passam com certeza pela revisão do Marco Regulatório da Lei Geral dos Planos de Saúde. Esse grupo de trabalho tem o prazo até novembro para entregar as suas conclusões e o deputado Saraiva Felipe (PMDB-MG) é o coordenador.

Em sua opinião, qual o maior problema da saúde pública no país? Primeiro é natural que tenha desafios porque o nosso sistema de saúde pública foi definido na Constituição de 1988. A municipalização começou de fato a ocorrer uma década depois, em 1998. Então nós temos somente 14 anos de construção do SUS (Sistema Único de Saúde). É muito pouco tempo para se cobrar para que todos os problemas estivessem resolvidos. Mas o que mais me preocupa, o que é uma pedra no sistema de saúde, é que ele tem que ter a participação dos três entes da federação: do município, do estado e da União. Quando nós fizemos a regulamentação da Emenda 29, ficou definido o percentual mínimo de investimento para municípios e para estados. A União está desobrigada de colocar qualquer percentual mínimo na Saúde. E a União vem diminuindo ano após ano a sua participação no financiamento da Saúde e transferindo os deveres de atendimento para o município sem a transferência proporcional de recursos. Isso está gerando uma insatisfação de Norte a Sul do Brasil, insatisfação da população sempre em direção aos secretários municipais e aos prefeitos. Os prefeitos estão todos no limite dos seus investimentos pela Lei de Responsabilidade Fiscal, os estados agora que estão obrigados a investirem 12% e a União está sem nenhum tipo de obrigação na saúde pública e está sem o desgaste político também pela crise da saúde pública. Então esse é o maior problema, é a gente achar espaço para que o governo federal se obrigue a investir na Saúde. O governo tem uma base aqui no Congresso Nacional de 480 deputados que só votam aquilo que o Governo Federal autoriza votar. Como não existe espaço para iniciativa parlamentar, a iniciativa da Associação Médica Brasileira, da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), das entidades de se coletar 1,8 milhões de assinaturas no Brasil afora para dar entrada em um projeto de iniciativa popular vai servir exatamente para provocar no Executivo a retirá-lo da zona de conforto em que ele se encontra hoje, optando para que, ao invés de investir os recursos na saúde, ele está investindo em trem bala, que não vai servir para produzir nada, para fazer estádio de futebol, para fazer Olimpíadas, para fazer viaduto e etc. Talvez esse seja hoje o grande problema e o grande desafio da sociedade civil organizada, deixar claro que o maior arrecadador de impostos, que é o governo federal, não pode colocar a quantidade ínfima que ele coloca na saúde, que não tem parâmetro em nenhum país com a arrecadação que temos no Brasil. O senhor acha que a Farmácia Popular teve mais impacto na saúde do brasileiro do que o genérico? Eu acho que a Farmácia Popular, para as cidades que tinham boa estrutura de medicamentos na Rede Pública, não teve grande impacto. Mas naquelas cidades onde a saúde não conseguia dar uma boa lista de medicamentos,


Nós sabemos que fazer compras de insumos e medicamentos é uma coisa bastante complicada, sob o risco de ser plicada a Lei nº 8.666. Falta gerenciamento e dinheiro ou falta muito mais dinheiro do financiamento para se atingir um padrão de qualidade no SUS? Acho que as duas coisas. Por exemplo, para se cumprir a lei 8.666 na compra de insumos e medicamentos você tem o uso do pregão eletrônico, com registro de preços que me garante o preço por um ano. Acabou-se com aquela morosidade da licitação de papel, e abriu-se a concorrência para o mundo via internet. O bom gestor de aquisição de insumos e medicamentos já optou por esse formato, que garante para ele compra em escala, barateamento de preço, formação de consórcios intermunicipais. Claramente é um processo de gestão. Agora, quando você chega ao ponto de falar que não vai comprar mais kits para laboratório, por conta de recursos de orçamento, claramente vemos a falta de financiamento, é um sistema que tem um mix dos dois, é um sistema que tem problemas de gestão e baixíssimo financiamento. Experiências exitosas de gestão existem. O que a gente não está vendo são experiências exitosa de financiamento. Recentemente a presidenta tomou uma decisão de abrir mais vagas nos cursos de medicina na Brasil, com o viés de acabar com a regionalização da categoria, com a intenção de suprir a falta de médicos em várias regiões brasileiras. Qual a sua opinião? O problema é que temos uma má distribuição. Agora com essa abertura indiscriminada de faculdades de medicina, nós hoje já pagamos um preço pela baixa qualidade do médico que está se formando. E com essa abertura indiscriminada, em locais que não têm um hospital-escola, não têm internato, não têm professores concursados, não têm profissionais qualificados para ensino, nós devemos piorar a formação médica no Brasil. Nós já tivemos no passado uma medicina de excelente qualidade, hoje nós somos uma medicina mediana, com alguns centros de alta qualidade. Com esse tipo de política nós devemos ter uma medicina crítica, abaixo do nível de qualidade desejado. O governo se esconde atrás da

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sua falta de cobrança por qualidade de ensino, não permite exames que atestem a qualidade, como é o do Conselho de Medicina de SP, para o exercício do profissional de medicina, abre faculdades sem fechar nenhuma daquelas que estão entregando profissionais mal formados, não exige investimentos em laboratórios, pesquisa, eles querem abrir as portas e dar bolsas e cotas como se medicina fosse uma atividade meramente burocrática. E não é. Medicina é uma arte, leva tempo, leva capacidade muito forte de transmissão de conhecimento pelo professor, é um curso que exige uma transformação daquele jovem que entra com o desejo de ser médico em um profissional ético, em um profissional humanizado, capacitado, motivado, coisa que o Brasil não oferece, coisa que o governo não quer discutir. O Brasil quer simplesmente fazer número. A Comissão de Seguridade Social da Câmara aprovou recentemente um projeto de sua autoria que susta uma decisão da Secretaria de Direito Econômico (SDE), do Ministério da Justiça, que proíbe o CFM, a AMB e a Fenam de promover paralisações coletivas de médicos e movimentos para descredenciamento de planos. Como foi essa decisão? Isso aí foi uma decisão tomada lá na Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça, logo no início de 2011, quando houve um dia de paralisação de advertência contra os abusos praticados pelos planos de saúde. Eles desengavetaram uma denúncia de 2002, que estava arquivada. Essa denúncia dizia respeito a uma assembléia do interior de SP. Eles tomaram esta decisão claramente influenciados pelo lobby das operadoras de planos de saúde, que provavelmente atuaram junto aos membros dessa secretaria de direito econômico. Nunca, nem na ditadura, nem na Lei Falcão, que proibia a imprensa de se manifestar, eu vi uma proibição de uma associação, de um sindicato, de um conselho, que é uma autarquia federal, nunca tinha ouvido falar de proibir de se manifestar. Isso é ditadura, é censura, isso é de péssimo exemplo para um país que quer ser democrático, vindo de um Ministério da Justiça, de um órgão ligado ao Ministro da Justiça, que devia ter o dever de zelar pela democracia. Foi um projeto de decreto legislativo para analisar esta nota e sustar os seus efeitos. Foi aprovada na Comissão de Seguridade Social e está agora na Comissão de Trabalho.

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o impacto foi muito bom para as pessoas. Me preocupa muito na Farmácia Popular a fragilidade do controle, vamos supor que sejam 10 farmácias por município, em média, seriam 50 mil estabelecimentos cadastrados, se você tiver uma fraude de mil reais por mês, você terá uma fraude que chega a bilhões ao ano. Não há nenhum tipo de controle e me preocupa muito essa falta de controle na Farmácia Popular. Ao ponto de, na sessão de 05 de setembro, na Comissão de Seguridade Social, eu ter solicitado junto com os deputados uma audiência pública pedindo esclarecimentos ao governo e solicitar um levantamento mais preciso desses números, porque em tempo de poucos recursos não dá para deixar ralos para que haja desperdício.

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Entrevista '5 3$8/2 +(15,48( 5$026 )(,726$ Diretor de Comunicação e Divulgação da AMBr

Diretor de Comunicação e Divulgação da Associação Médica de Brasília, Dr. Paulo Henrique Ramos Feitosa fez residência em Clínica Médica e Pneumologia, é especialista em Pneumologia pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e mestre em Ciências Médicas pela Universidade de Brasília. Já foi chefe do serviço de Pneumologia do Hospital Regional do Gama, coordenador de Pneumologia da Secretaria de Saúde do Distrito Federal e atualmente é diretor geral do Hospital Regional da Asa Norte.

Nesta entrevista, Dr. Paulo Feitosa vai comentar as mudanças implementadas na área de Comunicação da Associação, incluindo a remodelagem dos canais de comunicação da AMBr. Feitosa também adianta alguns aspectos da pesquisa de mercado feita pela AMBr para entender e interagir melhor com o associado. A AMBr está passando por mudanças na área de Comunicação. Quais os objetivos dessas mudanças?

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As mudanças na área de Comunicação fazem parte de uma remodelagem mais abrangente na visão e no modelo de gestão da AMBr. Buscamos a profissionalização e a eficiência operacional num trabalho detalhado desenvolvido nos últimos seis meses. Investimos na melhoria dos processos e na organização interna, mas agora chegou a hora de olharmos para fora, ou seja: de ouvirmos nossos associados e de ampliarmos nosso relacionamento com eles, além de fazer investimentos seguros na ampliação de nossos serviços. Uma pesquisa de mercado acaba de sair do forno e, a partir de seus indicadores, vamos desenvolver o planejamento estratégico de 2013. Internalizar a comunicação neste momento foi estratégico para a Associação, que precisa repensar e expandir seus canais, modernizar sua linguagem e tornar mais interativa a relação com seus associados, parceiros e com a sociedade.


Segundo a pesquisa que realizamos (que vocês vão conhecer os resultados na próxima edição), um dos canais mais utilizados pelos médicos para se informar é a internet. Por isso estamos investindo em um novo site, mais moderno, fácil de navegar e com informações dinâmicas e atualizadas. Ainda no meio digital queremos ampliar nosso acesso aos profissionais em formação, como os médicos residentes e os estudantes de Medicina e, por isso, vamos otimizar nossa comunicação no Facebook e outras redes sociais. Criamos o espaço “Jovem Médico” tanto no site como na revista para trazer informações e novidades relevantes para sua formação e cultura, na linguagem deles. A newsletter quinzenal da AMBr terá um foco mais voltado à circulação de assuntos pontuais de defesa dos interesses da categoria, com o intuito de estabelecer o debate dessas questões. A pesquisa também indicou as revistas especializadas como uma fonte de informação importante. Nesse sentido, mexemos drasticamente nas duas revistas da Associação. A nossa revista científica, a Brasília Médica, passou por mudanças de layout e, além de mais leve e bonita, virá com o miolo colorido, valorizando os conteúdos científicos que nela circulam. Já a “AMBr Revista” foi toda modificada. Agora chama-se Médico em Dia, como podem ver, e vem com um novo projeto editorial, vinte páginas a mais (agora serão 48) e periodicidade bimestral. Terá mais diversidade e mais relevância de temas. Falando na revista, por que o nome da publicação mudou e como foi feita a escolha do novo título? Mudou justamente para marcar a mudança. Queremos deixar claro que a revista é para atualização, valorização e entretenimento da classe médica, embora continue divulgando todas as atividades e serviços que a AMBr promove. É uma tarefa difícil unir as duas coisas: nossa divulgação com a notícia isenta, sem viés algum, como pretendemos trazer. Dê um exemplo. Um exemplo bom é a editoria “Ponto e Contraponto”. Ela abordará temas polêmicos de interesse da classe médica e vamos abrir espaço para que se manifeste quem é contra e quem é favor da ideia em questão, dando subsídios para o médico, nosso leitor, formar sua própria opinião. O nome Médico em Dia foi escolhido pela diretoria executiva em reunião, obtendo a melhor votação. Acreditamos que o nome reflita essa ideia de que a revista é da classe, feita para ela, que – sabemos – tem muito pouco tempo

Somos considerada uma das melhores associações médicas do Brasil. Queremos manter o título e continuar melhorando, avançando com o bom trabalho que foi feito pela gestão anterior.” e, por isso, tem que ser seletiva em suas leituras. Em textos leves vamos reunir um pouco de política, cultura, novidades científicas, oportunidades de qualificação, histórias interessantes e debates quentes em um só canal. Você falou na internalização da Comunicação na AMBr. Por que optaram por esse caminho quando o mercado cada vez mais terceiriza o que puder na gestão de uma empresa? Somos a favor da terceirização, mas em alguns momentos precisamos ir contra as tendências ao traçar diretrizes que mexam com paradigmas e cultura da instituição. Estamos na era do conhecimento e da interatividade virtual. A comunicação é mais do que nunca uma ferramenta estratégica que precisamos tratar com muita responsabilidade neste processo de mudanças que promovemos. Por ser estratégica entendemos que deve ser gerida internamente, por isso trouxemos profissionais experientes do mercado que irão trabalhar conosco na construção da imagem da Associação Médica de Brasília. Pensando em Marketing e Comunicação, qual o cenário que o senhor enxerga para 2013? Vejo que tudo que esta gestão veio trabalhando em 2012 dará frutos nos dois próximos anos. Está sendo feito um trabalho coordenado preparando a retaguarda para crescermos em todos os sentidos: mais e melhores serviços, mais oferta de qualificação e aprimoramento, reforço das parcerias atuais, mas também busca de novos parceiros para construirmos uma Associação forte e cada vez mais representativa. Somos considerada uma das melhores associações médicas do Brasil. Queremos manter o título e continuar melhorando, avançando com o bom trabalho que foi feito pela gestão anterior. Queremos também deixar um legado importante para os próximos gestores, pois a cada momento as necessidades mudam; mudam com os cenários dinâmicos da vida e, como diz nosso presidente Luciano Carvalho, na “Palavra do Presidente” desta edição, sobrevive quem sabe se adaptar as mudanças!

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Quais os canais de comunicação que a AMBr possui hoje e efetivamente quais mudanças estão ocorrendo em cada um deles?

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Cultura

Manual de Oftalmologia A Cooperativa Editora Médica da Faculdade de Medicina da UFMG está lançando a segunda edição do Manual de Oftalmologia revisto, atualizado e ampliado, em versão digital. Ź Para adquirir o livro: www.coopmed.com.br Loja virtual Manual de Oftalmologia

“Infanticídio: crime ou ficção jurídica” O médico aposentado da Secretaria de Saúde, José Ribamar Ribeiro Malheiros, lançou recentemente o livro “Infanticídio: crime ou ficção jurídica”. Utilizandose de seu conhecimento como ginecologista e bacharel em Direito, Malheiros joga luz sobre um assunto controverso, que vem dividindo a opinião de especialistas das duas áreas ao longo dos últimos 72 anos. Com informações da Secretaria de Saúde do DF

Resenha acadêmica descritiva

Com o objetivo de orientar os potenciais autores sobre como vencer as muitas barreiras na elaboração e publicação de artigos científicos, o livro aborda cada uma das etapas desse processo em 24 capítulos.

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O livro Artigos Científicos: como redigir, publicar e avaliar, de autoria do Prof. Mauricio Gomes Pereira, foi lançado recentemente pela Editora Guanabara Koogan.

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Radar

DF tem banco de células-tronco A população do Distrito Federal conta agora com um banco particular de células-tronco de cordão umbilical. Foi inaugurada, na QI 15 do Lago Sul, a primeira clínica privada que oferece o serviço de coleta, congelamento e armazenamento do material biológico. Todo o processo custa em média R$ 3,5 mil além de mensalidade anual de R$ 500 para manutenção da unidade celular.

Santa Lúcia é o primeiro hospital do DF a participar do Programa Brasileiro de Segurança do Paciente A convite do Instituto Qualisa de Gestão (IQG), o Hospital Santa Lúcia é a primeira instituição a integrar o Programa Brasileiro de Segurança do Paciente (PBSP) no Distrito Federal. “Convidamos os hospitais que se interessam ou estão trabalhando como prioridade estratégica de sua organização a assistência ao paciente com qualidade e segurança”, explica a coordenadora do PBSP, Milene Volpe. Assim, o HSL servirá de multiplicador de boas práticas de gestão da segurança do paciente, auxiliando a implantar a iniciativa nos demais hospitais da região e, assim, contribuir para os objetivos do programa, que é salvar 50 mil vidas e evitar 150 mil danos por ano.

Contra abusos praticados pelas operadoras, médicos prometem boicote a planos Entre os dias 10 e 25 de outubro, médicos de todo o país participarão de protesto nacional contra os abusos cometidos pelos planos e seguros de saúde. Para marcar o início da mobilização nacional, os profissionais realizarão atos públicos (assembleias, caminhadas e concentrações) nos estados em 10 de outubro. A partir de então, com base em decisões tomadas em assembleias locais, a categoria pode suspender, por tempo determinado, consultas e outros procedimentos eletivos por meio de guias dos convênios – sem cobrança de valores adicionais – que serão definidos como alvo pelas assembleias. As mobilizações serão articuladas pelas Comissões Estaduais de Honorários Médicos. Além de reajuste nos honorários, os médicos pedem o fim da interferência antiética das operadoras na relação médico-paciente. Também reivindicam a inserção, nos contratos, de índices e periodicidade de reajustes – por meio da negociação coletiva pelas entidades médicas – e a fixação de outros critérios de contratualização. Fonte: CFM

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Fonte: Correio Braziliense

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Radar

Convênio entre AMBr e Unicred oferece benefícios exclusivos para associados A AMBr acaba de realizar mais uma parceria importante para seu associado. O convênio com a Unicred, cooperativa de crédito criada para os profissionais da área de saúde, oferece benefícios exclusivos aos associados. Na Unicred, o médico associado da AMBr terá vantagens como: assessoria financeira, condições diferenciadas de financiamentos e empréstimos, serviços de malote, seguros, entre outros serviços.

Bactéria e novas vacinas podem livrar Brasil da dengue em poucos anos, prevê Ministério da Saúde O desenvolvimento de uma bactéria que contamina o mosquito Aedes aegypti, aliado à aplicação de vacinas contra a dengue, podem erradicar a doença no Brasil dentro de cinco a dez anos. A previsão é do secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. Enquanto as pesquisas com vacinas prosseguem em laboratórios, o desenvolvimento do método de combate com a bactéria Wolbachia já está em teste de campo na Austrália e começa a ser testada contra o Aedes aegypti, no Brasil. Os testes estão programados para 2014.

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Fonte: Agência Brasil

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Cade freia planos da Rede D`Or no DF A aquisição de participações no capital social da Medgrupo e do Hospital Santa Lúcia pela Rede D”OR foi “congelada” pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Após negociações com a autarquia vinculada ao Ministério da Justiça, a rede de hospitais assinou um Acordo de Preservação de Reversibilidade da Operação (Apro), que estipula que as empresas mantenham a administração dos seus estabelecimentos separadas até que seja concluída a análise da negociação pelo órgão. Se descumprir a determinação, a Rede D”Or terá que pagar multa de R$ 50 milhões, e os administradores dela, de R$ 5 milhões. Fonte: Correio Braziliense

A Unicred Centro Brasileira é uma cooperativa de crédito com 20 anos de história. É uma instituição financeira sólida, autorizada pelo Banco Central e parte de um sistema nacional que tem mais de 260 mil cooperados em todo o país. Fortalecer o setor de saúde é também uma das principais missões da cooperativa. Na Unicred, o cooperado tem os produtos de uma instituição financeira com as vantagens de uma cooperativa. Passa então a ser dono e não cliente em sua própria instituição. Para informações, acesse o site: www.unicredgyn.com.br


Olhar Social

AMBr faz doação ao Instituto Ápice Down Atuar com responsabilidade social é um desafio que a Associação Médica de Brasília busca em todas as suas atividades. A criação da Política de Responsabilidade Social da AMBr é um passo decisivo na sua história, que possibilita conhecer a realidade que nos cerca, assegura inserção social e a melhoria da qualidade de vida da sociedade.

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Dessa forma, a Associação entregou ao Instituto Ápice Down, no dia 04 de setembro, uma doação no valor de R$ 2.760. Os recursos foram arrecadados pela AMBr com a venda de itens da decoração da Festa Junina da Associação. O presidente da AMBr, Dr. Luciano Carvalho, ao lado da diretoria da Associação, fez a entrega da doação à coordenadora do projeto, Nádia Quadros, e à segunda secretária, Iris Quadros. O Ápice Down é um projeto do Instituto Ápice em Saúde, que desenvolve projetos sociais de promoção de qualidade de vida e saúde à população carente do DF. O grupo também viabiliza o estágio supervisionado e promove a formação humanizada de profissionais. O Instituto atende hoje cerca de 170 crianças e realiza mais de mil atendimentos ao mês. Os serviços oferecidos são: fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, pilates down, pediatria, clínica médica, psicologia, pedagogia, oficinas de aprendizagem especial e rede colaborativa de inclusão profissional (banco de talentos).

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Dia da criança

AMBr promove campanha de arrecadação de

Solidário

brinquedos para serem doados à Creche Renascer Este ano a AMBr vai comemorar o Dia da Criança de uma forma diferente. A Associação convida todos os associados para participar da campanha de doação de brinquedos para crianças carentes da Creche Renascer. A Instituição cuida de crianças de 02 a 12 anos que vivem em situação de risco no Lixão da Estrutural. Os brinquedos doados serão entregues pelos próprios sócios em uma bela festa no dia 12 de outubro na AMBr, onde teremos atividades recreativas e delícias saborosas para as crianças: brinquedoteca, oficina de balão, pintura de rosto, contador de histórias, cachorro quente, picolé, algodão doce e pipoca. Faça a doação e traga seu filho para entregar pessoalmente o presente para seu afilhado ou afilhada, no dia 12 de outubro. Entre em contato com a nossa secretaria pelo telefone: (61) 21959739 e diga que quer participar da campanha solidária do Dia da Criança.

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Conheça o Instituo Ápice pelo site www.institutoapicedown.org

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Henry Wellcome e a História da Medicina

Mary Wellcome e seu marido, Solomon Cummings Wellcome, estavam muito felizes naquele 21 de agosto de 1853. O casal, que vivia do cultivo de batatas em sua fazenda em Almond, no estado americano de Wisconsin, viu nascer seu tão esperado filho, que recebeu o nome de Henry Solomon Wellcome. Henry cresceu na dúvida se seria farmacêutico ou médico como seu tio Jacob, um conceituado clínico em Garden City, no Estado de Minnesota. Após trabalhar em uma drogaria da família, criou gosto pelo comércio e pela produção de medicamentos. Cursou então Farmácia, tendo se graduado em 1874 no Philadelphia College of Pharmacy.


Os ventos sopraram favoravelmente. Logo surgiu uma oportunidade de ser propagandista e vendedor da Caswell Hazard, uma próspera empresa farmacêutica sediada em Nova Iorque. Seu tino para negócios o fez emigrar para Londres em 1880 onde, com Silas Burroughs, seu amigo, também vendedor de medicamentos, fundou a companhia farmacêutica Burroughs Wellcome.

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Ganhando muito dinheiro produzindo remédios sob a forma de comprimidos, o que era novidade, Wellcome começou a fazer o que mais gostava. Durante suas viagens de negócios fechando contratos de venda de produtos farmacêuticos, começou a adquirir todo tipo de objetos relacionados com a história da medicina. Sem perceber, tornou-se um importante benfeitor da ciência médica. Em 1895, quando Burroughs morreu, a indústria Wellcome já estava no rumo de tornar-se uma grande multinacional.

Mesmo com família constituída, Wellcome não parava de viajar, negociando medicamentos e comprando objetos médicos de colecionadores e antiquários. Para abrigar sua já enorme coleção de peças médicas antigas, Wellcome criou, em 1913, na 54 Wigmore Street, o Museu Wellcome de História da Medicina. Wellcome divorciou-se em 1916, tendo Syrie, à época uma conceituada decoradora em Londres, passado a viver com o conhecido escritor William Somerset Maugham. Como o acervo do museu continuava crescendo Wellcome construiu um amplo e imponente prédio no número 183 da Euston Road, o Wellcome Building, onde desde 1932 encontra-se aberta para pesquisas e visitação pública a Wellcome Collection. Esta abriga, em seu espaço, as exposições de história da medicina denominadas Medicine Man e Medicine Now. O Wellcome Building acolhe também, em seu interior, uma livraria, um café, um espaço gourmet, um centro de conferências e uma biblioteca com mais de dois milhões de itens, incluindo-se papiros egípcios com prescrições médicas, manuscritos árabes sobre medicina e cerca de cem mil gravuras, pinturas e desenhos concernentes ao mundo médico, sendo alguns do século XIV. O acervo da galeria Medicine Man é composto de aproximadamente quinhentos mil objetos, dentre os quais estão um desenho anatômico de Leonardo da Vinci, um desenho de Van Gogh que retrata seu médico Dr. Gachet,

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cadeiras de parto, bonecas chinesas de diagnóstico, serras de amputação e próteses dos séculos XVIII e anteriores e curiosidades como a bengala de Charles Darwin e a escova de dentes de Napoleão Bonaparte. Henry Solomon Wellcome faleceu em 25 de julho de 1936 tendo seu corpo sido cremado em Londres, conforme seu desejo. Em 1976, a Fundação Wellcome fez um acordo com o Science Museum, de Londres e transferiu para este boa parte do seu acervo de modo que o Science Museum pudesse abrigar, nos seus últimos andares, uma extensão do Museu Wellcome de História da Medicina. Dentre os mais de cinco mil objetos expostos na ala de História da Medicina no Science Museum, estrategicamente localizado na Exhibition Road, no luxuoso bairro de South Kensington, destacam-se um preservativo condon Paragon reutilizável, fabricado em 1948 por Georges Ltd., um dos microscópios usados por Louis Pasteur em suas pesquisas, uma mecha de cabelo de Edward Jenner, considerado o pai da vacina antivariólica, seringas metálicas de 1600, um protetor peniano metálico antimasturbação do século XIX, espéculos vaginais de bronze do ano 100 a.C. e instrumentos cirúrgicos romanos do ano 200 a.C. dentre outros objetos. Graças ao espírito empreendedor e de colecionador de Henry Solomon Wellcome, Londres abriga atualmente um dos melhores e maiores acervos sobre História da Medicina do mundo. No dizer de Wellcome, todos os que gostam de História da Medicina são wellcome à Wellcome Collection.

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Foi no ano de 1901, já chegando aos 48 anos de idade, que Wellcome decidiu-se pelo matrimônio. Casou-se com Syrie Barnardo com quem teve, dois anos depois, seu filho Henry Mounteney Wellcome.

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Terceira Idade

CFM e SBGG condenam práticas da medicina antienvelhecimento Na tentativa de retardar os efeitos do envelhecimento, muita gente recorre aos hormônios. A prática, conhecida como antienvelhecimento ou “antiaging”, consiste em inserir doses extras de hormônios junto com vitaminas e oxidantes. O problema é que faltam evidências científicas que justifiquem o uso. A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) afirma que não há provas científicas para recomendar o uso de hormônios com finalidade de antienvelhecimento. Para o Conselho Federal de Medicina (CFM), não há comprovação de vantagens da prática, usada de forma crescente tanto por jovens adultos quanto por idosos.

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Entre os hormônios usados com essa finalidade, estão o do crescimento, a melatonina e o cortisol. Em alguns casos, são oferecidos hormônios “bioidênticos”, com estrutura igual ao do hormônio natural e que seriam menos danosos.

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Sobre o hormônio de crescimento GH, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia considera que as evidências sugerem que o seu uso em longo prazo apresenta mais riscos do que benefícios. De acordo com a SBGG, não há evidências científicas confiáveis de que hormônios também chamados de bioidênticos sejam mais seguros do que os tradicionais estrogênio e progesterona. A entidade informa ainda que os hormônios tradicionais são apenas recomendados para sintomas da menopausa, na menor dose possível, devido aos riscos no uso a longo prazo. Também podem ser utilizados no hipogonadismo masculino, na forma de reposição do hormônio testosterona.

O CFM e a SBGG estão atentos à pratica e apuram denúncias contra profissionais que oferecem tratamentos não reconhecidos pelo Conselho. A médica geriatra Dra. Elisa Franco de Assis Costa responde às principais dúvidas sobre o assunto: Os hormônios diminuem com a idade, repô-los não seria uma boa intervenção para prevenir o envelhecimento? Diversos hormônios diminuem com a idade, mas não existe comprovação de que isso cause o envelhecimento. Talvez seja apenas a conseqüência. Pesquisas científicas comprovam que a reposição de hormônios pode modificar algumas alterações do processo do envelhecimento, mas é incapaz de revertê-las. Um exemplo é o hormônio do crescimento, que pode aumentar um pouco a massa muscular, mas não melhora a função muscular e nem a qualidade de vida das pessoas. Pode haver um bem estar inicial, mas os efeitos de longo prazo são muito ruins, podendo ocasionar dores articulares, aumento de órgãos, síndrome do túnel do carpo e até precipitar diabetes


Quando os hormônios devem ser prescritos? Quando houver deficiência clínica e laboratorialmente comprovada. Não serve testes duvidosos como o do cabelo ou da saliva. Lembrando que nesses casos de deficiência, estará se tratando uma doença e não o envelhecimento. Hormônios podem ser usados para tratar algumas doenças e não as deficiências. Os corticóides, por exemplo, por terem efeitos antiinflamatórios, são usados para tratar reumatismos, tumores e amas. A geriatria não seria preconceituosa com relação a esses tratamentos? Não, a geriatria busca o bem estar e a melhora da capacidade funcional das pessoas com o envelhecimento. No entanto, recomenda tratamentos com comprovação científica de eficácia e segurança. Não há comprovação de que hormônios, vitaminas, procaína, quelação e antioxidantes revertam o envelhecimento e existe a comprovação de que podem causar danos à saúde. Isso obedece aos princípios bioéticos que norteiam a prática médica. Com relação a antioxidantes, vitaminas, quelação, inclusive com EDTA, e a procaína, como fica a situação dos tratamentos antienvelhecimento com essas substâncias? A situação é clara, não existe comprovação de que sejam eficazes para retardar o envelhecimento. Tanto que a resolução do CFM nº 1938/2010, no seu artigo 9º, veda ao médico a prescrição procaína e outras substâncias como medicamento antienvelhecimento. E a reposição de hormônio feminino na menopausa, qual é a situação atual? A reposição de hormônio feminino na menopausa está indicada para tratamento dos sintomas do climatério e, em raros casos, para tratar a osteoporose. Entretanto, por curto período de tempo e com controle para câncer de mama e endométrio e para doenças cardiovasculares e problemas trombóticos e a formação de coágulos nas veias. E a reposição hormonal masculina? O hormônio masculino declina com a idade, mas isso não indica que tenha que ser reposto. A sua reposição é reco-

A geriatria busca o bem estar e a melhora da capacidade funcional das pessoas com o envelhecimento” mendada em casos de deficiência comprovada com a dosagem hormonal e com a presença de sintomas que possam ser revertidos pela reposição. É importante frisar que a dosagem deve estar abaixo do normal para a idade. Homens que recebem reposição hormonal devem ter cuidado com a próstata, com a piora da apneia do sono, problemas cardiovasculares e aumento dos glóbulos vermelhos do sangue. E o DHEA? Este é um hormônio produzido pelas glândulas adrenais e é precursor de outros hormônios. Existem indicações muito restritas na insuficiência dessas glândulas ou da hipófise. Não retarda o envelhecimento e pode ter efeitos adversos, apesar de ser vendido como suplemento alimentar nos EUA. No Brasil, sua venda ainda não é autorizada pela ANVISA. Assim como a venda da Melatonina, também usada nesses tratamentos antienvelhecimento. Existem prescrições de ocitocina e HCG? A ocitocina é o hormônio que faz a mulher dar leite para amamentar, o útero contrair e estaria relacionado a um comportamento mais sensível em homens. Não existem evidências de outras indicações que não estimular a contração uterina e a lactação. O HCG é o hormônio da gravidez. Não existem evidências de que possa ajudar a emagrecer ou melhorar o envelhecimento. E seus efeitos em pessoas saudáveis, principalmente do sexo masculino, são desconhecidos, podendo levar ao desequilíbrio de outros hormônios e até cânceres, pois existem inúmeros cânceres hormônio-dependentes. Os biodênticos são mais seguros? Não há comprovação de que sejam mais seguros. Aliás, podem causar todos os efeitos adversos de hormônios não chamados de biodênticos, tanto que as bulas desses tipos de preparações, nos países onde são liberadas, contém as mesmas recomendações de efeitos adversos que as bulas dos hormônios não-biodênticos. O que pode ser feito para o envelhecimento saudável? Alimentação saudável, exercícios, combate a vícios como tabaco e álcool, prevenção e controle de doenças, prevenção de acidentes e quedas, uso parcimonioso e com indicação médica de medicamentos, manter a mente ativa, estreitar laços familiares e sociais.

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em indivíduos predispostos. Existem ainda evidências da associação de níveis elevados de alguns hormônios com o câncer e nenhum estudo de longo prazo mostra a segurança do uso de hormônios para pessoas saudáveis. Não se sabe se esse uso prolongado pode aumentar os casos de câncer, mas, pela evidência de que entre pessoas com níveis elevados de alguns hormônios haja mais casos de câncer, essa probabilidade da reposição ocasionar câncer deve ser sempre lembrada.

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Gestão da Saúde (/,$6 &2872 ( $/0(,'$ ),/+2 ‡ Coloproctologista, especialista em cirurgia minimamente invasiva. Diretor de Planejamento da AMBr

DR. ELIAS COUTO E ALMEIDA FILHO *UDGXDomR HP 0HGLFLQD SHOD 8QLYHUVLGDGH )HGHUDO GD %DKLD ² 8)%$ 5HVLGrQFLD 0pGLFD HP &LUXUJLD *HUDO SHOD )XQGDomR +RVSLWDODU GR 'LVWULWR )HGHUDO H &RORSURFWRORJLD SHOD 8QLYHUVLGDGH GH %UDVtOLD ² 8Q% 7LWXODU H (VSHFLDOLVWD HP &RORSURFWRORJLD SHOD 6RFLHGDGH %UDVLOHLUD GH &RORSURFWRORJLD ² 76%&3 7LWXODU H (VSHFLDOLVWD HP 9LGHRFLUXUJLD SHOD 6RFLHGDGH %UDVLOHLUD HP 9LGHRFLUXUJLD H 6RFLHGDGH /DWLQR $PHULFDQD GH 9LGHRFLUXUJLD ² 62%5$&,/ $/$&( (VSHFLDOLVWD HP (VWUDWpJLD (PSUHVDULDO FRP rQIDVH HP ,QVWLWXLo}HV GH 6D~GH SHOD )XQGDomR *HW~OLR 9DUJDV ² )*9 3UHVLGHQWH GD 6RFLHGDGH %UDVLOLHQVH HP 9LGHRFLUXUJLD ² 62%5$&,/ ² ')

Nas Ăşltimas dĂŠcadas, os profissionais de SaĂşde e em particular a classe mĂŠdica vĂŞm transformando o seu perfil tĂŠcnico e cientĂ­fico em gestores do prĂłprio negĂłcio. NĂłs mĂŠdicos nos agrupamos em sociedades empresariais para formarmos clĂ­nicas especializadas em prestação de serviços de saĂşde, sem qualquer preparo sobre a administração de uma empresa. Para esse neoempresĂĄrio, exigem-se a cada dia vĂĄrios conhecimentos de administração, finanças, controladoria, gestĂŁo de pessoas, marketing, tecnologia de informação, etc. Essa necessidade de adquirir novos conhecimentos em gestĂŁo e estratĂŠgia empresarial advĂŠm das obrigaçþes impostas pelo mercado, onde somente sobrevive nesse negĂłcio quem se profissionaliza. Como se nĂŁo bastasse toda a preocupação com a qualidade profissional e os avanços tecnolĂłgicos no exercĂ­cio da profissĂŁo, agora evoluĂ­mos de um simples consultĂłrio (pessoa fĂ­sica) para o status de pequenos e mĂŠdios empresĂĄrios do segmento da saĂşde, um mercado exigente de qualidade e cada vez mais competitivo. Inauguramos na Revista MĂŠdico em Dia da AMBr uma coluna voltada para a gestĂŁo e o empreendedorismo em saĂşde, onde discutiremos temas relevantes como: a) os aspectos ĂŠticos e profissionais do mercado da saĂşde suplementar, tambĂŠm conhecida como “medicina privadaâ€?; b) a qualidade de vida do profissional e a interface empresarial com o seu consultĂłrio ou clĂ­nica, que responde hoje pelo seu principal rendimento mensal e por isso carece uma eterna busca de qualidade; c) a relação societĂĄria, os aspectos administrativos gerais e especĂ­ficos como marketing, inovação tecnolĂłgica e mercadolĂłgica; d) geração de talentos para trabalhar nesse segmento tĂŁo especializado e a educação continuada especĂ­fica para gestores da cadeia tĂĄtica e estratĂŠgica. Estamos no momento de discutir e implantar açþes administrativas no gerenciamento de nossas clĂ­nicas, considerando-as sempre como um negĂłcio que precisa ser rentĂĄvel e permanente em meio ao bom exercĂ­cio da profissĂŁo. Estamos passando do tempo de estabelecer uma cultura de qualidade no atendimento ao nosso cliente e enxergar quais benefĂ­cios lhes oferecemos. Por fim, sugerimos repensar nossas empresas como socialmente responsĂĄveis, como geradoras de bons serviços para comunidade e qual o nosso posicionamento atual e futuro no mercado que vivemos.

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GestĂŁo mĂŠdica: onde estamos?

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Jovem Médico

Tanto os profissionais quanto pacientes descobriram que os apps móveis podem fornecer uma maneira rápida e eficiente para manter contato e trocar informações. No final, os aplicativos que se destacam são os que fornecem serviços necessários e tornam tanto médicos quanto pacientes mais produtivos.

APLICATIVOS QUE TODO RESIDENTE DEVE TER: Para quem também está na residência e vive na correria, com vários pacientes e muita papelada pra resolver, nada como ter a sorte de viver na era dos smartphones e ter vários aplicativos para ajudar!O blog Médico Nerd listou os principais aplicativos para você:

Sanford Guide Antimicrobial Therapy – O maior guia de antibióticos há décadas, o Sanford Guide é bem mais acessível no iPhone do que na sua versão impressa! A busca é mais fácil e a leitura mais prática. É realmente essencial para todo residente seu único problema é o preço: 29,99 dólares na App Store. CID-10 Pro – CID-10, mais um livro volumoso e de difícil uso, que ficou bem mais acessível na forma de aplicativo! Há várias opções de aplicativos para consulta do CID-10, mas esse da Medphone é a melhor opção: gratuito, layout agradável e busca facilitada! Está disponível na App Store gratuitamente. Tabela SUS Pro – Esse é essencial principalmente para quem faz alguma residência cirúrgica! Tem toda a tabela completa de procedimentos, Medicamentos e OPM do SUS. Mais um aplicativo da Medphone que se destaca entre outros sobre o mesmo tema, o Tabela SUS Pro tem layout agradável e busca facilitada, permitindo salvar seus procedimentos favoritos. Está disponível na App Store por 1,99 dólares. MedCalc – Esse provavelmente é o aplicativo médico mais famoso e essencial de todos os tempos! Carro chefe do uso do Palm, também é destaque no iPhone! Tem basicamente 99% das calculadoras que um médico pode precisar no seu dia-a-dia e realmente facilita nossa vida! Está disponível na App Store por 0,99 dólares. Dropbox – Para quem ainda não conhece, o Dropbox é um serviço online gratuito que permite que você salve seus arquivos na “nuvem”. Dessa forma, eles podem ser acessados no seu iPhone, iPad ou qualquer computador! Então, com o Dropbox, você pode salvar escalas de plantão, artigos, livros, entre outras coisas online. Com o app de iPhone, você pode visualizar arquivos tanto .pdf como formatos de Word e PowerPoint. O aplicativo do Dropbox está disponível gratuitamente na AppStore e é preciso um cadastro online para começar a usar o serviço.

PREPARE-SE: AS PROVAS PARA RESIDÊNCIA MÉDICA ESTÃO CHEGANDO! Só quem já fez prova de residência médica sabe como o processo é longo, difícil e caro! USP, Santa Casa, Unicamp, entre outras importantes instituições realizam as suas provas no mês de novembro. É hora de você se organizar! São muitas datas e muitos detalhes, por isso é importante fazer uma tabela para acompanhar todos os calendários.

O blog Médico Nerd preparou uma série de postagens sobre as etapas das provas de residência médica. Eles dão dicas para todas as etapas do processo seletivo como: preparação e estudo, inscrições e primeira fase, prova prática, currículo, entrevista, aprovação e suplência. No site Academia Médica (www.academiamedica.com.br) você encontra o calendário completo de todas as provas de Residência Médica do país. Eles mantêm o calendário atualizado de acordo com o lançamento de novos editais.

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A febre pelos aplicativos de celular e tablets chegou à área médica. Médicos incorporam os aplicativos em suas especialidades para serem mais efetivos. Pacientes os usam para monitorar aspectos específicos de sua saúde, preencher falhas no cuidado e ter mais responsabilidade pelo seu bem-estar.

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Especial

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$/(;$1'5( 3$',/+$ Ministro da Saúde

Um ano e meio após tomar posse no Ministério da Saúde, quais foram as principais mudanças feitas na Saúde do país?

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O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, concedeu entrevista à Revista Médico em Dia onde fala dos projetos implementados desde que assumiu a pasta, faz uma análise da situação da saúde pública brasileira, dos principais projetos do governo federal para a área da 28

saúde e de combate ao crack.

A saúde pública deve, pode e precisa melhorar, e estamos assumindo a responsabilidade de liderar o processo em busca de uma saúde pública de qualidade. Por isso, desde o ano passado, lançamos programas e medidas que estão contribuindo cada vez mais para reduzir as filas nos hospitais e o tempo de espera por um atendimento de qualidade. Dentro dessa perspectiva, estamos ampliando a quantidade de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs 24h) pelo País. Elas oferecem consultas e tratamentos intermediários e podem resolver ali mesmo 97% dos casos que chegam por lá sem a necessidade de encaminhamento para um hospital. Essa é uma de nossas apostas para descongestionar as filas dos hospitais. Outra estratégia lançada por nós para reduzir o tempo de espera e garantir o atendimento ágil e humanizado aos pacientes é o S.O.S Emergências. Esse programa visa qualificar e melhorar o atendimento e o acesso aos serviços de urgência e emergência no Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje, 12 hospitais de grande porte de nove capitais fazem parte do programa. Queremos que essa iniciativa alcance, até 2014, os 40 maiores prontossocorros brasileiros, abrangendo todos os 26 estados e o Distrito Federal. Também contribui com a redução das filas nos hospitais de emergência o programa Melhor em Casa, que, quando há indicação médica, presta assistência ao paciente em sua própria residência, desde que haja o seu consentimento e da família. Até 2014, vamos implantar equipes de atenção domiciliar em todas as regiões do País. O senhor está satisfeito com o Orçamento da Saúde? Os recursos têm sido suficientes para financiar os programas do Ministério? A Saúde precisa de um progressivo aumento de recursos e governo federal está mantendo um crescente aporte de recursos ano a ano. O orçamento federal do setor subiu de R$ 28,3 bilhões, em 2002, para R$ 44,3 bilhões, em 2006, para R$ 67,4 bilhões, em 2010, e para R$ 91,7 bilhões, em 2012. Além disso, a regulamentação da Emenda Constitucional 29, no ano passado, estabeleceu fontes permanentes e estáveis de receita para a Saúde e definiu quais os gastos que podem ser incluídos na conta do setor. Isso trará maior transparência e controle sobre os recursos


Desde o início do governo Dilma, seis ministros foram demitidos por suspeita de corrupção. O que o seu ministério vem fazendo para conter os desvios de dinheiro? Compromisso do gestor e direito da sociedade, a transparência e o controle social são ferramentas que têm atenção no Ministério da Saúde. Desde o ano passado, o ministério vem ampliando os mecanismos de controle sobre os repasses de recursos federais. Por meio do Fundo Nacional de Saúde (FNS), foram transferidos em 2011 mais de R$ 44,3 bilhões aos estados e municípios. Para aperfeiçoar o monitoramento e fiscalização destes recursos, o ministério tomou uma série de medidas que vão desde a regularização dos fundos de saúde ao veto a transações financeiras “na boca do caixa” e criação de portais de transparência. Por meio do Decreto Presidencial 7.507, publicado em junho, o governo federal definiu que os municípios brasileiros só podem receber verbas através de contas específicas para a saúde. O decreto vetou o saque em espécie, “na boca do caixa”, e ainda determinou que, para efetuar os pagamentos, as prefeituras têm de fazer depósito direto nas contas de seus fornecedores e prestadores de serviços. Desde o ano passado, o Ministério da Saúde também lançou o Portal Saúde com Mais Transparência (www.transparencia. saude.gov.br), que divulga as transferências de recursos do ministério a estados e municípios, tanto por repasses diretos quanto por convênios. Lá , o cidadão vai encontrar informações sobre as licitações em curso, planos e relatórios de gestão da União, dos estados e dos municípios. Como promover regras nacionais para um país tão heterogêneo? O Ministério não promove regras e sim políticas em várias áreas de saúde de forma a ser replicadas pelos Estados e Municípios, que têm autonomia na gestão. As discussões e implementações de programas e ações são pactuadas em Comissões bipartites, tripartites. Que pontos positivos você destacaria na sua gestão no quesito humanização? Humanizar é dar acolhimento, é atender ao indivíduo, com foco às suas necessidades. Desde 2003, nós temos a Política Nacional de Humanização para efetivar os princípios do SUS no cotidiano das práticas de atenção e gestão, qualificando a saúde pública no Brasil. Um dos programas em que a humanização do atendimento é um dos pontos de destaque do programa, o Rede Cegonha é uma estratégica consiste na mudança de modelo de atenção dado

atualmente ao parto e nascimento. Dentro da estratégia estão previstos os Centros de Parto Normal – unidades que funcionam em conjunto com as maternidades para humanizar o parto e nascimento, e contam com a inserção dos enfermeiros obstétricos na assistência ao parto de risco habitual. Por conta deste novo modelo é importante aumentar a quantidade desses profissionais disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). O que o governo federal tem feito para combater a pandemia do crack? É importante ressaltar que o termo pandemia não é correto. Pandemia é uma doença que atinge a população em escala global, o que não é o caso. Para combater o crack o ministério da Saúde vai investir por meio do programa “Crack, é possível vencer” R$ 2 bilhões até 2014. É importante ressaltar que não existe modo único para vencer a dependência química. Pensando nisso e tirando como exemplo outras experiências exitosas o Ministério da Saúde construiu uma rede de atendimento capaz de atender os dependentes químicos de acordo com o grau de dependência e tipo de droga. Eles funcionam em congruência e tem como finalidade oferecer tratamento continuado a pessoas – e seus familiares – com problemas relacionados ao uso abusivo e/ ou dependência de álcool, crack e outras drogas. O senhor é a favor de uma política em que o Estado, pró-ativamente, vá atrás desses usuários nas ruas? E como seria isso? Um dos equipamentos que compõe a rede de saúde mental do ministério da Saúde é o Consultório na Rua. São vans que circulam pela noite nos grandes centros das cidades procurando pessoas em situação de vulnerabilidade social e usuários de drogas. Nesse contato os profissionais de saúde e assistência social que trabalham nas noites apresentam a essa população um Sistema único de Saúde que elas desconhecem. Aquele que procura o cidadão para oferecer ajuda e também é um ombro amigo. Somente com a confiança dessas pessoas e pela conversa mostramos a necessidade, no caso dos usuários de drogas, de um tratamento. É simples, não é necessário força ou ação policial.

Para combater o crack o ministério da Saúde vai investir por meio do programa Crack, é possível vencer R$ 2 bilhões até 2014.”

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da saúde nos estados, municípios e no Governo Federal. O nosso esforço é assegurar mais qualidade no atendimento à população, independente da definição de mais recursos para o setor. A prioridade é fazer mais e melhor com os recursos já disponíveis.

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AMBr comemora o Dia do Médico

Evento

Outubro é mês de comemorarmos o dia do profissional que trabalha pelo nosso bem-estar, protege, cura e ajuda a manter o que nós temos de mais valioso: a vida. Em homenagem a ele, a Associação Médica de Brasília realizará, no dia 20 de outubro, a sua tradicional Festa do Médico. Pela primeira vez o evento acontecerá na Sede da AMBr, com temática tropical à beira da piscina, recebendo mais de 600 pessoas. A animação ficará por conta da Banda Sideral e do show performático de André 14 Voltas. Adriana Buffet assina o cardápio do tradicional encontro dos médicos do Distrito Federal. Os convites já estão à venda na Secretaria da AMBr e no posto da Associação montado no Centro Clínico Sul – consulte horário de atendimento pelo telefone: (61) 21959797. Valor para sócio: R$ 130 e não sócio R$ 150.

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Ponto $*$0(121 7255(6 Presidente do SindMédico-DF

Plano de carreira A criação de um plano de carreira único para todos os trabalhadores da Saúde tem sido discutida em todo o território nacional. O tema polêmico divide opiniões. Para o Conselho Nacional de Saúde (CNS), a ausência de uma carreira única é maior problema do SUS, já que a demora por atendimento nos postos de saúde poderia ser amenizada se o atendimento deixasse de ser centrado na figura do médico. Do outro lado, os médicos discordam e dizem que a medida desvaloriza a categoria que tem uma formação diferenciada das outras áreas da saúde.

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Para falar sobre o assunto, entrevistamos o presidente do SindMédico-DF, Dr. Marcos Gutemberg Fialho da Costa, e o presidente do SindSaúde-DF, Agamenon Torres. Agamenon Torres Qual a sua opinião a respeito da criação de uma carreira única de Estado para os trabalhadores do SUS? Eu sempre fui a favor da carreira única, pois vejo a saúde como um todo e acho que nenhuma categoria de servidores deve ter privilégios em detrimento de outras. Justamente para defender essa união é que participo como membro da Mesa Permanente de Negociação do SUS-DF. Você acredita que essa proposta desvaloriza a profissão médica? Não, pelo contrário. A carreira única servirá para valorizar os profissionais de saúde como um todo e melhora, no meu ponto de vista, a qualidade do serviço do SUS e assistência aos usuários.

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& Contraponto

Dr. Marcos Gutemberg Fialho da Costa Qual a sua opinião a respeito da criação de uma carreira única de Estado para os trabalhadores do SUS? Por enquanto não tem nada de concreto, existe uma negociação querendo criar um tipo de Plano de Cargos e Salários semelhante a um “carreirão”, que não concordamos. Não é interessante, mesmo porque nós conquistamos uma carreira, temos um salário diferenciado em virtude da nossa força política, das nossas conquistas sindicais e não vai ser agora que a gente vai perder tudo isso. Você acredita que essa proposta desvaloriza a profissão médica? Desvaloriza o médico mesmo porque nós temos toda uma formação diferenciada. A formação do médico é de mais de 8,5 mil horas, de outros profissionais é metade disso, além da residência. Como podemos nivelar para todos? Sem menosprezar outras categorias, temos uma responsabilidade diferenciada. Temos toda uma conquista de anos lutando aqui no Sindicato. Era assim antigamente, nós conseguimos conquistar nossa carreira, assim como outras categorias conseguiram. Não só nós avançamos, como eles também avançaram. Se tivesse continuado como era antes, nem nós tínhamos avançado, nem eles. Todos teriam tido ganhos pífios, os ganhos de cada carreira isoladamente são maiores do que se fosse uma carreira única. Cada um conquista suas peculiaridades.

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Podemos até ter uma carreira única de estado para cada categoria, mas nunca nivelar todos no mesmo patamar. Não faz sentido, pegar um médico que tem 8,5 mil horas e ter o mesmo salário que uma enfermeira com 4 mil horas, metade da formação. Mesmo porque a responsabilidade é totalmente diferente. Isso seria um retrocesso.

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'5 0$5&26 *87(0%(5* ),$/+2 '$ &267$ Presidente do SindMédico-DF


Histórias da Música Popular 5(1$72 9,9$&48$ Historiador da música popular

A Música Popular Brasileira, desde o surgimento do disco no início do século passado, veiculou nomes de produtos ligados a área farmacêutica, com ou sem finalidade propagandística. A antiga modinha O Chefe da Orchestra louvava o potencial do fortificante Jataí: “O trombone fraquejava. Tli, hi, hi. A vista disso tiveram que tomar muito JATAÍ.” O excelente letrista Aldyr Blanc, psiquiatra, acabou por abandonar a profissão revoltado com os métodos medievais nos manicômios quando estagiário. Foi bom, nosso cancioneiro saiu lucrando. Fez muito sucesso com o curativo de Dois pra lá, dois pra cá: “No dedo falso brilhante. Brincos iguais ao colar. E a ponta de um torturante band -aid no calcanhar.”

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O parceiro afinado foi João Bosco com quem criou obras primas. Da dupla com Cláudio Tolomei surge a saga de um estropiado por amor sem cura: “Olha meu bem o que restou daquele grande herói sem seu amor. Enlouqueci e ando dodói. Como Tarzan depois da gripe. De Emplastro Sabiá.” Mais adiante reforça a dose: “Maracujina já não resolve.”

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Aldyr e Bosco em Bandalhismo retornam após experiência gastronômica nada agradável: “Como os pobres otários da Central. Já vomitei sem lenço e Sonrisal. P.F. de rabada e agrião.” Para quem não conhece o Rio, a Central é a estação ferroviária do povão, cheia de botecos com comidas de ingestão arriscada. Em 1927 sua fama já não era boa como o Duque de Abramonte (é um pseudônimo) em sua música já metia a lenha. “Há sonhos que horrores dão. Da cabeleira arrepiá. Não quero que sonhes não. Que viajas pela Central. No Rio quando vou lá. Eu já vou cadáver já. Tomando por precaução. Cloroformio com limão.” Tom Zé em Jeitinho Dela é de um nonsense total: “Geladeira já teve febre. Penicilina teve bronquite. Melhoral teve dor de cabeça. E quem quiser que acredite.” Em dupla com Rita Lee algo inusitado, como em Dois mil e um: “Sou baiano e estrangeiro. Meu sangue é de gasolina. Correndo não tenho mágoa. Meu peito é de sal de fruta. Fervendo no copo d’água.” A marchinha carnavalesca de Klécius Caldas e Armando Cavalcanti fez sucesso: “Penicilina cura até defunto. Petróleo bruto faz nascer cabelo. Mas ainda está pra nascer. O doutor. Que cure a dor de cotovelo.”


Gilberto Gil recorda pílula famosa do tempo de nossos avós: “O sonho acabou dissolvendo a Pílula de Vida do Dr. Ross Na barriga da Maria.” Na sua deliciosa Canção pra Inglês Ver, Lamartine Babo fax uma mixórdia: “Elixir de Inhame. Reclame de andaime. Mon Paris, je t’aime. Sorvete de creme.” Caetano Veloso em Superbacana critica a supervalorização que virou mania: “Superbacana. Superbacana. Super-Homem. Superflit. Supervinc. Superhist. Superviva.” Em Amigo da Onça, Silvio Silva prescreve uma receita estranha: “Não é possível. Você não se comove. Vá tomar um Engove!” Volta Aldyr em parceria com a competente Suely Costa em Altos e Baixos: “Meu taxi, meu uísque. Dietil, Diempax. Ah, mas há que se louvar entre altos e baixos. O amor. Que traz tanta vida. Que até para morrer leva tempo demais.” Agora Aldyr com Giordano em New Malemolên-

cia debocha da jovem metida a moderninha: “Ela acha que é meio punk. Pós moderna, uma deusa do sol. Com um jeito de gata beleza. Junta o funk ao new besteirol. Entre a insustentável beleza. E o Almanaque mais Capivarol.” Ritchie na composição Preço do Prazer, parece meio debilitado para enfrentar uma batalha amorosa: “Nesse quarto de hotel. Nem água quente tem. É o preço do prazer. Estou na base do B12. Mas está tudo bem. É o preço do prazer.” A banda Pato Fu em seu trabalho lançado em 2005 Toda cura para todo mal tem versos desconcertantes: “Toda cura para todo mal. Está no hipoglós, mertiolate e sonrisal.”

Não é possível. Você não se comove. Vá tomar um Engove!” Amigo da Onça, de Silvio Silva

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João Bosco teve uma inspiração dolorosa para compor Benzetacil em 2003. Para curar uma infecção crônica teve que tomar o antibiótico durante seis meses: “Não conseguia nem dormir só pensando na hora da injeção. Foi horrível.” O talentoso Wilson Batista, em seu samba Diagnóstico mostra outra situação onde a ciência está de mãos atadas: “A medicina está muito avançada. Mas no seu caso não adianta nada. É incurável a sua enfermidade. Não há remédio para curar a saudade.”

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Especialidade Médica

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A Medicina do Ambiente de Trabalho Philipe Aureolus Theophastus Bombastus Von Hohenheim (1493-1541), o médico Paracelso, assim chamado por seu pai querendo demonstrar que era mais sábio do que Celso, o célebre médico de sua época, tinha personalidade controvertida. Entretanto, tornou-se conhecido por sua visão holística da medicina e foi o primeiro médico a associar a doença do bócio aos minerais da água potável, especialmente o chumbo. Considerado um dos precursores da Medicina do Trabalho, assim, inspirou Bernardino Ramazzini com sua filosofia.

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“Eu, quando pude, fiz o que estava ao meu alcance, e não me considerei diminuído visitando, de quando em quando, sujas oficinas (já que, em nossa época, a medicina tende para o mecanicismo, de certo modo, e as escolas nada mais tratam senão de automatismo) a fim de observar segredos da arte mecânica. Confio, todavia, na indulgência dos nossos nobres mestres porque é evidente que em uma só cidade, em uma só região, não se exercitam todas as artes, e, de acordo com os diferentes lugares, são também diversos os ofícios que podem ocasionar várias doenças. Das oficinas dos artífices, portanto, que são antes escolas de onde saí mais instruído, tudo fiz

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Bernadino Ramazzini, nascido em 1633, graduou-se em Filosofia e Medicina na cidade de Parma, Itália, em 1659. Foi um generalista perfeito. Autor de várias obras, foi o primeiro médico a sistematizar o conhecimento acerca da relação entre o processo de adoecimento e o ambiente de trabalho. Escreveu o livro De Morbis Artificum Diatriba em 1700, no qual descreveu doenças, sintomas, sinais que frequentemente acometiam os trabalhadores; sendo este um marco para a Medicina do Trabalho.

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para descobrir o que melhor poderia satisfazer o paladar dos curiosos, mas, sobretudo, o que é mais importante, saber aquilo que se pode sugerir de prescrições médicas preventivas ou curativas, contra as doenças dos operários. E, assim, o médico que vai atender um paciente proletário não se deve limitar a pôr a mão no pulso, com pressa, assim que chegar, sem informar-se de suas condições; não delibere de pé sobre o que convém ou não convém fazer, como se não jogasse com a vida humana; deve sentar-se, com a dignidade de um juíz, ainda que não seja em cadeira dourada, como em casa de magnatas; sente-se mesmo num banco, examine o paciente com fisionomia alegre e observe detidamente o que ele necessita dos seus conselhos médicos e dos seus cuidados piedosos. Um médico que atende um doente deve informar-se de muita coisa a seu respeito pelo próprio e pelos seus acompanhantes, segundo o preceito do nosso Divino Preceptor: “Quando visitares um doente, convém perguntar-lhe o que sente, qual a causa, desde quantos dias, se seu ventre funciona e que alimento ingeriu” são palavras de Hipócrates no seu livro “Das Afecções”; A estas interrogações devia-se acrescentar outra: “E que arte exerce?”Tal pergunta considero oportuna e mesmo necessário lembrar ao médico que trata um homem do povo, que dela se vale para chegar às causas ocasionais do mal, a qual quase nunca é posta na prática, ainda que o médico a conheça. Entretanto, se a houvesse observado, poderia obter uma cura mais feliz...” (RAMAZZINI,1700).

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cumprir a Resolução do CFM nº 1488/1998 que disciplina em seu artigo 2º: Art. 2º - Para o estabelecimento do nexo causal entre os transtornos de saúde e as atividades do trabalhador, além do exame clínico (físico e mental) e os exames complementares, quando necessários, deve o médico considerar: I - a história clínica e ocupacional, decisiva em qualquer diagnóstico e/ou investigação de nexo causal; II - o estudo do local de trabalho; III - o estudo da organização do trabalho; IV - os dados epidemiológicos; V - a literatura atualizada; VI - a ocorrência de quadro clínico ou subclínico em trabalhador exposto a condições agressivas; VII - a identificação de riscos físicos, químicos, biológicos, mecânicos, estressantes e outros; VIII - o depoimento e a experiência dos trabalhadores; IX - os conhecimentos e as práticas de outras disciplinas e de seus profissionais sejam ou não da área da saúde.

O trabalho é muito mais do que um meio de subsistência ao indivíduo e à sua família, é o meio pelo qual ele pode desenvolver as suas potencialidades biológicas, psicológicas e sociais, um meio de valorizar a sua auto-estima, obter o respeito da família e de seus pares e, defender seu espaço na sociedade. Não sendo possível dissociar esse trabalhador, homem ou mulher, do trabalho e do ambiente laboral, porquanto estas variáveis estão interligadas cabendo ao médico do trabalho compreender esta relação e a extensão de seus efeitos. Somente assim, poderá atuar na proteção integral e integrada à saúde do trabalhador e ainda, compreender que esta intervenção é multiprofissional.

Não é concebível, portanto, um médico do trabalho que não inspeciona os diversos setores da empresa na qual trabalham os trabalhadores por ele atendidos e, igualmente, não é concebível um Médico Perito estabelecer nexo causal em seu laudo pericial sem ter feito diligência na empresa reclamada.

No diagnóstico de determinada enfermidade, onde o labor figura como possível causa de adoecimento, urge fazer

Atentemos para o Ato Médico! 'UHDPVWLPH

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Sendo este o indelével legado que nos deixou Ramazzini, o estudo aprofundado dos agravos à saúde do trabalhador e sua relação com as atividades laborais e com o ambiente do trabalho. O médico do trabalho deixa o consultório e sai em diligência para correção da “miopia” que o impede de enxergar para além do homem-paciente. Assim, alcança e entende o homem-trabalhador, como ser biopsicossocial que faz parte de um universo e que sofre influências externas.

O trabalho é muito mais do que um meio de subsistência ao indivíduo e à sua família, é o meio pelo qual ele pode desenvolver as suas potencialidades biológicas, psicológicas e sociais”



Agende-se

Outubro XIX Congresso Nacional do Departamento de Ergometria, Exercício, Reabilitação Cardiovascular, Cardiologia Nuclear e Cardiologia do Esporte Data: Local: Informações:

O curso será ministrado em inglês, com tradução simultânea.

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Informações:

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Data: Local: Informações:

11 a 13 de outubro Royal Tulip Brasília Alvorada – Brasília/DF http://departamentos.cardiol.br/sbc-derc/ congresso-2012 X Seminário de Homeopatia Dr Bandish Ambani

Data: Local:

Festa do Médico

12 a 14 de outubro Av. Portugal, 1.052 – Setor Marista – Goiânia/GO – CEP 74150-330 Renata – SMGH Telefone: (62) 3251.06.79 Horário: 09h às 12h e das 14h às 18h E-mail: info@smgh.com.br Site: www.smgh.com.br

20 de outubro Sede da AMBr – Brasília/DF secretaria@ambr.org.br Telefone: (61) 2195-9739 XI Seminário de Atualização em Diabetes e Síndrome Metabólica do Distrito Federal

Data: Local: Informações:

19 e 20 de outubro Sede da AMBr – Brasília/DF adbbrasilia@gmail.com Telefones: (61) 3244-2129/8408-4599 Reunião Terapêutica de Psoríase Dra. Gladys Martins

Data: Local:

22 de outubro Auditório da AMBr SCES Trecho 03 lote 06 – Brasília-DF

Informações:

Sociedade Brasileira de Dermatologia – DF Telefone: (61) 3323-1524


Novembro 16° Congresso Brasileiro da Sociedade Brasileira de Ultrassonografia 8° Congresso Internacional de Ultrassonografia da FISUSAL Data: Local:

Data: Local: Inscrições:

24 a 27 de outubro Centro de Convenções Frei Caneca – São Paulo – SP Convidados Internacionais: Armando Ricardo Goldman (Argentina) Ramon Bataglia Araújo (Paraguai) Fabrício Costa (Austrália)

Informações:

XXXI Congresso Brasileiro de Homeopatia 13 a 17 de novembro Sede da AMBr – Brasília/DF http://www.congressohomeopatia2012. com.br VII Congresso do Museu Abrahão Brickmann Data: Local: Informações:

23 a 25 de novembro Hotel Nacional – Ribeirão Preto/SP Telefone: (16) 3636-5065

www.sbuscongresso2012.org.br Telefone: (11) 3081-6049 21ª Edição do Curso de Qualificação para Profissionais de Saúde em Educação em Diabetes / Projeto Educando Educadores 24 a 27 de outubro Florianópolis/SC www.diabetes.org.br Telefone: (11) 2761-7196

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ACADEMIA DOM BOSCO (61) 3321-1214 15% no valor da matrícula 10% para atividades aquáticas ABS BRASÍLIA SOMMELIERS (61) 3323-5321 Descontos diferenciados para associados AMBr ADRIANA SÓCRATES – PSICÓLOGA (61) 3443-3522 709/909 Sul, Ed. Biocenter, sala 11 50% de desconto na consulta AUDREY BRANTS – ÓPTICA (61) 3443-9817 Desconto de até 25%. CLÍNICA ODONTOLÓGICA DANIELE CASTRO (61) 3328-2118 Desconto de até 50% CLIVAC – CLÍNICA DE VACINAS (61) 3346-7071 Desconto de até 12% COLÉGIO SAGRADO CORAÇÃO DE MARIA (61) 3031-5000 Desconto de até 15% HOTEL NACIONAL (61) 3321-7575 Desconto de 45% na hospedagem sobre tarifa de balcão HOTEL FAZENDA MESTRE D’ARMAS (61) 3248-4000 Desconto de 20% em baixa temporada e 10% em alta temporada. IBO – INSTITUTO BRASILEIRO DE ODONTOLOGIA (61) 3244-5099 Desconto de 15% em consultas e tratamentos IMUNOLIFE – CLÍNICA DE VACINAS (61) 3347-5957 Desconto de 12%

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Clube de Afinidades

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Perfil DR. EDSON PORTO

Dr. Edson Porto CRM nº 1 de Brasília! O andar tranquilo de quem viveu em outro tempo e a voz calma e baixa contam com orgulho histórias de quem construiu o sonho de uma nação. A história tambÊm Ê de um herói mineiro que cuidou de centenas de

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outros herĂłis. Pessoas que deixaram suas famĂ­lias e seguiram para o planalto central construir uma nova capital. Todos sabiam que estavam ali vivendo o anĂşncio de uma nova era na histĂłria do paĂ­s.

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Dr. Jorge Porto, o primeiro mĂŠdico de BrasĂ­lia, chegou ao que seria a nova capital no dia 04 de dezembro de 1956. Hoje ĂŠ um museu vivo que esbanja conhecimento e se orgulha em ter em sua histĂłria a histĂłria de um novo Brasil.

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O INĂ?CIO

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Caçula de catorze irmãos, o jovem Edson Porto jå sonhava com a medicina desde os primeiros anos de sua infância, na cidade de Araguari (MG). Bom aluno, dedicado aos estudos, o jovem venceu inúmeros desafios antes de sair da pequena cidade mineira.


Incentivado pela mãe, dona Elídia, seguiu sozinho aos 16 anos para o Rio de Janeiro onde, com 17 anos, foi aprovado no vestibular da Faculdade Nacional de Medicina. O rapaz sonhador graduou-se em 1955, aos 24 anos, e escolheu a pediatria como especialidade. Já doutor, precisava de novas oportunidades profissionais. Foi quando seguiu para Goiânia. Iniciou-se aí a grande reviravolta que mudou sua vida para sempre. A IDA PARA A NOVA CAPITAL

Com somente 25 anos de idade, o médico tinha as funções de realizar exames admissionais nos operários e tratar as emergências que chegavam ao posto médico montado no acampamento dos primeiros 60 operários candangos. Picadas de cobras e mordidas de animais eram os principais atendimentos realizados por Dr. Porto. O desmatamento na área onde seria o futuro Lago Paranoá gerou centenas de acidentes. Os casos mais graves eram levados de avião Cesna, disponibilizado pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) para o Hospital Rassi, em Goiânia. Em poucos meses o número de operários chegou a 1,5 mil e o trabalho ficou cada vez mais árduo. Dr. Porto poderia ter voltado para assumir o cargo prometido em Goiânia, mas as oportunidades na nova capital eram muitas. Não demorou a receber um convite para ser o diretor do primeiro hospital da cidade, o Iapi, mais tarde denominado Hospital Juscelino Kubitschek de Oliveira, o HJKO, onde hoje funciona o Museu Vivo da Memória Candanga. O GRANDE AMOR DA SUA VIDA Basta conversar poucos minutos com Dr. Porto para encantar-se pela paixão com que fala da medicina. A dedicação do pediatra pelo seu trabalho o transformou em uma das mais importantes personalidades da nova capital. Mas o verdadeiro amor de Dr. Porto é outro: a família que construiu ao lado de sua dedicada esposa, dona Marilda. A goiana de Rio Verde encantou o médico que ficou deslumbrado quando a conheceu na capital de Goiás. A jovem normalista abandonou o sonho de ser médica para construir a maior riqueza de sua vida: a família. Um mês

após o casamento, em 1958, a jovem já estava grávida do primeiro dos cinco filhos do casal. Dona Marilda dedicou a sua vida à família. A falta de estrutura da nova cidade não a impediu de criar e formar todos os seus filhos. Mesmo dedicada inteiramente à organização do lar, dona Marilda ainda encontrou tempo para cuidar da guarda dos documentos e fotos históricas da época. A catalogação hoje forma um imenso e rico acervo de quem viu a criação de uma cidade no meio do imenso cerrado no Centro-Oeste brasileiro. Os registros guardados por dona Marilda transformaramse em uma bela exposição em sua casa no Park Way. Cada parede, móvel e ambiente da residência do casal traz uma parte da história da capital do país. AMOR PELA ARTE As artes também sempre fizeram parte da vida do Dr. Edson Porto. Autodidata, aprendeu sozinho a tocar e a pintar. Um dos seus mais belos quadros -um autorretrato onde aparece tocando violão- enfeita o seu estúdio montado em casa, onde por anos dedicou-se a mais essa paixão. A música também sempre fez parte da vida do doutor que participava das serestas no Catetinho, onde era comum a presença até do presidente JK. A paixão pela música foi tão grande que Dr. Porto participou da fundação da orquestra Sinfônica de Brasília. Hoje o médico ainda encontrou tempo para dedicar-se a uma nova paixão: a internet. Gosta de ler notícias, mantêm-se atualizado e já aprendeu a utilizar programas de fotografia no computador. Dr. Edson Porto foi também um dos primeiros apresentadores da Rádio Nacional de Brasília. Dois anos depois de chegar à capital federal foi convidado para apresentar um programa sobre saúde na recém-inaugurada emissora.

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A capital goiana guardava grandes surpresas para o jovem doutor. Foi lá que recebeu o convite que daria um novo rumo à sua vida. Recém chegado na capital goiana, recebeu o convite para ser o médico dos operários enviados para a construção da nova capital do país. Com a promessa de ser integrado, após a realização do trabalho em Brasília, ao corpo de pediatras do novo hospital que estava sendo construído em Goiânia, Dr. Edson Porto chegou à capital federal no dia 04 de dezembro de 1956.

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Vitrine FOTOS: ANDRÉ MUNIZ

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Destinos CUBA

Cuba, a ilha da Saúde Desde o triunfo da Revolução de 1959, o desenvolvimento da medicina tem sido a grande prioridade do governo cubano, o que transformou a ilha do Caribe em uma referência mundial neste campo. Atualmente, Cuba é o país que concentra o maior número de médicos por habitante. Em 2012, Cuba formou mais de 11 mil novos médicos, os quais completaram sua formação de seis anos em faculdades de medicina reconhecidas pela excelência no ensino. Em 2013, o país receberá importantes congressos internacionais e encontros da área médica. A Revista Médico em Dia montou um roteiro para você se programar para participar dos eventos científicos e ao mesmo tempo aproveitar o melhor do turismo local cubano. Com informações: Opera Mundi

TURISMO

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Maior ilha do Caribe, Cuba é singular, com seu passado estampado nas construções históricas, que vão do barroco ao neoclássico, do art nouveau ao déco. O domínio comunista de Fidel Castro sobre a ilha levou ao embargo de produtos do mundo capitalista, o que faz com que um passeio pelas ruas da capital, Havana, dê a impressão de que ainda estamos nos anos 50. Carros antigos conhecidos como rabo de peixe, a exemplo dos Cadillacs, são vistos por todo lado e podem até ser alugados por intermédio da empresa governamental Grand Car. Bares e músicos da velha guarda são ícones do país. Visitar Cuba e suas belas praias como Varadero e Cayo Largo é uma bela aventura. HAVANA

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A história política de Havana aparece por todos os lados, e um dos principais pontos de visitação é a Plaza de la Revolución, palco de manifestações e dos famosos – e lon-

XII Congresso Cubano de Cirurgia 05 a 08 de Março Informações: www.eventosemcuba.com.br Congresso Internacional de Urgencias – Emergencias e Cuidados Intensivos – URGRAV 2013 16 a 19 de Abril 2013 - Havana - Cuba Informações: http://www.urgravcuba.com XV Congresso da Sociedade Cubana de Obstetricia e Ginecologia 06 a 10 de Maio - Havana - Cuba Informações: http://www.ginecobstcuba.com III Simposio Internacional de Medicina Regenerativa 20 a 24 de Maio 2013 - Havana Cuba Informações: http://www.hematologiacuba.com/ IX Conferência Latino-Americana sobre Hematologia, Imunologia e Transfusão de Medicina 20 a 24 de maio de 2013 Informações: http://www.hematologiacuba.com


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guíssimos – discursos de Fidel Castro antes que a idade e a doença abatessem o mandatário. Ao redor da praça, estão edificações como o Memorial José Martí, dedicado ao político, filósofo, jornalista e poeta cubano, o Teatro Nacional e o Ministério del Interior, com uma gigantesca escultura do rosto do revolucionário Ernesto Che Guevara. A pé ou de bicitáxi, bicicleta que puxa um ou dois acentos cobertos, faça um passeio sem preconceitos pela bela e emocionante Havana. ONDE COMER EM HAVANA Ź AMIGOS DEL BENNY Trata-se do primeiro café de Cuba, fundado em 1772, ainda pelos espanhóis. Seu nome faz referência a um dos maiores artistas cubanos, o cantor popular Benny Moré, que se reunia com os amigos no local para compor. Ź BODEGUITA DEL MEDIO HAVANA CUBA A Bodeguita del Medio, que criou o mojito (bebida à base de rum e hortelã), serve a mais tradicional comida cubana: arroz, feijão-preto e carne de porco.

SITES: www.cubagob.cu www.cuba.com www.mycubavisit.com www.infotur.cu POPULAÇÃO: 11.254.000 hab CÓDIGO DE ÁREA: +53 FUSO HORÁRIO: -4h (horário de Brasília)

Não há voos diretos do Brasil para Cuba. A Copa Airlines (11/3549-2672, www.copaair.com), por exemplo, tem escala na Cidade do Panamá. Entre algumas das principais companhias que voam para o Caribe estão American Airlines (11/4502-4000, 0300-7897778, www.aa.com.br) e Avianca (0800-8918668,www.avianca.com.br).

MOEDA: Peso Cubano ou Moneda Nacional; Peso Cubano Convertido COMO LIGAR PARA O BRASIL: 119-55

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Com informações: http://viajeaqui.abril.com.br/

VISTO: É necessário EMBAIXADA NO BRASIL: Setor de Habitações Individuais Sul QI 5, Conjunto 18, Casa 1 – Brasília/DF (61) 3248-4710, 3248-4130 embacu.cubaminrex.cu

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LOCALIZAÇÃO: América Central

COMO CHEGAR

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Brinda Brasil 2º Salão do Espumante de Brasília Começou no dia 29 de setembro, a venda antecipada de ingressos para o Brinda Brasil – 2º Salão do Espumante de Brasília, que será realizado nos dias 19, 20 e 21 de outubro, no Pontão do Lago Sul. Os ingressos poderão ser adquiridos na Central de Ingressos do Brasília Shopping ao preço único de R$ 50. Cada ingresso dá direito a uma taça, a ser retirada no dia e local do evento, para a livre degustação de mais de 100 rótulos dos melhores espumantes brasileiros, produzidos em vinícolas do sul do País e premiados em concursos internacionais.

20ª Avaliação Nacional de Vinhos premia melhores do setor O encontro ocorreu no Parque de Eventos de Bento Gonçalves, no dia 29 de setembro A 20ª Avaliação Nacional de Vinhos, encerrada no dia 29 de setembro, no Parque de Eventos de Bento Gonçalves, reuniu apreciadores da bebida de todo o país e premiou os 16 produtos mais representativos da safra 2012. Promovido pela Associação Brasileira de Enologia (ABE), o encontro ocorre desde 1993 e serve como parâmetro para a evolução dos vinhos brasileiros. Confira os 16 vinhos vencedores no site: http://pioneiro. clicrbs.com.br

Serviço:

Com informações: Pioneiro/RBS

BRINDA BRASIL – 2º SALÃO DO ESPUMANTE DE BRASÍLIA Pontão do Lago Sul Mais informações: www.brindabrasil.com Sucesso Comunicação (61) 3328.5434/ 9985.5470/ 9618.4085

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Dias 19, 20 e 21/10/12 Dia 19, das 18h às 22h Dia 20, das 11h às 23h Dia 21, das 11h às 22h Venda antecipada de ingressos: Brasília Shopping

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Restaurante Aquavit: a Dinamarca no cerrado O restaurante Aquavit, do chefe Simon Lau, oferece menu degustação de 5 pratos, com a opção de menu de vinhos composto de 5 taças, previamente harmonizadas -, escolhidos com todo o cuidado para proporcionar uma experiência enograstronômica única. Além disso, há opções de 3 ou 4 pratos, que também podem ser acompanhados pela harmonização. Tem, ainda, à disposição dos clientes, uma carta de vinhos. Como o proprietário e chef de cozinha Simon Lau é dinamarquês, o ponto de partida é a culinária nórdica. A matéria-prima que usa, porém, é a brasileira - fresca e da estação, com ênfase no terroir do cerrado. O restaurante apresenta a cada seis semanas um menu completamente novo aos seus clientes. Acesse o site do restaurante Aquavit e veja o menu criado para o mês de outubro: www.restauranteaquavit.com Com informações: Viver em Brasília

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Se você é um médico gourmet e tem interesse em divulgar sua receita na nossa revista, entre em contato com a redação da Médico em Dia pelo e-mail: comunicacao@ambr.org.br




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